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ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA

SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
A modernidade é um período da história humana que causou muitas rupturas
em relação ao sistema medieval. Tais rupturas foram sentidas nas instituições sociais
mais comuns, como é o caso da família, a religião e o Estado. Para entendermos o que
foi a modernidade, inicialmente iremos tratar de entender seu conceito.

Na essência deste período estão as mudanças. Lembrando que essas mudanças


acontecem nas mais diversas áreas da vida humana, seja na política, na economia, nas
artes, na filosofia, na religião e na vida social.

Juntamente com essas mudanças vieram os desafios, as questões que precisavam


de respostas, os problemas que precisavam de solução e as decisões que precisavam de
uma justificativa. Em meio a este turbilhão de acontecimentos e mudanças, surge a
sociologia como ciência para compreender e explicar pelo menos uma parte destas
mudanças, ou seja, aquelas que dizem respeito à vida social e às relações sociais.

Nosso objetivo neste tópico é conhecer o cenário em que se deu o surgimento da


sociologia como ciência. A seguir, veremos alguns fatos históricos importantes que
antecederam o surgimento da sociologia. Portanto, te convido a trilhar por esta
fascinante jornada!

2 MODERNIDADE
O período que antecede a modernidade é um momento da história humana
marcado pelo obscurantismo, misticismo e ignorância. Infelizmente, a religião, neste
caso o cristianismo, foi usado como um instrumento de domínio por parte da Igreja
Católica, para controlar a vida das pessoas. No entanto, o poder absoluto da Igreja teve
seu auge, mas começou a dar sinais de que estava se fragmentando devido às intensas
disputas políticas internas. Como consequência, o poder da Igreja enfraquece e os
pensadores começam a questionar tudo aquilo que era tomado como verdade absoluta.
Surge uma nova fase da história humana: a modernidade, que pode ser entendida de
diversas maneiras. Segundo Abbagnano (2012, p. 791792), a modernidade é interpretada
de diferentes formas pelos pensadores:

1
a) a de Weber, que identifica o Moderno com a época da racionalização
técnico-científica e com o consequente “desencantamento do mundo”;
b) a da Escola de Frankfurt, que vê no Moderno a manifestação extrema
da dialética suicida que caracteriza a civilização “burguesa”;
c) a de Heidegger, que vê no Moderno a época do niilismo e da tecnologia
planetária;
d) a de Löwith, que reconhece no Moderno uma espécie de cópia
secularizada da escatologia hebraico-cristã;
e) a de Blumenberg, que, em oposição a Weber e Löwith, identifica no
Moderno não uma obra de mundanização de valores religiosos, mas o efeito
da “autoafirmação humana” contra “o absolutismo teológico”, negando a
existência de uma linha de continuidade entre escatologia e ideia de progresso;
f) a de Habermas, que identifica o Moderno com a “tradição iluminista da
civilização ocidental” e com sua luta a favor da emancipação humana.

Não está em questão aqui qual a concepção mais correta sobre a modernidade.
O que temos que observar é que cada teórico observa algum aspecto que possa explicar
os acontecimentos deste período e a maneira como isso afetou a vida das pessoas. O que
é possível perceber claramente é que o conhecimento científico é um elemento
fundamental da modernidade. A sociologia surge com a finalidade de entender e
explicar os problemas decorrentes deste novo cenário que se configurava nas cidades
europeias. Todavia, vale ressaltar que a sociologia surge como disciplina somente em
meados do século XIX, com a consolidação do capitalismo.

A modernidade, dentre outras coisas, é marcada por revoluções, ou seja,


movimentos que surgiram no meio do povo e que foram capazes de reconfigurar a
estrutura social europeia. De acordo com Sell (2002, p. 20),

As revoluções Industrial e Francesa e o Iluminismo iniciaram um movimento


de transição entre os períodos históricos da Idade Média e da Idade
Contemporânea. A Idade Moderna alterou definitivamente os aspectos
culturais, políticos e econômicos da sociedade e deu início à estruturação do
mundo no qual vivemos hoje.

As duas revoluções e o Iluminismo carregam em seu bojo elementos


desencadeantes de reações sociais tanto positivas quanto negativas, que afetaram
diretamente a estrutura social vigente. Isso significa dizer que a história da humanidade
nunca mais seria a mesma. O modo de pensar, viver e agir seguirá outro curso, se
emancipando do estilo de vida medieval.

2
De acordo com Sell (2002, p. 21), “o conjunto de transformações geradas
pela Revolução Industrial, Revolução Francesa e pelo Iluminismo precisava ser
explicado e compreendido pela razão humana. Eles geravam a sensação de que o
mundo estava em ‘crise’ e de que algo precisava ser feito”.

Esse conjunto de mudanças mexeu profundamente com a ordem social,


política, cultural e econômica comum na Idade Média. O futuro era algo incerto,
novos valores vão sendo assimilados pela sociedade. Se por um lado há otimismo
e esperança, por outro lado as pessoas se deparam com as dificuldades inerentes
desta nova realidade. O progresso será experimentado de maneira diferente pelas
pessoas, pois, dependendo das condições de cada um, o progresso poderia ser
símbolo de realização para alguns, enquanto para outros se tornava símbolo de
exploração e sofrimento.

