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HISTÓRIAL MEDIEVAL (ECONOMIA/SOCIEDADE)

Bibliografia:
● Alain Guerreau, Le futur d'un passé incertain. Quelle historie du Moyen Âge au
XXI siecle
● Jacques Heers, A Idade Média, uma impostura

AULA 1

O que é a Idade Média?

(autores a ter em mente:

● Jacques Heers, A Idade Média, uma impostura


● Alain Guerreau, Le futur d'un passé incertain. Quelle historie du Moyen Âge au
XXI siecle

Podemos considerar dois autores com ideologias e crenças colocadas em diferentes


pólos, no entanto acabam por colidir numa ideia comum: O Iluminismo e Revolução
Francesa como momentos chave no que diz respeito à invenção da Idade Média, no
sentido em que consideram um período anárquico, violento, ignorante, obscuro e
incompreensível para o homem dos nosso dias. Uma opinião que opera nos nossos
dias de hoje. Consideram que é na altura da “Revolução Francesa” é onde surge esta
mesma ideia da Idade Média.

No entanto, J.Heers, começa antes, e acredita que um outro momento fundamental na


descoberta da Idade Média foi o Renascimento. Para o autor, é nessa altura
propriamente dita que nasce o conceito de Idade Média embora este termo não
existisse nessa altura. Mas foi sim, na altura do renascimento que surgiram as ideias
que geraram a Idade Média.

A censura do Renascimento - Censura à Idade Média

Idade Média, foi a expressão utilizada pelos pensadores pré- renascentistas e


renascentistas para designar e localizar temporalmente o espaço compreendido entre
a Antiguidade e o Renascimento.

Vários foram os autores que censuravam a Idade Média, entre eles, Francesco
Petrarca.
Petrarca, foi um intelectual, poeta e humanista italiano. Viajou pela Europa e durante
as suas viagens, coleccionou manuscritos latinos antigos e assim, tornou-se um dos
primeiros a redescobrir o conhecimento da Roma Antiga e da Grécia Antiga.

O poeta, teria um certo desgosto pelo papado, o que o fez dedicar-se por completo ao
estudo da Antiguidade Clássica, considerando, existir uma espécie de superioridade
artística (autores, escultores, pintores, etc.) dessa mesma época, relativamente ao do
seu tempo.
De acordo com alguns autores renascentistas, como é o caso de Petrarca, esta Idade
Média, tratou-se de uma época de trevas, uma época desprezível, de constantes
perseguições, sangue e torturas. Mas sobretudo de total ignorância, onde o sábio
italiano Petrarca refere-se a um declínio na qualidade da literatura da época
comparativamente aos tempos da Antiguidade Clássica; chegando mesmo a cunha-la
com a conhecida expressão de “Idade da Trevas” (1330).

Renascimento: conjunto de produções artísticas de um determinado período da


história.

● Media Aetas
● Medium Aevum

(idade média)

O iluminismo:

A. Guerreau afirma que os iluministas tiveram uma grande importância. Até ao período
iluminista a sucesso dos tempos, dos reinos, das épocas, era resultado de uma óbvia
instabilidade superficial, porque eles tinham uma concessão da humanidade como
sendo fundamentalmente, sempre os mesmos – ou seja, uma consciência humana
que era sempre igual e não afectava profundamente o ser humano. Existia assim, um
movimento de rotatividade. Os iluministas consideram-se como totalmente diferentes
das épocas anteriores, estas vistas como evidentemente, piores.

O termo “luzes” sugere que o que tinha até aquela altura reinado, era a “escuridão”.

→ Separam a política e a religião (independentes uma da outra). Deixaram de


ser um conjunto. (Jean-Jaques Rousseau, O contrato social, 1762);
→ Criaram o conceito de economia, propriedade, trabalho (Adam Smith)
→ Ao inventarem estes novos conceitos para pensar (dar-lhe um sentido) e
construir a sociedade, tornaram a sociedade anterior (idade média) totalmente
incompreensível que se baseava em conceitos diferentes e recusaram-lhe
qualquer capacidade de transformação interna. – Dupla fractura conceptual
→ Segundo A. Gurreau, a sociedade medieval estava baseada nos conceitos de
ecclesia (no sentido dado pelos homens da idade média – a sociedade no seu
conjunto – uma sociedade cristã) e dominium (poder políticos, económico,
social exercidos por alguns homens sobre todos os restantes seres humanos).
→ Ao criarem conceitos novos, estas palavras que caracterizavam a antiga
sociedade, deixaram de ser compreendidas pela nova sociedade.

A revolução francesa e a lenda negra da Idade Média:


(momentos fundamental de ruptura com a antiga sociedade)

Na noite de 4 de Agosto de 1789:

→ A abolição dos chamados, “Direitos Feudais”, pois consideravam-se demasiado


humilhantes
→ Direitos verdadeiros
→ Falsas explicações: O mito do “Direito de pernada” – o senhor dormia com
todas as servas que iriam casar. Algo que nunca na história aconteceu. O que
realmente acontecia era o pagamento de uma taxa.

A idade média ficou vista como uma época negra e violenta, ideia propagada pelos
intervenientes da Revolução Francesa (século XVIII – XIX).

Surgem novos movimentos:


(de alguma forma ligados à idade média)

Romantismo – começou por ser um movimento cultural de reação ao iluminismo.


Trata-se um movimento políticos e filosófico, que perdura ao longo de grande parte do
século XIX. Contra o racionalismo e vai apoiar o nacionalismo. Inicialmente era apenas
uma atitude, mas mais tarde torna-se um movimento, que passa a designar toda uma
visão do mundo centrada no indivíduo – Individualismo. Os autores românticos têm a
tendência para se virarem para eles próprios. O inicio do século XIX é marcado pelos
Eu.
Arte medieval dos monstros e criaturas fantásticas preferida à da Antiguidade e do
Renascimento. A saudade, o sentimento, a natureza.
→ Sentimento contra a razão
→ Preferência pelo mistério e fantástico
→ Línguas: romance contra latim

Nacionalismo – ideologia política nascida no século XVIII e impulsionada pelas


revoluções americana e francesa, que leva à emergência dos estados – nações.
Formam-se “comunidades imaginadas”:
⎯ Demonstrou que os intelectuais e políticos nacionalistas do século XIX,
pegaram nas lendas e tradições das camadas populares, e
transformaram-nas em programas políticos que levaram à emergência dos
estados – nações; quer por base étnica (caso da Alemanha e da
Itália).Seria na idade média que se encontrariam as raízes das nações
europeias.
⎯ Trata-se de um mito, segundo Patrick J. Geary, o mito das nações
europeias, 2008:
▪ Mesmo nome, povos diferentes
▪ Elites e povo podem não falar a mesma língua
▪ Vestígios materiais revelam intercâmbios – daí a necessidade de
estudar a etnogénese

A emergência da História como uma disciplina científica


O nascimento da “história - ciência”
(inspirada na idade média)

● O historiador como ser objetivo


● Documentos como única fonte dos historiadores
● O método histórico: primazia do documento escrito
● As instituições: universidades, arquivos, academias
● As grandes coleções de documentos
● Monumenta Germanie Historica (Alemanha – Germânicos; Inglaterra –
Anglo-saxónicos; França – Francos)

O século XX
A história continua a interessar-se pela idade média.
● O movimento do Annales (história total; a história “em migalhas”)
● A história marxista (interessavam-se pela sucessão de períodos históricos -
feudalismo – algo que cobriu praticamente quase toda a idade média)
● A história pós-moderna

Que idade média para o século XXI?


● A arqueologia (a vida material)
● A informática (quantificação e estatística) – economia, literatura, religião, etc.
● A semântica (análise do sentido das palavras)

Marcos cronológicos:

Início
⎯ Christoph Keller - A conversão de Constantino ao cristianismo (séc. IV)
⎯ Edward Gibbon - Invasões barbaras (séc. V)
⎯ Henri Pirenne - Invasões islâmicas (séc. VIII) – quando o Mar Mediterrâneo se
transforma num lago praticamente muçulmano
⎯ George Duby, Pierre Bonnassie, Pierre Dockès - Revolução feudal/ mutação
feudal (séc. XI)

Fim
⎯ Christoph Keller - A conquista de Constantinopla (1453)
⎯ Karl Marx - Revoluções burguesas (Séc. XVIII)
⎯ Jacques le Goff – Com a revoluções, dá-se o fim do senhoria e do poderia da
igreja (Séc. XVIII)
Cronologia Fina:

→ A antiguidade tardia (século III-VII) – oposição e fusão entre romanos e


bárbaros
→ Alta Idade Média (século VIII-X) - primeira tentativa de síntese sob a ameaça
de novas invasões
→ Idade Média Clássica ou Plena (século XI – XIII) – plenitude da civilização
medieval, que se expande e se torna conquistadora – quando a cristandade
latina deixa de estar em constante instabilidade e começa a expandir-se
→ Baixa Idade Média (séculos XIV –XV) – período de crise e recuperação

Aula 2

Invasões ou Migrações “Bárbaras”

Quem eram os bárbaros?


Inicialmente “bárbaros” eram aqueles que falavam uma língua estranha, eram oriundos
de fora dos limites da civilização (primeiro grega, depois romana). No que toca
directamente às invasões, é sabido que antes de elas ocorrerem já havia contactos
entre os romanos e bárbaros, principalmente do ponto de vista comercial. Mesmo nas
primeiras invasões (ainda n o século III) uma das formas de o imperador actuar era
integrar bárbaros no exército, tanto a nível individual, como a nível de tribos inteiras,
sendo por exemplos colocados em zonas de fronteiras (limes), estando os bárbaros a
proteger o Império Romano. Por isso, mesmo durante o século V vêm-se tribos
bárbaras a serem repelidas por outras tribos bárbaras (as que defendiam o Império).
Para além desta integração de militares, houve também a utilização de tribos bárbaras
para ocupar territórios que tinham sido devastados pelos bárbaros, para os colonizar.
Isso foi feito através dos feudos (foiderati). Já os laeti, esses foram introduzidos por
Constantino na Bélgica, mas eles não podiam interagir com a população romana,
tendo de permanecer isolados.
Depois destas grandes invasões, continuavam por vezes a dar-se entradas já
pacíficas, negociadas pelos romanos ou mesmo infiltrações imperceptíveis, estando
aos poucos as regiões fronteiriças ocupadas por bárbaros.
Além disto, a desorganização foi-se instalando na administração romana. Em algumas
regiões ressurgem culturas anteriores, seja na Península Ibérica com os bascos, no
norte de África com os berberes, ou na Grã-Bretanha com os bretões. Com a confusão
estas populações sentem-se capazes de retomar os hábitos que tinham desaparecido
com a ocupação romana. Segundo Lucien Lucé houve três vagas de invasões
bárbaras. A primeira varreu todo o ocidente, mas a segunda e a terceira foram mais
localizadas e por isso tiveram uma maior influência no Império Romano.

⎯ Organização económica – social primitiva dos povos bárbaros:


→ Barbarus e romanus (opostos)
→ Os bárbaros do período das grandes migrações

Povos das estepes:


● Hunos / Ávaros / Alanos
→ Nómadas
→ Pastores
→ Guerreiros a cavalo

Germanos:
→ Nómadas
→ Pastores e cultivadores
→ Guerreiros a cavalos

Os guerreiros tratavam-se de homens livres que praticavam a atividade guerreira e


detinham gado e terrenos. Reuniam-se por vezes para discutir os assuntos relativos
ao povo, numa espécie de assembleia.
Por baixo dessa parte da sociedade, existiam homens libertos e escravos (entres eles
também, mulheres), que eram capturados nas alturas de combates (guerras).

A 1ª vaga de invasões (séc. IV-V):

HUNOS
A primeira vaga (séculos IV-V) desencadeou-se devido aos hunos, que ocuparam o
território dos godos, que por sua vez se retiraram para o Império Romano. Assim, os
hunos nesta fase não entraram directamente em contacto com os romanos, tendo
apenas empurrado outros povos, tendo-se eles fixado na Panónia. De facto, eles
estabelecem até um feudo com o Império Romano, tendo-o defendido de outros
povos. Só quando Átila começa a reinar é que os hunos se viram contra o Império
Romano, primeiro contra o império do oriente (a região de Constantinopla,
principalmente). Os quinze primeiros anos do reinado de Átila são marcados por
saques à região de Constantinopla, mas a partir de 451 Átila começa a lançar os seus
ataques para ocidente, atacando a zona do Reno e Danúbio, chegando até à atual
Bélgica, em 452 dirige-se ao sul, em direção à Itália. Mas em 453 ele morre e os
hunos desagregam-se e deixam de constituir um perigo para o Império Romano.

GODOS
De facto, tinham sido os godos a precipitar a primeira vaga de invasões. Essa chegada
foi tremenda. Os godos têm a sua origem na Escandinávia, depois passaram a zona
litoral do Mar Báltico, depois foram para a Polónia e para o sul da Alemanha e depois
estacionaram no Danúbio, onde os hunos os encontraram. Esses godos vão-se dividir
em dois grandes grupos, os visigodos (godos de leste) e os ostrogodos (godos de
oeste), estando em contacto com os romanos durante muito tempo, fazendo até trocas
comerciais. Em 238 eles fazem raides no império e o imperador entrega-lhes a
província da Mésia.

Eles permanecem aí durante algum tempo, mas em 375 os hunos derrotam-nos e o rei
ostrogodo suicida-se, juntando-se grande parte dos ostrogodos aos hunos. Outra parte
junta-se aos visigodos, cujo chefe solicita ao imperador do oriente que eles se
pudessem instalar pacificamente na região do Danúbio (já em território romano), o que
o imperador Valêncio acede, ficando eles instalados na Trácia. No entanto, devido à
falta de cumprimento das promessas de Valente (devido à corrupção dos funcionários
romanos), os visigodos atacam o imperador e em Adrianópolis dá-se a grande derrota
dos romanos face aos visigodos, morrendo grande parte das chefias militares
romanos. No entanto, um ano mais tarde quando eles voltam a tentar atacar
Constantinopla o imperador Teodósio consegue vencê-los e volta a coloca-los na
Mésia.

