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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: delicadíssima, me disse: "Não, fique 2assentadinho

aí..." Se ela me tivesse dito simplesmente "Não é


Gestos amorosos preciso levantar", eu não teria me perturbado. Mas o fio
Rubem Alves da navalha estava precisamente na palavra
"assentadinho". Se eu fosse moço, ela não teria dito
"assentadinho". 3Foi justamente essa palavra que me
obrigou a levantar para provar que eu era ainda capaz
Dei-me conta de que estava velho cerca de 25 anos
de levantar-me e assentar-me. Fiquei com dó dela
atrás. Já contei o ocorrido várias vezes, mas vou contá-
porque eu, no meio de uma risada, disse-lhe que ela
lo novamente. Era uma tarde em São Paulo. Tomei um
acabava de dar-me uma punhalada...
metrô. Estava cheio. Segurei-me num balaústre sem
problemas. Eu não tinha dificuldades de locomoção. Contei esse acontecido para uma amiga, mais ou
Comecei a fazer algo que me dá prazer: ler o rosto das menos da minha idade. E ela me disse: "Estou só
pessoas. esperando que alguém venha até mim e, com a mão
em concha, bata na minha bochecha, dizendo: "Mas
Os rostos são objetos oníricos: fazem sonhar. Muitas
que 4bonitinha..." Acho que vou lhe dar um murro no
crônicas já foram escritas provocadas por um rosto –
nariz..."
até mesmo o nosso – refletido no espelho. Estava eu
entregue a esse exercício literário quando, ao passar Vem depois as grosserias a que nós, os velhos, somos
de um livro para outro, isto é, de um rosto para outro, submetidos nas salas de espera dos aeroportos. 5Pra
defrontei-me com uma jovem assentada que estava começar, não entendo por que "velho" é politicamente
fazendo comigo aquilo que eu estava fazendo com os incorreto. "Idoso" é palavra de fila de banco e de fila de
outros. 1Ela me olhava com um rosto calmo e não supermercado; "velho", ao contrário, pertence ao
desviou o olhar quando os seus olhos se encontraram universo da poesia. Já imaginaram se o Hemingway
com os meus. Prova de que ela me achava bonito. Sorri tivesse dado ao seu livro clássico o nome de "O idoso
para ela, ela sorriu para mim... Logo o sonho sugeriu e o mar"? Já imaginaram um casal de cabelos brancos,
uma crônica: "Professor da Unicamp se encontra, num o marido chamando a mulher de "minha idosa querida"?
vagão de metrô, com uma jovem que seria o amor de
sua vida..." Os alto-falantes nos aeroportos convocam as crianças,
as gestantes, as pessoas com dificuldades de
Foi então que ela me fez um gesto amoroso: ela se locomoção e a "melhor idade"... Alguém acredita nisso?
levantou e me ofereceu o seu lugar... Maldita Os velhos não acreditam. 6Então essa expressão
delicadeza! O seu gesto amoroso me humilhou e "melhor idade" só pode ser gozação.
perfurou o meu coração... E eu não tive alternativas.
Como rejeitar gesto tão delicado! Remoendo-me de
raiva e sorrindo, assentei-me no lugar que ela deixara Disponível em:
para mim. Sim, sim, ela me achara bonito. Tão bonito http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2705200804
quanto o seu avô... Aconteceu faz mais ou menos um .htm.
mês. Era a festa de aniversário de minha nora. Muitos
amigos, casais jovens, segundo minha maneira de Acesso em: 22/9/17.
avaliar a idade. Eu estava assentado numa cadeira
num jardim observando de longe. Nesse momento
chegou um jovem casal amigo. Quando a mulher jovem
e bonita me viu, veio em minha direção para me
cumprimentar. Fiz um gesto de levantar-me. Mas ela,
1. (Uece 2018) Há várias características que definem comunidade escolar. Essas são políticas linguísticas.
o gênero crônica. Dentre elas encontram-se: 11Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que

