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Apontamentos SCA II

Topico 1

Diferença semântica entre os termos 'civilização' e 'cultura´ - O


termo cultura encontra-se associado a questoes intelectuais, tais como a
nivel artistico, literário e filosofico. Num sentido mais antropologico, está
interligado a tudo que é produzido pelo Homem, bem como a nivel da
linguagem e na sua capacidade de criar e transmitir utensilios. Por outras
palavras, é uma ação realizada pelo Homem sobre si mesmo - com o
objetivo da formação pessoal, interior - e sobre o meio que o envolve -
com a finalidade de transformar e adaptar-se a este. Por sua vez, o
termo civilização consiste num comportamento normativo «civilizado»,
baseado em boas maneiras, cortesias e de polimento, inseridos numa
sociedade. O termo civilização contrapõem-se a costumes «selvagens» ou
«bárbaros», que coloquem em causa o bem-estar social e a sua
estabilidade. Além disso, "civilização" é definida no Dicionário Priberam
como o "resultado dos progressos da humanidade na sua evolução social
e intelectual." Deste modo e, apesar de, tanto a cultura como a
civilização, serem produtos do ser humano, a primeira está mais
conectada com o "ser", enquanto a segunda está ligada ao "ter".

Que contradições e ambiguidades se descrevem a propósito do


uso da palavra "cultura"? - A palavra cultura remete para um
significado intelectual ou simbolico, como também para um significado
material, associado ao dominio económico. Contudo, no dominio
intelectual, o termo associa-se a uma classe de elite, uma camada culta,
que se opõe às restantes culturas de massas e populares existentes. Além
disso, abrange um caracter particular, que remonta para realizaçoes
dentro de um territorio nacional, e tem um caracter também
universal,quando as suas manifestações são realizadas por naçoes
diferentes. Além das referidas contradições, temos ainda, as
oposições evolucionismo/difusionismo e Kulturgeschichte/Politikgeschicht
e. Na primeira, Franz Boas, por influência de Herder, cria
o difusionismo - corrente que defende que "todas as culturas são
dotadas da capacidade de invenção." (Optiz, 1998, p. 55) - como
oposição ao evolucionismo - corrente do século XIX que alude ao igual
processo de evolução a que a humanidade se encontra submetida.
Relativamente à segunda, die Kulturgeschichte diz respeito à
associação que autores alemães e ingleses, a título de exemplo, fazem à
cultura como maioritariamente intelectual, em oposição à política,
denominada Politikgeschichte

Explique a proveniência etimológica da palavra ‘civilização’ – O


termo civilização encontra-se associado a um bem-estar social, bem como
à existencia de instituições politicas, que garantem a estabilidade e um
viver pacifico, dentro de um território nacional. Neste sentido,entende-se
por nações civilizadas quando associadas a um grau de aperfeiçoamento e
constituidas por uma herança universal para a humanidade. Como
caracteristicas, a palavra civilizaçao remete para um comportamento de
cortesia e de boas maneiras, que podem ser aplicadas no dia-a-dia, para
uma interacção social civilizada. A sua derivação remete para um espaço
urbano, composto por um aperfeiçoamento, que vai em oposição um
comportamento diferente, ou até mesmo selvagem. É de relevância
destacar que o termo civilizaçao ja era verificavel nos tempos da
Antiguidade grega, onde a recusa ao direito à cidadania era aplicada a
todos os «forasteiros» que nao falassem a lingua, o grego. Essa recusa
impedia o direito de igualdade, bem como à racionalidade, a cargos
políticos e ao acesso a vantagens materiais, que eram unicamente
acessiveis a homens e a seres humanos livres. Neste sentido, a mulher e
o escravo eram reduzidos a um estatudo inferior, impedidos de participar
na area da politica, no movimento intelectual / racional, bem como no
mundo material e economico. Seus estatutos eram meramente de
reprodutores.Contudo, com a expansao romana e com a era do
imperalismo, o termo ganha novos contornos, passando a aceitar novos
cidadões, de culturas diferentes, desde que fossem unidos a Roma pela
lingua, pela crença dos deuses e nos valores. Desde então, o termo
civilização passa a ter uma conotaçao normativa de superioridade,
englobando aspectos materiais, politicos e economicos. No século XVIII,
em França, o termo ganha um caracter de aperfeiçoamento, bem como
universal, tornando-se num processo de progresso universal. Esta
evolução é visivel durante o século XVIII, associada à superioridade
praticada pela aristocracia, na época das Luzes. Deste modo, a palavra
civilizaçao é considerado como um modelo de racionalismo ocidental,
associado à era do imperalismo e expansionismo colonial frances e ingles.
Em que contextos cultura e civilização são evocados na Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia?

A „Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia“, veiculada ao


„Jornal Oficial das Comunidades Europeias“, em 18.12.2000, é um reflexo
do auge da civilização moderna em si, onde todos os seus artigos
promovem a ordem social e a qualidade de vida dos cidadãos.

Enquanto que a cultura é mencionada afim de garantir o respeito e


preservação da mesma por parte das nações da União Europeia. Estando
esclarecido nos seguintes parágrafos:

Preâmbulo

„A União contribui para a preservação e o desenvolvimento destes valores


comuns, no respeito pela diversidade das culturas e das tradições dos
povos da Europa“

Artigo 22.°

Diversidade cultural, religiosa e linguística

„A União respeita a diversidade cultural, religiosa e linguística.“

"A Carta dos Direitos Fundamentais" é onde foram reunidos (num só


texto) os direitos civis e políticos e os direitos económicos e sociais dos
cidadãos europeus, que anteriormente estavam dispersos por diversas
leis nacionais e convenções internacionais.
Ainda, quando foi adotada, em Dezembro de 2000, a Carta representava
apenas um compromisso político. Apenas quando o Tratado de Lisboa, em
1 de Dezembro de 2009, entrou em vigor é que a Carta passou a ter força
de lei.

Destarte, os contextos cultura e civilização são evocados na Carta dos


Direitos Fundamentais da União Europeia em todas as secções, pois, os
povos da Europa, através deste compromisso, estabeleceram ligações
mais estreitas entre si com a intenção de existir um futuro de paz,
assente em valores comuns.
Por outras palavras, consciente do seu património espiritual e moral, a
União baseia-se nos valores indivisíveis e universais da dignidade do ser
humano, da liberdade, da igualdade e da solidariedade. Ao instituir a
cidadania da União e ao criar um espaço de liberdade, segurança e
justiça, coloca o ser humano no cerne da sua ação, independentemente
da sua "cultura" ou "civilização".

Atividade 2:

O autor e sociologo Norbert Elias caracterizava a historia do Ocidente


como um processo civilizador devido às varias tendencias e sentidos
que ocorreram durante quatro séculos e que levaram à estruturaçao da
sociedade moderna atual. Neste sentido, o autor aborda esta evoluçao
como sendo de forma gradual, onde a diferença acentuou-se ,sobretudo,
no ritmo particular alemao e na sua especificidade, em contraste com a
França e a Inglaterra. Contudo, alguns sentidos se afirmaram com a longa
cadeira de ações e interações, que tornaram se fundamentais, tais como:

- a estabilização e pacificação das relações sociais (que se tornam mais


extensas no tempo e no espaço,e decisivas na formaçao do Estado –
Nação e concentração econômica e intelectual e jurídica)

- uma constante e crescente “economia das pulsões” (incialmente como


regras da civilização e posteriormente como uma exigencia dos padrões
“externos” de integração nos diferentes campos sociais)

- forte individualização (o processo de interiorização, que implica um


aumento de autoconscencia, o intenso autocontrole, a maior reflexividade
no processamento da vida social e adopção de uma prespectiva de vida
mais existencial e pragmática)

- a diminuição dos diferentes poderes nas relaçoes interpessoais

- a valorização das liberdades, da privacidade e direitos sociais

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Estes sentidos estao reunidos nas duas grandes tendencias que definem o
processo civilizador, segundo o autor Elias: o desenvolvimento da
“sociogênese” (origem da sociedade) a configuração das estruturas
“exteriores” de poder e de redes de integração mais extensas e a
“psicogênese” – a configuração das estruturas “interiores” de
personalidade e de autocontrole.

