O documento discute a emergência do sistema-mundo moderno na Europa a partir do século 15 e suas implicações. Apresenta como dois pilares evitaram a unificação da economia européia: o sistema interestatal baseado no equilíbrio de poder e o capitalismo. Também critica a perspectiva eurocêntrica de história e a emergência da colonialidade como parte constitutiva do padrão de poder capitalista mundial.
O documento discute a emergência do sistema-mundo moderno na Europa a partir do século 15 e suas implicações. Apresenta como dois pilares evitaram a unificação da economia européia: o sistema interestatal baseado no equilíbrio de poder e o capitalismo. Também critica a perspectiva eurocêntrica de história e a emergência da colonialidade como parte constitutiva do padrão de poder capitalista mundial.
O documento discute a emergência do sistema-mundo moderno na Europa a partir do século 15 e suas implicações. Apresenta como dois pilares evitaram a unificação da economia européia: o sistema interestatal baseado no equilíbrio de poder e o capitalismo. Também critica a perspectiva eurocêntrica de história e a emergência da colonialidade como parte constitutiva do padrão de poder capitalista mundial.
CRÍTICA AO EUROCENTRISMO O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO SISTEMA MUNDO MODERNO
Algo diferente aconteceu em fins da Idade Média na Europa Ocidental: O
“Milagre europeu”.
Surgem os dois pilares do S.I. moderno, que evitam a unificação da
economia-mundo europeia (séculos XIII e XIV):
Sistema interestatal baseado no equilíbrio de poder;
Capitalismo.
“ (...) a Europa de fins da Idade-Média já constituía uma verdadeira
economia-mundo, tendo em vista a expansão comercial do fim do século XIII e começo do século XIV, e a fragmentação entre as inúmeras unidades políticas. É sabido que a região que mais prosperou com este crescimento foi o norte italiano, graças à localização geográfica, ao equilíbrio de poder (...) e à nova lógica de governo capitalista. (Wallerstein in Arienti, 2007, p. 120)”. Veneza e Gênova Espanha Sistema-Mundo Moderno em 1500 (Braudel) Alguns dos circuitos comerciais existentes entre 1330 e 1550, segundo Abu-Lughod (1989). Até esta data, existiam também outros no Norte da África, que ligavam o Cairo a Fez e a Timbuto. “[...] empiricamente nunca houve História Mundial até 1492 (como data de início [...] da operação do Sistema- mundo.) [...]. Antes dessa data, os impérios ou sistemas culturais coexistiam entre si. Apenas com a expansão portuguesa desde o século XV, que atinge o Extremo Oriente no século XVI, e com o descobrimento da América hispânica, todo o planeta se torna o lugar de uma só História Mundial. (Magalhães-Elcano realiza a circunavegação da Terra em 1521).”(DUSSEL, 2005: 27) a seta indica a procedência do homo sapiens na América e as influências neolíticas do Pacífico; e nada mais. Sistema-Mundo Moderno em 1775 (Braudel) A emergência do circuito comercial do Atlântico interligou os circuitos assinalados na ilustração com pelo menos dois não interligados até então: o circuito comercial que tinha seu centro em Tenochtitlán e se estendia pelo Anáhuac; e o que tinha seu centro em Cusco e se estendia pelo Tawantinsuiu. EUROCENTRISMO
- Não pode ser caracterizado apenas com um mero
fenômeno etnocêntrico, comum aos povos em outras épocas históricas.
-- Ele é uma ideologia, paradigma e/ou discurso.
