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CIDADANIA

THOMAS MARSHALL: Sociólogo britânico. “A cidadania não nasce pronta e acabada, mas é uma
construção gradativa de direitos.”

Cidadania formal: aquela prevista em lei.

Cidadania substantiva: o que realmente acontece na prática.

JOSÉ MURILO DE CARVALHO afirma que no Brasil os direitos não se desenvolveram da mesma forma
que na europa. Aqui, primeiro tivemos os direitos sociais e depois os direitos políticos e civis (na
europa a ordem foi civis-políticos-sociais).

ULRICH BECK: desenvolve o conceito de Cidadania Terrestes/Global – defende a necessidade de


considerar as pessoas como cidadãos globais, e não como pertencente a uma única nação, o que
diminuiria vários conflitos, por exemplo, o nacionalismo e a aversão ao outro.

CULTURA

A origem etimológica de cultura é “cultivar”.

Etnocentrismo ocorre quando uma sociedade se considera superior ou mais avançada que as demais.

ADORNO E HORKHEIMER: criam o conceito de Indústria Cultural, em que as artes seguem uma lógica
capitalista. São entretenimentos sem compromisso com a informação, com o pensamento crítico. Há
ainda a massificação das produções, pretendendo homogeneizar comportamentos e as subjetividades.

URBANIZAÇÃO E MOBILIDADE URBANA

ARISTÓTELES: “O ser humano é um animal político e social.”

Nesses temas, a expressão DIREITO À CIDADE é obrigatória!

Outras palavras-chave: cidadania, qualidade de vida, segregação socioespacial.

Gentrificação: processo de valorização (especulação) imobiliária de uma região que leva à expulsão de
famílias de renda mais baixa.

Aparecimento das cidades globais, que reúnem: complexo financeiro; de serviços, como consultoria
especializada; tecnológica; e cultural, que influenciam outras cidades em todo o mundo.

Aumento da importância das cidades, que tendem a resolver problemas socioeconômicos e culturais
de maneira mais efetiva que os países. Consequente aumento da importância dos prefeitos.

Smart cities: baseadas em i) uso estratégico de informação e comunicação na gestão urbana; ii)
desenvolvimento sustentável e uso de soluções tecnológicas. Ex: Copenhague (Dinamarca) tem o
transporte público baseado em bicicletas.

Importância da relação esporte e revitalização urbana, sobretudo nas cidades que sediam eventos
mundiais, como copa do mundo e olimpíadas.

Visão da mobilidade urbana como espaço de convivência democrática com os diversos tipos de
locomoção, incluindo pessoas com deficiência.

EXTRA: THOMAS HOBBES (USAR QUANDO O ASSUNTO FOR CONDOMÍNIOS FECHADOS E COISAS DO
TIPO)
O ser humano, calculista e que teme a morte, aceita sacrificar sua liberdade em nome de sua
segurança. O Estado e a sociedade teriam nascido juntos, representando o fim do estado de natureza,
quando o homem renunciou todos os direitos e as liberdades individuais para um soberano, que, em
troca, governando com poderes absolutos, conteria o lobo do homem, ou seja, protegeria o homem
dos seus semelhantes, evitando o medo e a guerra entre os homens.

O medo da morte, característica humana, é utilizado aqui em favor da paz. O Estado absoluto é a
melhor maneira de garantir a liberdade individual. Enquanto os republicanos diziam que o homem só
é livre se viver num Estado livre, Hobbes lembra que, ao abdicarmos de nossa liberdade de fazer leis
ou escolher representantes periodicamente, ganhamos inúmeras outras liberdades, como a
tranquilidade, a busca por enriquecimento sem incômodos, o exercício dos nossos talentos, o
aprimoramento individual, a busca da felicidade, entre outros.

Perceba, entretanto, que Hobbes legitima o Estado a partir da função que ele tem de proteger seus
súditos; por isso, a maioria dos defensores do absolutismo, na época de Hobbes, não o apoiou, pois,
para eles, o soberano legitimava-se pelas Escrituras ou pela Tradição.

