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Material Complementar

Professor: Bruno César dos Santos

Fonte: https://tinyurl.com/y2kk2noe

Prezada aluna e caro estudante!

Meu nome é Bruno César dos Santos e sou professor de Língua Portuguesa há pouco
mais de vinte anos, em diferentes níveis de ensino e cenários educacionais. Aproveito
esse pequeno espaço para fazer um desabafo e um convite para reflexão: quase todos
os dias há alguém dando desculpas esfarrapadas ou tecendo reclamações e
disseminando impropérios a respeito das complexidades da nossa língua pátria. Se eu
tivesse um caderninho e anotasse todos esses “queixumes”, eu estaria com tendinite (de
tanto escrever) e um prejuízo danado! Seriam canetas e folhas completamente
preenchidas...

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Se você não entendeu, sendo “poucas e boas”: como é difícil falar corretamente o
português! Essa é a maior queixa que ouço de muitas pessoas, em diferentes contextos.
As justificativas são as mais variadas e mais amplas possíveis. Vai desde “a escola não
ensina direito”, passando pela “complexidade do idioma”, chegando na “falta de leitura”
e “preguiça”

Por outro lado, é possível encontrar uma enxurrada de livros e manuais gramaticais, sites
e portais, cursos presenciais e online, aplicativos e tutoriais, e outros tipos de conteúdos
que tentam atender essa demanda. Neste sentido, o presente material complementar
não tem o intuito de reinventar a roda: sua proposta reside em retomar alguns pontos
elementares para que você possa ler e escrever sem medos, em diferentes cenários de
comunicação, seja um bilhete informativo, como uma resenha ou partes do capítulo
teórico de um artigo científico.

Assim, apresentamos quatro pontos para auxiliar sua reflexão: o primeiro seria
“GRAMATIQUÊS E RISQUINHOS: elementos que fazem parte da escrita e
funcionamento da Língua Portuguesa”. Nele, buscamos retomar alguns aspectos
gramaticais, como crase, pontuação, acentuação, concordâncias nominal e verbal, entre
outros.

Em seguida, em “FORMATOS E FORMAS: alguns dos tipos de textos mais utilizados no


cotidiano”, você vai perceber que existe um termo chamado “tipologia textual”. Ele vai
mostrar como um texto se apresenta, considerando sua estrutura funcional e linguística,
o contexto de uso e circulação, os tipos de palavras e elementos de sentido. Traduzindo,
você vai observar os mais estudados e exigidos nas diferentes provas de vestibular e
concursos no Brasil, em especial narração, dissertação e descrição.

Na terceira etapa, cujo título seria “OS TEXTOS ACADÊMICOS E SEUS


PROCEDIMENTOS DE ESCRITA: sugestões para sobrevivência na pilha de livros e
leituras diárias”, queremos discutir as dificuldades que muitas pessoas enfrentam ao
adentrar no cotidiano do estudo formal (Educação Básica e Superior). São documentos

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escritos como resumos, resenha, relatórios, projetos de pesquisa, pareceres, trabalhos
de conclusão, etc. E essa batelada de textos assustam – com razão – a muitas pessoas.

Por fim, em “OS ERROS MAIS COMUNS: dicas rápidas e para consulta diária”,
retomamos um material adaptado e produzido pela equipe de produção de conteúdo da
Rock Content, destinado para todos aqueles que desejam ser redatores ou produzir
material digital (vídeos diversos, roteiros documentais e ficcionais, posts em mídias
sociais, stories, etc.).

São 102 (isso mesmo: cento e dois!) erros comuns que foram listados e que merecem a
nossa atenção. Alguns deles já foram apresentados ou comentados ao longo das
atividades aqui apresentadas, pois é melhor “sobrar do que faltar”.
Não podemos esquecer que foram colocados alguns exercícios para autoestudo, no
intuito de verificação do conteúdo apresentado. Vamos começar nossos estudos?

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Fonte: https://tinyurl.com/y2juqrs5

I) GRAMATIQUÊS E RISQUINHOS: elementos que fazem parte da escrita e


funcionamento da Língua Portuguesa

Nesta primeira parte, que tal retomar alguns aspectos muito comuns – mas que às vezes
deixamos de lado – nas variadas situações de comunicação diárias, como: uso da crase,
pontuação, acentuação, concordâncias nominal e verbal, entre outros.

Os motivos dos nossos deslizes são os mais variados: falta de tempo (ou excesso de
pressa) para reler o que foi escrito; o (bendito ou maldito?) corretor de texto, com seus

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truques e deslizes; o pouco (ou nenhum) contato com textos mais densos, bem
elaborados e sem equívocos argumentativos...

De qualquer forma, uma coisa é certa: a rápida apresentação (ou revisão) que será aqui
apresentada serve para você tomar consciência de alguns elementos importantes no
processo de escrita e leitura diária. Utilize os exercícios para praticar tais estruturas de
comunicação.

1. Sinais de pontuação:

Para começar a apresentar os sinais de pontuação, apresento um rápido texto, que


merece ser lido com atenção:

Jonas Camargo era um homem muito rico. Espichou a vida o que pôde. Consultava
geriatras, praticava esportes, comia com moderação, bebia bons vinhos, namorava
sempre. Aos cento e poucos anos, caiu e fraturou o fêmur. Na casa de saúde, pegou
infecção hospitalar. Quando viu que tinha chegado a hora de prestar contas a Deus,
resolveu acertar as dívidas com os homens. Papel e caneta na mão, escreveu um bilhete-
testamento. Fez a primeira redação. Mas, cuidadoso, deixou a pontuação para depois.
Sabia que pontos e vírgulas podiam dar interpretações diferentes à mensagem. Eis o
texto:

Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho


jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres.

Mal terminou de escrever, Jonas Camargo resolveu descansar. Deitou-se. Deu um


suspiro e partiu desta pra melhor. Resultado: não teve tempo de pontuar a frase. Para
quem deixava ele a fortuna? Os quatro concorrentes arregaçaram as mangas. Cada um
puxou a brasa pra sua sardinha. O sobrinho fez a seguinte pontuação:

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Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu
sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada
aos pobres.

A irmã chegou em seguida. Sem pensar duas vezes, pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho.


Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos
pobres.

O alfaiate pediu cópia do original. E, claro, fez o vento soprar a favor dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu


Aí,
sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate.
Nada aos pobres.
chegaram os descamisados. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu


sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate?
Nada! Aos pobres.

A história vazou. Chegou à Universidade Correios. De lá, ganhou o mundo. O comentário


é sempre o mesmo: ‘‘E ainda há gente que acha que uma vírgula não faz a menor
diferença’’.

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Fonte: https://tinyurl.com/yxm5zru3

Afinal, para que usamos sinais de pontuação?


Os sinais de pontuação são usados para estruturar as frases escritas de forma lógica, a
fim de que elas tenham significado. A pontuação é tão importante na linguagem escrita
quanto a entonação, os gestos, as pausas e até o tom de voz, são na linguagem oral.
Bem empregados, os sinais de pontuação são um grande recurso expressivo:

Oh! que doce era aquele sonhar...


Quem me veio, ai de mim! despertar?
(Almeida Garret)

Mal colocados, no entanto, eles podem provocar confusão ou até mudar o sentido das
frases. Veja,

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Raquel não me respondeu. Quando a procurei, já era tarde.
Raquel não me respondeu quando a procurei. Já era tarde.

Sendo assim, seguem algumas das pontuações (e seus usos) reconhecidos na Língua
Portuguesa: Ponto, Vírgula, Ponto-e-vírgula, Dois-pontos, Interrogação, Exclamação,
Reticências, Aspas, Travessão, Parênteses. Cada uma delas podem ser usadas
separadamente ou de forma combinada, de acordo com contexto ou cenário
comunicativo.

a) Vírgula é obrigatória para assinalar:

 O vocativo onde quer que ele se encontre na frase:


Exemplo: Joana, vem cá!

 O aposto:
Exemplo: O Rui, irmão de um amigo meu, está na universidade.

 Expressões de caráter explicativo, como ou seja, isto é...:


Exemplo: A escola Domingos Rebelo, isto é, a minha escola, situa-se na Av.
Antero de Quental.

 Complementos circunstanciais de lugar e tempo no início ou meio de uma frase:


Exemplo: Durante a noite, levantou-se uma grande tempestade.

 O local numa data:


Exemplo: Ponta Delgada, 3 de Janeiro de 2005.

 Enumerações simples de caráter morfológico:


Exemplo: Eu fui ao mercado e comprei maçãs, batatas, bananas, cenouras,
alfaces e couves.
Sempre que numa frase haja uma enumeração de orações:
Exemplo: Eles jogavam, elas brincavam, os outros cantavam.

