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O CÍRCULO VICIOSO DO

PRECONCEITO LINGUÍSTICO

COMPONENTES: ANA FRANCINY, ELLEN OHANA, FERNANDA


JENNYFER, MAIARA MORAIS, ODETE SANTOS.
MARCOS BAGNO, tradutor, escritor e
lingüista, é Doutor em Filologia e BAGNO, Marcos. Preconceito
Lingüístico: o que é, como se
Língua Portuguesa pela Universidade faz. 49. ed. São Paulo: Edições
Layola, 1999.
de São Paulo (USP).
O CÍRCULO VICIOSO DO
PRECONCEITO LINGUÍSTICO
• O que é o preconceito • Cite um momento em que
linguístico? acredita ter sofrido preconceito
linguístico.

"E o tipo mais trágico de "É necessário um trabalho lento,


preconceito não é aquele que é contínuo e profundo de
exercido por uma pessoa em conscientização para que se
relação a outra, mas o comece a desmascarar os
preconceito que uma pessoa mecanismos perversos que compõem
exerce contra si mesma." [pg.75] a mitologia do preconceito.
[pg.75]
OS TRÊS ELEMENTOS
QUE SÃO QUATRO

• Inspira
• Provoca
• Recorrem
OS TRÊS ELEMENTOS
QUE SÃO QUATRO
• comandos paragramaticais
É todo esse arsenal de livros, manuais de
redação de empresas jornalísticas,
programas de rádio e de televisão, colunas
de jornal e de revista, etc.
SOB O IMPÉRIO DE
NAPOLEÃO
“DEFENSOR INTRANSIGENTE DA LÍNGUA”
Napoleão Mendes de Almeida

“O mais respeitado e renomado propagador do


preconceito lingüístico por meio de comandos
paragramaticais no Brasil foi [...] o professor Napoleão
Mendes de Almeida, até falecer no começo de 1998, aos
87 anos.”
SOB O IMPÉRIO DE
NAPOLEÃO
DICIONÁRIO DE QUESTÕES VERNÁCULAS
“Seu Dicionário de questões vernáculas, da perspectiva da ética mais
elementar, desrespeita os direitos linguísticos dos cidadãos brasileiros.”

“[...]delinquentes da língua portuguesa[...]”

“A linguística[...]é um estudo sem utilidade[...]”

“é português estropiado que no Brasil se fala[...]”

“A gramática, no que diz respeito à função da palavra, é


internacional.”
UM FESTIVAL DE
ASNEIRAS
OBRA ESSA, QUE PELA VISÃO DE BAGNO É TOTALMENTE:
DESORGANIZADA
INÚTIL
VEJAMOS ALGUNS EXEMPLOS DO LIVRO DE SACCONI:

“ALGUNS DE NOSSOS JORNAIS E JORNALISTAS SE TORNARAM UM PROBLEMA A MAIS


PARA TODOS OS PROFESSORES DE PORTUGUÊS. ATÉ QUANDO?”
“HÁ JORNALISTAS QUE, DE FATO,INVADEM A TODA A HORA, APRONTAM COM TODO
O MUNDO”
“OS BRASILEIROS, POR EXEMPLO, VIVEM MAL E PARCAMENTE NUM PAÍS ONDE OS
JORNALISTAS ESCREVEM MUITO MAL E PARCAMENTE”
“ESSA GENTE AINDA VAI UM DIA INVENTAR UMA NOVA LÍNGUA, INTELIGÍVEL SÓ
PARA SI MESMOS”
“A QUALIDADE DE NOSSOS JORNAIS PIORA (É PRECISO ACRESCENTAR
MAIS?)”(SACCONI, 2000).

SACCONI ”ENSINA“ SUPOSTOS MODOS CORRETOS DE PRONÚNCIA E ESCRITA. (EX:


XUXA/CHUCHA)

SACCONI FAZ USO DE DERIVAÇÕES DA PALAVRA ASNO (“ASININO”, “ASNEIRA”,


“ASNICE”).
LENDO O LIVRO, O LEITOR DESCOBRE QUE TODOS OS BRASILEIROS, COM EXCEÇÃO
DO PRÓPRIO AUTOR, SÃO “IGNORANTES” NO QUE DIZ RESPEITO À LÍNGUA: A
CADA PÁGINA SURGE UM INSULTO/OFENSA CONTRA O POVO, CONTRA OS
JORNALISTAS, CONTRA OS AUTORES DE DICIONÁRIOS, CONTRA A ACADEMIA
BRASILEIRA DE LETRAS, CONTRA ESCRITORES CLÁSSICOS, CONTRA OUTROS
GRAMÁTICOS, CONTRA ESPECIALISTAS NAS MAIS DIVERSAS CIÊNCIAS E
TÉCNICAS. COM ISSO, FICA CLARO QUE DE ACORDO COM O AUTOR SOMENTE ELE
TEM O DOMÍNIO DA NORMA CULTA.
DESCONHECIMENTO DAS NOÇÕES BÁSICAS DA LINGUÍSTICA
VARIANTES RELACIONADAS À BAHIA E A INFLUÊNCIA AFRICANA.