- Ele é a expressão de uma dominação objetiva dos
povos europeus ocidentais no mundo. a influência grega não é direta na Europa latino-ocidental (passa pelas setas a e b). A sequência c da Europa moderna não entronca com a Grécia, nem tampouco diretamente com o grupo bizantino (seta b), mas sim com todo o mundo latino romano ocidental cristianizado. “A conquista ibérica do continente americano é o momento inaugural dos dois processos que articuladamente conformam a história posterior: a modernidade e a organização colonial do mundo [...]. Com o início do colonialismo na América inicia-se não apenas a organização colonial do mundo mas simultaneamente a constituição colonial dos saberes, das linguagens, da memória (Mignolo, 1995) e do imaginário (Quijano, 1992). Dá-se início ao longo processo que culminará nos séculos XVIII e XIX e no qual, pela primeira vez, se organiza a totalidade do espaço e do tempo .todas as culturas, povos e territórios do planeta, presentes e passados. numa grande narrativa universal. Nessa narrativa, a Europa é .ou sempre foi simultaneamente o centro geográfico e a culminação do movimento temporal. O colonialismo e a implantação do Sistema Mundo Moderno- Colonial(do século XV ao XVIII...) •Sistema-mundo – organização dos espaços regionais à dinâmica eurocêntrica – história e geografia mundiais;
•Mundo moderno como protagonismo europeu nega a participação
de outras regiões e sociedades para a sua consolidação;
•A modernidade é uma emancipação – processo exclusivamente
europeu – século XVIII – Reforma – Ilustração e Revolução francesa – sequência espacial-temporal;
Os europeus geraram uma nova perspectiva temporal da História
e re-situaram os povos colonizados, bem como as suas respectivas Histórias e Culturas, no passado de uma trajetória histórica cuja culminação era a Europa. Calendário como tempo contínuo, linear, homogêneo – o tempo concreto; -globalização da exploração da natureza e do conhecimento de outras sociedades – mudança do circuito econômico para o Atlântico - inserção da América Latina – mudanças na geografia mundial.
segunda visão de “modernidade” – nunca houve história mundial
antes de 1492 – coexistência de impérios ou sistemas culturais;
Mundo-moderno-colonial – hierarquização de poder - matriz
subdesenvolvido; superior-inferior; centro-periferia; Europa desenvolvimento linear. (PORTO-GONÇALVES, 2006). COLONIALISMO
- Estrutura de dominação/exploração onde há o controle da autoridade
política, dos recursos de produção e do trabalho de uma população determinada por outra população detentor de uma identidade diferente cuja a sede central está em outra jurisdição territorial;
- Nem sempre implica relações racistas de poder;
- É mais antigo que a Colonialidade;
COLONIALIDADE
- É um dos elementos constitutivos e específicos do padrão mundial de
poder capitalista que se constitui no final do século XV e início do XVI engendrada no Colonialismo;
- É indissociável do colonialismo. Sem ele a colonialidade não teria
conseguido impor na subjetividade do mundo de modo enraizado e prolongado;
- Funda-se na imposição de uma classificação racial/étnica da população
mundial como pedra angular do padrão de poder; “[...] o critério básico de classificação social universal da população mundial, de acordo com a idéia de ‘raça’ foram distribuídas as principais novas identidades sociais e geoculturais do mundo. Por um lado, ‘Índio’, ‘Negro’, ‘Asiático’ (antes, ‘Amarelos’), ‘Branco’ e ‘Mestiço’; por outro, ‘América’, ‘Europa’, ‘Ásia’, ‘África’ e ‘Oceania’. Sobre ela se fundou o eurocentramento do poder mundial capitalista e a conseguinte distribuição mundial do trabalho e do intercâmbio. E, também sobre ela, se traçaram as diferenças e distâncias específicas nas respectivas configurações específicas de poder, com as suas cruciais implicações no processo de democratização de sociedades e Estados, e da própria formação de estados-nação modernos”. (QUIJANO, 2007:43) A COLONIALIDADE -Homogeneiza (cria um padrão estético inalcançável a ser perseguido); -Invisibiliza (apaga do tempo e do espaço); -Retira o Estatuto de Humanidade; -Divide; -Estabelece sucessivas separações de categorias; -Desperdiça, destrói e Subalterniza Experiências; -‘Desempodera’; -Tira o Crédito e a Legitimidade; -Tira o Protagonismo; -Cria e se alimenta de múltiplas hierarquias (gênero, étnico- racial, geracional, classe, entre outras); O confronto entre a experiência histórica e