falam línguas. Em cada um desses grupos, há


decisões, 12tácitas ou explícitas, sobre como proceder,
I. a abordagem de aspectos do cotidiano, em que se sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos
apresentam episódios retirados da vida real; chamar essas escolhas – 13assim como 14as
discussões que levam até 15elas e as ações que delas
II. a construção de um texto curto e inteligível, escrito resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou
em linguagem marcada pelo tom de oralidade e de grandes, de pessoas tratam com outros grupos, que por
coloquialidade; sua vez usam línguas e têm as suas políticas internas.
Vivendo imersos em linguagem e tendo
III. a narração dos episódios em primeira pessoa em
constantemente que lidar com outros indivíduos e
que predominam as reflexões pessoais do narrador;
outros grupos mediante o uso da linguagem, não
IV. a presença de trechos cômicos no relato das cenas surpreende que os recursos de linguagem lá pelas
narradas. tantas se tornem, eles próprios, tema de política e
objetos de políticas explícitas. Como 16esses recursos
podem ou devem se apresentar? Que funções eles
podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso
a 17eles? Muito do que fazemos, 18portanto, diz respeito
Considerando as características da crônica descritas às políticas linguísticas.
acima, é correto afirmar que está presente, no texto de
Rubem Alves, o que consta nos itens
Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que
a) I, II, III e IV.
tratam as políticas linguísticas.
b) I e III apenas.
ReVEL, v. 14, n. 26, 2016.
c) I, II e IV apenas.

d) II, III e IV apenas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


2. (Ufrgs 2017) Considere as possibilidades de
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao reescrita apresentadas abaixo para a seguinte
texto abaixo. passagem do texto.

Muita gente que ouve a expressão “políticas Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que
linguísticas” pela primeira vez pensa em algo 1solene, falam línguas. Em cada um desses grupos, há
formal, oficial, em leis e portarias, em autoridades decisões, tácitas ou explícitas, sobre como
oficiais, e pode ficar se perguntando o que seriam leis proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí
sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas as afora. Vamos chamar essas escolhas – assim como
2políticas linguísticas também podem ser menos as discussões que levam até elas e as ações que
3formais – e nem passar por leis propriamente ditas. Em delas resultam – de políticas. (ref. 11)
quase todos os casos, figuram no cotidiano, 4pois
envolvem não só a gestão da linguagem, mas também
as práticas de linguagem, e as crenças e valores que I. Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que
circulam a respeito 5delas. Tome, por exemplo, a falam línguas, e em cada um desses grupos há
situação do 6cidadão das classes confortáveis decisões – tácitas ou explícitas – sobre como proceder,
brasileiras, que quer que a escola ensine a norma culta sobre o que é aceitável ou não, etc. Vamos chamar de
da língua portuguesa. 7Ele folga em saber que se vai políticas essas escolhas, assim como as discussões
exigir isso dos candidatos às vagas para o ensino que levam até elas e as ações que delas resultam.
superior, mas nem sempre observa ou exige o mesmo
padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que II. Vamos chamar as discussões que levam às escolhas
ele aprova como está, 8desapegada da ortografia e das feitas por cada um dos grupos de pessoas que falam
regras de concordância verbais e nominais línguas, bem como as ações que resultam dessas
9preconizadas pela gramática normativa. Ele acha discussões, as decisões, tácitas ou explícitas, sobre
ótimo que a escola dos filhos faça 10baterias de como proceder, sobre o que é aceitável ou não, de
exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco políticas. Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas
se incomoda com os problemas de redação nos que falam línguas.
enunciados das tarefas dirigidas às crianças ou nos
textos de comunicação da escola dirigidos à
III. Vamos chamar de políticas as decisões, tácitas ou enquadrar um banco proibindo correntistas de sacar
explícitas, de grupos de línguas faladas por pessoas. dinheiro.
Afinal, onde há gente, há escolhas sobre como
proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora,
assim como as discussões que levam até elas e as SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 18 de
ações delas resultantes. dezembro de 2015, A2 Opinião (adaptado).