3 A REFORMA PROTESTANTE
O surgimento da sociologia teve influência de várias áreas da vida
humana, entre elas podemos destacar os campos filosófico, político, econômico,
cultural, e não podemos esquecer-nos do campo religioso.

A Idade Média é caracterizada pela autoridade da Igreja Católica nos


diversos campos da vida humana. Nesse sentido, a vida social da Idade Medieval
era orientada pelas determinações da Igreja, pois, por meio dos dogmas, a
sociedade concebia a ideia de justiça, princípios de comportamento e das relações
sociais.

A ideia predominante da Idade Média é a de que o ser humano deveria


prezar por seu relacionamento com Deus devendo obediência irrestrita aos
dogmas da Igreja Católica. Era pregada uma anulação do indivíduo em
detrimento da Igreja e de Deus. Tal ideia criou uma sociedade cativa à vontade da
Igreja Católica e sujeita aos desmandos de um clero inescrupuloso, com raras
exceções. Sem contar o fato da cobrança de indulgências para a absolvição do
pecado, responsável pelo enriquecimento da Igreja. Tal prática dava grande poder
sobre a vida do indivíduo, pois sem os sacramentos não haveria perdão dos
pecados, e, por outro lado, o dinheiro arrecadado com a venda de indulgências
aumentava o poder econômico da Igreja.

A Reforma Protestante foi um passo importante para as mudanças que se


iniciaram no século XVI, pois a partir de então a luta pela liberdade e não
reconhecimento do poder da Igreja Católica possibilitou avanços importantes em
diversas áreas, inclusive na constituição da sociedade.

Um aspecto que teve peso significativo para a mudança cultural das


pessoas foi o acesso às escrituras, ou seja, para Lutero cada cristão tem o direito de
ler a Bíblia e buscar compreendê-la. O simples fato de os indivíduos terem acesso
à leitura possibilitou uma mudança estrutural na sociedade medieval, pois abriu
o caminho para que as pessoas tivessem acesso à informação e se tornassem mais
participativos da vida social.

Os reformadores desejavam e expressavam isso em seus ensinamentos,


que as pessoas tivessem uma conduta cristã que agradasse a Deus, mas
precisavam estar introduzidas no mundo social como seres vocacionados por
Deus para serem prósperos e influentes onde estivessem. Isso é possível perceber
na vida do político William Wilberforce no século XVIII, quando liderou o
movimento abolicionista do tráfico de negros. Suas convicções religiosas o
levaram a abraçar a causa abolicionista travando uma dura batalha no Parlamento
britânico que culminou com a aprovação do Ato Contra o Comércio de Escravos,
em 1807.

Observe que a Reforma Protestante foi um fato histórico fundamental para


as mudanças que viriam depois. Isso se deve ao fato de que com a Reforma se
percebeu a fragilidade da Igreja Católica, que não foi capaz de conter um
reformador e suas ideias de igualdade, pois para Lutero não poderia haver
distinção entre os filhos de Deus, qualquer pessoa pode se achegar a Deus sem a
necessidade de um mediador humano, este é o princípio do sacerdócio universal,
ponto fundamental da Reforma Protestante.

4 O RENASCIMENTO CULTURAL
A produção artística e científica surgida na Europa nos séculos XV e XVI
produziu mudanças no estilo de vida das pessoas. Um exemplo disso foram as
viagens marítimas, que culminaram com a chegada dos europeus em outros
continentes, desencadeando uma euforia muito grande, pois agora o homem
acreditava ser capaz de mudar as coisas e criar o seu próprio destino. A visão
teocêntrica dá lugar a uma visão antropocêntrica, onde o homem é capaz de
intervir diretamente nos destinos da história do mundo.

Uma das imagens mais populares do Renascimento é a obra de Leonardo


da Vinci, a Mona Lisa.

FIGURA 1 - MONA LISA


FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/ renascimento/>.
Acesso em: 17 abr. 2015.

De acordo com Moraes (1993, p. 164), “na verdade não existe um


Renascimento, mas inúmeras experiências renascentistas que se manifestaram de
diferentes formas naquele período. Esses novos valores renascentistas atingiriam
todas as áreas do conhecimento humano, em quase toda a Europa”. O
Renascimento cultural se opunha diretamente à Igreja Católica, que até então
ditava as regras de vida espiritual, social, econômica e política da Europa. Isso não
significa dizer que o homem renascentista ignorava por completo as questões
religiosas, pelo contrário, o que vemos é a Reforma Protestante que revigorou a fé
de muitas pessoas. A questão é que o homem moderno não aceitava mais o grau
acentuado de interferência da Igreja Católica em assuntos que não lhe diziam
respeito. O homem desejava andar por sua própria conta, não tendo que dar
satisfação a uma instituição religiosa sobre sua conduta ou opções.

O ponto principal do Renascimento cultural consiste no fato de que se


acreditava que o homem é capaz de criar, mudar, destruir, ou seja, a razão humana
deveria estar acima de qualquer dogma ou instituição. O mundo e a sociedade não
devem ser coisas estáticas, pois, de acordo com os renascentistas, o homem é capaz
de criar o seu próprio mundo.