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 Orações coordenadas que apresentem sujeitos diferentes:
Exemplo: Eu vou passear, e tu vais estudar.

 Assinalar orações justapostas:


Exemplo: No recreio, os rapazes jogavam à bola, as raparigas conversavam, os
contínuos faziam a limpeza do recinto.

 Quer as conjunções/locuções adversativas, quer as conclusivas sempre que se


apresentem no meio de uma oração vêm isoladas por vírgulas:
Exemplo: O Gustavo chegou tarde. Os amigos, no entanto, continuavam à sua
espera.

 Assinalar orações subordinadas que se encontrem no princípio de uma frase, ou


seja, antes da principal ou subordinante:
Exemplo: Se não tivesse pais, vivia num orfanato.

 A presença das orações coordenadas adversativas, ou seja, qualquer oração coordenada


adversativa é antecedida por uma vírgula ou outro sinal de pontuação forte:
Exemplo: Está muito sol, no entanto está frio.

 A vírgula nas intercalações


Essa tua voz esganiçada, por exemplo, é insuportável.
E esse teu nariz, se tu queres saber, está além das medidas...
Ele se julgava um herói, quero dizer, uma espécie de super-homem.
O rapaz ficou cansado, ou melhor, dormiu sobre os livros...
Expedito, funcionário preguiçoso, corre o risco de ser demitido. Trabalhou duro,
prosperou; o vizinho, porém, preguiçoso, imprevidente, fracassou...

b) Ponto-e-Vírgula:

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 Em casos e enumeração de itens, ou em caso de uma explicação que contém
itens, geralmente presentes em livros didáticos, receitas, textos jurídicos, manuais
de instrução, etc. Exemplos:
“Deveremos tratar, nesta reunião, dos seguintes assuntos:
a) cursos a serem oferecidos, no próximo ano, a nossos empregados;
b) objetivos a serem atingidos;
c) metodologia de ensino e recursos audiovisuais;
d) verba necessária”

 Quando acontece a omissão de um verbo, marcada pela vírgula, se houver uma


pausa antes do sujeito será marcada pelo ponto e vírgula. Exemplos:
“Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o ouvinte.”
“Nas sociedades anônimas ou limitadas existem problemas: nestas, porque a
incidência de impostos é maior; naquelas, porque as responsabilidades são
gerais.”

 No uso excessivo da vírgula em um período longo. Neste caso utiliza-se o ponto


e vírgula para separar as orações, e a vírgula para demais pausas do meio das
orações. Exemplo:
“Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse
por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida;
sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga)
“A introdução dos computadores pode acarretar duas consequências: uma, de
natureza econômica, é a redução de custos; a outra, de implicações sociais, é a
demissão de funcionários.”

 Para marcar pausas entre orações, quando se intercala alguma conjunção entre
as mesmas. Exemplo:
Eles sabiam de tudo o que se passava no colégio interno; mas, como já era de se
esperar, nunca fizeram nada. Esse não é um caso obrigatório. Quero sair mais
com você; pois um casal precisa ter boas amizades. Amanhã é dia de prova;

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porém não comecei a estudar ainda. Ele chegou adiantado, como de costume;
por isso, presenciou a cena desde o começo.

 Quando não há necessidade gramatical do uso do ponto e vírgula, ele pode ter a
função textual de acentuar o sentido adversativo da conjunção ou de separar
orações coordenadas acentuando sentido antitético entre as duas. Exemplo:
O general não temia o que lhe podia acontecer; os soldados, sempre. Muitos se
esforçam; poucos conseguem. Uns trabalham; outros descansam. Se dirigir, não
beba; se beber, não dirija.

c) Travessão:
 No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de
interlocutor nos diálogos. Exemplos:
– O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.

“- Agora, o melhor - falou Fred, entusiasmado - vem por aí.


- O quê? - perguntou a garota.
- A correnteza nos está levando para a ilha.”
(Ernest Hemingway)

 Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Exemplo:


"E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado
de Assis)

 Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para
realçar o aposto. Exemplo:
"Junto do leito meus poetas dormem – O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)

 Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.


Exemplo:

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"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a
superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das
religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e
como o êxtase." (Raul Pompeia).

d) Dois pontos:
 Anteceder uma citação ou fala de alguém. Exemplo:
Muito formal, a diretora da firma insistiu:- V. Sa. está praticamente falido, sem
garantias, não pode solicitar empréstimo...

 Introduzir um esclarecimento ou explicação a respeito de algo já mencionado


anteriormente. Exemplo:
Finalmente o esperado pelas crianças: Papai Noel chegou.

 Iniciar uma enumeração. Exemplo:


Trouxe tudo: bonecas, carrinhos, bolas.
Calor insuportável: tudo seco, parado e morto.

e) Exclamação e Interrogação: O ponto de exclamação é usado no final de frases


exclamativas, com a finalidade de indicar estados emocionais, tais como: espanto,
surpresa, alegria, dor, súplica etc. O ponto de interrogação é usado no final de frases
interrogativas diretas, com a finalidade de indicar uma pergunta com intenção afirmativa.

No entanto, os escritores, para dar uma impressão de que o interlocutor, além de


questionar a informação dada, está muito surpreso, usam o ponto de interrogação
seguido de uma exclamação. E também quando querem dar uma gradação à surpresa,
colocam até duas exclamações.

f) Reticências: As reticências, representada pela sequência de três pontos (...), é um


sinal gráfico utilizado na produção de textos e tem como função indicar uma continuação,
trechos de citações ou quando um discurso ainda não está concluso, por exemplo: No
congresso, ela falava, falava, falava...

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g) Exercícios:
Use a vírgula onde necessário:

1. Trouxeram-nos laranjas caquis abacaxis mexericas muitas frutas.


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2. Gostava de estar com os filhos com a mulher com os amigos.
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3. Adeus meu amor! Adeus meu amor! Para sempre!
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4. Ao que tudo indica caro colega vamos ter barulho.
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5. Machado de Assis um dos maiores nomes da nossa literatura foi tipógrafo.
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6. No Rio de Janeiro ex-Capital da República reside a intelectualidade brasileira isto é a
maior parte da intelectualidade brasileira.
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7. Não era pessoa de beber duas três quatro doses de uísque.
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8. Efetivamente é o Rio de Janeiro grande reduto de intelectuais.
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9. Observe por exemplo na música na literatura nas artes plásticas.
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10. O Rio de Janeiro é efetivamente grande reduto de intelectuais.
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11. O cavalo sertanejo é esguio sóbrio pequeno rabo compridíssimo crinas grandes.
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12. Arroz feijão grãos em geral verduras legumes pães doces ovos caipiras e laticínios
existem à vontade nos entrepostos espalhados pela cidade.
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13. Certa manhã um ratinho saiu do buraco pela primeira vez. Admirou a luz do sol o
verdor das árvores a correnteza dos ribeirões a habitação dos homens.

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14. Fomos assaltados por um mascarado aliás por dois.
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15. Filipe saiu dizendo por aí que já foi a Júpiter; não a Plutão!
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16. Filipe aonde é que você foi? A Plutão! Você está maluco Filipe?
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17. À noite quase todos os dias íamos tomar água-de-coco na avenida à beira-mar.
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18. De repente senti que tudo aquilo era ilusão.
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19. Na praia ao nosso lado duas garotas conversavam sobre novela sobre moda e
sobretudo sobre rapazes.
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20. Depois daquela conversa as lágrimas foram então deslizando pelo seu lindo rosto
uma a uma.
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Pontue convenientemente este período:


Se destruíssemos todas as árvores desapareceriam as aves que deleitam a vista e o
ouvido do homem e destroem os insetos que nos fazem mal secar-se-iam as fontes e os
rios que matam a sede aos animais e produzem as chuvas estas que fecundam a terra
refrescam a atmosfera e fazem a planta brotar cessariam por sua vez.
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2. Crase:

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Fonte: https://tinyurl.com/yxmqr3n4

Dá-se o nome de crase (à) à contração entre a preposição "a" e o artigo definido feminino
singular "a". Os artigos apresentam a propriedade de se contraírem a determinadas
preposições (ex.: de + o = do; em + uma = numa).

Na contração entre a preposição "a" e o artigo definido "a" a representação da forma "aa"
é substituída pelo emprego do acento grave sobre um único "a". A esse fenômeno
chamamos craseamento.