Quais estão corretas e preservam o sentido do trecho


original?
Em relação ao texto, considere as afirmativas a seguir.
a) Apenas I.

b) Apenas II.
I. Em “Usuários do WhatsApp no Brasil passaram por
c) Apenas III. algumas horas de síndrome de abstinência. É que uma
d) Apenas I e III. juíza de São Bernardo do Campo havia determinado
a suspensão dos serviços por 48 horas.” (ref. 1), a
e) I, II e III. expressão verbal em destaque indica ação passada
anterior a outra também passada.

II. Em “É como tentar enquadrar um banco proibindo


3. (Ufu 2016) Usuários do WhatsApp no Brasil
correntistas de sacar dinheiro.” (ref. 2), a proposição
passaram por algumas horas de síndrome de
exemplifica uma generalização.
abstinência. É que uma juíza de São Bernardo do
Campo havia determinado a suspensão dos serviços III. Devido a sua configuração, o texto pode ser
por 48 horas. Em boa hora a decisão foi cassada pelo enquadrado na categoria dos gêneros discursivos em
Tribunal de Justiça de São Paulo, mas a discussão que predomina a exposição neutra e impessoal de
permanece. conceitos.

IV. O terceiro parágrafo permite inferir que o Brasil tem


leis menos liberais que os Estados Unidos.
A ordem judicial que determinou o bloqueio, vamos
falar português claro, era ridícula. Não estava, a meu
ver, embasada na melhor interpretação jurídica e
errava grotescamente no remédio adotado. Ao que Assinale a alternativa que apresenta apenas
consta, a juíza decidiu tirar o aplicativo do ar porque o afirmativas corretas.
Facebook, dono do WhatsApp, não cumprira a) I e II.
determinação anterior para revelar informações sobre
um suspeito em um caso criminal. A empresa alega, no b) I e IV.
meu entendimento com razão, que o WhatsApp não
c) II e III.
tem sede nem servidores no Brasil, estando, portanto,
fora da jurisdição de nossas autoridades. d) III e IV.

Embora não nos demos conta, cada vez que TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
acessamos um site estrangeiro, estamos tecnicamente
agindo no exterior, sob as leis do país em que ele se Quarto de Despejo
encontra. Esse é, creio, um dos milagres da internet.
Ela cria uma espécie de concorrência entre legislações
nacionais, e a tendência é que acabe prevalecendo a “O grito da favela que tocou a consciência do
norma do país mais liberal, pois é lá que os sites mundo inteiro”
procurarão se hospedar. E isso é ótimo. A tarefa de
censores ficou mais difícil após a disseminação da
rede.
2 de MAIO de 1958. Eu não sou indolente. Há tempos
que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava
que não tinha valor e achei que era perder tempo.
Mesmo que o WhatsApp fosse 100% brasileiro, ainda
...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas
assim não faria sentido tentar obter dados
que eu conheço com mais atenção. Quero enviar
determinando a suspensão do serviço. Ao fazê-lo, a
sorriso amavel as crianças e aos operarios.
juíza puniu não só a empresa, mas seus clientes, que
não tinham nada a ver com a história. É como tentar
...Recebi intimação para comparecer as 8 horas da cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabeça de
noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os
A noite os meus pés doiam tanto que eu não podia ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os
andar. meus filhos estão sempre com fome. Quando eles
passam muita fome eles não são exigentes no paladar.
Começou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o José (...) Surgiu a noite. As estrelas estão ocultas. O barraco
Carlos. A intimação era para ele. O José Carlos tem 9 está cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha
anos. de jornal e passar pelas paredes. É assim que os
favelados matam mosquitos.