Aspectos negativos que acompanham todos os sentidos:

- a concentração de forças e a possível eclosão de novas modalidades de


violência

- a formação do superego

- a emergência de interesses e modos de vida isentos de sentidos mais


elevados

- certa massificação

- sentimento de insignificância do indivíduo diante das forças sociais


“exteriores” e “objetivadas” (que gera mais o drama existencial
proveniente do processo de interiorização) - ‘sociedade’ que se opõe,
como ‘mundo externo’, ao ‘eu interior’ [antes, era a natureza que se
opunha à comunidade humana]

No caso alemão, o autor remete para um caso singular por um lado,


devido ao ritmo lento de afirmaçao de estruturas mais expressivas da
sociogênese moderna, tais como o Estado Nacional e a sociedade
Industrial, e, por outro lado, a produçao de valores e sentidos que
contrastavam diretamente com o imaginário civilizatório – era uma
oposição aos quadros de valores e padrões de comportamentos, da
civilizaçao aristocratica. É o plano “cultural” / Kultur ou o “de sentido de
vida” que é responsavel pelo “atraso” alemao e dos seus elementos
politicos e economicos.

No caso frances, o processo civilizador apresenta duas fases:

- aquela em que a civilidade era uma marca de distinção da sociedade


cortesã, composta principalmente pelos códigos de “boas maneiras”

- a idéia de civilidade ganha contornos mais universais e burgueses,


quando o Estado republicano e a economia capitalista encontram-se bem
estabelecidos

Contudo, na Alemanha verificou-se entre a segunda metade do século


XVIII e primeira metade do século XIX, um movimento intelectual e
literário de contraposição ao modelo cortesão de vida, o qual era copiado
da França, e, num segundo momento, em especial a partir da unificação
sob o comando de Bismarck e com base num espírito burguês mais
nacionalista e contaminado por um ethos guerreiro – em forte contraste
com o sentido de pacificação mais característico do processo civilizador -,
verificou-se um movimento de contraposição tanto ao humanismo
universalista quanto ao modelo democrático e republicano de vida
burguês.

O primeiro movimento, o intelectual e literário, era designado por


intelligentsia alemã, em oposição aos individuos que falavam frances e
decidiam politica: No topo, por quase toda a Alemanha, situavam-se
indivíduos ou grupos que falavam francês e decidiam a política. No outro
lado, havia uma intelligentsia de fala alemã que de modo geral nenhuma
influência exercia sobre os fatos políticos. De suas fileiras saíram
basicamente os homens por conta dos quais a Alemanha foi chamada de
terra dos poetas e pensadores. E deles, conceitos como Bildung e Kultur
receberam seu cunho e substância especificamente alemães”.

A palavra Bildung torna-se a expressão de uma noçao de cultivo do


espirito por meio de uma formação universalista, pela valorização de tudo
que eleva o espirito em virtude e sabedoria, como as artes, a filosofia, e
as ciências.

Os principais pensadores e responsaveis pelo movimento literário foram


Klopstock, Herder, Lessing, o jovem Goethe, o jovem Schiller, Kant,
Lutero e Nietzsche. – buscavam uma qualificação espiritual, como acesso
à sensiblidade, amor à natureza, a entrega às emoções sem os freios da
razão, bem como o lançar-se ao conhecimento das ideias e imagens mais
profundas e fundamentais. O proposito era de uma formaçao pessoal que
contemplasse uma singularidade, uma universalidade e uma totalidade de
carácter.

A intelligentsia alemã era a classe media, a burguesia citadina, que nao


tinha contactos directos com a Corte, mas que dependia da Corte para
sobreviver, onde praticava funções administrativas e educacionais. As
principais figuras que representam a intelligentsia eram as dos clérigo e a
do professor, que foram importantes para a formaçao e difusão de uma
nova lingua alema culta. Esta era oposta à classe cortesã superior, que
tinha como princial distinçao, a valorizaçao do frances, usada em circulo
fechado da “boa sociedade”. A grande critica da Kultur era dirigida às
conduta e as maneiras de comportamento dos membros da camada
cortesã, avaliadas como “superficiais”, “de fachada” e “insinceras”. Em
1784, Kant define Kultur como arte, saber e moralidade, e a civilizaçao
como “boas maneiras e amenidades sociais”.
Elias, resume esta distinção como a antítese da Zivilization e Kultur como
pares opostos, constituidos por “profundeza e superficialidade”,
“honestidade e falsidade” ou “polidez de fachada “ contra “autêntica
virtude” – nasce a tensão entre a intelligentsia de classe média e a
aristocracia cortesão. →→ corresponde a um movimento de afirmação de
uma camada social que, não se identificando com os padrões do setor
dominante da sociedade da época,a aristocracia, produz idéias e
empreende ações culturais com as quais procura estabelecer suas
“marcas de distinção”. Inicialmente, tratava-se de uma perspectiva de
autovalorização, mas posteriormente levará a uma transformaçao gradual
da burguesia, de uma “segunda categoria” para uma “consciencia
nacional”, levando a antítese de “primária” entre classes sociais, para
nacional, e para configuração posterior de um exacerbado nacionalismo.

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Tratava-se de uma luta cultural e não politica, que tinha como objectivo a
qualificaçao espiritual, o desenvolvimento de uma genuina espiritualidade,
de caracter solidario – distanciar-se da Corte. O caracter fundamental
desta classe inteligente era que a aristocracia do espírito era vista como
superior à elite política e econômica, a cultura era superior à política e à
economia, a universidade e a troca intelectual de ideais eram superiores
aos salões imperiais e às disputas por honra e prestígio, o universal era
superior ao provinciano, a interioridade era superior à exterioridade, as
atitudes eram superiores aos gestos, a moralidade e a integridade eram
superiores à honra e as representações de decoro e decência, a virtude
era superior à honra, enfim, a Kultur superior à Zivilization.Por conta
dessa luta é que, na época áurea de Napoleão, a “cultura” era alemã e a
“civilização” era francesa, sendo que, em contraste com a burguesia
alemã cultivadora da Bildung, “o mais alto objetivo do burguês (francês)
enquanto indivíduo era obter para si e sua família um título aristocrático,
com os privilégios que o acompanhavam”.