Como regra prática, substitua a palavra antes da qual aparece o a ou as por um


vocábulo masculino. Se o a ou as se transformarem em ao ou aos, existe crase; do
contrário, não. São condições básicas para a existência da crase:

a) A Crase é a Fusão da Preposição a com o Artigo Definido Feminino “a” ou “as”:

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 João voltou à (a preposição + a artigo feminino) cidade natal.
 O menino deu o recado à (a preposição + a artigo feminino) mãe.
 Os documentos foram levados às (a preposição + as artigo feminino plural)
autoridades.

b) Não existe crase antes de palavra masculina:


 Vou a pé.
 Andou a cavalo.
 Entrou a bordo.
 Estava vestido a caráter.
 Era um traje a rigor.
 Pagamento a prazo.
 Há uma única exceção, explicada mais diante.

c) Ou seja, a partir dos exemplos apresentados:


 João voltou à cidade natal.
 João voltou ao país natal.
 O menino deu o recado à mãe
 O menino deu o recado ao pai.
 Os documentos foram levados às autoridades.
 Os documentos foram levados aos juízes.
 Atentas às mudanças, as moças...
 Atentas aos processos, as moças...
 Estavam junto à parede.
 Estavam junto ao muro.

d) Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão
voltar da, é porque ocorre a crase:
 Fui à Holanda (Fui para a Holanda);
 Iremos a Curitiba (Voltaremos de Curitiba)
 Iremos à Bahia (Voltaremos da Bahia)

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e) Não ocorre a crase:
 Antes de verbo:
Voltamos a contemplar a lua.

 Antes de palavras masculinas:


Gosto muito de andar a pé.
Passeamos a cavalo.

 Antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona:


Dirigiu-se a V.Sa. com aspereza
Dirigiu-se à Sra. com aspereza.

 Antes de pronomes em geral:


Não vou a qualquer parte.
Fiz alusão a esta aluna.

 Em expressões formadas por palavras repetidas:


Estamos frente a frente
Estamos cara a cara.

 Quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:


Não falo a pessoas estranhas.
Restrição ao crédito causa o temor a empresários.

f) Crase Facultativa:
 Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me à (a) Juliana.

 Antes de pronome possessivo feminino:


Dirija-se à (a) sua fazenda.

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 Depois da preposição até:
Dirija-se até à (a) porta.

g) Casos Particulares:
 Casa: Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem
determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase. Exemplos:
Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais

 Terra: Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não ocorre
crase. Exemplos:
Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.

h) Ocorre Também a Crase:


 Na indicação do número de horas:
Chegamos às nove horas.

 Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha oculta:


Usam sapatos à (moda de) Luís XV.
 Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento:
Chegou à tarde (tempo).
Falou à vontade (modo).

 Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de...

 Há - indica tempo passado:


Moramos aqui há seis anos

 A - indica tempo futuro e distância:


Daqui a dois meses, irei à fazenda.
Moro a três quarteirões da escola.

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i) Exercícios:
1. "O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor".
a. à - a - aquilo b. a - a - àquilo c. a - à - àquilo
d. à - à - aquilo e. à - à - àquilo

2. "A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __- duas quadras da Avenida
Central".
a. à - há b. a - à c. a - há
d. à - a e. à - à

3. "O grupo obedece ___ comando de um pernambucano, radicado ___ tempos em


São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora do almoço".
a. o - à - a b. ao - há - à c. ao - a - a
d. o - há - a e. o - a - a

4. "Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já expostos ___ V. Sª


___ alguns dias".
a. à - àqueles - a - há b. a - àqueles - a - há
c. a - aqueles - à - a d. à - àqueles - a - a
e. a - aqueles - à – há

5. Assinale a frase gramaticalmente correta:


a. O Papa caminhava à passo firme.
b. Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
c. Chegou à noite, precisamente as dez horas.
d. Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
e. Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.

6. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões contrárias _____


modificações relativas _____ aquisição da casa própria.
a. às - àquelas _ à b. as - aquelas - a c. às àquelas - a

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d. às - aquelas - à e. as - àquelas - à

7. A alusão _____ lembranças da casa materna trazia _____ tona uma vivência
_____ qual já havia renunciado.
a. às - a - a b. as - à - há c. as - a - à
d. às - à - à e. às - a - há

8. Use a chave ao sair ou entrar __________ 20 horas.


a. após às b. após as
c. após das d. após a
e. após à

9. _____ dias não se consegue chegar _____ nenhuma das localidades _____ que
os socorros se destinam.
a. Há - à - a b. A - a - a
c. À - à - a d. Há - a - a
e. À - a – a

10. Fique _____ vontade; estou _____ seu inteiro dispor para ouvir o que tem
_____ dizer.
a. a - à - a b. à - a - a
c. à - à - a d. à - à - à
e. a - a - a

11. No tocante _____ empresa _____ que nos propusemos _____ dois meses,
nada foi possível fazer.
a. àquela - à - à b. aquela - a - a
c. àquela - à - há d. aquela - à - à
e. àquela - a - há

12. Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é importante devido


_____ merenda escolar que é distribuída gratuitamente _____ todas as crianças.

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a. à - à - à b. a - à - a
c. a - à - à d. à - à - a
e. à - a - a

13. A tese _____ aderimos não é aquela _____ defendêramos no debate sobre os
resultados da pesquisa.
a. a qual - que b. a que - que
c. à que - a que d. a que - a que
e. a qual a que

14. Em relação _____ mímica, deve-se dizer que ela exerce função paralela
_____ da linguagem.
a. a - a b. à - à
c. a - à d. à - aquela e. a – àquela

15. Foi _____ mais de um século que, numa reunião de escritores, se propôs a
maldição do cientista que reduzira o arco-íris _____ simples matéria: era uma
ameaça _____ poesia.
a. a - a - à b. há - à – a c. há - à - à
d. a - a - a e. há - a - à

16. A estrela fica _____ uma distância enorme, _____ milhares de anos-luz, e não é
visível _____ olho nu.
a. a - à - à b. a - a - a c. à - a - a
d. à - à - a e. à - a - à

17. Estava __________ na vida, vivia _____ expensas dos amigos.


a. atoa - as b. a toa - à c. a tôa - às
d. à toa - às e. à toa - as

18. Estavam _____ apenas quatro dias do início das aulas, mas ele não estava
disposto _____ retomar os estudos.

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a. há - à b. a - a c. à - a
d. há - a e. a - à

19. Disse _____ ela que não insistisse em amar _____ quem não _____ queria.
a. a - a - a b. a - a - à c. à - a - a
d. à - à - à e. a - à - à

20. Quanto _____ suas exigências, recuso-me _____ levá-las _____ sério.
a. às - à - a b. a - a - a c. as - à - à
d. à - a - à e. as - a - a

21. Use o acento indicativo de crase, quando necessário.


Nesta lavanderia não há máquinas de lavar: só se lava a mão.
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Tenho um carro a álcool e um a gasolina.
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Passearemos a pé, e não a cavalo.
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Foi um baile a caráter, a fantasia mesmo.
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Comi um bife a milanesa, e não um a cavalo.
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Os cavaleiros partiram a trote a caminho da fazenda.
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O rapaz usava bigode a Hítler e chapéu a Napoleão.
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Comprei ali, frente a frente, cara a cara com o inimigo.
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Fecharam a sala a chave e a cadeado.
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Virgílio vive a custa da mulher; seu filho vive a sombra e a água fresca.
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A secretária sabe que deve bater isto a máquina, e não fazer a mão.
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Um homem foi ferido a bala, e um outro, morto a tiros.
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3. Acentuação:
A acentuação é um fenômeno que se manifesta tanto na língua falada quanto na escrita.
No âmbito da fala, marcamos a acentuação das palavras de forma automática, com uma
sutil elevação da voz. Eventualmente, ocorrem dúvidas quanto à pronúncia que são na
verdade dúvidas quanto à acentuação de determinada palavra.

Na língua escrita, a acentuação das palavras decorre basicamente da necessidade de


marcar aqueles vocábulos que, “sem acento, poderiam ser lidos ou interpretados de
outra forma”. A acentuação gráfica compreende o uso de quatro sinais: -agudo (´); -grave
(`);-circunflexo (^); -til (~).

a) Proparoxítonas: Todas as palavras que a antepenúltima sílaba é a mais forte são


acentuadas graficamente. Exército, parágrafo, dúvida, máximo, fôlego, esplêndido,
público, ótimo, felicíssimo….

b) Paroxítonas: As palavras em que a penúltima sílaba é a mais forte são acentuadas


graficamente quando terminadas em: ÃO(s), Ã(s), (ONS), I e U(s), UM (UNS), PS, L, N,
R, X..