Conforme Silva e Silva (2009, p. 359), “o contexto histórico do


Renascimento está associado à crise do Feudalismo e ao surgimento do
Capitalismo na Europa ocidental no século XIV. Essa crise histórica se manifestou
tanto no campo econômico, político e social, quanto no intelectual e cultural”. Este
cenário, que estava se desenhando na Europa, foi uma oportunidade para algumas
classes de pessoas se posicionarem contrárias, principalmente à Igreja Católica,
que estava sofrendo sérios problemas em decorrência da corrupção do clero. O
Renascimento foi, acima de tudo, uma nova concepção de mundo concebida pela
classe burguesa que estava em ascensão.

5 O ILUMINISMO
O Iluminismo é um movimento de caráter global, no sentido de que
envolve diversas áreas da vida humana. Este movimento pregava o uso da razão
como o elemento-chave para as mudanças necessárias que melhorariam a vida das
pessoas, tirando-as das trevas da ignorância. Tal movimento promoveu mudanças
importantes nas áreas política, social e econômica.

Uma das características principais do Iluminismo era o constante debate


das ideias. As verdades passam a ser questionadas pelos pensadores. Na figura a
seguir você pode observar um grupo de pessoas debatendo sobre algum assunto.
Converse com seus colegas sobre qual seria o assunto mais debatido pelas pessoas
neste período. Você arriscaria algum palpite?

FIGURA 2 - DEBATE PÚBLICO

FONTE: Disponível em: <http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/41/


artigo158650-2.asp>. Acesso em: 17 abr. 2015.
“O Iluminismo surgiu, então, ao mesmo tempo como uma tradição
filosófica militante de crítica e também de fundamentação de novas propostas e
valores baseados nas ideias de que a humanidade caminharia no sentido do
progresso, da liberdade e da busca da felicidade”. (MORAES, 1993, p. 200). A vida
terrena passa a ser valorizada a partir desta concepção, pois o homem é visto como
agente indispensável para o progresso da humanidade. O conhecimento científico
é profundamente valorizado, pois seria este o caminho para melhorar a vida das
pessoas. Os dogmas religiosos vão gradativamente sendo substituídos por um
pensamento crítico e inovador, que possa formular teorias capazes de explicar os
fenômenos naturais e sociais.

Até aqui nós podemos observar que a humanidade estava caminhando


para um conjunto de mudanças que aconteceriam de maneira efetiva naquilo que
denominamos de modernidade. A mentalidade do homem moderno deixa de ser
teocêntrica e o ser humano passa a ter lugar de destaque no mundo, o que ficou
conhecido como antropocentrismo, onde o homem é o centro do universo. Essa é
uma mudança radical em relação àquilo que perdurou por toda a Idade Média, de
que todas as respostas estavam em Deus e tudo convergia para Ele. O homem
moderno começa a buscar realização aqui na Terra e não mais em um paraíso na
eternidade. Tais ideias mudaram o comportamento humano em relação à vida e a
tudo o que lhe diz respeito.

6 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e XIX
é denominado de Revolução Industrial. Nesse período as máquinas a vapor
ganharam importância fundamental para o aumento da produção, tornando-se
símbolo dessa era de elevada produtividade e consumo. Na figura a seguir você
poderá observar como eram os interiores das fábricas de tecidos na Inglaterra.

FIGURA 3 - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/resumos/


revolucaoindustrial.php>. Acesso em: 17 abr. 2015.
Para aumentar a produção e o lucro, a burguesia industrial buscou
alternativas que melhorassem a produtividade e, consequentemente, a
lucratividade de suas indústrias. A Inglaterra foi a pioneira nesta nova fase da
economia ocidental, pois o fato de seu território dispor de grandes reservas de
carvão mineral e minérios de ferro deu aos ingleses as condições necessárias para
impulsionar o desenvolvimento e a produção industrial.

O desenvolvimento de técnicas de produção não consiste num aspecto


exclusivo da Revolução Industrial do século XVIII, o que diferencia a indústria
deste período é o fato de que

A indústria moderna, para existir, precisa de alguns pré-requisitos: a


utilização de utensílios e máquinas que substituem o trabalho pesado
do homem; o aumento do número de pessoas empregadas nas fábricas;
a automação das etapas de produção; a divisão e especialização do
trabalho, entre outras coisas. (SILVA; SILVA, 2009, p. 371).

É possível perceber que as relações sociais foram alteradas profundamente


a partir do momento em que a indústria passou a ser o elemento-chave na
formação das cidades. Tal situação alterou a estrutura da sociedade, estabelecendo
aspectos totalmente novos nas relações sociais. O próprio consumo dos produtos
industrializados aumentou, pois as pessoas que trabalhavam nas indústrias
também eram consumidoras. Em decorrência do aumento do mercado
consumidor foi necessário investir cada vez mais em métodos produtivos mais
eficientes, nesse sentido iniciou um forte investimento para o desenvolvimento
tecnológico das indústrias.

Outro aspecto importante foi que a Revolução Industrial aumentou o


contingente populacional das cidades, a consequência imediata foi o êxodo rural
intenso e a elevada oferta de mão de obra que, por sua vez, ocasionou a
desvalorização do trabalhador e o aumento da exploração, pois os operários se
submetiam a jornadas de trabalho extenuantes por um salário muito pequeno. Em
decorrência disso houve o aumento da violência, prostituição e casos de suicídio
nas cidades. O crescimento das cidades inicialmente não foi planejado, consistiu
num crescimento desordenado, o que ocasionou os problemas já citados.

