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Disciplina: História Contemporânea I

Docente: Amon Pinho


Discente: Milena Alves de Souza – 11811HIS033
Trabalho Final de História Contemporânea I

O presente trabalho tem como objetivo principal descrever alguns dos pontos
apresentados nas discussões das aulas de História Contemporânea I e na bibliografia
lida do curso. Primeiramente, o ponto chave da disciplina é compreender como a
modernidade foi construída, bem como os seus significados. Nesse sentido, a dialética
se coloca presente quando falamos do advento da modernidade e da contemporaneidade.
Portanto, um dos objetivos deste trabalho compreender como a dialética na História
aparece em textos de autores como Reinhart Koselleck, Immanuel Kant, Karl Marx,
Geoffrey Barraclough e Eric Hobsbawm.

As primeiras discussões da referida disciplina iniciaram pontuando a respeito da


própria concepção de história. De que forma ela, segundo Koselleck, muda devido à
transformação na própria maneira como o tempo é experimentado pelos indivíduos. Ou
seja, até o século XVIII, a história tinha o sentido de “mestra da vida” 1, o que
significava que os exemplos da história conduziriam ao aperfeiçoamento moral/
intelectual daqueles que olham para o passado. Porém, há uma mudança importante: a
história passa a significar o acontecimento em si, ou seja, a história tem o fim em si
mesma2. Também passa a ter o sentido de coletivo singular 3, ou seja, cada singularidade
é a parte de um Todo, sendo a história entendida como história universal. Isso se deu em
um cenário em que as próprias relações econômicas também mundializavam-se.

A partir da Revolução Francesa é possível perceber a aceleração das mudanças e


as rupturas. Assim, os indivíduos passam a experenciar o tempo de forma diferente e
isso ocorre por meio da mudança na relação deles com o campo de experiência e o
horizonte de expectativa. Portanto, “Experiência e expectativa são duas categorias
adequadas para nos ocuparmos com o tempo histórico, pois elas entrelaçam passado e
futuro.” (KOSELLECK, 2006, p. 308). Não se prevê mais pela história, mas há a
expectativa de que ela está levando a algum “caminho” e a experiência com as rupturas
na história constrói novos horizontes de expectativa.

1
KOSELLECK, Reinhart. Historia Magistra Vitae. Sobre a dissolução do topos na história moderna em
movimento. In: ______. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de
Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006, pp. 42
2
Ibidem, pp. 48
3
Ibidem, pp. 50
Kant também afirma que uma nova época surgiu no século XVIII e, em sua
primeira proposição, escreve: “Todas as disposições naturais de uma criatura estão
destinadas a um dia se desenvolver completamente conforme um fim” (KANT, 1784, p.
5). Dessa forma, ele apresenta a ideia de progresso, pois explica que, gradualmente as
sociedades humanas vão transitando de um grau inferior de humanidade para um grau
supremo de humanidade. Entretanto, afirma que seria necessário que o antagonismo
ocorra pra haver o desenvolvimento da razão. Tal antagonismo se relaciona, justamente,
com a dialética entre civilização e barbárie na modernidade e contemporaneidade.

Karl Marx, apresenta o método dialético numa perspectiva materialista,


mostrando de forma clara os antagonismos na história ao afirmar que a história de toda
a sociedade seria a história da luta de classes, que para ele ou terminou em
transformação revolucionária ou em destruição das classes que estão em luta 4. Além
disso, assim como mostra Koselleck e Kant, Marx também fala da mundialização:
“Através da exploração do mercado mundial, a burguesia configurou de maneira
cosmopolita a produção e o consumo de todos os países.” (MARX, 1848, p. 11).

Esse processo fica ainda mais claro nas exemplificações de Barraclough e


Hobsbawm, sendo que o primeiro escreve praticamente um século depois de Marx,
falando também a respeito das transformações mundiais, demonstrando que ocorreram
mudanças científicas tecnológicas e industriais e que essas foram o ponto de partida
para a história contemporânea.5 Barraclough fala do processo de consolidação industrial
que foi acentuado por uma crise de superprodução, causada pela “grande depressão”
entre 1873 e 1895. Assim, é possível entender o movimento dialético, pois essa crise
incentivou a criação de grandes organizações industriais e a concentração de
trabalhadores em fábricas que aglomeram em cidades industriais e áreas urbanas.6

Hobsbawm deixa claro qual era o horizonte de expectativa sobre o XX em


contraponto com o que ocorre na prática: “A ideia de progresso ou mudança contínua
nunca se mostrou tão pouco plausível como durante a vida dos que passaram pelas duas
guerras mundiais, [...]”. (HOBSBAWM, 1996, p. 454). Ou seja, consequências como
genocídio e crise econômica colocam em dúvida o próprio futuro dos setores do
4
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Estudos Avançados (Dossiê
150 Anos do Manifesto Comunista), São Paulo, v. 12, n.º 34, set.-dez. 1998, pp. 84
5
BARRACLOUGH, Geoffrey. O impacto do progresso técnico e científico. In: ______. Introdução à
História Contemporânea. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975, p. P. 50
6
BARRACLOUGH, Geoffrey. O impacto do progresso técnico e científico. In: ______. Introdução à
História Contemporânea. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975, p. 50 - 51
capitalismo. Dessa forma, na expectativa, a ideia de progresso na modernidade
culminaria na civilização, mas o que houve foi a barbárie. Entretanto, a dialética não
acaba por aí, também há reações, como revoltas contra o colonialismo fruto do
imperialismo e a revolta contra o Ocidente que existe ainda nos dias atuais.

Referências Bibliográficas:

BARRACLOUGH, Geoffrey. Introdução à História Contemporânea. 3.ª ed. Rio de Janeiro:


Zahar, 1975.

HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital, 1848-1875. 5.ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. A Era dos Impérios, 1875-1914. 6.ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

KANT, Immanuel. Ideia de uma História Universal de um ponto de vista cosmopolita.


Organização de Ricardo R. Terra. 3.ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

KOSELLECK. Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio
de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Estudos Avançados


(Dossiê 150 Anos do Manifesto Comunista), São Paulo, v. 12, n.º 34, set.-dez. 1998.

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