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Bibliografia:
● Alain Guerreau, Le futur d'un passé incertain. Quelle historie du Moyen Âge au
XXI siecle
● Jacques Heers, A Idade Média, uma impostura
AULA 1
Vários foram os autores que censuravam a Idade Média, entre eles, Francesco
Petrarca.
Petrarca, foi um intelectual, poeta e humanista italiano. Viajou pela Europa e durante
as suas viagens, coleccionou manuscritos latinos antigos e assim, tornou-se um dos
primeiros a redescobrir o conhecimento da Roma Antiga e da Grécia Antiga.
O poeta, teria um certo desgosto pelo papado, o que o fez dedicar-se por completo ao
estudo da Antiguidade Clássica, considerando, existir uma espécie de superioridade
artística (autores, escultores, pintores, etc.) dessa mesma época, relativamente ao do
seu tempo.
De acordo com alguns autores renascentistas, como é o caso de Petrarca, esta Idade
Média, tratou-se de uma época de trevas, uma época desprezível, de constantes
perseguições, sangue e torturas. Mas sobretudo de total ignorância, onde o sábio
italiano Petrarca refere-se a um declínio na qualidade da literatura da época
comparativamente aos tempos da Antiguidade Clássica; chegando mesmo a cunha-la
com a conhecida expressão de “Idade da Trevas” (1330).
● Media Aetas
● Medium Aevum
(idade média)
O iluminismo:
A. Guerreau afirma que os iluministas tiveram uma grande importância. Até ao período
iluminista a sucesso dos tempos, dos reinos, das épocas, era resultado de uma óbvia
instabilidade superficial, porque eles tinham uma concessão da humanidade como
sendo fundamentalmente, sempre os mesmos – ou seja, uma consciência humana
que era sempre igual e não afectava profundamente o ser humano. Existia assim, um
movimento de rotatividade. Os iluministas consideram-se como totalmente diferentes
das épocas anteriores, estas vistas como evidentemente, piores.
O termo “luzes” sugere que o que tinha até aquela altura reinado, era a “escuridão”.
A idade média ficou vista como uma época negra e violenta, ideia propagada pelos
intervenientes da Revolução Francesa (século XVIII – XIX).
O século XX
A história continua a interessar-se pela idade média.
● O movimento do Annales (história total; a história “em migalhas”)
● A história marxista (interessavam-se pela sucessão de períodos históricos -
feudalismo – algo que cobriu praticamente quase toda a idade média)
● A história pós-moderna
Marcos cronológicos:
Início
⎯ Christoph Keller - A conversão de Constantino ao cristianismo (séc. IV)
⎯ Edward Gibbon - Invasões barbaras (séc. V)
⎯ Henri Pirenne - Invasões islâmicas (séc. VIII) – quando o Mar Mediterrâneo se
transforma num lago praticamente muçulmano
⎯ George Duby, Pierre Bonnassie, Pierre Dockès - Revolução feudal/ mutação
feudal (séc. XI)
Fim
⎯ Christoph Keller - A conquista de Constantinopla (1453)
⎯ Karl Marx - Revoluções burguesas (Séc. XVIII)
⎯ Jacques le Goff – Com a revoluções, dá-se o fim do senhoria e do poderia da
igreja (Séc. XVIII)
Cronologia Fina:
Aula 2
Germanos:
→ Nómadas
→ Pastores e cultivadores
→ Guerreiros a cavalos
HUNOS
A primeira vaga (séculos IV-V) desencadeou-se devido aos hunos, que ocuparam o
território dos godos, que por sua vez se retiraram para o Império Romano. Assim, os
hunos nesta fase não entraram directamente em contacto com os romanos, tendo
apenas empurrado outros povos, tendo-se eles fixado na Panónia. De facto, eles
estabelecem até um feudo com o Império Romano, tendo-o defendido de outros
povos. Só quando Átila começa a reinar é que os hunos se viram contra o Império
Romano, primeiro contra o império do oriente (a região de Constantinopla,
principalmente). Os quinze primeiros anos do reinado de Átila são marcados por
saques à região de Constantinopla, mas a partir de 451 Átila começa a lançar os seus
ataques para ocidente, atacando a zona do Reno e Danúbio, chegando até à atual
Bélgica, em 452 dirige-se ao sul, em direção à Itália. Mas em 453 ele morre e os
hunos desagregam-se e deixam de constituir um perigo para o Império Romano.
GODOS
De facto, tinham sido os godos a precipitar a primeira vaga de invasões. Essa chegada
foi tremenda. Os godos têm a sua origem na Escandinávia, depois passaram a zona
litoral do Mar Báltico, depois foram para a Polónia e para o sul da Alemanha e depois
estacionaram no Danúbio, onde os hunos os encontraram. Esses godos vão-se dividir
em dois grandes grupos, os visigodos (godos de leste) e os ostrogodos (godos de
oeste), estando em contacto com os romanos durante muito tempo, fazendo até trocas
comerciais. Em 238 eles fazem raides no império e o imperador entrega-lhes a
província da Mésia.
Eles permanecem aí durante algum tempo, mas em 375 os hunos derrotam-nos e o rei
ostrogodo suicida-se, juntando-se grande parte dos ostrogodos aos hunos. Outra parte
junta-se aos visigodos, cujo chefe solicita ao imperador do oriente que eles se
pudessem instalar pacificamente na região do Danúbio (já em território romano), o que
o imperador Valêncio acede, ficando eles instalados na Trácia. No entanto, devido à
falta de cumprimento das promessas de Valente (devido à corrupção dos funcionários
romanos), os visigodos atacam o imperador e em Adrianópolis dá-se a grande derrota
dos romanos face aos visigodos, morrendo grande parte das chefias militares
romanos. No entanto, um ano mais tarde quando eles voltam a tentar atacar
Constantinopla o imperador Teodósio consegue vencê-los e volta a coloca-los na
Mésia.
Quando os visigodos são chefiados por Alarico, eles vão dirigir-se para o ocidente
(visto que não conseguiam alcançar Constantinopla), instalando-se primeiro junto da
região de Veneza, encaminhando-se depois para Milão, aproximando-se depois das
portas de Roma, pagando a cidade um pesado tributo a Alarico para não ser atacada.
No entanto, Roma é pilhada por Alarico em 410 quando os romanos decidem não
pagar o tributo aos visigodos. Para além de a cidade ser pilhada foram também feitos
prisioneiros importantes personagens que estavam na cidade, como a própria irmã do
imperador.
Entretanto Alarico morre e o seu sucessor casa com a irmã do imperador, firmando o
seu poder e tornando-se uma autoridade importante da região. Sob o comando de
Ataúlfo (o sucessor de Alarico) os visigodos dirigem-se para o sul de França, onde
conquistam Narbonne, Toulouse e Bordéus em 413, constituindo-se aqui o primeiro
reino visigodo. O rei atravessa até os Pirenéus, tentando a sua sorte no norte da
Península Ibérica, mas foi assassinado perto de Barcelona, percebendo os seus
sucessores que têm demasiada resistência na península.
Apenas quando os francos se começam a instalar no sul da Gália é que os visigodos
se dirigem para a península Ibérica. Em 498 Clóvis vence os visigodos, fazendo-os
abandonar a região da Provença. Os visigodos espalham-se então pela Península
Ibérica, unificando a península (conquistando o reino dos suevos) até às invasões
islâmicas.
Atanagildo, chefe dos visigodos, forma um reino na Península Ibérica. Os mesmos estavam antes no
território da França, mas acabaram por ser expulsos pelos Francos.