Quando os visigodos são chefiados por Alarico, eles vão dirigir-se para o ocidente
(visto que não conseguiam alcançar Constantinopla), instalando-se primeiro junto da
região de Veneza, encaminhando-se depois para Milão, aproximando-se depois das
portas de Roma, pagando a cidade um pesado tributo a Alarico para não ser atacada.
No entanto, Roma é pilhada por Alarico em 410 quando os romanos decidem não
pagar o tributo aos visigodos. Para além de a cidade ser pilhada foram também feitos
prisioneiros importantes personagens que estavam na cidade, como a própria irmã do
imperador.

Entretanto Alarico morre e o seu sucessor casa com a irmã do imperador, firmando o
seu poder e tornando-se uma autoridade importante da região. Sob o comando de
Ataúlfo (o sucessor de Alarico) os visigodos dirigem-se para o sul de França, onde
conquistam Narbonne, Toulouse e Bordéus em 413, constituindo-se aqui o primeiro
reino visigodo. O rei atravessa até os Pirenéus, tentando a sua sorte no norte da
Península Ibérica, mas foi assassinado perto de Barcelona, percebendo os seus
sucessores que têm demasiada resistência na península.
Apenas quando os francos se começam a instalar no sul da Gália é que os visigodos
se dirigem para a península Ibérica. Em 498 Clóvis vence os visigodos, fazendo-os
abandonar a região da Provença. Os visigodos espalham-se então pela Península
Ibérica, unificando a península (conquistando o reino dos suevos) até às invasões
islâmicas.
Atanagildo, chefe dos visigodos, forma um reino na Península Ibérica. Os mesmos estavam antes no
território da França, mas acabaram por ser expulsos pelos Francos.
Na península ibérica, os visigodos, vêm-se obrigados a compartilhar o território e a conciliar-se com os
suevos (estes que consequentemente foram absorvidos/ conquistados pelos Godos)

OSTROGODOS
Quanto aos ostrogodos, vimos que uma parte acompanhou os visigodos e que outra
parte ficou na alçada dos hunos, tendo ficado na zona da Panónia. Eles acompanham
os hunos nas suas expedições e depois vão obter um feudo do imperador do oriente
(em 455). Para selar este acordo, Teodorico é levado para Constantinopla e é aí
educado. Quando volta ele mobiliza os ostrogodos para enfrentar os romanos,
tentando conseguir um novo feudo, mas o imperador Zenão propõe a Teodorico que
vá para ocidente e consiga destituir Odoacro, o bárbaro que tinha destituído o
imperador do ocidente, Rómulo Augusto. Teodorico consegue vencer e matar o
usurpador em 493 e constitui um reino na Península Itálica e que durante toda a vida
de Teodorico se mantém em paz com o imperador do oriente, considerando-se eles
vassalos desse imperador. O seu sucessor (o seu neto) ainda não tinha idade para
governar, e como a sua mãe se tornou regente, o imperador do oriente utiliza esse
pretexto para tentar reconquistar a Itália e recuperar o poder do ocidente.
Em 375, quando os hunos precipitaram os godos sobre Roma, eles também
desestabilizaram os alanos. Estes vinham também das estepes. Quando os hunos os
atacaram eles começaram a subir pelo vale do Danúbio e foram subindo para o Reno,
tendo provocado com outros povos o rompimento da fronteira do Reno. Eles
vaguearam pela Gália, tendo depois seguido caminho para a Península Ibérica, onde
não se estabilizaram muito tempo, tendo depois seguido caminho para o norte de
África. Alguns alanos ficaram na Gália e estabeleceram acordos com os romanos.

→ Teodorico (O grande): Foi um rei dos ostrogodos; Rei de Itália.


Feito refém, viveu e foi educado na corte de Constantinopla por longos anos. Aprendeu muito
relativamente ao governo e a tácticas militares.
Na idade adulta recebe um feudo da Macedónia (473) – o lago balaton (onde os ostrogodos se juntaram
aos Godos).
Era visto como uma ameaça para o império do Oriente (onde foi educado) e desta forma o rei, propõe a
Teodorico que se dirija para Itália. E assim foi, no ano de 488, leva os ostrogodos consigo para o território
italiano, expulsando o rei de Roma e criando assim o seu próprio reino na Itália. Mantendo a paz com o
Oriente.

Após a morte de Teodorico (526), e devido à morte do seu filho, Eutarico (523), Atalarico (Neto de
Teodorico), surgiu como sucessor. No entanto, por ser ainda menor, Amalasvinta, sua mãe assumiu o
papel de supervisora do reinado do filho. Temendo ser afastada e desprezada pelo povo (“fraqueza do
sexo”), vê-se obrigada a aliar-se ao seu primo, este que a afasta do reino.
É neste momento que o Imperador do Oriente, Justiniano, toma como pretexto todo o sucedido em Itália,
e tentar conquistar o território. Tem como resultado uma guerra que durou cerca de 20 anos e que
resultou no massacre e na considerável despovoação da Itália. Como consequência, os ditos vitoriosos
encontravam-se incapazes de resistir à vaga das próximas invasões.

ALANOS
Os Alanos passaram o Reno, atravessaram toda a Gália e instalaram-se na Península
Ibérica. Instalaram-se também no Norte de África, tendo passado pela França,
Alemanha, Espanha e pelo Estreito de Gibraltar. Mais um povo que conseguiu
ultrapassar os Limes1 romano. Tratava-se de uma fronteira carente de protecção
militar, pois o exército romano optou por se instalar em massa na fronteira do Danúbio

1
Nome dado à fronteira (conjunto de fortificações, delimitações) do Reno, de onde vêm os Alanos, os
Vândalos, os Suevos, etc.
Os Alanos foram vitimas dos ataques por parte dos hunos (460), sendo assim
obrigados a estenderam-se para a zona do Danúbio (de onde teriam originado muitas
invasões).

VÂNDALOS
Quanto aos vândalos, eles eram também germânicos, tendo estado no Báltico,
dirigindo-se depois também para o sul, dividindo-se em dois grupos. Quando eles
entraram na Península Ibérica eles dividiram-se em duas regiões diferentes.
Entretanto, os visigodos atacaram a Península Ibérica e os vândalos decidiram
acompanhar os alanos e passar para o norte de África e no ano de 429 vândalos e
alanos atravessaram o estreito de Gibraltar, entrando nas províncias romanas do norte
de África. Eles tiveram uma muito rápida progressão (porque havia uma administração
romana pouco numerosa) tendo conseguido chegar a Cartago em cerca de um ano,
onde depararam com alguma resistência das autoridades romanas, tendo obtido a
proposta de um acordo de feudo. Mas em 439 eles decidiram pôr fim ao acordo, tendo
invadido Cartago e toda a província. A partir de Cartago eles começaram também a
fazer ataques e pilhagens marítimas, tendo atacado a Sicília, as Baleares, a Córsega,
a Sardenha e em 455 atacaram a cidade de Roma. No entanto, Genserico morre em
457 e a partir da sua morte os vândalos vão-se dispersar e desorganizar, conseguindo
o imperador do oriente (justiniano) reconquistar o norte de África.

Em 406, entraram outros povos pela fronteira do Reno, entre eles os Suevos.

SUEVOS
Quanto aos suevos, eles tinham estado também no Mar Báltico e eram de origem
germânica, tendo-se dirigido para o sul durante bastante tempo, tendo atacado e
assimilado outros povos. A sua primeira incursão na Gália foi no tempo de Júlio César,
onde foram vencidos, tendo apenas regressado em 406 nas grandes invasões, tendo
percorrido toda a Gália, chegando à Península Ibérica, onde formaram um reino na
zona da atual Galiza. No entanto, com a chegada dos visigodos eles começam a
sofrer algumas dificuldades, quando estes se procuram estender para lá do seu
território inicial, ao mesmo tempo que Justiniano procura reconquistar a Península
Ibérica entrando pelo sul, havendo no século VI um clima de guerra constante neste
território, até que em 585 os visigodos se conseguem apoderar de todo o território
peninsular.

(Os visigodos que estavam instalados na Gália, são apenas derrotados pelos francos, e dessa
forma tentam dirigir as suas atenções para a Península Ibérica.)

BURGÚNDIOS
Quanto aos Burgúndios, eles eram originários do Mar Báltico, tendo-se dirigido para
sul, e é durante a invasão de 406 que penetram no Império, atravessando o Reno e
fixando-se no sudeste de França. Depois de se instalarem ai tentam dirigir-se cada vez
mais para o sul, visto que todas as tentativas em direção ao norte foram contrariadas
pelas autoridades romanas da região, sendo em 443 que eles obtêm um acordo de
feudo para a região de Genebra, onde vão combater outros povos como os hunos e os
suevos. É a partir dessa região que eles se estendem ao longo do vale do rio Ródano
até Lyon, onde eles estabelecem um reino até 533, quando eles se estabelecem ao rei
dos francos.

Vieram da fronteira do reino, e instalam-se na margem esquerda de rio e já no interior do império. 413,
fazem um pacto de feudo com o imperador Honório, o que os permite ficarem no reino. Mais tarde, têm
interesses de aumentar o território, mas são derrotados pelos romanos. O povo volta a eleger um rei, e
em 433 voltam a conseguir um feudo, e instalam-se na Sapaudia, mais no interior do reino. Este povo é
utilizado como força militar, e com este tipo de poder alargam o seu território, criando ainda o seu reino
que dura até o mesmo ser tomado por francos.

ANGLOS, SAXÕES, FRÍSIOS, JUTOS


Depois, os anglos, jutos e frígios deslocaram-se para a Grã-Bretanha, possivelmente
por causa de excesso de população e melhorias técnicas navais. Os saxões foram
para regiões do mar do norte, Holanda e Bélgica. Os primeiros alertas das invasões
vindas do mar provêm dos tempos de Marco Aurélio, mas isso é retomado mais tarde.
Para além de eles se instalarem belicamente, eles também se foram instalando
pacificamente como foederati.
Deslocavam-se via marítima, e descoloram-se até às ilhas britânicas.
A partir da ruptura da fronteira com o reino, à uma baixa de proteção militar deixando
assim que os reinos tenham que se defender a si próprios – pelos romanos que
ficaram lá e pelos bretões. Mas houve um declínio nas actividades económicas e claro
na capacidade de defesa.
Em 449 há uma migração de saxões até grã-bretanha, que rapidamente se põe ao
favor dos reis bretões, mas rapidamente se revoltam e começam a invadir territórios.
Os bretões fogem para a parte oeste, onde se constituem reinos bretões mais fortes. A
este instalam-se os Saxões.

PICTOS
Além disso, há também povos vindos do norte, os pictos. Mas se inicialmente os
romanos tinham uma estrutura capaz de defender a Bretanha, com as invasões da
Gália eles tiveram de abandonar a Bretanha. Isto porque os romanos vão defender a
Gália, deixando o caminho livre aos bretões autóctones para reconquistar o poder e
aos saxões acabados de chegar, sendo que estes chamam reforços a partir de 449.
Esta conquista dos saxões faz-se a partir de três núcleos, o estuário do rio tamisa, o
estuário do rio Humber e os Fens (?). Isto faz com que os bretões vão fugindo para
oeste, quer para o território de gales, quer para o da Cornualha, é aí que se
concentram e depois emigram para a Gália para a província da Armórica, mais tarde
chamada de Bretanha (na França).

ESCOTOS
Depois, a costa norte começa a ser atacada pelos escotos (um povo da Irlanda), que
se instalam na região da Escócia, eliminando os pictos (povo autóctone da Escócia). É
praticamente desde o século V que os bretões começam a emigrar em massa para a
Armórica em França, mas é sobretudo a partir de 550 que essa emigração se
intensifica e que origina a transformação do nome desse território.
A 2ªvaga de invasões (sécs. V-VI):

Esta segunda vaga de invasões é feita por povos menos conhecidos que os
anteriores, sendo também mais lenta, ainda que mais segura, havendo uma instalação
progressiva e duradoura destes povos nos territórios que eles vão conquistando.
Assim, mantendo-se em contacto com os territórios de origem eles podem também
pedir novos reforços. Esta segunda vaga leva para dentro do império massas e
massas de agricultores.

FRANCOS
Os mais conhecidos são os francos. Este também é um povo germânico. Eles são um
povo de oeste e estariam originalmente instalados no curso médio do Reno, tendo
contacto com os romanos, e quando houve as primeiras invasões eles também
entraram dentro do império e foi-lhes proposto um feudo (237-238) para defender o
império. A partir do século III verifica-se que há vários corpos de bárbaros dentro do
exército romano, e vai-se encontrando cada vez mais oficiais francos no Império
Romano. Para além de serem soldados também havia tribos francas que eram
instaladas como colonizadores agrícolas, tendo de pagar uma renda aos romanos.
Portanto, há já um conjunto de gente franca no interior do império. E de certa maneira
é por isso que os francos não vão participar na invasão de 406. Eles já lá estavam e
nalguns casos até foram eles que combateram os outros bárbaros. Mas algumas tribos
que não estavam ligadas aos romanos decidiram aproveitar a desorganização para
avançar um pouco mais e instalarem-se na Renânia.

No entanto a progressão das tribos francas pacíficas continuou e eles continuaram


instalados de uma forma autorizada e pacifica e sendo controlados pelos seus chefes
que se tratam como reis, começando mesmo a ter uma dinastia de reis que se reclama
descendente de um antepassado que é o Meroveu (que deu origem à dinastia
merovíngia).

É com a subida ao trono do rei franco Clodoveu (ou Clóvis) em 481 que a história dos
francos começa a tornar-se mais importante, na medida em que é ele que inicia a
unificação dos diferentes reinos, ao mesmo tempo que tenta eliminar a última
autoridade romana existente na Gália. E quando tem a certeza que já não tem
romanos para se lhe opor ele começa a lutar contra os outros reis francos, começando
depois a atacar os outros povos bárbaros em seu redor, como os turíngios em 491 e
os alamanos em 495, unificando todo o oeste da Gália. Depois ele vira-se para o sul,
atacando os burgúndios. Outro aspeto importante com este rei é a sua conversão ao
cristianismo, o que lhe permite estabelecer boas relações com o papa, sendo visto
como um possível aliado e não como uma ameaça para a autoridade da Igreja.
Clodoveu morre em 511, havendo com os seus descendentes algumas conquistas
militares. Em direção ao ocidente eles conseguem conquistar toda a Gália, restando
apenas os bretões (vindos das ilhas), no sudoeste eles vão ocupar a Gasconha e o
reino Burgúndio acaba por ser vencido e anexado em 533-534. Quanto à província
ostrogoda é também ocupada em 537. Eles ocupam assim praticamente toda a Gália.
Apesar de terem uma grande expansão durante o século VI, no século VII eles
começam a ter alguns problemas.