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c) Monossílabas Tônicas: pá, pé, pó. Guaraná, harém, através, atrás, parabéns,
ninguém, três, cipó, porém, ilustrá-lo…

d) O hiato sofre acentuação gráfica: baú, baús, saída, saúde, saúva.

e) Novas regras ortográficas (2008) – Acento Agudo: serão retirados os acentos nos
seguintes casos, que anteriormente eram aceitos:
 Nos ditongos abertos “ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembleia",
"ideia", "heroica" e "jiboia”(penúltima sílaba).
 Nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo.
Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca”.
 Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de
"g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos,
como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a
ser grafadas averigue, apazigue, arguem.

f) Novas regras ortográficas (2008) – Acento Diferencial: serão retirados os acentos


nos seguintes casos, que anteriormente eram aceitos:
 "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)

24
 "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
 "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e"lo")
 "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo” (substantivo) e "pelo“ (combinação da
preposição com o artigo)
 "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera“
(preposição arcaica)

g) ATENÇÃO, continuam acentuadas:


 Pôr- verbo Por- preposição;
 Pôde- passado do verbo Pode- presente do verbo;
 Fôrma e Forma- facultativo.
g) Exercícios:
“O Princípio da Oportunidade”.
Texto Extraído do Livro “Fênix”, de Daniel Carvalho Luz.

"O que não me destrói, me faz mais forte". (Friedrich Nietzche)

A história é conhecida, mas vale uma reflexão. “Nossas maiores oportunidades nos
parecem habilmente disfarçadas em problemas insuperáveis.” Na década de 1970, Lee
Laccocca era o presidente da Ford Motor Company com uma atuação dinâmica e
vitoriosa. Ele tinha criado o Mustang, um carro que vendeu mais unidades no seu
primeiro ano de existência do que qualquer outro carro na história do automóvel. Ele
tinha levado a Ford a obter lucros em torno de 1 bilhão e 800 milhões de dólares por dois
anos seguidos. Ganhava cerca de 970.000 dólares por ano e era tratado regiamente.
Mas vivia à sombra de Henry Ford II, um homem que Laccocca descreve como
caprichoso e despeitado. Em 13 de Julho de 1978 Henry Ford o despediu. Menos de
quatro meses depois, Laccocca tornava-se presidente da Chrysler, uma companhia que
havia anunciado uma perda de 160 milhões de dólares em três trimestres seguidos, o
pior déficit que ela já tivera. Laccocca achou que a Chrysler não era bem administrada –
seus trinta e um vice-presidentes estavam trabalhando sozinhos, em vez de trabalharem
em conjunto. A escassez de petróleo de 1979 agravou os problemas da Chrysler, visto
que o preço da gasolina dobrou e as vendas de carros grandes caíram rapidamente. Em

25
1980, a Chrysler perdeu 1 bilhão e 700 milhões de dólares, a maior perda operacional
de empresas dos Estados Unidos. Mas Laccocca estava transformando seus obstáculos
em oportunidades. Primeiro, tinha sido despedido. Depois chegou à presidente de uma
companhia que a maioria das pessoas pensava estar a caminho da bancarrota. Mas sem
esses obstáculos, Lee Laccocca nunca teria tido a chance de revelar-se. Ele estava
decidido a não desistir. Concessões da União, agilização das operações da Chrysler, a
criação de novos produtos – tudo isso contribuiu para a recuperação da companhia. Em
1982 a Chrysler conseguiu lucros modestos. Em 1983 obteve os maiores lucros de sua
história. E, em julho daquele ano, liquidou seu controvertido empréstimo avalizado pelo
governo – sete anos antes de seu vencimento. A Chrysler introduziu novos modelos que
entusiasmaram o público americano: o econômico carro-K, conversíveis, e o mini-furgão.
As ações da companhia subiram de dois para trinta e seis dólares. Seus acionistas
ganharam dinheiro, bem como renovaram a confiança na empresa. O desafiante slogan
tornou-se conhecido na nação inteira: "Se você conseguir achar um carro melhor,
compre-o!" Lee Laccocca chegou a ser um dos mais respeitados líderes empresariais da
América, e quando sua autobiografia foi publicada em 1984, quebrou todos os recordes
de vendas de livros. Essas oportunidades não teriam chegado a Lee Laccocca se ele
não tivesse tido os obstáculos que teve: ser despedido da Ford e enfrentar uma situação
de quase bancarrota na Chrysler. Nesses obstáculos, ele encontrou suas maiores
oportunidades. Todo revés traz dentro de si a semente de um avanço equivalente. Cabe
a nós apenas procurá-lo.

Os acentos gráficos foram retirados do texto, coloque-os e justifique, por meio


da regra, cada um deles.
A mais longa caminhada so e possivel passo a passo...
_______________________________________________________________
O mais belo livro do mundo foi escrito letra por letra...
_______________________________________________________________
Os milenios se sucedem, segundo a segundo...
_______________________________________________________________
As mais violentas cachoeiras se formam de pequenas fontes...
_______________________________________________________________

26
A imponencia do pinheiro e a beleza do ipe começaram ambas na simplicidade das
sementes...
_______________________________________________________________
Se não fosse a gota, não haveria chuvas...
_______________________________________________________________
O mais singelo ninho se fez de pequenos gravetos...
_______________________________________________________________
E a mais bela construção não se teria efetuado senão a partir do primeiro tijolo...
_______________________________________________________________
As imensas dunas se compõem de minusculos grãos de areia...
_______________________________________________________________
Como ja se refere o adagio popular, nos menores frascos se guardam as melhores
fragrancias...
_______________________________________________________________
É quase incrivel imaginar que apenas sete notas musicais tenham dado vida à "Aleluia",
de Hendel...
_______________________________________________________________
O brilhantismo de Einstein e a ternura de Tereza de Calcuta tiveram que estagiar no
periodo fetal...
_______________________________________________________________
Nem mesmo Jesus, expressão maior de Amor, dispensou a fragilidade do berço...
_______________________________________________________________
... Assim tambem o mundo de paz, de harmonia e de amor com que tanto sonhamos só
sera construido a partir de Pequenos Gestos de compreensão, solidariedade, respeito,
ternura, fraternidade, benevolencia, indulgencia e perdão, dia a dia...
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Ninguem pode mudar o mundo... Mas podemos mudar uma pequena parcela dele...
_______________________________________________________________
Esta parcela nos chamamos de "Eu".

27
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________4.
Concordância Verbal e Nominal:
A concordância é um processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam,
na sua forma, às palavras de que dependem. Essa acomodação formal se chama
“flexão” e se dá quanto ao gênero, número e pessoa.

 Concordância verbal – Regra geral: o verbo concorda com o seu sujeito em


pessoa e número. Exemplos:
O aluno saiu da escola.

 Concordância do verbo com o sujeito composto – 1º. Caso: Quando o


sujeito composto vier anteposto ao verbo, o verbo irá para o plural.
O milho e a soja subiram de preço.

 Obs.: Quando os núcleos do sujeito forem sinônimos, o verbo poderá ficar no


singular ou no plural.
Medo e terror nos acompanha (acompanham) sempre.

 Quando os núcleos do sujeito vierem resumidos por tudo, nada, alguém ou


ninguém, o verbo ficará no singular.
Dinheiro, mulheres, bebida, nada o atraía.

 Quando o sujeito for formado por núcleos dispostos em gradação (ascendente ou


descendente) o verbo ficará no singular ou no plural.
Uma briga, um vento, o maior furacão não os inquietava (inquietavam).

 Concordância do verbo com o sujeito composto – 2º. Caso: Quando o sujeito


composto vier posposto ao verbo, o verbo irá para o plural ou concordará apenas
com o núcleo do sujeito que estiver mais próximo.
Chegou o pai e a filha. Chegaram o pai e a filha.

28
 Concordância do verbo com o sujeito composto – 3º. Caso: Quando o sujeito
composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o plural
na pessoa que tiver prevalência.
Eu, tu e ele fizemos o exercício.
Tu e ele fizestes / fizeram.

 Concordância do verbo com o sujeito composto – 4º. Caso: Quando os


núcleos do sujeito vierem ligados pela conjunção "ou", o verbo ficará no singular
se houver ideia de exclusão. Se houver ideia de inclusão o verbo irá para o plural.
Pedro ou Antônio será o presidente do clube. (Exclusão)
Laranja ou mamão fazem bem a saúde. (Inclusão)

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 1º. Caso: Com a expressão "um


dos que" o verbo ficará no singular ou no plural. O plural é a construção
dominante.
Você é um dos que mais estudam (estuda).

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 2º. Caso: Quando o sujeito for


constituído das expressões "mais de", "menos de", "cerca de" o verbo concordará
com o numeral que segue as expressões.
Mais de uma pessoa protestou contra a lei.
Mais de vinte pessoas protestaram contra a decisão.

Obs.: Com a expressão "mais de um" pode ocorrer o plural:


Quando o verbo dá idéia de ação recíproca (troca de ações).
Ex: Mais de uma pessoa de abraçaram.