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Em 1871 da se a ascensao da camada burguesia nacionalista, na luta


contra os francesas, na guerra franco- prussiana com a unificaçao da
Alemanha - distinguir dos fracos e dos “impuros”. O autor designa como
luta aristocrática burguesa, no sentido que foram entendimentos
distintos, dois movimentos da classe media: os que foram conduzidos
pela intelligentsia ( que durou ate meados do século XIX) e o que
corresponde à sociedade satisfatória, satisfaktionfähige Gesellschaft, que
tem como significado “uma sociedade em torno de um código de honra
em combater, exigir e dar satisfação” ocupando um lugar de arrogante
destaque. – adopta-se um novo código de vida, o qual se rivaliza com o
espírito da Intelligentsia, uma vez que “as realizações culturais e todas as
coisas que tinham sido caras á burguesia alemã na segunda metade do
século XVIII, incluindo a humanidade e a moralidade generalizada,
tinham uma classificação inferior. A burguesia nacional passou a estar
ligada às universidades, ao exército nacional e à administração política,
que se orienta pelo establishment imperial – o oposto da intelligentsia
inicial, os do humanismo literário e filosófico, que desprezavam esses
novos ideias da burguesia nacional. A universidade foi na Alemanha um
terreno privilegiado da expressão “classe media” nos dois entendimentos
sociais classificados pelo autor Elias: a Intelligentsia e a
satisfaktionsfähige Gesellschaft -foi o meio no qual se expressaram, em
períodos diversos, códigos culturais muito distintos e, no essencial,
contraditórios. Passou a ter uma conotação oposta, ao aderirem à politica
do culto do anti-semistismo e ao nacionalismo agressivo. Deixaram de
cultuar os heróis do espírito e estilizar valores para cultuarem os heróis
nacionais e ritualizarem valores. A valorização da Nação e a pertinência a
comunidades ritualistas vão-se sobrepor à importância maior outrora
conferida à formação e ao caráter do individuo.

Embora Intelligentsia e satisfaktionfähige Gesellschaft sejam camadas


contraditórias, revelando a oposição maior entre uma cultura do estilo e
da arte contra uma cultura da força e do poder, elementos intelectuais do
aristocratismo do espírito se mantiveram presentes entre muitos
burgueses que aderiram ao projeto do Reich alemão, projeto este
expresso nas primeiras frases do Hino Nacional: Deutschland,
Deutschland über alles / Über alles in der Welt. Compreende-se bem essa
combinação entre espírito e Nação quando se lembra que um contexto
chave de desenvolvimento das duas camadas burguesas retratadas por
Elias foi a Universidade, e não os gabinetes políticos, as entidades civis ou
a vida pública.

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Por muito tempo, a definiçao de Kultur esteve associado a “cultivo” e


“formaçao interior”, mas depois, gradualmente, passou a ter uma
conotaçao mais geral de sintese de todas as realizaçoes do homem
civilizado da sociedade. A Zivilization, por sua vez, deixa de significar
“polidez artificial” das “boas maneiras”, e passa a reflectir a afirmaçao
pratica, racional e tecnica do homem.

Topico II

Defina as três designações ‘Vormärz’, ‘Restauração’ e ‘Biedermeier’:

- Vormärz : consiste num periodo que antecede às Revoluções de Março


de 1848, dos estados alemães da Confederaçao Alemã. Sua origem pode
ter sido devido à queda de Napoleão em 1815 e o estabelecimento da
Confederaçao alemã, ou após 1830, com o levantamento político, atraves
da revoluçao francesa. Em termos internacionais, o termo, conhecido
como a Época de Metternich, consistiu num período de controlo e censura
por parte da Áustria e da Prússia em resposta aos apelos revolucionários
para o liberalismo. Numa perspectiva cultural, o mesmo período é
conhecido como Biedermeier como conclusão para a era romântica na
Alemanha.

-Restautaração: consiste no restabelecimento do poder absolutista a


partir do Congresso de Viena, entre 1814/1815, juntamento com as
censuras, perseguiçao das tentencias constitucionais e emancipatórias,
discriminação dos judeus e a francofobia (fobia a frança) de forma
agressiva. O Congresso de Viena foi uma conferencia entre embaixadores
de grandes potências Europeias, que ocorreu na capital austriaca, entre
setembro de 1814 e de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa
político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na
primavera anterior. Este congresso pretendia também restaurar os tronos
das famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão. Na pratica, a
restautaraçao tem um efeito retardador, pois nao colocou em questao
alguns dos resultados principais da epoca revolucionaria, tais como a
centralizaçao territorial relativa e a integraçao ideologica do <povo> num
projecto socio-cultural, que cada vez mais representa mais como um
projecto nacional. Por outro lado, a restauraçao reconhece varias fases
contraditorias, pois apesar de terem revelado abertura à introdução do
sistema constitucionalista, durante o congresso de Viena, os dois Estados
mais importantes da Liga Alemã, Prussia e Austria, recusaram a
representaçao politica significativa da burguesioa e do povo.

-Biedermeier: consiste num estilo de vida associado a manifestaçoes


materiais na arquitetura, nas artes plasticas e nas artes aplicadas. Em
termos gerais, o termo representa uma manifestaçao original e
qualitativamente importante da cultura burguesa, ao democratizar
determinados valores ( bem-estar e conforto, beleza, comunicação) e o
surgimento duma cultura centrada no ambiente familiar e nas repectivas
instituiçoes publicas (imprensa, bibliotecas, teatros, museus etc), uma
classe cada vez mais consciente dos seus valores, mas ainda à margem
do poder politico e à procura de uma identidade nacional.

Explique o fracasso da política repressiva da Liga Alemã depois de 1815:

Na sequencia da derrota de Napoleão, na Batalha de Leipzig no ano de


1813, foi criada a Liga Alemã com o objectivo de redesenhar o mapa
politico da Europa, com o Congresso de Viena no ano de 1815. Com
restabelecimento do poder absolutista na Alemanha, governado pela
Austria, o Chanceler Metternich tinha como objectivo combater toda as
tendencias liberais e oposicionistas nos territorios da Liga. Contudo, no
ano de 1830 da-se a Revolução de Julho, um movimento revolucionario
liberal, que baseava-se na liberdade e igualdade perante a lei. A Liga
mantinha-se com uma atitude rigida que nao deixava margem para
qualquer reforma. Mas o fracasso da politica repressiva da Liga Alemã
deveu-se, entre outros motivos, ao facto da restauraçao nao ter
conseguido corresponder as expectativas e às promessas feitas durante a
ocupação francesa, no que diz respeito à instalaçao de um regime
constitucional e à garantia dos direitos fundamentais. O fim do Sacro
Império, no ano de 1806, e a derrota militar da Prússia perante as
invasões de Napoleão, criaram um vazio que permitiria uma era de
reformas que iniciaram a dificil modernizaçao das antiquadas estruturas
politicas e administrativas. Por outro lado, a resistencia e a união do povo
contra o exercito frances, revelaram um ideario nacionalista e liberal. A
ausencia de um territorio bem definido e de uma estrutura estatal
adequada, levou tambem a uma nova consciencia nacional, definindo-se
como um patriotismo exarcebado, derivado de uma francofobia
sanguinária. As aspirações de oposição na festa de Hambach tambem
revelaram uma oposição marcante contra a monarquia absolutista, uma
revoluçao social, bem como a exigencia de um Estado liberal e
democratico, que eram apoiados pela aristocracia e pela Igreja.