Tantos os Alamanos com os Bávaros criam inicialmente uma relação com os


romanos e entram em conflito com os Burgúndios e com os ostrogodos.

ALAMANOS
Os Alamanos não constituem império importante, foram principalmente cultivadores,
espalhando apenas a sua língua e cultura. Ficaram junto aos Alpes, que mais tarde
constituiu um ducado sobre autoridade do reino Franco.
Eles começam por ser um conjunto de tribos dispersas, estando instalados nos
Campos Decumatos, uma das primeiras regiões a ser abandonadas pelos romanos.
Eles vão fazendo algumas incursões mais são sempre obrigados a voltar aos seus
territórios. No rompimento da fronteira do Reno eles instalam-se na Alsácia e vão
continuar a progredir como agricultores e colonos rurais.
A oeste os francos conseguem pará-los, mas eles viram-se para o sul, para a região
da atual Suíça. Também em direção ao império do oriente eles fazem algumas
incursões, instalando-se durante algum tempo na região da Rétia. Mas como eles
tiveram uma escassa ação militar, sabemos apenas que eles se instalaram de uma
forma bastante duradoura conseguiram alterar a língua falada nos locais.

BÁVAROS
Os Bávaros são um povo germânico que aparecem nos escritos do séc. VI.
Instalam-se numa região alemã (atual Baviera) e colonizam essa região em bases
agrícolas, ficando mais tarde, também sobre tutela dos francos. (Não se organizaram como
estados, e por isso foram vencidos e tutelados pelos francos.)
São povos muito importante na sedentarizam e aculturação das regiões onde se
instalaram.
Quanto aos bávaros, eles têm uma origem ainda mais tardia, e em 551 eles já se
encontravam no território da Baviera. Quando se fala deles eles já lá estão. Pensa-se
que vieram da Boémia mas não há grandes certezas. Pensa-se que foi nos finais do
século V que eles avançaram para esta região porque os povos da Baixa Áustria
avançaram para a Panónia. Os bávaros estavam organizados em ducados (ou
espontaneamente ou por influência dos francos) e no século VII tornam-se
independentes dos francos com a decadência da dinastia merovíngia (como
aconteceu com os burgúndios e os alamanos).
● O que aconteceu depois das duas vagas de invasões?
Após a segunda vaga de invasões aparentemente os bárbaros do ocidente pareciam
ter atingido uma espécie de estabilidade, tendo cada povo dominado uma das regiões
do Império Romano. Mas houve um acontecimento que perturbou esta divisão estável
das populações bárbaras, foi a reconquista de Justiniano.

A reconquista de Justiniano:
Justiniano beneficiou de uma conjuntura extremamente favorável (mas limitada no
tempo) e conseguiu reconquistar alguns territórios do Império Romano do Ocidente.
Ele tinha conseguido a paz com os persas, por outro lado ele só consegui pagar os
tributos aos imperadores persas porque o império viveu um período de florescimento
económico, o que também lhe permitiu equipar o exército.
Por isso, a partir de 527 ele inicia a política de obtenção da paz no oriente para tentar
reconquistar o ocidente para o império. Assim, em 533, tomando como pretexto uma
alteração de quem estava no trono vândalo, ele envia o seu general Belisário para
combater os vândalos no norte de África, que ele consegue vencer em poucos meses,
que fica nas mãos dos bizantinos durante mais um século e meio.
Em 535 ele envia o mesmo general à conquista da Sicília e da Itália, conseguindo ele
conquistar Roma e depois Ravena, conseguindo capturar o rei ostrogodo em 540. Mas
depois há uma reação ostrogoda, prolongando a guerra por mais vinte anos, que
destrói a
Itália.
Por fim, ele envia o patrício Libério para tentar conquistar a Península ibérica em 534,
mas ele consegue apenas conquistar o litoral sul da Bética. Esta reconquista que fez
do Mediterrâneo um quase total lago romano foi extremamente precária e levou a uma
espécie de esgotamento dos recursos do oriente e a uma fragilização dos territórios
conquistados.
De facto a Itália ficou devastada, o que abriu as portas a novas invasões, ao mesmo
tempo que no norte de África continua a haver constantes ataques dos berberes,
sendo também a Bética reconquistada pelos visigodos.

A 3ª vaga de invasões (sécs. VI-VII):

LOMBARDOS
Similares aos povos das estepes. Muito tempo instalados perto da fronteira do Danúbio, e
muitos conseguem integrar o exército bizantino (bizantinos vistos como romanos dos oriente) –
haviam conseguido um feudo. Tornam-se aliados dos romanos, e combatem os francos e
ostrogodos vistos como umas das principais ameaças.
Instalados na Panonia, aliados dos bizantinos, são invadidos pelos Avaros.
O rei lombardo vai fazer um acordo com os Avaros, entregando o território na condição de
poderem regressar num prazo de 200 anos.
Assim em 588, os lombardos partem em direcção à Itália, conquistando-a – esta que se
encontrava arruinada pelos 20 anos de guerra entre os bizantinos e ostrogodos. É uma
conquista rápida. Tentam subir para a Gália, mas são parados pelos francos, e por isso
avançam para o sul.
Os lombardos ficam sem rei, pois o mesmo e o seu sucessor, foram assassinados.
Este povo fica sobre domínio de duques. Assim, apenas em 584 é restabelecida a sua
monarquia. – Dá-se uma guerra entre bizantinos e os lombardos.
Depois os lombardos atacam e conquistam a Itália muito rapidamente. Eles eram um
povo originário da Escandinávia, depois estiveram nas margens do rio Elba, depois
foram para a Panónia. Ficaram lá durante muito tempo e em finais do século V
começaram a agrupar à sua volta outros pequenos povos, sendo chefiados por um rei
chamado Wash (?), que estabelece relações pacíficas com os francos e o Império do
oriente, procurando beneficiar do comércio. Há vários lombardos que são recrutados
para o Império do Oriente, chegando a surgir chefes militares imperiais de origem
lombarda. Em 540 o sucessor deste rei estabelece um acordo com o Império do
Oriente para defender o império e fixar-se no interior das fronteiras.
Com Alduíno, filho deste novo rei, os lombardos iniciam a sua expansão. De facto, em
meados do século VI chega à Panónia a notícia de que vem aí de novo um povo das
estepes e que vão cair sobre os lombardos. E antes que eles cheguem e comece uma
guerra, Alduíno entra em acordo com os avaros, entregando-lhes a Panónia, seguindo
os lombardos para Itália. Eles conquistam Aquileia, depois vão devastar toda a região
do Venetto. E depois vão também atacar e conquistar Milão e toda a planície do pó,
bem como as fortalezas dos Alpes onde se fazia o comércio entre Itália e o norte da
Europa.
Entre 569 e 572 eles conquistam todo o norte da Itália e como os francos lhes
bloqueiam os caminhos para norte, eles viram-se para sul, invadindo a Toscânia e o
Lácio, chegando a Roma, deparando-se com os bizantinos, mas sem conseguirem
substituir totalmente os bizantinos.
Alduíno é assassinado em 532, tal como o seu sucessor em 534, porque os lombardos
estão organizados em ducados, não havendo uma regra sucessória, eliminando-se os
pretendentes ao trono uns aos outros. Assim, os lombardos ocupam o norte e o sul de
Itália, ocupando os bizantinos uma faixa central da Península Itálica.

AVAROS
Vêm das estepes, e instalam-se na Panonia.
Constituem um feudo com o império romano no oriente. Rapidamente começaram a desobedecer aos
romanos, e começaram a conquistar o território. E assim, rapidamente será combatido pelo imperador do
oriente, mas também pelas monarquias bárbaras que os mesmos começaram a atacar.
Os Francos atacam-nos e fazem com que os Avaros desaparecem praticamente do mapa.
A fuga dos lombardos para a Itália deu-se por causa da chegada dos avaros, que se
vinham a deslocar para oeste sob pressão dos turcos. Justiniano não lhes permitiu a
entrada no império, tendo eles ficado a rondar pelos territórios da actual Roménia,
tendo depois vencido outro povo, instalando-se depois na Panónia, onde antes
estavam os lombardos.
Depois o imperador tenta fixá-los através de um pacto de feudo, que durou pouco
tempo, constituindo-se assim um reino avaro que vivia da pilhagem e dos tributos
pagos por outros povos circundantes. Vivendo assim como os hunos, pilhando todos
os anos as regiões circundantes.
Só no tempo de Carlos Magno, em pleno século VIII é que os avaros sofrem uma
derrota muito penalizadora em 796 às mãos do chamado Pepino de Itália (filho de
Carlos Magno), o que fez com que os povos seus aliados tenham fugido,
desaparecendo assim completamente o povo avaro.
Estas são as chamadas Invasões Bárbaras. Estas não foram as últimas (as invasões
não acabaram no século VIII), simplesmente nesta altura já não havia o Império
Romano organizado para se defender.

→ O império romano desaparece praticamente. Um acontecimento que causa


fascínio aos historiadores, pois tratava-se de um povo forte e bem constituído,
e que foi sobretudo destruído por povos vindos de fora, que aparentemente
seriam mais enfraquecidos, ou menos preparados.

Os historiadores começam a reflectir: “ se essa civilização caiu, qualquer civilização


cai”.

(analisar autores)
Peter Brown – O mundo da Antiguidade Tardia – propôs uma transformação do mundo
romano, em algo diferente – a chamada antiguidade tardia, baseando-se no estudo do
império do oriente e na cultura.

Os últimos ataques à Europa cristã

O ultimo momento em que a Europa se sentiu ameaçada de povos do exterior.


Depois disso, vem um tempo próspero de grandes conquistas.

ESLAVOS

Chegam a partir do século IV, porque por um lado poderiam já não ter recursos nos
locais onde habitavam; ou porque outros povos se tentavam apoderar do território
onde estavam.
Vinham das estepes da atual Ucrânia; eram pagãos e a partir essa região
expandiram-se para todas as direções. Embora tenham uma progressão lenta e
segura (progressão agrícola), deixam poucas marcar da progressão.
Deixam poucas marcas de progressão. – Em direção à margem do Danúbio, este povo
é utilizado pelos bizantinos para combater outros povos, através dos sistemas dos
feudos – usados para combater contra os Ávaros e Búlgaros.
No inicio do século VII revoltam-se contra os bizantinos, e passam a ter uma prática,
não apenas agriculta e agrária, como também de conquista.
E assim instalam-se nas Sclavinia – pequenos estados eslavos independentes uns dos
outros e também, independentes do império bizantino, que pouco a pouco se começa
a sobrepor sobre os bizantinos a nível político, e também a nível cultural (impõem a
sua língua – línguas eslavas substituem o grego, etc).
Os Bizantinos terão muitas dificuldades em expulsar, eliminar os Eslavos, ou até
mesmo absorve-los, para terminar com a sua grande influência. Dessa forma, e para
que o consigam fazer realizam expedições militares; transferem os eslavos para a Ásia
menor; tentam ainda a conversão dos povos ao cristianismo (oriental – bizantino ou
grego); e por fim, reorganizam o território, para que a influência dos eslavos deixasse
de ter grande impacto.

BÚLGAROS
Vem das estepes da Ásia central, onde se encontravam, ao sul da atual Rússia.
Foram vassalos dos Avaros, e com a derrota destes últimos perante os Bizantinos, os
Búlgaros vão tornar-se independentes construir um grande reino, sob a autoridade do
seu rei Rubrat.
Foi constituído pelo rei Rubrat. Este morre em 662, e esse estado acaba por se
desintegrar, dando assim início a uma migração para oeste.
Para nordeste, vão constituir um império sólido e querente, denominado de grande
Bulgária, muito duradouro. E para sudoeste são oficialmente instalados pelos
bizantinos nas baixas planícies do Danúbio, mas continuam a expandir-se a mando
dos seus chefes. Finalmente no ano de 800 atingem o mar egeu ameaçando Salonica
e Constantinopla.
Em 811, assassinaram o imperador Nicéfero.
A partir desta morte do imperador do oriente, o próprio imperador dos Búlgaros morre,
e assim o povo opta por estabelecer a paz com os Bizantinos, que se convertem ao
cristianismo. 864, Bóris converte-se ao cristianismo.
Bóris, entra em acordo com os bizantinos e o seu filho Simião, tem uma educação
entre os Bizantinos. Simião tendo conhecimento do mundo dos Bizantinos acaba
mesmo por derrota-los e, tornar-se imperador do grande império Búlgaro. Em 913,
obtêm o título de co-imperador.
Há uma alternância entre luta e paz entre Búlgaros e Bizantinos.
Em 1014, os Bizantinos sobe o reinado de Basílio II vencem a Bulgária, sendo assim
integrada no império Bizantino, mas acabam por não absorver a cultura dos
Bizantinos. Constituem uma entidade com a sua cultura e costumes próprios.

MAGIARES OU HÚNGAROS
Começam com confrontos com os bizantinos mas que depois atacaram o ocidente e
chegaram a entrar em contacto com os Alemães e Franceses.
São de origem hungro-filandesa, vem no norte da Rússia e foram engrossando as
suas fileiras com povos originários de outras etnias, nomeadamente tribos turcas.
No ano de 875 atravessaram os carpatos e instalaram-se na antiga Panónia.
O imperador Bizantino tenta aliar-se aos mesmos para combaterem os Búlgaros,
portanto Bizâncio continua com as velhas práticas do império romano – colocar
bárbaros contra bárbaros.
Os Búlgaros vencem os Húngaros, e estes vão para a margem norte do Danúbio
instalando-se na planície onde ainda hoje é a Hungria.
Não conseguem também vencer outros povos, o que faz com que se voltem para o
ocidente (sobretudo em 898).
Este povo fica reconhecido pela sua brutalidade, barbari, e por ter uma forma de
combater muito parecida à dos Hunos, passam a ser chamados assim mesmo, por
alguns autores.
Faziam várias expedições, sobretudo primavera e verão, quando os seus cavalos
poderiam encontrar alimento e assim deslocarem-se mais rapidamente. Fazem
expedições em direção ao ocidente, a partir de 898.

