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1 INTRODUÇÃO
A modernidade é um período da história humana que causou muitas rupturas
em relação ao sistema medieval. Tais rupturas foram sentidas nas instituições sociais
mais comuns, como é o caso da família, a religião e o Estado. Para entendermos o que
foi a modernidade, inicialmente iremos tratar de entender seu conceito.
2 MODERNIDADE
O período que antecede a modernidade é um momento da história humana
marcado pelo obscurantismo, misticismo e ignorância. Infelizmente, a religião, neste
caso o cristianismo, foi usado como um instrumento de domínio por parte da Igreja
Católica, para controlar a vida das pessoas. No entanto, o poder absoluto da Igreja teve
seu auge, mas começou a dar sinais de que estava se fragmentando devido às intensas
disputas políticas internas. Como consequência, o poder da Igreja enfraquece e os
pensadores começam a questionar tudo aquilo que era tomado como verdade absoluta.
Surge uma nova fase da história humana: a modernidade, que pode ser entendida de
diversas maneiras. Segundo Abbagnano (2012, p. 791792), a modernidade é interpretada
de diferentes formas pelos pensadores:
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a) a de Weber, que identifica o Moderno com a época da racionalização
técnico-científica e com o consequente “desencantamento do mundo”;
b) a da Escola de Frankfurt, que vê no Moderno a manifestação extrema
da dialética suicida que caracteriza a civilização “burguesa”;
c) a de Heidegger, que vê no Moderno a época do niilismo e da tecnologia
planetária;
d) a de Löwith, que reconhece no Moderno uma espécie de cópia
secularizada da escatologia hebraico-cristã;
e) a de Blumenberg, que, em oposição a Weber e Löwith, identifica no
Moderno não uma obra de mundanização de valores religiosos, mas o efeito
da “autoafirmação humana” contra “o absolutismo teológico”, negando a
existência de uma linha de continuidade entre escatologia e ideia de progresso;
f) a de Habermas, que identifica o Moderno com a “tradição iluminista da
civilização ocidental” e com sua luta a favor da emancipação humana.
Não está em questão aqui qual a concepção mais correta sobre a modernidade.
O que temos que observar é que cada teórico observa algum aspecto que possa explicar
os acontecimentos deste período e a maneira como isso afetou a vida das pessoas. O que
é possível perceber claramente é que o conhecimento científico é um elemento
fundamental da modernidade. A sociologia surge com a finalidade de entender e
explicar os problemas decorrentes deste novo cenário que se configurava nas cidades
europeias. Todavia, vale ressaltar que a sociologia surge como disciplina somente em
meados do século XIX, com a consolidação do capitalismo.
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De acordo com Sell (2002, p. 21), “o conjunto de transformações geradas
pela Revolução Industrial, Revolução Francesa e pelo Iluminismo precisava ser
explicado e compreendido pela razão humana. Eles geravam a sensação de que o
mundo estava em ‘crise’ e de que algo precisava ser feito”.
3 A REFORMA PROTESTANTE
O surgimento da sociologia teve influência de várias áreas da vida
humana, entre elas podemos destacar os campos filosófico, político, econômico,
cultural, e não podemos esquecer-nos do campo religioso.
4 O RENASCIMENTO CULTURAL
A produção artística e científica surgida na Europa nos séculos XV e XVI
produziu mudanças no estilo de vida das pessoas. Um exemplo disso foram as
viagens marítimas, que culminaram com a chegada dos europeus em outros
continentes, desencadeando uma euforia muito grande, pois agora o homem
acreditava ser capaz de mudar as coisas e criar o seu próprio destino. A visão
teocêntrica dá lugar a uma visão antropocêntrica, onde o homem é capaz de
intervir diretamente nos destinos da história do mundo.
5 O ILUMINISMO
O Iluminismo é um movimento de caráter global, no sentido de que
envolve diversas áreas da vida humana. Este movimento pregava o uso da razão
como o elemento-chave para as mudanças necessárias que melhorariam a vida das
pessoas, tirando-as das trevas da ignorância. Tal movimento promoveu mudanças
importantes nas áreas política, social e econômica.
6 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e XIX
é denominado de Revolução Industrial. Nesse período as máquinas a vapor
ganharam importância fundamental para o aumento da produção, tornando-se
símbolo dessa era de elevada produtividade e consumo. Na figura a seguir você
poderá observar como eram os interiores das fábricas de tecidos na Inglaterra.
7 A REVOLUÇÃO FRANCESA
O descontentamento provocado pela divisão da sociedade francesa em três
estados (clero, nobreza e povo) gerou uma onda de descontentamento por parte
do terceiro estado (o povo), porque este arcava com a custa dos demais, ou seja,
trabalhava para pagar a conta. Nesta época a população francesa estava
enfrentando problemas com o clima, secas e/ou inundações. Tais fatores mexiam
profundamente com a economia francesa, pelo fato de a metade da população
trabalhar no campo. Altos impostos, somados aos problemas econômicos e uma
série de outras desigualdades sociais, tornaram-se um campo fértil para o germe
de uma revolução que estourou em 1789.