Explique e comente o termo ‘a dupla Revolução Alemã’:

A Revolução de Fevereiro de 1848 tinha como objectivo uma mudança


fundamental na sociedade. Teve origem em Paris e estendeu-se a
Alemanha. Tambem foi considerada uma revoluçao politica e social, ao
mesmo tempo, sendo neste sentido uma dupla Revolução. Apos as
primeiras revoltas nas zonas rurais, onde o feudalismo foi abulido, as
revoltas estenderam-se ate as grandes cidades, como Berlim e Viena,
onde foram feitas reivindicações de ordem liberal e democrática. Em
ambas as cidades o confronto tornou-se numa guerra civil, com muitos
obitos mas uma vitoria revolucionaria conseguida. Contudo, a vitoriosa
revolução confrontou a oposiçao com com diversos problemas politicos e
sociais, nos quais o parlamento de Frankfurt tentou resolver. Apesar da
Liga Alemã manter-se, era necessario uma estruturaçao nova a nivel
social, administrativa, judicial e militar, dentro do contexto de
constituiçao, instituicionalizando um Estado nacional, que teria que limitar
a soberania dos seus membros. Neste sentido, os privilegios da
aristocracia foram abolidos, bem como os direitos feudais, fixando os
diretos fundamentais dos cidadãos, a liberdade de impresa, de ensino e
da religiao. Em relaçao à forma do futuro do Estado alemão, nao chegou a
consenso. Com o medo de uma república e do proletariado, que dominava
grande parte da burguesia liberal, estabeleceu-se um sistema politico
federal e centralista, uma monarquia constitucional com um imperador
hereditario e uma assembleia nacional com duas câmaras, a dos
deputados eleitos – o Volkshaus, e outra com os representantes dos
governos e assembleias de Estado membros – o Staatenhaus.

Defina a expressão 'via específica alemã', e problematize a adequação


deste conceito teórico no percurso da história política e social da
Alemanha Guilhermina

Apesar das varias tentativas de uma unificação alemã nos anos 1815
(Congresso Viena) 1830 (Revoluçao liberal) e 1848 (Revoluçao de Março),
a Prússia ja trazia desde os anos 30 uma soluçao que consistia na união
aduaneira, de forma gradual, onde excluia a Austria e os seus Estados,
dando impulso a uma união económica. Já em 1871, com a guerra
franco—prussiana, a uniao partilha novamente uma causa comun, ao
unirem os Estados alemães, ainda divididos, contra o Império Francês.
Ademais, Otto Bismarck traz tambem (…)

Topico III
Caraterize e contextualize os movimentos 'Die Brücke' e 'Der Blaue
Reiter': Os movimentos “Die Brücke” e “ Der Blaue Reiter” consistem em
vanguardas artisticas, em oposição à sociedade moderna e materialista,
decorrente na época guilhermina. Os movimentos baseados em politicas
de esquerda revolucionária mas tambem de um conservadorismo de
direita, tinham como objectivo a procura da simplicidade e criatividade,
criticando as normas tradicionais e o patriotismo guilhermino. Como
refutação social, durante a ultima fase do imperio guilhermino, as
vanguardas artisticas procuravam novas fontes de inspiração e de uma
linguagem formal distinta. No ano de 1905, a pintura alemã teve uma
revolução, ao juntarem quatro jovens pintores, na cidade de Dresden,
com o intuito de desenvolver um expressionismo alemão. A intenção
consistia em estabelecer uma passagem – Die Brücke - entre a arte
contemporânea e a arte do futuro, negando as regras existentes na arte
alemã neo-romântica, criando, para isso, um contacto intimo com a
natureza e com a realidade. Por sua vez, o movimento Blaue Reiter,
formado em 1911, foi tambem um movimento de expressionismo alemão,
baseado numa dimensão espiritual da arte, onde pretendiam ver a
Natureza e o Ser Humano a partir das experiencias, sensações e
sentimentos individuais, mas com um sentido universal, baseada na
meditação, vindo da necessidade interior do individuo. A Blaue Reiter
tinha como objectivo a divulgação da importancia da arte como sendo
uma nova religião espiritual.

Expressionismo Vanguarda surgida na Alemanha e que se espalhou


pelos países do norte da Europa.

• Desenvolve-se numa sociedade marcada por fortes contrastes e


tensões sociais, sendo reflexo dos desajustamentos e problemas
sociais.

• Opção figurativa e utilização de cores fortes com uma


intencionalidade – acentuar o carácter subjectivo das composições e
imprimir-lhes maior expressividade;

• Temáticas centradas nas questões sociais e com propósitos claros


de denúncia e crítica – intervenção social;

• Encontra na 1ª Guerra Mundial temática abundante;

• Vai até 1933 (ano em que Hitler sobe ao poder). Durou mais tempo
que o fauvismo devido à 1ª Guerra Mundial (temática fértil para o
expressionismo desenvolver a sua pintura). A solidão é uma das
temáticas apresentadas.
• Na Alemanha vão existir 2 grupos principais de expressionismo: Die
Brucke (A Ponte) e Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).

Quem foi o fundador da Bauhaus e qual era a finalidade de toda a


atividade plástica desta instituição segundo o Manifesto de 1919?

A escola de arte vanguardista na Alemanha, designada por Bauhaus, foi


fundada no ano de 1919 por Walter Gropius. Tratou-se de uma das
maiores e mais importantes expressões do Modernismo no design e na
arquitectura. A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola
combinada de arquitetura, artesanato, e uma academia de artes, e isso
acabou sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se
passaram ali. A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-
oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial.[1] A Bauhaus tinha
sido grandemente subsidiada pela República de Weimar. Após uma
mudança nos quadros do governo, em 1925 a escola mudou-se
para Dessau, cujo governo municipal naquele momento era de esquerda.
Uma nova mudança ocorre em 1932, para Berlim, devido à perseguição
do recém-implantado governo nazista. Em 1933, após uma série de
perseguições por parte do governo nazista, a Bauhaus é fechada, também
por ordem do governo.Os nazistas opuseram-se à Bauhaus durante
a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que não seguisse
sua orientação política. A escola foi considerada uma frente comunista,
especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam
ali. Escritores nazistas como Wilhelm Frick e Alfred Rosenberg clamavam
directamente que a escola era "anti-Germânica," e desaprovavam o seu
estilo modernista. O lema da Bauhaus era a racionalizaçao, tornar os
espaços sobrios e geometricos, com austeridade e simplicidade. Os
membros da Bauhaus uniram as suas produções em massa ao
vanguardismo mais ousado, tendo como objectivo o conforto e a estética
para todos. A arte saia do mundo burguês, que invadiu o quotidiano,
desde um candeeiro metálico até a acessorios funcionais de cozinha.

Descreva a situação particular da Alemanha derrotada após a primeira


Guerra Mundial, considerando as providências previstas no Tratado de
Versalhes.

Com a derrota da Alemanha na primeira Guerra Mundial, termina o II


Reich bem como os ideias de uma identidade cultural, voltada para uma
união politica e de uma recém-consagrada potência, perante as rivais –
França, Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América. Por sua vez, a
União das Repúblicas Soviéticas viria também a manifestar como uma
ameaça com os seus novos modelos e na construção de uma utopia mais
radical. Com o Tratado de Versalhes, assinado a 26 de Junho de 1919, a
Alemanha vê-se obrigada a ceder certas regiões da Prússia Oriental, bem
como renunciar quaisquer direitos no estrangeiro, abolindo, igualmente, o
direito às suas colonias. Ademais, o Tratado exigiu o desarmamento e a
cedência de todo o seu material bélico, assim como as reparações de
guerra, levando a Alemanha a uma divida superior a 269mil milhões de
marcos. Os territórios da margem esquerda do Rio Reno foram tambem
divididos em tres zonas, a fim de garantir que Alemanha cumpriria o
acordo estipulado. Com a conferencia de Londres, a divida reduz para 132
mil milhões de marcos, mas, por fim, com a conferência de Lausanne,
dava-se por terminado a questão das reparaçoes do pós-guerra e a divida
saldada. Perante a precaridade económica e financeira, no pós-guerra, a
República de Weimar passou por um periodo de choque, desemprego e de
terror politico. Apesar do periodo de catástrofe a nivel económico, a
derrota foi mais sentida como uma desonra, um orgulho ferido de uma
«nação atrasada».

