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LÍNGUA PORTUGUESA
Gramática normativa: uso da língua culta.........................................................................................1
Fonética e fonologia..........................................................................................................................5
Morfologia..........................................................................................................................................7
Sintaxe............................................................................................................................................20
LÍNGUA PORTUGUESA
Semântica.......................................................................................................................................24
Literatura: texto literário, gêneros literários, principais movimentos literários.................................25
Tipos de textos e gêneros textuais. Produção e interpretação de texto. Intertextualidade.
Citações e transcrições...................................................................................................................64
Redação Oficial (conforme o Manual de Redação Oficial da Presidência da República): uso
da norma culta da linguagem, clareza e precisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, i
mpessoalidade, formalidade e padronização..................................................................................94
Exercicios......................................................................................................................................111
Gabarito.........................................................................................................................................118
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1723219 E-book gerado especialmente para DANYLLO JACKSON DE SOUZA AMANCIO
Gramática normativa: uso da língua culta
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia es-
pecial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência
às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e
cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências,
sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Procure ler muito, ler bons autores, para
redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto familiar, que é o primeiro círculo social para
uma criança. A criança imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis combinatórias
da língua. Um falante ao entrar em contato com outras pessoas em diferentes ambientes sociais como
a rua, a escola e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam
de forma diferente por pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro
grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
Certas palavras e construções que empregamos acabam denunciando quem somos socialmente, ou seja,
em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nos-
sos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre
nossa capacidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, contida na maior parte dos livros, registros
escritos, nas mídias televisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: a linguagem
regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou profissões. O ensino da língua culta na escola não
tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comuni-
dade. O domínio da língua culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais
preparados para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que a linguagem utilizada em
reuniões de trabalho não deve ser a mesma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes
situações sociais de que participamos.
A norma culta é responsável por representar as práticas linguísticas embasadas nos modelos de uso
encontrados em textos formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo nos textos não
literários, pois segue rigidamente as regras gramaticais. A norma culta conta com maior prestígio social e
normalmente é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolarização, maior a adequação
com a língua padrão.
Exemplo:
Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está
prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento
entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras
de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar,
seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.
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A Linguagem Popular ou Coloquial
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma grama-
tical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
– erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e
preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está
presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e
auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
Dúvidas mais comuns da norma culta
Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara que ele não perca o ônibus ou não perda o
ônibus? Quais são as frases corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
Embaixo ou em baixo
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continuarei falando em baixo tom de voz ou embai-
xo tom de voz? Quais são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está embaixo da
cama
Ver ou vir
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver
ou quando eu vir? Qual das frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai ficar de
castigo!
Onde ou aonde
Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? Aonde você vai? Qual é a diferença entre
onde e aonde? Onde indica permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar Fica?
Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com algarismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$
15 R$ 100,00 ou R$ 100 R$ 1400,00 ou R$ 1400.
Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao agradecer deve dizer obrigado. A mulher
ao agradecer deve dizer obrigada.
Mal ou mau
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas da mesma forma, são facilmente confun-
didas pelos falantes. Qual a diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. Mau é o
adjetivo contrário de bom.
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas situações, como por exemplo no futuro
do subjuntivo. O correto é, por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”.
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo verbal é “quando eu vier”, e não “quando eu
vir”.
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“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas para expressar oposição.
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado principalmente como a expressão “no
lugar de”. Mas ele também pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas recomendam
usar “em vez de” caso esteja na dúvida.
Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para eu curtir as fotos dele.
“Tem” ou “têm”
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo “ter” no presente. Mas o primeiro é usado
no singular, e o segundo no plural.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de mudança.
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que ambas indicam passado. O correto é usar
um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O romance começou muito tempo atrás.
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, de Raul Seixas, está incorreta.
ORTOGRAFIA OFICIAL
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronun-
ciada nos grupos gue, gui, que, qui.
Regras de acentuação
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm
acento tônico na penúltima sílaba)
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas continuam com acento: Ex.: papéis, herói,
heróis, troféu, troféus.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
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Como era Como fica
baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento
permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/
polo(s) e pêra/pera.
Atenção:
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus
derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Regra básica:
Outros casos
Observações:
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Pala-
vras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-nave-
gação, pan-americano.
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• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coo-
brigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol,
madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-ter-
ra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando muita coisa. Mas não podemos parar,
não é mesmo?!?! Por isso vamos passar para mais um ponto importante.
Fonética e fonologia
Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinônimos. Mas, embora as duas pertençam a uma
mesma área de estudo, elas são diferentes.
Fonética
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons da fala de uma língua”. O que isso signifi-
ca? A fonética é um ramo da Linguística que se dedica a analisar os sons de modo físico-articulador. Ou
seja, ela se preocupa com o movimento dos lábios, a vibração das cordas vocais, a articulação e outros
movimentos físicos, mas não tem interesse em saber do conteúdo daquilo que é falado. A fonética utiliza
o Alfabeto Fonético Internacional para representar cada som.
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca, lábios...) que cada som faz, desconsideran-
do o significado desses sons.
Fonologia
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas ela se preocupa em analisar a organização
e a classificação dos sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade da fonologia,
também, cuidar de aspectos relativos à divisão silábica, à acentuação de palavras, à ortografia e à pro-
núncia.
Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se com o significado de cada um e não só com
sua estrutura física.
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas diferentes, precisamos de entender o que é
fonema e letra.
Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala. Atenção: estamos falando de menores
unidades de som, não de sílabas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-. Porém, o
primeiro som é pê (P) e o segundo som é a (A).
Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o primeiro som; e P é a primeira letra.
Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos entender melhor o que é e como se compõe
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uma sílaba.
Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emitido em um só impulso de voz e que tem
como base uma vogal.
– Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi, luz, é...)
– Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí, bota, água...)
– Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde, circuito, boneca...)
– Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento, jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípe-
do...)
Classificação quanto à tonicidade
Lembre-se que:
Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia fonética.
Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba
tônica, já que é a pronunciada com mais força.
Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos entender melhor como se dá a divisão
silábica das palavras.
Divisão silábica
A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja, pela pronúncia. Sempre que for escrever,
use o hífen para separar uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste processo:
Não se separa:
• Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
• Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-
-quer, a-ve-ri-guou...)
• Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na palavra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu
e qu (fa-cha-da, co-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
Deve-se separar:
• Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas (sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
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• Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce-ção...)
Morfologia
As palavras são formadas por estruturas menores, com significados próprios. Para isso, há vários pro-
cessos que contribuem para a formação das palavras.
Estrutura das palavras
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas menores - os morfemas, também chama-
dos de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
Exemplos
Dividem-se em:
Nominais
Exemplos
Verbais
Exemplos
Exemplos
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1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
Exemplos
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de
eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do radical de uma palavra para a formação
de outra palavra. Dividem-se em:
Exemplos
Sufixo
Exemplos
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da junção de dois ou mais vocábulos primitivos.
Temos:
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na estrutura fonética das primitivas.
Exemplos
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da estrutura fonética das primitivas.
Exemplos
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vossa + merce = você
Derivação:
Exemplos
Exemplos
Exemplos
Exemplo
Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com valor de substantivo.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética de uma palavra primitiva para a formação
de uma derivada. Em geral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Exemplos
combater – o combate
chorar – o choro
Prefixos
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em: vernáculos, latinos e gregos.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou foram aportuguesados: a, além, ante, aquém,
bem, des, em, entre, mal, menos, sem, sob, sobre, soto.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: abordar, além-mar, bem-aventurado, desleal,
engarrafar, maldição, menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina original:
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cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, privação, situação cessante: exportar, espalmar,
ex-professor.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir, procurador, pronome.
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a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
Nominais
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Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -astro, -az.
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
Verbais
Adverbial = há apenas um
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imaginários (pessoas, animais, objetos), luga-
res, qualidades, ações e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
Classificação dos substantivos
/formiga
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/populacional/formi-
são formados por outros radi- gueiro
cais da língua.
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
designa determinado ser entre
/Brasil
outros da mesma espécie.
São sempre iniciados por letra /Belo Horizonte/Estátua da Liberda-
maiúscula. de
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SUBSTANTIVOS COMUNS: re- biscoitos/ruídos/estrelas/cachorro/pri-
ferem-se qualquer ser de uma ma
mesma espécie.
SUBSTANTIVOS CONCRE- Leão/corrente
TOS: nomeiam seres com
/estrelas/fadas
existência própria. Esses seres
podem ser animadoso ou inani- /lobisomem
mados, reais ou imaginários. /saci-pererê
SUBSTANTIVOS ABSTRA- Mistério/
TOS: nomeiam ações, estados,
bondade/
qualidades e sentimentos que
não tem existência própria, ou confiança/
seja, só existem em função de lembrança/
um ser.
amor/
alegria
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
referem-se a um conjunto
acervo (de obras artísticas)/buquê (de
de seres da mesma espécie,
flores)
mesmo quando empregado no
singular e constituem um subs-
tantivo comum.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS QUE
NÃO ESTÃO AQUI!
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos
podem ser biformes ou uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o
feminino: tigre/tigresa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os
uniformes dividem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga ma-
cho/pulga fêmea, palmeira macho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gêne-
ro: a criança (o criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o femini-
no: o/a turista, o/a agente, o/a estudante, o/a colega.
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– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução
adjetiva é expressão composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição
com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tar-
de (jornal vespertino).
Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bair-
ro japonês/ indústria japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sá-
bios, namorador/ namoradores, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos
da cor de chumbo.
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particu-
lar ou genérico.
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Um menino carregava um brinquedo.
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocu-
pam numa série.
O quíntuplo do preço.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pes-
soas do discurso.
• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de
comunicação.
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Pronomes de Tratamento Emprego
Empregado nas correspondências e
Vossa Senhoria
textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Utilizado para príncipes, princesas,
Vossa Alteza
duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Utilizado para sacerdotes e religiosos
Vossa Reverendíssima
em geral.
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à
pessoa seja no discurso, no tempo ou no espaço.
Pronomes Demonstrati-
Singular Plural
vos
esta, essa, estas, essas, aque-
Feminino
aquela las
este, esse, estes, esses, aque-
Masculino
aquele les
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Classifica-
Pronomes Indefinidos
ção
algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito,
muita, muitos, muitas, pouco, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro,
Variáveis outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vária, vários, várias, tanto, tan-
ta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariá-
quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.
veis
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas
e indiretas.
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repeti-
ção. Eles também podem ser variáveis e invariáveis.
Classifica-
Pronomes Relativos
ção
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quan-
Variáveis
ta, quantos, quantas.
Invariá-
quem, que, onde.
veis
Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um de-
terminado tempo.
• Flexão verbal
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa
que o usou. O modo é dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e
imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no
modo indicativo: presente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do pre-
sente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pes-
soa (ele amou, eles amaram).
Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente,
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substantivos). São elas infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (termina-
do em –DA/DO).
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva
ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica
uma ação praticada pelo sujeito. Veja:
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser
analítica ou sintética. A voz passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no
particípio + preposição por/pelo/de + agente da passiva.
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é
formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito
paciente.
Aluga-se apartamento.
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando
uma determinada circunstância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, ja-
mais, ontem, anteontem, brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde,
de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, de-
fronte, detrás, de cima, em cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente,
felizmente, às pressas, às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com
certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma,
etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase,
apenas, quanto, de pouco, de todo, etc.
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições
são as seguintes:
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Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser
coordenativas (que ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações
com uma relação hierárquica, na qual um elemento é determinante e o outro é determinado).
• Conjunções Coordenativas
• Conjunções Subordinativas
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Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espíri-
to, traduzindo as reações das pessoas.
• Principais Interjeições
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem
bem construído o que é e a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o
estudo da Sintaxe.
Sintaxe
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia
para te dar: o estudo da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem
imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas questões importantes:
Silêncio!
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos
que compõem uma oração:
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto
sem o auxílio da preposição.
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• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indi-
reto por meio de preposição.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar,
modo etc.) ou intensifica um verbo, adjetivo ou advérbio.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na
voz passiva.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advér-
bios, e vem preposicionado.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (subs-
tantivo, pronome ou equivalentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que
existem será moleza, moleza. Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não
dependem uma da outra para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um
período são dependentes (dependem uma da outra para construir sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéti-
cas (que não precisam da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).
Tipos de orações coordenadas
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Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas
Aditivas Fomos para a escola e fizemos o Lena estava triste, cansada, decepciona-
exame final. da.
Adversati- Pedro Henrique estuda muito, po-
Ao chegar à escola conversamos, estuda-
vas rém não passa no vestibular.
mos, lanchamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúr-
guer, ora quer comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se
Conclusivas Não gostamos do restaurante, por- mudar.
tanto não iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados,
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela unhas feitas.
estava de mau humor.
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria
que dá inveja.
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas sub-
classificações, que veremos agora por meio do quadro seguinte.
Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobre-
Exercem a função de sujei- mesa do jantar.
to
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é
Exercem a função de comple- solteiro.
mento nominal
Predicativas O problema é que ele não entre-
Exercem a função de predica- gou a refeição no lugar.
Orações Subordinadas tivo
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que
Exercem a função de apos- não se aborrecesse com ela.
to
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto
direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem
Exercem a função de objeto com ele.
indireto
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Explicativas Os alunos, que foram mal na
Explicam um termo dito an- prova de quinta, terão aula de
teriormente. SEMPRE serão reforço.
acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas
Restritivas Os alunos que foram mal na
Adjetivas
Restringem o sentido de um prova de quinta terão aula de
termo dito anteriormente. reforço.
NUNCA serão acompanhadas
por vírgula.
Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das clas-
sificações e subclassificações das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.
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Semântica
Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramáti-
ca Normativa: quem cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados
das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que compõem este estudo.
Antônimo e Sinônimo
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de
tristeza, porque o significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é
antônimo de mulher.
Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O
uso de sinônimos é muito importante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a
mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de
alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico,
enquanto que o hiperônimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato
são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois
indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo coletivo.
Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!
Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:
Conotação e Denotação
Observe as frases:
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois
enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido
próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido
figurado e depende do contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.
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https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/
Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não
durarão no estoque da loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qua-
lidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que
podem haver em uma palavra, frase ou textos inteiros.
Por Literatura Portuguesa, compreende-se toda produção em língua portuguesa de diferentes países
de cultura lusófona, entre eles o Brasil. Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa estabelecem uma
enorme relação dialógica, visto que as primeiras manifestações de nossa literatura ocorreram durante o
período colonial.
Trovadorismo
Também conhecido como Primeira Época Medieval, é o primeiro movimento literário da língua portu-
guesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação
independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por
praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características
próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.
O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Gar-
vaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o
ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.
Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares
de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.
O Trovadorismo foi um período da literatura portuguesa compreendido entre 1189 e 1434. Nessa época
Portugal estava em processo de consolidação do estado português. Enquanto o mundo estava em pleno
Feudalismo, e o Teocentrismo dominava o planeta. Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afir-
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mar que toda a Idade Média foi fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder político e eco-
nômico, mantendo-se acima até de toda a nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mundo
baseada tão somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas.
Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam sempre à
mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos naturais.
Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas, mosteiros, abadias
e catedrais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o estilo romântico, quanto na Baixa Idade
Média, predominando o estilo gótico. No que tange às produções literárias, todas elas eram feitas em
galego-português, denominadas de cantigas.
Os textos do Trovadorismo eram acompanhados de música e geralmente cantados em coro, por isso são
chamados de cantigas. As cantigas podem ser classificadas em dois grandes grupos: cantigas líricas e
cantigas satíricas. As líricas se subdividem em cantigas de amor e de amigo; as satíricas em cantigas de
escárnio e maldizer.
Cantigas de Amor
As cantigas de amor são sempre escritas em primeira pessoa e o eu-poético declara seu amor a uma
dama, tendo como pano de fundo o ambiente de um palácio. A mulher é vista como um ser inatingível,
uma figura idealizada, a quem é dedicado um amor sublimado, idealizado.
Neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa po-
sição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor
reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da
amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispen-
sado, sofrimento pelo amor não correspondido).
Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma dama,
normalmente de posição social superior, inatingível. Refletindo a relação social de servidão, o trovador
roga a dama que aceite sua dedicação e submissão. Eu-lírico – masculino
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos
de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de so-
frimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada
(senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual
o cavaleiro deseja servir como vassalo.
Cantigas de amigo
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato
que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além
de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino,
a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de
que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização.
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimen-
to da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude
de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confi-
dente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os pró-
prios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar.
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Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos nas ruas,
praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas
da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e
costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia duas categorias: a de escárnio e a de
maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a crítica não
era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome da pessoa
satirizada.
Cantigas de maldizer
Como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava o nome da pessoa
satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente envoltos
por um tom de obscenidade, fazendo referência a situações relacionadas a adultério, prostituição, imora-
lidade dos padres, entre outros aspectos.
Renascimento
Todos esses fatores levaram a velha ordem feudal a um desgaste e consequente desmoronamento,
sendo necessária uma nova organização nos planos político, econômico e social. As produções artísticas
desse período refletem essas profundas mudanças.
Como pioneiro da exploração europeia, Portugal floresceu no final do século XV com as navegações para
o oriente, auferindo lucros imensos que fizeram crescer a burguesia comercial e enriquecer a nobreza,
permitindo luxos e o cultivar do espírito. O contato com o Renascimento chegou através da influência de
ricos mercadores italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. O contato comercial com a
França, Espanha e Inglaterra era assíduo, e o intercâmbio cultural se intensificou.
Durante o período renascentista várias mudanças ocorreram. A princípio, a denominação deste movimen-
to cultural propõe uma ressurreição do passado clássico, fonte de inspiração e modelo seguido. Duran-
te os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou
conhecido como Renascimento ou Renascença. Logo, o homem é valorizado, bem como a natureza, pois
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é concreta e visível. O humanismo e antropocentrismo se despontam em oposição ao teocentrismo, ao
divino, ao sobrenatural.
O ser humano começa a se vangloriar por sua razão, por sua capacidade de raciocínio, por seu cientifi-
cismo. Logo, todas as formas de arte refletem esse ideário: a literatura, a filosofia, a escultura e a pintura.
Nessa última destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e Botticelli.
As características principais:
- As qualidades mais valorizadas no ser humano passam a ser a inteligência, o conhecimento e o dom
artístico;
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos
XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo).
- A razão e a natureza passam a ser valorizados com grande intensidade. O homem renascentista, prin-
cipalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e univer-
so.
A Linguagem Clássico-Renascentista
A linguagem clássico-renascentista é a expansão das ideias e dos sentimentos do homem do século XVI.
Seus temas e sua construção traduzem, de um lado, o espírito de aventuras trazido pelas navegações:
de outro, refletem a busca dos modelos literários greco-latinos e dos humanistas italianos.
Gosto pelo soneto: No Renascimento também foi criado o soneto, um tipo de composição poética forma-
da por duas quadras e dois tercetos, com versos decassílabos, que até hoje é cultivado pelos poetas.
Essa nova forma de fazer poesia foi chamado de “dolce stil nuovo”, ou “doce novo estilo”, por Dante.
Formas de inspiração clássica: Além de criarem o soneto, os humanistas italianos recuperaram outras
formas, já cultivadas pela literatura grega e latina:
A écloga: composição geralmente dialogada, em que o poeta idealiza assuntos sobre a vida no campo.
Suas personagens são pastores (éclogas pastoris), pescadores (éclogas pisctórias) ou caçadores (éclo-
gas venatórias).
A elegia: poema de fundo melancólico; A ode: composição pequena, de caráter erudito, com elevação do
pensamento, sobre vários assuntos. As odes podem ser classificadas em pendáricas (cantam heróis ou
acontecimentos grandiosos), anacreônicas (cantam o amor e a beleza), e satíricas (celebram assuntos
morais e / ou filosóficos); A epístola: composição em que o autor expõe suas ideias e opiniões, em estilo
calmo e familiar. Pode ser doutrinária, amorosa ou satírica; O epitalâmio: composição em honra aos re-
cém casados, própria para ser recitada em bodas; A canção: composição erudita, de longas estrofes, ver-
sos decassílabos por vezes entremeados com outros de seis sílabas (heroicos) e de caráter amoroso; O
epigrama: composição de 2 ou 3 versos com pensamentos engenhosos e de estilo cintilante; A sextilha:
composição de seis estrofes de seis versos com uma forma muito engenhosa, em que as palavras finais
dos versos de todas as outras, apenas com a ordem trocada; Os ditirâmos: canto festivo para celebrar o
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prazer dos banquetes.
Literatura Renascentista
A influência greco-romana está presente nos Lusíadas, de Luís de Camões, Luís de Camões (1525?-
1580), frequenta a nobreza e os círculos boêmios de Lisboa. Viaja muito, chegando até a Índia e a China,
quase sempre a serviço do governo português. Sua obra mais importante, Os Lusíadas (1572), funde
elementos épicos e líricos. Mescla fatos da história portuguesa às intrigas dos deuses do Olimpo, que
buscam ajudar ou atrapalhar Portugal. Sintetiza duas importantes vertentes do renascimento português:
as expedições ultramarinas e o humanismo.
Luís Vaz de Camões: (1525?-1580), O escritor mais conhecido e destacado do classicismo português.
Escreveu poesias líricas e épicas, além de várias peças teatrais.
1587 - Anfitriões
Humanismo
O Humanismo português vai desde a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre
do Tombo, em 1434, até o retorno de Sá de Miranda da Itália, em 1527, quando começou a introduzir em
Portugal a nova estética clássica.
O termo Humanismo literário é usado comumente para designar o estudo das letras humanas em opo-
sição à Teologia. Na Idade Média, predomina a concepção teocêntrica, em que tudo gira em torno dos
valores religiosos. A partir do Humanismo desenvolve-se uma nova concepção de vida: os eruditos
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defendem a reforma total do homem; acentuam-se o valor do homem na terra, tudo o que possa tornar
conhecido o ser humano; preocupam-se com o desenvolvimento da personalidade humana, das suas fa-
culdades criadoras; têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais;
empenham-se em fazer a reforma educacional.
Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e
nem comerciantes.
Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que mora-
vam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como consequência o regime feudal de servidão
desapareceu.
Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram
ricos.
O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do dia para a noite.
Humanismo deriva, etimologicamente, da palavra francesa humanisme. Segundo alguns autores, Huma-
nismo é a “doutrina dos humanistas da Renascença que ressuscitaram o culto das línguas e das literatu-
ras antigas”.
O Humanismo abrange praticamente todas as artes como por exemplo a pintura, a arquitetura, a escul-
tura, a música e a literatura. As obras desse período tinham como centro de interesse o próprio homem.
Assim, enquanto no Trovadorismo Deus era o centro de tudo (teocentrismo) no Humanismo o homem
passa a ser o centro de interesse da cultura (antropocentrismo).
O Humanismo foi a própria alma do Renascimento. Era um apelo ao homem universal. Traduzia-se so-
bretudo pelo enaltecimento da cultura da Antiguidade Clássica”.
Os principais destaques do Humanismo são: na Itália, berço do Renascimento, Dante Alighieri, Giovanni
Boccaccio e Francesco Petrarca.
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Em Portugal merece destaque o teatro poético de Gil Vicente
O movimento Literário
O período compreendido como Humanismo na Literatura Portuguesa vai desde a nomeação de Fernão
Lopes a cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Francisco Sá de Miranda da Itália,
quando introduziu uma nova estética, o Classicismo, em 1527.
Algumas manifestações
– Teatro
O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.
“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos? ” são alguns exemplos.
Gil Vicente é considerado o criador do teatro português pela apresentação, em 1502 de seu Monologo do
Vaqueiro (também conhecido como Auto da Visitação).
Sobre a vida de Gil Vicente pouco se sabe. Supõe-se que tenha nascido por vota de 1465 e morrido
cerca de 1536. A primeira data seguramente ligada ao poeta é o ano de 1502, quando na noite de 7 para
8 de junho, recitou o Monologo do vaqueiro no quarto de D. Maria, esposa de D. Manuel, que acabava de
dar a luz ao futuro rei D. João III. Durante 34 anos produziu textos teatrais e algumas poesias, sendo que
sua última peça – Floresta de enganos – data de 1536.
Se nada se sabe a respeito de sua origem, podemos afirmar com certeza que viveu a vida palaciana
como funcionário da corte e que possuía bons conhecimentos da língua portuguesa, bem como do caste-
lhano, do latim e de assuntos teológicos.
O teatro vicentino é basicamente caracterizado pela sátira, criticando o comportamento de todas as ca-
madas sociais: a nobreza, o clero e o povo.
– Poesia
Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma coletânea de poemas de época.
O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos em poemas amorosos, satíri-
cos, religiosos entre outros.
– Prosa
Fernão Lopes foi o mais importante cronista (historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da
História de Portugal”. Foi também o 1º cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças
da história, essa importância era, anteriormente atribuída somente à nobreza.
Classicismo
Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome dado ao período literário que surgiu na época do
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Renascimento (Europa séc. XV a XVI). Um período de grandes transformações culturais, políticas e eco-
nômicas.
Vários foram os fatores que levaram a tais transformações, dentre eles a crise religiosa (era a época da
Reforma Protestante, liderada por Lutero), as grandes navegações (onde o homem foi além dos limites
da sua terra) e a invenção da Imprensa que contribuiu muito para a divulgação das obras de vários auto-
res gregos e latinos (cultura clássica) proporcionando mais conhecimento para todos.
O classicismo é profundamente influenciado pelos ideais humanistas, que colocam o homem como o cen-
tro do Universo. Reproduz o mundo real, de forma verossímil, mas moldando-o segundo o que é conside-
rado ideal. É importante que as obras sejam harmônicas e reflitam determinados princípios, como ordem,
lógica, equilíbrio, simetria, contenção, objetividade, refinamento e decoro. A razão tem mais importância
do que a emoção. As adaptações aos ideais e aos problemas dos novos tempos fazem com que o clas-
sicismo não seja mera imitação da Antiguidade. Na época renascentista, por exemplo, a alta burguesia
italiana em ascensão, na disputa de luxo e poder com a nobreza, identifica-se com os valores laicos da
arte greco-romana.
O aperfeiçoamento da imprensa possibilitou uma maior difusão de ideias novas, contribuindo para o
enriquecimento do ambiente cultural. As grandes navegações alargaram a visão de mundo do europeu,
que entrou em contato com culturas diferentes. A matemática se desenvolveu, bem como o estudo das
línguas, surgindo as primeiras gramáticas de língua portuguesa.
Todo esse contexto fez nascer uma visão antropocêntrica de mundo. Ou seja, o homem é visto como
centro do universo. O cristianismo continua imperando, mas o homem renascentista já não é tão angus-
tiado com as questões religiosas como o era o homem medieval.
Os artistas – pintores, escultores, arquitetos – inspiravam-se nas obras dos antigos gregos e romanos,
que se transformaram em modelos. Por isso mesmo, dizia-se que a gloriosa arte antiga estava renascen-
do.
Em seu conteúdo, mostravam o paganismo, o ideal platônico de amor e outras marcas específicas da
tradição antiga. As notas medievais quinhentistas contêm um impulso que se tornou presente, explicita-
mente ou não, ao longo de toda a literatura portuguesa, cruzando os séculos.
Seus lirismos tradicionais, caracterizados por ser antimetafísico, popular, sentimental e individualista, irá
dialogar com as novas modas e sobreviverá. A própria força da terra portuguesa, chamando os escrito-
res para o seu convívio, explica a permanência desse remoto lirismo através dos séculos. A definição do
novo ideário estético em Portugal deu-se em 1527, com o regresso de Sá de Miranda da Itália, trazendo
uma valiosa bagagem doutrinária. Sua influência foi decisiva na produção e promoção do novo gosto
literário.
Características
Busca do homem universal – passaram o mundo, o homem e a vida a serem vistos sob o prisma da
razão. O homem renascentista procurou entender a harmonia do universo e suas noções de Beleza, Bem
e Verdade, sempre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a razão e a emoção. Estavam longe de
aceitar a “arte pela arte”, ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um alto objetivo ético: o
do aperfeiçoamento do homem na contemplação das paixões humanas postas em arte - a catarse gre-
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ga.
Valores greco-latinos – os renascentistas adotaram a mitologia pagã, própria dos antigos, recorrendo a
entidades mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções e exemplificar comportamentos. Consi-
deravam que os antigos haviam atingido a perfeição formal, desejando os artistas da Renascença repro-
duzi-la e perpetuá-la.
Novas medidas e formatos – surgiram novas formas de composição, como o soneto, o verso decassílabo
e a oitava rima, que foram introduzidas em Portugal por Sá de Miranda.
Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controla-
da pela razão.
– Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação univer-
sal) passaram a ser privilegiadas.
– Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocu-
pação.
– Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si pró-
prio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém,
a religiosidade não desapareceu por completo.
Classicismo em Portugal
Classicismo Literário
Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla
a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando
assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional
ou particular.
Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser
chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu
a denominação de medida nova. Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois
quartetos e dois tercetos.
Luís de Camões (1525-1580): poeta soldado Escritor de dados biográficos muito obscuros, Camões é o
maior autor do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como soldado para a África, onde, em com-
bate, perdeu o olho direito. Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde participou de
várias expedições militares. Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema que celebrava os recen-
tes feitos marítimos e guerreiros de Portugal. A obra fez tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D.
Sebastião uma pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema pobreza que vivia. Camões
morreu no dia 10 de junho de 1580.
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Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explici-
tada no título do poema: Os lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da
Gama às Índias.
A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de Resende para designar os portugueses
como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus Baco).
A Lírica Camoniana
Camões escreveu versos tanto na medida velha quanto na medida nova. Seus poemas heptassílabos ge-
ralmente são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que constituíam glosas (ou voltas a ele).
Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutura tipicamente silogís-
tica, normalmente apresentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada no último
terceto, fechando, assim, o raciocínio.
Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o amor material, manifestação da carna-
lidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem à realização
plena. Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo a mulher como
exemplo de perfeição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade.
A Epopeia Camoniana
Os Lusíadas, que narra a aventura marítima de Vasco da Gama, é a grande epopeia do povo lusitano.