De acordo com Silva e Silva (2009, p. 371), “a Revolução Francesa não foi
apenas mais um evento que abalou as estruturas do Antigo Regime, mas um fato
de consequências mais fundamentais para a contemporaneidade do que qualquer
outro, visto que foi uma revolução social de massa”. O ideal da Revolução
Francesa consistia no anseio por liberdade, igualdade e fraternidade. A busca por
uma sociedade igualitária, livre e fraterna despertou nos franceses um sentimento
de inconformismo diante daquilo que vinham enfrentando ao longo de sua
história. Nesse sentido, “a Revolução Francesa não foi uma revolução comum, mas
foi uma revolução que sacudiu as instituições vigentes e propôs novas instituições
e valores ao mundo” (SILVA; SILVA, 2009, p. 367). Se, por um lado, a Revolução
Industrial teve um forte impacto sobre o campo econômico, a Revolução Francesa
teve um impacto mais abrangente, pois seus efeitos são sentidos nas mais diversas
áreas da vida humana. Naturalmente, este evento marca o início das discussões
sobre os direitos universais do homem.
Para Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42), “No estado teológico, o espírito
humano [...] apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua
de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária
explica todas as anomalias existentes no universo”. Neste estado as explicações
partem da ideia de que há deuses (posteriormente surge a ideia de um único Deus
– monoteísmo) que regem os destinos do universo, ou seja, Deus está presente em
tudo e tudo o que acontece parte da vontade Dele.
Entendo a Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo
dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo espírito que os
fenômenos astronômicos, químicos e fisiológicos, isto é, como
submetidos às leis naturais invariáveis, cuja descoberta é o objetivo
especial de suas pesquisas [...]. O espírito dessa ciência consiste,
sobretudo, em ver, no estudo aprofundado do passado, a verdadeira
explicação do presente e a manifestação geral do futuro.
A evolução social é vista por Comte como estando sujeita a leis naturais
que não podem ser modificadas pela natureza humana, cabendo à física
social, pois, alertar para a inutilidade da resistência ao
desenvolvimento que, afinal, é inevitável, podendo, ao mesmo tempo,
mitigar ou acelerar artificialmente tal desenvolvimento [...]. E, fiel a tal
perspectiva, ele recusa a noção de acaso: tudo está interligado, todo
fenômeno pode ser estudado a partir de causas precisas que o
motivaram. (SOUZA, 2008, p. 140)
9 HERBERT SPENCER
Herbert Spencer, nascido em 27 de abril de 1820 em Derby, morreu em 8
de dezembro de 1903, em Londres, é um filósofo inglês e sociólogo. Defende, em
1857, uma filosofia evolutiva. A evolução é uma transição gradual do homogêneo
para o heterogêneo e contraditório consistente. Um fenômeno evoluindo no
sentido de aumentar a diferenciação e integração. Vindo de uma família de
radicais, muito cedo se interessou em questões políticas. É por isso que ele se
juntou a muitas associações. Tornou-se membro da Anti-Corn Law League,
fundada por Richard Cobden. Se ele ficou conhecido como um sociólogo, no
entanto, praticou os caminhos de ferro na profissão de engenharia.
Então, para que querem um governo? Não para regular o comércio, não
é para educar o povo, não é para ensinar a religião, não é para
administrar a caridade, não é para construir rodovias ou ferrovias,
senão simplesmente para defender os direitos naturais do homem: para
proteger a pessoa e a propriedade, para impedir as agressões dos
poderosos aos mais fracos, em uma palavra, para administrar a justiça.
Essa é missão natural e original de um governo. Não se pretende que
faça menos: não deveríamos permiti-lo a fazer mais. (1981, apud
RICHARDS, 2015, p. 1).
• Natureza da mudança: por fim, Giddens assinala, ainda, que o mundo moderno
criou instituições sociais novas, que praticamente não existiam em outras
sociedades. Basta pensar em fenômenos sociais como o Estado-Nação, artefatos
tecnológicos e o trabalho assalariado, por exemplo. Assim, pela sua própria
“natureza”, a ordem social moderna está em profunda descontinuidade com os
tipos de sociedade pré-modernas.
É por estas razões que a sociologia pode ser considerada como uma ciência
social cujo objeto de estudo é a sociedade moderna. Em outros termos, a sociologia
é uma teoria da modernidade.
FONTE: SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica. 4. ed. Itajaí: Ed. UNIVALI, 2002.
REFERÊNCIAS