Os anos 20 (Doc 3 pdf)

Finda a Primeira Guerra Mundial (11/11/1918) - termina também o


sonho imperialista da Alemanha e o Império dos Habsburgos. Guilherme
II abdica do trono e a monarquia é abolida. A República de Weimar é
proclamada em 6 de janeiro de 1919. Por sua vez, Friedrich Ebert ocupa o
cargo de Chanceler da Alemanha e de Presidente, entre 1919 e 1925. O
Tratado de Versalhes (26 de junho 1919) impõe à Alemanha derrotada,
destruída e humilhada, uma série de condições: a cedência de vários
territórios; renúncia a quaisquer direitos no estrangeiro e colónias;
desarmamento; cedência de todo o material bélico; reparações de guerra,
com pesadas consequências para a indústria alemã.

A República de Weimar foi marcada por oscilações políticas entre


a revolta social da esquerda revolucionária e o radicalismo de
direita, que deixaram pouco espaço para a normalização de uma via
parlamentar. Os partidos de esquerda contestavam o apoio dos social-
democratas ao parlamentarismo e estabeleciam coligações partidárias
com os liberais. A extrema direita exerce golpes de estado e assassínios
políticos. O modelo soviético era visto pelos operários e pela esquerda
revolucionária como uma solução preferível à moderada atuação dos
social-democratas.
Os conflitos sociais eram constantes e a situação económica, que teve um
período estável entre 1923 e 1925, sofre um revés devido à queda da
bolsa de Nova Iorque em 1929.

A Alemanha tinha conseguido renovar a sua indústria com o apoio dos


planos financeiros concedidos após a 1ª Guerra e aproximava-se dos
países mais desenvolvidos. Criaram-se novos hábitos de consumo devido
ao desenvolvimento económico. Outras formas de expressão artística,
como o teatro e em especial o cinema e a música americana demonstram
as características da sociedade alemã dos anos 20, embora reprovados
pelas elites conservadoras e dos mais nacionalistas.

Topico IV

Em janeiro de 1933, Hitler e von Papen acordaram na formação de um


governo, apoiado por Hindenburg. Tente explicar o cenário político /
partidário antes das eleições.

O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou o Partido


Nazista, era um partido extremista de Direita, criado no ano de 1920, que
surgiu na Alemanha após o final da Primeira Guerra Mundial. A grande
Depressão, entre os anos de 1929 e 1930, afectou toda a Europa e gerou
desemprego e pobreza a uma larga escala. Além disso, com as
humilhaçoes do Tratado de Versalhes, após a perda da Alemanha na
Primeira Guerra Mundial, que obrigava o pagamento de pesadas sanções
para reparação da guerra, gerou um descontentamento social. Com o
orgulho ferido e um ressentimento nacionalista, o povo alemão cada vez
mais descrente da politica da República de Weimar, temiam também uma
revolução socialista, por parte dos comunista. Entre os anos de 1925 e
1930, o governo alemão transitou de um regime democrático liberal para
um regime conservador-nacionalista, governado pelo presidente Paul von
Hindenburg, que pretendia instalar um governo estável, constituido por
conservadores nacionalistas de direita. A Republica de Weimar ja
apresentava muita instabilidade, e cada vez era mais notorio o
extremismo politico, constituido pelos nazista pela frente direita, e os
comunistas pela frente esquerda. Os anos seguintes, de 1930 a 1933, o
estado de espirito da Alemanha já era tenebroso e frustrante. A miséria
generalizada, e a impaciencia com o fracasso do governo em saber
administrar a crise instalada, foram fatores que impulsionaram a
ascensão do NSDAP. A propaganda eleitoral nazista prometia tirar a
Alemanha da crise financeira proveniente da queda da bolsa de Nova
Iorque, assim como restaurar os valores culturais alemaes perdidos apos
a derrota da Primeira Guerra Mundial. No dia 30 de Janeiro de 1933, com
a maioria dos votos por parte dos populares e persuadido pelo
Reichskanzler Franz von Papen, o presidente Hindenburg nomeou Adolf
Hitler como Chanceler. Esta escolha acabou por pavimentar o caminho
para uma ditatura nazista após o falecimento de Hindenburg no ano
seguinte. Em meados do ano de 1933, o Partido Nazista era o unico
partido politico existente,e praticamente toda a oposição organizada
contra o regime havia sido eliminada. A democracia estava morta na
Alemanha.

Isole as teses historiográficas que interpretam e tentam explicar o


socialismo nacional, com a respetiva fundamentação

A complexidade dos acontecimentos que ocorreram entre 1933 e 1945 é


tal, que têm sido várias, polémicas e controversas as interpretações sobre
a questão. O Historikerstreit da década de 80 consistiu numa discussão
inquietante que opôs intelectuais alemães de esquerda aos de direita.
Neste debate destacaram-se algumas personalidades, como Ernst Nolte,
que defendia que o Holocausto era, em termos morais, uma cópia de atos
cometidos por outras nações (o “Terror Branco” durante a Guerra Civil
Espanhola entre 1936 e 1945 e os campos de trabalho forçado da União
Soviética, sob a administração do Gulag, entre 1918 e 1953), e repetido
posteriormente entre 1975 e 1979, no genocídio do Camboja, levado a
cabo pelo “Khmer Vermelho”. Num outro extremo, Habermas critica esta
equivalência sugerida por Nolte, que considera uma atitude quase
“negacionista” da ocorrência do Holocausto.

À parte de uma avaliação de ordem ética, a historiografia tem


desenvolvido teses que, com o avançar do tempo e o distanciamento dos
acontecimentos, permitiram uma nova visão sobre o tema. A questão da
“via específica” é retomada. Autores como Plessner e Wehler consideram
que a Alemanha seguiu de facto uma “via específica” e concebem a
possibilidade de a história alemã ser afinal um contínuo de imposições
iniciado com a Reforma Luterana e mantido com o autoritarismo da era
bismarckiana, medidas que impediram a Alemanha de modernizar as suas
estruturas políticas, acabando por conduzi-la ao fracasso e à catástrofe
nazi.

Numa posição discordante, outros historiadores como Richard Evans,


atribuem a ascensão do nazismo, não a uma “via específica”, mas à
evolução da moderna sociedade de massas. Aqui, os novos meios de
comunicação, como o cinema e a rádio, desempenharam um papel
fundamental na divulgação de propaganda e na manipulação dessas
mesmas massas. O avanço industrial é também apontado como
responsável pelo percurso da Alemanha, nomeadamente a forte produção
de armamento, que viabilizou a conceção de campos de concentração e
de extermínio.

Adorno e Horkheimer, que também não defendem a existência de uma


“via específica”, atribuem à trajetória alemã as inevitabilidades da
“própria sociedade moderna e liberal” (Opitz, 1998, 331) e associam as
questões de natureza económica e política a questões de natureza
cultural.

Estas duas últimas posições acabam por convergir na ideia de que por um
lado o progresso, e por outro, a resistência ao avanço do capitalismo
ocidental, estiveram na origem do totalitarismo do regime nazi, uma tese
também defendida por Hannah Arendt que considerava que “progresso e
ruína são duas faces da mesma medalha” (Arendt, 2004, 13).

Sendo uma temática passível de várias interpretações, talvez a


abordagem mais adequada seja a que contemple “múltiplas perspetivas”,
que não procure “fornecer uma explicação definitiva ou absoluta para o
que dificilmente se consegue compreender” (Opitz, 1998, 333).