Hobbes hoje: Qual a relação entre medo e política? Se Hobbes pensa o surgimento do poder a partir
do medo, é preciso pensar, na atualidade, a importância do medo: a proliferação de condomínios
fechados, seguros de vida caríssimos, dezenas de mecanismos de proteção de carro e, pior, a sedução,
que leva a discursos demagógicos, com líderes políticos que, utilizando um discurso do medo, afirmam
ser a solução para a pátria, que, segundo eles, está ameaçada. O medo é, sem dúvida, um importante
componente da vida social.

EXTRA: BAUMAN

Modernidade líquida: visa a explicar as transformações do mundo pós 2ª Guerra Mundial. Diante das
atrocidades cometidas na guerra, e período da guerra fria, viu-se que a ideia de progresso da
humanidade se esvaiu. O novo panorama é o terrorismo, conflitos migratórios, sociedade do consumo,
aumento das desigualdades, etc.

Modernidade líquida é o mundo sem forma, de incertezas, medos, ausência de concepções de


progresso e da fragilidade nas relações sociais.

Anteriormente à 2ª Guerra havia a modernidade sólida, com avanços científicos e filosóficos e que
objetivavam a melhoria da sociedade.

A modernidade líquida está sem forma definida, dadas as constantes transformações. Não se consegue
desenvolver um projeto coletivo a longo prazo; as políticas estão fragmentadas.

Os indivíduos líquidos estão preocupados em buscar o prazer individual, o sucesso individual,


abdicando da concepção de bem-estar da coletividade. Além disso, o mercado influencia na felicidade
pelo consumo.

Outro ponto é a volatilidade das relações, tanto trabalho como relacionamentos.

Não menos importante é a rapidez (apressamento do tempo) e o conhecimento apressado, que leva
muitas vezes a uma análise superficial das informações, sem muitas reflexões (o processo de reflexão
é naturalmente demorado, e tem sido suprimido na modernidade líquida).

BAUMAN E GUERRAS/TERRORISMO: A noção de “liquidez”, para Bauman, é utilizada inclusive para


analisar as guerras e os conflitos do mundo contemporâneo, como o chamado “terrorismo”. A partir
do ataque de 11 de setembro de 2001, a natureza da guerra entra em mutação. Torna-se raro, assim,
uma guerra entre dois exércitos que se confrontam: a guerra passa a ser, predominantemente,
assistemática, isolada, dispersa e assimétrica, com ataques brutais e esporádicos, feitos especialmente
a distância, com aeronaves ou drones. Essa é a maneira como a França atacou o Mali ou os Estados
Unidos atacaram o Estado Islâmico. Por outro lado, a forma com que os chamados “terroristas” atacam
embaixadas norte-americanas e países europeus também tem essas características, ainda que em
escalas e intensidades diferentes. A guerra torna-se, assim, “líquida”.

ÉTICA

KANT: definiu imperativo categórico como aquela ação que poderia ser realizado por todos sem
prejuízo de ninguém, ou seja, uma ação que pudesse ser universalizada. As ações que não podem ser
universalizadas não são moralmente corretas. Há um embate entre a razão e as inclinações internas
do indivíduo

HEGEL: critica Kant. Afirma que a moral é variável a depender do processo histórico de determinada
sociedade.

MARX: segue a linha de Hegel, e afirma que a moral é determinada pela classe dominante, que
determina os valores necessários à manutenção da sociedade.

HABERMAS: ética discursiva. Para este pensador, a razão não é pronta e acabada (está em constante
construção); é uma razão comunicativa, que se constrói a partir da argumentação que leva ao
consenso dos indivíduos.

TRABALHO

PLATÃO E ARISTÓTELES: trabalho manual era inferiorizado, pois não permitia tempo para a
contemplação e exercício da cidadania, por meio do ócio.

Caso o tema se refira aos EUA, é importante salientar Weber, que percebeu a influência da ética
protestante, que incentiva o lucro, como fundamental para a prosperidade naquele país.

HEGEL: encara o trabalho como algo positivo, associado à construção do ser humano. Seria uma forma
de se aperfeiçoar pelo trabalho, mas também se libertar pelo domínio que exerce sobre a natureza.

