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Língua Portuguesa

7º Ano

CONTEÚDO: Variação linguística


Objetivos

● Compreender o fenômeno da variação linguística na


língua portuguesa.
● Reconhecer os tipos de variantes linguísticas na língua
portuguesa: social, geográfica, situacional, estilística e
histórica.
● Reconhecer a importância de adequação à variedade
formal da língua em situações de fala e escrita.
● A fala do estudante está
certa ou errada?
● Existe certo e errado na
língua?
● Você já ouviu falar de
variantes linguísticas?
http://www.cataphora.com.br/2010/02/o-new-portugueis-linguagem-do-aluno-e.html
Nesta aula, vamos ler e interpretar
alguns textos que nos ajudarão a
compreender as variações da
linguagem.
Leitura
O caipira no dentista
Um caipira estava sentado na cadeira do dentista, com muita
dor (de dente, é claro).
Dentista:
- O senhor quer extrair o dente?
Caipira (gemendo):
- Não, sinhô. Eu quero é rancá, mêmo.
Dentista:
- Então vou lhe aplicar uma injeçãozinha, o senhor vai dormir
por uns cinco
Leitura

minutinhos e, nesse tempo, eu lhe arranco o dente. Pois está


muito inflamado e, com anestesia local, o senhor não iria
aguentar. Tá bom?
O caipira ouve com olhar atento. Dentista (continua falando):
- E para arrancar o seu dente eu vou cobrar apenas 10 mil réis.
O caipira então tira do bolso da calça um maço de notas sujas e
começa a desfilá-las com as pontas dos dedos molhados de
saliva.
Leitura

Dentista (interrompendo o gesto do caipira):


- Não… não… senhor. Não precisa pagar agora, não, meu amigo.
Eu não cobro adiantado.
Caipira (olhando para o dentista):
- Quem foi que falô que eu vou pagar adiantado? Tô só
contando. Vou lá sabê se quando eu acordar desse sono o meu
dinheiro ainda vai estar aqui!

Disponível em: https://almanaquenilomoraes.blogspot.com/2016/07/causos-caipiras.html


Atividade

No conto “Caipira no dentista”, qual elemento


no comportamento do paciente desencadeia o
humor no texto? Explique.
Correção
No conto “Caipira no dentista”, que fato
desencadeia o humor no texto? Explique.
A desconfiança. Quando o paciente é informado
de que irá dormir, ele começa a contar o dinheiro
que estava em seu bolso para saber exatamente
quanto tem, pois desconfia de que o dentista
poderá roubá-lo.
Atividade
“Dentista:
- O senhor quer extrair o dente?
Caipira (gemendo):
- Não, sinhô. Eu quero é rancá, mêmo.”
No diálogo, onde identificamos uma
variedade regional da língua falada? Copie.
Correção

No diálogo, onde identificamos uma variedade


regional da língua falada? Copie.
Identifica-se a variante regional da língua em: -
Não, sinhô. Eu quero é rancá, mêmo.”
Variação linguística

Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode


sofrer diversas variações produzidas por seus falantes.
Essas variações podem ser:
regionais (cidade, estado, país);
sociais (profissão, escolaridade, grupo social etc.);
contextuais, estilísticas (formal e informal);
históricas (idade do falante, época
em que o texto foi escrito etc.).
Atividade

“Caipira (olhando para o dentista):


- Quem foi que falô que eu vou pagar adiantado?
Tô só contando. Vou lá sabê se quando eu acordar
desse sono o meu dinheiro ainda vai estar aqui!”

Nesse trecho, que efeito o autor buscou ao


retratar os verbos dessa forma?
Correção
“Caipira (olhando para o dentista):
- Quem foi que falô que eu vou pagar adiantado?
Tô só contando. Vou lá sabê se quando eu acordar
desse sono o meu dinheiro ainda vai estar aqui!”

Nesse trecho, que efeito o autor buscou ao


retratar os verbos dessa forma?
O autor buscou reproduzir a linguagem oral.
Você já teve que realizar uma apresentação em
público?
https://www.freepik.com/
Leitura
Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:
— Senhor Presidente: eu não sou daqueles que…
O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o
plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:
— Não sou daqueles que…
Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas
era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem
— que recusa? — ele que tão facilmente caia nelas, e era logo
massacrado com um aparte. Não
sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:
— …embora perfeitamente cônscio das minhas altas
responsabilidades como representante do povo nesta Casa,
não sou… Daqueles que recusa, evidentemente.
Leitura

Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos


que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de
português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de
linguagem, devia ser.
— …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como
este que o Brasil atravessa…
Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:
— Não sou daqueles que…
Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse
de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua
Leitura
oratória lamentavelmente se havia metido de saída. Mas a
concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado
corretamente, no singular. [...]
O Presidente voltou a adverti-lo que seu tempo se esgotara. Não
havia mais por que fugir:
— Senhor Presidente, meus nobres colegas!
Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito de
desfechou:
— Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.
Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas
romperam. Muito bem!
Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.
Glossário:
Embatucou: Deixar ou ficar sem capacidade de fala.
Cônscio - Politizado; que tem consciência da situação política e
assume uma posição em relação a ela.
Questiúnculas - Questão pequena e de pouco valor; questão
sem importância.
Pinguela - Ponte rústica feita com paus ou improvisada
com troncos, sem proteção lateral.
Oratória - Arte de falar em público.
Eloquência - Competência para discursar, falar, argumentar ou
se expressar desembaraçadamente.
Atividade

“— Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.


Houve um suspiro de alívio em todo o
plenário, as palmas romperam. Muito bem!
Muito bem!”