Caraterize e contextualize as organizações de 'SA' e 'SS' e as suas


funções:

Após ser nomeado, em Janeiro de 1933, a Chanceler do III Reich, Hitler


tomou diversas medidas legislativas, onde incluia a restrição da liberdade
de impresa, de associação e de eleição. Outras medidas de saneamento
aplicadas incluia a substituiçao dos membros do partido Social-Democrata
da Alemanha, o SPD, dos cargos de administraçao interna pelo
funcionarios «nacionais», que designaram-se por SA e SS. Hitler
pretendia definir várias medidas com vista à uniformização da sociedade
alemã (Gleichschaltung), cujo o cumprimento era assegurado pela
atuação das “SA” e “SS”. A SA, die Sturmabteiluing, eram as tropas
iniciais de choque do Partido Nazista, ou milicia paramilitar, durante a
República de Weimar. Estas milícias semeavam o terror entre as
populações, causavam motins e revoltas, e empreenderam golpes de
estado. Contudo, não funcionavam como um exercito ou tropa
organizada. Hitler via a SA como apenas uma tropa de pressão politica,
mas não como um núcleo do “futuro exercito do Reich”. Liderado por
Röhm, as “tropas de assalto” acabaram por ir contra os ideias de Hitler, o
que desencandeou à sua eliminação. Quando o seu poder ameaçou a
autoridade de Hitler, foram substituídas pelas SS (Schutzstaffel), no ano
de 1934. As SS eram conhecidas pela policia do Estado, lideradas pelo
Reichsführer-SS Heinrich Himmler, constituida apenas por membros de
origem germanica, a ascendencia ariana. A principal função consistia na
protecçao de Hitler, formando uma guarda especial, bem como os
restantes membros do Partido Nazista. Alem disso, a tropa de elite servia
tambem como policiais auxiliares e, mais tarde, como guardas dos
campos de concentração. Por fim, Himmler transformou também a policia
comun num instrumento de terror, com a criaçao da Gestapo, a Policia
Secreta do Estado. Por toda a Alemanha os metodos crueis e desumanos
eram aplicados pela Gestapo, com intuito de prender adversários politicos
ou pessoas que recusavam a obedecer as leis e politicas do regime
nazista. As SA e as SS estabeleceram centenas de “campos” provisórios
em fabricas ou locais vazios, como prisões para os adversários ou
opositores politicos, em condições de extrema crueldade. Um dos campos
mais conhecidos foi o campo criado em Dachau, a 20 de Março de 1933,
numa fabrica belica antiga, abandonada após a Primeira Guerra Mundial.
Posteriormente, a fabrica viria dar lugar a um dos campos de
concentração “modelo” para um grande sistema de campos das SS.

Quais eram as implicações do 'parágrafo ariano' (Arierparagraph)


promulgado a 7 de abril de 1933?

No mes de Março de 1933, com Hitler no poder, o governo inicia medidas


relativas a uma «higiene rácica». No mes seguinte deu-se o inicio do
boicote ao comércio judaico, organizado pelo Partido e pelo Ministério da
Propaganda, chefiado por Joseph Goebbels. A 7 de Abril de 1933, foi
decretado o “parágrafo ariano”, der Arierparagraph, que consistia na
interdição dos judeus aos acesso a cargos na administração pública.
Assim, a população judaica e outros cidadões não-arianos eram
gradualmente considerados não-confiaveis em termos politicos. O
“parágrafo ariano” regulamentado pela formlaçao pela “Lei para a
Restauração do Serviço Público Profissional”, contemplava também o
despedimento ou a aposentadoria forçada dos que ocupassem tais cargos,
limitando a sua participação na vida pública e a sua influência social.
Inclusive, as empresas privadas foram autorizadas a incluir nas suas
normas internas um “parágrafo ariano”.

Descreva a evolução do anti-semitismo e o modo como este se


manifestou durante o ‘Terceiro Reich’:

Apesar do termo anti-semistismo ter ganho força durante o III Reich, é


certo que a Alemanha ja aplicava a perseguiçao aos judeus antes do
regime nacional-socialista, em particular, a partir da época guilhermina.
Desde o século XVIII que muitos grupos de origem judaica emigravam
desde a Europa de Leste para a Alemanha, nomeadamente da Polónia e
da Russia. No entanto, devido ao estatuto economicamente mais
defavorecido, face a estes grupos, a xenofobia foi-se desenvolvendo.
Embora minoritários, os judeus alemães concentravam-se em regiões
urbanas, sobretudo em Berlim, ou exerciam cargos importantes nas
profissões liberais, como médicos e advogados, o que contribuiu para
uma elevada percentagem para a economia privada da época. Contudo,
as perseguições atenuaram-se no ano de 1933, com o boicote aos
estabelecimentos judaicos e com o afastamento dos cargos estatais.
Hitler põe em prática uma série de medidas que visam neutralizar a
sociedade alemã, die Gleichschaltung, ao declarar como inconstitucionais
os partidos SPD (Partido social democrata da Alemanha), o KPD (Partido
comunista da Alemanha) e do Zentrum. Ademais, cria o primeiro campo
de concentração, em Dachau, para onde são enviados todos os seus
opositores, e inicia-se uma perseguição aos judeus com o boicote ao
comércio judaico. Além das perseguições, promulga o “parágrafo ariano”
a 7 de Março de 1933, uma lei que impedia os judeus de terem acesso a
cargos na função pública e dissolve os sindicatos, obrigando a alianças
entre patronato e assalariados. A 10 de Maio lança os autos de fé, que
consistiu num ataque à cultura alemã, baseada na queima de livros de
autores de origem judaica e de outras origens, mas cujas obras eram
consideras como opositoras ao seu regime e aos valores tradicionais da
sociedade alemã. Mas as medidas de maior alcance foram as Leis de
Nuremberga no ano de 1935, que impediam o casamento entre pessoas
de sangue verdadeiramente alemão com os judeus. Além de se estender
a outras áreas da vida civil, os judeus foram igualmente impedidos do
direito ao voto, de serem atendidos em hospitais, de frequentar lugares
públicos, somando ainda à interdita liberdade de circulação. O processo
de “arianização” retira aos judeus os seus negócios e empresas e
transfere-os para administradores não judeus. Na noite de 9 de novembro
de 1938 ocorre uma destruição de estabelecimentos de judeus que fica
conhecida como a “Noite de Cristal”, a que seguiram violações,
detenções e mortes. Os homens e mulheres judeus, cujo nome não fosse
de origem judaica, deveriam acrescentar aos seus nomes,
respetivamente, os nomes Israel e Sara e os seus passaportes foram
carimbados com a Letra “J” a vermelho. A partir do ano de 1941 foram
obrigados a usar em público uma estrela amarela que identificaria a sua
origem. Para além da exploração financeira que obrigava os judeus a
declarar as suas fortunas e a pagar uma «multa», que viria a render
milhares de Reichmark ao Estado Nazi, os judeus viram-se tambem
privados de frenquentar escolas ou universidades estatais, bem como
exercer qualquer outra atividade económica. Por fim, a 20 de Janeiro de
1942, foi realizada a Conferencia de Wannsee, entre os membros
superiores do governo Nazi e os líderes das SS, com vista «à solução final
da questão judaica». A “solução final” consistia na aniquilação fisica,
sistematica e deliberada de todos os judeus europeus. O exterminio em
massa, que ocorreu em diversos campos de concentração, ficou
designado como Holocausto, o massacre dos judeus. A historiografia
ainda debate-se acerca do caracter premeditado deste acto criminoso e
horrendo, que levou à morte cerca de 6 milhões de pessoas.