Quando a expressão "mais de um" vêm repetida.


Ex: Mais de um amigo, mais de um parente estavam presentes.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 3º. Caso: Se o pronome


interrogativo ou indefinido estiver no singular o verbo só concordará com ele. Se

29
esses pronomes estiverem no plural o verbo concordará com ele ou com o
pronome pessoal.
Qual de nós?
Qual de nós viajará?
Quais de nós viajarão (viajaremos)?

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 4º. Caso: Quando o sujeito for um


coletivo, o verbo ficará no singular.
A multidão gritava desesperadamente.

Obs.: Quando o coletivo vier seguido de um adjunto no plural, o verbo ficará no


singular ou poderá ir para o plural.
Ex: A multidão de torcedores gritava (gritavam) desesperadamente.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 5º. Caso: Quando o sujeito de um


verbo for pronome relativo "que", o verbo concordará com o antecedente deste
pronome.
Sou eu que pago.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 6º. Caso: Quando o sujeito de um


verbo for um pronome relativo "quem", o verbo concordará com o antecedente ou
ficará na 3º pessoa do singular concordando com o sujeito quem.
Sou eu quem paga/pago.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 7º. Caso: Quando o sujeito for


formado por nome próprio que só tem plural, não antecipado de artigo, o verbo
ficará no singular; se o nome próprio vier antecipado de artigo o verbo irá para o
plural.
Minas Gerais possui grandes fazendas.
Os Estados Unidos são uma nação poderosa.

30
 Casos Especiais de Concordância Verbal – 8º. Caso: Os verbos impessoais
ficam sempre na 3º pessoa do singular.
Faz 5 anos...
Havia crianças na fila.

Também fica na 3º pessoa de singular o verbo auxiliar que se põe junto a um


verbo impessoal formando uma locução verbal.
Ex: Deve haver crianças na fila.

O verbo existir não é impessoal.


Ex: Existiam crianças na fila.
Devem existir crianças na fila. (O verbo auxiliar de um verbo pessoal concordará
com o sujeito).

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 9º. Caso: Com os verbos "dar",


"bater", "soar" se aparecer o sujeito "relógio" a concordância se fará com ele; se
não aparecer com o sujeito "relógio" a concordância se fará com o número de
horas.
O relógio deu cinco horas.
Deram cinco horas no relógio da matriz.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 10º. Caso: Quando o sujeito for


formado por um pronome de tratamento o verbo irá sempre para 3º pessoa.
Vossa Excelência leu meus relatórios?

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 11º. Caso: Quando "se" funcionar


como partícula apassivadora o verbo concordará normalmente com o sujeito da
oração.
Pintou-se o carro.
Alugam-se casas.

31
 Casos Especiais de Concordância Verbal – 12º. Caso: Quando o "se" funcionar
como Índice de Indeterminação do Sujeito o verbo ficará sempre na 3º pessoa do
singular.
Precisa-se de secretária.
Vive-se bem aqui.

 Casos Especiais de Concordância Verbal – 13º. Caso: O verbo parecer,


seguido de infinitivo admite duas construções:
 Flexiona-se o verbo parecer e não se flexiona o infinitivo.
 Flexiona-se o infinitivo e não flexiona-se o verbo parecer.
Os prédios parecem cair.
Os prédios parece caírem.

 Exercícios: Reconheça as respostas corretas. (Pode haver mais de uma resposta


correta para cada exercício).

1. Os Estados Unidos não ____________ com a decisão tomada. (concordou/


concordaram)
2. __________ colchões velhos. (Reforma-se/reformam- se)
3. Mais de um aluno __________ à aula inaugural. (faltou/faltaram)
4. Mais de um aluno se_______ após o resultado dos exames. (abraçou/ abraçaram)
5. Uma junta de médicos ______ o paciente. (atendeu/atenderam)
6. Paulinho foi um dos que ____________o segredo. (revelou/revelaram)
7. Sou uma pessoa que não _____________em bruxarias. (acredita/acredito)
8. Fui eu que ________________ o trabalho. (fiz/fez)
9. Não fui eu quem________ o trabalho. (fez/fiz)
10. Nesta época do ano, os Andes __________ com muita neve. (fica/ficam)
11. Será que já _________________ três horas? (deu/ deram)
12. Já____________ meia-noite e meia. (é/são)
13. _________ quase uma hora da madrugada. (é/são)
14. Cada um dos acionistas _________ muito dinheiro. (recebeu/ receberam)
15. _____________ três horas que ela saiu. (faz/fazem)

32
16. _____________ as canetas no chão. (caiu/caíram)
17. Duas guerras ______________ neste século. (houve/houveram)
18. Noventa por cento dos brasileiros ________ a medida. (aprovou/aprovaram)
19. Fomos nós quem _____________ a despesa. (pagou/pagamos)
20. _______________ cinco horas o relógio da igreja. (deu/deram)
21. Tenham calma, que ainda não ______cinco horas. (deu/deram)
22. Mais de duas pessoas ______________ no acidente. (morreu/morreram)
23. O dono disso tudo aí ainda _____________ eu. (sou/é)
24. __________ três minutos para as dez horas. (falta/faltam)
25. ______ exatamente duas horas e trinta minutos. (é/são)
26. Mil reais ____________ muito dinheiro naquela época. (era/eram)
27. Ele ou eu ____________ com ela. (casará/casarei)
28. Dinheiro, conforto, luxo, nada para ele ________valor. (tinha/tinham)
29. O autor ou os autores do crime _________ pena máxima. (cumprirá/cumprirão)
30. Cada um dos jornalistas ____________ coisas diferentes. (disse/disseram)
31. Cada um de nós ___________ responsável pelo que fazemos. (é/somos)
32. Nenhum de nós __________ pouco este ano. (ganhou/ ganharam)
33. O pessoal da fábrica somente_____________ barulho. (fez/fizeram)
34. O quarto, a sala, o apartamento, o edifício ___________ (ruiu/ruíram)
35. Cada colega, cada professor, cada pessoa me _________.
(incentivava/incentivavam)
36. A decência e a honestidade _____________ aqui. (impera/imperam)
37. Grande parte das atrizes _____________ nesta peça. (aparece/aparecem)
38. Sou um homem que ________. (acredito/ acredita)
39. Hoje sou eu quem _____________ tudo. (pago/ paga)
40. Um bando de aves _____________ na árvore. (pousou/pousaram)
41. Noventa por cento dos alunos__________ aprovação. (conseguiu/conseguiram)
42. _________ dez anos que saí da escola. (faz/ fazem)
43. ________ Vossa Excelência os protestos de nossa estima. (receba/recebei)
44. ___________ alguns distúrbios durante o comício. (houve/ houveram)
45. Os Estados Unidos são um dos países que mais __________ pela liberdade. (luta/
lutam)

33
46. Aqui não se ______________ serviços gratuitamente. (presta/prestam)
47. _____________ ainda alguns minutos para o término do jogo. (resta/restam)
48. Cada um de vocês __________ um pacote. (leva/levam)
49. Ana foi uma das moças que mais me __________. (agradou/ agradaram)
50. Sempre fui um estudante que ___________ muito. (estudei/ estudou)
51. Um bando de estudantes ___________uma batucada infernal. (fazia/faziam)
52. Vossa Senhoria __________ passando bem. (está/ estais)
53. A baronesa é uma das pessoas que mais________ de nós. (desconfia/ desconfiam)
54. ________apartamentos em lugar aprazível. (aluga-se/alugam- se)
55. Ela com a sua turma _________ a multidão. (catequizou/ catequizaram)
56. Ele ou tu_______________ nosso paraninfo. (será/serás)
57. Dois terços do pescado _____________ (estragou/ estragaram)
58. __________ coisas que não compreendiam. (havia/ haviam)
59. As casas, as fábricas, as ruas, tudo _________ poluição. (parecia/ pareciam)
60. Uma ou outra roupa lhe ______ muito bem. (fica/ficam)
61. O calor ou o frio excessivo ________ temperaturas nocivas aos doentes. (era/eram)
62. Vinte e quatro horas não _________ muito tempo. (é/são)
63. Os Lusíadas ______ Camões. (imortalizou/ imortalizaram)
64. Cada uma das mulheres ________uma heroína no baile.
(representava/representavam)
65. Nenhum dos rapazes__________ aqui. (permaneceu/permaneceram)
66. Fui o último que________ em casa. (entrou/ entrei)
67. Pai e filho_________ diariamente. (discutia/ discutiam)
68. Uma e outra moça _____________ a cena. (presenciou/ presenciaram)
69.________ três meses que não a vejo. (faz/fazem)
_______________________________________________________________5.
Preposição é a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo que o
segundo depende do primeiro, ou seja, que o segundo (termo regido) é complemento ou
adjunto do primeiro (termo regente). As preposições podem ser: essenciais ou
acidentais.