Na península ibérica, os visigodos, vêm-se obrigados a compartilhar o território e a conciliar-se com os
suevos (estes que consequentemente foram absorvidos/ conquistados pelos Godos)
OSTROGODOS
Quanto aos ostrogodos, vimos que uma parte acompanhou os visigodos e que outra
parte ficou na alçada dos hunos, tendo ficado na zona da Panónia. Eles acompanham
os hunos nas suas expedições e depois vão obter um feudo do imperador do oriente
(em 455). Para selar este acordo, Teodorico é levado para Constantinopla e é aí
educado. Quando volta ele mobiliza os ostrogodos para enfrentar os romanos,
tentando conseguir um novo feudo, mas o imperador Zenão propõe a Teodorico que
vá para ocidente e consiga destituir Odoacro, o bárbaro que tinha destituído o
imperador do ocidente, Rómulo Augusto. Teodorico consegue vencer e matar o
usurpador em 493 e constitui um reino na Península Itálica e que durante toda a vida
de Teodorico se mantém em paz com o imperador do oriente, considerando-se eles
vassalos desse imperador. O seu sucessor (o seu neto) ainda não tinha idade para
governar, e como a sua mãe se tornou regente, o imperador do oriente utiliza esse
pretexto para tentar reconquistar a Itália e recuperar o poder do ocidente.
Em 375, quando os hunos precipitaram os godos sobre Roma, eles também
desestabilizaram os alanos. Estes vinham também das estepes. Quando os hunos os
atacaram eles começaram a subir pelo vale do Danúbio e foram subindo para o Reno,
tendo provocado com outros povos o rompimento da fronteira do Reno. Eles
vaguearam pela Gália, tendo depois seguido caminho para a Península Ibérica, onde
não se estabilizaram muito tempo, tendo depois seguido caminho para o norte de
África. Alguns alanos ficaram na Gália e estabeleceram acordos com os romanos.
Após a morte de Teodorico (526), e devido à morte do seu filho, Eutarico (523), Atalarico (Neto de
Teodorico), surgiu como sucessor. No entanto, por ser ainda menor, Amalasvinta, sua mãe assumiu o
papel de supervisora do reinado do filho. Temendo ser afastada e desprezada pelo povo (“fraqueza do
sexo”), vê-se obrigada a aliar-se ao seu primo, este que a afasta do reino.
É neste momento que o Imperador do Oriente, Justiniano, toma como pretexto todo o sucedido em Itália,
e tentar conquistar o território. Tem como resultado uma guerra que durou cerca de 20 anos e que
resultou no massacre e na considerável despovoação da Itália. Como consequência, os ditos vitoriosos
encontravam-se incapazes de resistir à vaga das próximas invasões.
ALANOS
Os Alanos passaram o Reno, atravessaram toda a Gália e instalaram-se na Península
Ibérica. Instalaram-se também no Norte de África, tendo passado pela França,
Alemanha, Espanha e pelo Estreito de Gibraltar. Mais um povo que conseguiu
ultrapassar os Limes1 romano. Tratava-se de uma fronteira carente de protecção
militar, pois o exército romano optou por se instalar em massa na fronteira do Danúbio
1
Nome dado à fronteira (conjunto de fortificações, delimitações) do Reno, de onde vêm os Alanos, os
Vândalos, os Suevos, etc.
Os Alanos foram vitimas dos ataques por parte dos hunos (460), sendo assim
obrigados a estenderam-se para a zona do Danúbio (de onde teriam originado muitas
invasões).
VÂNDALOS
Quanto aos vândalos, eles eram também germânicos, tendo estado no Báltico,
dirigindo-se depois também para o sul, dividindo-se em dois grupos. Quando eles
entraram na Península Ibérica eles dividiram-se em duas regiões diferentes.
Entretanto, os visigodos atacaram a Península Ibérica e os vândalos decidiram
acompanhar os alanos e passar para o norte de África e no ano de 429 vândalos e
alanos atravessaram o estreito de Gibraltar, entrando nas províncias romanas do norte
de África. Eles tiveram uma muito rápida progressão (porque havia uma administração
romana pouco numerosa) tendo conseguido chegar a Cartago em cerca de um ano,
onde depararam com alguma resistência das autoridades romanas, tendo obtido a
proposta de um acordo de feudo. Mas em 439 eles decidiram pôr fim ao acordo, tendo
invadido Cartago e toda a província. A partir de Cartago eles começaram também a
fazer ataques e pilhagens marítimas, tendo atacado a Sicília, as Baleares, a Córsega,
a Sardenha e em 455 atacaram a cidade de Roma. No entanto, Genserico morre em
457 e a partir da sua morte os vândalos vão-se dispersar e desorganizar, conseguindo
o imperador do oriente (justiniano) reconquistar o norte de África.
Em 406, entraram outros povos pela fronteira do Reno, entre eles os Suevos.
SUEVOS
Quanto aos suevos, eles tinham estado também no Mar Báltico e eram de origem
germânica, tendo-se dirigido para o sul durante bastante tempo, tendo atacado e
assimilado outros povos. A sua primeira incursão na Gália foi no tempo de Júlio César,
onde foram vencidos, tendo apenas regressado em 406 nas grandes invasões, tendo
percorrido toda a Gália, chegando à Península Ibérica, onde formaram um reino na
zona da atual Galiza. No entanto, com a chegada dos visigodos eles começam a
sofrer algumas dificuldades, quando estes se procuram estender para lá do seu
território inicial, ao mesmo tempo que Justiniano procura reconquistar a Península
Ibérica entrando pelo sul, havendo no século VI um clima de guerra constante neste
território, até que em 585 os visigodos se conseguem apoderar de todo o território
peninsular.
(Os visigodos que estavam instalados na Gália, são apenas derrotados pelos francos, e dessa
forma tentam dirigir as suas atenções para a Península Ibérica.)
BURGÚNDIOS
Quanto aos Burgúndios, eles eram originários do Mar Báltico, tendo-se dirigido para
sul, e é durante a invasão de 406 que penetram no Império, atravessando o Reno e
fixando-se no sudeste de França. Depois de se instalarem ai tentam dirigir-se cada vez
mais para o sul, visto que todas as tentativas em direção ao norte foram contrariadas
pelas autoridades romanas da região, sendo em 443 que eles obtêm um acordo de
feudo para a região de Genebra, onde vão combater outros povos como os hunos e os
suevos. É a partir dessa região que eles se estendem ao longo do vale do rio Ródano
até Lyon, onde eles estabelecem um reino até 533, quando eles se estabelecem ao rei
dos francos.
Vieram da fronteira do reino, e instalam-se na margem esquerda de rio e já no interior do império. 413,
fazem um pacto de feudo com o imperador Honório, o que os permite ficarem no reino. Mais tarde, têm
interesses de aumentar o território, mas são derrotados pelos romanos. O povo volta a eleger um rei, e
em 433 voltam a conseguir um feudo, e instalam-se na Sapaudia, mais no interior do reino. Este povo é
utilizado como força militar, e com este tipo de poder alargam o seu território, criando ainda o seu reino
que dura até o mesmo ser tomado por francos.
PICTOS
Além disso, há também povos vindos do norte, os pictos. Mas se inicialmente os
romanos tinham uma estrutura capaz de defender a Bretanha, com as invasões da
Gália eles tiveram de abandonar a Bretanha. Isto porque os romanos vão defender a
Gália, deixando o caminho livre aos bretões autóctones para reconquistar o poder e
aos saxões acabados de chegar, sendo que estes chamam reforços a partir de 449.
Esta conquista dos saxões faz-se a partir de três núcleos, o estuário do rio tamisa, o
estuário do rio Humber e os Fens (?). Isto faz com que os bretões vão fugindo para
oeste, quer para o território de gales, quer para o da Cornualha, é aí que se
concentram e depois emigram para a Gália para a província da Armórica, mais tarde
chamada de Bretanha (na França).
ESCOTOS
Depois, a costa norte começa a ser atacada pelos escotos (um povo da Irlanda), que
se instalam na região da Escócia, eliminando os pictos (povo autóctone da Escócia). É
praticamente desde o século V que os bretões começam a emigrar em massa para a
Armórica em França, mas é sobretudo a partir de 550 que essa emigração se
intensifica e que origina a transformação do nome desse território.
A 2ªvaga de invasões (sécs. V-VI):
Esta segunda vaga de invasões é feita por povos menos conhecidos que os
anteriores, sendo também mais lenta, ainda que mais segura, havendo uma instalação
progressiva e duradoura destes povos nos territórios que eles vão conquistando.