MARX: atividade especificamente humana, pois implica um projeto mental que modela a conduta a
ser desenvolvida para se alcançar um resultado. Vê o trabalho sob um aspecto negativo, pois numa
sociedade capitalista a dominação de uma classe social sobre a outra desvia a função positiva do
trabalho. Ao invés de servir à coletividade, o resultado do trabalho produzido enriquece uns poucos.
Isso se deve, em parte, à separação entre os trabalhadores e os meios de produção, que passam a ser
monopolizados pela classe dominante.

Importante lembrar do trabalho na Modernidade Líquida (Bauman), que enfatiza as incertezas sobre
o trabalho na atualidade, em razão do risco constante de demissão (fim da ideia de trabalhar durante
toda a vida em uma única empresa). Outros aspectos que aumentam a incerteza são as necessidades
constantes de qualificação e a dificuldade de o mercado aceitar pessoas mais velhas e jovens sem
experiência.

EXTRA: BYUNG-CHUL HAN – SOCIEDADE DO CANSAÇO

O conceito “SOCIEDADE DO CANSAÇO” foi cunhado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han.
Segundo Byung-Chul Han, a sociedade ocidental do século XXI é marcada pela ocorrência demasiada
de doenças neuronais, como a depressão, o estresse, a hiperatividade, o déficit de atenção muitas
vezes em jovens, o que tem levadoespecialistas em saúde a questionarem estes diagnósticos, pois
parece estar havendo um excesso deles e de medicações de tarjas pretas, incentivando o lucro da
indústria farmacêutica).

Para Byung-Chul Han, o estilo de vida ocidental atual é o grande causador esta onda de doenças
neuronais que, por sua vez, prejudicam todas as esferas da vida do paciente, desde a esfera social,
íntima, familiar até a esfera profissional e, no caso das crianças e dos jovens, a esfera escolar e
acadêmica.

Assim, temos o retrato da sociedade do cansaço: cobrada, atarefada e frustrada quando os objetivos
não são alcançados. A frustração faz parte da vida e devemos saber lidar com ela, porém, cada vez
mais, não sabemos lidar com as perdas (muitas vezes em razão de um excesso de proteção na infância).

COMUNICAÇÃO

ARISTÓTELES: Homem é animal político porque dotado de linguagem.

ROUSSEAU: A palavra distingue os homens dos animais; a linguagem distingue as nações entre si.

EXTRA: HABERMAS

Desenvolveu a Teoria Comunicativa, reforçando a ação comunicativa e o uso da linguagem e da


conversação como meio de consenso e formação de uma verdade intersubjetiva,.

Habermas hoje: Habermas é hoje um dos maiores pensadores das ciências humanas. Na educação, sua
noção de ação comunicativa é utilizada para defender, na escola e na universidade, a
interdisciplinaridade, contra a ideia positivista de separar as disciplinas em compartimentos
estanques. O diálogo e a busca de estruturas racionais subjacentes às disciplinas são atitudes que
podem enriquecer todos os campos do conhecimento. Na política, sua teoria é base para alternativas
à democracia representativa, modelo que passa a ser cada vez mais contestado por eleitores que não
se sentem representados pelos políticos e governantes. A defesa de outras formas de participação
política, como comitês e audiências públicas, resgata, ainda que parcialmente, aspectos da democracia
direta e dos plebiscitos, comuns na Antiguidade.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO E MUNDO VIRTUAL

PIERRE LÉVY: em seu livro “Cibercultura” trata da importância da Era da Informação como meio de
democratização do conhecimento e de facilidades na comunicação, gerando ambientes integrados e
compartilhados. Outros aspectos importantes da cultura moderna são desprendimento do aqui e
agora (mudanças na concepção e percepção do tempo) e desterritorialização (mudança na percepção
do espaço, dada a existência do mundo virtual).

BAUMAN: reflete que a internet e as redes sociais geram uma perda da noção de individualidade,
desencadeando ansiedade e um novo padrão de felicidade (CURTIDAS). Existência do EFEITO BOLHA
(seleção das interações por afinidade).

GILBERTO SALGADO: sociólogo. Aponta como efeito desse contexto o surgimento de um fosso
cultural, em que separa uma elite de superletrados virtuais de uma camada de pessoas que nem
letradas foram.