 Essenciais são as que funcionam sempre como preposições.

34
Exemplos: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
por, sem, sob, sobre, trás.
 Acidentais são as que passaram a funcionar como preposições, mas são
provenientes de outras classes gramaticais (verbos, adjetivos, advérbios).
Exemplos: conforme, consoante, segundo, durante, mediante, como, salvo, fora.

_______________________________________________________________6.
Verbos
Indicam qualquer processo dinâmico: o que depende da vontade do homem (ex.:
guerrear) e o que não depende (ex.: chover); o que se passa em seu mundo interior (ex.:
sonhar) e o que acontece no mundo exterior (ex.: navegar). A ação contida no processo
pode dirigir-se a um alvo, pode precisar de um elemento pelo qual se desenvolva, pode
ter um destino.

Em: Eu acendi
A ação contida em acender exige um alvo, pois quem acende, acende ALGUMA COISA.
Eu acendi A LENHA

Em: Enviara poucas cartas AOS PAIS


O processo de enviar pede um destino, indicado por AOS PAIS.

Quando a ação requer um alvo, um elemento, um destino, sob o ponto de vista da sintaxe
ocorrem verbos que exigem complemento, denominados Verbos Transitivos

35
Lembrando que Sintaxe: parte da gramática que estuda a disposição das palavras na
frase e das frases no discurso.

Método Prático de Reconhecimento: Para determinar a ocorrência de Verbo Transitivo


Direto, basta perguntar o quê? ou quem? Depois do verbo. Com esse procedimento,
verifica-se a presença do complemento e a ausência de preposição.
“...paralisem O QUÊ? os negócios, ...”
“...paralisem QUEM? os negócios, ...”
VTD OD
“...paralisem os negócios, ...”

Verbo Transitivo Indireto: exige preposição, ligando-se indiretamente ao seu


complemento denominado Objeto Indireto.

Para determinar a ocorrência de Verbo Transitivo Indireto, basta perguntar (preposição)


QUÊ? Ou (preposição) QUEM? depois do verbo, procedimento esse que evidencia a
preposição e o complemento.

Verbo Transitivo Direto e Indireto: esse tipo de verbo exige Objeto Direto e Objeto
Indireto ao mesmo tempo.

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Muitos verbos podem expressar uma ação que não requer um alvo, um elemento ou um
destino. O processo dinâmico concentra-se no próprio ser, transita com ele. Sob o ponto
de vista da sintaxe, esses verbos não exigem complemento e denominam-se Verbos
Intransitivos:

São considerados intransitivos:

37
• Verbos que indicam movimento: ir, vir, partir, voltar, chegar, entrar, etc.
• Verbos que indicam ação: brincar, nadar, ajoelhar, lutar, etc
• Verbos que indicam fenômenos da natureza: amanhecer,anoitecer, chover,
trovejar, nevar, ventar, etc.
• Verbos que indicam fenômenos naturais: adormecer, dormir, acordar, nascer,
crescer, viver, morrer, etc.
• Verbos que indicam situação: estar, ficar, permanecer, etc

7. Regência é a relação de dependência que existe entre os termos de uma frase. Assim
uma palavra que não tenha sentido completo (termo regente) é complementada por uma
ou mais palavras (termo regido).

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1. (FCC-Adaptada) ... que consomem 46% de toda a gasolina do planeta ...
O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase:
a) ... o mundo sofre com a falta de capacidade de refino moderno ...
b) ... e outros adjacentes na Bacia de Santos vem em ótima hora ...
c) Outra oportunidade reside em investimentos maciços em capacidade de refino.
d) ... mas esta é uma tendência que se vem espalhando como fogo em palha.
e) ... para gerar produtos de alto valor ambiental.

2. (FCC-Adaptada) Quem acompanhou a trajetória do Programa Nacional do Álcool...


O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase:
a) ... ninguém apostava no seu êxito imediato ...
b) ... com que ele não contava em experiências anteriores do uso do álcool ...
c) ... sabe de seus altos e baixos.
d) ... provocaram a queda das vendas desses veículos...
e) ... que se tornaram residuais.

3. (UNIP) Quando repeti isto, pela terceira vez, pensei no seminário, mas como se
pensa em perigo que passou, um mal abortado, um pesadelo extinto; todos os meus
nervos me disseram que homens não são padres. (Machado de Assis)
Na frase acima, os verbos destacados são:
a) Transitivo direto – transitivo indireto – intransitivo
b) Transitivo direto – transitivo direto – transitivo direto
c) Transitivo indireto – intransitivo – transitivo direto
d) Intransitivo – intransitivo – intransitivo
e) Intransitivo – transitivo direto – transitivo direto

4. (UCMG-Adaptada)
1. “A vergonha foi enorme.” – transitivo direto e indireto
2. “Procura insistentemente perturbar-me a memória.” – transitivo direto
3. “Fiquei, durante as férias, no sítio de meus avós.” – de ligação
4. “Para conseguir o prêmio, Mário reconheceu-nos imediatamente.” – transitivo direto

39
5. “Ela nos encontrará, portanto é só fazer o pedido.” – transitivo direto

A classificação dos verbos sublinhados, quanto à predicação, foi feita


corretamente apenas em:
a) 1, 3 e 4
b) 2, 4 e 5
c) 1, 2, e 5
d) 2, 3,4 e 5
e) 1, 2 e 3

5. (FCMSCSP) Observe as seguintes frases:


I – Pedro pagou os tomates.
II – Pedro pagou os feirantes.
III – Pedro pagou os tomates ao feirante.
a) Estão corretas apenas a I e a II, pois o verbo PAGAR é transitivo direto.
b) A II está errada, porque, quando PAGAR tem por objeto um nome de pessoa é
transitivo indireto (o certo seria “ao feirante”)
c) Apenas a I está correta.
d) A frase II é a única correta e PAGAR é transitivo direto nesta frase.
e) Todas as frases estão construídas conforme as regras de regência do verbo
PAGAR.

6. (PUC-MG) Considerando que verbo transitivo direto requer complemento verbal


chamado objeto direto, assinale a alternativa em que esse termo ocorre:
a) O tostão é regateado com cerimônia.
b) Como viverei sem ti, meu bem?
c) Vamos... – disse Jesuíno.
d) Eram todos irmãos, felizmente.
e) E vão fazendo telhados.

7. (IFB) A análise da transitividade verbal não deve ser feita isoladamente, mas sim
de acordo com o texto. O mesmo verbo pode estar empregado ora

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intransitivamente, ora transitivamente, ora com objeto direto, ora com objeto
indireto. Dessa forma, indique a alternativa INCORRETA:
a) Perdoai sempre. (verbo intransitivo)
b) Perdoai as ofensas. (verbo transitivo direto)
c) Perdoais aos inimigos. (verbo transitivo indireto)
d) Por que sonhas, ó jovem poeta? (verbo transitivo direto)
e) Sonhei um sonho guinholesco. (verbo transitivo direto)

8. (UFV) Dependendo do contexto, um verbo normalmente intransitivo pode tornar-


se transitivo. Assinale a alternativa em que ocorre um exemplo:
a) “Ponha intenções de quermesse em seus olhos…”
b) “…sorria lírios para quem passe debaixo da janela.”
c) ” beba licor de contos de fadas…”
d) “Ande como se o chão estivesse repleto de sons…”
e) “… e do céu descesse uma névoa de borboletas…”

9. (Mackenzie) (…) “Do Pantanal, corra até Bonito, onde um mundo de águas
cristalinas faz tudo parecer um imenso aquário.” (O Estado de São Paulo) Assinale
a alternativa que apresenta a correta classificação dos verbos do período acima,
quanto à sua predicação.
a) intransitivo – transitivo direto – de ligação
b) transitivo indireto – transitivo direto – de ligação
c) intransitivo – transitivo direto – transitivo direto
d) transitivo indireto – transitivo direto – transitivo direto
e) intransitivo – intransitivo – intransitivo

10. (FGV-2003) Assinale a alternativa em que, pelo menos, um verbo esteja sendo
usado como transitivo direto.
a) Dependeu o coveiro de alguém que rezasse.
b) Oremos, irmãos!
c) Chega o primeiro raio da manhã.

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d) Loureiro escolheu-nos como padrinhos.
e) Contava com o auxílio de Marina para cuidar do evento.

