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Fernando Ferreira1
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Para fazer tais análises, Elias utiliza; manuais de
comportamentos de época, “manuais de civilité” como os organizados
por Eramos de Roterdã, que evidência as mudanças comportamentais
desejáveis e as aspirações de uma sociedade refinada. Obras como as
de Shakespeare, destacam novos hábitos sociais desejáveis, também
percebidos em pinturas e cartas pessoais. Segundo Elias as novas
normas sociais ampliaram a sociedade civilizada, ao mesmo tempo em
que aumentam os mecanismos de controle. Nessa direção, salienta
Nietzsche, acerca do sofrimento que nasce junto à sociedade e sua
civilização, o homem civilizado é refém de sua vontade.
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George Duby em seu livro intitulado “A sociedade
cavalheiresca” dedica uma grande parcela de seus estudos, analisando
as origens das famílias nobres francesas através de fontes primarias
existentes em pequenas regiões da França, encontradas
especificamente em abadias. Duby percebe, assim como Bloch, que as
primeiras designações para nobreza apenas expressavam uma situação
maior de posses e bens e a sua condiç~o de homem “livre”,
notadamente a evolução das estruturas sociais garante aos nobres
ricos, concessões de terras e títulos hereditários. No entanto essa
aristocracia não prezava suas posses e sim sua fidalguia, conceito que
ultrapassa sua eventual riqueza, ou seja, glorificam-se pelas conquistas
de seus antepassados. A glória militar era para a sociedade feudal,
prova de sua nobreza e assim, a legitimidade de seu orgulho, reside na
sua capacidade militar traduzida numa condição social distintiva.
A nobreza guerreira distingue dois qualitativos que
representam grupos em posições diversificadas dentro do feudalismo,
entretanto, com o tempo as categorias poderiam designar o mesmo
indivíduo, nobreza de sangue e de espada. Nem todo nobre era
cavaleiro, e vice versa, mas pelo contexto do feudalismo em que as
guerras eram frequentes e a principal atividade da nobreza se pautava
em sua função guerreira, era comum, nobres serem investidos como
cavaleiros, acumulando as distinções. A caracterização de um grupo
específico para atuar na condição de uma milícia guerreira, sugere uma
distinção social, já que se tratava de um grupo especializado voltado
para as atividades militares. No entanto desde o momento de sua
origem no contexto do feudalismo, esse conceito sofre um processo de
mudança com o desenvolvimento da sociedade em questão, em que o
estabelecimento de grupos especializados para as funções ligadas às
guerras, articulavam a nobreza como parte desse processo, por várias 9
questões, que envolvem desde o processo de vassalagem até a
glorificação das atividades militares, que passam a ser um qualitativo
cada vez mais difuso entre os nobres.
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Para os primeiros escritores que deram o nome ao
feudalismo, para os homens da Revolução, que
trabalharam para o destruir, a noção de nobreza
parecia inseparável dele. No entanto, não há
associação de ideias mais redondamente errada.
Mesmo por pouco que nos interessemos por
conservar alguma exactidão ao vocabulário
histórico. Decerto que as sociedades da era feudal
nada tiveram de igualitário. (BLOCH, 1976 , p.330)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
NOTAS