Um efeito importante é a democratização na participação do debate. Em contrapartida, também


aumenta a proporção de debates superficiais, reforçando a DOXA (MERA OPINIÃO). Há uma confusão
entre opinião, informação e conhecimento.
Surgimento de mídias alternativas, que não se sujeitam, via de regra, aos interesses comercias da mídia
tradicional (esta é mais influenciada pelo poder hegemônico).

É possível ainda fazer uma conexão entre PLATÃO e o MITO DA CAVERNA e o Mundo Virtual. As
referências a Platão continuam intensas nos dias de hoje. Filmes como Matrix se utilizam do mito da
caverna para pensar sobre a possibilidade de vivermos numa ilusão. Seriados como Blackmirror
abordam a possibilidade de, no mundo digital, criarmos novas “cavernas” (nas redes sociais ou
celulares, por exemplo), e, assim, nos enclausurarmos em falseamentos da realidade.

MEIO AMBIENTE

BECK: sociólogo alemão. Denominou as últimas décadas do século XX de “sociedade de risco”, na qual
os bens coletivos não estão mais garantidos. A produção social das riquezas é acompanhada pela
produção de riscos sociais e ambientais.

DUPIMG ECOLÓGICO: instalação de filiais de empresas poluidoras de determinados países em outros,


onde as leis ambientais são menos rígidas.

ECOÉTICA: relação respeitável e responsável dos seres humanos com o meio ambiente.

Nesse tipo de tema é sempre importante destacar que as medidas tomadas devem ser globais.

EXTRA: SAÍDA DOS EUA DO ACORDO DE PARIS

O Acordo de Paris foi assinado na Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, e tem como objetivo
manter o aumento das temperaturas médias globais "muito abaixo" dos 2°C em relação à era pré-
industrial. A assinatura do acordo, em 2015, foi histórica por unir, pela primeira vez, quase todos os
países do mundo em um pacto voltado às mudanças climáticas.

A ausência dos EUA dificulta o cumprimento das metas estabelecidas pelas nações. O país contribui
com cerca de 15% das emissões globais de carbono

EXTRA: CRISE HÍDRICA

Possível citação literária de VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos.

Citar o período de seca experimentado pelo Sudeste no ano de 2015.

Citar o 8º Fórum Mundial da Água, ocorrido em março de 2018 no Brasil. Mostra a importância do
assunto no cenário mundial.

Citar ARISTÓTELES – o agir ético é um agir prático (prática de virtudes). Na pólis o agir ético está ligado
ao BEM COMUM. Frisar a necessidade de conscientização individual.

Citar o conceito de ECOÉTICA.

Segundo a AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, o consumo de água no Brasil é 70% da AGRICULTURA, 20%
das indústrias; 10% para o consumo humano. Portanto, é importante destacar o desenvolvimento de
tecnologias para REDUZIR o consumo de água na agricultura.

CONFLITOS MIGRATÓRIOS

PANORAMA INICIAL: GLOBALIZAÇÃO. Fenômeno potencializado no início do século XXI pelo avanço
das tecnologias. Grande interação entre as culturas (chegava-se a debater se iria nascer uma “cultura
universal” em detrimento do sentimento de nacionalismo). Difusão do estilo de vida dos países
desenvolvidos, expandido pelo Soft Power (influência através de filmes, música, produtos de consumo
e modos de se viver).

Crise de 2008 muda o panorama. Somado aos conflitos nos países subdesenvolvidos (Primavera
Árabe), há um fluxo migratório, em que os migrantes buscam o sonho do estilo de vida anteriormente
vendido na Europa.

Novos problemas sociais decorrentes da migração diminuem a ideia de cidadão global. Entre os
elementos influenciadores estão medo de terrorismo e desemprego (fatores da Modernidade Líquida
de Bauman! – contexto de incertezas e medos). Fortalecimento da xenofobia.

EUA e Reino Unido, que na década de 70 eram os pioneiros da globalização, passam a ser os primeiros
a se posicionar de forma antiglobal. Reino Unido (Theresa May) em processo de Brexit e EUA (Trump)
sai da UNESCO. Fortalecimento dos discursos nacionais-desenvolvimentistas.