11. (FGV) Em cada uma das alternativas abaixo, está sublinhado um termo iniciado
por preposição. Assinale a alternativa em que esse termo não é objeto indireto.
a) O rapaz aludiu às histórias passadas, quando nossa bela Eugênia ainda era
praticamente uma criança.
b) Quando voltei da Romênia, o Brasil todo assistia à novela da Globo, todos os dias.
c) Quem disse a Joaquina que as batatas deveriam cozer-se devagar?
d) Com a aterrissagem, o aviador logo transmitiu ao público a melhor das impressões.
e) Foi fiel à lei durante todos os anos que passou nos Açores.

12. (FAAP) OLHOS DE RESSACA


"Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do
marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam
também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si
mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela,
Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que
não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram
logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece
que a retinha também. Momentos houve que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais
os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do
mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã." (Machado de Assis)

Só um destes verbos é transitivo direto, ao lado do qual aparece o objeto direto:


a) chegou a hora da encomendação.
b) a confusão era geral.
c) lhe saltassem algumas lágrimas.
d) Capitu enxugou-as.
e) as minhas cessaram logo.

42
13. (ITA)
OS CÃES
- Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial* é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta*
é um mar morto no centro do organismo universal. DAÍ A POUCO demos COM UMA
BRIGA de cães; fato que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria valor,
Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles*
estava um osso, MOTIVO DA GUERRA, e não deixou de chamar a minha atenção para
a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-
se*, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a bengala
DEBAIXO DO BRAÇO, e parecia em êxtase.
- Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando. Quis arrancá-lo dali, mas não
pude; ele estava arraigado AO CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga cessou*
INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi levar a sua fome A OUTRA
PARTE. Notei que ficara sinceramente ALEGRE, posto* contivesse a ALEGRIA,
segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me observar a beleza do espetáculo,
relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; mas a privação do
alimento era nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em
algumas partes do globo o espetáculo é mais grandioso: as criaturas humanas é que
disputam aos cães os ossos e outros manjares menos APETECÍVEIS; luta que se
complica muito, porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de
sagacidade que lhe deram os séculos etc.

Quanto à predicação, os verbos "mordiam, cessou, disputam" classificam-se, no


texto, respectivamente como:
a) t. direto e indireto, transitivo, t. direto.
b) t. direto e indireto, intransitivo, t. direto.
c) transitivo, ligação, t. direto e indireto
d) t. direto, intransitivo, t. direto e indireto.
e) intransitivo, intransitivo, transitivo.

43
_______________________________________________________________
II) FORMATOS E FORMAS: alguns dos tipos de textos mais utilizados no cotidiano

Os textos são classificados, de acordo com suas características, em determinados tipos,


que variam conforme a predominância da existência de figuras ou de ideias abstratas.

O termo tipologia textual designa uma sequência definida pela natureza linguística de
sua composição, ou seja, está relacionado com questões estruturais da língua,
determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal.
Objetivamente, dizemos que o tipo textual é a forma como o texto apresenta-se.

Podem variar entre cinco e nove tipos, contudo, os mais estudados e exigidos nas
diferentes provas de vestibular e concursos no Brasil são a narração, a dissertação, a
descrição, a injunção e a exposição. Veja as principais características dos três primeiros
(narração, descrição e dissertação).

 a) Descrição: Descrever é mostrar com palavras, ao leitor, seres, cenas,


paisagens e objetos que os olhos veem, é, pois, pintar com a linguagem um
quadro, cujas cores devem ganhar vida sob a forma de palavras, tornando a
realidade sempre mais expressiva.

Podemos obter tudo isto se o aluno ou o escritor, por esforço próprio, colorir as
pessoas, os objetos, o ambiente com visão nova, transformando o familiar em
incomum e o incomum em familiar, despertando a emoção experimentada ao
completá-los.

Uma boa descrição não é aquela em que se retrata o objeto visto no momento,
mas a que alerta e estimula as mais variadas sensações: tato, olfato, visão,
audição, gosto, forma, cor e movimento que permitem a impressão global.

Descrição de um Publicitário: Futebol é bola na rede. Festa. Grito de gol. Não


só. Não mais. No Brasil de hoje, futebol é a reunião da família, a redenção da

44
Pátria, a união dos povos. Futebol é saúde, amizade, solidariedade, saber vencer.
Futebol é arte, cultura, educação. Futebol é balé, samba, capoeira. Futebol é fonte
de riqueza. Futebol é competição leal.

Enciclopédia e Dicionário Koogan/Houaiss: Desporto no qual 22 jogadores,


divididos em dois conjuntos, se esforçam por fazer entrar uma bola de couro na
baliza do conjunto contrário, sem intervenção das mãos. (As primeiras regras
foram elaboradas em 1860).

Modelo de Descrição: “Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios.
Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas.
Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e
nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”

 b) Dissertação: Tipo de texto opinativo em que ideias são desenvolvidas por meio
de estratégias argumentativas. Sua maior finalidade é conquistar a adesão do
leitor aos argumentos apresentados. Os gêneros que se apropriam da estrutura
dissertativa são: ensaio, carta argumentativa, dissertação, editorial etc.

Argumentação: Ao dissertar sobre um tema, a primeira providência deve ser a


pergunta “por quê”? Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma
possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a
respeito dele. O ideal é que você obtenha duas ou três respostas para a questão
formulada, tais respostas são os argumentos encontrados para o tema.
Tema: “O mundo moderno caminha para a sua própria destruição”.
Por quê?
1. Tem havido inúmeros conflitos internacionais.
2. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
3. Permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

As respostas 1,2 e 3 são argumentos para a defesa do tema.

45
Assim, o Primeiro Parágrafo Seria:
O mundo moderno caminha para sua própria destruição, pois tem havido
inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por
sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma
catástrofe nuclear.

Observe que entre o tema e os argumentos existem palavras que ligam as partes
da Introdução. São essas palavras que vão dar Coesão (clareza) ao tema e seus
argumentos.

Após a Introdução (apresentação do tema e dos argumentos) é necessário


desenvolver os argumentos, nos próximos parágrafos. Na Introdução havia três
argumentos para o tema, portanto cada argumento será desenvolvido em um
parágrafo específico. Para desenvolver o argumento, escreva tudo o que souber
sobre o fato.

Exemplo:
Nestas últimas décadas temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste
lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande
extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na América Central que,
envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um
confronto mundial de proporções incalculáveis.

Como você pode perceber, às vezes é bom usar exemplos (grifo) para comprovar
as afirmações. Próximo parágrafo, outro argumento:

Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição


desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem
as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude
de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável.

46
Observe o termo em destaque, ele ajuda a ligação com o parágrafo anterior -
coesão textual.

Último Parágrafo:

Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica.


Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas
nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente
poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados
armamentos.

Observe o Grifo Novamente.


O último parágrafo é a CONCLUSÃO, construído pela expressão inicial
conclusiva(1), seguida de uma reafirmação do tema(2), uma proposta de
solução(3) e um comentário sobre os fatos mencionados(4).

Em virtude dos fatos mencionados(1), somos levados a acreditar na possibilidade


de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio(2). É necessário que
instituições internacionais atuem decisivamente sobre os responsáveis pelos
conflitos, a fim de solucioná-los; o homem deve sofrer pressão constante para
aprender a respeitar o meio-ambiente; bem como as nações que fazem testes
nucleares deveriam sofrer penalidades de mercado(3). Enfim, é preciso
mobilizações para que possamos sobreviver às adversidades constantes e
construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas
gerações vindouras(4).

 c) O que Você Não Deve Fazer em uma Dissertação


Jamais use gírias em sua dissertação.
Ex.: Muita gente e até a polícia tentam fazer alguma coisa para acabar com as
drogas, mas muitos caras, a maioria gente da pesada, se negam a deixar de curtir
seu baratinho...

47
Não utilize provérbios ou ditos populares.
Ex.: Afinal, já dizia meu avô: Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és.

Não use “eu acho, eu penso...”, nem conte fatos de sua vida particular.

Não utilize sua dissertação para propagar doutrinas religiosas.


Ex.: Para combater esta contínua ameaça, só há uma solução: Jesus Cristo.

Jamais analise os temas propostos movidos por emoções exageradas.


Ex.: Os noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por
verdadeiros animais, que deveriam ser exterminados, um a um, pela sua
perversidade sem fim.

• Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não
sejam de domínio público.
Ex.: O filho de minha vizinha, Dona Laura, trabalhava em uma dessas plataformas.

Evite as abreviações.
Ex.: O ministro c/ seus assessores saíram da sala de reunião.

Procure não inovar, por sua conta, o alfabeto da língua portuguesa.


Ex.: Há letras ilegíveis.

Não dê conselhos, propor uma solução é bem diferente de aconselhar.


Ex.: Você deve pensar mais no que faz. Exercite para melhorar sua saúde.

