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AULA 05 de Abril.

Acadêmico: Gustavo Henrique Santos Serpa


UNIDADE I:
Modernidade e Modernização

A modernidade é vista pela filosofia e pelas ciências sociais como um projeto


de desenvolvimento das perspectivas universalistas, da moral, da cultura, da
arte e do direito, liberando potencias de conhecimento e de emancipação dos
indivíduos daquelas formas de compreensão e expressão fundadas nas
crenças e nas tradições.

A sociedade moderna é complexa desde a sua origem. Surgiu de debates e


discussões entre vários pensadores e projetos, de diversas propostas
ideológicas e pelo inevitável caminhar do tempo histórico. Desde a Revolução
Francesa são promovidos debates em diversas áreas sobre o que é o tempo
em que se vive, denominado de moderno, e como é o sujeito fruto de seu
período histórico.

Acreditou-se que esse homem, fruto de lutas históricas e sociais, seria um novo
ser, livre, emancipado das amarras religiosas, econômicas, ideológicas,
sociais, familiares, capaz de se autogerir, tornando-se o condutor de sua
história.

Que liberdade é essa que não livrou o sujeito moderno de antigas amarras,
anteriormente abominadas? E que emancipação é essa que, em busca de um
bem e de uma verdade, foi capaz de gerar grandes catástrofes históricas ao
longo do século XX?

O que nos faz modernos? O mercado, a economia, a educação, a liberdade, a


política, o Estado?

A modernidade anunciou o fim do sagrado que marcava a pré-modernidade a


sacralidade da crença na salvação e o espírito de pertinência e coesão da
comunidade. Na modernidade, esse embasamento existencial do pensamento
e da conduta individual e coletiva dá lugar ao "desencantamento" e de "gaiola
de ferro", tão eloqüentemente expresso por Max Weber como metáfora para a
modernidade (cf. Scott, 1997; Weber, 1993).
De outro modo, o tempo na modernidade é um escasso elemento de
superação dos problemas do passado, o passado não constitui experiências a
serem apreendidas, mas tradições a serem deixadas para trás.

Momento de inovação e ruptura, a modernidade cria e recria a si mesma a


cada momento. (Habermas, 1987).

Boaventura de Souza Santos entende a que a modernidade se expressa em


dois aspectos (chamados por ele de pilares) diferentes: Pilar da regulação
(Estado, Mercado e a comunidade). Pilar da emancipação (direito, ciência,
arte).

Em linhas gerais, este autor entende que a modernidade proporciona


igualmente duas possiblidades: regulação, ou seja, ordem social; e
emancipação, ou seja, liberdade individual. Mas o autor dirá adiante que o
aspecto da regulação cresceu de importância em relação às possibilidades de
liberdade e de emancipação.

Seis conceitos centrais estão na base do que veio a ser conhecido como
"modernidade":

1- Epistemologia racional crítica. Acentuação do poder da razão. A ideia de


criação de uma sociedade racional em oposição às formas arcaicas de
sentimentalismo. Projeto racional de construir o paraíso. Fundamento
cientifico. Utopia redentora.

2- "Universalidade". Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Eurocentrismo.


Exclusão social. Inclusão social. Contradições.

3- Ideal iluminista de progresso. Liberdade e razão são instituídas como


instrumento de dominação. Avança uma nova religiosidade: ciência, progresso
e a tecnologia. A ciência tornou-se o mal mais precioso. Discurso do progresso,
cria bomba atômica. Em Modernidade e holocausto (Bauman), percebemos
que a ciência não garante humanismo.

4- Renascimento cultural. Valorização do homem. A tentativa de produzir um


mundo muito seguro produz a sensação de insegurança.

5- Integração funcional e o determinismo (cf. Habermas, 1987). Perdemos a


referências que nos orientava. Ex: padre, mãe, pai etc. A modernidade não
abriu espaço para a descoberta de nós mesmos. Autoridade tradicional em
crise. Desorientação. Ordem e progresso. Conflito de classes.
6-A partir desses princípios, segue-se uma plêiade de instituições acessórias,
de formas de interação social, um tipo de conhecimento e um sistema
epistemológico dominante para estudar o mundo material e social,
experienciando-o e nele vivendo.

O componente emancipatório da modernização foi encarnado no Estado-


nação, o qual introduziu os princípios de cidadania, dever, burocracia, direitos e
responsabilidades institucionais e, não menos importante, de fronteiras. Estas
últimas são as do Estado-nação, construídas em torno da linguagem, da
geografia, da história, da cultura e da política.