Assim, mantendo-se em contacto com os territórios de origem eles podem também
pedir novos reforços. Esta segunda vaga leva para dentro do império massas e
massas de agricultores.
FRANCOS
Os mais conhecidos são os francos. Este também é um povo germânico. Eles são um
povo de oeste e estariam originalmente instalados no curso médio do Reno, tendo
contacto com os romanos, e quando houve as primeiras invasões eles também
entraram dentro do império e foi-lhes proposto um feudo (237-238) para defender o
império. A partir do século III verifica-se que há vários corpos de bárbaros dentro do
exército romano, e vai-se encontrando cada vez mais oficiais francos no Império
Romano. Para além de serem soldados também havia tribos francas que eram
instaladas como colonizadores agrícolas, tendo de pagar uma renda aos romanos.
Portanto, há já um conjunto de gente franca no interior do império. E de certa maneira
é por isso que os francos não vão participar na invasão de 406. Eles já lá estavam e
nalguns casos até foram eles que combateram os outros bárbaros. Mas algumas tribos
que não estavam ligadas aos romanos decidiram aproveitar a desorganização para
avançar um pouco mais e instalarem-se na Renânia.
É com a subida ao trono do rei franco Clodoveu (ou Clóvis) em 481 que a história dos
francos começa a tornar-se mais importante, na medida em que é ele que inicia a
unificação dos diferentes reinos, ao mesmo tempo que tenta eliminar a última
autoridade romana existente na Gália. E quando tem a certeza que já não tem
romanos para se lhe opor ele começa a lutar contra os outros reis francos, começando
depois a atacar os outros povos bárbaros em seu redor, como os turíngios em 491 e
os alamanos em 495, unificando todo o oeste da Gália. Depois ele vira-se para o sul,
atacando os burgúndios. Outro aspeto importante com este rei é a sua conversão ao
cristianismo, o que lhe permite estabelecer boas relações com o papa, sendo visto
como um possível aliado e não como uma ameaça para a autoridade da Igreja.
Clodoveu morre em 511, havendo com os seus descendentes algumas conquistas
militares. Em direção ao ocidente eles conseguem conquistar toda a Gália, restando
apenas os bretões (vindos das ilhas), no sudoeste eles vão ocupar a Gasconha e o
reino Burgúndio acaba por ser vencido e anexado em 533-534. Quanto à província
ostrogoda é também ocupada em 537. Eles ocupam assim praticamente toda a Gália.
Apesar de terem uma grande expansão durante o século VI, no século VII eles
começam a ter alguns problemas.
ALAMANOS
Os Alamanos não constituem império importante, foram principalmente cultivadores,
espalhando apenas a sua língua e cultura. Ficaram junto aos Alpes, que mais tarde
constituiu um ducado sobre autoridade do reino Franco.
Eles começam por ser um conjunto de tribos dispersas, estando instalados nos
Campos Decumatos, uma das primeiras regiões a ser abandonadas pelos romanos.
Eles vão fazendo algumas incursões mais são sempre obrigados a voltar aos seus
territórios. No rompimento da fronteira do Reno eles instalam-se na Alsácia e vão
continuar a progredir como agricultores e colonos rurais.
A oeste os francos conseguem pará-los, mas eles viram-se para o sul, para a região
da atual Suíça. Também em direção ao império do oriente eles fazem algumas
incursões, instalando-se durante algum tempo na região da Rétia. Mas como eles
tiveram uma escassa ação militar, sabemos apenas que eles se instalaram de uma
forma bastante duradoura conseguiram alterar a língua falada nos locais.
BÁVAROS
Os Bávaros são um povo germânico que aparecem nos escritos do séc. VI.
Instalam-se numa região alemã (atual Baviera) e colonizam essa região em bases
agrícolas, ficando mais tarde, também sobre tutela dos francos. (Não se organizaram como
estados, e por isso foram vencidos e tutelados pelos francos.)
São povos muito importante na sedentarizam e aculturação das regiões onde se
instalaram.
Quanto aos bávaros, eles têm uma origem ainda mais tardia, e em 551 eles já se
encontravam no território da Baviera. Quando se fala deles eles já lá estão. Pensa-se
que vieram da Boémia mas não há grandes certezas. Pensa-se que foi nos finais do
século V que eles avançaram para esta região porque os povos da Baixa Áustria
avançaram para a Panónia. Os bávaros estavam organizados em ducados (ou
espontaneamente ou por influência dos francos) e no século VII tornam-se
independentes dos francos com a decadência da dinastia merovíngia (como
aconteceu com os burgúndios e os alamanos).
● O que aconteceu depois das duas vagas de invasões?
Após a segunda vaga de invasões aparentemente os bárbaros do ocidente pareciam
ter atingido uma espécie de estabilidade, tendo cada povo dominado uma das regiões
do Império Romano. Mas houve um acontecimento que perturbou esta divisão estável
das populações bárbaras, foi a reconquista de Justiniano.
A reconquista de Justiniano:
Justiniano beneficiou de uma conjuntura extremamente favorável (mas limitada no
tempo) e conseguiu reconquistar alguns territórios do Império Romano do Ocidente.
Ele tinha conseguido a paz com os persas, por outro lado ele só consegui pagar os
tributos aos imperadores persas porque o império viveu um período de florescimento
económico, o que também lhe permitiu equipar o exército.
Por isso, a partir de 527 ele inicia a política de obtenção da paz no oriente para tentar
reconquistar o ocidente para o império. Assim, em 533, tomando como pretexto uma
alteração de quem estava no trono vândalo, ele envia o seu general Belisário para
combater os vândalos no norte de África, que ele consegue vencer em poucos meses,
que fica nas mãos dos bizantinos durante mais um século e meio.
Em 535 ele envia o mesmo general à conquista da Sicília e da Itália, conseguindo ele
conquistar Roma e depois Ravena, conseguindo capturar o rei ostrogodo em 540. Mas
depois há uma reação ostrogoda, prolongando a guerra por mais vinte anos, que
destrói a
Itália.
Por fim, ele envia o patrício Libério para tentar conquistar a Península ibérica em 534,
mas ele consegue apenas conquistar o litoral sul da Bética. Esta reconquista que fez
do Mediterrâneo um quase total lago romano foi extremamente precária e levou a uma
espécie de esgotamento dos recursos do oriente e a uma fragilização dos territórios
conquistados.
De facto a Itália ficou devastada, o que abriu as portas a novas invasões, ao mesmo
tempo que no norte de África continua a haver constantes ataques dos berberes,
sendo também a Bética reconquistada pelos visigodos.
LOMBARDOS
Similares aos povos das estepes. Muito tempo instalados perto da fronteira do Danúbio, e
muitos conseguem integrar o exército bizantino (bizantinos vistos como romanos dos oriente) –
haviam conseguido um feudo. Tornam-se aliados dos romanos, e combatem os francos e
ostrogodos vistos como umas das principais ameaças.
Instalados na Panonia, aliados dos bizantinos, são invadidos pelos Avaros.
O rei lombardo vai fazer um acordo com os Avaros, entregando o território na condição de
poderem regressar num prazo de 200 anos.
Assim em 588, os lombardos partem em direcção à Itália, conquistando-a – esta que se
encontrava arruinada pelos 20 anos de guerra entre os bizantinos e ostrogodos. É uma
conquista rápida. Tentam subir para a Gália, mas são parados pelos francos, e por isso
avançam para o sul.
Os lombardos ficam sem rei, pois o mesmo e o seu sucessor, foram assassinados.
Este povo fica sobre domínio de duques. Assim, apenas em 584 é restabelecida a sua
monarquia. – Dá-se uma guerra entre bizantinos e os lombardos.
Depois os lombardos atacam e conquistam a Itália muito rapidamente. Eles eram um
povo originário da Escandinávia, depois estiveram nas margens do rio Elba, depois
foram para a Panónia. Ficaram lá durante muito tempo e em finais do século V
começaram a agrupar à sua volta outros pequenos povos, sendo chefiados por um rei
chamado Wash (?), que estabelece relações pacíficas com os francos e o Império do
oriente, procurando beneficiar do comércio. Há vários lombardos que são recrutados
para o Império do Oriente, chegando a surgir chefes militares imperiais de origem
lombarda. Em 540 o sucessor deste rei estabelece um acordo com o Império do
Oriente para defender o império e fixar-se no interior das fronteiras.