Expedições em direção ao ocidente:


→ 899- Itália do Norte
→ 900 – Baviera
→ 917 - Gália do Norte
→ 929 – Gália do Sul

Atacavam cidades mais ricas, para trazer riquezas para os seus territórios. São
ataques súbitos e inesperados, e por isso os reinos não tem forma de se defenderem,
por nunca saberem como vão ou quando vão atacar. Obtêm muita riqueza de
pilhagem e também muito prisioneiros, para serem seus escravos.

Os reinos Saxónicos (primeiro imperador germânico), acabam por vence-los no ano de


955, na batalha de Lechfeld. Por isto, os Húngaros, optam por parar as expedições e
mantêm-se na sua região.
O império bizantino acaba por integra-los nas suas sociedades, e o reino dos
Húngaros convertem-se ao cristianismo, sendo ainda reconhecidos pelo papa (ano
1000), e tem um rei cristão, Vaik.

MAOMÉ E O ISLÃO
Maomé durante muitos anos não deu sinais especiais da sua existência, foi só ao
aproximar-se dos quarenta anos que começou a ter visões do anjo Gabriel que lhe
transmitia os ensinamentos de Deus, ao qual ele deu o nome de Alah. Ele não inventa
uma religião completamente nova, está inscrito na tradição judaico-cristã,
afirmando-se como o último dos profetas, aceitando os ensinamentos do livro (a Bíblia)
mas reivindica que é ele que vem trazer o fecho dessa tradição, é ele que fecha o
período das revelações.
Inicialmente os ensinamentos de Maomé não causaram grande perturbação no meio
de Meca onde ele iniciou a pregação, mas quando ele começa a pregar contra as
diferenças sociais, a pobreza, e sobretudo, quando ele começou a atacar as crenças
em torno da kahaba (a tal pedra negra que atraia as peregrinações que tornavam
Meca uma cidade muito rica), ele começou a deparar com alguma oposição e
começou a ser alvo de perseguições, de tal maneira que no ano de 622 ele aceitou um
convite dos habitantes de
Medina para se instalar lá e poder continuar as suas pregações. É a isso que os
muçulmanos chamam a Hégira, a passagem de Meca para Medina em 622, e é aí que
se inicia a contagem do tempo no Islão.
Quando Maomé passa para Medina ele deixa de ser apenas um chefe religioso, mas
torna-se também uma espécie de primeiro magistrado de uma comunidade de crentes
que ele passa a governar também política e administrativamente. Essa comunidade,
ou
Umma, é unida pela mesma fé em Alah. A solidariedade que era de sangue, entre os
membros do clã, é substituída por uma solidariedade de fé, e é a submissão a Deus
que define essa comunidade de crentes.
E de tal maneira Maomé consegue converter esta população que ele se começa a
sentir suficientemente forte para conquistar Meca. A primeira tentativa não funciona e
só em 630 ele consegue que a cidade de Meca se lhe ofereça, e é aí que ele destrói
os velhos ídolos (excetuando a pedra) e é imposto o culto a Alah. É a partir de Meca
que Maomé consegue praticamente unificar a Península Arábica. Todas as tribos que
ocupavam essa região ficam sob o controlo de Maomé no tempo da morte dele, em
632.
Como ele não tinha indicado ninguém para lhe suceder, quem lhe sucede é AbuBakre,
que é o chamado primeiro califa. O poder foi para ele porque antes de morrer, Maomé
tinha-o nomeado o diretor espiritual, aquele que estava encarregado de fazer as
orações, e por isso não escolheram um familiar de Maomé, que seria o sucessor
natural da família de sangue.
No entanto, em 634, Abu-Bakre morre e nomeia como seu sucessor Omar, que
durante dez anos irá chefiar a comunidade dos crentes. No entanto, em 644, ele é
assassinado. À morte de Omar foi escolhido para terceiro califa Osmão, um parente
afastado de profeta, que também vai ser assassinado em 656, e só nessa altura é que
é eleito como quarto califa o tal Ali, genro e primo do profeta, mas que nunca se
conseguiu fazer reconhecer pelos seus rivais, ele é eleito numa grande divisão dos
fiéis.
Um primo do califa assassinado vai contestar essa eleição e vai propor a Ali uma
espécie de julgamento de Deus, e antes de se defrontarem numa batalha em 658,
Mohahia consegue convencer Ali a desistir dos seus direitos e torna-se assim o
primeiro da dinastia dos Omíadas. Entretanto, Ali será assassinado em 661 e os seus
partidários tornam-se uma espécie de dissidentes dentro do movimento islâmico, são
os xiitas.
Com os primeiros califas deu-se um grande progresso da expansão islâmica, tendo-se
espalhado tanto para oriente como para ocidente. Com Abu-Bakre unifica-se a Arábia,
com Omar unifica-se a Síria e invade-se a Mesopotâmia e a Pérsia. Eles
aproveitam-se da fraqueza dos bizantinos e dos sassânidas, que se combatiam há
séculos e se enfraqueciam mutuamente. É também como Omar que se conquista o
Egito. Sob o califa Osmão fazem-se uma série de razias na Ásia Menor, conquista-se
Chipre (649) e também se inicia o percurso pelo norte de África, chegando-se até
Trípoli, na Líbia.
As primeiras expedições feitas pelos árabes eram expedições típicas de razia e só
depois é que eles vão começar a querer ocupar os territórios conquistados, dando-se
conta que é possível instalarem-se e exigirem tributos em troca da tolerância religiosa.
Inicialmente os muçulmanos deixam aos povos conquistados a sua religião, desde que
paguem pesados tributos por esse privilégio, e eram tolerantes para com os chamados
povos do livro (judeus e cristãos).
Com a subida ao trono de Moawia inicia-se a dinastia dos Omíadas, que transfere a
capital de Meca para Damasco, na Síria, e inicia-se um novo período de expansão
territorial. Em relação a ocidente, são os Omíadas que continuam a conquista do norte
de África, subindo pela Tripolitânia, fundando a cidade de Kairwan na Tunísia e
lançando expedições pelo norte de África até Marrocos. Depois, a partir do Estreito de
Gibraltar, sob o comando de Tariq, os muçulmanos passam para a Península Ibérica e
entre 711- 713 os muçulmanos conseguem conquistar quase toda a península, apenas
com a exceção das Astúrias, do País Basco e dos Pirenéus. Eles entram mesmo na
Gália, sendo apenas vencidos por Carlos Martel, o franco prefeito do palácio, na
Batalha de Poitiers.
No entanto, eles continuam a tentar instalar-se no sul da Gália através da sua pirataria
e vão conquistar ainda a Sicília, em 830, e vão-se instalar também em Fraxinetum,
que é uma povoação no sul de França, que é uma espécie de ninho de piratas de
onde fazem expedições marítimas de saque. Portanto, em inícios do século VIII, a
costa sul do Mediterrâneo pertence aos muçulmanos, e por isso a costa norte está sob
constante ataque dos muçulmanos.
Em direção a oriente também houve conquistas neste período. Depois da submissão
da Pérsia dá-se a submissão do Afeganistão, em 651, depois a ocupação da
Transocceana, em 674, a invasão do Turquestão chinês e por fim a chegada à Índia
em711.
Apesar de todas as conquistas, a dinastia Omíada sofreu sempre com a oposição
interna dos descendentes de Ali, e portanto eles vão ter que os combater
constantemente, e por volta de 750 eles vão acabar por sucumbir perante uma grande
rebelião feita pelos descendentes de um tio de Maomé, que era Al-Abass, apoiados
também pelos xiitas. E será um membro dessa família, chamado Abu Al-Abass, que se
consegue proclamar califa, vencendo e exterminando os Omíadas, exceto um, Abdal
Uman I, que fugiu para a Península Ibérica e foi ele que fundou o Emirado de Córdova,
sendo aqui reconhecido como o continuador dos califas anteriores.
A dinastia Abássida mudou a capital de Damasco para Bagdad e isso dificulta mais os
contactos para o ocidente, sendo que o primeiro problema que se destaca é o Emirato
de Córdova. A partir de 756 há uma série de outros reinos que se vão autonomizando,
em Marrocos, na Tunísia, no Egito, na Síria. Assim, embora este seja considerado um
dos períodos áureos da civilização muçulmana ele é um período de fraccionamento.

VIKINGS
Por fim, houve também as invasões dos bárbaros vindos do norte, os vikings. Estes,
escandinavos ou normandos, vieram da Escandinávia, e pensa-se que terão emigrado
pelas mesmas razões, i. é, por falta de recursos alimentares e excesso de população.
Em 793 há a primeira referência de um ataque de homens vindos do norte no Mosteiro
de Lindisfarn. No início do século seguinte o Mar do Norte está já infestado por estes
povos, sendo que eles se deslocavam em barcos muito ligeiros que lhes permitiam
deslocar-se pelos mares e mesmo pelo interior dos rios., aproveitando-os para atacar
as cidades do interior. Dentro dos normandos podemos considerar três povos
diferentes com três linhas
de atuação diferentes.
● Noruegueses – pequeno grupos, que se dedicam à pilhagem e à conquista de
territórios para cultivação.
Descobrem as ilhas de
Descem a Islândia, a Vislândia e Grelândia.
Vão ter uma expansão longínqua, e colonizam algumas ilhas do atlântico norte
que ainda hoje estão ocupadas.
Expandem-se para norte, procurando territórios para se instalar e colonizar.
Eles descobrem e colonizam as ilhas Far Oer e Orcades, são eles que se
instalam na Escócia e na Irlanda, descobrem a Islândia e a Grelândia e
pensa-se que terão também descoberto a América, tendo lá chegado por volta
do ano 1000.

● Dinamarqueses – bandos muito númerosos, com muita mobilidade,


organizadas por príncipes de sangue real. Entram pelos estuários dos rios, e
andam para o interior dos territórios.
Atacam as ilhas britânicas, as costas francesas, a Península Ibérica, entram no
mediterrâneo e atacam as costas da Gália.
Inicialmente eram ataques profundos, no litoral.
793 – Primeiro ataque que se conhece, nas ilhas britânicas, Lindisfarme.
Numa segunda etapa, quando a sua reputação de ferocidade e brutalidade
está estabelecida, começam apenas a exigir tributos para que os reinos
consigam que eles se retirem. Eles começam a instalar-se, explorando
territórios. Instalam-se na Inglaterra, na Normandia (Gália), onde ficam muito
tempo, torna-se os senhores desse mesmo local.
É uma instalação muito prolongada.

Os dinamarqueses, em vez de partirem em pequenos grupos, operavam em bandos bastante


numerosos chefiados por um príncipe de sangue e procuravam conquistar militarmente os
territórios para os dominar. Foram eles que seguiram a rota Atlântica, tendo até atacado a Gália
pelo sul (pelo Mediterrâneo). Começavam por fazer pilhagens muito violentas e depois de terem
esta reputação maléfica, eles começaram a cobrar tributos para não atacarem (por exemplo, nas
Ilhas Britânicas conhece-se o deinegelt, o tributo pago aos dinamarqueses). Quando o território
que atacava já estava desorganizado, eles começavam-se a instalar lá e dominavam-no, tendo
isso acontecido em parte da Grã-Bretanha e na Normandia. Eles conseguiram constituir sete
estados diferentes (embora só a Normandia tenha tido viabilidade histórica).

● Suecos - uma expansão muito diferente. Dirigem-se para oriente e não para
norte, constituem-se como mercenários ao serviço dos Eslavos; e também se
caracterizam como comerciantes, navegando os rios russos. Tinham barcos
leves e conseguem passar de um rio ao outro, carregando os barcos, até ao
mar negro.
Eram também conhecidos como varegues, tinham comércio entre norte e sul,
entre-os-rios russos, carregando os barcos por terra.

Por fim, falta falar dos suecos. Eles eram conhecidos por varegs
(comerciantes), introduzindo-se nos territórios dos eslavos, oferecendo-lhes
proteção e quando se encontravam instalados eles revoltavam-se contra os
outros povos. Vamos encontrar um estado vareg em Kiev. Eles tinham uma
atividade principalmente militar e eram eles que faziam a ligação entre o Mar
Negro e o Mar Cáspio através dos rios que atravessavam as planícies russas.

Consequências:
Portanto, estas últimas invasões não se fazem contra o Império Romano, mas contra
os reinos bárbaros que se tinham constituído. Estas últimas invasões vão desequilibrar
e fragmentar o equilíbrio dos povos bárbaros que se tinham instalado em parcelas de
territórios do Império.

As transformações na vida económica

Condições naturais:
Um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da economia, são as
condições naturais. Um dos aspetos que nos interessou sobretudo a partir dos anos
70 foi as alterações climáticas. Chegou-se à conclusão de que este era um tema
importante de se estudar e ao mesmo tempo que era possível fazê-lo.

Através disto chegou-se à conclusão de que houve algumas modificações importantes


neste período: entre os séculos V e VII houve um clima mais frio e húmido, isto pode
ter sido favorável para as zonas mediterrâneas, mas para o norte da Europa um
aumento da pluviosidade e do frio faz com que a produção cerealífera tenha
diminuído. Mas o aumento da pluviosidade faz ainda a Segunda Transgressão
Dunquerqueana, onde há a submersão de uma parte da zona da Flandres. Para além
deste avanço do mar pela terra, houve também uma progressão dos glaciares nos
Alpes.

Já nos séculos VIII e IX houve a chamada regressão carolíngia, em que o clima


tornou-se mais seco e ameno, o que levou à emersão das zonas submersas do
período anterior, e na Flandres foi mesmo possível criar novas zonas férteis através da
construção de canais. Por isso, na Alta Idade Média há dois momentos diferenciados,
tendo sido este segundo momento mais positivo para o norte do que para o sul, que
voltou a ter o clima seco e quente.
→ Há também um maior número de campos, e um diminuimento das estepes.
Condições demográficas:
● Regressão demográfica: que estaria associada ao povoamento dos bárbaros
(texto da primeira aula)
● Balanço de movimentações populacionais
● 588- Grande surto de peste
● Condições higiénicas deficientes
● Influência do cristianismo
Para além das condições de clima, deve-se pensar nas condições demográficas, se
terá havido mais ou menos homens na época. Na verdade, para a Alta Idade Média há
muito poucas fontes fiáveis para o estudo da demografia. Sobretudo é muito difícil de
fazer uma história quantitativa, não há maneira de contar cabeças ou famílias. O que
há e tem sido feito para esta época é a utilização das referências na documentação
(pestes, fomes, etc.) e também referências a aldeias abandonadas ou cidades com
bairros inteiros desabitados, ou pelo contrário, à criação de novas aldeias ou
construção de novas muralhas em algumas cidades.