Em meio a este novo cenário iniciaram-se as discussões sobre a sociedade


de maneira mais específica, ou seja, era necessário desenvolver uma ciência social
para estudar a sociedade que estava emergindo da Revolução Industrial. Os
problemas sociais precisavam ser discutidos de maneira mais específica, papel que
a sociologia assumiu por ocasião de seu surgimento.

7 A REVOLUÇÃO FRANCESA
O descontentamento provocado pela divisão da sociedade francesa em três
estados (clero, nobreza e povo) gerou uma onda de descontentamento por parte
do terceiro estado (o povo), porque este arcava com a custa dos demais, ou seja,
trabalhava para pagar a conta. Nesta época a população francesa estava
enfrentando problemas com o clima, secas e/ou inundações. Tais fatores mexiam
profundamente com a economia francesa, pelo fato de a metade da população
trabalhar no campo. Altos impostos, somados aos problemas econômicos e uma
série de outras desigualdades sociais, tornaram-se um campo fértil para o germe
de uma revolução que estourou em 1789.

FIGURA 4 - REVOLUÇÃO FRANCESA

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/>. Acesso


em: 17 abr. 2015.

O absolutismo na França não condizia com os ideais de liberdade pregados


pelos pensadores iluministas franceses. Tais ideais tinham despertado o
sentimento de revolta em vários países do mundo, como é caso dos Estados
Unidos, e também da Conjuração Mineira, em Minas Gerais, em que seus
representantes, influenciados pelos ideais iluministas franceses, lutavam contra a
tirania de seus governantes ou países colonizadores. Enquanto que países
alcançavam sua independência a partir dos ideais franceses, o povo francês,
contudo, permanecia apático frente à exploração da nobreza, do governo e do
clero.

De acordo com Silva e Silva (2009, p. 371), “a Revolução Francesa não foi
apenas mais um evento que abalou as estruturas do Antigo Regime, mas um fato
de consequências mais fundamentais para a contemporaneidade do que qualquer
outro, visto que foi uma revolução social de massa”. O ideal da Revolução
Francesa consistia no anseio por liberdade, igualdade e fraternidade. A busca por
uma sociedade igualitária, livre e fraterna despertou nos franceses um sentimento
de inconformismo diante daquilo que vinham enfrentando ao longo de sua
história. Nesse sentido, “a Revolução Francesa não foi uma revolução comum, mas
foi uma revolução que sacudiu as instituições vigentes e propôs novas instituições
e valores ao mundo” (SILVA; SILVA, 2009, p. 367). Se, por um lado, a Revolução
Industrial teve um forte impacto sobre o campo econômico, a Revolução Francesa
teve um impacto mais abrangente, pois seus efeitos são sentidos nas mais diversas
áreas da vida humana. Naturalmente, este evento marca o início das discussões
sobre os direitos universais do homem.

8 AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO


Augusto Comte (1798-1857) foi um filósofo francês, nascido em
Montpellier, França. É conhecido como o criador da corrente de pensamento
denominada “Positivismo”. Comte realizou seus primeiros estudos em sua
cidade natal.

Em Paris, ingressou na Escola Politécnica, mas com o fechamento


temporário desta, retornou a Montpellier para continuar seus estudos na
Faculdade de Medicina. Em 1817 retomou os estudos em Paris, até ser expulso
da Escola Politécnica. No mesmo ano, tornou-se secretário do socialista
SaintSimon, quem o apresentou à intelectualidade francesa. Nessa época,
começou a escrever o livro “Curso de Filosofia Positiva”, que seria uma filosofia
das ciências. De um lado, originou uma classificação das ciências, por ordem de
complexidade; de outro, formulou a Lei dos Três Estados, que é o alicerce
fundamental de sua obra. Em 1826, Comte foi internado em uma clínica de
saúde mental para tratar de problemas psiquiátricos. Já no ano de 1832, voltou
à Escola Politécnica para lecionar, mas saiu em 1844 por não obter cátedra. Em
1848 o pensador francês criou uma “Sociedade Positivista”, que obteve muitos
seguidores. Comte faleceu em Paris, França, no dia 5 de setembro de 1857.

FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-auguste-comte/>. Acesso em: 28


abr. 2015.
FIGURA 5 - AUGUSTO COMTE

FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-deauguste-


comte/>. Acesso em: 6 abr. 2015.
O pensamento de Comte é profundamente influenciado pelas ideias de
Henri de Saint-Simon, do qual se tornou discípulo. Saint-Simon pregava a tese de
que o sistema católico-feudal entraria em decadência. A Teologia seria substituída
pela ciência e pela indústria, onde os nobres, padres e soldados que serviam aos
interesses das classes dominantes e dos Estados dariam lugar às figuras dos
engenheiros, dos donos de indústrias e operários. Este seria um novo estágio, em
que a indústria seria guiada pela ciência, modificando profundamente a vida
social.