Com Alduíno, filho deste novo rei, os lombardos iniciam a sua expansão. De facto, em
meados do século VI chega à Panónia a notícia de que vem aí de novo um povo das
estepes e que vão cair sobre os lombardos. E antes que eles cheguem e comece uma
guerra, Alduíno entra em acordo com os avaros, entregando-lhes a Panónia, seguindo
os lombardos para Itália. Eles conquistam Aquileia, depois vão devastar toda a região
do Venetto. E depois vão também atacar e conquistar Milão e toda a planície do pó,
bem como as fortalezas dos Alpes onde se fazia o comércio entre Itália e o norte da
Europa.
Entre 569 e 572 eles conquistam todo o norte da Itália e como os francos lhes
bloqueiam os caminhos para norte, eles viram-se para sul, invadindo a Toscânia e o
Lácio, chegando a Roma, deparando-se com os bizantinos, mas sem conseguirem
substituir totalmente os bizantinos.
Alduíno é assassinado em 532, tal como o seu sucessor em 534, porque os lombardos
estão organizados em ducados, não havendo uma regra sucessória, eliminando-se os
pretendentes ao trono uns aos outros. Assim, os lombardos ocupam o norte e o sul de
Itália, ocupando os bizantinos uma faixa central da Península Itálica.
AVAROS
Vêm das estepes, e instalam-se na Panonia.
Constituem um feudo com o império romano no oriente. Rapidamente começaram a desobedecer aos
romanos, e começaram a conquistar o território. E assim, rapidamente será combatido pelo imperador do
oriente, mas também pelas monarquias bárbaras que os mesmos começaram a atacar.
Os Francos atacam-nos e fazem com que os Avaros desaparecem praticamente do mapa.
A fuga dos lombardos para a Itália deu-se por causa da chegada dos avaros, que se
vinham a deslocar para oeste sob pressão dos turcos. Justiniano não lhes permitiu a
entrada no império, tendo eles ficado a rondar pelos territórios da actual Roménia,
tendo depois vencido outro povo, instalando-se depois na Panónia, onde antes
estavam os lombardos.
Depois o imperador tenta fixá-los através de um pacto de feudo, que durou pouco
tempo, constituindo-se assim um reino avaro que vivia da pilhagem e dos tributos
pagos por outros povos circundantes. Vivendo assim como os hunos, pilhando todos
os anos as regiões circundantes.
Só no tempo de Carlos Magno, em pleno século VIII é que os avaros sofrem uma
derrota muito penalizadora em 796 às mãos do chamado Pepino de Itália (filho de
Carlos Magno), o que fez com que os povos seus aliados tenham fugido,
desaparecendo assim completamente o povo avaro.
Estas são as chamadas Invasões Bárbaras. Estas não foram as últimas (as invasões
não acabaram no século VIII), simplesmente nesta altura já não havia o Império
Romano organizado para se defender.
(analisar autores)
Peter Brown – O mundo da Antiguidade Tardia – propôs uma transformação do mundo
romano, em algo diferente – a chamada antiguidade tardia, baseando-se no estudo do
império do oriente e na cultura.
ESLAVOS
Chegam a partir do século IV, porque por um lado poderiam já não ter recursos nos
locais onde habitavam; ou porque outros povos se tentavam apoderar do território
onde estavam.
Vinham das estepes da atual Ucrânia; eram pagãos e a partir essa região
expandiram-se para todas as direções. Embora tenham uma progressão lenta e
segura (progressão agrícola), deixam poucas marcar da progressão.
Deixam poucas marcas de progressão. – Em direção à margem do Danúbio, este povo
é utilizado pelos bizantinos para combater outros povos, através dos sistemas dos
feudos – usados para combater contra os Ávaros e Búlgaros.
No inicio do século VII revoltam-se contra os bizantinos, e passam a ter uma prática,
não apenas agriculta e agrária, como também de conquista.
E assim instalam-se nas Sclavinia – pequenos estados eslavos independentes uns dos
outros e também, independentes do império bizantino, que pouco a pouco se começa
a sobrepor sobre os bizantinos a nível político, e também a nível cultural (impõem a
sua língua – línguas eslavas substituem o grego, etc).
Os Bizantinos terão muitas dificuldades em expulsar, eliminar os Eslavos, ou até
mesmo absorve-los, para terminar com a sua grande influência. Dessa forma, e para
que o consigam fazer realizam expedições militares; transferem os eslavos para a Ásia
menor; tentam ainda a conversão dos povos ao cristianismo (oriental – bizantino ou
grego); e por fim, reorganizam o território, para que a influência dos eslavos deixasse
de ter grande impacto.
BÚLGAROS
Vem das estepes da Ásia central, onde se encontravam, ao sul da atual Rússia.
Foram vassalos dos Avaros, e com a derrota destes últimos perante os Bizantinos, os
Búlgaros vão tornar-se independentes construir um grande reino, sob a autoridade do
seu rei Rubrat.
Foi constituído pelo rei Rubrat. Este morre em 662, e esse estado acaba por se
desintegrar, dando assim início a uma migração para oeste.
Para nordeste, vão constituir um império sólido e querente, denominado de grande
Bulgária, muito duradouro. E para sudoeste são oficialmente instalados pelos
bizantinos nas baixas planícies do Danúbio, mas continuam a expandir-se a mando
dos seus chefes. Finalmente no ano de 800 atingem o mar egeu ameaçando Salonica
e Constantinopla.
Em 811, assassinaram o imperador Nicéfero.
A partir desta morte do imperador do oriente, o próprio imperador dos Búlgaros morre,
e assim o povo opta por estabelecer a paz com os Bizantinos, que se convertem ao
cristianismo. 864, Bóris converte-se ao cristianismo.
Bóris, entra em acordo com os bizantinos e o seu filho Simião, tem uma educação
entre os Bizantinos. Simião tendo conhecimento do mundo dos Bizantinos acaba
mesmo por derrota-los e, tornar-se imperador do grande império Búlgaro. Em 913,
obtêm o título de co-imperador.
Há uma alternância entre luta e paz entre Búlgaros e Bizantinos.
Em 1014, os Bizantinos sobe o reinado de Basílio II vencem a Bulgária, sendo assim
integrada no império Bizantino, mas acabam por não absorver a cultura dos
Bizantinos. Constituem uma entidade com a sua cultura e costumes próprios.
MAGIARES OU HÚNGAROS
Começam com confrontos com os bizantinos mas que depois atacaram o ocidente e
chegaram a entrar em contacto com os Alemães e Franceses.
São de origem hungro-filandesa, vem no norte da Rússia e foram engrossando as
suas fileiras com povos originários de outras etnias, nomeadamente tribos turcas.
No ano de 875 atravessaram os carpatos e instalaram-se na antiga Panónia.
O imperador Bizantino tenta aliar-se aos mesmos para combaterem os Búlgaros,
portanto Bizâncio continua com as velhas práticas do império romano – colocar
bárbaros contra bárbaros.
Os Búlgaros vencem os Húngaros, e estes vão para a margem norte do Danúbio
instalando-se na planície onde ainda hoje é a Hungria.
Não conseguem também vencer outros povos, o que faz com que se voltem para o
ocidente (sobretudo em 898).
Este povo fica reconhecido pela sua brutalidade, barbari, e por ter uma forma de
combater muito parecida à dos Hunos, passam a ser chamados assim mesmo, por
alguns autores.
Faziam várias expedições, sobretudo primavera e verão, quando os seus cavalos
poderiam encontrar alimento e assim deslocarem-se mais rapidamente. Fazem
expedições em direção ao ocidente, a partir de 898.
Atacavam cidades mais ricas, para trazer riquezas para os seus territórios. São
ataques súbitos e inesperados, e por isso os reinos não tem forma de se defenderem,
por nunca saberem como vão ou quando vão atacar. Obtêm muita riqueza de
pilhagem e também muito prisioneiros, para serem seus escravos.