a perspectiva eurocêntrica de conhecimento permite apontar alguns dos elementos mais importantes do eurocentrismo: a) uma articulação peculiar entre um dualismo (pré-capital-capital, não europeu- europeu, primitivo-civilizado, tradicional-moderno, etc.) e um evolucionismo linear, unidirecional, de algum estado de natureza à sociedade moderna europeia; b) a naturalização das diferenças culturais entre grupos humanos por meio de sua codificação com a ideia de raça; e c) a distorcida relocalização temporal de todas essas diferenças, de modo que tudo aquilo que é não-europeu é percebido como passado. Todas estas operações intelectuais são claramente interdependentes. E não teriam podido ser cultivadas e desenvolvidas sem a colonialidade do poder. A constituição do ‘sistema-mundo moderno/colonial’ (WALLERSTEIN, 1979; MIGNOLO, 2000), a partir do século XV, assentou em múltiplas ‘destruições criadoras’ que, mesmo quando realizadas em nome de projetos ‘civilizatórios’, libertadores ou emancipatórios, visaram reduzir a compreensão do mundo à compreensão ocidental do mundo. São exemplos, a redução dos conhecimentos dos povos conquistados à condição de manifestações de irracionalidade, de superstições ou, quando muito, de saberes práticos e locais cuja relevância dependeria da sua subordinação à única fonte de conhecimento verdadeiro, a ciência; a subordinação dos seus usos e costumes ao direito do Estado moderno e das suas práticas econômicas à economia capitalista; [...]” Giro decolonial "Giro decolonial" é um termo cunhado originalmente por Nelson Maldonado- Torres em 2005 e que basicamente significa o movimento de resistência teórico e prático, político e epistemológico, à lógica da modernidade/colonialidade. A decolonialidade aparece, portanto, como o terceiro elemento da modernidade/colonialidade. A genealogia do pensamento decolonial é planetária e não se limita a indivíduos, mas incorpora nos movimentos sociais (o qual nos remete aos movimentos sociais indígenas e afros) (Mignolo, 2008, p. 258).
Relaciona-se com o projeto de decolonização na medida em que esta
aspira romper com a lógica monológica da modernidade. Pretende fomentar a transmodernidade: um conceito que também deve se entender como um convite ao diálogo e não como um novo universal abstrato imperial. A transmodernidade é um convite a pensar a modernidade/colonialidade de forma crítica, desde posições e de acordo com as múltiplas experiências de sujeitos que sofrem de distintas formas a colonialidade do poder, do saber e do ser. A transmodernidade envolve, pois, una ética dialógica radical e um cosmopolitismo de-colonial crítico (Maldonado-Torres, 2007, p. 162). No nosso contexto brasileiro, destacam-se os deslocamentos e as insurgências dos/as intelectuais negros e negras na formação de um novo cânone acadêmico, em espaço de disputa e oposição às narrativas dominantes que colocaram a África e os/as negros/as em um não-lugar. Assim, refutando a negação histórica de um locus de enunciação negro, considerando que o processo de escravização pretendia, também, os compelir à desumanização (MIRANDA, 2018).
Como contrarresposta a este processo histórico, a insurgência decolonial se
configura enquanto práxis de reexistência epistêmica ao se incumbir de valorizar e difundir produções de conhecimento, narrativas, vozes e lugares de fala que sofreram epistemicídio, dinâmica educacional que inferioriza a capacidade cognitiva e a confiança intelectual de negros e negras (CARNEIRO, 2017). Se rebelando contra este fenômeno que desvaloriza, nega e oculta estas contribuições, propomos uma multiplicidade epistemológica que se materializa em rupturas nos campos da produção do saber hegemônico. REFLEXÕES FINAIS
Que la diversidad del mundo es infinita. Existen diferentes
maneras de pensar, de sentir –de sentir pensando, de pensar sintiendo–, de actuar; diferentes relaciones entre seres humanos –diferentes formas de relación entre humanos y no humanos, con la naturaleza, o lo que llamamos naturaleza; diferentes concepciones del tiempo, diferentes formas de mirar el pasado, el presente y el futuro; diferentes formas de organizar la vida colectiva y la provisión de bienes, de recursos, desde un punto de vista económico. Para las Epistemologías del Sur, esta gran diversidad queda desperdiciada porque, debido al conocimiento hegemónico que tenemos, permanece invisible. (BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS, 2013).