3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos,


catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. É um dia
ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que
meninos estão nervosos por não ter o que comer. comemoramos a libertação dos escravos. Nas prisões
os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos
agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo.
6 de MAIO. De manhã não fui buscar agua. Mandei o
João carregar. Eu estava contente. Recebi outra Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam
intimação. Eu estava inspirada e os versos eram feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal.
bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos
quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12ª para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva
Delegacia. para mim ir lá no Senhor Manuel vender os ferros. Com
o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A
...o que eu aviso aos pretendentes a política, é que o chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho dó dos
povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles
saber descrevê-la. brada: Viva a mamãe!. A manifestação agrada-me. Mas
eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles
Estão construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo
querem mais comida. Eu mandei o João pedir um
Theatro Nilo.
pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um
bilhete assim:

9 de MAIO. Eu cato papel, mas não gosto. Então eu “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouquinho
penso: Faz de conta que estou sonhando. de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje
choveu e não pude catar papel. Agradeço. Carolina”

(...) Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no


10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. inverno a gente come mais. A Vera começou a pedir
Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu
amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um
intimação. pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um
pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e
(...) O Tenente interessou-se pela educação dos meus
arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso,
que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a
que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: se ele sabe escravatura atual – a fome!
disso, porque não faz um relatorio e envia para os
politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr
Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou
(DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de Despejo.)
uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas
dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma
pessoa que já passou fome. A fome tambem é
professora. Quem passa fome aprende a pensar no
proximo e nas crianças. 4. (Epcar (Afa) 2016) Diário é um gênero textual no
qual são registrados acontecimentos cotidianos com
base em uma perspectiva pessoal. A partir dessa
11 de MAIO. Dia das mães. O céu está azul e branco. definição é correto afirmar que, no texto,
Parece que até a natureza quer homenagear as mães
que atualmente se sentem infeliz por não realizar os a) o vocabulário utilizado vai de encontro às
desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje não características de relatos pessoais.
vai chover. Hoje é o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio b) a linguagem utilizada foi inadequada.
visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era
para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro c) a incorreção de alguns aspectos gramaticais ajuda a
para comprar pão amanhã, porque eu só tenho 4 dar autenticidade a ele.
d) não há elementos suficientes que o caracterizem Fonte: Época. Seção Saúde & Bem-estar. 26 jul. 2010.
como um diário. p. 89-94. (adaptado)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Para responder a(s) questão(ões), leia o texto a seguir. Viva melhor com menos sal

A humanidade parece ter um problema recorrente com


o uso do sal [...]. O historiador britânico Felipe
Fernandez-Arnesto, da Universidade de Notre Dame, 5. (Ufsm 2015) O texto faz parte de uma reportagem,
nos Estados Unidos, diz que, desde que os primeiros gênero textual de base dissertativa que, tipicamente,
humanos deixaram de ser nômades, houve um reúne várias fontes consultadas pelo jornalista na fase
crescimento explosivo do uso do sal. A ingestão diária de levantamento de informações. Com relação ao texto,
aumentou cinco ou seis vezes desde o período considere as afirmativas a seguir.
paleolítico – com enorme aceleração nas ultimas
décadas. A American Heart Association, que reúne os
cardiologistas americanos, estima que mudanças no I. A informação sobre o momento em que o consumo
estilo de vida provocaram aumento de 50%
no de sal pelos seres humanos aumentou é apresentada
consumo de sal desde os anos 1970. Em boa medida, por meio de um relato atribuído a um historiador
graças 1ao consumo de comida industrializada. britânico.