Guerra da Síria = 5 milhões de refugiados / 400 mil mortos.

EXTRA: JESSÉ DE SOUZA (usar em textos que falem sobre DESIGUALDADE e DOMINAÇÃO)

Importante sociólogo brasileiro do séc. XXI. Dividiu a população brasileira em 4 categorias principais:
a ralé, os batalhadores, a classe média tradicional e os ricos. A principal característica da distinção
feita por Jessé é que não foram adotados os critérios tradicionais de consumo (neoliberais) ou pela
posição na produção (marxistas) para definir as categorias. O critério é a TRANSMISSÃO CULTURAL
FAMILIAR. Na visão de Jessé, é isso que garante os privilégios de classe, e coloca em xeque a ideia de
igualdade de oportunidades e de meritocracia, sustentáculos da sociedade capitalista democrática.

RALÉ: 1/3 da população. Fazem os trabalhos braçais, e não têm valorização, reconhecimento e respeito
do restante da população. Usuários da educação pública e do SUS. Vivem em condições de
subcidadania. A marca familiar é que nunca receberam estímulos para adquirirem o capital cultural
legítimo, reconhecido pela escola e pelo mercado de trabalho. Não foram estimulados a desenvolver
concentração, disciplina, autoestima, aspiração à ascensão social, desenvolver a norma culta da língua.

NOVA CLASSE DE BATALHADORES: (crítica ao termo “nova classe média). Parecidos com a Ralé, porém
conseguiram melhorar a sua renda e o poder de consumo, mediante trabalho intenso, programas de
microcrédito, sacrifício familiar, etc. Conseguiram ter algum nível de escolaridade por conta de ações
afirmativas. Desenvolveram um pouco de autoestima (influência das religiões neopentecostais –
“todos são filhos de Deus”). Ainda assim, não desenvolveram o capital cultural legítimo.

CONCLUSÃO PRINCIPAL DO ESTUDO DE JESSÉ: o principal problema no Brasil não é a corrupção (esta
também existe nos países desenvolvidos), mas sim a FALTA DE DEMOCRATIZAÇÃO DO CAPITAL
CULTURAL LEGÍTIMO. No Brasil, grande parte da população se encontra em situação de subcidadania.
O grande desafio é a democratização desse capital. Jessé desmascara a violência simbólica e o discurso
ético, pautado na meritocracia e na igualdade de oportunidades.

EXTRA: BOURDIEU – VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

O conceito de violência simbólica foi criado pelo francês Pierre Bourdieu para descrever o processo
pelo qual a classe dominante impõe seu modo de pensar ao resto da sociedade. Quando se fala em
classe dominante, não se deve restringir a ideia ao processo econômico, há também o domínio cultural
e intelectual.

Neste sentido, para Bourdieu, a Escola tem um papel significativo na legitimação da violência
simbólica. O conteúdo transmitido nas escolas atende a uma fatia muito específica da população.
Ignora-se as experiências interpessoais dos alunos fora da sala de aula, a diversidade que compõe o
espaço escolar é eliminado pela máxima das “oportunidades iguais para pessoas diferentes”.

EXTRA: DURKHEIM

Parte do pressuposto da ideia de FATO SOCIAL. Os fatos sociais são tudo aquilo que é exterior ao
indivíduo, isto é, que não depende das consciências individuais para existir. Tem uma característica de
generalidade, pois é colocado a todos na vida social e tem característica de coerção. Portanto, um fato
social é constituído de exterioridade, generalidade e coercibilidade. Assim, o fato social é algo dotado
de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre os mesmos uma autoridade
que os leva agir, a pensar e a sentir sob determinadas maneiras.

O caráter externo desses fatos sociais que moldam as formas de pensar, sentir e agir dos indivíduos
são internalizados por meio dos PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO, destacando-se a família, a escola, a
igreja, as leis, etc.