Descreva sucintamente como se processaram o exílio, a emigração e a


resistência ao socialismo nacional:

Com a repressão do regime nazi que se sentiu após a chegada do Hitler


ao poder, no ano de 1933, levou ao exilio, forçado ou voluntario, de
muitos políticos, artistas plásticos, intelectuais de esquerda e cientistas.
Para quem resistia aos poder totalitário, como os comunistas, eram
presos ou enviados para os campos de concentração. No Verão do ano de
1935, uma tentativa de união entre todos os partidos de esquerda,
através da Frente Popular Alemã, die Volksfront, que ate entao tinham
sido aniquilados, não conseguiram derrotar o regime nazi. Contudo, não
deixou de exercer influencia no destino politico da Alemanha no pós-
guerra. Com o início da guerra, em 1939, desencadeou-se uma nova vaga
de emigrações que se estendeu a escritores, dramaturgos e membros de
todas as fações políticas, incluindo antigos membros do NSDAP. Os
opositores ao regime, mesmo no exílio, colaboravam com os Aliados,
nomeadamente com a União Soviética, transmitindo informações sobre
planos do regime nazi, pois viam nessa postura a única forma possível de
angariar apoio para provocar a queda do governo. Já nos últimos anos da
guerra, os sociais-democratas rompem definitivamente com os partidos
apoiados pelos soviéticos. Ainda assim, os oficiais da Wehrmacht (Forças
Armadas da Alemanha) organizam em 20 de julho de 1944 um atentado
que, embora tenha fracassado, pôde contar com o apoio de diplomatas,
conservadores, representantes dos trabalhadores, organizações sindicais
e membros da Igreja. Apesar de não terem ligações ideológicas entre si,
todos estes elementos estavam determinados em contribuir para a
derrocada da ditadura nazista e para uma futura mudança política. Apesar
da maioria dos emigrantes terem sido judeus e/ou intelectuais
simpatizantes de esquerda, viriam a constituir uma importante força
moral de exemplo de uma outra Alemanha diferente, depois da guerra.

Topico V
Descreva a situação do Pós-Guerra na Alemanha até à divisão do
território em dois estados (pag 359-363)

Após a derrota na Segunda Guerra Mundial no ano 1945, embora o III


Reich tivesse capitulado em Maio de 1933, a Alemanha permanecia
dividida por mais 40anos, com blocos economicos-ideologicos opostos. os
alemães viram-se confrontados com uma nova ideologia de vida. Os
alemães referem-se, muitas vezes, a 1945 como a Stunde Null, a hora
zero, para descrever o quase-total colapso que o país enfrentava. A partir
do ano de 1945, a Alemanha passa por uma transformaçao a nivel de
mentalidades e de consciencia nacional, atravessando um complexo
processo de reorientaçao ideologica, de recalcamento de emoções e uma
reeducação. A população alemã tinha pela frente uma dificil aprendizagem
da democracia, uma progressiva autonomização política e uma
internacionalizção cultural e civizacional. Após a vitoria do Aliados e a
conquista de Berlim pelos soviéticos, a Alemanha via-se novamente
perante um cenário de miséria, completamente destruída e ocupada pelas
forças dos Aliados. Tratou-se, sobretudo, de uma época onde os alemães
reconstruiram as cidades e as infras-estruturas destruidas pela guerra, a
paar de uma situação de escassez alimentar severa. Em termos
económicos, a Alemanha estava devastada e tinha de lidar com o
acolhimento de milhões de pessoas, para além de toda a reorganização
social, económica e política. O tradicional provincianismo alemão e as
tradições regionalistas dificultaram o processo de modificação da
estrutura social e as populações viveram uma certa desorientação. O
precário sentido de identidade nacional necessitava adaptar-se ao novo
contexto de uma Europa multicultural e diversificada. Na Conferência de
Potsdam, no Verão de 1945, como um Tratado de paz, deu-se a
redifinação das fronteiras da Europa Central e da Polónia, o que obrigou
muitos alemães a regressarem ao ocidente. Tratou-se de uma operação
baseada em vingança pelos massacres nazis sobre as populações de
Leste. Mesmo os prisioneiros de guerra e civis alemães, que ainda
permaneciam na URSS, eram massacrados e muitos deles mortos, o que
envolveu, em certa parte, o designado “ethnic cleansing”. A migração
abrangeu cerca de 12 milhões de pessoas durante os dois anos pós-
guerra, e a intergraçao dos refugiados da Segunda Guerra Mundial
contribui para uma reconstrução económica e para a grande falta de mão
de obra. Contudo, foi a partir do ano de 1945 que começaram as
divergencias entre os Aliados, o que levou à governação da Alemanha em
quatro zonas de ocupação. No ano de 1947 dá-se a instalação da Bizone,
por parte dos Estados Unidos e Inglaterra, o que conduziu a uma divisão
administrativa e economica que iria representar antecipadamente a
criaçao de dois estados. Deste modo, entre os anos de 1945 e 1949,
varias centenas milhares de pessoas deslocaram-se da zona soviética e
de Berlin de Leste para o Oeste.