A culpa pelo abuso do sal não deve, porém, ser II. Uma causa da apreciação das pessoas pelo sal é
atribuída somente 2à indústria. A maior apresentada por meio de citação atribuída a um
responsabilidade cabe ao nosso paladar. Os nefrologista dos Estados Unidos.
especialistas acreditam que a natureza gravou em III. Dados sobre uma possível diminuição de mortes de
nosso cérebro circuitos que condicionam a gostar de brasileiros como consequência da redução do consumo
sal e procurar por ele – em razão do sódio essencial de sal são atribuídos a uma representante da
que contém. A indústria, assim como a arte Sociedade Brasileira de Hipertensão, retomada em
gastronômica, responde 3ao desejo humano. “É “Segundo ela” (ref. 6).
provável que o sal seja tão apreciado porque tem a
capacidade de ativar o sistema de recompensa do
nosso cérebro”, diz o neurofisiologista brasileiro Ivan de
Araújo, afiliado a Universidade Yale, nos Estados Está(ão) correta(s)
Unidos. Isso significa que sal nos deixa felizes [...]. a) apenas I.
Com base nas repercussões negativas na saúde b) apenas II.
pública, muitos médicos têm falado em “epidemia
salgada” e promovido um movimento similar 4àquele c) apenas III.
que antecedeu as restrições impostas ao tabaco e ao
d) apenas I e III.
álcool. Desde 2002, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) faz campanhas para chamar a atenção sobre o e) I, II e III.
excesso de sal. O movimento que defende as restrições
ao sal já chegou 5ao Brasil. Na segunda quinzena de
junho, reuniram-se em Brasília representantes do meio
6. (Enem PPL 2013) — Ora dizeis, não é verdade? Pois
acadêmico, da indústria de alimentos, técnicos do
o Sr. Lúcio queria esse cravo, mas vós lho não podíeis
Ministério da Saúde, da Agricultura e da Anvisa,
dar, porque o velho militar não tirava os olhos de vós;
agência federal que regulamenta a venda de comida
ora, conversando com o Sr. Lúcio, acordastes ambos
industrializada e remédios. Como meta, discutiu-se
que ele iria esperar um instante no jardim...
passar, em dez anos, de 12 gramas per capita de sal
por dia para os 5 gramas recomendados pela OMS. MACEDO, J. M. A moreninha. Disponível em:
www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010
“Essa mudança ajudaria a baixar em 10% a pressão
(fragmento).
arterial dos brasileiros. Seria 1,5 milhão de pessoas
livres de medicação para hipertensão”, diz a
nefrologista Frida Plavnik, representante da Sociedade
Brasileira de Hipertensão na reunião. 6Segundo ela, O trecho faz parte do romance A moreninha, de
Joaquim Manuel de Macedo. Nessa parte do romance,
haveria queda de 15% nas mortes causadas por
há um diálogo entre dois personagens. A fala transcrita
derrames e de 10% naquelas ocasionadas por infarto. revela um falante que utiliza uma linguagem

a) informal, com estruturas e léxico coloquiais.


b) regional, com termos característicos de uma região.

c) técnica, com termos de áreas específicas.

d) culta, com domínio da norma padrão.

e) lírica, com expressões e termos empregados em


sentido figurado.

7. (Fuvest 2019) Examine o anúncio.

No contexto do anúncio, a frase “A diferença tem que


ser só uma letra” pressupõe a

a) necessidade de leis de proteção para todos que


trabalham.

b) existência de desigualdade entre homens e mulheres


no mercado de trabalho. O efeito de sentido da charge é construído através da
combinação de informações visuais e recursos
c) permanência de preconceito racial na contratação de linguísticos. Nesta charge, fica evidente que:
mulheres para determinadas profissões.
a) Os dois personagens terminam convencidos da
d) importância de campanhas dirigidas para a mulher eficácia da padronização da língua portuguesa através
trabalhadora. do Novo Acordo Ortográfico.
e) discriminação de gênero que se manifesta na própria b) O personagem que começa a charge defendendo o
linguagem. Novo Acordo Ortográfico convence o outro da sua
importância e eficácia.

c) Um dos personagens sai ainda mais convencido da


8. (G1 - ifba 2018)
ineficácia da padronização da Língua Portuguesa
através do Novo Acordo Ortográfico.

d) Os dois personagens defendem, desde o início, a


importância do Novo Acordo Ortográfico.

e) Os personagens não chegam a nenhuma conclusão


sobre o Novo Acordo Ortográfico.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Becos de Goiás
Beco da minha terra... lembrando passadas eras...

Amo tua paisagem triste, ausente e suja.

Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa. Beco do Cisco.

Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio. Beco do Cotovelo.

E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia, Beco do Antônio Gomes.

e semeia polmes dourados no teu lixo pobre, Beco das Taquaras.

calçando de ouro a sandália velha, Beco do Seminário.

jogada no teu monturo. Bequinho da Escola.