O caráter de generalidade e coercibilidade podem ser vistos na medida em que alguém desrespeita
determina Lei, regra moral ou resiste a não usar, por exemplo, a moeda nacional ou a língua materna,
o que desencadeará constrangimentos, já que está diante de algo que não depende da vontade
individual e poderá ser excluído do grupo.

Os conceitos mais importantes da sociologia de Durkheim são os de SOLIDARIEDADE ORGÂNICA E


SOLIDARIEDADE MECÂNICA.

A SOLIDARIEDADE MECÂNICA é característica das sociedades ditas “primitivas” ou “arcaicas”, ou seja,


em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a
integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças
religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. São
justamente essa correspondência de valores que irão assegurar a coesão social.

De modo distinto, existe a SOLIDARIEDADE ORGÂNICA que é a do tipo que predomina nas sociedades
ditas “modernas”, do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser
aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças
sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais
acentuada. A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas
diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim concebe as sociedades
complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso
corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do
ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre
os indivíduos.

Para garantir a COESÃO SOCIAL (objetivo principal), portanto, onde predomina a solidariedade
orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou
nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e
deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o Direito.

Diferente de Marx, ao analisar os conflitos sociais do final do século XIX, devido a relação capital e
trabalho, vai defender que estes surgiram por causa da ANOMIA, isto é, ausência de instituições e
normas integradoras que permitissem a integração da sociedade através da divisão social do trabalho

EXTRA: JEAN JACQUES ROUSSEAU


O Contrato Social é um acordo com a finalidade de criar a sociedade civil e do Estado. Nele, os homens
abdicam de todos os seus direitos naturais em favor da comunidade, recebendo em troca a garantia
de sua liberdade no limite estabelecido pela lei: “O que o homem perde pelo Contrato Social são a
liberdade natural e um direito ilimitado a tudo o que tenta e pode alcançar; o que ganha são a
liberdade civil e a garantia da propriedade de tudo o que possui”.

Quando esse acordo não é feito em liberdade (pacto de submissão), entre partes desiguais, constrói-
se um Estado autoritário. Quando é feito em liberdade (pacto de liberdade), por livre vontade, entre
partes que estejam em pé de igualdade, tem-se a democracia. Nessa democracia, a soberania,
portanto, não residiria no rei, como dizia Hobbes, mas nos cidadãos, os quais escolheriam seu
governante segundo as próprias necessidades. É a chamada soberania popular, ou seja, a vontade
suprema seria a Vontade Geral dos cidadãos.

EXTRA: MONTESQUIEU – O ESPÍRITO DAS LEIS (DIVISÃO DOS PODERES)

No mais famoso capítulo de O Espírito das Leis, Montesquieu mostrou sua simpatia para com a
Constituição Inglesa e a monarquia constitucional moderada. Nele, Montesquieu formulou a célebre
separação e distinção entre os poderes Executivo (declara paz ou guerra, envia embaixadores e
estabelece segurança), Legislativo (que produz, corrige e revoga leis) e Judiciário (pune crimes e julga
querelas), os quais deveriam se autorregular.

Em suas palavras, “todo homem que tem o poder é tentado a abusar dele”, de maneira que “é preciso
que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder”, evitando, assim, o despotismo. Montesquieu,
então, buscava um equilíbrio estático, uma mistura de poderes tão hábil e prudente que se
autorregule. Montesquieu acreditava que tal combinação permitiria ordenar e controlar a infinita
multiplicidade e diversidade de formas de Estado existentes.

EXTRA: JOHN LOCKE (USAR O FINAL DO TEXTO PARA DISCUTIR TOLERÂNCIA RELIGIOSA)

Em seu 2º Tratado sobre o Governo Civil, Locke contraria Hobbes ao defender que o estado de natureza
não poderia ser uma guerra de todos contra todos, mas um estado de perfeita liberdade, sem
nenhuma forma de subordinação ou sujeição, sendo todos os homens iguais em poder. Nesse estado,
os homens gozariam dos chamados direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade privada
– essa última seria derivada do trabalho e, portanto, natural.