Publicada em 1572, é considerada o maior poema épico escrito em língua portuguesa, não por conter
oito mil e oitocentos e dezesseis verbos decassílabos distribuídos em 1102 estrofes de oito versos cada,
mas pelo seu valor poético e histórico. Obedecendo com rigor às regras da Antiguidade clássica apresen-
tam em suas estrofes os aspectos formais (métrica, ritmo e rima) com extrema regularidade, demonstran-
do o engenho e a arte do poeta. Todas as estrofes apresentam o esquema conhecido como oitava-rima,
com três rimas cruzadas seguidas de uma emparelhada (AB AB AB CC). A palavra lusíadas significa
“lusitanos”, e Camões foi buscá-la numa epístola de André de Resende. Os Lusíadas são os próprios lu-
sos, tanto em sua alma como em sua ação. O herói da epopeia é o próprio povo português e não apenas
Vasco da Gama, como pode parecer à uma leitura superficial da obra. Ao cantar “as armas e os barões
assinalados” que navegaram “por mares nunca dantes navegados”, Camões engloba todo o povo lusita-
no navegador, que enfrentou a morte pelos mares desconhecidos. Pode-se afirmar, então, que o poema
épico apresenta um herói coletivo.
O poeta deixou expresso o tema da epopeia já nas duas primeiras estrofes: a glória do povo navegador
português, que conquistou as Índias e edificou o Império Português no Oriente, bem como a memória dos
reis portugueses, que tentaram ampliar o Império. Portanto, Camões cantou as conquistas de Portugal, a
glória de seus navegadores e os reis do passado. Cantou, enfim, a História de Portugal.
– É escrita em versos.
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Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, o maior nome da Literatura Portuguesa.
Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a
epopeia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima.
Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos distribuídos em 1120 estrofes e narra a via-
gem de Vasco da Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.
Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda,
Bernardim Ribeiro e Antonio Ferreira.
O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a
morte de Camões.
Barroco
Teve início em 1580 após a morte de Camões, quando Portugal entra em decadência após o desapa-
recimento do Rei D. Sebastião motivo pelo qual Portugal nunca mais teve o mesmo prestígio (início do
Sebastianismo).
O tempo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos
anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
A base para esse movimento foi o drama humano, que na pintura barroca foi bem encenado com gestos
teatrais muitíssimo expressivos, sendo iluminado por um extraordinário claro-escuro e caracterizado por
fortes combinações cromáticas. O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo das artes
plásticas teve seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII.
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou in-
fluenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia
e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras
de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época:
Bento Teixeira, autor de Prosopopeia; Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno), autor de várias poe-
sias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.
Num cenário em que se tenta fundir ideias opostas, as obras tratam de amor e sofrimento, vida e morte,
religiosidade e erotismo. São frequentes a sátira social e a humanização do sobrenatural. Há convicção
de que é preciso aproveitar a vida, porque valores e sentimentos são mutáveis. A maior produção é a de
poesia. A prosa se restringe aos sermões, cujo principal autor no Brasil é o orador sacro e missionário
jesuíta português Antônio Vieira.
O homem do barroco buscava a salvação ao mesmo tempo que queria usufruir dos prazeres mundanos,
daí surgiram os conflitos. É o antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).
O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizando, ele vivia atormentado pela
ideia do pecado, então vivia buscando a salvação.
Características
– claro/escuro
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– vida/morte
– tristeza/alegria
– Pessimismo
Autores e obras
Gregório de Matos (Bahia, 1636 – Recife, 1696). Filho de família abastada, estudou com os jesuítas em
Salvador. Aos 14 anos, foi estudar em Portugal, formando-se em Direito na Universidade de Coimbra.
Casou-se, tornou-se juiz, morou na metrópole até 1681. Viúvo, voltou ao Brasil. Em Salvador, sobreviveu
precariamente: advogado ser recursos, boêmio inveterado, satírico arrasador. Exilado em Angola, voltou
ao Brasil em 1695, para o Recife. Morreu no ano seguinte. Durante sua vida, sua obra permaneceu inédi-
ta.
Características:
– Obra poética de múltiplas faces: lírica, satírica, filosófica, religiosa, pornográfica, encomiástica (elogio-
sa).
– Poeta maldito – conhecido como “Boca do Inferno”, o maior satírico da literatura brasileira.
Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Maranhão, 1697). Menino, veio com os pais para a Bahia. Estudou
no Colégio dos Jesuítas, ordenando-se em 1634. Com a restauração portuguesa, após 60 anos de domí-
nio espanhol, mudou-se para Portugal. Duas ideias messiânicas, impregnadas de sebastianismo, sobre
um Império Português e católico – o 5º Império – de ascendência sobre o mundo entraram em choque
com a realidade da corte lusitana e o momento histórico de Portugal, que caminhava para a decadên-
cia.
Vieira também entrou em choque com a Inquisição por causa dos cristãos-novos (judeus convertidos
ao cristianismo); ficou preso por dois anos e foi-lhe cassado o direito de pregar. Voltou ao Brasil, para
o Maranhão, e entrou em choque com os colonos por fazer defesa dos nativos e também dos escravos
negros. Morreu aos 89 anos.
Características:
– O maior orador do Barroco, no Brasil e em Portugal, o maior da língua portuguesa e um dos maiores da
cultura ocidental.
– Além de complexos esquemas lógicos, de jogos sutis de raciocínio – típicos do conceptismo -, seus
sermões apresentam muitas analogias entre passagens da Bíblia e fatos do cotidiano.
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Neoclassicismo / Arcadismo
O Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII, que teve lar-
ga influência em toda a arte e cultura do ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais
do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da
moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos de decoração e dramáticos do
Barroco e Rococó.
Movimento literário, derivado do espírito crítico do Iluminismo, que visa à reabilitação e restauração dos
géneros, das formas, “das técnicas e da expressão clássicas”, que vingaram em Portugal no séc. XVI.
Esta renovação faz-se acompanhar duma severa disciplina estética e dum purismo estreme, que procura
libertar a língua de termos estranhos, restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o rigor do sentido.
A Arcádia Lusitana, fundada em Março de 1756, é uma assembleia de escritores portugueses do séc.
XVIII, que tomam o nome de velhos pastores da Grécia, querendo significar com isso que desejam
regressar ao viver chão da Natureza e eu estão dispostos a levar a arte literária a uma correspondente
simplicidade de expressão. O seu emblema era um lírio branco e usava como divisa a frase latina “inutilia
truncat” - corta o inútil.
Origens e contexto
O movimento teve também conotações políticas, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura
grega e sua democracia, e a romana com sua república, com os valores associados de honra, dever, he-
roísmo, civismo e patriotismo. Como consequência, o estilo neoclássico foi adotado pelo governo revolu-
cionário francês, assumindo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e mais tarde, sob
Napoleão, estilo Império, influenciando outros países. Nos Estados Unidos, no tumultuado processo de
conquista de sua própria independência e inspirados no modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo
se tornou um padrão e foi conhecido como estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se
tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico,
foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de propaganda para suas personalidades e feitos.
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Literatura
Os textos empregam linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um
pouco do rigor do Classicismo anterior. A principal expressão do movimento na literatura é o Arcadismo,
manifestado na Itália, em Portugal e no Brasil.
A sua principal expressão na literatura, o Arcadismo foi um movimento literário que buscava basicamen-
te a simplicidade, oposto a confusão e do retrocesso Barroco. Retrata a vida pastoril e harmônica do
campo. As referências clássicas voltam, e as obras são recheadas de seres da mitologia grega. Porém
se observa que a mitologia, que era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo do Renasci-
mento, agora se converte apenas num recurso poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas
de Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retratam a natureza harmônica, e por isso são os
dois autores mais imitados pelos árcades.
Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma visão equilibrada do mundo. Sem exageros, sem
conflitos, apenas a simplicidade.
Romantismo
Romantismo, foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII
na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo
contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados
nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um
movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo.
Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores
trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo
Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emo-
ção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou
poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação po-
pular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da
vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força
das lendas nacionais
Contexto histórico
A Invasão de Napoleão fez com que a corte portuguesa fugisse para o Brasil.
D. Pedro IV foi defensor de uma constituição liberal e seu irmão D. Miguel defendia ideias absolutistas.
Por isso D. Pedro reuniu um exército para enfrentar seu irmão.
Independência do Brasil
Características do Romantismo
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Subjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-
-se da fantasia.
Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coi-
sas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal.
Egocentrismo: cultua-se o “eu” interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcos-
mos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade, procura modos de
refugiar-se, por exemplo, no passado, no sonho ou na morte.
Liberdade de criação: O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertan-
do-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem colo-
quial.
Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na Euro-
pa, retornam à idade média e cultuam seus valores, por ser uma época obscura.
Nativismo: fascinação pela natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natu-
reza, da força da paisagem.
Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até na escolha do he-
rói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes
personagens históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas
exilados.
Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada
ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver
o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do
sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
Religiosidade: como uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença
em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo
real.
Fusão do grotesco e do sublime: o romantismo procura captar o homem em sua plenitude, enfocando
também o lado feio e obscuro de cada ser humano.
Primeira geração
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Entre os anos de 1825 e 1840.
Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e Originalidade, Subjetivismo, Idealiza-
ção da mulher, do amor e da natureza, Nacionalismo, Historicismo e Medievalismo.
Principais autores:
— Alexandre Herculano
Alexandre Herculano nasceu em 1810 e faleceu em 1877. Ficou conhecido por suas narrativas históricas.
Lutou contra democratas (nome que se dava na altura aos defensores da “democracia de massas”) e
tornou-se defensor das ideias liberais conservadoras.
Nasceu em 1799 em Porto. Faleceu em 1854 em Lisboa. Considerado o iniciador do romantismo. De-
dicou-se também a literatura e ao jornalismo. Lutou contra absolutismo ao lado de Pedro I. Foi exilado
duas vezes.
Nasceu em 1800. Faleceu em 1875. Perdeu a visão quase completamente aos 6 anos. Contou com o
apoio de seu irmão, Augusto Frederico de Castilho, que o incentivou a continuar a estudar. Com muita
força de vontade conseguiu se formar em Direito na Universidade de Coimbra. Além disso era tradutor.
A partir de 1842 passou a dirigir a “Revista Universal Lisbonense”, o que lhe permitiu exercer influência
sobre o meio cultural português.
Segunda geração
Maior emoção nas obras, dando valor ao: tédio, melancolia, desespero, pessimismo, fantasia.
Liberdade de expressão.
Principais autores:
– Camilo Castelo Branco
Nasceu em 1825. Faleceu em 1890. Acontecimentos de sua vida são retratados no enredo de seus li-
vros.
Tendências: situações ridículas e originais, novelas passionais, acontecimentos dramáticos e finais trági-
cos.
– Soares de Passos
Soares de Passos nasceu em Porto em 1826. Faleceu em 1860. Estudou na Universidade de Coimbra
onde fundou o jornal “O Novo Trovador”. Nele muitos poetas da época publicaram algo. E em 1856, Soa-
res Passos reuniu todas essas poesias publicadas em um livro chamado “Poesias”. Mesmo tendo uma
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vida curta, é considerado um dos poetas ultrarromânticos portugueses mais importantes.
Tendências: Liberdade, exaltação cívica, confiante na vitória do homem, poesia delicada, reflexo da dor
pessoal.
Terceira geração
Autores pré-realistas.
Principais autores
— Júlio Dinis
Nasceu em 1839. Faleceu em 1871. Visão detalhada do ambiente. Romances ambientados no campo.
Tendências: Pré-realista.
— João de Deus
Nasceu em 1830. Faleceu em 1896. Retomou a tradição lírica portuguesa. Foi admirado pelos realistas.
Teófilo Braga foi quem reuniu seus poemas e os publicou sob o título “Campos de Flores” (1893).
Realismo ao simbolismo
O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, teatro e literatura. Surgiu na
França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo.
O Simbolismo foi um movimento literário que surgiu antes da Primeira Guerra Mundial, e surgiu como
uma reação às correntes materialistas e cientificistas daquela época.
Características do Simbolismo
- Caráter individualista
- Utilização de recursos literários como, por exemplo, a aliteração (repetição de um fonema consonantal)
e a assonância (repetição de fonemas vocálicos).
Retorno à segunda fase romântica que ficou conhecida como mal do século. No entanto, o Simbolismo
foi mais profundo no universo metafísico do que a geração marcada por Álvares de Azevedo.
Apesar da métrica definida, o Simbolismo desrespeitava a gramática com o intuito de não limitar o artis-
ta.
Atenção exclusiva ao “eu”, explorando-o através de uma linguagem pessimista e musical, de modo que a
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carga emotiva das palavras é ressaltada. A poesia é aproximada da música pelo uso de aliterações.
Subjetivismo: Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pelo geral e univer-
sal. A visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e sim a realidade focalizada sob o ponto
de vista de una indivíduo.
Tentativa de aproximar a poesia da música: Para conseguir aproximação da poesia com a música, os
simbolistas lançaram mão de alguns recursos, como a aliteração, por exemplo.
Ênfase na sugestão: Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem
nomear objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia
Percepção intuitiva da realidade: Para interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não
da razão ou da lógica.
Principais autores
– Cruz e Souza
Cruz e Souza era brasileiro e é um dos principais representantes do Simbolismo no Brasil. Seus textos
eram carregados de erotismo e satanismo, e de vez quando misticismo; apresentavam uma visão trági-
ca da vida. Cruz e Souza tinha uma obsessão pela cor branca, e criava analogias e entre o abstrato e o
concreto.
Obras: Tropos e Fantasias; Missal e Broquéis, 1893 (poesia); Evocações, 1898(prosa); Faróis, 1900
(poesia); Últimos Sonetos, 1905 (poesia).
– Eugênio de Castro
Eugênio de Castro é um autor português e foi o responsável por inaugurar o Simbolismo português. As
obras de Eugênio de Castro possuem versos livres, vocabulário erudito, pessimismo e ambiguidade nos
temas trabalhados.
Realismo
O Realismo teve seu início na França em 1857, quando Gustave Flaubert publicou sua obra Madame
Bovary, em que sua principal personagem buscava um amor romântico, perfeito e impossível, mas a dura
realidade, sem emoções, não permitia realizar suas pretensões, e ela acabou por se suicidar.
O Realismo se iniciou em Portugal com a Questão Coimbrã, polêmica literária entre Antero de Quental,
Teófilo Braga e os jovens literatos que surgiram na década de 1860, e os representantes da geração an-
terior, entre os quais se destacava Castilho.
As características principais do Realismo incluíam a busca da realidade de vida, mostrada como real-
mente é, com os lados positivos e negativos; um pessimismo latente, onde as criaturas eram más e mal
intencionadas, ao contrário do Romantismo, onde eram tratadas como bondosas; uso de temas de cará-
ter grosseiro, para chocar os padrões morais do leitor; preocupação em relatar os fatos comuns do dia-a-
-dia, que no Romantismo eram preteridos pelo extraordinário, pelo invulgar; tudo descrito com minúcias,
muitas vezes em demasia.
