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MODERNA
Introdução
A Idade Moderna foi um período de transformações generalizadas nas
sociedades europeias ocidentais, levando a modificações nos âmbi-
tos cultural, econômico, político e social. Muitas vezes, essas mudanças
apresentaram traços de continuidade do período feudal, seja porque se
iniciaram ainda durante o medievo ou porque as temporalidades das
transformações eram distintas — sabemos que o tempo da política, por
exemplo, é diferente do tempo das mentalidades.
Neste capítulo, você vai estudar as diferentes interpretações elabora-
das pelos historiadores para essas transformações ocorridas na sociedade
europeia entre os séculos XIV, XV e XVI. Assim, vai conhecer o debate do
ponto de vista econômico, ou seja, da passagem do feudalismo para o
capitalismo, e do ponto de vista cultural, com as transformações ocorridas
na cultura, nas mentalidades e na religião.
2 Debates historiográficos sobre a transição da Idade Média para a Idade Moderna
[...] temos o significado inicialmente conferido por Marx, que não buscava a
essência do capitalismo num espírito de empresa nem no uso da moeda para
financiar uma série de trocas com objetivo de ganho, mas em determinado
modo de produção. Por modo de produção, ele não se referia apenas ao estado da
técnica — a qual chamou de estágio de desenvolvimento das forças produtivas
— mas à maneira pela qual se definia a propriedade dos meios de produção e
às relações sociais entre os homens, que resultavam da de suas ligações com
o processo de produção. Assim, o capitalismo não era apenas um sistema de
produção para o mercado — um sistema de produção de mercadorias, como
Marx o denominou — mas um sistema sob o qual a própria força de trabalho
“se tornara uma mercadoria” e era comprada e vendida no mercado como
qualquer outro objeto de troca. Seu pré-requisito histórico era a concentração
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Dessa forma, a autora desenvolve uma análise não somente sobre o que é o
capitalismo, mas combate as versões deterministas da história, que abordavam o
processo histórico na Europa Ocidental como uma sucessão de modelos de produ-
ção, como se o feudalismo fosse sucedido, naturalmente, pelo sistema capitalista.
Wood afirma que, para além das variedades existentes nas relações feudais, de
acordo com cada um dos países, a desintegração das relações vassálicas deu origem
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Leituras recomendadas
BURCKHARDT, J. A cultura do Renascimento na Itália. Brasília: UnB, 1991.
DELUMEAU, J. A civilização do Renascimento. Lisboa: Edições 70, 2004.
DOBB, M. Uma réplica. In: SWEEZY, P. et al. A transição do feudalismo para o capitalismo.
São Paulo: Martins Fontes, 1977.
ELIAS, N. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. v. 1.
GINZBURG, C. O fio e os rastros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
HUIZINGA, J. O declínio da idade média. São Paulo: Verbo Edusp, 1978.
ROSSI, P. O cientista. In: VILLARI, R. O homem barroco. Lisboa: Presença, 1995.
SWEEZY, P. Uma crítica. In: SWEEZY, P. et al. A transição do feudalismo para o capitalismo.
São Paulo: Martins Fontes, 1977.
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