Beco do Ouro Fino.

Amo a prantina silenciosa do teu fio de água, Beco da Cachoeira Grande.

descendo de quintais escusos Beco da Calabrote.

sem pressa, Beco do Mingu.

e se sumindo depressa na brecha de um velho cano. Beco da Vila Rica...

Amo a avenca delicada que renasce

na frincha de teus muros empenados, Conto a estória dos becos,

e a plantinha desvalida, de caule mole dos becos da minha terra,

que se defende, viceja e floresce suspeitos... mal afamados

no agasalho de tua sombra úmida e calada. onde família de conceito não passava.

“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.

Amo esses burros-de-lenha De gente do pote d’água.

que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos De gente de pé no chão.


morros,
Becos de mulher perdida.
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Becos de mulheres da vida.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a
sombra, Renegadas, confinadas

no range-range das cangalhas. na sombra triste do beco.

Quarto de porta e janela.

E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja. Prostituta anemiada,

Sem infância, sem idade. solitária, hética, engalicada,

Franzino, maltrapilho, tossindo, escarrando sangue

pequeno para ser homem, na umidade suja do beco.

forte para ser criança.

Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade. Becos mal assombrados.

Becos de assombração...

Amo e canto com ternura Altas horas, mortas horas...

todo o errado da minha terra. Capitão-mor - alma penada,

Becos da minha terra, terror dos soldados, castigado nas armas.

discriminados e humildes, Capitão-mor, alma penada,

num cavalo ferrado,


chispando fogo, Uma estação permanente de repouso - no aprazível
São Miguel.
descendo e subindo o beco,

comandando o quadrado - feixe de varas...


Cai o pano.
Arrastando espada, tinindo esporas...

CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e


Mulher-dama. Mulheres da vida, Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora,
perdidas, 2006.

começavam em boas casas, depois,

baixavam pra o beco.

Queriam alegria. Faziam bailaricos. 9. (Ime 2019) O poema se inicia em um processo


descritivo e passa para o descritivo-narrativo. Isso se
- Baile Sifilítico - era ele assim chamado. confirma pelo(a)
O delegado-chefe de Polícia - brabeza - a) contraste entre o uso abundante de adjetivos
concomitante ao parco uso de formas verbais nas
dava em cima...
primeiras estrofes em relação à recorrência de formas
Mandava sem dó, na peia. verbais indicativas de ação conjugadas,
predominantemente, no pretérito imperfeito do modo
No dia seguinte, coitadas, indicativo nas estrofes finais.
cabeça raspada a navalha, b) uso de verbos conjugados na primeira pessoa do
singular do modo indicativo nas primeiras estrofes em
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
contraste com os verbos conjugados em terceira
na frente da Cadeia. pessoa do pretérito imperfeito do indicativo nas estrofes
finais.

c) frequência com que aparecem, no início do poema,


Becos da minha terra... palavras cujos significados estão associados à tristeza
e ao abandono dos becos em contraste com o final do
Becos de assombração.
poema em que comparecem forças preocupadas em
Românticos, pecaminosos... garantir ordem na vida pública.

Têm poesia e têm drama. d) fato de que a escritora se conforma ao processo mais
tradicional na construção dos poemas.
O drama da mulher da vida, antiga,
e) necessidade de dar ao poema um tom realista,
humilhada, malsinada. afastando-o do romantismo tradicionalmente associado
Meretriz venérea, às formas poéticas como um todo.

desprezada, mesentérica, exangue.

Cabeça raspada a navalha, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

castigada a palmatória, MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO


TEMPO
capinando o largo,
Hélio Gurovitz
chorando. Golfando sangue.

Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell,


(ÚLTIMO ATO) saltou para o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A
distopia de Orwel, mesmo situada no futuro, tinha um
endereço certo em seu tempo: o stalinismo. (...) 2O
Um irmão vicentino comparece. mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da
anestesia intelectual nas redes sociais mais parece
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara. outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo
novo, de Aldous Huxley.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São
Vicente.
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela computador só engatinhava, e Postman mal poderia
primeira vez em 1985, num livreto do teórico da prever como celulares, tablets e redes sociais se
comunicação americano Neil Postman: Amusing tornariam – bem mais que a TV – o soma
ourselves to death (4Nos divertindo até morrer), contemporâneo. Mas suas palavras foram prescientes:
relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no “O que afligia a população em Admirável mundo novo
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário não é que estivessem rindo em vez de pensar, mas que
nenhum Grande Irmão para despojar a população de não sabiam do que estavam rindo, nem tinham parado
autonomia, maturidade ou história”, escreveu Postman. de pensar”.
“Ela acabaria amando sua opressão, adorando as
tecnologias que destroem sua capacidade de pensar.
Orwell temia aqueles que proibiriam os livros. Huxley Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de
temia que não haveria motivo para proibir um livro, pois 2017, p. 67.
não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia
aqueles que nos privariam de informação. Huxley,
aqueles que nos dariam tanta que seríamos reduzidos
à passividade e ao egoísmo. 5Orwell temia que a
verdade fosse escondida de nós. Huxley, que fosse Distopia = Pensamento, filosofia ou processo
afogada num mar de irrelevância.” discursivo caracterizado pelo totalitarismo,
6No autoritarismo e opressivo controle da sociedade,
futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais
representando a antítese de utopia. (BECHARA, E.
ou casamentos. O sexo é livre. A diversão está
Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro:
disponível na forma de jogos esportivos, cinema
Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
multissensorial e de uma droga que garante o bem-
estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na Terra
dez áreas civilizadas e uns poucos territórios
selvagens, onde 7grupos nativos ainda preservam
costumes e tradições primitivos, como família ou
10. (Epcar (Afa) 2018) Analise as assertivas que dizem
religião. “O mundo agora é estável”, diz um líder
respeito ao trecho a seguir.
civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem,
estão em segurança; nunca adoecem; 8não têm medo
da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da “Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela
velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e primeira vez em 1985, num livreto do teórico da
mães; 9não têm esposas, nem filhos, nem amantes por comunicação americano Neil Postman: Amusing
quem possam sofrer emoções violentas; são ourselves to death (Nos divertindo até morrer),
condicionadas de tal modo que praticamente não relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no
podem deixar de se portar como devem. E se, por The guardian.” (ref. 3)
acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”
10Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário
I. O primeiro período é constituído de uma oração
abrir mão da arte e da ciência. “A felicidade universal
absoluta sem sujeito.
mantém as engrenagens em funcionamento regular; a
verdade e a beleza são incapazes de fazê-lo”, diz o II. Está de acordo com a Norma Gramatical Brasileira a
líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder seguinte reescrita  Não se trata de uma tese nova:
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, esta tese foi levantada pela primeira vez em 1985.
o que importava.” A verdade é considerada uma
ameaça; a ciência e a arte, perigos públicos. Mas não III. O termo Neil Postman classifica-se como agente da
é necessário esforço totalitário para controlá-las. Todos passiva, uma vez que é o elemento que realiza a ação
aceitam de bom grado, fazem “qualquer sacrifício em expressa na locução verbal indicativa de voz passiva.
troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária de
IV. O termo do teórico da comunicação americano
soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida.
associa-se a um substantivo, especificando-lhe o
Mas foi excelente para a felicidade.”
sentido, sendo, portanto, um adjunto adnominal.
No universo de Orwell, a população é controlada pela
V. O substantivo livreto encontra-se flexionado no grau
dor. No de Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa
diminutivo sintético para representar uma relação de
ruína seria causada pelo que odiamos. Huxley, pelo
tamanho.
que amamos”, escreve Postman. Só precisa haver
censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o público
sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
(...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, Está correto o que se afirma apenas em
que ele julgava ter imposto uma cultura fragmentada e
a) I e III.
superficial, incapaz de manter com a verdade a relação
reflexiva e racional da palavra impressa. 11O b) II e IV.
c) II e III.

d) IV e V.

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