MAOMÉ E O ISLÃO
Maomé durante muitos anos não deu sinais especiais da sua existência, foi só ao
aproximar-se dos quarenta anos que começou a ter visões do anjo Gabriel que lhe
transmitia os ensinamentos de Deus, ao qual ele deu o nome de Alah. Ele não inventa
uma religião completamente nova, está inscrito na tradição judaico-cristã,
afirmando-se como o último dos profetas, aceitando os ensinamentos do livro (a Bíblia)
mas reivindica que é ele que vem trazer o fecho dessa tradição, é ele que fecha o
período das revelações.
Inicialmente os ensinamentos de Maomé não causaram grande perturbação no meio
de Meca onde ele iniciou a pregação, mas quando ele começa a pregar contra as
diferenças sociais, a pobreza, e sobretudo, quando ele começou a atacar as crenças
em torno da kahaba (a tal pedra negra que atraia as peregrinações que tornavam
Meca uma cidade muito rica), ele começou a deparar com alguma oposição e
começou a ser alvo de perseguições, de tal maneira que no ano de 622 ele aceitou um
convite dos habitantes de
Medina para se instalar lá e poder continuar as suas pregações. É a isso que os
muçulmanos chamam a Hégira, a passagem de Meca para Medina em 622, e é aí que
se inicia a contagem do tempo no Islão.
Quando Maomé passa para Medina ele deixa de ser apenas um chefe religioso, mas
torna-se também uma espécie de primeiro magistrado de uma comunidade de crentes
que ele passa a governar também política e administrativamente. Essa comunidade,
ou
Umma, é unida pela mesma fé em Alah. A solidariedade que era de sangue, entre os
membros do clã, é substituída por uma solidariedade de fé, e é a submissão a Deus
que define essa comunidade de crentes.
E de tal maneira Maomé consegue converter esta população que ele se começa a
sentir suficientemente forte para conquistar Meca. A primeira tentativa não funciona e
só em 630 ele consegue que a cidade de Meca se lhe ofereça, e é aí que ele destrói
os velhos ídolos (excetuando a pedra) e é imposto o culto a Alah. É a partir de Meca
que Maomé consegue praticamente unificar a Península Arábica. Todas as tribos que
ocupavam essa região ficam sob o controlo de Maomé no tempo da morte dele, em
632.
Como ele não tinha indicado ninguém para lhe suceder, quem lhe sucede é AbuBakre,
que é o chamado primeiro califa. O poder foi para ele porque antes de morrer, Maomé
tinha-o nomeado o diretor espiritual, aquele que estava encarregado de fazer as
orações, e por isso não escolheram um familiar de Maomé, que seria o sucessor
natural da família de sangue.
No entanto, em 634, Abu-Bakre morre e nomeia como seu sucessor Omar, que
durante dez anos irá chefiar a comunidade dos crentes. No entanto, em 644, ele é
assassinado. À morte de Omar foi escolhido para terceiro califa Osmão, um parente
afastado de profeta, que também vai ser assassinado em 656, e só nessa altura é que
é eleito como quarto califa o tal Ali, genro e primo do profeta, mas que nunca se
conseguiu fazer reconhecer pelos seus rivais, ele é eleito numa grande divisão dos
fiéis.
Um primo do califa assassinado vai contestar essa eleição e vai propor a Ali uma
espécie de julgamento de Deus, e antes de se defrontarem numa batalha em 658,
Mohahia consegue convencer Ali a desistir dos seus direitos e torna-se assim o
primeiro da dinastia dos Omíadas. Entretanto, Ali será assassinado em 661 e os seus
partidários tornam-se uma espécie de dissidentes dentro do movimento islâmico, são
os xiitas.
Com os primeiros califas deu-se um grande progresso da expansão islâmica, tendo-se
espalhado tanto para oriente como para ocidente. Com Abu-Bakre unifica-se a Arábia,
com Omar unifica-se a Síria e invade-se a Mesopotâmia e a Pérsia. Eles
aproveitam-se da fraqueza dos bizantinos e dos sassânidas, que se combatiam há
séculos e se enfraqueciam mutuamente. É também como Omar que se conquista o
Egito. Sob o califa Osmão fazem-se uma série de razias na Ásia Menor, conquista-se
Chipre (649) e também se inicia o percurso pelo norte de África, chegando-se até
Trípoli, na Líbia.
As primeiras expedições feitas pelos árabes eram expedições típicas de razia e só
depois é que eles vão começar a querer ocupar os territórios conquistados, dando-se
conta que é possível instalarem-se e exigirem tributos em troca da tolerância religiosa.
Inicialmente os muçulmanos deixam aos povos conquistados a sua religião, desde que
paguem pesados tributos por esse privilégio, e eram tolerantes para com os chamados
povos do livro (judeus e cristãos).
Com a subida ao trono de Moawia inicia-se a dinastia dos Omíadas, que transfere a
capital de Meca para Damasco, na Síria, e inicia-se um novo período de expansão
territorial. Em relação a ocidente, são os Omíadas que continuam a conquista do norte
de África, subindo pela Tripolitânia, fundando a cidade de Kairwan na Tunísia e
lançando expedições pelo norte de África até Marrocos. Depois, a partir do Estreito de
Gibraltar, sob o comando de Tariq, os muçulmanos passam para a Península Ibérica e
entre 711- 713 os muçulmanos conseguem conquistar quase toda a península, apenas
com a exceção das Astúrias, do País Basco e dos Pirenéus. Eles entram mesmo na
Gália, sendo apenas vencidos por Carlos Martel, o franco prefeito do palácio, na
Batalha de Poitiers.
No entanto, eles continuam a tentar instalar-se no sul da Gália através da sua pirataria
e vão conquistar ainda a Sicília, em 830, e vão-se instalar também em Fraxinetum,
que é uma povoação no sul de França, que é uma espécie de ninho de piratas de
onde fazem expedições marítimas de saque. Portanto, em inícios do século VIII, a
costa sul do Mediterrâneo pertence aos muçulmanos, e por isso a costa norte está sob
constante ataque dos muçulmanos.
Em direção a oriente também houve conquistas neste período. Depois da submissão
da Pérsia dá-se a submissão do Afeganistão, em 651, depois a ocupação da
Transocceana, em 674, a invasão do Turquestão chinês e por fim a chegada à Índia
em711.
Apesar de todas as conquistas, a dinastia Omíada sofreu sempre com a oposição
interna dos descendentes de Ali, e portanto eles vão ter que os combater
constantemente, e por volta de 750 eles vão acabar por sucumbir perante uma grande
rebelião feita pelos descendentes de um tio de Maomé, que era Al-Abass, apoiados
também pelos xiitas. E será um membro dessa família, chamado Abu Al-Abass, que se
consegue proclamar califa, vencendo e exterminando os Omíadas, exceto um, Abdal
Uman I, que fugiu para a Península Ibérica e foi ele que fundou o Emirado de Córdova,
sendo aqui reconhecido como o continuador dos califas anteriores.
A dinastia Abássida mudou a capital de Damasco para Bagdad e isso dificulta mais os
contactos para o ocidente, sendo que o primeiro problema que se destaca é o Emirato
de Córdova. A partir de 756 há uma série de outros reinos que se vão autonomizando,
em Marrocos, na Tunísia, no Egito, na Síria. Assim, embora este seja considerado um
dos períodos áureos da civilização muçulmana ele é um período de fraccionamento.
VIKINGS
Por fim, houve também as invasões dos bárbaros vindos do norte, os vikings. Estes,
escandinavos ou normandos, vieram da Escandinávia, e pensa-se que terão emigrado
pelas mesmas razões, i. é, por falta de recursos alimentares e excesso de população.
Em 793 há a primeira referência de um ataque de homens vindos do norte no Mosteiro
de Lindisfarn. No início do século seguinte o Mar do Norte está já infestado por estes
povos, sendo que eles se deslocavam em barcos muito ligeiros que lhes permitiam
deslocar-se pelos mares e mesmo pelo interior dos rios., aproveitando-os para atacar
as cidades do interior. Dentro dos normandos podemos considerar três povos
diferentes com três linhas
de atuação diferentes.