Sob a influência destas ideias e das mudanças que vinham ocorrendo na


sociedade, Augusto Comte começa a desenvolver pesquisas no sentido de
compreender as dinâmicas dessa nova sociedade. De acordo com Oliveira (1999,
p. 19),

O criador da Sociologia e do Positivismo, aos exaustivos estudos da


estática e da dinâmica sociais, termos emprestados da Física para poder
explicar os fenômenos sociais, acreditava ser possível criar uma
sociedade-modelo, tendo o amor como princípio, a ordem como base e
o progresso como fim.

A humanidade, de acordo com o pensamento de Comte, teria passado por


três estados no que se refere à sua concepção de mundo e da vida: o estado
teológico, o estado metafísico e o positivo. Estes três estados pelos quais a
humanidade passou significam, na verdade, os três estágios do conhecimento
científico. Essa teoria de Comte tenta explicar o desenvolvimento das concepções
intelectuais da humanidade.
A seguir você poderá observar um resumo da ideia comtiana dos três
estágios ou estados.

QUADRO 1 – OS TRÊS ESTADOS DA HUMANIDADE


TEOLÓGICO METAFÍSICO POSITIVO
• Fetichismo Reunião de todas as forças Científico: conhecimento
Culto de objetos materiais. numa só, chamada natureza. da realidade e das suas
Magias. explicações, através da
Explicação da realidade por observação e da
Místico. abstrações racionais. experimentação, buscando
• Politeísta leis científicas que regem
Presença de vários deuses para Autodestrutível, levando o a natureza das causas das
explicar e justificar a natureza homem ao terceiro estado, que coisas.
das coisas. • Matemática
é o positivo.
• Monoteísta • Astronomia
Substituição da legião de • Física
deuses por um único Deus. • Química
Período em que se fazem • Biologia
algumas abstrações. • Sociologia
Igreja Positiva.
FONTE: OLIVEIRA, 1999, p. 20
A organização da sociedade, para Comte, é de responsabilidade dos
industriais e dos sábios, sendo que o primeiro grupo é possuidor do poder
material e o segundo grupo possui o poder espiritual. (OLIVEIRA, 1999).

Para Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42), “No estado teológico, o espírito
humano [...] apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua
de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária
explica todas as anomalias existentes no universo”. Neste estado as explicações
partem da ideia de que há deuses (posteriormente surge a ideia de um único Deus
– monoteísmo) que regem os destinos do universo, ou seja, Deus está presente em
tudo e tudo o que acontece parte da vontade Dele.

O segundo estado da humanidade, denominado de metafísico, é entendido


como o momento em que se conhecem os fenômenos a partir das causas primeiras.
Nesse sentido, Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42) escreveu que:

No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que uma simples


modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são
substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações
personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidos
como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos
observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para cada
um uma entidade correspondente.

Neste segundo estado os fenômenos são explicados a partir de forças


ocultas, a ideia da existência de um Deus, que rege todas as coisas, vai dando lugar
a explicações menos místicas. Em termos simples, significa dizer que os agentes
sobrenaturais dão lugar a forças ocultas. As fundamentações deste estado são mais
racionais que o primeiro, mas ainda têm o caráter metafísico, porque não são
demonstráveis experimentalmente.

No terceiro e último estágio, o positivo, a filosofia é substituída pelo


conhecimento científico. Nesse sentido, Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 43)
afirma que,

Enfim, no estágio positivo, o espírito humano, reconhecendo a


impossibilidade de obter as noções absolutas, renuncia a procurar a
origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos
fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso
do bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a
saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.

Nesse estágio o espírito humano renuncia a procura pelos fins últimos, ou


seja, abandona a busca de respostas para os últimos ‘por quês’. O ser humano, ao
abandonar as respostas religiosas, busca, por meio do conhecimento científico,
compreender as leis que regem os fenômenos, no sentido de prever qual deve ser
o próximo passo a ser dado para se antecipar ao que irá acontecer. É o estado da
capacidade humana, porque consegue superar todas as especulações metafísicas
e constrói um conhecimento resultante da verificação e comprovação.

8.1 AUGUSTO COMTE E A FÍSICA SOCIAL


No pensamento de Comte a sociologia ganha o status de ciência suprema,
pois ele a concebe como uma física social com rigorosos critérios de pesquisa.
Sobre isso, Augusto Comte (1989, apud SELL, 2002, p. 45) disse:

Entendo a Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo
dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo espírito que os
fenômenos astronômicos, químicos e fisiológicos, isto é, como
submetidos às leis naturais invariáveis, cuja descoberta é o objetivo
especial de suas pesquisas [...]. O espírito dessa ciência consiste,
sobretudo, em ver, no estudo aprofundado do passado, a verdadeira
explicação do presente e a manifestação geral do futuro.

Comte defendia a ideia da objetividade no estudo da sociedade, pois


acreditava que tanto os fenômenos sociais quanto os fenômenos físicos possuíam
uma origem natural e, portanto, seguiam uma ordem natural de funcionamento.
Nesse sentido, a ciência social deveria obedecer a critérios objetivos de
investigação da mesma maneira que a física, a matemática e outras ciências exatas
seguem para chegar às suas conclusões.