Ensaie uma pequena cronologia de eventos que considere importantes


para a descrição dos anos 50 - 80 na RFA e na RDA

Após a Conferencia de Potsdam no ano de 1945, a Alemanha foi dividida,


pelos Aliados vencedores, em quatro zonas de ocupação militar. A zona
oriental socialista, liderada pela União Soviética, e a zona ocidental, a
capitalista, liderada pelos Estados Unidos, Inglaterra e França. A própria
cidade de Berlim, foi igualmente dividida, pertencendo uma parte à zona
oriental e outa à zona ocidental. Assim, no ano de 1949, as três zonas
ocupadas a oeste da Alemanha viriam a formar a República Federal da
Alemanha, e a leste, a República Democrática da Alemanha. Durante os
anos de 1947 e 1952, a RFA beneficiou do Plano Marschall por parte dos
EUA, quer em termos financeiros, quer através de apoio alimentar.
Devido à escassez de alimentos, o apoio teria como objectivo chegar às
zonas carenciadas. Ainda no mesmo ano, a RFA estabeleceu uma reforma
monetaria para tentar travar a inflação e o mercado negro, que
entretanto fez-se surgir. A populaçao encontrava-se ainda num periodo
de extrema pobreza, e o mercado negro tornou-se numa alternativa para
obtençao de bens alimentares. Contudo, as relaçoes entre os dois Estados
alemães do pós-guerra mantiveram-se frias. No ano de 1948, a RFA teve
que lidar com um bloqueio, imposto pela RDA, que impediu a entrada de
qualquer ajuda à zona ocidental. Estas circunstancias acabaram por levar
à formulação de uma opinião pública e à tendência de um poder
administrativo liberal economico, o que ia contra a economica socialista
planificada praticada na RDA. A nivel político, entre os anos de 1946 e
1948, começaram a surgir novos partidos políticos na Alemanha
Ocidental, tais como a CDU (União Democrata Cristã) e o FDP ( Partido
Democrático Livre). No ano de 1947 criou-se o Kontrollratsgesetz, que
consistia numa lei para dissolver o Estado da Prússia, inserida na lei
internacional de ocupação na Alemanha, ocupada pelas quatro potências.
O SPD permanecia na zona ocidental da Alemanha, defensora de um
socialismo democrático e da independencia alemã, enquanto a Alemanha
oriental se funde com o KPD, liderado por Liebknecht. A nivel cultural, a
Alemanha deparou-se com um vazio intelectual, devido à morte e ao
exilio forçado de muitos artistas. Assim, a televisão, a rádio e o cinema
deram destaque à ocupação dos tempos livres dos alemães. A Alemanha
também deu inicio ao processo de “desnazificação”, que incluiu
julgamentos de representantes do antigo regime nazi, banindo de
serviços públicos e da economia. Contudo, a Guerra Fria permanecia com
as inerentes diferenças de interesses entre o capitalismo ocidental e o
socialismo oriental. As desigualdades foram cada vez mais acentuadas, e
no ano de 1948 a União Soviética deixa o Kontrollrat, dando um bloqueio
à refoma monetária e à cidade de Berlim. O antogonismo político e
economico gerou um confronto permamente e resulta, por fim, com a
separação formal entre as duas zonas, ao criar o Muro de Berlim no ano
de 1961. A RDA aboliu com o capitalismo privado, nacionalizando a
economica e centrou todo o seu poder num partido único, o SED. Deu-se
a expropriação de propriedades privadas e o inicio da socialização
industrial. Por sua vez, a RFA criou uma automonia administrativa e
política e favoreceu a diversificação cultural. Como chanceler da RFA
durante os anos de 1949 e 1963, Konrad Adenauer prosseguia com uma
ideologia anticomunista intransigente, enquanto Walter Ulbricht, do lado
soviético, defendia e representava uma ortodoxia comunista e uma
economia socialista. Na decada de 50 e com o auxílio do Plano Marschall,
a RFA deparou-se com um rápido desenvolvimento economico, e uma
reconstrução do Estado e das instituições democráticas. Durante a época
de Adenauer, a Alemanha ocidental regeu-se pelo liberalismo economico,
com uma economia social, que proporcionou um bem-estar às
populações. A politica interna baseava-se numa democracia liberal e
anticomunista, tornando se conhecido pelo homem liberal do
Wirtschaftswunder, como um periodo de forte crescimento economico em
vias de reconstruir a Alemanha como uma potência europeia, pós a
Segunda Guerra Mundial. Por sua vez, a RDA, ligada ao Pacto de Varsóvia
de 1955, como reacçao à intergração da Alemanha Ocidental à NATO,
sofreu um atraso na reconstruçao do Estado, devido à falta de recursos
para financiar a mecanizaçao e automatizaçao da produçao. O único
partido então criado como um totalitarismo centralista, o SED,
estabeleceu uma ditadura e militarizou toda a sociedade, ao impor um
sistema generalizado de controlo dos divergentes/ opositores,
comandando pelo Ministério para a Segurança do Estado, a Stasi.
Tratava-se de uma polícia secreta e inteligencia da RDA. Deste modo, aas
relações entre os dois Estados alemães permaneciam frias, até a politica
de aproximaçao com os países comunistas da Europa Oriental, criada pelo
Chanceler ocidental Willy Brandt, nos anos 1970. A desingada Ostpolitik
tinha como objectivo normalizar as relações com as nações da Europa de
Leste, e um conceito de “Dois Estados alemães dentro de uma nação
alemã”. Deste então, o relacionamento entre os dois Estados melhorou, e
no ano de 1973 as duas Alemanhas tornaram-se membros da ONU.

Descreva a ameaça que surgiu para a República Federal da Alemanha


através das atividades da RAF nos anos setenta do século XX.

Com o fim da era Adenauer, no ano de 1963, o ministro da economia,


Ludwig Erhard viria a criar a grande Coligação CDU-SPD, nos anos de
1966 a1969, que deu prioridade à política económica. A união dos
maiores partidos da RFA gerou varias críticas e protestos por parte dos
estudantes. Ademais, a extinção do partido comunista também foi um dos
motivos de protestos, pois simbolizava uma falha do regime democrático.
O descontentamento por parte dos estudantes durante os três anos da
Grande Coligação não se baseavam unicamente contra um situação
política alemã que decorria na época. O protesto visava tambem sobre a
participação da Alemanha na Guerra do Vietname, que representava
como um simbolo do imperalismo americano. A revolta anti-americana
consistia na oposição da participaçãos dos alemães na Guerra do
Vietname, como sendo uma cruzada anti-comunista. Outra vertente do
protesto consistia nas leis de exceção, as Notstandsgesetze, como sendo
leis de emergencia, em um estado de emergencia, para garantir a
capacidade de agir em situações de crise. Por fim, a sociedade de
consumo foi igualmente um alvo de protesto, por parte do movimento
estudantil. A oposição devia-se ao resultado do Wirtschaftswunder e da
intregação da Alemanha no sistema federal ocidental. Com a morte do
estudante inofensivo universitário, Benno Ohnesorg, durante a
manifestação contra a visita de um Xã do Irão a Berlim, em 1967,
estimulou ainda mais a revolta estudantil de esquerda, mostrando que
poder do Estado poderia voltar-se contra os próprios cidadãos. No ano
seguinte, em 1968, deu-se o movimento de 68, marcado por protestos
anti-autoritários, com raízes no passado nazi, que ainda permanecia, na
Repúblida Federal da Alemanha. O movimento ficou conhecido,
sobretudo, pela educação anti-autoritária, pela revolução sexual e pelo
socialismo humano. Com o fim da Grande Coligação, no ano de 1969, o
movimento estudantil acabou por dividir-se. Uma vertente, mais
ortoxoda, organizou-se em grupos de orientação radical ou aderiu ao
recém partido comunista, o DKP, outros integraram no SPD para dar inicio
a uma «longa marcha através das instituições», mas uma minoria optou
por organizar um grupo comunista, durante os anos 70, baseado no
terrorismo, o desinado RAF (Rote Armee Fraktion). Quando os principais
membros do grupo foram presos em 1972, comecou uma onda de
atentados e sequestros para forçar a libertação dos presos que foram
entretanto condenados a prisão perpétua no julgamento de Stammheim,
em 1975. As ações da RAF visaram figuras importantes da política e da
economia alemãs. Em 1977 o Promotor-geral da República, Siegfried
Buback e o Presidente do Dresdner Bank, Jürgen Ponto, foram
assassinados. Seguiu-se o chamado "Outono Alemão" com o sequestro e
assassinato do presidente da Federação dos Empregadores Alemães,
Hanns-Martin Schleyer, em setembro, e o desvio de um avião da
Lufthansa (“Landshut”), em Outubro, por terroristas palestinianos que
apoiavam a RAF. Com o fracasso do sequestro do avião da Lufthansa,
alguns elementos suicidaram-se na prisão. O grupo teve três gerações de
militantes, acabando por se extinguir no início da década de 90. As
atividades radicais acabaram por não alcançar o êxito desejado, mas o
perigo da ascensão de um totalitarismo que impunha os seus modelos
através da violência era real e obrigou a um “reforço dos poderes do
Estado e das forças policiais” (Opitz, 1998, p. 375). Ironicamente, este
reforço parecia apontar para o regresso de um Estado autoritário e
repressivo que restringia as liberdades civis, o que dividiu a opinião da
sociedade alemã e apenas resultou num reforço dos poderes do Estado e
das forças policiais, exatamente o efeito oposto e contra o que o grupo se
manifestava. Por fim, o movimento estudantil representou também uma
importante mudança cultural e de mentalidades. A sociedade manifestava
o desejo de uma vida diferente e já não se deixava dominar pelo passado.
Enquanto a geração dos pais confiava nos valores do trabalho, disciplina e
moral rígida, as novas gerações exigiam liberdades pessoais, uma
verdadeira democratização da sociedade na base do pacifismo, da
igualdade e da transparência.

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