● Noruegueses – pequeno grupos, que se dedicam à pilhagem e à conquista de
territórios para cultivação.
Descobrem as ilhas de
Descem a Islândia, a Vislândia e Grelândia.
Vão ter uma expansão longínqua, e colonizam algumas ilhas do atlântico norte
que ainda hoje estão ocupadas.
Expandem-se para norte, procurando territórios para se instalar e colonizar.
Eles descobrem e colonizam as ilhas Far Oer e Orcades, são eles que se
instalam na Escócia e na Irlanda, descobrem a Islândia e a Grelândia e
pensa-se que terão também descoberto a América, tendo lá chegado por volta
do ano 1000.
● Suecos - uma expansão muito diferente. Dirigem-se para oriente e não para
norte, constituem-se como mercenários ao serviço dos Eslavos; e também se
caracterizam como comerciantes, navegando os rios russos. Tinham barcos
leves e conseguem passar de um rio ao outro, carregando os barcos, até ao
mar negro.
Eram também conhecidos como varegues, tinham comércio entre norte e sul,
entre-os-rios russos, carregando os barcos por terra.
Por fim, falta falar dos suecos. Eles eram conhecidos por varegs
(comerciantes), introduzindo-se nos territórios dos eslavos, oferecendo-lhes
proteção e quando se encontravam instalados eles revoltavam-se contra os
outros povos. Vamos encontrar um estado vareg em Kiev. Eles tinham uma
atividade principalmente militar e eram eles que faziam a ligação entre o Mar
Negro e o Mar Cáspio através dos rios que atravessavam as planícies russas.
Consequências:
Portanto, estas últimas invasões não se fazem contra o Império Romano, mas contra
os reinos bárbaros que se tinham constituído. Estas últimas invasões vão desequilibrar
e fragmentar o equilíbrio dos povos bárbaros que se tinham instalado em parcelas de
territórios do Império.
Condições naturais:
Um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da economia, são as
condições naturais. Um dos aspetos que nos interessou sobretudo a partir dos anos
70 foi as alterações climáticas. Chegou-se à conclusão de que este era um tema
importante de se estudar e ao mesmo tempo que era possível fazê-lo.
Para este período encontra-se que a partir do início do século VI há uma série de
epidemias, havendo uma quebra populacional. Em 588 dá-se o primeiro episódio
conhecido de peste negra no ocidente. Além disso, o declínio populacional terá
também acontecido devido às invasões, mas isto pode ter sido compensado pelos
povos bárbaros que se instalaram no território. Por isso, é muito difícil se a chegada
dos bárbaros compensou ou não os estragos por si causados.
Assim, aquilo que é acentuado para esta época é a deslocação das populações das
cidades para o campo, o que origina um aumento de população nos latifúndios
romanos. Ou mesmo a instalação dos bárbaros em certas regiões, o que suscitou o
surgimento de novos povoados.
Esta população será progressivamente sujeita a condições de vida cada vez mais
precárias. Todas as grandes obras (tanto físicas como literárias, ou até o próprio
ensino, que se desagregou na Antiguidade Tardia) do Império Romano vão
conhecendo um progressivo apagamento na sociedade medieval. Por exemplo, a
medicina é praticamente desconhecida no ocidente medieval, o que se alia a perda
dos hábitos higiénicos da cultura romana. Tudo aquilo que era a limpeza e o cuidado
com a higiene pessoal foi considerado um pecado, um comprazimento excessivo com
o corpo, isto não tinha cabimento na fé cristã, aí a alma é que deveria ser cuidada.
Assim, dá-se o desaparecimento das termas romanas, dos sistemas de escoamento
de esgotos das cidades, dá-se o desaparecimento da higiene. É assim isto que explica
a maior propagação de doenças, não havia higiene, não havia hospitais, não havia
médicos. Isto originou a quebra na esperança média de vida.
Por outro lado, o Cristianismo teve ainda outra influência negativa em termos
demográficos, uma vez que esta religião promoveu a virgindade e o celibato,
associando a procriação e a sexualidade ao pecado, e considerando que era a pureza
que abria as portas do céu. Se inicialmente isto era apresentado como ideal de vida
para todos os cristãos, a partir de uma certa altura (quando é necessário assegurar a
permanência da fé cristã nos tempos) isto é apresentado como ideal de vida para o
clero, tanto secular como regular.
Condições Técnicas:
● Estagnação das técnicas
● Legado romano
● Novidades bárbaras: a charrua
Para além destas condições naturais e humanas, houve também outros fatores a
influenciar a vida económica neste período. Aqui pode-se citar o nível técnico. A
agricultura romana estava adaptada às zonas mediterrâneas, havendo conhecimentos
agronómicos bem adaptados a essa região. Já os bárbaros praticavam uma pastorícia
seminómada e a sua agricultura era essencialmente de subsistência, não virada para
o abastecimento de centros urbanos.
No entanto, os francos vão introduzir na Europa um instrumento para arar a terra, a
charrua com rodas, que se revela muito mais apropriada para os terrenos pesados e
densos da Europa Central do que o arado, que era o instrumento dos romanos, que
não era aplicável nesses territórios.
Por outro lado, sabe-se que os germanos tinham uma maior capacidade de
manipulação do ferro, o que permite a construção de utensílios de ferro que se
traduzem num importante progresso técnico na agricultura, visto que os romanos
utilizavam essencialmente instrumentos de madeira. Portanto, neste período
continuam a ser utilizados os métodos de cultivo romanos, mas com uma maior
utilização do ferro e da charrua com rodas.
Com as invasões/migrações, o grande comércio deixou de ser possível e portanto verificamos que de
facto à uma regressão das novas técnicas, através da aprendizagem que se fazia. Com esta dificuldade
dos transportes e do comércio, cada parcela do império, vai começar a produzir de forma a
sustentarem-se a eles mesmo – o comércio não era possível. (instalações dos povos bárbaros em zonas
determinantes)
Não há dúvidas que os bárbaros trouxeram algo importante à agricultura da Europa. A charrua. – Permite
fazer sulcos na terra, mais profundos, e determinantes nessas terras que são mais difíceis de arar.
As atitudes mentais:
Vai expandir-se uma cultura de guerra e agressão.
→ Tirar
● Pilhagem
● Redução à escravatura a
● Tributos
→ Dar (os chefes dos povos bárbaros, fazia a partilha do saque com os
companheiros de guerra)
● À aristocracia
● À igreja (davam também a sacerdotes, para de alguma forma oferecer
aos deuses, e agradá-los)
A dupla herança:
● O legado romano das villae
o O ager (campos abertos, dedicados ao cereal onde se praticava uma
alternância entre cultivo e pousio)
o Saltus (terrenos para criação de gado)
o Pequena propriedades que pertenciam a camponeses livres. Assim
Escravos e colonos ficam sob proteção do latifundiário (os camponeses
passam a ser dependente do latifundiário de forma a receber proteção,
e de alguma forma escapar aos pesado impostos)
o O êxodo urbano (em vez de irem às cidades comprarem o que não
conseguiam produzir, os latifundiários começaram a tentar colocar os
escravos e colonos a produzir tudo o que necessitavam)
● A agricultura germânica
→ Aldeias (constituídas por homens livres que partiam todos os anos
para missões de pilhagem)
→ Camponeses-soldados (eram simultaneamente, agricultores e
guerreiros), escravos (cultivam as terras e ocupam-se do gado)
→ Auto-suficiência
À medida que o tempo vai passando vai sendo diminuída a diferença entre escravos e
colonos, uma vez que a administração romana (que assegurava a diferença de
estatutos) desapareceu e a própria Igreja começou a instigar à libertação dos
escravos, a libertação dos escravos era uma obra piedosa. Isto fazia com que eles se
tornassem mais parecidos com os colonos. Por outro lado, os proprietários chegaram
à conclusão que a escravatura plena impedia uma grande reprodução, desde que
deixou de haver comércio de escravos, começou a haver alguma dificuldade na
reprodução dos escravos, então os latifundiários começaram também a deixá-los
constituir família e a atribuir-lhes uma determinada porção de terreno dentro do seu
latifúndio, para que eles também começassem a produzir o seu sustento. Isto acabou
por os conduzir a um estatuto muito semelhante aos dos colonos.