Em qual situação ocorreu o discurso?


Correção
“— Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.
Houve um suspiro de alívio em todo o
plenário, as palmas romperam. Muito bem!
Muito bem!”

Em qual situação ocorreu o discurso?


O discurso ocorreu em uma reunião entre
políticos.
Atividade

“Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:


— Senhor Presidente: eu não sou daqueles que…
O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava
o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:
— Não sou daqueles que…”

Qual o conflito vivido pelo deputado na crônica?


Correção
“Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:
— Senhor Presidente: eu não sou daqueles que…
O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo
indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser
o singular:
— Não sou daqueles que…”
Qual o conflito vivido pelo deputado na crônica?
Ele ficou em dúvida sobre a concordância verbal em
uma das frases do seu discurso.
Atividade

“Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas


da linguagem — que recusa? — ele que tão facilmente
caia nelas, e era logo massacrado com um aparte.”

De acordo a parte destacada no trecho, o que temia o


deputado?
Correção

“Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas


da linguagem — que recusa? — ele que tão facilmente
caia nelas, e era logo massacrado com um aparte.”

De acordo a parte destacada no trecho, o que temia o


deputado?
O deputado temia ser interrompido e corrigido em público
pelos colegas de trabalho que o ouviam.
Linguagem formal e informal

Vamos relembrar
A linguagem formal é usada quando não há familiaridade
entre os interlocutores da comunicação ou em situações
que requerem uma maior seriedade.
A linguagem informal é usada quando há familiaridade
entre os interlocutores da comunicação ou em situações
descontraídas.

A escolha da linguagem significa a adequação dela ao


contexto (situação) comunicativa.
Atividade
“— …embora perfeitamente cônscio das
minhas altas responsabilidades como
representante do povo nesta Casa, não
sou…”

A linguagem apresentada pelo deputado é


formal ou informal? Justifique.
Correção
“— …embora perfeitamente cônscio das minhas altas
responsabilidades como representante do povo nesta Casa,
não sou…”

A linguagem apresentada pelo deputado é formal ou informal?


Justifique.
A linguagem usada pelo deputado é formal. Além do contexto,
a formalidade também pode ser percebida por sua escolha
vocabular.
Você já sabe identificar em quais
momentos é essencial usar a
linguagem formal?
Leitura

Educação! Educação!

Sonho com Dona Teteca, minha implacável professora de


português.
Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a segunda
parte do artigo Educação! Educação!
Passa-me um sabão danado. [...]
– [...] Não foi isso que te ensinei!
Não podes errar a concordância!
UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 27 jul. 2003 Disponível em:
file:///C:/Users/Usuario/Downloads/TRABALHO%20CLAUDIA%20-%20corrigido.pdf. Fragmento..
Leitura
Assustado, leio um texto meu que o JB publicou no domingo
passado: “Um dos romances que mais marcou minha
adolescência...”
Sinto um frio na espinha e balbucio:
– Desculpe, Dona Teteca... Eu me distraí. [...]
Conformado, pego uma resma de papel e começo a escrever,
pensando: “Poxa, logo num texto sobre educação!”
Acordo, sobressaltado e ofegante. Perdão, leitores.

Brandir - Agitar alguma coisa com as mãos.


Fonte: https://michaelis.uol.com.br/busca?id=1RMQ
Atividade

Sonho com Dona Teteca, minha implacável professora


de português.
Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a
segunda parte do artigo Educação! Educação!

Em “Educação! Educação!”, que situação dá início ao


texto?
Correção

Sonho com Dona Teteca, minha implacável professora


de português.
Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a
segunda parte do artigo Educação! Educação!

Em “Educação! Educação!”, que situação dá início ao texto?


Um sonho que o narrador teve com sua antiga professora
de Língua Portuguesa, Dona Teteca.
Atividade
“Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a
segunda parte do artigo Educação! Educação!
Passa-me um sabão danado. [...]
– [...] Não foi isso que te ensinei!
Não podes errar a concordância!”

Que situação gera o conflito entre os personagens?


Correção
“Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a
segunda parte do artigo Educação! Educação!
Passa-me um sabão danado. [...]
– [...] Não foi isso que te ensinei!
Não podes errar a concordância!”

Que situação gera o conflito entre os personagens?


A distração do escritor em relação à concordância ao
escrever um texto sobre educação publicado no JB.
Atividade

“Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a


segunda parte do artigo Educação! Educação!”

De acordo com o trecho acima, a situação de escrita


era formal ou informal?
Correção

“Ela aparece, brandindo um exemplar do JB com a


segunda parte do artigo Educação! Educação!”

De acordo com o trecho acima, a situação de escrita


era formal ou informal?
Artigos são textos publicados em situações formais
de comunicação.
Atividade
Conformado, pego uma resma de papel e começo a
escrever, pensando: “Poxa, logo num texto sobre
educação!”

No seu dia a dia, quais são os textos nos quais você


deve usar a linguagem formal?
Correção
Conformado, pego uma resma de papel e começo a
escrever, pensando: “Poxa, logo num texto sobre
educação!”

No seu dia a dia, quais são os textos nos quais você


deve usar a linguagem formal?
Resposta possível - Nos textos escritos no ambiente
escolar. Textos enviados para pessoas com as quais não
temos intimidade. Aqueles escritos em locais de
trabalho ou que serão expostos em ambientes
públicos.
O que aprendemos na aula

● Compreendemos as possibilidades de variantes


linguísticas na língua portuguesa: social, histórica
geográfica e situacional.
● Reconhecemos a importância de adequação à
variedade formal da língua em situações de fala e
escrita.

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