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O Realismo não foi tanto uma escola literária como um sentimento novo, uma nova atitude espiritual em
que couberam direções muito divergentes, que se alçou contra um idealismo sem ideias. A sua conse-
quência mais vital e duradoura foi romper com o patriotismo provinciano dos ultrarromânticos, abrindo o
espírito nacional a todas influências externas e ampliando a gama de escolha dos motivos literários.
Em Portugal, as semelhanças entre Realismo e Naturalismo eram muito fortes. O principal representan-
te do Realismo português foi Eça de Queirós, com a publicação do conto Singularidades duma rapariga
loira que, na opinião de Fialho de Almeida, foi a primeira narrativa realista escrita em português. Com o
aparecimento de O crime do padre Amaro e de O primo Basílio, ambos de Eça de Queirós, onde Realis-
mo e Naturalismo se confundem, a nova escola implantava-se definitivamente. Mas na década de 1890,
o Realismo, cada vez mais confundido com o Naturalismo, já havia perdido muito de sua força.
Contexto histórico
- Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação cultural, sobretudo nas academias de Recife,
SP, Bahia e RJ, devido aos seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias.
- Houve também uma transformação no aspecto social com o surgimento da população urbana, a desi-
gualdade econômica e o aparecimento do proletariado.
Características do Realismo
- Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes, como o casamento, por
exemplo.
- Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe
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degradação das personagens, assassinatos, triunfo do mal.
Preocupação formal. Clareza, concisão, precisão lexical, purismo, vernaculidade. Predomínio da denota-
ção. A metáfora cede lugar à metonímia.
O Simbolismo em Portugal
Com a publicação de Oaristos, de Eugenio de Castro, em 1890, inicia-se oficialmente o Simbolismo por-
tuguês, durando até 1915, época do surgimento da geração Orpheu, que desencadeia a revolução mo-
dernista no país, em muitos aspectos baseada nas conquistas da nova estética.
Portanto, os principais autores desse estilo em Portugal seguem linhas diversas, que vão do esteticismo
de Eugênio de Castro ao nacionalismo de Antônio Nobre e outros, até atingirem maioridade estilística
com Camilo Pessanha: o mais importante poeta simbolista português.
Além de Raul Brandão, um dos raros escritores de prosa simbolista, na verdade prosa poética, repre-
sentada pela trilogia que compreende as obras A farsa, Os pobres e Húmus, Eugênio de Castro, Antônio
Nobre e Camilo Pessanha são os poetas mais expressivos do simbolismo em Portugal.
Modernismo em Portugal
Movimento artístico e literário que se desenvolveu na última década do séc. XIX e na primeira metade do
séc. XX, que surgiu por oposição ao tradicional ou clássico. Caracterizou-se fundamental pelo progres-
so, da aceleração das inovações e experiências conduzidas pelos movimentos da vanguarda, em função
da ideologia do novo como valor ético e estético, da autonomia da arte, e da recusa da realidade como
modelo para esta última.
Do ponto de vista literário, o modernismo apresenta várias correntes ou subcorrentes, de inspiração ideo-
lógica profundamente divergente: do saudosismo e decadentismo ao futurismo, ao paulismo e ao inter-
seccionismo, passando pelo simbolismo e existencialismo.
No início da década de 1890, pensou-se que seria necessário mudar completamente as normas, e em
vez de apenas rever o conhecimento passado à luz das novas técnicas, seria necessário fazer mudanças
profundas. Paralelamente surgiram desenvolvimentos como a Teoria da Relatividade na física, o aumento
da integração do combustível interno na industrialização.
As teorias de Freud foram influenciadas pelo modernismo, que argumentou que a mente tinha uma es-
trutura básica e fundamental, e que essa experiência subjetiva fora baseada na interação das partes do
cérebro. Isto representou o corte com o passado, antes acreditava-se que a realidade externa e absoluta
podia imprimir ela mesmo no indivíduo, como, por exemplo, na doutrina da tábua rasa de John Locke.
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A influência da comunicação, transportes e do rápido desenvolvimento científico começaram a melhorar
os estilos arquiteturais, nos quais a construção era mais barata e menos ornamentada.
A escrita era mais curta, mais clara, e fácil de ler. A origem do cinema na primeira década do século vinte
deu ao modernismo uma forma de arte que era unicamente dele Esta onda e tentou redefinir as várias
formas de arte de uma forma radical.
O marco inicial do Modernismo em Portugal foi a publicação da revista Orpheu, em 1915, influenciada
pelas grandes correntes estéticas europeias, como o Futurismo, o Expressionismo, etc., reunindo Fer-
nando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros, entre outros.
2ª geração - o Presencismo: José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e outros;
– Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) - influenciado pelo decadentismo e pela estética simbolista, cons-
truiu uma obra marcada por inesperada e inquietante angustia existencialista. Afastando-se da preocupa-
ção meramente estética, aborda o tema da cisão do sujeito na enunciação de si próprio e na formulação
de sua percepção de mundo.
– Fernando Pessoa (1888 – 1935) - sua obra é caracterizada pela busca da despersonalização e da
fragmentação do “eu” do poeta em múltiplas personalidades – o que possibilita a criação de um universo
literário em que sinceridade e fingimento são discutidos de maneira rica, densa e intrigante. Para com-
preendê-lo é fundamental conhecer a produção de seus heterônimos.
- Heterônimos de Fernando Pessoa Alberto Caeiro: poeta bucólico, está em contato direto com a natu-
reza, aproximando a sua lógica da ordem natural das coisas. Caeiro “pensa” com os sentidos e vê as
coisas como elas são, desprovidas de conceitos e valores pré-concebidos.
– Ricardo Reis - poeta de inspiração neoclássica, é um latinista cuja preocupação em gozar o momento
remete ao carpe diem. Para ele, é preciso estar atento para aproveitar os instantes volúveis da vida, com
serenidade e sem excessos.
– Álvaro de Campos - poeta inquieto e adepto do decadentismo, constrói sua obra a partir de experiên-
cias futuristas, nas quais é nítida a influência do norte americano Walt Whitman. Mas Campos esgota
essa vertente e adere à poesia intimista e melancólica, evoluindo ao sensacionismo – para o qual a sen-
sação é a única realidade da vida.
– Fernando Pessoa (ele mesmo) - considerado por alguns críticos também uma espécie de heterônimo, o
Fernando Pessoa ortônimo produz uma poesia lírica de tendência saudosista e nacionalista.
Neorrealismo
Corrente literária de influência italiana que anexa algumas componentes da literatura brasileira, nomea-
damente a da denúncia das injustiças sociais do romance nordestino. Quer na poesia, quer na prosa, o
neorrealismo assume uma dimensão de intervenção social, agudizada pelo pós-guerra e pela sedução
dos sistemas socialistas que o clima português de ditadura mitifica.
A sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, coleção de poesia, com Sidónio Mu-
ralha, João José Cochofel, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora e
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outros.
No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Alves Redol, com Gaibéus, de 1940, inauguraram,
na ficção, uma obra extensa e representativa, que também muitos dos outros poetas mencionados (so-
bretudo os quatro primeiros) contribuíram para enriquecer.
O neorrealismo foi uma corrente artística de meados do século XX, com um caráter ideológico marcada-
mente de esquerda / marxista, que teve ramificações em várias formas de arte (literatura, pintura, músi-
ca) mas atingiu o seu expoente máximo no Cinema neorrealista, sobretudo no realismo poético francês e
no neorrealismo italiano.
Quer na poesia, quer na prosa, o neorrealismo assume uma dimensão de intervenção social, firmada
pelo pós-guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o clima português de ditadura mitifica.
Sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, coleção de poesia, com Sidónio Mura-
lha, João José Cochofel, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora e
outros.
Literatura “engajada”, antifascista, de denúncia social. Busca a conscientização do leitor, a realidade so-
cial e a miséria moral. Tensão dialética: literatura ativa - instrumento de transformação social.
Reação contra a “alienação” e o evasionismo da Geração Presença. Negação da “arte pela arte”, privile-
giando o conteúdo e a função social da arte.
Simplificando da expressão artística, aproximações com a técnica jornalística e com a linguagem cine-
matográfica, visando à comunicação com o grande público. Em seu limite inferior, o neorrealismo resvala
no panfletário, na literatura “de comício”, desvitalizando o propósito de denúncia pela dissociação entre o
conteúdo e a forma artística.
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Neorrealismo na literatura
O determinismo social e psicológico do naturalismo é mantido, assim como a analogia entre o homem e
o bicho (vide Angústia - Filme, de 1936), a busca pela objetividade e neutralidade como formas de dar
credibilidade à narração.
Entretanto, se no naturalismo as mazelas da sociedade eram expostas pelos romancistas com algum
pessimismo, sem perspectiva de solução a não ser o resgate ao passado A Ilustre Casa de Ramires, os
escritores neorrealistas são sobretudo ativistas políticos, leitores de Marx, da prosa revolucionária de
Górki e tomam posição na chamada luta de classes, denunciando as desigualdades sociais e os desman-
dos das elites. Vale lembrar que a industrialização somente no século XX deixou escancarada a distância
entre os donos dos meios de produção e os trabalhadores. Enquanto internacionalmente a crise de 1929
foi estopim para o neorrealismo italiano e depois português, no Brasil a situação precária dos nordestinos
foi retratada já a partir de A bagaceira, de 1928.
E se o neorrealismo optou pela ficção, tanto no Brasil quanto em Portugal, se deve principalmente aos
governos ditatoriais, quais sejam o Estado Novo de Getúlio Vargas no Brasil e o Salazarismo em Portu-
gal.
Essa ficção neorrealista e pós modernista (no sentido de ser posterior ao movimento modernista) sofre
as influências do Modernismo, especialmente a liberdade linguística e o intimismo freudiano à Virginia
Woolf. Elementos que se tornarão mais fortes num segundo momento do neorrealismo, culminando na
prosa existencialista do meio do século XX.
– João José Cochofel (1919-1982) natural de Coimbra onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosófi-
cas.
Algumas das suas obras: Os Dias Íntimos, poesia, Coimbra, 1950; Uma Rosa no Tempo, poesia, Lisboa,
1970; Obra Poética, Lisboa, 1988
– Joaquim Namorado (1914-1986) nasceu em Alter do Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Ma-
temáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Notabilizou-se como poeta neorrea-
lista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à
Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Cultura
(1994).
– José Gomes Ferreira (1900-1985) nasceu no Porto e faleceu em Lisboa. Foi poeta e ficcionista, tendo
evoluído de um romantismo saudosista para uma postura literária de algum modo ligada ao Neorrealis-
mo. A sua poesia encontra-se reunida em Poesia Militante (volumes I, II e III). Aventuras de João Sem
Medo (histórias humorísticas do mundo juvenil), Tempo Escandinavo (contos, 1969) e O Sabor das Tre-
vas (romance-alegoria, 1976) são algumas das suas obras de ficção. Dedicou-se igualmente à literatura
de memórias, tendo escrito: Imitação dos Dias – Diário Inventado (1965), A Memória das Palavras ou o
Gosto de Falar de Mim (1965), Calçada do Sol (1983), Dias Comuns – I. Passos Efémeros (obra póstu-
ma, 1990), Dias Comuns – II. A Idade do Malogro (obra póstuma, 1998).
– Manuel Dias da Fonseca nasceu no dia 15 de Outubro de 1911 em Santiago do Cacém e faleceu no dia
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11 de Março de 1993. Fez os estudos secundários em Lisboa, tendo-se dedicado desde cedo ao jornalis-
mo. Colaborou em várias publicações, de que se destacam as revistas Afinidades, Altitude, Árvore, Vérti-
ce e os jornais O Diabo e Diário. Juntou-se ao grupo de escritores neorrealistas que publicaram no Novo
Cancioneiro. Estreou-se em livro com a coletânea poética Rosa dos Ventos (1940). Publicou ainda, em
poesia, as seguintes obras: Planície (1941), Poemas Completos (1958) e Poemas Dispersos (1958). Em
ficção, publicou: Aldeia Nova (contos, 1942), Cerromaior (romance, 1943), O Fogo e as Cinzas (contos,
1951), Seara de Vento (romance, 1958), Um Anjo no Trapézio (novela e contos, 1968), Tempo de Solidão
(contos, 1973). Publicou ainda a coletânea de crónicas intitulada Crónicas Algarvias (1986).
– Carlos de Oliveira (1921-1981) nasceu em Belém do Pará, Brasil, e faleceu em Lisboa. Licenciou-se na
Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas. A sua obra poética e ficcional centra-se na
vida campestre. Obras poéticas: Turismo (1942), Mãe Pobre (1945), Descida aos Infernos (1949), Terra
de harmonia (1950), Cantata (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micro paisagem (1969), Entre Duas
Memórias (1971), Trabalho Poético (2 vols., 1977-1978), Pastoral (1977). Obras de ficção: Casa na Duna
(1943), Alcateia (1944), Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na Chuva (1953), Finisterra (1978).
Crónicas: O Aprendiz de Feiticeiro (1971).
Surrealismo
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primeiramente em Paris nos anos 20, inse-
rido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes
Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ganhando dimensão internacional.
Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfati-
za o papel do inconsciente na atividade criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que, segun-
do o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton (1896-1966) é
o principal líder e mentor deste movimento.
A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918),
jovem artista ligado ao Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas de Tirésias (1917), considerada uma
precursora do movimento.
Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealista de (1924). Além de Breton, seus
representantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e Max Ernst, René
Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas.
Vale lembrar que nesse momento, o pensamento do psicanalista Sigmund Freud trazia inovações ao
revelar que muitos dos atos humanos não estão ligados ao encadeamento lógico. A ausência de controle
exercido pela razão e o “automatismo psíquico puro” indicavam os novos rumos da arte.
O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra
francês André Breton, em 1924. Neste manifesto, foram declarados os principais princípios do movimento
surrealista: ausência da lógica, adoção de uma realidade “maravilhosa” (superior), exaltação da liberdade
de criação, entre outros.
Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados pela burguesia, vão criar obras
repletas de humor, sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica.
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pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta
espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert.
A década de 1930 é conhecida como o período de expansão surrealista pelo mundo. Artistas, cineastas,
dramaturgos e escritores do mundo todo assimilam as idéias e o estilo do surrealismo. Porém, no final da
década de 1960 o grupo entra em crise e acaba se dissolvendo.
Características do Surrealismo:
Explorar o inconsciente, o sonho, a loucura; aproximar-se de tudo que fosse antagônico à lógica e esti-
vesse fora do controle da consciência.
Psicanálise
Escrito e desenhado
Esoterismo e magia
Humor negro, cuja presença corrosiva é, por excelência, o princípio de subversão da linguagem.
Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto
Giacometti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o bel-
ga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul
Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert.
Superação da destrutividade radical da arte dadá e inaugurada de um novo conceito do real: o surreal.
Não será o temor da loucura que nos forçará a hastear a bandeira da imaginação a meio pau(...)
Surrealismo: automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir seja verbalmente, seja por
escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na
ausência de todo controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.
“O surrealismo, na sua origem, quis ser libertação integral da poesia, e, através dela, da vida.
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O que queremos: a independência da arte para a revolução, para a libertação definitiva da arte.” (André
Breton).