Por isso, nas zonas onde havia latifúndios, assiste-se à convergência dos sistemas da
escravatura e do colonato para a servidão, com a uniformização destes dois estatutos
inicialmente muito diferentes.
Ainda assim, continua a existir uma média e pequena propriedade que pertence a
proprietários autóctones ou romanos, ou mesmo aos homens livres bárbaros que
tinham recebido as terras por altura das partilhas. No entanto, sabemos muito pouco
sobre esta propriedade porque ela praticamente não deixou vestígios documentais até
aos nossos dias. Geralmente só as conhecemos quando elas são doadas à Igreja,
quando se entrega a documentação a ela referente que fica guardada nos bispados.
Quando os homens partiam para as guerras, as mulheres ficavam responsáveis pelos trabalhos agrícolas
e artesanais.
(devido aos acordos que se faziam – nas alturas em que eram acolhidos nos reinos romanos -
os bárbaros eram obrigados a ter um comportamento de hospitalidade para com os romanos,
onde nessas alturas, os povos bárbaros tinham de dar uma parte do que cultivavam, ou
produziam de forma a sustentar os romanos. Uns grupos de bárbaros, conseguiam o seu
próprio terreno, e tinham os seus escravos, de forma a produzirem apenas para eles próprios)
Balanço do período
→ Mesmo nas zonas pouco romanizadas, onde a rede urbana era mais laça
permanecem cidades, pontos de resistência urbana.
→ No entanto as destruições e o declínio foi bastante grande no mundo
mediterrâneo que era aquele que estava mais urbanizado, e foi precisamente
ai que os bárbaros atacaram para tentar obter a riqueza romana. No mundo
mediterrâneo o impacto negativo foi maior. – Iam perdendo população (que ia
para os campos), perdiam atividades variadas que existiam em momentos
anteriores.
As estruturas sociais:
Quando havia períodos longos de paz externa e interna, nota-se uma grande
diminuição no número dos escravos, há uma dificuldade em renovar o stock.
Políticos: -
● Lutas dos escravos no Baixo-império – no período das invasões onde a
confusão então gerada, desorganizou a máquina repressiva romana e que fez
com que escravos lutassem contra o estado romano tentando obter a sua
libertação. Fizeram revoltas contra o Império.
● Fim do Estado centralizados- os historiadores marxistas principalmente,
colocam questões de ordem política, nomeadamente a ausência de um poder
centralizado. Os senhores não conseguiam exercer o poder. E o estado
centralizado não voltou a constituir-se, senão no império carolíngio.
Económicos:
● Progressos técnicos:
→ Moinho de água – parece ter surgido no império romano, baixo império, quando
começam as atribulações trazidas pelos bárbaros
→ Charrua – trazida pelos germânicos que permitia preparar a terra para o
lançamento das sementes. Penetra mais profundamente na terra e permite ir
buscar mais a baixo os nutrientes necessários para a germinação das
sementes.
→ Maior uso do ferro
Sendo que surgem novas técnicas, a mão-de-obra dos escravos acabou por
deixar de fazer grande sentido em alguns dos cargos de produção.
Os escravos tinham condições de vida, muito más, ou seja, existiam mortes
muito prematuras. Para além disso, havia pouco reprodução por parte dos
mesmos, o que não ajudava na prática de adquirir mais escravos. Assim passa a
ser possível o:
No período bárbaro:
● Mansi ingenuili com prestações menos pesadas
● Pesando sobre o homem e não a terra
3. Os homens livres:
Os consortes romanos:
● Pagamento solidário ao fisco
● Usos agrários colectivos
Evolução posterior
● Comunidades sujeitas às pressões dos poderosos
● Proteção das monarquias
A dependência vassálica:
De facto, há partida a atividade militar era partilhada por todos, no entanto havia em
torno dos chefes, um grupo de amigos, companheiros, que eram no geral, os mais
jovens e empenhados na atividade guerreira, que constituíam os acompanhantes dos
reis, que os ajudavam e os protegiam com a sua própria vida. Eram guerreiros
permanentes e profissionais com os chefes partilhavam os resgates dos cativos, ou os
próprios prisioneiros, tudo o que fosse adquirido nas expedições. Assim vão
acumulado riquezas nas participações nestas actividades militares, e o seu interesse é
que tudo isso continue para que os mesmos continuem a enriquecer.
Confluência das duas práticas na recomendação (homem livre, guerreiro, que promete
fidelidade com o senhor, em troca do sustento por parte do senhor.)
● Recebimento de um benefício em precária
Inicialmente esta recomendação, são homens livres guerreiros, mas que estão sob a
dependência de um homem na hierarquia, que o sustenta através das expedições, etc.
Estas dependentes, vassalos, vão tornar-se cada vez mais a elite da sociedade.
Vai haver uma nítida subida da condição dos vassalos na sociedade, muito porque o
governador carolíngio vai transmitir parte da sua autoridade, para um membro da
nobreza, a guerreiro, ou a um clérigo, para tomarem conta de um determinado
território (representando o rei), vai exigir desses membros, uma jura de fidelidade e
compromisso para com o soberano.
Ao longo de todo este período, são os guerreiros/mercenários que vão ascender
socialmente, para constituir a Elite.
Todos aqueles que se colocam, na dependência do rei ou imperador, esperam que o
mesmo lhe conceda um benefício – uma terra de onde vão receber recursos
suficientes para manterem seu estado, um estatuto muito elevado. Deixa de haver
uma prática pública por parte dos mesmos, porque há uma necessidade de o fazer por
dependência do rei.
Os vassalos sentem que o senhor é obrigado a dar-lhes terras e regalia, e dessa
forma acabam por formar laços de vassalidade com outros senhores.
Generaliza-se a hereditariedade do benefício. Antes era apenas feita esta relação
enquanto o senhor e o vassalo tinham vida. No entanto nesta altura, passa a existir
uma passagem de testemunho, quer por parte dos senhores, quer por parte dos
vassalos. – Acontece que os vassalos, passam a considerar que o benefícios que lhes
foram concedidos, passa nos herdeiros a ser vista como sua – ou seja, esquecem-se
que a terra foi dada pelo senhor. Verificamos que há de facto uma apropriação quer
das terras, quer das autoridades dadas pelo senhor – considerando tudo como seu. –
Quebrando assim a relação vassálica.
● A ação no século
Os cleros dividem-se em cleros seculares (os que agem no século, no mundo, os que
servem a população) e o claro regular (o que preferem dedicar-se completamente a
deus, e o seu objetivo de vida é realmente rezar, dedicar-se e servir a deus).
→ Dioceses e bispos
O clero secular era constituído na sua maioria por homens, e se houveram mulheres
com papeis importantes nessa comunidade era apenas entre família, ou entre
mulheres, porque eram os homens que realmente serviam o clero secular.
→ Paróquia e curas
Era um clero urbano – asseguravam as pregações, e a divulgação do cristianismo. E
para além de exercerem um papel de cura das comunidades, ou seja, quase como
médicos; exerciam também funções de sacerdotes, ou seja exerciam na comunidade
também funções políticas.
A partir das cidades e zonas já convertidas podem ser enviados missionários, por
parte do bispo, com a função de converter certo povo.
Vamos encontrar para além das paróquias urbanas, vamos também encontrar igrejas
rurais, fundadas pelos bispos, mas também fundadas por senhor que têm domínios,
para onde bispos iram exercer os seus papeis.
Este modelo vai-se estendendo ao longo do período, chegando a cobrir todo o
ocidente (apesar de claro, se notar certas diferenças porque nem todas as zonas
observaram o cristianismo numa mesma altura)
Para além destes membro do clero que ministram os sacramentos, que dedicam os
seus trabalhos fundamentalmente nas cidades; também existiam grupos do clero que
se dedicam totalmente ao sagrado.