O Estado Moderno; A soberania, a territorialidade e o povo são as


características do Estado Moderno que se originou da necessidade de unidade,
a busca de um único governo soberano dentro do território delimitado.

Elementos característicos do aspecto da regulação, O Estado e o mercado


capitalista caminharam lado a lado no desenvolvimento da modernidade. Mais
precisamente, O estado Moderno é o estado burguês capitalista, cuja doutrina
política de orientação é o liberalismo. (Próxima Unidade).

A modernidade não se resume ao fenômeno propriamente político do Estado


Territorial Moderno, este apenas consiste em um dos mais importantes
adventos da Modernidade. A modernidade introduz transformações
significativas na vida social, relacionadas à cultura, à moral, ao direito, à ciência
e à técnica. Outras disciplinas cuidaram destes aspectos.

NOSSA ATENÇÃO deve dirigir-se às transformações do âmbito das relações e


das instituições políticas e econômicas, pois estas transformações estão
bastante relacionadas entre si. Assim, daremos prioridade as estudo do Estado
Moderno e a sua relação com a dinâmica do capitalismo.

A modernidade, por conta mesmo de seus ideais libertários, igualitários e


democráticos, foi compreendida desde seu início como um vôo cego, ou, pelo
menos, como uma empreitada de alto risco, cujo perigo residia na possibilidade
da emergência de um igualitarismo artificial, legitimador de uma sociedade
uniforme, massificada, disciplinada e autocontrolada, e, o que parece pior, sem
vida ativa e espaço público. Esta imagem dos desafios e riscos da nova
sociedade, já intuída no século XIX por Tocqueville, tornou-se chocantemente
verdadeira através das experiências totalitárias do nosso século.
A DINÂMICA DA MODERNIZAÇÃO.

Entende-se por modernização aquele conjunto de mudanças operadas nas


esferas política, econômica e social que tem caracterizado os dois últimos
séculos. Politicamente a data de início do processo de modernização tem como
referência maior a Revolução Francesa de 1789 na revolução industrial inglesa
que provocaram mudanças de grande alcance (europeização, ocidentalização,
eurocentrismo, Modernização (Pasquino, 2000).

Modernização política é o fenômeno correspondente às mudanças políticas nas


sociedades, advindas da modernidade, tanto as relativas aos cidadãos quanto
aos sistemas políticos. Há modernização política quando se verifica uma
mudança na condição generalizada de súditos para a condição de cidadãos
unidos entre si por vínculos de colaboração, acompanhado pela expansão do
direito de voto e da participação política, mas também por formas variadas de
associação entre os indivíduos. Para além da democracia, uma certa
emancipação dos indivíduos.

De acordo com Norberto Bobbio (2000) existe modernização política quanto ao


desempenho do governo quando se verifica um aumento da capacidade das
autoridades em dirigir os negócios públicos, de controlar as tensões sociais e
enfrentar as exigências crescentes dos membros do sistema.

Do ponto de vista dos governantes, a modernização na maioria das vezes se


confunde com o aumento da capacidade e da especialização dos funcionários
públicos em desenvolver e empregar métodos eficazes na administração
pública. A modernização nos governos é o que Weber denomina de burocracia.

A modernização dá lugar, num mesmo processo, a duas tendências


contraditórias: integração e marginalização. Mais precisamente: a
modernização impulsiona uma integração transnacional que provoca a
marginalização tanto de amplos setores sociais como de regiões inteiras. Ela
se torna uma norma universal em sentido duplo: como princípio orientador da
ação social e enquanto valor objetivado em produtos (tecnologia), como um
padrão objetivo.

A modernização é atualmente um critério necessário de desenvolvimento


econômico; ademais - e isso é decisivo - é uma norma legitimadora do
processo político. Trata -se de um valor cultural aceito geralmente e isto
condiciona a dinâmica mencionada acima. À medida que se considera a
integração transnacional uma necessidade legítima, a marginalização
decorrente aparece como mal menor, indesejado, porém aceito. Ou seja, não
se trata de repudiar a exclusão, mas de atenuá -la.

Bauman (1998) também se preocupou com a questão da modernidade. Se


anteriormente a sociedade dita moderna era vivida como sólida com projetos
sociais e ideologias condutoras de rumos para os homens hoje não se tem
mais isso. Vive-se, como ele denomina, uma espécie de modernidade líquida,
fluida, desapegada de promessas ideológicas, compromissos sociais e políticos
e com um consumismo exacerbado. O que importa é consumir sem pensar nas
consequências das compulsões estimuladas pelo mundo moderno. Essas
compulsões levam cada vez mais à individualidade e ao isolamento afetivo
como formas de proteção.