Literatura Brasileira
Origens
O estudo sobre as origens da literatura brasileira deve ser feito levando-se em conta duas vertentes: a
histórica e a estética. O ponto de vista histórico orienta no sentido de que a literatura brasileira é uma ex-
pressão de cultura gerada no seio da literatura portuguesa. Como até bem pouco tempo eram muito pe-
quenas as diferenças entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enaltecendo o proces-
so da formação literária brasileira, a partir de uma multiplicidade de coincidências formais e temáticas.
A outra vertente (aquela que salienta a estética como pressuposto para a análise literária brasileira)
ressalta as divergências que desde o primeiro instante se acumularam no comportamento (como nativo e
colonizado) do homem americano, influindo na composição da obra literária. Em outras palavras, consi-
derando que a situação do colono tinha de resultar numa nova concepção da vida e das relações huma-
nas, com uma visão própria da realidade, a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das
formas literárias no Brasil, em busca de uma expressão própria, tanto quanto possível original
Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os momentos em que as formas e artifícios li-
terários se prestam a fixar a nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de perío-
dos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, de acordo com os estilos corresponden-
tes às suas diversas fases, do Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade.
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que acompanham a
evolução política e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um período de
transição, que corresponde à emancipação política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas
escolas literárias ou estilos de época.
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou
Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 a 1836).
A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o
Simbolismo (de 1893 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em estudo é a
contemporaneidade da literatura brasileira.
O Quinhentismo
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil du-
rante o século XVI, correspondendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não se pode
falar em uma literatura “do” Brasil, como característica do País naquele período, mas sim em literatura
“no” Brasil – uma literatura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções do homem euro-
peu.
No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histórico vivido pela Península Ibérica, que
abrangia uma literatura informativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações literárias
no século XVI. Quem produzia literatura naquele período estava com os olhos voltados para as riquezas
materiais (ouro, prata, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupava-se com o traba-
lho de catequese.
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro documento da literatura no Bra-
sil, as principais crônicas da literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato com-
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preensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de 1530. A literatura jesuítica, por seu lado,
também caracteriza o final do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro somente em
1549.
A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, reflexo das gran-
des navegações, empenha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fauna, de sua gen-
te. É, portanto, uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom
Manuel sobre o achamento do Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom nível
literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo que, segundo Caminha, impulsionava os
portugueses para as aventuras marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação da fé cristã
Literatura jesuíta - Consequência da Contrarreforma, a principal preocupação dos jesuítas era o trabalho
de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia quanto no teatro.
Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além
da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíbli-
cos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colô-
nia.
Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas sem referências ao que o padre José de
Anchieta representa para o Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy» (supre-
mo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no ano seguinte, fundou um colégio no planalto
paulista, a partir do qual surgiu a cidade de São Paulo.
Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de Anchieta deixou uma fabulosa herança literária:
a primeira gramática do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos nativos; várias poe-
sias no estilo do verso medieval; e diversos autos, segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil
Vicente, que agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre com a preocupação de
caracterizar os extremos, como o bem e o mal, o anjo e o diabo.
O Barroco
O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico «Prosopopeia”, de
Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-
-se por todo o século XVII e início do XVIII.
Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação
do livro “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo a partir de 1724,
com a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos. Este fato assinala a decadência dos valores
defendidos pelo Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco denomina genericamente
todas as manifestações artísticas dos anos de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, esten-
de-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.
Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da influência da poesia barroca no Brasil
surgiram a partir de 1580 e começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na Península
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Ibérica, já que é a Espanha a responsável pela unificação dos reinos da região, o principal foco irradiador
do novo estilo poético.
O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presença cada vez mais forte dos comerciantes,
com as transformações ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e, finalmente,
com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar,
Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra, poeta baiano que cul-
tivou com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado pela lingua-
gem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos.
O primeiro valoriza o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico, racionalista)
Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro certo idealismo renascentista, colocado ao
lado do conflito (como de hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da fé, mas
tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mundana. Contradição que o situava com perfeição
na escola barroca do Brasil.
Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com as estruturas morais e a tolerância de
muita gente - como o administrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria sociedade
baiana do século XVII - por outro, ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o “impiedoso”
Padre Antônio Vieira, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os padrões
da época.
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã (por defender o capitalismo judaico e os
cristãos-novos); os pequenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os administradores e
colonos (por defender os índios). Essas posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram
a Vieira uma condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do Padre Antônio Vieira
pode ser dividida em três tipos de trabalhos: Profecias, Cartas e Sermões.
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum.
Nelas se notam o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto império do Mun-
do”. Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de inter-
pretação bíblica (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros íntimos da literatura
barroca). Além, é claro, de revelar um nacionalismo megalomaníaco e servidão incomum.
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas cerca de 500 cartas.
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos novos e
sobre a situação da colônia, transformando-se em importantes documentos históricos.
Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões. De estilo barroco conceptista, totalmente
oposto ao Gongorismo, o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo os ensinamen-
tos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na
capela Real de Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra de Deus”.
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir seus adversários cató-
licos, os gongóricos dominicanos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de Deus na
terra”, atribuindo-lhes culpa.
O Arcadismo
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultra-
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marina e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, desenvol-
ve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que, com suas medidas político-admi-
nistrativas, permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento barroco, para a qual vários fatores colabo-
raram, entre eles o cansaço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada arte cortesã,
que se desenvolvera desde a Renascença e atinge em meados do século um estágio estacionário (e até
decadente), perdendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa superou
o problema religioso; surgem as primeiras arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas
clássicas; os burgueses, como forma de combate ao poder monárquico, começam a cultuar o “bom sel-
vagem”, em oposição ao homem corrompido pela sociedade.
Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de domínio no campo econômico e passa a lutar
pelo poder político, então em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo social e das artes:
a antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao poder do gosto burguês.
Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últi-
mos cinco anos do século XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Arcadismo no Brasil.
De qualquer forma, suas características no País seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos
da Antiguidade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril; o fingimento poético e o
uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassí-
labos, a rima optativa e a tradição da poesia épica. O Arcadismo tem como principais nomes: Cláudio
Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
O Romantismo
O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a “Niterói
- Revista Brasiliense”, e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado “Suspiros poéti-
cos e saudades”.
Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fazia sentir, de forma mais imediata, desde
1808: a independência do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se no modelo mo-
derno, acompanhando as nações independentes da Europa e América. A imagem do português conquis-
tador deveria ser varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se formava. O ciclo da mine-
ração havia dado condições para que as famílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em
particular França e Inglaterra, onde buscavam soluções para os problemas brasileiros. O Brasil de então
nem chegava perto da formação social dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A
estrutura social do passado próximo (aristocracia/escravo) ainda prevalecia. Nesse Brasil, segundo o his-
toriador José de Nicola, “o ser burguês ainda não era uma posição econômica e social, mas mero estado
de espírito, norma de comportamento”.
Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava pela Europa. Em 1836, ele funda a revista
Niterói, da qual circularam apenas dois números, em Paris.
Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasileira”, considerado o nosso primeiro mani-
festo romântico. Essa escola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram lançados
os primeiros romances de tendência naturalista e realista, como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Me-
mórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento realista, aliás, já
vinham ocorrendo bem antes do início da decadência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por
Tobias Barreto desde 1870, na Escola de Recife.
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O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas letras universais a partir dos últimos 25
anos do século XVIII. A segunda metade daquele século, com a industrialização modificando as antigas
relações econômicas, leva a Europa a uma nova composição do quadro político e social, que tanto in-
fluenciaria os tempos modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revolução Francesa, tão
exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu “Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz:
“...Eis aqui como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria de Reino Unido. Sem a
Revolução Francesa, que tanto esclareceu os povos, esse passo tão cedo se não daria...”.
A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagônicas, embora atuassem paralelas durante
a Revolução Francesa: a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista industrial, e
a classe dominada, representada pelo proletariado. O Romantismo foi uma escola burguesa de caráter
ideológico, a favor da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo e
o irracionalismo - características marcantes do Romantismo inicial - não podem ser analisados isolada-
mente, sem se fazer menção à sua carga ideológica.
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo tem que ser visto a par-
tir das últimas produções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e Silva Alvarenga. Com
a chegada da Corte, o Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo
propício à divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no rumo da independên-
cia.
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico,
exalta-se a natureza pátria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se encaixaram
perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas.
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a
dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta
pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró
e, finalmente, a abolição da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pe-
dro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia
e, principalmente, de nacionalismo.
O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela nitidamente uma evolução no compor-
tamento dos autores românticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes dessa
escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes entre si. No caso brasileiro, por exemplo,
há uma distância considerável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a necessidade
de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No romantismo brasileiro podemos reconhecer três
gerações: Geração Nacionalista ou indianista; geração do “mal do século” e a “geração condoreira”.
A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exaltação da natureza, volta ao passado históri-
co, medievalismo, criação do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação “geração
indianista”. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais
autores, destacam-se Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto.
Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada de geração byroniana, de Lord Byron)
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é impregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio
constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas vir-
gens sonhadas e na exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas internas da segunda
metade do reinado de D. Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor Hugo e de
sua poesia político-social, daí ser conhecida como geração hugoana. O termo condoreirismo é conse-
quência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que habita o alto da
condilheira dos Antes. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousân-
drade.
Duas outras variações literárias do Romantismo merecem destaque: a prosa e o teatro romântico. José
de Nicola demonstrou quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do romance no
Brasil: “A importação ou simples tradução de romances europeus; a urbanização do Rio de Janeiro,
transformado, então, em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocracia rural,
profissionais liberais, jovens estudantes, todos em busca de entretenimento; o espírito nacionalista em
consequência da independência política a exigir uma “cor local” para os enredos; o jornalismo vivendo o
seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
Os romances respondiam às exigências daquele público leitor; giravam em torno da descrição dos cos-
tumes urbanos, ou de amenidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentando perso-
nagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas com os quais o leitor se identificava, vivendo
uma realidade que lhe convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema, como “Me-
mórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de
Taunay.
Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance brasileiro foi “O filho do pescador”, publicado
em 1843, de autoria de Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance sentimentalóide,
de trama confusa e que não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria na literatura
brasileira.
Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao público leitor, justamente por ter moldado o
gosto deste público ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o romance “A More-
ninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Dentro das características básicas da prosa romântica, destacam-se, além de Joaquim Manuel de Ma-
cedo, Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de um Sar-
gento de Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora para sua época, exatamente quando Macedo
dominava o ambiente literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser consideradas
como o verdadeiro romance de costumes do Romantismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia
urbana, para retratar o povo com toda a sua simplicidade.
“Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na literatura brasileira como o consolidador do
romance, um ficcionista que cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições políticas e
sociais. Ele defendia o “casamento” entre o nativo e o europeu colonizador, numa troca de favores: uns
ofereciam a natureza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses fatores resultaria um
Brasil independente. “O guarani” é o melhor exemplo, ao se observar a relação do principal personagem
da obra, o índio Peri, com a família de D. Antônio de Mariz.
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Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto por Alencar, aparece também em Iracema
(um anagrama da palavra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir, filho de Irace-
ma e Martim, é o primeiro brasileiro fruto desse casamento.
José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou possível uma classificação por modalidades:
romances urbanos ou de costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do II Reinado);
romances históricos (dois, na verdade, voltados para o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e
“A guerra dos mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são as duas obras regionais
de Alencar); romances rurais (como “Til” e “O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram
maior popularidade para o escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”).
Realismo e Naturalismo
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento - o Rea-
lismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos
- para condenar o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao cunhar este conceito, Eça de Queiroz sin-
tetizou a visão de vida que os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após o declínio
do Romantismo.
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto, embo-
ra fizessem uma poesia romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para a realidade
político-social da época (final da década de 1860). Da mesma forma, algumas produções do romance
romântico já apontavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas obras de Manuel
Antônio de Almeida, Franklin Távora e Visconde de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo
enquanto surgiam os primeiros sinais do Realismo.
Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias Barreto, Silvio Romero e outros, apro-
ximando-se das ideias europeias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente, à filosofia.
São os ideais do Realismo que encontravam ressonância no conturbado momento histórico vivido pelo
Brasil, sob o signo do abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia.
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. De fato, esse foi um ano fértil para a li-
teratura brasileira, com a publicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso de nossas
letras: Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado o primeiro romance naturalista do Brasil; Macha-
do de Assis publica “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista de nossa literatu-
ra.
Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano considerado data final do Realismo é 1893,
com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do Simbolismo,
mas não o término do Realismo e suas manifestações na prosa - com os romances realistas e naturalis-
tas - e na poesia, com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma, o início do Simbolismo,
em 1893, não representou o fim do Realismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a
essa data, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900, e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em
1904. Olavo Bilac, chamado “príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia Brasileira
de Letras, templo do Realismo, também foi inaugurada posteriormente à data-marco do fim do Realismo:
1897. Na realidade, nos últimos vinte anos do século XIX e nos primeiros do século XX, três estéticas se
desenvolvem paralelamente: o Realismo e suas manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que
só conhecem o golpe fatal em 1922, com a Semana de Arte Moderna.
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metade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracte-
rizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo, o avanço científico leva a
novas descobertas nos campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos,
com o surgimento de grandes complexos industriais, aumentando a massa operária urbana, e formando
uma população marginalizada, que não partilha dos benefícios do progresso industrial, mas, pelo contrá-
rio, é explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho.
O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no campo econômico quanto no político-social,
no período compreendido entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais, se compa-
radas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai
(1864/1870) tem como consequência o pensamento republicano (o Partido Republicano foi fundado no
ano em que essa guerra terminou); a Monarquia vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888,
não resolveu o problema dos negros, mas criou uma nova realidade: o fim da mão-de-obra escrava e a
sua substituição pela mão-de-obra assalariada, então representada pelas levas de imigrantes europeus
que vinham trabalhar na lavoura cafeeira, o que originou uma nova economia voltada para o mercado
externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transformaram-se nos principais representantes da
escola realista no Brasil. Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos, assumindo
uma defesa clara do ideal republicano, como nos romances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles
negam a burguesia a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação genérica da escola
literária, que abriga três tendências distintas: “romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parna-
siana”.
O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por Machado de Assis. Trata-se de uma narra-
tiva mais preocupada com a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do comportamento
de determinados personagens. Para se ter uma ideia, os cinco romances da fase realista de Machado
de Assis apresentam nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”; “Dom Casmurro”,
“Esaú e Jacó”; e “Aires”). Isto revela uma clara preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa
a sociedade por cima. Em outras palavras: seus personagens são capitalistas, pertencem à classe domi-
nante. O romance realista é documental, retrato de uma época.
Naturalismo
O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul
Pompéia também pode ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O Ateneu” ora
apresenta características naturalistas, ora realistas, ora impressionistas. A narrativa naturalista é marca-
da pela forte análise social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o coletivo. Os títulos
das obras naturalistas apresentam quase sempre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa
de pensão”, “O Ateneu”.
O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência de Charles Darwin se faz sentir na máxi-
ma segundo a qual o homem é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos instintos
naturais, não podendo ser reprimido em suas manifestações instintivas, como o sexo, pela moral da
classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Naturalismo. Em con-
sequência, esses romances são mais ousados e erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos,
apresentando descrições minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em temas então proibidos como
o homossexualismo - tanto o masculino (O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço).