Eram homens e por vezes mulheres, que de alguma forma acabavam por fugir do
mundo:
→ Ermistimo – isolavam-se de forma individual (o que não quer dizer que depois
pela sua matriz, não atrais ermitãs), eram submetidos a tentações, e estes
aspectos eram olhados de lado pela igreja, que acreditava que passar por
estes momentos de tentações eram mais praticáveis em grupo
→ Cenobitismo – trata-se de uma vida isolada, mas em comunidade. Eram
experiências que começaram no próximo oriente e igualmente no Egipto, a
primeira experiencia foi a se São Pacomio, que constituiu uma comunidade de
membro isolados, a quem deu a primeira regra (conjunto de regras), e essa
comunidade teria que viver sobre essas regras, nos mosteiros construídos.
Mas em cerca de 540, surge a regra beneditina (regra de s.bento), que será
então imposta no império carolíngio, para evitar qualquer anarquia na vida
cenobitica. Era uma regra muito equilibrada, que se baseava no lema “reza e
trabalha” – ou seja não se dedicavam apenas às práticas religiosas, mas
também ao trabalho que se ligava, ao trabalho das cópias, às leituras, etc. Mas
o trabalho poderia também estar ligado, aos trabalhos agrícolas.
A expansão demográfica:
Quando começa? – Não se pode dizer que sabemos de uma data em concreto, e
por isso existir autores com diferentes opiniões:
Pode quantificar-se?
Apenas em alguns lugares em específico, onde encontramos algum tipo de fontes que
nos permitem constatar esse aumento populacional; e é a partir daqui que alguns
historiadores fazem algumas suposições, mas que nos servem para constatar que
realmente houve um aumento populacional. (Provença, Picardia, Inglaterra)
→ O pousio curto
→ As 3 formas de arroteias:
● Extensão do terreno arável em torno das aldeias – muitas vezes as
pessoas instalavam-se em florestas, por exemplo, para produzirem, e
trabalharem o terreno.
● Desbravamento a partir de clareiras a partir de clareiras no interior de
áreas incultas – isto acontece em campos fechados, que têm de ser
protegidos dos animais
● Iniciativas senhoriais - quando os senhores descobriram que os
camponeses tinham estas campanhas de alargamento das suas áreas
de cultivo; os senhores optam por começar a chamar outras famílias
camponesas para se instalarem nos seus domínios, para assim, estes
camponeses começarem a praticas a atividade da arroteia.
Consequências
→ Aumento do espaço cultivado
→ Recuo de incultos – que serviam para a caça, para a aquisição de lenhas,
madeiras para a produção artesanal, à colha de cogumelos e recolha do mel. –
Isto começou a escassear uma vez que os incultos foram diminuindo. Desta
forma havia uma grande diferença por exemplo na criação de gado, onde deixa
de existir terrenos suficientes para pastar os animais, que lhe forneciam o
estrume para a produção agrícola.
→ Maior produção
→ Maior comercialização
→ Dificuldades na relação agricultura/pastoreio
→ Desequilíbrio homens/terra
A sociedade senhorial
Quando a sociedade rural começou a ser pensada pelos membros eclesiásticos, a
mesma começou a ser pensada e descrita a partir do segundo quartel do século XI, e
a mesma seguia três ordens, uma teoria tripartida: oratores, bellatores, laboratores
● Gerardo de Cambrai
● Adalberão de Laon
De facto estes laços são muito fortes e implicam, um lado jurídico, de gestão e militar.
Os senhores eclesiásticos:
Clero secular
Clero regular:
→ Beneditinos
● Cluny – dá muita importância ao esplendor do culto, à atividade litúrgica; têm
grandes explorações agrícolas, nas quais põe agentes seus para
supervisionares
● Cister – grande desenvolvimento que deram à atividade agrícola, fazendo
melhoramento de sementes, criação de gados, etc
Medicantes:
→ Dedicam-se ao pedido de esmolas, e ou até, sustentando-se pelos seus
trabalhos
● A EMERGÊNCIA DA CAVALARIA:
⎯ Fragmentação do poder
⎯ Violência e opressão
⎯ Tréguas – dias em que não se pode fazer guerra (domigos, natal, etc) e Paz de
Deus – que tem como objetivo protegerem as pessoas mais frágeis
● A cristianização da cavalaria
⎯ Cruzadas e ordens religiosas - militares – 1ºcruzada – 1095 – obteve muito
sucesso porque os monarcas estavam preparados para partir para a conquista
de locais onde Jesus Cristo tinha estado. Nesta altura foram militares, mas
também foram populares, na conquista de lugares santos. – Seria uma espécie
de peregrinação armada. Os lugares santos foram realmente libertados, e ficou
instaurada uma presença cristã. (houveram várias cruzadas) / Ordem teutónica
/ Ordem de calatrava/ Ordem de Santiago da Espada/ Ordem de Alcântara /
Ordem de Avis – cavaleiros de Évora, quando a mesma fica praticamente
sozinha no meio de um território muçulmano. / Ordem de Cristo – 1319 –
fundada por D.Dinis
⎯ Ideal cavaleiresco (REVER)
⎯ Ritual de armar cavaleiro – entrega das armas ao jovem que se tornava
guerreiro – uma demonstração da capacidade aquele que recebia a arma para
resistir ao contendor que encontrava na guerra. É cristianizado. Ao longo de
toda a idade média, a bênção de armas, locais, leito nupcial, etc era muito
comum, e tinham um sentido muito profundo, era muito importante porque era
no fundo uma forma de trazer ao objeto e à função que vão desempenhar
muito sorte de “proteção”. Na véspera do dia de ser promovido a cavaleiro, o
mesmo dedicava-se à reza, à meditação sobre as suas funções, etc. No
entanto continua a ver um ritual de investidura de cavaleiros num contexto de
guerra – ou seja daquele que se destacava nas guerras, como foi feito por D.
Dinis aos seus filhos (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique)
(REVER AULA)
A cidade Amuralhada:
⎯ Os “outros”:
● Prostitutas – falamos delas desta forma porque estão muito presentes nas
cidades medievais, bairros ou ruas destinados às prostitutas. – Estas que não
se queriam misturadas com as mulheres “sérias”.
● Judeus – bairros
● Mouros
● Estrangeiros
Os Arrabaldes – um território logo a seguir às cidades. Bairros que vão surgindo fora
das muralhas onde a população que vem do campo se vai instalando, onde vão
construindo as suas casas e vão construindo as suas lojas, oficinas, etc. Se há uma
ameaça militar, podem haver necessidade de evolver esses arrabaldes com um novo
elevação de muralhas, para que estes não sejam destruídos completamente. –
Acabam alguns por serem absorvidos. Há cada vez mais cidades que têm arrabaldes
bastante amplos.
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Os transportes e a moeda
● Os transportes:
→ Terrestres - eram os mais difíceis porque as estradas do mundo romano já se
encontravam degradadas e não existiram trabalhos de manutenção. Passa a
existir estradas de terra batida, muito difíceis de utilizar especialmente no
inverno. Existiam portagens – taxas sobre o transporte de mercadorias nos
seus senhorios – era portanto caro. No entanto houve melhorias – as
atrelagens nos animais, os bois foram substituídos pelos cavalos.
→ Fluviais – eram mais baratos e mais fáceis e capaz de transportar mercadoria
mais pesadas. Eram utilizados os rios na sua maior extensão, e começaram a
ser construídos canais ligando os rios uns aos outros.
→ Marítimos – não cobravam portagens (apenas quando chegavam aos portos,
por isso tentavam evitar), mas estavam sujeitos a ataques de piratas. Existe
um progresso técnico das navegações a alto mar (astrolábio, leme de cadaz,
bússola). Houve alguns avanços na construção naval – no norte utilizava-se
sobretudo a construção dos vikings (dracar), mas no inicio do século XVIII
surge a coca, que podia movimentar-se de forma mais eficaz. Surge mais tarde
a galera – construída para resistir aos ataques e tinha um sistema complexo de
mastros e velas.
Surgiram as gruas para colocar e retirar as mercadorias dos barcos, assim como a
construção de diques.