Como bem coloca Carvalho Campos, no seu artigo Axiodrama: uma


possibilidade de ressignificar o tempo e a impaciência na pós-modernidade:
Estamos entregues a essa grande compulsão que se instala de maneira
globalizante, estamos cegos para olhar a nós mesmos e ao outro, substituindo
relações por vícios, trabalho desenfreado e cacarecos pós-modernos,
aumentando a sensação de impaciência em relação ao outro. (CARVALHO
Campos, 2010, p. 4).

Escravidão ao sucesso. Não parar nunca...graduação, especialização,


mestrado, doutorado, pós....

Construímos uma torre de babel (fama e poder).

“Pensando que iam acordar no jardim dos campos Elísio, tudo que
conseguiram fazer foi ampliar a fronteira do inferno”.

Hoje: crise de valores, moral, identidade, medos, incertezas, depressão,


ansiedade, distopia.

Como deslizar fina casca de gelo. Exige habilidade, agilidade, aceleração.etc.

Fracasso da organização cientifica da vida.

Excesso de informações e pouca formação.

Excesso de liberdades e opções oferecidas, falta de sentido. Ausência de


reflexão crítica. Mercado da ciência. Produção mercadológica das ciências.
Meritocracia.

Turbilhão midiático. Estimulo para nossos desejos. Manter sujeitos sobre


controle. Alienação.
Quem somos?

Para onde vamos?

Uma comparação entre Marx e Weber (Modernidade).


Marx Weber
A principal dinâmica do A principal dinâmica do
desenvolvimento moderno é a desenvolvimento moderno é a
expansão dos mecanismos racionalização da produção.
econômicos capitalistas.
A classe é um tipo de desigualdade
entre tantos, como as desigualdades
As sociedades modernas são existentes entre homens e mulheres,
fendidas pelas desigualdades de nas sociedades modernas.
classe, que são fundamentais para a
sua própria natureza. No sistema econômico, o poder é
separável de outras fontes. Por
exemplo, as desigualdades entre
As grandes divisões de poder, como homens e mulheres não podem ser
aquelas que afetam a posição explicadas em termos econômicos.
diferencial entre homens e mulheres,
são, no fim das constas, resultado de Certamente, haverá um progresso
desigualasses econômicas. ainda maior da racionalização, no
futuro, em todas as esferas, da vida
As sociedades modernas, assim social. Todas as sociedades
como hoje as conhecemos modernas dependem dos mesmos
(capitalistas), são de um tipo modos fundamentais de organização
transicional- podemos esperar que social e econômica.
venham a ser radicalmente
reorganizadas no futuro. O O impacto global do ocidente origina-
socialismo, de um tipo ou de outro, se no seu controle sobre os recursos
acabara substituindo o capitalismo. industriais, aliado a um poder militar
superior.
O avanço da influência ocidental em
todo o mundo é resultado, sobretudo,
das tendências expansionistas da
iniciativa capitalista.

Atividade Avaliativa sobre Modernidade e Modernização.

Questão 1:

Da modernidade essa armadilha, matilha de cães raivosos e assustados.


O presente não devolve o troco do passado. Sofrimento não é amargura.
Tristeza não é pecado. Lugar de ser feliz não é supermercado. (Piercing,
álbum Vô Imbolá, ZECA BALEIRO,Universal, 2005).

ANALISE a fala de Zeca Baleiro com a crise da modernidade.


Fazendo analogia do texto do autor com a crise da modernidade, podemos inferir
que, a mudança estrutural humana deve ser feita e que, as gerações mudam e com isso a
forma como agimos, pensamos e nos relacionamos com outras pessoas, levando em
consideração as prenoções já impostas pela sociedade civil. A partir disso, devemos
fugir dessas prenoções e buscar um caminho epistemológico para nos libertar da “gaiola
de ferro” no qual Weber nos fala.
Questão 2:

"Pão de Açúcar: lugar de gente feliz", "Casas Bahia: Vem ser feliz" ou ainda a
família "Doriana", que acorda cedo desfrutando do "café-marketing" da manhã.

Analise “ser feliz” no mundo atual, considerando as expressões acima.

O "ser feliz" é uma condição estrutural, onde a grande burguesia e detentores dos
meios de produção tentam nos passar uma visão exacerbada de que devemos comprar
cada vez mais, nos mostrando diariamente com o seu marketing que somente adquirindo
certos produtos a felicidade vai ser obtida.

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