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O Parnasianismo
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetividade, com seus sonetos alexandrinos perfei-
tos. Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O Parnasianismo
é a manifestação poética do Realismo, dizem alguns estudiosos da literatura brasileira, embora ideolo-
gicamente não mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas e naturalistas. Seus
poetas estavam à margem das grandes transformações do final do século XIX e início do século XX.
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da década de 1870, prolongando-se até a
Semana de Arte Moderna. Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não considerando, é
claro, o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto da forma: eis a receita. A forma fixa repre-
sentada pelos sonetos; a métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfeita. Isto tudo
como negação da poesia romântica dos versos livres e brancos. Em suma, é o endeusamento da for-
ma.
O Simbolismo
É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Brasil não teve momento típico para o Simbo-
lismo, sendo essa escola literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores nacionais,
no confronto com as demais. Por isso, foi chamada de “produto de importação”. O Simbolismo no Brasil
começa em 1893 com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (poesia), ambos do poeta
catarinense Cruz e Sousa, e estende-se até 1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna.
O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da escola anterior, o Realismo, pois no final
do século XIX e início do século XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo, Simbo-
lismo e pré-modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupados em denunciar a realidade
brasileira, entre eles Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana de Arte Moderna
que, pois, fim a todas as estéticas anteriores e traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura
do Brasil.
Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que motivou o surgimento do Simbolismo), era
natural que se imaginasse a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época como essa.
Mas é interessante notar que as origens do Simbolismo brasileiro se deram em uma região magirnalizada
pela elite cultural e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nascida república, ainda
impregnada de conceitos, teorias e práticas militares. A República de então não era a que se desejava. E
o Rio Grande do Sul, onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se em palco de lutas sangrentas
iniciadas em 1893, o mesmo ano do início do Simbolismo.
A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como uma disputa regional, ganhou dimensão
nacional ao se opor ao governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência e crueldade no
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebel-
de que exigiu a renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira. Ao conseguir esma-
gar os revoltosos, o presidente consegue consolidar a República.
Esse ambiente provavelmente representou a origem do Simbolismo, marcado por frustrações, angústias,
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falta de perspectivas, rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de época foi justamente a negação do Rea-
lismo e suas manifestações. A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalismo. E
valoriza as manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o extremo oposto do Naturalismo e do Par-
nasianismo.
“Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem reverenciar seus dois grandes expoentes: Cruz
e Sousa e Alphonsus de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o próprio Simbo-
lismo. Especialmente o primeiro, chamado, então, de “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais im-
portante do Simbolismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa estética no Brasil.
Como poeta, teve apenas um volume publicado em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia
são póstumos). Teve uma carreira muito rápida, apesar de ser considerado um dos maiores nomes do
Simbolismo universal. Sua obra apresenta uma evolução importante: na medida em que abandona o sub-
jetivismo e a angústia iniciais, avança para posições mais universalizantes - sua produção inicial fala da
dor e do sofrimento do homem negro (colocações pessoais, pois era filho de escravos), mas evolui para
o sofrimento e a angústia do ser humano.
Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “triângulo” que caracterizou toda a sua obra:
misticismo, amor e morte. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O amor pela noi-
va, morta às vésperas do casamento, e sua profunda religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou,
e não poderia ser diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo é o “Setenário das dores
de Nossa Senhora”, em que ele atesta sua devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como
um único meio de atingir a sublimação e se aproximar de Constança - a noiva morta - e da virgem. Daí o
amor aparecer sempre espiritualizado.
A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana, que ele próprio considerou sua “torre de
marfim”, é uma postura simbolista.
O Pré-modernismo
O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil não constitui uma escola literária. Pré-mo-
dernismo, é, na verdade, um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária, que caracte-
riza os primeiros vinte anos deste século.
Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos literários - desde os poetas parnasianos
e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo re-
gionalismo, alguns preocupados com uma literatura política, e outros com propostas realmente inovado-
ras. É grande a lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indiscutivelmente, merecem
destaque: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com a publicação de dois livros: “Os sertões”,
de Euclides da Cunha, e “Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a realização
da Semana de Arte Moderna.
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito
fortes, com estilos às vezes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima
Barreto - percebe-se alguns pontos comuns entre as principais obras pré-modernistas:
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o passado, com o academicismo;
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário, herdado do Romantismo
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e do Parnasianismo. O grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos
caboclos interioranos, dos subúrbios;
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam montando um vasto painel brasileiro:
o Norte e o Nordeste nas obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior paulista nos
textos de Monteiro Lobato, o Espírito Santo, retratado por Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática
quase que invariável da obra de Lima Barreto;
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram ampliado o seu perfil, até então desconhe-
cido, ou desprezado, quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, o
mulato;
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, aproximando a
ficção da realidade.
Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do Brasil, mais próxima da realidade, e pavi-
mentaram o caminho para o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que acentuou de
vez a ruptura com o que até então se conhecia como literatura brasileira.
A Semana de Arte Moderna
O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época, teve seu prenúncio com a realização da
Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes
de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da reali-
dade brasileira.
O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista artístico, como recomendam os historiadores
e críticos especializados em história da literatura brasileira, mas também como um movimento político e
social. O País estava dividido entre o rural e o urbano. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As prin-
cipais cidades brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida transformação como conse-
quência do processo industrial. A primeira Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de indus-
trialização e consequente urbanização. O Brasil contava com 3.358 indústrias em 1907. Em 1920, esse
número pulou para 13.336. Isso significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais forte,
mas marginalizada pela política econômica do governo federal, voltada para a produção e exportação do
café.
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Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mesma calçada, um barão do café, um ope-
rário anarquista, um padre, um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comerciante, um
advogado, um militar etc., formando, de fato, uma “pauliceia desvairada” (título de célebre obra de Mário
de Andrade). Esse desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco ideal para a realização
de um evento que mostrasse uma arte inovadora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no
País.
O Modernismo - (primeira fase)
No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um lado, um
nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente com as
esquerdas; de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes políticas
de extrema direita.
Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo, que continuariam a produzir nas décadas
seguintes, destacam-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara
Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
O Modernismo - (segunda fase)
O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos nomes mais significativos do romance bra-
sileiro. Refletindo o mesmo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações dos poetas da
década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius
de Moraes), a segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do Rego, Graciliano Ra-
mos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais
construtivo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por grandes transformações, fortemente marcadas
pela revolução de 30 e o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não sentir os
efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológicos que levavam a posições mais definidas e
engajadas. Tudo isso formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela
denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas
relações do indivíduo com o mundo.
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distantes recantos de nossa terra”, no dizer de
José Lins do Rego, o regionalismo ganha uma importância até então não alcançada na literatura brasi-
leira, levando ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social. Destaque especial
merecem os escritores nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval para uma nova
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realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, o Baiano Jorge Amado é um dos melhores repre-
sentantes do romance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, desde a conquista e
uso da terra até a passagem de seus produtos para as mãos dos exportadores. Mas também não se
pode esquecer de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os banguês e os engenhos sendo
devorados pelas modernas usinas.
O primeiro romance representativo do regionalismo nordestino, que teve seu ponto de partida no Mani-
festo Regionalista de 1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em 1928. Verdadei-
ro marco na história literária do Brasil, sua importância deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o
engenho) e ao caráter social do romance, do que aos valores estéticos.
Pós-Modernismo
Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de Getúlio Vargas. O País inicia um processo
de redemocratização. Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar disso, abre-se
um novo tempo de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.
A literatura brasileira também passa por profundas alterações, com algumas manifestações representan-
do muitos passos adiante; outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literário, encarre-
ga-se de fazer a seleção.
Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, aprofunda a tendência já trilhada por alguns
autores da década de 30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva,
com destaque para Clarice Lispector.
Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com a produção fantástica de João Gui-
marães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do
jagunço do Brasil central.
Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poetas que se opõe às conquistas e ino-
vações dos modernistas de 1922. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo
primeiro número é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma, entre outras coisas, que “uma geração
só começa a existir no dia em que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no dia em
que deixam de acreditar nela.”
Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras” moder-
nistas. Os poetas de 45 partem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles chama-
vam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A preocupação primordial
era quanto ao restabelecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os mestres do Parna-
sianismo e do Simbolismo.
Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugê-
nio da Silva Ramos, Geir Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, revelou um dos
mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado esteticamente a qualquer grupo e aprofundador
das experiências modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo Neto. Contemporâ-
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neos a ele, e com alguns pontos de contato com sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
A produção contemporânea
Produção contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos nas déca-
das de 60 e 70, e que refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo autoritarismo, por
uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e
1978, durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a extinção do Ato, verificou-
-se uma progressiva normalização no País.
As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País numa calmaria cultural. Ao contrário, as
décadas de 60 e 70 assistiram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, um texto participante, com a
permanência de nomes consagrados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e
Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda aparavam as arestas em suas produções.
Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em luta contra o que chamaram “esquemas
analítico-discursivos da sintaxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam soluções no apro-
veitamento visual da página em branco, na sonoridade das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma
mais importante desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia Práxis. Paralelamen-
te, surgia a poesia “marginal”, que se desenvolveu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais
de produção de livros.
No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas”
de José Mauro de Vasconcelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito sucesso junto ao
grande público, tem se mantido o regionalismo de Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué
Montello e José Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Osman Lins, Autran Dourado e
Lygia Fagundes Telles.
Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das narrativas curtas (crônica e conto). O
desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande impren-
sa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não inclua em suas páginas crônicas de Rubem Bra-
ga, Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço
Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção especial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que,
com suas bem-humoradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de 60, tem servido de
mestre a muitos cronistas.
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções contemporâneas, situa-se em posição pri-
vilegiada tanto em qualidade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, destacam-se
Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antô-
nio.
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Tipos de textos e gêneros textuais. Produção e interpretação de texto. Intertextualidade.
Citações e transcrições
Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o seu estudo: a interpretação de textos. De-
senvolver essa habilidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa prova de
qualquer área do conhecimento.
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de forma explícita, aquilo que está na superfície
do texto.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigar-
ro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, nas entrelinhas, aquilo que está de modo
mais profundo no texto ou que faça com que você realize inferências.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas podemos interpretar que Jorge parou de
fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?
Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela pode ser escrita ou oral.
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, fotos, gestos... não há presença de ne-
nhuma palavra.
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• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as palavras quanto as imagens. Ou seja, é a
junção da linguagem verbal com a não-verbal.
Além de saber desses conceitos, é importante sabermos identificar quando um texto é baseado em outro.
O nome que damos a este processo é intertextualidade.
Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a uma conclusão do que se lê. A interpretação
é muito ligada ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos prévios que cada pessoa possui antes da lei-
tura de um determinado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça uma relação
com a informação já possuída, o que leva ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja
uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetando de alguma forma o
leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de leitura: uma leitura prévia, uma leitura sele-
tiva, uma leitura analítica e, por fim, uma leitura interpretativa.
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias (e também da estrutura das palavras
para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre qualquer tema para presenciar opiniões
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diversas das suas.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar compreender o sentido global do texto e
identificar o seu objetivo.
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada parágrafo e compreender o desenvolvimen-
to do texto.
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia principal e das ideias secundárias do tex-
to.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo e comprovável) do que é uma opinião (pes-
soal, tendenciosa e mutável).
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os enunciados das questões.
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tópicos ou esquemas.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado para
aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, mas
também um aprendizado.
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela
também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de
memória.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos
que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí,
localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem
ao esclarecimento das questões apresentadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes
escondida, e por isso o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum valor indivi-
dual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca extrapole a visão dele.
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia principal que o texto será desenvolvido. Para
que você consiga identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferentes informações de
forma a construir o seu sentido global, ou seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem
um todo significativo, que é o texto.
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Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um texto por sentir-se atraído pela temática
resumida no título. Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre o assunto
que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura porque achou o título pouco atraente ou, ao
contrário, sentiu-se atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito comum as pes-
soas se interessarem por temáticas diferentes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão,
preferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, sexualidade, tecnologia, ciências, jogos,
novelas, moda, cuidados com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente infinitas e
saber reconhecer o tema de um texto é condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício bem simples, que, intuitivamente, todo leitor
faz ao ler um texto: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os
cães se juntaram aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa amizade começou
há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros per-
ceberam que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a comida que sobrava.
Já os homens descobriram que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar con-
ta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o possível assunto abordado no texto. Embora
você imagine que o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele falaria sobre
cães. Repare que temos várias informações ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem
dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo mundo, as vanta-
gens da convivência entre cães e homens.
As informações que se relacionam com o tema chamamos de subtemas (ou ideias secundárias). Essas
informações se integram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade de sen-
tido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa-
mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Se foi isso que
você pensou, parabéns! Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-secundarias/
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em
relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou expressão que, em um outro contexto diferente
do usual, ganha um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Exemplo:
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Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: ironia verbal, ironia de situação e ironia
dramática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro significado, normalmente oposto ao sentido lite-
ral. A expressão e a intenção são diferentes.
Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o resultado é contrário ao que se espera ou
que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja uma ação, mas os resultados não saem
como o esperado. No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a personagem
título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notorie-
dade sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que planejou ficar famoso
antes de morrer e se tornou famoso após a morte.
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos literários quando o leitor, a audiência,
tem mais informações do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre intenções de
outros personagens. É um recurso usado para aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações
e que, quando captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comédia, visto que
um personagem é posto em situações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem
ciência do todo da narrativa.
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Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o que se passa na história com todas as
personagens, é mais fácil aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exemplo, se
inicia com a fala que relata que os protagonistas da história irão morrer em decorrência do seu amor. As
personagens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a plateia já sabe
que eles não serão bem-sucedidos.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pareçam cômicas ou surpreendentes para
provocar o efeito de humor.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as tirinhas e charges, que aliam texto e ima-
gem para criar efeito cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente aces-
sadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras
e charges.
Exemplo:
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que de fato está escrito, seja das frases ou
das ideias presentes. Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao conectar
as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu
sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qualquer texto ou discurso e se amplia no enten-
dimento da sua ideia principal. Compreender relações semânticas é uma competência imprescindível no
mercado de trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-se criar vários problemas, afetando não só
o desenvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada pará-
grafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
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Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defen-
dido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. De-
ve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto,
mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza
o raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, apri-
mora a escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuida-
mo-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Inter-
pretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
surpreendentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto,
pode-se também retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará
na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos
em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apre-
sentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costu-
mam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos
nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas
é fundamental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é
um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores profi-
cientes.
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito
nele. Já a interpretação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclu-
sões subjetivas do texto.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de personagens fictícios, podendo ser de comparação
com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão
do texto, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias
secundárias.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente imaginário. Com linguagem linear e curta,
envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um
só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e
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o romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na novela é
baseada no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enre-
do) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente
é utilizado a ironia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e
quando é citado, geralmente são pequenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e
fatos sobre um assunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a
concordar com ele.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa em uma concretude da realidade. A can-
tiga de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando os professo-
res a identificar o nível de alfabetização delas.