VARIANTES QUE SOFRERAM ESSA “INFLUÊNCIA”;


VOCALIZAÇÃO DO FONEMA /Λ/, REPRESENTADO GRAFICAMENTE COM O
LH.
TAIO, NO LUGAR DE TALHO
INFLUÊNCIA DO ELEMENTO AFRICANO

O SOM DO “D” DOS GERÚNDIOS NÃO É PRODUZIDO.


CORRENO, ANDANO, CAÍNO, EM VEZ DE CORRENDO, ANDANDO, CAINDO.
INFLUÊNCIA AFRICANA, QUE A BAHIA RECEBEU ENORMEMENTE

ROTACISMO - ALTERAÇÃO DE ALGUM FONEMA PELO /R/


EX: ALMOÇO – ARMOÇO, FLAMENGO – FRAMENGO, ALUGUEL – ALUGUER
INFLUÊNCIA DA LÍNGUA INDÍGENA
AS CONSOANTES /L/ E /R/ SÃO PARENTAS MUITO PRÓXIMAS
Lambdacismo - a troca de /r/ por /l/.

Ambientes fonéticos específicos


Diante de determinadas consoantes
Posição do fonema na palavra
BEETHOVEN NÃO É
DANÇADO!
Investigação da presença do preconceito linguístico
nos comandos paragramaticais de uma coluna de jornal
chamada “Dicas de português” assinada por Dad
Squarisi:

o texto analisado foi publicado no Diário de


Pernambuco de 15/11/98
Algumas citações:
Título:Português ou caipirês?
“À direita, à esquerda, à frente, atrás, só se vê
uma paisagem. Caipiras, caipiras e mais caipiras.
Alguns deslumbrados, outros desconfiados. Um — só um
— iluminado. Pobre peixinho fora d'água! Tão longe
da Europa, mas tão perto de paulistas, cariocas,
baianos e maranhenses.”
Algumas citações:
Título:Português ou caipirês?
“Falamos o caipirês. Sem nenhum
compromisso com a gramática portuguesa.
Vale tudo: eu era, tu era, nós era, eles
era. Por isso não fazemos concordância em
frases como “Não se ataca as causas” ou
“Vende-se carros”.”
Pontos observados:
• O preconceito já começa no título;
• Temos preconceitos sociais e étnicos;
• A autora usa de seu conhecimento de uma
única variedade da língua para desprezar
e ridicularizar os falantes das outras
dezenas de variedades.
Qual é a problemática discutida?

• A questão da partícula “se” em enunciados como do


tipo: Vende-se casas;
• na língua falada no Brasil, no português
brasileiro, ocorreu uma reanálise sintática, isto é,
o falante brasileiro não considera mais esses
enunciados como orações passivas sintéticas.
Qual é a problemática discutida?
• O que a gramática normativa insiste em classificar como
sujeito a gramática intuitiva do brasileiro interpreta
como objeto direto.
• Pesquisas científicas de dados da língua real, mostram
que a maioria dos brasileiros (cultos ou não) na língua
falada e escrita usam verbos no singular em que aparece o
“se” com um verbo no singular e um substantivo no plural:
vende-se casas.
Por causa disso somos “caipiras”,
“jecas-tatus” e “matutos”?
O “truque” usado pela autora não se sustenta
nas ocasiões pretendidas pelo falante!
Exemplo:

Se na capa de uma revista sobre telenovelas


está escrito Henrique é preso isso
“equivale” a Henrique se prende?
O “truque” usado pela autora não se sustenta
nas ocasiões pretendidas pelo falante!
Exemplo:

Uma reportagem intitulada O que fazer


quando se tem problemas com o vizinho também
poderia chamar-se O que fazer quando são
tidos problemas com o vizinho?
O “truque” usado pela autora não se sustenta
nas ocasiões pretendidas pelo falante!
Exemplo:

A posição dos elementos no enunciado, quando alterada,


altera também a interpretação de seu significado, desviando-
se do efeito pretendido pelo falante. É o que acontece com
• Não se encontra João no prédio.
• João não se encontra no prédio.
Três critérios de análise dos enunciados
lingüísticos:
1) o sintático — a colocação dos termos na oração;
2) o semântico — o significado que cada tipo de
enunciado assume segundo a posição ocupada pelos
termos na oração;
3) o pragmático — o efeito visado pelo falante ao
escolher enunciar uma oração na voz ativa, passiva
ou reflexiva.
o professor Aldrovando Cantagalo, do conto “O colocador de
pronomes” de Monteiro Lobato, publicado em 1924:

Ao ver uma placa com os dizeres “Ferra-se cavalos”, o


histérico gramático tentou explicar ao ferreiro que o verbo
deveria estar no plural porque o “sujeito” da frase era
“cavalos”.

L— V. Sa. me perdoe, mas o sujeito que ferra os cavalos sou


eu, e eu não sou plural. Aquele SE da tabuleta refere-se cá
a este seu criado.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como
se faz. 49. ed. São Paulo: Edições Layola, 1999.
https://i.ytimg.com/vi/iZTw-LlQ7CM/maxresdefault.jpg
BRIGADO
O

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