No estado de natureza, não havendo polícia ou leis para impedir que os indivíduos se molestem, põe-
se nas mãos de todos os homens o poder de preservar sua propriedade contra os danos de outros
homens. É claro que, numa situação em que todos têm o direito de castigar um infrator, surgem
inconvenientes: sendo os homens juízes de seus próprios casos, o amor próprio, a paixão e a vingança
os levariam longe demais na punição de outrem, daí seguindo a confusão e a desordem. Além disso,
caso um homem não tenha força para punir seu ofensor, ou defender-se dele, não há apelo a fazer
senão aos céus.

Por causa desses inconvenientes, os homens, por “necessidade e conveniência”, decidiram reunir-se
fazendo um pacto para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens. Assim, a sociedade
política nasce quando os indivíduos renunciam ao seu poder natural de justiça, passando-o às mãos
do governo, com o objetivo único de conservar a si próprio, sua liberdade e sua propriedade – o
chamado “Contrato Social”.

Em outras palavras, para Locke, o governo não surge para restringir liberdades individuais, mas para
preservá-las. Todo governo que não preservar esses direitos pode ser derrubado pelos indivíduos, uma
vez que todo o poder político tem origem no consentimento da maioria. A revolução armada é, dessa
forma, legitimada e justificada por Locke. Eis aqui o nascimento do chamado liberalismo político, em
oposição ao absolutismo da época.

O apreço por Locke às liberdades individuais também dá o tom em Carta sobre a Tolerância, o principal
texto moderno acerca da tolerância religiosa. Quando Locke afirma que a religião deve permanecer na
esfera individual – o que é, aliás, um dos baluartes do pensamento liberal –, ele cria a fórmula do
Ocidente para evitar as guerras religiosas.

Como um dos principais contratualistas, Locke estabelece que a população pode derrubar um governo
caso ele viole os direitos naturais dos cidadãos. Se essa ideia, entretanto, parece simples e clara no
papel, sabemos que, na realidade política, sua aplicação é conflituosa e difícil. Tanto no processo de
impeachment de Fernando Collor, quanto no de Dilma Rousseff, a acusação baseia-se em Locke: foi
dito que os ex-presidentes teriam violado os direitos da população – Collor foi destituído por corrupção
e Dilma por não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Nos dois casos, entretanto, muitos se
opuseram a essa tese.

EXTRA: SIMONE DE BEAUVOIR (FALAR SOBRE FEMINISMO E GÊNEROS)

Em sua obra O Segundo Sexo, Beauvoir lança a máxima: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.
Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio
da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o
castrado que qualificam o feminino”.

De acordo com esse ponto de vista, o sexo é um fator biológico, ou seja, ligado à constituição físico-
química do corpo humano. Outra coisa é o gênero. Quando se fala em “gênero feminino”, fala-se em
todas as características que a sociedade associa ao “ser mulher”; quando se fala em “gênero
masculino”, fala-se em todas as características que a sociedade associa ao “ser homem”. Do ponto de
vista, o gênero não é biológico-natural, mas um constructo social. Em outras palavras, “ser homem”
ou “ser mulher” não é um dado natural, mas performático e social, de maneira que, ao longo da
história, cada sociedade criou os padrões de ação e comportamento de determinado gênero.

A orientação sexual, isto é, a quais gêneros nos sentimos atraídos (física, romântica ou
emocionalmente), por sua vez, seria ainda um terceiro fator, diferente do gênero ou do sexo. A
liberdade de construção do gênero e da orientação sexual, diferentemente do dado biológico do sexo,
é como a tradição feminista, e queer, na atualidade, dialoga com o existencialismo. Lembre-se:
existencialismo é uma filosofia que enxerga o homem como constructo de si mesmo: pelas suas
escolhas, é possível construir a própria existência. Evidentemente, para os existencialistas, quando
nascemos, já existe uma sociedade pronta, repleta de regras e padrões. Mas, como dizia Sartre, não
importa o que os outros fizeram conosco, mas o que fazemos com o que fizeram com os outros. Nesse
sentido, a liberdade de escolha de gênero seria uma maneira de exercermos essa liberdade existencial.