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo de informar, aconselhar, ou seja, recomen-
dam dando uma certa liberdade para quem recebe a informação.
Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência do fato pode ser constatada de modo
indiscutível. O fato pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma maneira, através
de algum documento, números, vídeo ou registro.
Exemplo de fato:
Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos quando relacionamos fatos, os comparamos,
buscamos suas causas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apontamos uma causa ou consequência, é ne-
cessário que seja plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferenças sejam
detectáveis.
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Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha.
Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um juízo de valor. É um julgamento que tem
como base a interpretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerência que mantêm com a interpretação do
fato. É uma interpretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião pode alterar
de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país. Ela tomou uma decisão acerta-
da.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha. Ela foi egoísta.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequências negativas que podem advir de um fato,
se enaltecem previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já estamos expres-
sando nosso julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, principalmente quando debatemos um tema
polêmico ou quando analisamos um texto dissertativo.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando com o sofrimento da filha.
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ajustadas a uma ideia central que norteia
todo o pensamento do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as ideias para fazer
com que o leitor entenda o que foi dito no texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen-
samento e o do leitor.
Parágrafo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O
parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertati-
vo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto,
geralmente apresentada na introdução.
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz uma ideia da sua posição no texto, é nor-
malmente aqui que você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo escrito. Normal-
mente o tema e o problema são dados pela própria prova.
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Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e ideias que apoiem o seu posicionamento
sobre o assunto. É possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até citações de
pessoas que tenham autoridade no assunto.
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado e conclui o texto. Esta última parte pode
ser feita de várias maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma pergunta
reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do
desenvolvimento.
Outro aspecto que merece especial atenção são os conectores. São responsáveis pela coesão do texto e
tornam a leitura mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as ideias e servem de
ligação entre o parágrafo, ou no interior do período, e o tópico que o antecede.
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado para outro, é
uma exigência também para a clareza do texto.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumentativos, e por conta disso é mais fácil para os
leitores.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa estrutura de texto, entretanto, apenas segui-
-la já leva ao pensamento mais direto.
Níveis de Linguagem
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos conven-
cionais, sonoros, gráficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo da idade,
cultura, posição social, profissão etc. A maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto,
determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com o decorrer do tempo, mudanças na estru-
tura da língua, que só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo social. Muitas
novidades criadas na linguagem não vingam na língua e caem em desuso.
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua falada, por que os sinais gráficos não
conseguem registrar grande parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e ainda os
gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é mais descontraída, espontânea e informal,
porque se manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão do falante.
Nessas situações informais, muitas regras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome da
naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da linguagem culta. Obviamente a linguagem popular
é mais usada na fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja presente em
poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e
romances em que o diálogo é usado para representar a língua falada.
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Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é
carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de
pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferên-
cia pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está presente
nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditó-
rio, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia espe-
cial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência
às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e
cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências,
sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como arma de defesa contra as classes do-
minantes. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens
sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar
à mídia. Os meios de comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos,
às vezes, também inventam alguns. A gíria pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no
vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, “mina”, “tipo assim”.
Linguagem vulgar
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco ou nenhum contato com centros civilizados.
Na linguagem vulgar há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na comida”.
Linguagem regional
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais e
empregos de certas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, nordesti-
no, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipos e genêros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abrangentes que objetivam a distinção e defini-
ção da estrutura, bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e explicação. Eles
apresentam estrutura definida e tratam da forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cin-
co tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou dissertativo-expositivo)
dissertativo e narrativo. Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada um deles.
Tipo textual descritivo
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não)
de um lugar, uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, um movimento etc.
Características principais:
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• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adjetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração ad-
jetiva), por sua função caracterizadora.
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anúncio, propaganda, relatórios, biografia,
tutorial.
Exemplo:
(Vinícius de Moraes)
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, instrui o interlocutor. Chamado também de
texto instrucional, o tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos,
nas leis jurídicas.
Características principais:
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com verbos de comando, com tom imperativo; há
também o uso do futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleitoral) – Não podem alistar-se eleitores: os
que não saibam exprimir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou definitivamente
dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-ma-
rinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para
formação de oficiais.
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Tipo textual expositivo
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por
meio de exposição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação pode ser exposi-
tiva ou argumentativa.
Características principais:
Exemplo:
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a dissertação expositiva (ou informativa) e a argu-
mentativa (ou opinativa).
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concursos — apresenta posicionamentos pessoais e
exposição de ideias apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, clareza, respeito
pelo registro formal da língua e coerência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o
interlocutor (leitor ou ouvinte).
Características principais:
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento e conclusão): ideia principal do texto (tese);
argumentos (estratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho de autoridade,
citações, confronto, comparação, fato, exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais
com sugestão/solução).
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o desenvolvimento coerente da ideia principal,
evitando-se rodeios.
Exemplo:
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A maioria dos problemas existentes em um país em desenvolvimento, como o nosso, podem ser resol-
vidos com uma eficiente administração política (tese), porque a força governamental certamente se so-
brepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência de nossos representantes – vêm aterrorizando as
grandes metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os traficantes, o que com-
provou uma verdade simples: se for do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da
população, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-exemplo). É importante salientar,
portanto, que não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o caos
se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão).
Tipo textual narrativo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, persona-
gens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Características principais:
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não
participa da história – onisciente).
Exemplo:
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era o que o tornava assim. Conheceu Maria,
também solteira, só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. Dura pou-
cas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicida-
de.
Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
GÊNEROS TEXTUAIS
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de expressão comunicativa. As muitas
formas de elaboração de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo,
os gêneros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais específicas, próprias do dia a dia.
Ademais, são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservando características
preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os
tipos textuais que neles predominam.
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Tipo Textual Predomi-
Gêneros Textuais
nante
Descritivo Diário
Biografia e autobiografia
Notícia
Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Injuntivo Receita culinária
Bula de remédio
Manual de instruções
Regulamento
Textos prescritivos
Expositivo Seminários
Palestras
Conferências
Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
Verbetes de dicionários
Dissertativo-argumenta- Editorial Jornalístico
tivo
Carta de opinião
Resenha
Artigo
Ensaio
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Narrativo Romance
Novela
Crônica
Contos de Fada
Fábula
Lendas
Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da forma como o texto se apresenta. Os gêneros
textuais são fluidos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um estabe-
lece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de textos que
faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser estabe-
lecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escrita), sendo
expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.
Tipos de Intertextualidade
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de caráter hu-
morístico. Do grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e “odes”
(canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas
humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entre-
tanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), significa a
“repetição de uma sentença”.
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos científicos. Consiste no acréscimo de uma frase
ou parágrafo que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe”
é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” (escrita).
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com ele;
geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recur-
so é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”.
Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (allu-
dere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o pastiche, o sample, a tradução e a bricola-
gem.
Argumentação
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informação a alguém. Quem comunica pretende
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criar uma imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto),
quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de con-
vencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo texto contém um componente argumenta-
tivo. A argumentação é o conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir a pessoa a
quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às teses
e aos pontos de vista defendidos.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma prova de verdade ou uma razão indis-
cutível para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acima, é
um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar
como verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da retórica, arte de
persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem.
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego
do século IV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de escolher
entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não
precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas igual-
mente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais dese-
jável que outra. Isso significa que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocu-
tor crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possível que a outra, mais desejá-
vel que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como
verdadeiro o que o enunciador está propondo.
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. O primeiro opera no domínio do necessá-
rio, ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das premissas propostas,
que se deduz obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não depen-
dem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas e conclu-
sões.
A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a B.
Outro exemplo:
A vaca é um ruminante.
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No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, a conclusão não é necessária, não é obri-
gatória. Por isso, deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausível. Se o
Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe
desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um banco com quase
dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre a so-
lidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da confia-
bilidade de um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do
que outro fundado há dois ou três anos.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que nos
valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante entender bem como
eles funcionam.
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acrescentar mais uma: o convencimento do
interlocutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto mais os argu-
mentos estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais fácil con-
vencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com
frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação cer-
tamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder
persuasivo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
Tipos de Argumento
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
enunciador é um argumento. Exemplo:
Argumento de Autoridade
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em certo
domínio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso produz dois
efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando;
dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoado de cita-
ções. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Para levar
o auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se um físico de
renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade.
Argumento de Quantidade
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior
número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de
argumento é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de quantidade.
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Argumento do Consenso
Argumento de Existência
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe do
que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o argumento de
existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, grava-
ções, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão
do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano era muito mais poderoso do que o
iraquiano. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como propa-
gandística. No entanto, quando documentada pela comparação do número de canhões, de carros de
combate, de navios, etc., ganhava credibilidade.
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, identi-
dade, etc. Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos,
eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações pro-
váveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é igual
a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo
meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários
são os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto,
cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirma-
ções gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas.
Argumento do Atributo
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas daquilo que é mais valorizado socialmen-
te, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que é mais
grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios residen-
ciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende a asso-
ciar o produto anunciado com atributos da celebridade.
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Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de uma personalidade pública. Ele pode-
ria fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada para a
persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de compe-
tência do médico:
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns exames,
a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três dias, a
partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns deles são barrapesada, a gente botou
o governador no hospital por três dias.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumentativa, porque ninguém fala para não ser leva-
do a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação deseja-se influen-
ciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante traça para seu texto. Por exemplo, um jor-
nalista, ao falar de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao contrário,
de mostrar sua grandeza.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto dando destaque a uns fatos e não a outros,
omitindo certos episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não outras, etc.
Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras trocavam abraços afetuosos.”
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras e sogras não se toleram. Não fosse assim,
não teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que serve para
incluir no argumento alguma coisa inesperada.
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tratamos de alguns tipos de argumentação,
vamos citar outros:
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão amplo, que serve de argumento para um pon-
to de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usada pelo
agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democra-
cia) ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, injustiça, corrup-
ção).
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por um único contra exemplo. Quando se diz
“Todos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir o argumen-
to.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do contexto adequado, sem o significado apro-
priado, vulgarizando-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por exemplo,
da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, em que o termo impe-
rialismo é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros à sua
dependência política e econômica”.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação concreta do texto, que leva em conta
os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto,
etc).
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Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade do autor (como
eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas (como estou
certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um texto que
revele isso. Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto e,
com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um ponto de vista, acompanhado de certa
fundamentação, que inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Argumentar é
o processo pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com base em premissas. Per-
suadir é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se convencer os
outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu comportamento.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, expõem-se com clareza os fundamentos
de uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio empregado na
argumentação. A persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chanta-
gens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mímica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, expositiva e argumentativa. Esta, exige
argumentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta dados
sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no
texto já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que sem
a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como dis-
cussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar
ou concordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da
defesa de um ponto de vista.
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argumentativa. A argumentação está presente
em qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, é necessária a capacidade de conhecer
outros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, a análise de
argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom
exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvolver as seguintes habili-
dades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que
adote a posição totalmente contrária;
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dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o método de raciocínio silogístico, baseado na
dedução, que parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mesma coisa, e
pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
em partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de deduções, a conclu-
são final. Para a linha de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes,
ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada
um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a argumentação dos trabalhos acadêmicos.
Descartes propôs quatro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma série de mo-
vimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:
- evidência;
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução;
- enumeração.
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na
enumeração pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas
regras cartesianas, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. As três
proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da me-
nor. A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a universa-
lidade.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particu-
lar, e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o silogismo.
A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o
particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de verdades uni-
versais, pode-se chegar à previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio
vai da causa para o efeito. Exemplo:
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase em uma conexão ascendente, do parti-
cular para o geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de fatos
particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito
para a causa. Exemplo:
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O ferro, o bronze, o cobre são metais
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira
se as duas premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, pode-se partir
de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma de-
finição inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas do
sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma
não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de argumentação de paralogis-
mo. Encontra-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
- Lógico, concordo.
Exemplos de sofismas:
Dedução
Indução
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral – conclusão falsa)
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que
têm diploma são professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-se erro
quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise
ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos sentimentos não
ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamentais, que contribuem para a descoberta ou
comprovação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem outros méto-
dos particulares de algumas ciências, que adaptam os processos de dedução e indução à natureza de
uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio demonstrativo, com-
parativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos sistemáti-
cos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; a análise parte do todo para as partes,
a síntese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma depende da
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outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das par-
tes. Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém reunisse todas
as peças de um relógio, não significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de par-
tes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, seguida uma
ordem de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por meio da integração das partes, reunidas e
relacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, que é a de-
composição. A análise, no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir o
todo em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim relacionadas:
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias a respeito do tema proposto, de seu
desdobramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha dos
elementos que farão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou informal. A análise formal pode ser científi-
ca ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experimentais. A análise
informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos por suas diferenças e semelhanças;
fora das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou menos arbi-
trário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con-
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e espécies, é
um exemplo de classificação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal,
pintassilgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira.
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre eles.
Estabelecer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é uma habili-
dade indispensável para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja cres-
cente, do fato mais importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o menos importante
e, no final, o impacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na classificação. A ela-
boração do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano
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devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na introdução, os termos e conceitos sejam
definidos, pois, para expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racionalmente as
posições assumidas e os argumentos que as justificam. É muito importante deixar claro o campo da dis-
cussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de vista sobre
ele.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da linguagem e consiste na enumeração das qualida-
des próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a espécie a que
pertence, demonstra: a característica que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição é um dos mais importantes, sobretudo no
âmbito das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às palavras seu sen-
tido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado.
Segundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o gênero ou espécie;
- a diferença específica.
Elemento especiediferença
a ser definidoespecífica
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por exemplo: Análise é quando a gente de-
compõe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de tem-
po, não representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadêmica.
Tão importante é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar
os “requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisi-
tos:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel”
(classe em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta ou instala-
ção”;
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os exemplos específicos da coisa definida, e
suficientemente restrito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, definição, quando se diz que o “triângulo não
é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo
ser vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito
longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expandida;d
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- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
(o gênero) + adjuntos (as diferenças).
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma ope-
ração metalinguística que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a palavra e seus
significados.
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sempre é fundamental procurar um porquê,
uma razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada com argu-
mentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompa-
nhado de uma fundamentação coerente e adequada.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica, que foram abordados anteriormente,
auxiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reconhecer-se
facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a reconhecer os
elementos que constituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais
elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está expresso corretamente;
se há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os
processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se
que o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São
expressões comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior relevância
que. Empregam-se também dados estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os dados;
conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de causas e con-
sequências, usando-se comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou esclarecer os pontos de vista apre-
sentados. Pode-se alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na expli-
citação por definição, empregamse expressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade,
isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, segundo, na opi-
nião de, no parecer de, consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A explicitação se faz
também pela interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de
vista.
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de elementos que comprovam uma opinião,
tais como a enumeração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são frequentes
as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente,
antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, respectivamente. Na
enumeração de fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, aco-
lá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades,
no sul, no leste...