Para este período encontra-se que a partir do início do século VI há uma série de
epidemias, havendo uma quebra populacional. Em 588 dá-se o primeiro episódio
conhecido de peste negra no ocidente. Além disso, o declínio populacional terá
também acontecido devido às invasões, mas isto pode ter sido compensado pelos
povos bárbaros que se instalaram no território. Por isso, é muito difícil se a chegada
dos bárbaros compensou ou não os estragos por si causados.

Assim, aquilo que é acentuado para esta época é a deslocação das populações das
cidades para o campo, o que origina um aumento de população nos latifúndios
romanos. Ou mesmo a instalação dos bárbaros em certas regiões, o que suscitou o
surgimento de novos povoados.

Esta população será progressivamente sujeita a condições de vida cada vez mais
precárias. Todas as grandes obras (tanto físicas como literárias, ou até o próprio
ensino, que se desagregou na Antiguidade Tardia) do Império Romano vão
conhecendo um progressivo apagamento na sociedade medieval. Por exemplo, a
medicina é praticamente desconhecida no ocidente medieval, o que se alia a perda
dos hábitos higiénicos da cultura romana. Tudo aquilo que era a limpeza e o cuidado
com a higiene pessoal foi considerado um pecado, um comprazimento excessivo com
o corpo, isto não tinha cabimento na fé cristã, aí a alma é que deveria ser cuidada.
Assim, dá-se o desaparecimento das termas romanas, dos sistemas de escoamento
de esgotos das cidades, dá-se o desaparecimento da higiene. É assim isto que explica
a maior propagação de doenças, não havia higiene, não havia hospitais, não havia
médicos. Isto originou a quebra na esperança média de vida.

Por outro lado, o Cristianismo teve ainda outra influência negativa em termos
demográficos, uma vez que esta religião promoveu a virgindade e o celibato,
associando a procriação e a sexualidade ao pecado, e considerando que era a pureza
que abria as portas do céu. Se inicialmente isto era apresentado como ideal de vida
para todos os cristãos, a partir de uma certa altura (quando é necessário assegurar a
permanência da fé cristã nos tempos) isto é apresentado como ideal de vida para o
clero, tanto secular como regular.

Condições Técnicas:
● Estagnação das técnicas
● Legado romano
● Novidades bárbaras: a charrua

Para além destas condições naturais e humanas, houve também outros fatores a
influenciar a vida económica neste período. Aqui pode-se citar o nível técnico. A
agricultura romana estava adaptada às zonas mediterrâneas, havendo conhecimentos
agronómicos bem adaptados a essa região. Já os bárbaros praticavam uma pastorícia
seminómada e a sua agricultura era essencialmente de subsistência, não virada para
o abastecimento de centros urbanos.
No entanto, os francos vão introduzir na Europa um instrumento para arar a terra, a
charrua com rodas, que se revela muito mais apropriada para os terrenos pesados e
densos da Europa Central do que o arado, que era o instrumento dos romanos, que
não era aplicável nesses territórios.
Por outro lado, sabe-se que os germanos tinham uma maior capacidade de
manipulação do ferro, o que permite a construção de utensílios de ferro que se
traduzem num importante progresso técnico na agricultura, visto que os romanos
utilizavam essencialmente instrumentos de madeira. Portanto, neste período
continuam a ser utilizados os métodos de cultivo romanos, mas com uma maior
utilização do ferro e da charrua com rodas.

Com as invasões/migrações, o grande comércio deixou de ser possível e portanto verificamos que de
facto à uma regressão das novas técnicas, através da aprendizagem que se fazia. Com esta dificuldade
dos transportes e do comércio, cada parcela do império, vai começar a produzir de forma a
sustentarem-se a eles mesmo – o comércio não era possível. (instalações dos povos bárbaros em zonas
determinantes)
Não há dúvidas que os bárbaros trouxeram algo importante à agricultura da Europa. A charrua. – Permite
fazer sulcos na terra, mais profundos, e determinantes nessas terras que são mais difíceis de arar.

As atitudes mentais:
Vai expandir-se uma cultura de guerra e agressão.

→ Tirar
● Pilhagem
● Redução à escravatura a
● Tributos
→ Dar (os chefes dos povos bárbaros, fazia a partilha do saque com os
companheiros de guerra)
● À aristocracia
● À igreja (davam também a sacerdotes, para de alguma forma oferecer
aos deuses, e agradá-los)

→ Ostentar (os mais ricos rodeavam-se de artífices, para mostrarem as suas


riquezas de forma a mostrarem a quantidade de poder que tinham)
● Riquezas (adornos, como materiais preciosos)
● Alimentos e bebidas (potationes) (faziam grandes festas de bebida e
comida, onde se comida e bebia em grandes quantidades)

No fundo, os bárbaros começam a adotar os hábitos de consumo romanos, sobretudo


ao nível das suas elites, começando também a querer receber os produtos exóticos e
caros do oriente.
Mas esta atração pelos aspetos mais sofisticados da civilização romana não é a única
característica que os bárbaros vão transformar. Eles vão importar para o ocidente
algumas características deles que os romanos vão adotar. Durante muito tempo, os
bárbaros viveram duma cultura da guerra e da agressão e da obtenção de bens por
esses meios, sujeitando também os povos vencidos ao pagamento de tributos.
Se a cultura que os bárbaros trazem é a da apropriação violenta da riqueza alheia,
isso tem como contrapartida a redistribuição dessa riqueza. Os chefes bárbaros fazem
pilhagens, mas depois faz parte da sua condição de chefes distribuir as riquezas entre
os seus companheiros de guerra.
Por um lado há esta redistribuição que é uma das características principais do chefe
bárbaro, que depois se encontra nos grandes senhores medievais, mas depois
também há a necessária generosidade com a divindade. Uma parte da riqueza tinha
de ser entregue aos deuses, que a partir da conversão ao catolicismo é entregue à
Igreja. Portanto, uma parte da riqueza é restituída aos companheiros, outra parte é
entregue à Igreja, mas há também uma parte que é aparentemente gasta de forma
arbitrária em grandes festas, em rituais sociais que para nós parecem não ter
racionalidade económica, mas que na verdade serviam para cimentar a sociedade.
Esta era uma sociedade que viviam numa constante troca de presentes e gentilezas,
de uma circulação de bens e produtos de uma forma gratuita, se assim se pode dizer.
Quanto mais rico era um chefe, mais ele tinha de ser generoso e mais ele tinha de
gastar, e portanto, mais ele tinha de pilhar. A ostentação da riqueza, que pode parecer
um ato que só causa prejuízo, era concebido na época como algo altamente
prestigiado e que reforçava o poder de quem o fazia.

A população comum tentava produzir para satisfazer todas as suas necessidades.


Enquanto a aristocracia, continuava a promover o comércio e as trocas para outros
locais.

A dupla herança:
● O legado romano das villae
o O ager (campos abertos, dedicados ao cereal onde se praticava uma
alternância entre cultivo e pousio)
o Saltus (terrenos para criação de gado)
o Pequena propriedades que pertenciam a camponeses livres. Assim
Escravos e colonos ficam sob proteção do latifundiário (os camponeses
passam a ser dependente do latifundiário de forma a receber proteção,
e de alguma forma escapar aos pesado impostos)
o O êxodo urbano (em vez de irem às cidades comprarem o que não
conseguiam produzir, os latifundiários começaram a tentar colocar os
escravos e colonos a produzir tudo o que necessitavam)

● A agricultura germânica
→ Aldeias (constituídas por homens livres que partiam todos os anos
para missões de pilhagem)
→ Camponeses-soldados (eram simultaneamente, agricultores e
guerreiros), escravos (cultivam as terras e ocupam-se do gado)
→ Auto-suficiência

Se neste período o comércio sofreu um grande recuo, há uma grande circulação de


produtos, ainda que não seja remunerada. Não se compra, não se vende, mas
oferece-se, expropria-se, rouba-se. Há um funcionamento diferente para uma nova
sociedade. Não há acumulação de capital para investimento, mas havia acumulação
para redistribuição, mas esta era apenas para que as populações continuassem a
sobreviver.

Vamos então agora reportar-nos à questão da vida agrária, de como evoluiu a


agricultura.
Como é sabido, no Império Romano a agricultura praticava-se sobretudo em
latifúndios que produziam em grandes quantidades para abastecer os centros
urbanos, onde a população se dedicava a outro tipo de atividades que não a
agricultura, que ou vendia os seus próprios produtos, ou vivia das distribuições de pão.

Quando começaram a chegar bárbaros ao Império, eles começaram a ser


incorporados de forma pacífica por dois sistemas: a constituição de feudos ou a
hospitalidade.

Com os feudos, os bárbaros organizavam-se de acordo com a sua organização


tradicional, sob o sistema das aldeias de camponeses livres, dividiam as terras entre
si, cultivavam-nas tanto por eles próprios, como através dos seus escravos. Em geral
eles reproduziam o seu sistema originário, com parcelas de terreno em torno das suas
casas onde cultivavam os produtos mais necessários, tendo à volta zonas incultas
onde estavam os seus rebanhos a pastar, o que lhes fornecia estrume para os
campos. Foi também este sistema que acabou por ser utilizado quando os bárbaros
expulsaram os latifundiários e os camponeses romanos.
Já no caso do sistema de hospitalidade, o que aconteceu foi que os latifundiários
tiveram de partilhar as suas terras com os bárbaros, tiveram de ceder uma parte, que
nós sabemos que no caso dos visigodos foi de dois terços para os bárbaros. Isto
acontecia de forma voluntária e neste caso os bárbaros tornam-se proprietários de
terras que continuam a manter a estrutura dos latifúndios, ainda que tenha havido uma
fragmentação da propriedade. Esta instalação dos bárbaros inicialmente provocou
uma divisão da grande propriedade, mas ao instalarem-se os bárbaros continuam a
explorar da mesma maneira.
Quando os bárbaros estão sozinhos eles reproduzem o seu sistema, mas quando se
inserem num latifúndio romano eles utilizam o modelo romano. Esta divisão da
propriedade alarga-se também aos animais, aos escravos e aos colonos (camponeses
“livres” que estavam adstritos à terra em que viviam, obrigados a manter o seu ofício
ao longo das gerações).

À medida que o tempo vai passando vai sendo diminuída a diferença entre escravos e
colonos, uma vez que a administração romana (que assegurava a diferença de
estatutos) desapareceu e a própria Igreja começou a instigar à libertação dos
escravos, a libertação dos escravos era uma obra piedosa. Isto fazia com que eles se
tornassem mais parecidos com os colonos. Por outro lado, os proprietários chegaram
à conclusão que a escravatura plena impedia uma grande reprodução, desde que
deixou de haver comércio de escravos, começou a haver alguma dificuldade na
reprodução dos escravos, então os latifundiários começaram também a deixá-los
constituir família e a atribuir-lhes uma determinada porção de terreno dentro do seu
latifúndio, para que eles também começassem a produzir o seu sustento. Isto acabou
por os conduzir a um estatuto muito semelhante aos dos colonos.
Por isso, nas zonas onde havia latifúndios, assiste-se à convergência dos sistemas da
escravatura e do colonato para a servidão, com a uniformização destes dois estatutos
inicialmente muito diferentes.

Já nas zonas onde os bárbaros se organizaram em aldeias de homens livres, o facto


de eles deixarem de ser nómadas e de guerrear de forma permanente, faz com que
eles deixem de ser guerreiros e agricultores, passem a ser cada vez mais agricultores.
Os reis bárbaros estão rodeados de guerreiros, e depois convocam os seus súbditos
agricultores para expedições guerreiras. Mas este era um peso demasiado grande e
vai-se progressivamente assistir à substituição do serviço militar para o pagamento de
uma taxa, o hostilicum, que permite ao rei manter o seu exército sem ter que recorrer
constantemente à convocação desses homens.
A situação destes cultivadores livres que anteriormente eram também guerreiros e
participavam nas expedições passa a ficar muito mais semelhante à dos escravos e
colonos dos grandes domínios. Embora as terras que estivessem a cultivar fossem
deles e eles estivessem ligados ao serviço militar, eles estavam ligados por uma taxa,
que progressivamente vai ser associada àquilo que os latifundiários cobravam aos
servos.
Eles começam a ter perante o rei e os seus representantes um estatuto de servos,
como os colonos tinham para os senhores latifundiários. Por vezes os homens livres
das aldeias serão também obrigados a submeter-se aos agentes do rei, aos grandes
senhores dos domínios vizinhos.
Assiste-se ao longo destes séculos que os reis bárbaros, as grandes dinastias de
francos, visigodos ou ostrogodos, bem como as suas aristocracias, vão possuir
grandes propriedades espalhadas por áreas muito vastas, trabalhadas por uma série
de dependentes cuja condição se vai uniformizando. Isto acontece também à Igreja,
que começa a constituir grandes domínios com estas características através das
doações.

Ainda assim, continua a existir uma média e pequena propriedade que pertence a
proprietários autóctones ou romanos, ou mesmo aos homens livres bárbaros que
tinham recebido as terras por altura das partilhas. No entanto, sabemos muito pouco
sobre esta propriedade porque ela praticamente não deixou vestígios documentais até
aos nossos dias. Geralmente só as conhecemos quando elas são doadas à Igreja,
quando se entrega a documentação a ela referente que fica guardada nos bispados.
Quando os homens partiam para as guerras, as mulheres ficavam responsáveis pelos trabalhos agrícolas
e artesanais.

O mundo rural da Alta Idade Média


● A fusão de duas heranças: como sabemos desde o século III, tribos barbara
começaram a ser instaladas nos territórios romanos através dos pactos de
feudos, sobretudo nas zonas despovoadas para assim as povoarem e
cultivarem. Sabemos que sob o regime de hospitalidade, eles partilhavam os
latifúndios com os seus proprietários romanos.