Ao se referir a Comte, os sociólogos Lakatos e Marconi (2006, p. 45) dizem


que “este pensador francês lutava para que, em todos os ramos de estudos, se
obedecesse à preocupação da máxima objetividade”. Essa deve ser a característica
elementar da sociologia enquanto ciência, pois a objetividade científica fortalece a
credibilidade teórica dos argumentos elaborados. Por este motivo, “defendia o
ponto de vista de somente serem válidas as análises das sociedades quando feitas
com verdadeiro espírito científico, com objetividade e com ausência de metas
preconcebidas, próprios das ciências em geral”. (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.
45). A física social consiste exatamente na objetividade dos fenômenos observados
e não na subjetividade do observador.

Segundo Comte (1983, apud SUPERTI, 2015, p. 2),

O caráter fundamental da filosofia é tomar todos os fenômenos como


sujeitos a leis naturais invariáveis, cuja descoberta precisa e cuja
redução ao menor número possível constituem o objetivo de todos os
nossos esforços, considerando como absolutamente inacessível e vazia
de sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam as
primeiras, sejam as finais.
Comte entendia que a evolução da sociedade estava sujeita a leis naturais
que não poderiam ser modificadas pela intervenção humana. Nada é por acaso,
tudo o que acontece na sociedade obedece às leis naturais; nesse sentido, o
desenvolvimento da sociedade não pode ser impedido, pois qualquer resistência
é inútil, os fenômenos possuem causas que precisam ser observadas no sentido de
compreendê-las, mas sem a possibilidade de intervenção. Seu pensamento resulta
numa compreensão determinista em que nada poderá parar o avanço científico.
Os passos do progresso humano estão encadeados uns aos outros, isso significa
dizer que os fenômenos sociais não são isolados, tudo está interligado, e precisam
ser estudados a partir das causas que os mantêm ligados.

A evolução social é vista por Comte como estando sujeita a leis naturais
que não podem ser modificadas pela natureza humana, cabendo à física
social, pois, alertar para a inutilidade da resistência ao
desenvolvimento que, afinal, é inevitável, podendo, ao mesmo tempo,
mitigar ou acelerar artificialmente tal desenvolvimento [...]. E, fiel a tal
perspectiva, ele recusa a noção de acaso: tudo está interligado, todo
fenômeno pode ser estudado a partir de causas precisas que o
motivaram. (SOUZA, 2008, p. 140)

Observe que esta evolução social não é resultado do acaso, segue um


conjunto de leis, que, se forem compreendidas devidamente, possibilitam que o
homem conheça, de certa maneira, qual será o próximo fenômeno a ser
desencadeado por aquele que o precede.

A base do sistema de pesquisa positivista é a observação, pois de acordo


com Suassuna (1999, SOUZA apud 2008, p. 139), “O objeto da sociologia são os
fatos sociais observáveis, aqueles objetos que não podem ser observados
sistematicamente, dentro de um exercício metódico, não podem ser objeto da
sociologia”. Assim como a astronomia elabora suas teorias a partir daquilo que é
possível observar, a sociologia deve ocupar-se dos fatos que sejam passíveis de
observação, pois do contrário, na visão de Comte, a sociologia deixaria de ser uma
ciência e se tornaria um conhecimento baseado no senso comum.
O estado positivo somente seria alcançado em decorrência da evolução
social da humanidade. O conhecimento científico possibilitaria que a humanidade
chegasse neste estado. O que podemos perceber na teoria de Comte é sua visão
determinista da história da humanidade, não havendo espaço para o acaso, e que
a natureza humana pouco pode fazer para mudar o curso do progresso científico
da humanidade. O ser humano está fadado a adequar-se ao progresso científico
sem a possibilidade de escolher um retrocesso como forma de escapar de tal
estágio da humanidade.

9 HERBERT SPENCER
Herbert Spencer, nascido em 27 de abril de 1820 em Derby, morreu em 8
de dezembro de 1903, em Londres, é um filósofo inglês e sociólogo. Defende, em
1857, uma filosofia evolutiva. A evolução é uma transição gradual do homogêneo
para o heterogêneo e contraditório consistente. Um fenômeno evoluindo no
sentido de aumentar a diferenciação e integração. Vindo de uma família de
radicais, muito cedo se interessou em questões políticas. É por isso que ele se
juntou a muitas associações. Tornou-se membro da Anti-Corn Law League,
fundada por Richard Cobden. Se ele ficou conhecido como um sociólogo, no
entanto, praticou os caminhos de ferro na profissão de engenharia.

Colaborador na The Economist, ele escreveu muitas obras originais,


incluindo a Estática Social. [...] Seu grande trabalho consistiu em desenvolver os
Princípios da Sociologia.

Ao longo de sua vida, Spencer era um inimigo da guerra e do


imperialismo, é por isso que ele se opôs à Guerra Hispano-Americana de 1898 e
tentou fundar uma Liga contra a agressão.

FONTE: Disponível em: <http://elmaxilab.com/definicao-abc/letra-h/herbert-spencer.php>. Acesso em: 28


abr. 2015.
FIGURA 6 - HERBERT SPENCER

FONTE: Disponível em: <http://global.britannica.com/EBchecked/


topic/559249/Herbert-Spencer>. Acesso em: 7 abr. 2015.

Diferentemente de muitos outros pensadores, seus livros ficaram muito


conhecidos em seu tempo, tornando-se verdadeiros best-sellers, pois de acordo com
estimativas, Spencer foi o único filósofo a ter vendido mais de um milhão de cópias
enquanto ainda vivia. Isso definitivamente mostra o alcance de suas ideias.