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabelecer a comparação, com a finali-
dade de comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma, tal
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como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões:
mais que, menos que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o poder de persuasão de um texto disser-
tativo encontram-se:
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade reconhecida em certa área do conheci-
mento dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credibilidade da
autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um texto constituem argumentos de
autoridade. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha de raciocínio
que ele considera mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumen-
to tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam explicação ou comprovação, pois seu conteú-
do é aceito como válido por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse caso,
incluem-se
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, mortal, aspira à imortalidade);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem
razões que a própria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se discute);
diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo).
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de um fato ou afirmação pode ser comprovada
por meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se realiza por meio de argumentos racionais,
baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo
clássico é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses para eliminá-las, apresentando-se, então,
aquela que se julga verdadeira;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em desautorizar dados reais, demonstrando que o
enunciador baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Por exemplo,
se na argumentação afirmou-se, por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em uma relação de cau-
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sa-feito difícil de ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvi-
mento é que gera o controle demográfico”.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para desenvolver um tema, que podem ser
analisadas e adaptadas ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em seguida, suge-
rem-se os procedimentos que devem ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e construir uma contra-argumentação; pensar
a forma de refutação que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la (rever tipos de
argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente liga-
das ao tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto; essas
ideias transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento bási-
co;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias se-
lecionadas, obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a
seguinte:
Introdução
Desenvolvimento
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e diferen-
ças;
Conclusão
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- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece entre dois textos, quando um texto já criado
exerce influência na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade como sendo a
criação de um texto a partir de outro texto já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente
a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor
como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura,
literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de um texto com clareza. Ela diz respeito à
maneira como as ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compreensão tex-
tual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de
modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
Coerência
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa
adequada relação semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na linguagem popu-
lar: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se estabelece entre as partes do texto. Uma
ideia ajuda a compreender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das partes ga-
nha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos conceitos e às relações semânticas
que permitem a união dos elementos textuais.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante de uma língua, quando não encontra senti-
do lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, tomada em
sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de imediato a coerência de um discurso.
A coerência:
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com o aspecto global do texto;
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, numa linha de sequência e com os quais
se estabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, fala-se em
coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre palavras, expressões ou frases do texto. Ela
manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os componentes do
texto.
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Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, que é obtida pelas relações de sinôni-
mos, hiperônimos, nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir do em-
prego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjun-
ções e numerais.
A coesão:
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes sentidos ao leitor em relação à uma obra.
Existem três pontos de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que compreende a pers-
pectiva através da qual se conta a história. Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa.
Apesar de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, considera-se dois pontos
de vista como fundamentais: O narrador-observador e o narrador-personagem.
Primeira pessoa
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto de vista, ou seja, o escritor usa a primeira
pessoa. Nesse caso, lemos o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo também
saber quais são seus pensamentos, o que causa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acon-
tece nas nossas vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e só descobrimos ao
decorrer da história.
Segunda pessoa
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz
com que o leitor se sinta quase como outro personagem que participa da história.
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas observasse a ação acontecer. Os diálogos não
são como na narrativa em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como alguém que
estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmitida ao leitor por um ou vários persona-
gens. Se a história é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para outro
deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a leitura não fique confuso.
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Redação Oficial (conforme o Manual de Redação Oficial da Presidência da República):
uso da norma culta da linguagem, clareza e precisão, objetividade, concisão, coesão e
coerência, impessoalidade, formalidade e padronização
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos nor-
mativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A redação oficial
deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formali-
dade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo
37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamen-
tais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e co-
municações oficiais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos,
bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le-
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há
normas para sua elaboração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo,
a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha,
ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida
no período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e
uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única
interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois
há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio
Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou
instituições tratados de forma homogênea (o público).
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A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são
necessários:
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Se-
cretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo
às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos
cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Percebe-se, assim, que
o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decor-
re:
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um ex-
pediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a
comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas
em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a
um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um desti-
natário concebido de forma homogênea e impessoal;
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações oficiais se
restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom parti-
cular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que,
por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um
texto literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. A conci-
são, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de
um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos ofi-
ciais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cida-
dãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for
empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
é a de informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem dos órgãos públicos federais
devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que
evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem
sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada
e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes,
e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos,
a entoação, etc. Para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-
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-se apenas de si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis,
de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de
determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em
um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois
casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a em-
pregamos. O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de infor-
mar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso
de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega
um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade
do uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais,
morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permi-
tindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que não seja confun-
dida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de lingua-
gem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso
do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determi-
nadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não
implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada. A lingua-
gem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são
de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de
explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes dirigi-
dos aos cidadãos. Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e estrangeirismo,
são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
Formalidade e Padronização
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além
das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo,
ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto empre-
go deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3.
Emprego dos Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilida-
de no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. A formalidade de tratamento vin-
cula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una,
é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão,
uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas as características da redação oficial e que
se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o
texto definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca-
pítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de normas específicas para cada tipo de expediente.
Concisão e Clareza
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que con-
segue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa
qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o
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necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem
eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias. O esforço de sermos concisos atende,
basicamente ao princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de pala-
vras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento,
isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma complexidade:
ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas detalhá-
-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma
ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A clareza
deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já sublinhado na introdução deste capítulo.
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a
clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da reda-
ção oficial. Para ela concorrem:
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avesso a
vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam.
É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indis-
pensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros
gramaticais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção. Na revisão de
um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos
parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em
decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conheci-
mento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos,
o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados. A
revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações
quase sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja se-
guida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois,
o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo
I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada tipo de expe-
diente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros
aspectos comuns a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de
tratamento, a forma dos fechos e a identificação do signatário.
Pronomes de Tratamento
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua portuguesa. De
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acordo com Said Ali, após serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como trata-
mento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expedien-
te linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierar-
quia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim
aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim
usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de tra-
tamento indireto já estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê
evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso.
É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigir-
mo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à
concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa
com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É
que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Se-
nhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes
possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria
nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que
compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atare-
fado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa
Senhoria deve estar satisfeita”.
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagra-
do:
a) do Poder Executivo;
Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Embaixadores;
Prefeitos Municipais.
b) do Poder Legislativo:
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Deputados Federais e Senadores;
c) do Poder Judiciário:
Membros de Tribunais;
Juízes;
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor,
seguido do cargo respectivo:
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelên-
cia, terá a seguinte forma:
Fulano de Tal
70.064-900 – Brasília. DF
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF
Fulano de Tal
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01.010-000 – São Paulo. SP
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas
na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desneces-
sária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
(...)
Ao Senhor
Fulano de Tal
70.123 – Curitiba. PR
Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as au-
toridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do prono-
me de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a
pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tra-
tamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma Vossa
Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.
Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor,
(...)
Santíssimo Padre,
(...)
(...)
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Re-
verendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
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O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o
destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria nº1 do
Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-
-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de
comunicação oficial:
Respeitosamente,
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito
e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exte-
riores.
dentificação do Signatário
NOME
NOME
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira
para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
O Padrão Ofício
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso
e o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que
chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as
suas semelhanças.
Exemplos:
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita:
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Exemplo:
13
Exemplos:
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser
incluído também o endereço.
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter
a seguinte estrutura:
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva
a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar
que”, empregue a forma direta;
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assun-
to, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em
itens ou títulos e subtítulos.
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa
do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é
encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou
signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte
fórmula:
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3
de abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de
Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de feve-
reiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moderni-
zação de técnicas agrícolas na região Nordeste. ”
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Forma de diagramação
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e
10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wing-
dings;
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste
caso, as margens esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espe-
lho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O constante neste item aplica-se também à
exposição de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o
editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra,
relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documen-
to;
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usa-
da apenas para gráficos e ilustrações;
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou
seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para
consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade
ano 2002”
Aviso e Ofício
— Definição e Finalidade
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas. A única diferença entre
eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hie-
rarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade
o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
também com particulares.
— Forma e Estrutura
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que
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invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
Exemplos:
Senhora Ministra
– Endereço postal;
Memorando
— Definição e Finalidade
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença de que o seu desti-
natário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.
Exemplos:
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser
assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
— Forma e Estrutura
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O
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anexo que acompanha a exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato
normativo, segue o modelo descrito adiante. A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apre-
senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e
outra para a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do
Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucio-
nar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para
solucionar o problema.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de
acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
Mencionar:
4. Custos
Mencionar:
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamentária anual; se não, quais as alternati-
vas para custeá-la;
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente se o ato proposto for medido provisória
ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência)
Mencionar:
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- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham sido previstos;
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa vir a tê-lo)
7. Alterações propostas
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida proposta à luz das questões levantadas no item
10.4.3.
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos
Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se
reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que propo-
nham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a ado-
ção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na ela-
boração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.).
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na elaboração de atos normativos no
âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam
um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a
reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e
suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto
da exposição de motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da providência proposta:
por que deve ser adotada e como resolverá o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de
pessoal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reinte-
gração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é
necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
Ressalte-se que:
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou
menor extensão dos comentários a serem ali incluídos.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da redação
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de lingua-
gem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao
Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao
Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo
ou em parte.
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Mensagem
— Definição e Finalidade
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as men-
sagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Ad-
ministração Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim,
fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República, a cujas as-
sessorias caberá a redação final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional
têm as seguintes finalidades:
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República encaminha men-
sagem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Fede-
ral, juntando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Presidên-
cia da República.
c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determina-
dos cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco
Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Consti-
tuição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa
para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensa-
gem.
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por mais de 15 dias. Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização
é da competência privativa do Congresso Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente, por
cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Con-
gresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. O Presidente da República tem o prazo
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista
permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de
contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e solicitação de providências
que julgar necessárias (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Presidência da República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é distribuída a
todos os Congressistas em forma de livro.
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro
Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se
restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá apos-
to o despacho de sanção.
i) comunicação de veto.
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o), a mensagem informa sobre a
decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai
publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das demais men-
sagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
j) outras mensagens.
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
VI);
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– Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, V); e outros.
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84,
XIX);
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, XX);
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, §
4o);
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, pa-
rágrafo único);
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrên-
cia de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Consti-
tuição, art. 188, § 1o); etc.
— Forma e Estrutura
As mensagens contêm:
Mensagem no
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final
com a margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de
seu signatário.
Telegrama
— Definição e Finalidade
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— Forma e Estrutura
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis nas agências
dos Correios e em seu sítio na Internet.
Fax
— Definição e Finalidade
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação que está sendo menos
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e
para o envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, quando não há condições
de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela
via e na forma de praxe. Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não
com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapidamente.
— Forma e Estrutura
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes. É conveniente
o envio, juntamente com o documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário com os
dados de identificação da mensagem a ser enviada, conforme exemplo a seguir:
Correio Eletrônico
— Definição e finalidade
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de co-
municação para transmissão de documentos.
— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma co-
municação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário
de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto
do destinatário quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe-
rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações
mínimas sobre seu conteúdo. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura.
Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
—Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, i.
é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste
a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
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Exercicios
1. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série em que o hífen está corretamente
empregado nas cinco palavras:
2. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) Indique o item em que todas as
palavras estão corretamente empregadas e grafadas.
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o poder de infringir punições legais a cidadãos
aparece livre de qualquer excesso e violência.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exatamente nem juízes, nem professores, nem
contramestres, nem suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo isso, num modo de
intervenção específico.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o poder técnico de disciplinar, ilide o que pos-
sa haver de violento em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revolta que ambos possam
suscitar.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo poder do soberano iminente que vingava sua
autoridade sobre o corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um campo de práticas ilegais, sob o qual se
chega a exercer controle e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua organização em delin-
qüência.
“exame”.
(A) exceto.
(B) enxame.
(C) óxido.
(D) exequível.
4. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – 2010) No verso “Para desentristecer,
leãozinho”, Caetano Veloso cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação utilizado
para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a palavra primitiva foi formada respectivamente
é:
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassintética (en + trist + ecer);
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(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria (en + triste + cer);
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassintética (en + trist + ecer);
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefixal (des + entristecer);
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintética (des + entristecer).
5. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é
um exemplo de palavra formada por derivação:
(A) parassintética;
(B) prefixal;
(C) sufixal;
(D) imprópria;
(E) regressiva.
6. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do artigo “A tal da demanda social”, a clas-
se de palavra de “tal” é:
(A) pronome;
(B) adjetivo;
(C) advérbio;
(D) substantivo;
(E) preposição.
7. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação morfológica do pronome “alguém” (l.
44).
9. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No trecho abaixo, as orações introduzidas
pelos termos grifados são classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
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“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, mas nunca à custa de nossos filhos...”
10. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No período “O essencial é o seguinte: //nunca
antes neste país houve um governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a história.”, a
oração sublinhada é classificada como:
(A) Romantismo.
(B) Simbolismo.
(C) Realismo.
(D) Modernismo.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, tudo bem.”
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Leia o texto abaixo para responder a questão.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um dos principais gargalos da conjuntura
política e econômica brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de um desas-
tre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou
um plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tampouco a mineradora
Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta
foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de que ela será usada no local.
“O leito do rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, Minas
Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba relógio na região.”
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos de rompimento nas barragens de
Germano e de Santarém. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 barra-
gens de mineração em todo o País apresentam condições de insegurança. “O governo perdeu sua capa-
cidade de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que
prevê licença única em um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco regulató-
rio da mineração, por sua vez, também concede prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um au-
mento dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz Maurício Guetta,
advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis
podem ocorrer.
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já que se trata de uma reportagem.
15. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ainda suja o Brasil”:
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas no desenvolvimento do assunto.
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta problemas no uso de conjunções e preposi-
ções.
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III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes de palavras e da ordem sintática.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão temática e bom uso dos recursos coesi-
vos.
UM APÓLOGO
Machado de Assis.
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa nes-
te mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que
sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o
meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito
eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos baba-
dos…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obede-
cendo ao que eu faço e mando…
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o
caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em
casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira,
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra
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iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira,
ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só
se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e
ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe
dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia
seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o bai-
le.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha
espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama,
e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para
mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da
elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da
costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, mur-
murou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar
da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu
tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
16. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis e com a ilustração abaixo, e levando em
consideração as personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique a opção em
que a fala não é compatível com a associação entre os elementos dos textos:
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa
neste mundo?” (L.02)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa
o meu ar?” (L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obe-
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decendo ao que eu faço e mando...” (L.14-15)
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira
só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.”
(L.25-26)
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto
aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
fico.” (L.40-41)
Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Conforme as regras do Acordo Ortográfico que
entrou em vigor em 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras grafadas conforme o
Acordo.
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. Portanto, são necessários conhecimen-
tos linguísticos que fundamentem esses usos.
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relacionamento difícil com a mãe e teria discutido
com ela momentos antes de desferir os golpes.
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso da vírgula em cada frase.
117
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( ) Para destacar deslocamento de termos.
(A) 1 – 2 – 3.
(B) 2 – 1 – 3.
(C) 3 – 1 – 2.
(D) 3 – 2 – 1.
Gabarito
1 D
2 B
3 D
4 A
5 D
6 A
7 E
8 B
9 D
10 B
11 E
12 C
13 E
14 C
15 D
16 E
17 E
18 C
118
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