→ O regime da hospitalidade – os donos dos latifúndios quando


obrigados pelo estado romano a acolher bárbaros, através do regime de
hospitalidade, tinham de entregar aos bárbaros 2/3 da casa e dos
rendimentos das terras para poderem sustentar-se e houveram
circunstâncias onde esses bárbaros acabaram mesmo por apropriar-se
dessas terras e casas e passaram a explorar essas zonas agrícolas
com os seus próprios escravos, expulsando os proprietários romanos.
→ A expropriação dos romanos – houveram também zonas onde os
proprietários foram expulsos das suas terras assim como os seus
colonos que acabavam por fugir. Pensa-se que a instalação dos
bárbaros numa fase inicial, tenha provocado uma certa fragmentação
dos antigos latifúndios romanos, uma vez os bárbaros não estavam
habituados àquela forma de exploração; eles estão mais familiarizados
com as propriedades mais pequenas e individuais, e portanto num
primeiro impacto dá-se a tal fragmentação da vilae ou latifúndios
romanos.
→ Convergências e divergências

A pouco e pouco nota-se um reagrupamento pela aristocracia barbara (chefes de
tribos), que recebem várias zonas de produção agrícola; e também depois da
conversão ao cristianismo há também um certo reagrupamento das propriedades.
Acabam por reconstituir os grandes domínios que tinham havido nos tempos
romanos, e encontramos isso também na igreja.

(devido aos acordos que se faziam – nas alturas em que eram acolhidos nos reinos romanos -
os bárbaros eram obrigados a ter um comportamento de hospitalidade para com os romanos,
onde nessas alturas, os povos bárbaros tinham de dar uma parte do que cultivavam, ou
produziam de forma a sustentar os romanos. Uns grupos de bárbaros, conseguiam o seu
próprio terreno, e tinham os seus escravos, de forma a produzirem apenas para eles próprios)

● Os grandes domínios rurais eclesiásticos e seculares - pertenciam os reis,


aristocracia, aos principais mosteiros e bispados
→ A reserva (mansus indominicatus) - explorada diretamente pelo
proprietário através da mão escrava
→ Os casais – propriedades rusticas de onde retiravam o seu sustento
(mansi servili - entregues aos escravos libertos ou colonos / ingenuili –
homens livres que tinham deixado de ser guerreiros porque já não
existiam tantas expedições/guerras – os que estavam nas mãos de
homens livres) – de onde tiravam o seu sustento
→ As oficinas artesanais (produção de produtos de consumo corrente –
exigiam uma mão de obra mais especializada – como a extracção
mineiras, extracção de sal, trabalho de tecidos para o vestuários, etc.,
oficinas artesanais)

Domínios médios e pequenos – que pertenciam a famílias menos importantes mas


que ainda assim eram ricas

→ Reversas (exploradas diretamente pelos senhor) e casais (exploradas pela


família camponesa)
→ Só reserva
→ Só casais

● A propriedade alodial – não integradas em domínios, pertenciam aos homens


livres que deixaram de partir nas expedições guerreiras e ficaram
sedentarizadas praticando a agricultura. Em vez de irem combater passam a
ser camponeses a tempo inteiro pagando uma determinada taxa para
contribuírem para o esforço de guerra feita pelos outros. Há tendência para que
a propriedade alodial se vá perdendo, uma vez que esses homens livres não
reúnem as condições necessárias para se protegerem e assim, sob a pressão
dos senhores acabam por se submeter e passam a ser dependentes desse
senhor pagando-lhe uma renda e troca de proteção.
● Evolução destas unidades de produção e exploração agrária
● A (escassa) comercialização da produção agrícola - (existia transportes de
produtos de um local para o outro, através dos camponeses)
Foi o declínio urbano causado pelas invasões/migrações? O que aconteceu nas
cidades?
→ Decadência precoce de algumas cidades
→ Transformações de outras devido a causas internas
→ Invasões causam impactos diferenciados:
● Há cidades pilhadas e destruídas
● Há cidades que sobreviviam incólumes
→ Invasões mais tardias – vikings, sarracenos, Húngaros – igualmente
destruidoras
O porquê da transformação das cidades?
Um dos aspetos que leva à transformação das cidades é a construção de templos
cristãos, igrejas, basílicas e catedrais. Se em alguns casos apenas se ocupa antigos
templos pagãos, noutros casos são construções completamente novas que provocam
a destruição dos edifícios anteriores, modificando também a própria rede viária. Com a
progressiva apropriação dos espaços públicos dá-se uma mudança na utilização do
solo urbano.
Justamente porque as autoridades municipais (quem estava atento a estas questões)
ou desaparecem ou se mostram menos empenhadas nas suas funções, de facto
verifica-se a pouco e pouco o desaparecimento dos planos rígidos e bem estruturados
das cidades, e o aparecimento da apropriação dos espaços públicos (com casas
fortificadas no interior das cidades ou com a necessidade de construir muralhas
rapidamente em torno das cidades).
Para além da necessidade de construção de muralhas rapidamente, sabe-se que
houve cidades que foram pilhadas, incendiadas e destruídas pelos bárbaros, e
algumas delas mais do que uma vez, tornando-se cada vez mais difícil o regresso ao
estado anterior.
Portanto, se de facto houve destruições bastante consideráveis nas zonas onde
passaram os bárbaros, mesmo nas zonas onde não houve bárbaros, verificou-se um
declínio na ocupação das cidades, vendo-se por isso que o declínio fi geral, embora
não tenha feito desaparecer toda a existência urbana. Mesmo nas zonas menos
romanizadas (e por isso urbanizadas) continua a existir alguma existência urbana. Por
exemplo, na Armórica houve várias cidades que conseguiram manter-se. Mesmo nas
Ilhas Britânicas, onde a romanização também fora difícil, todas as cidades que eram
sede de diocese ou que haviam sido escolhidas como cabeça de um reino
permaneceram com alguma vida urbana.

Balanço do período
→ Mesmo nas zonas pouco romanizadas, onde a rede urbana era mais laça
permanecem cidades, pontos de resistência urbana.
→ No entanto as destruições e o declínio foi bastante grande no mundo
mediterrâneo que era aquele que estava mais urbanizado, e foi precisamente
ai que os bárbaros atacaram para tentar obter a riqueza romana. No mundo
mediterrâneo o impacto negativo foi maior. – Iam perdendo população (que ia
para os campos), perdiam atividades variadas que existiam em momentos
anteriores.

→ Aparecem novas cidades-refúgio (Cidades completamente novas que


aglomeram a população que fugiu de outros locais. São cidades fundadas em
locais particularmente bem protegidas), como Veneza – construída em cima de
ilhas que foi constituída pela população que fugiu da zona da Itália em frente a
essas ilhas por causa dos ataques dos lombardos. Essas ilhas são unidas
através de pontes e assim constitui-se uma cidade de população que
procurava refugio. Se algumas cidades foram abandonadas após as invasões,
Veneza não foi abandonada, tendo sido aumentada e tendo lançado colónias
ao longo do Mediterrâneo.
Com a fuga da população para os campos (tanto como agricultores, como por serem
artesãos), as cidades entraram em decadência. Mas quais foram as causas dessa
lenta mas inexorável decadência no mundo romano tardio? Na verdade, este êxodo
começou logo no século III com as imposições fiscais desmesuradas que começaram
a recair sobre a população urbana. De facto, nas cidades o controlo do Império era
maior, era mais fácil de obrigar o pagamento de impostos, de fazer os censos, e
portanto a fuga para o campo é em primeiro lugar uma fuga ao fisco. Depois essa fuga
leva a um empobrecimento das atividades nas cidades, com um menor número de
artesãos, isso provoca um enfraquecimento das instituições municipais, porque os que
podiam ser eleitos magistrados já não queriam ficar a viver nas cidades (preferiam
viver nos latifúndios) e portanto as cidades começam desde o século III mais
lentamente, mas depois acentuando-se a partir das grandes invasões, as cidades
começam a esvaziar-se. Isso nota-se por exemplo no abandono de alguns bairros. Há
outras cidades que embora não apresentem de imediato um declínio da população e
das suas atividades vão pouco a pouco transformando-se. Mudam o tipo de atividades
que desenvolvem e mesmo o tipo de paisagem que apresentam.

As cidades nos tempos bárbaros:


● Alguns bárbaros instalam-se em cidades:
→ Visigodos: Bordeaux; Toulouse, Narbonne, Toledo
→ Ostrogodos: Ravena
→ Burgúndios: Genève
→ Francos: Tournal, Senlis, Paris

● Fortalezas limítrofes tornam-se centros urbanos:


→ Carolíngios: Wurzburg, Erfurt, Buraburg
→ Anglo-Saxões e Dinamarqueses: Stanford, Nottingham, Derby,
Lincoln, Leicester

● Centros religiosos prosperam:


→ Sedes de bispados
→ Mosteiros fortificados
→ Santuários de peregrinação
● Criam-se novos empórios comerciais (portus):
→ Mares do Norte e Bálticos: Quentovic, Birka, Haithabu
→ Inglaterra: Hamwic, Ipswich, Thetford, Sandwich
→ França, Bélgica, Holanda: Namur, Dinat, Maestricht, Gand
→ Alemanha: Mayência, Worms

Características da paisagem Urbana (novas cidades)

→ Recinto fortificado: castelos e muralhas – têm um castelo que as define, são


construídas para defender determinada região fronteiriça, ou que tiveram de
construir as muralhas para se protegerem de ataques vindos do mar ou vindo
do interior. Assim tem de ter um recinto fortificado, cuja defensa é permanente.
Podem tratar-se de muralhas antigas (elevadas pelos romanos), mas também
podem ser criadas, e elevadas pela primeira vez
→ Plano irregular – não têm nenhuma planificação; são cidades que crescem de
forma orgânica sem o plano regular que era típico das cidades romanas. Vão
se desenvolvida quer do núcleo original romano, quer a partir de um mosteiro
ou igreja. Vão criando vários e novos bairros à sua volta e desenvolvendo-se
de forma mais ou menos caótica, que é possível, dado não existir nenhuma
força de autoridade para planificar e exigir da população que se construa de
forma organizada.
→ Reutilização de edifícios e materiais romanos – edifícios em ruínas podem
ser reconstruídos em edifícios de outro tipo de utilidade, etc. Muitas vezes
encontramos antigas estatuas romanas, instaladas em outros locais
→ Degradação do urbanismo e uma transformação da paisagem urbana nas
cidades que eram romanas, enquanto que as cidades novas são construídas
segundo as novas práticas que são de inexistência de planeamento e de
fraqueza das autoridades públicas que não conseguem impor a sua vontade
aos particulares e que vão construindo como bem entendem.

A contracção espacial dos mercados:

→ Factores: insegurança – causa no período das invasões e também pelos


últimos ataques realizados à Europa; ruralização – uma viragem para os
campos, há uma quebra nas trocas comerciais; falta de moeda – dificuldade na
obtenção de materiais preciosos na cunhagem da moeda, o que faz com que a
economia monetária tenha uma grande quebra.

→ Debilidade do comércio local – o que se exerce nas comunidades rurais mais


próximas. Visto que há mais auto consumo, deixa quase de haver o comércio
entre as grandes cidades e as cidades à sua volta.
● Produtos agrícolas e artesanais, escravos (venda de escravos para os
trabalhos agriculas)
● Mercados urbanos e feiras – a transferência de produtos entre cidades
e campos fazem-se entre os mercados e também nas feiras que se
realizam nas comunidades urbanas, onde vêm mercadores
especializados que continuam a fazer trajectos longos a transportar
mercadorias de um lado para o outro, e vêm também acompanhados
de agentes senhoriais (representantes de senhores) que vendem a
produção em excesso dos domínios senhoriais.
● Mercadores e agentes senhoriais

→ Declínio do grande comércio mediterrâneo - continua a haver comércio de


longo curso e que continuam a reproduzir aquilo que eram o comércio da
época romana. Traziam do oriente especiarias, sedas, couros trabalhados,
papiro, frutos secos. E portanto este comercio que traz do oriente produtos de
luxos destinado à elite das cidades, é praticado por indivíduos vindos do
oriente (judeus, sírios e os gregos (bizantinos). O ocidente enviava escravos.
● Diminuição do volume e frequência das trocas de produtos exóticos
(especiarias, sedas, papiro)
● Predomínio dos mercadores orientais

→ Crescimento do comércio atlântico


● Surgimento do comércio atlântico – surgem as cidades relacionadas
com o comércio e é aí que se começa a fazer um intercâmbio baseado
nos produtos agrícolas e alimentares.
● Produtos agrícolas, metais, têxteis, escravos

As estruturas sociais:

1. Os escravos na Alta Idade Média


Designação comum: servus; servi (que passa a ser utilizada para designar outra
categoria social) passa a esclavus, esclavi

Porque continua a haver escravos no período bárbaro?


Acontece porque continua a ser possível alimentar essa escravatura através de um
conjunto de meios: como é o caso da guerra, onde muitas vezes existem capturas
de prisioneiros. A cativação dos vencidos vai ser ao longo de todo o período de
migrações.
Todos os povos migratórios, alimentam a sua forma de vida, também com o
comércio de escravos. Em todas as zonas de conflitos e fronteiras, existem locais
específicos de venda de escravos.
De forma não sistemática, por um lado podia haver redução à escravidão por
dívidas (como por exemplo, se determinado individuo tivesse dividas para com
alguém, a dividia poderia ser paga se a pessoa se submetesse a trabalhar para
quem lhe teria dado dinheiro, etc.

A condição dos escravos: não eram considerados seres humanos, estando ao


nível do gado. Recebiam punições corporais, que eram-se aplicadas quando
cometiam determinados tipos de faltas ou crimes. Não podia envolver-se/ casar-se
com homens ou mulheres livre – as suas uniões teriam que ser entre escravos e
escravas (apesar de nunca serem reconhecidas essas uniões, nem os filhos que
desse casamento surge. O filho que nascesse, logo ficava associado ao conjunto
de escravos do proprietário (muitas vezes do lado da mãe)). Há que ter em conta
que muitas das escravas eram utilizadas como objeto sexual por parte dos
proprietários, por vezes com o propósito de gerar mais filhos que seriam logo
subjugados à condição de escravos.

Motivos do desaparecimento dos escravos

Há um desaparecimento progressivo do número de escravos, Notamos que


deixa de haver escravos em “rebanhos” nos domínios senhoriais. Porque há um
recuo de escravos embora continuem a existir?