Uma de suas teses é a de que a sociedade se desenvolve de maneira muito


semelhante à evolução natural, tal ideia ficou conhecida como a teoria do
darwinismo social, assunto sobre o qual iremos discorrer a seguir.

9.1 SPENCER E A TEORIA DO DARWINISMO SOCIAL


O capitalismo criou um cenário desafiador para a sobrevivência. Assim
como a natureza exige que os que desejam sobreviver desenvolvam mecanismos
que lhes deem condições para vencer as intempéries, na sociedade capitalista vai
imperar a lei do mais forte, daquele que recebeu melhor formação, herança, ou
posição social. O mundo político, econômico e social assemelha-se, na visão de
Spencer, ao mundo natural, os fenômenos se repetem. Para explicar os fenômenos
sociais, Spencer aplicou as ideias das ciências naturais à sociologia. Sua teoria é
elaborada a partir das ideias de Charles Darwin.
Segundo a concepção desse pensador, a sociedade assemelha-se a um
organismo biológico, sendo o crescimento caracterizado pelo aumento
da massa; o processo de crescimento dá origem à complexidade da
estrutura; aparece nítida interdependência entre as partes; tanto a vida
em sociedade como a do organismo biológico são muito mais longas
que a de qualquer de suas partes ou unidades. (LAKATOS; MARCONI,
2006, p. 47).

A teoria de Spencer tem gerado muitas controvérsias e debates. Alguns


argumentam que tal teoria contribuiu ao longo da história para justificar a
existência dos regimes opressores, pois se na evolução natural o mais forte subjuga
e se sobrepõe ao mais débil, logo, no desenvolvimento da sociedade seria aceitável
que isso ocorresse e fosse encarado como um processo natural. Talvez a maneira
mais correta de ver a teoria de Spencer não seja partindo do princípio de que ele
tentou justificar a exploração e o domínio, mas tentou explicar o funcionamento
da sociedade constituída destes elementos.

Para muitos, Spencer concebe a ideia de dominação e a exploração como


algo natural. Seria realmente isso o que Spencer tinha em mente ao desenvolver
tal teoria? Para refletir um pouco sobre essa questão podemos observar, por
exemplo, o que Spencer diz sobre o direito das mulheres.

Portanto, se homens e mulheres são considerados seriamente como


membros independentes da sociedade e cada um deles tem que fazer o
melhor para si próprio(a), disso se deduz que não se pode estabelecer
limitações equitativas às mulheres com respeito a ocupações, profissões
ou outras carreiras que possam querer seguir. Devem ter igual
liberdade para se preparar e igual liberdade para se beneficiar dessa
informação e habilidades que adquirirem. (1978, apud RICHARDS,
2015, p. 1).

A ideia de igualdade entre homem e mulher encontrava muita resistência


em uma sociedade predominantemente machista. Spencer acreditava que uma
sociedade experimentaria o verdadeiro desenvolvimento se as pessoas fossem
livres no sentido de desenvolver suas potencialidades. Com a colocação citada
acima é possível perceber que Spencer não entendia a dominação masculina sobre
a feminina como algo natural, o princípio da igualdade pode ser visto de maneira
muito clara em tal afirmação.

Os homens, ao longo da história, foram naturalmente criando mecanismos


de controle e os governos foram se estabelecendo naturalmente em decorrência da
necessidade que as comunidades tinham de se organizar. Sobre o governo,
Spencer faz uma observação muito importante:

Então, para que querem um governo? Não para regular o comércio, não
é para educar o povo, não é para ensinar a religião, não é para
administrar a caridade, não é para construir rodovias ou ferrovias,
senão simplesmente para defender os direitos naturais do homem: para
proteger a pessoa e a propriedade, para impedir as agressões dos
poderosos aos mais fracos, em uma palavra, para administrar a justiça.
Essa é missão natural e original de um governo. Não se pretende que
faça menos: não deveríamos permiti-lo a fazer mais. (1981, apud
RICHARDS, 2015, p. 1).

Podemos observar que a função principal do governo, na visão de Spencer,


é salvaguardar os direitos dos mais fracos. Em sua argumentação é possível
perceber que os mais fracos não podem ser deixados à mercê do destino, pois cabe
ao Estado o dever de administrar a aplicação da justiça.

O que se pode observar na sociedade são as políticas de dominação muito


comuns, mas não podem ser encaradas como naturais. É dever da sociedade se
organizar no sentido de garantir direitos iguais a todas as pessoas. Não é natural
que alguns sejam explorados para que outros sejam bem-sucedidos, isso é uma
invenção da sociedade que se utiliza da força e do poder para garantir seus
privilégios. A construção de uma sociedade justa resulta de uma mobilização
coletiva no sentido de garantir justiça e dignidade a todos, sem distinção de
gênero, raça ou classe social.