Beauvoir hoje: Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir parecem ser os autores mais importantes para
muitos movimentos sociais contemporâneos. Em grande medida, os movimentos feministas e LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) trabalham com a reivindicação de
liberdade de construção e reconhecimento de suas identidades. Por exemplo, a mundialmente
conhecida Marcha das Vadias, manifestação feminista iniciada no Canadá, luta contra as diversas
formas de violência contra a mulher. Faz parte dos ideais do movimento combater a noção de que a
mulher, devido às suas roupas ou comportamento, seria a culpada pela violência sofrida: cada uma
pode construir sua personalidade à sua maneira, como propõe Beauvoir, não cabendo nem ao homem
nem ao Estado ditarem as normas de comportamento feminino. Cabe a eles, pelo contrário, ajudar na
luta contra a cultura do estupro.
EXTRA: MICHEL FOUCAULT (USAR EM ASSUNTOS DE VIGILÂNCIA NA INTERNET – ROUBO DE DADOS
E A IDEIA DE PANÓPTICO

Foucault também reflete sobre o sistema penal e a filosofia do poder, que aparecem amalgamados em
Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões. O objetivo do livro era pensar toda a “tecnologia do
poder”, que teria surgido no século XVIII. Para o filósofo, o domínio no qual se exerce o poder não é a
lei, mas, sim, a norma, que produz condutas, gestos e o próprio indivíduo moderno.

Para regular a vida dos indivíduos existe o “poder disciplinar”, empregado em hospitais, escolas,
fábricas e prisões. Para explicar essa nova forma de disciplina e vigilância, Foucault cita o clássico
exemplo do Panóptico (literalmente, “vê-se tudo”) para prisões. Trata-se de uma estrutura em forma
circular, com uma plataforma de observação erguida no meio. Isso possibilitava que um observador
central espionasse as celas situadas abaixo, ao redor do prédio. Cada prisioneiro nessas celas estava,
então, ciente de que suas atividades eram vigiadas o tempo todo. As celas possuem uma janela para o
exterior, por onde entra a luz, e uma para o interior, de frente para a torre central, de forma que o
vigilante da torre central pode ver os prisioneiros, mas não o contrário. O efeito do Panóptico é criar a
aparente onipresença do inspetor na mente dos ocupantes, “induzir no detento um estado consciente
e permanente de visibilidade, que assegura o funcionamento automático do poder. Fazer com que a
vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo se é descontínua em sua ação. O sucesso do poder
disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção
normalizadora e sua combinação com o exame”.

O poder, portanto, é visível, pois o detento sempre verá a torre central, e inverificável, pois o detento
nunca saberá se está de fato sendo vigiado. Sua essência, assim, repousa na centralidade da situação
do inspetor, combinada com as mais eficazes ferramentas para ver sem ser visto. É por meio dessa
técnica que a sociedade regula seus membros. Segundo Foucault, o Panóptico não apenas aumenta o
poder das autoridades, como também induz os indivíduos a internalizar aqueles que os vigiam,
garantindo o funcionamento automático do poder. “Nossa sociedade não é de espetáculos, mas de
vigilância. Não estamos nem nas arquibancadas nem no palco, mas na máquina panóptica, investidos
por seus efeitos de poder que nós mesmos renovamos, pois somos suas engrenagens”.

Foucault hoje: A ideia de vigilância destacada na obra de Foucault nos parece mais atual do que nunca.
Em 2013, Edward Snowden, um funcionário terceirizado da Agência de Segurança Nacional dos
Estados Unidos (NSA), revelou um amplo esquema de espionagem na internet conduzido pelo serviço
de inteligência norte-americano. De acordo com Snowden, o governo dos Estados Unidos (EUA), em
parceria com servidores das nove principais empresas da internet (Microsoft, Yahoo, Google,
Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple), registrou, sem mandado judicial, milhares de e-mails
e telefonemas de norte-americanos, a pretexto de identificar supostos suspeitos de terrorismo. A
denúncia de Snowden sustenta que a espionagem não se limitava a questões de segurança nacional,
mas obedecia a princípios econômicos e políticos. O volume de registros armazenados pela NSA
impressiona: foram 850 bilhões de chamadas telefônicas e cerca de 150 bilhões de registros de
internet. Retomando Foucault, estaríamos vivendo em uma máquina panóptica?

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