Religiosos: o cristianismo – a disseminação do cristianismo. Nunca o aboliu


completamente, mas apenas proibiu a escravização dos cristãos. O problema
tornava-se maior quando os escravos de convertiam ao cristianismo, uma vez que
seria um aliciante para que o escravos se convertessem e davam um grande prejuízo
aos proprietários, nomeadamente às instituições religiosas, uma vez que estes
recebiam doações de domínios com os seus escravos, com tudo o que lhe estava
ligado – os edifícios, os escravos, etc. Assim quando os escravos eram baptizados, se
convertiam não eram automaticamente libertados. A sua libertação era apenas
considerada uma ordem de piedade, que era proposta pelos teólogos e pelos padres,
mas que não era obrigatória. Os historiadores ressaltam a ambiguidade do
cristianismo que por um lado tenta manter a igualdade e a libertação de
escravos, mas por outro, o facto de nunca terem tomado uma posição relativa ao
fim da escravatura.

● Proíbe a escravização de cristãos


● Pede tratamento humano dos escravos
● Propõe manumissão como acto de benemerência
● Promove o baptismo dos escravos

Militares: - outro motivos do desaparecimento os escravos foram os momentos


de paz:
● Paz interna – quando se constituíam reinos ou principados que conseguiam
manter uma certa segurança nas fronteiras
● Paz externa – houveram momentos em que não houveram invasões ou
circulação de povos que procuravam novos locais para se instalarem.

Quando havia períodos longos de paz externa e interna, nota-se uma grande
diminuição no número dos escravos, há uma dificuldade em renovar o stock.

Políticos: -
● Lutas dos escravos no Baixo-império – no período das invasões onde a
confusão então gerada, desorganizou a máquina repressiva romana e que fez
com que escravos lutassem contra o estado romano tentando obter a sua
libertação. Fizeram revoltas contra o Império.
● Fim do Estado centralizados- os historiadores marxistas principalmente,
colocam questões de ordem política, nomeadamente a ausência de um poder
centralizado. Os senhores não conseguiam exercer o poder. E o estado
centralizado não voltou a constituir-se, senão no império carolíngio.

Económicos:
● Progressos técnicos:
→ Moinho de água – parece ter surgido no império romano, baixo império, quando
começam as atribulações trazidas pelos bárbaros
→ Charrua – trazida pelos germânicos que permitia preparar a terra para o
lançamento das sementes. Penetra mais profundamente na terra e permite ir
buscar mais a baixo os nutrientes necessários para a germinação das
sementes.
→ Maior uso do ferro

Sendo que surgem novas técnicas, a mão-de-obra dos escravos acabou por
deixar de fazer grande sentido em alguns dos cargos de produção.
Os escravos tinham condições de vida, muito más, ou seja, existiam mortes
muito prematuras. Para além disso, havia pouco reprodução por parte dos
mesmos, o que não ajudava na prática de adquirir mais escravos. Assim passa a
ser possível o:

● “Casamento” dos escravos


Eram dadas pequenas terras, onde os escravos viviam de forma familiar, e onde
cultivavam os seus próprios alimentos. No entanto, continuaram a trabalhar para o
senhor, cultivando as suas terras, e produzindo gado, e artesanato.

Começam a surgir tentativas de dar aos escravos, a possibilidade de casarem e


constituírem família. Casamento também no sentido de lhe serem atribuídas terras,
para assim sustentarem a própria família, para além do trabalho que realizavam nas
terras do senhor. Davam-lhe uma pequena terra onde trabalhavam, e tiravam o próprio
sustento.

Dessa forma, a situação de escravos, evolui para servos.


2. A situação dos colonos:

Aparecimento dos colonos nas terras públicas a partir do século III.


Generalização a outras terras no século III.

Fixação da sua condição no século IV e imposição do patrocinato:


● Pagamentos em géneros
● Serviços ao latifundiário

No período bárbaro:
● Mansi ingenuili com prestações menos pesadas
● Pesando sobre o homem e não a terra

Evolução dos colonos para servos:


● Estatuto da terra e do homem não coincidem
● Todos são submetidos ao mesmo tratamento

3. Os homens livres:

Os consortes romanos:
● Pagamento solidário ao fisco
● Usos agrários colectivos

Os camponeses guerreiros bárbaros:


● Individualismo agrário
● Fornecimento de soldados
● Assembleias judiciárias

Evolução posterior
● Comunidades sujeitas às pressões dos poderosos
● Proteção das monarquias

Duas tendências contraditórias, onde as comunidades são sujeitas a pressões


de autoridade que querem que essas terras entrem nas suas comunidades, mas
há uma proteção dos reis, que no fundo querem ter o apoio destes homem livres
para manter o se poder.

A dependência vassálica:

De facto, há partida a atividade militar era partilhada por todos, no entanto havia em
torno dos chefes, um grupo de amigos, companheiros, que eram no geral, os mais
jovens e empenhados na atividade guerreira, que constituíam os acompanhantes dos
reis, que os ajudavam e os protegiam com a sua própria vida. Eram guerreiros
permanentes e profissionais com os chefes partilhavam os resgates dos cativos, ou os
próprios prisioneiros, tudo o que fosse adquirido nas expedições. Assim vão
acumulado riquezas nas participações nestas actividades militares, e o seu interesse é
que tudo isso continue para que os mesmos continuem a enriquecer.

As clientelas armadas dos latifundiários:


● Bucelarii –

Confluência das duas práticas na recomendação (homem livre, guerreiro, que promete
fidelidade com o senhor, em troca do sustento por parte do senhor.)
● Recebimento de um benefício em precária

Inicialmente esta recomendação, são homens livres guerreiros, mas que estão sob a
dependência de um homem na hierarquia, que o sustenta através das expedições, etc.
Estas dependentes, vassalos, vão tornar-se cada vez mais a elite da sociedade.
Vai haver uma nítida subida da condição dos vassalos na sociedade, muito porque o
governador carolíngio vai transmitir parte da sua autoridade, para um membro da
nobreza, a guerreiro, ou a um clérigo, para tomarem conta de um determinado
território (representando o rei), vai exigir desses membros, uma jura de fidelidade e
compromisso para com o soberano.
Ao longo de todo este período, são os guerreiros/mercenários que vão ascender
socialmente, para constituir a Elite.
Todos aqueles que se colocam, na dependência do rei ou imperador, esperam que o
mesmo lhe conceda um benefício – uma terra de onde vão receber recursos
suficientes para manterem seu estado, um estatuto muito elevado. Deixa de haver
uma prática pública por parte dos mesmos, porque há uma necessidade de o fazer por
dependência do rei.
Os vassalos sentem que o senhor é obrigado a dar-lhes terras e regalia, e dessa
forma acabam por formar laços de vassalidade com outros senhores.
Generaliza-se a hereditariedade do benefício. Antes era apenas feita esta relação
enquanto o senhor e o vassalo tinham vida. No entanto nesta altura, passa a existir
uma passagem de testemunho, quer por parte dos senhores, quer por parte dos
vassalos. – Acontece que os vassalos, passam a considerar que o benefícios que lhes
foram concedidos, passa nos herdeiros a ser vista como sua – ou seja, esquecem-se
que a terra foi dada pelo senhor. Verificamos que há de facto uma apropriação quer
das terras, quer das autoridades dadas pelo senhor – considerando tudo como seu. –
Quebrando assim a relação vassálica.

Os homens e as mulheres de Deus

● A ação no século
Os cleros dividem-se em cleros seculares (os que agem no século, no mundo, os que
servem a população) e o claro regular (o que preferem dedicar-se completamente a
deus, e o seu objetivo de vida é realmente rezar, dedicar-se e servir a deus).
→ Dioceses e bispos
O clero secular era constituído na sua maioria por homens, e se houveram mulheres
com papeis importantes nessa comunidade era apenas entre família, ou entre
mulheres, porque eram os homens que realmente serviam o clero secular.
→ Paróquia e curas
Era um clero urbano – asseguravam as pregações, e a divulgação do cristianismo. E
para além de exercerem um papel de cura das comunidades, ou seja, quase como
médicos; exerciam também funções de sacerdotes, ou seja exerciam na comunidade
também funções políticas.
A partir das cidades e zonas já convertidas podem ser enviados missionários, por
parte do bispo, com a função de converter certo povo.
Vamos encontrar para além das paróquias urbanas, vamos também encontrar igrejas
rurais, fundadas pelos bispos, mas também fundadas por senhor que têm domínios,
para onde bispos iram exercer os seus papeis.
Este modelo vai-se estendendo ao longo do período, chegando a cobrir todo o
ocidente (apesar de claro, se notar certas diferenças porque nem todas as zonas
observaram o cristianismo numa mesma altura)
Para além destes membro do clero que ministram os sacramentos, que dedicam os
seus trabalhos fundamentalmente nas cidades; também existiam grupos do clero que
se dedicam totalmente ao sagrado.

Eram homens e por vezes mulheres, que de alguma forma acabavam por fugir do
mundo:
→ Ermistimo – isolavam-se de forma individual (o que não quer dizer que depois
pela sua matriz, não atrais ermitãs), eram submetidos a tentações, e estes
aspectos eram olhados de lado pela igreja, que acreditava que passar por
estes momentos de tentações eram mais praticáveis em grupo
→ Cenobitismo – trata-se de uma vida isolada, mas em comunidade. Eram
experiências que começaram no próximo oriente e igualmente no Egipto, a
primeira experiencia foi a se São Pacomio, que constituiu uma comunidade de
membro isolados, a quem deu a primeira regra (conjunto de regras), e essa
comunidade teria que viver sobre essas regras, nos mosteiros construídos.
Mas em cerca de 540, surge a regra beneditina (regra de s.bento), que será
então imposta no império carolíngio, para evitar qualquer anarquia na vida
cenobitica. Era uma regra muito equilibrada, que se baseava no lema “reza e
trabalha” – ou seja não se dedicavam apenas às práticas religiosas, mas
também ao trabalho que se ligava, ao trabalho das cópias, às leituras, etc. Mas
o trabalho poderia também estar ligado, aos trabalhos agrícolas.

Os avanços no mundo rural (séculos XI-XIII)


Vimos que num momento anterior, com a peste, com o abandono das cidades e
mudanças para o campo, neste momento da história começam a verificar uma grande
expansão demográfica.

A expansão demográfica:
Quando começa? – Não se pode dizer que sabemos de uma data em concreto, e
por isso existir autores com diferentes opiniões:

Robert Lopez: arranque no período carolíngio – quando se verifica um nível de


reprodução das famílias, muito grande. Todos os camponeses (com melhores
condições de vida) tinham mais do que dois filhos, o que levou o autor a verificar e
assinalar essa altura como um inicio de expansão demográfica.

Geroges Duby e Guy Fourquin: afirmam ser durante o século XI (rever)

Pode quantificar-se?
Apenas em alguns lugares em específico, onde encontramos algum tipo de fontes que
nos permitem constatar esse aumento populacional; e é a partir daqui que alguns
historiadores fazem algumas suposições, mas que nos servem para constatar que
realmente houve um aumento populacional. (Provença, Picardia, Inglaterra)

Quais foram as causas?


Teorias malthusianas (Thomas Malthus, 1766-1834: onde afirma-se que o
crescimento demográfico depende dos recursos alimentares
Ester Bosrup: acredita que nessa altura, surgiram uma serie de instrumentos que
permitiram uma produção alimentar mais estável – o crescimento demográfico é que
comanda o desenvolvimento agrícola.
Outros factores: “casamento” dos escravos, clima mais clemente e seco, fomes
e epidemias menos numerosas, paz política

As Arroteias: Campanhas feitas que se baseavam em arrancar árvores, ou arbustos,


para depois começarem a ser plantados. Ou seja, arrancam a vegetação de inicio,
para iniciarem uma nova. Para poderem a cultivos, zonas que nunca tinham sido
cultivadas, ou até zonas que ocupavam as florestas

→ Sistemas de cultivo primitivo:


● Pousio - florestas
● Pousio – arbusto

→ O pousio curto

→ As 3 formas de arroteias:
● Extensão do terreno arável em torno das aldeias – muitas vezes as
pessoas instalavam-se em florestas, por exemplo, para produzirem, e
trabalharem o terreno.
● Desbravamento a partir de clareiras a partir de clareiras no interior de
áreas incultas – isto acontece em campos fechados, que têm de ser
protegidos dos animais
● Iniciativas senhoriais - quando os senhores descobriram que os
camponeses tinham estas campanhas de alargamento das suas áreas
de cultivo; os senhores optam por começar a chamar outras famílias
camponesas para se instalarem nos seus domínios, para assim, estes
camponeses começarem a praticas a atividade da arroteia.

Os progresso técnicos na agricultara


● Aumento do número das lavras
● Adopção de sistema de rotação – abrange todo o terreno da aldeia, ou seja
toda a aldeia decida deixar uma área para cada uma dos tipos de cultivo e
afolhamento – consiste na divisão de cada propriedade em três folhas (se
foram trienal, porque se for bienal, é em apenas duas folhas), ou seja áreas
que são dedicadas a um tipo de cultura diferente, ou pousio. Cada camponês
decide como vai organizar o seu terreno e divide-o nestas folhas.
(Em vez de bienal – que se baseava num ano de cultivo e num ano de pousio)
● Aperfeiçoamento do instrumento aratório
→ Arado reforçado com ferro
→ Charruas mais numerosas
→ Introdução da grade de esterroar – uma especie de quadrado que tem
picos para baixo, puxados por animais, para homogeneizar a terra e
para tapar as sementes
● Novas formas de atrelagem dos animais
→ Bois: jugo frontal
→ Cavalos: ferraduras, atrelagem em fila, arreios de dorso rígidos
● Intensificação da adubagem
● Surgimento de tratados agrícolas
→ Trato de Agronomia de Walter de Hanley
→ Seneschaucy e Husbandrt, de autores anónimos

Consequências
→ Aumento do espaço cultivado
→ Recuo de incultos – que serviam para a caça, para a aquisição de lenhas,
madeiras para a produção artesanal, à colha de cogumelos e recolha do mel. –
Isto começou a escassear uma vez que os incultos foram diminuindo. Desta
forma havia uma grande diferença por exemplo na criação de gado, onde deixa
de existir terrenos suficientes para pastar os animais, que lhe forneciam o
estrume para a produção agrícola.
→ Maior produção
→ Maior comercialização
→ Dificuldades na relação agricultura/pastoreio
→ Desequilíbrio homens/terra

A sociedade senhorial
Quando a sociedade rural começou a ser pensada pelos membros eclesiásticos, a
mesma começou a ser pensada e descrita a partir do segundo quartel do século XI, e
a mesma seguia três ordens, uma teoria tripartida: oratores, bellatores, laboratores
● Gerardo de Cambrai
● Adalberão de Laon

Se de facto há inicialmente no século XI, uma terceira ordem: laboratore – a verdade é


que nos séculos XII, XIII, XIV – existem vários substratos que surgem, e algumas se
vão sobrepondo a outros.