A SOCIOLOGIA COMO TEORIA DA MODERNIDADE

A sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão da


vida social moderna. Ao longo deste período, praticamente toda a reflexão sobre
a ordem política, econômica e cultural procurou adaptar-se ao surgimento da
ciência. Aplicando o método científico ao estudo destes diferentes aspectos da vida
social, os estudiosos fundaram as principais disciplinas que tratam do homem em
sociedade. Entre as principais ciências humanas e sociais (às vezes também
chamadas de humanidades) existentes atualmente, convém lembrar
especialmente:

1. História: embora a história, como forma de conhecimento, já possa ser


localizada na Grécia com os textos de Heródoto e Tucídides, no século XIX
autores como Leopoldo Ranke (1795-1886) e Friedrich Meinecke (1862-1954)
buscaram adaptar a pesquisa histórica aos métodos da ciência, fundando,
assim, a “ciência da história”.

2. Economia: os primeiros autores a tratar da produção de bens e mercadorias de


forma científica foram Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823), ao
longo dos séculos XVIII e XIX.

3. Ciência política: a aplicação dos métodos científicos para um estudo empírico


da política começa apenas no final do século XX, com Gaetano Mosca (18561941)
e Vilfredo Pareto (1848-1923).
4. Antropologia cultural: o estudo das chamadas “sociedades primitivas” ou
“sociedades tribais” também começa nos séculos XIX e XX, com autores como
Edward Taylor (1832-1917) e Franz Boas (1858-1942), prosseguindo, após, com
as pesquisas de Malinowsky (1882-1942), Radcliffe-Brown (1881-1955) e
LeviStrauss (1908), entre outros.

A lista acima mereceria ainda ser ampliada, incorporando-se a ela


disciplinas como o direito, a psicologia, a psicologia social, a pedagogia e outras
mais. Mas, se em relação ao uso do método científico, a sociologia se iguala ao
conjunto das ciências sociais e humanas, em que medida ela se diferencia de cada
uma delas? Seguindo a argumentação de Jürgen Habermas, podemos perceber
que o marco distintivo da sociologia é o fato de ela não ter se fixado em apenas
uma das dimensões da vida social moderna, como fazem as outras ciências, como
a economia (que trata da produção de bens), a ciência política (que trata do poder)
ou a antropologia (que trata da cultura). Habermas procura ilustrar isto através do
seguinte esquema:

Economia Política (Ciência


(Ciência econômica) política)
Cultura
Comunidade societal
(Antropologia)

É o próprio Habermas (1987, p. 20) que explica que:

Naturalmente, não faltaram tentativas de converter também a


sociologia em uma ciência especializada na investigação social.
Todavia, não é casualidade, ao contrário, é um sintoma, o fato de que
os grandes teóricos da sociedade (...) provenham da sociologia. A
sociologia foi a única ciência social que manteve sua relação com os
problemas da sociedade global.

Portanto, ao contrário das suas vizinhas, a sociologia não se especializou


em apenas um aspecto da vida social, seja ela a economia, a política ou a cultura.
Seu objetivo é compreender a vida social de forma global, buscando explicar a
sociedade como um todo. Neste sentido, podemos dizer que a sociologia é uma
“teoria da sociedade”.

Porém, mais do que explicar as formas de sociedades e suas variações ao


longo da história (tarefa que coube, especialmente, à antropologia cultural), a
sociologia concentrou-se primordialmente no estudo da organização social
moderna. Para nos ajudar a explicar este ponto, vamos recorrer às reflexões de
Anthony Giddens (1991). Este autor assinala que a sociologia nasce da consciência
de que o tipo de sociedade que se forma na era moderna é marcado por profundas
descontinuidades em relação às sociedades que existiam antes. Para Giddens
(1991, p. 15-16), as “descontinuidades” da ordem social moderna em relação às
ordens sociais tradicionais devem-se principalmente ao fato de que a sociedade
moderna é marcada pela ideia de “mudança”. Inovações e transformações sempre
existiram em todas as sociedades, mas no mundo moderno a mudança apresenta
características que a distinguem de outras eras sociais. Isto tem a ver com três
fatores:

• Ritmo da mudança: aqui estamos tratando do fator tempo. Na modernidade,


mudança torna-se sempre maior, mais rápida e intensa. Ser “moderno” é estar
em constante transformação e atualização. Na modernidade, a inovação
prevalece sobre a tradição. Isto difere das sociedades tradicionais, marcadas
pela força das convenções e pela ideia de que a vida social deve permanecer, na
medida do possível, inalterada. Nas sociedades tradicionais, tradição prevalece
sobre a inovação.

• Escopo da mudança: aqui estamos tratando do fator espaço. Na modernidade,


as transformações sociais não apenas se aceleram no tempo, mas também se
expandem no espaço. As inovações econômicas, políticas e culturais próprias
do mundo moderno passam a atingir virtualmente toda a superfície do planeta.
Em outros termos, a modernidade possui um alcance.

• Natureza da mudança: por fim, Giddens assinala, ainda, que o mundo moderno
criou instituições sociais novas, que praticamente não existiam em outras
sociedades. Basta pensar em fenômenos sociais como o Estado-Nação, artefatos
tecnológicos e o trabalho assalariado, por exemplo. Assim, pela sua própria
“natureza”, a ordem social moderna está em profunda descontinuidade com os
tipos de sociedade pré-modernas.

É por estas razões que a sociologia pode ser considerada como uma ciência
social cujo objeto de estudo é a sociedade moderna. Em outros termos, a sociologia
é uma teoria da modernidade.

FONTE: SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica. 4. ed. Itajaí: Ed. UNIVALI, 2002.
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