O debate em torno do Feudalismo

O chamamos a feudalismo, são os laços que se estabelecem entre os mais


favorecidos (nobreza e alguns membros do clero - vassalos) e os mais importantes na
sociedade (suseranos).
Os membros do clero, também desempenhavam funções de proteção aos vassalos.
É possível encontrar em alguns caso, bispos e abades que são vassalos os reis.
Os laços feudo – vassálicos, estabeleciam-se entre o vassalo e o seu senhor, através
de rituais:
● Homenagem (immixtio manuum – as mãos entre as do senhor/ volo – o
homem dá a conhecer que quer ser vassalo do senhor/ osculum – onde dão
um beijo, para selar o juramente) /juramento de fidelidade – o vassalo põe as
suas mãos nas relíquias, algo importante para o reino, jurando a sua fidelidade
● Investidura no feudo - não era apenas o vassalo que jurava a sua fidelidade,
mas o senhor tinha também obrigação de lhe dar terrenos, para que o mesmo
se conseguisse sustentar. Este benefício, seria para ele e para os seus
sucessores.
● Direitos e obrigações recíprocas – aqui se estabelecia uma relação
recíproca: tinham obrigações mútuas. O senhor recebia do seu vassalo serviço
militar, auxílio económico em caso específicos – se o senhor for feito
prisioneiro, os vassalos devem contribuir; assim como se decidir casar a sua
filha, ou tornar o seu filho cavaleiro; e ainda prestar-lhe concelhos, e ajuda
jurídica.

De facto estes laços são muito fortes e implicam, um lado jurídico, de gestão e militar.

Senhorio: relações que se estabeleciam entre privilegiados e não privilegiados – onde


existiam relações entre senhores e camponeses. Uma relação de submissão dos
camponeses para com os senhores (leigos e eclesiásticos) e de todos os níveis
(senhores pequenos, ou senhores grandes – conde, duque, rei, imperador, etc)
Esta subordinação dos camponeses aos senhores deve-se a duas realidades:
● Os camponeses dependem do senhor e das terras que cultivam (as terras do
senhor) – senhorio fundiário – continuam a ser constituídos por uma reserva
senhorial e mansos entregues a camponeses (passam a chamar-se tenências,
em Portugal chamado de casais). Por estarem a plantar as suas terras, têm de
pagar impostos, e por vezes teriam de plantar as terras dos senhores (por
trabalho servil, e assalariados)
● Existiam senhores que tinham autoridade sobre os homens (direitos banais)
quando se deu a fragmentação do império carolíngios e pelas várias invasões
(que fez com que a defesa do território passa-se a ser feita pelos senhores
locais) – os tais senhores, começaram a exercer direitos régios (abusivamente
ou por direito, delegação do rei) passando a exercer todas as funções que
estariam entregues a um rei. Senhorio banal: exercício da justiça; militar
(pedem aos camponeses para acartarem pedras, para construção ou
reparações; contributos alimentares para sustentar o exercito; transporte de
matérias, e ainda pedem contributos, impostos – que antes seriam apenas
devido ao rei). Existiam também outros meios de pagamentos.

Os camponeses dos senhores


● Servos (homens de corpo) – estavam sujeitos a pagar mais impostos; seriam
descendentes dos antigos escravos. Tinham de pagar aos senhor uma taxa de
reconhecimento da sua servidão (chevage); pagavam ao senhor se queriam
pagar com um servo de outro senhorio (formariage); se tivessem bens para
transmitir aos seus descendentes; e cada vez que o senhor quisesse, podia
exigir destes servos um qualquer pagamentos (feitos em género – que
obtinham das suas próprias produções agrícolas/ mas mais no século XII-XIII –
a moeda começa a circular novamente e por isso os pagamentos começavam
a ser feitos por esses dinheiros.
Livres (vilãos)
Lavradores ricos – estes que começam destacar-se nas comunidades - obtêm
produções superiores, conseguem comprar mais terras, e ainda compram
camponeses para trabalhares com eles (existe assim
LIBERTAÇÃO DOS SERVOS – uma tentativa de libertação das imposições mais
constrangedoras – MOTIVO DAS FRANQUIAS! – São motivos de libertação dos
camponeses, em relação aos senhores e Às suas imposições. ALFORRIA –
LIBERTAÇÃO DOS SERVOS - são obtidas por pagamento, podem comprar ao senhor
a sua liberdade (CARTAS DE LIBERTAÇÃO DE SERVOS) – vão negociar com o seu
senhor, um pagamento para assim não serem sujeitos a essas taxas
Neste período (XI – XIII) - com o surgimento de zonas com os novos movimentos
agrícolas, existem algumas fugas para essas zonas, procurando novas condições de
vida. Estes homens de corpo que tinham mais impostos sobre eles, e eram mais
desfavorecidos a nível de contribuições, conseguiam libertação através de
pagamentos acordados pelos senhores.
Franquias - cartas concedidas para que ficasses registado tudo o que tinham
concedido – limitação dos seus direitos senhoriais. Ou seja, aqui ficava registado, todo
o tipo de libertações que os mesmos conseguiam.
Reconhecem a existência de comunidades camponesas, ou criam novas comunidades
em zonas onde antes não existiam.

Os senhores eclesiásticos:
Clero secular
Clero regular:
→ Beneditinos
● Cluny – dá muita importância ao esplendor do culto, à atividade litúrgica; têm
grandes explorações agrícolas, nas quais põe agentes seus para
supervisionares
● Cister – grande desenvolvimento que deram à atividade agrícola, fazendo
melhoramento de sementes, criação de gados, etc
Medicantes:
→ Dedicam-se ao pedido de esmolas, e ou até, sustentando-se pelos seus
trabalhos

Os senhores laicos: a cavalaria

A partir do ano 1000, sobretudo devido às invasões bárbaras (muçulmanos, viking), os


reis reuniam exércitos que não tinham grandes capacidades a nível militar. No entanto,
começam a criar meios de defesa da população. – Senhores locais que vêm a
substituir os reis no ofício militar, e que iram servir-se também dos cavaleiros que têm
a seu serviço.

● A EMERGÊNCIA DA CAVALARIA:
⎯ Fragmentação do poder
⎯ Violência e opressão
⎯ Tréguas – dias em que não se pode fazer guerra (domigos, natal, etc) e Paz de
Deus – que tem como objetivo protegerem as pessoas mais frágeis

● A cristianização da cavalaria
⎯ Cruzadas e ordens religiosas - militares – 1ºcruzada – 1095 – obteve muito
sucesso porque os monarcas estavam preparados para partir para a conquista
de locais onde Jesus Cristo tinha estado. Nesta altura foram militares, mas
também foram populares, na conquista de lugares santos. – Seria uma espécie
de peregrinação armada. Os lugares santos foram realmente libertados, e ficou
instaurada uma presença cristã. (houveram várias cruzadas) / Ordem teutónica
/ Ordem de calatrava/ Ordem de Santiago da Espada/ Ordem de Alcântara /
Ordem de Avis – cavaleiros de Évora, quando a mesma fica praticamente
sozinha no meio de um território muçulmano. / Ordem de Cristo – 1319 –
fundada por D.Dinis
⎯ Ideal cavaleiresco (REVER)
⎯ Ritual de armar cavaleiro – entrega das armas ao jovem que se tornava
guerreiro – uma demonstração da capacidade aquele que recebia a arma para
resistir ao contendor que encontrava na guerra. É cristianizado. Ao longo de
toda a idade média, a bênção de armas, locais, leito nupcial, etc era muito
comum, e tinham um sentido muito profundo, era muito importante porque era
no fundo uma forma de trazer ao objeto e à função que vão desempenhar
muito sorte de “proteção”. Na véspera do dia de ser promovido a cavaleiro, o
mesmo dedicava-se à reza, à meditação sobre as suas funções, etc. No
entanto continua a ver um ritual de investidura de cavaleiros num contexto de
guerra – ou seja daquele que se destacava nas guerras, como foi feito por D.
Dinis aos seus filhos (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique)

Os senhores Laicos: o rei e a nobreza


● O modo de vida aristocrático
● A hierarquia dos laços feudo - vassálicos
● A lenta recuperação dos poderes do rei

(REVER AULA)

(VER AULA DE DIA 27/11)


Artesanato e os ofícios
● Na origem, seria um agrupamento espontâneo em confrarias. - Os rurais que
chegassem à cidade (vindos do campo) procuravam locais onde estivessem
alojados pessoas que vinham dos mesmos locais que eles, ou que se
dedicassem aos mesmos ofícios. E agrupavam-se nessas confrarias para
conseguirem apoio nas suas dificuldades; para estabelecerem relações entre
si, organizando banquetes, convívios, etc.
● Só depois, constituição de corporações de ofícios – Estava mais associado às
práticas de trabalho.
● Regulamentos ainda mais tardios

Características dos ofícios


● Três níveis de qualificação:
⎯ Aprendizes – podiam ter muitas vezes 13 anos. eram colocados pelos pais
(que pagavam) em casa dos mestres, para assim aprenderem os rudimentos
da profissão e assim passavam a companheiros.
⎯ Companheiros – agentes de produção de manufacturados; eram remunerados
e já se encontravam nas oficinas (no entanto alguns não conseguiam ascender
a mestres – necessitavam de ter formas de se sustentarem – comprar as suas
próprias oficinas, os seus próprios materiais; tinham se fazer parte da
corporação – que era paga. Ou seja tinham e precisavam de ter um bom
capital.)

● Direção colegial (juranda) – juramentos (??)


● Limitação de concorrência – como o nome indica, era uma forma de evitar
concorrências e limitava a vinda de pessoas para as cidades. Impunha uma
série de limitações e regras, que acabavam por dificultar também o
desenvolvimento das profissões artesanais.
● Unificação dos processos de fabrico
Participação dos ofícios nos governos urbanos

Principais ofícios medievais:


● Satisfazendo necessidades elementares:
⎯ De abastecimentos
⎯ De artigos correntes – artigos de vestuário e calçado (sapateiros e
alfaiates), mas também todos aqueles que produzem materiais usados
diariamente (cestas, talheres, instrumentos de trabalho)
● Virados para a exportação:
⎯ Lã e outros têxteis (seda, linho)
⎯ Alúmen – material que serve para endurecer as pelas da curtimenta
⎯ Metas – foi muito importante ao longo da idade média – para a
produção de armas e instrumentos de agricultura. E ainda a extracção
do ouro e prata para a produção de moeda
⎯ Vidro

A cidade Amuralhada:
⎯ Os “outros”:
● Prostitutas – falamos delas desta forma porque estão muito presentes nas
cidades medievais, bairros ou ruas destinados às prostitutas. – Estas que não
se queriam misturadas com as mulheres “sérias”.
● Judeus – bairros
● Mouros
● Estrangeiros

Os Arrabaldes – um território logo a seguir às cidades. Bairros que vão surgindo fora
das muralhas onde a população que vem do campo se vai instalando, onde vão
construindo as suas casas e vão construindo as suas lojas, oficinas, etc. Se há uma
ameaça militar, podem haver necessidade de evolver esses arrabaldes com um novo
elevação de muralhas, para que estes não sejam destruídos completamente. –
Acabam alguns por serem absorvidos. Há cada vez mais cidades que têm arrabaldes
bastante amplos.

Zona Periurbana – zona já rural em torna das cidades

(Rever ULTIMAS PARTE)

11/12

Circulação monetária, comércio e mercadores

Os mercadores ou comerciantes em geral, serão uma importante parte da população


urbana e vistos como uma elite da população urbana. Constituem-se como a elite
urbana e em muitos casos vão conseguir mobilizar os seus “superiores”.

Os transportes e a moeda
● Os transportes:
→ Terrestres - eram os mais difíceis porque as estradas do mundo romano já se
encontravam degradadas e não existiram trabalhos de manutenção. Passa a
existir estradas de terra batida, muito difíceis de utilizar especialmente no
inverno. Existiam portagens – taxas sobre o transporte de mercadorias nos
seus senhorios – era portanto caro. No entanto houve melhorias – as
atrelagens nos animais, os bois foram substituídos pelos cavalos.
→ Fluviais – eram mais baratos e mais fáceis e capaz de transportar mercadoria
mais pesadas. Eram utilizados os rios na sua maior extensão, e começaram a
ser construídos canais ligando os rios uns aos outros.
→ Marítimos – não cobravam portagens (apenas quando chegavam aos portos,
por isso tentavam evitar), mas estavam sujeitos a ataques de piratas. Existe
um progresso técnico das navegações a alto mar (astrolábio, leme de cadaz,
bússola). Houve alguns avanços na construção naval – no norte utilizava-se
sobretudo a construção dos vikings (dracar), mas no inicio do século XVIII
surge a coca, que podia movimentar-se de forma mais eficaz. Surge mais tarde
a galera – construída para resistir aos ataques e tinha um sistema complexo de
mastros e velas.
Surgiram as gruas para colocar e retirar as mercadorias dos barcos, assim como a
construção de diques.

● A moeda – sabemos que com as reformas monetárias introduzidas por Carlos


magno, a moeda passou a ser produzida em prata. A grande novidade é a
reintrodução do ouro. Era feito pagamento em género, mas volta-se ao
pagamento em moeda (que não tinha muito valor)

→ Introdução da Moeda de conta – apenas uma forma de exprimir valor que


pudessem ser comparáveis. O sistema da libra – soldo – dinheiro: 1 libra = 20
soldos; 1soldo= 12 dinheiros.
→ Reintrodução da moeda de prata e de ouro

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