Um exemplo de texto/tema: a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns


aspectos, superior à da zona urbana;
Por quê?
• R1: no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles;
• R2: há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados;

48
• R3: as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas
mais profundas e duradouras.

Qualidade de Vida na Cidade e no Campo


É de conhecimento geral que (TEMA) a qualidade de vida nas regiões rurais é,
em alguns aspectos, superior à da zona urbana, (R1) porque no campo inexiste a
agitação das grandes metrópoles, (R2) há maiores possibilidades de se obterem
alimentos adequados e, além do mais, (R3) as pessoas dispõem de maior tempo
para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras.

(R1) porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles.


Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O
espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor qualificação
profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o ambiente urbano em
meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente
intenso torna a vida bastante agitada, ao contrário do que se poderia dizer sobre
os moradores da zona rural.

(R2) há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados


Por outro lado, nas áreas campestres há maior qualidade de alimentos saudáveis.
Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios
colhidos antes do tempo de maturação, para garantir maior durabilidade durante
o período de transporte e comercialização.

(R3) as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações


humanas mais profundas e duradouras.
Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam nas zonas
rurais. Ela difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes
metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatos já expostos, de
pouco tempo dispõem para alimentar relações humanas mais profundas.

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Por isso tudo, entendemos que a zona rural proporciona a seus habitantes
maiores possibilidades de viver com tranqüilidade. Esperamos que o homem
metropolitano pratique hábitos saudáveis, como fazer exercícios, caminhar,
alimentar-se com muita verdura e legume, fazer amigos e desfrutar com da
companhia da família. Então, as dificuldades que afligem os habitantes devem
ser compensadas com atividades prazerosas para que consiga desfrutar de uma
vida com alguma qualidade.

Proposta de Solução
Esperamos que o homem metropolitano pratique hábitos saudáveis, como fazer
exercícios, caminhar, alimentar-se com muita verdura e legume, fazer amigos e
desfrutar com da companhia da família.

 d) Texto narrativo é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinadas


personagens, em local e tempo definidos. Por outras palavras é contar uma
história, que pode ser real ou imaginária.

Quando for redigir uma história, a primeira decisão a ser tomada é se o narrador
será um personagem ou não. Tanto é possível contar uma história que ocorreu
com outras pessoas como narrar fatos acontecidos com o narrador. Essa decisão
determinará o tipo de narrador a ser utilizado na sua composição.

1. Narrador de 1ª pessoa (eu / nós): é aquele que participa da ação, ou seja,


que se inclui na narrativa. Trata-se do narrador personagem.

Exemplo: Andava pela rua quando de repente tropecei num pacote embrulhado
em jornais. Agarrei-o vagarosamente, abri-o e vi,surpreso, que lá havia uma
grande quantia em dinheiro.

2. Narrador de 3ª pessoa (ele / eles): é aquele que não participa da ação, ou


seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador.

50
Exemplo: João andava pela rua quando de repente tropeçou num pacote
embrulhado em jornais. Agarrou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá
havia uma grande quantia em dinheiro.

Observação: Em textos que apresentam o narrador de 1.ª pessoa, ele não precisa
ser necessariamente a personagem principal; pode ser somente alguém que,
estando no local dos acontecimentos, os presenciou.

Exemplo: Estava parado na entrada do estacionamento, quando vi, a meu


lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou num pacote
embrulhado em jornais. Observei que ele o agarrou com todo o cuidado, abriu-o
e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.

Elementos da Narração: Depois de escolher o tipo de narrador que vai utilizar, é


necessário ainda conhecer os elementos básicos de qualquer narração. Todo o
texto narrativo conta um FATO que se passa em determinado TEMPO e LUGAR.
A narração só existe na medida em que há ação; esta ação é praticada pelos
PERSONAGENS.

Um fato, em geral, acontece por uma determinada CAUSA e desenrola-se


envolvendo certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário, portanto,
mencionar o MODO como tudo aconteceu detalhadamente, isto é, de que maneira
o fato ocorreu. Um acontecimento pode provocar CONSEQUÊNCIAS, as quais
devem ser observadas. Assim, os elementos básicos do texto narrativo são:

1. Fato (o que se vai narrar);


2. Tempo (quando o fato ocorreu);
3. Lugar (onde o fato se deu);
4. Personagens (quem participou do ocorrido ou o observou);
5. Causa (motivo que determinou a ocorrência);
6. Modo (como se deu o fato);
7. Consequências.

51
Uma vez conhecidos esses elementos, resta saber como organizá-los para
elaborar uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúmeras formas
de dispô-los.

Esquema de Narração
1º Parágrafo: explicar que fato será narrado; determinar o tempo e o lugar -
INTRODUÇÃO
2º Parágrafo: causa do fato e apresentação das personagens -
DESENVOLVIMENTO
3º Parágrafo: modo como tudo aconteceu (detalhadamente).
4º Parágrafo: consequências do fato – CONCLUSÃO

 e) Exercícios: Leia o texto “Como morrer mais cedo em São Paulo”, de Gilberto
Dimenstein, retire um tema e escreva um texto dissertativo, usando o esquema
abaixo.

Esquema de Dissertação
1º parágrafo: Introdução
Tema + argumento 1 + argumento 2+ argumento 3
2º / 3º/ 4º parágrafos: Desenvolvimento
2º parágrafo: desenvolvimento do argumento 1
3º parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4º parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5º parágrafo: Conclusão
Expressão inicial + reafirmação do TEMA + observação final

Como Morrer Mais Cedo em São Paulo – Texto de Gilberto Dimenstein

CHEFE DO LABORATÓRIO DE POLUIÇÃO DA USP , integrante do comitê científico da


Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard e professor titular de patologia, Paulo
Saldiva chegou ao topo de sua carreira, mas sente-se um médico frustrado: “Faço diagnósticos,
mas não consigo curar”, lamenta.

52
Ele e seu grupo de 30 pesquisadores da USP diagnosticam que, por dia, na cidade de São
Paulo, a poluição mata prematuramente 12 pessoas e produz 200 vítimas de pneumonia, infarto
do miocárdio, asma, otite, entre outras doenças. É o suficiente para reduzir em um ano a
expectativa de vida do paulistano.

As invisíveis partículas que saem dos escapamentos dos automóveis mataram, em 2007, o
dobro- isso mesmo, caro leitor, o dobro - do que os assassinatos. Se imaginarmos um estádio
superlotado do Morumbi, teremos uma idéia do que representam anualmente as 200 pessoas
que todos os dias adoecem por causa da poluição.
A frustração de Saldiva é que, apesar de seu diagnóstico baseado em pesquisas científicas, a
poluição aumenta e mata cada vez mais gente, mas não gera tanta mobilização como a
violência, a maior preocupação dos paulistanos.

As duas últimas semanas serviram para aumentar a frustração de Saldiva -um médico que,
para dar o exemplo, se locomove pela cidade montado em uma bicicleta. De 2006 a 2007,
como noticiou a Folha, aumentou em 54% o número de vezes em que a qualidade do ar estava
imprópria. Nesse mesmo período, a taxa de homicídios na cidade de São Paulo caiu 22%.
Desde 1990, a redução foi de 73%.

Nas duas últimas semanas, foram noticiados recordes de congestionamento, inclusive em


períodos razoavelmente sossegados para os padrões locais. “Não vemos os políticos dispostos
a enfrentar os donos de automóveis”, critica o médico. Politicamente, isso é explicável.

Convivem na cidade 11 milhões de habitantes e 6 milhões de automóveis, 800 dos quais


licenciados a cada 24 horas. Não é necessário ser um matemático para ver que a imensa
maioria dos eleitores está motorizada.

São agradados, no geral, com pontes, viadutos, alargamento de ruas e avenidas, levados à
ilusão de que a circulação vai melhorar. As obras rendem votos (e, quem sabe, ajuda em caixa
de campanha), mas não soluções. Tanto não rendem soluções que já existem cálculos sobre
o dia e a hora em que a cidade vai, literalmente, parar.
Existe luz no fim do túnel? Existe. Mas ainda está muito difícil enxergá-la justamente por causa
do excesso de fumaça.

Os crescentes incômodos com o trânsito e com a ecologia, traduzidos nas horas paradas e nas
mortes e doenças, abrem espaço para que, nesta eleição municipal, se discuta até que ponto

53
vale a pena apoiar medidas impopulares e, ao mesmo tempo, gestões urbanas mais
sofisticadas.

Sofisticadas significa integrar diferentes níveis de governo no financiamento de transportes


públicos. Apenas agora, depois de quase três décadas, a prefeitura deu dinheiro para a
expansão do metrô, que não recebe um centavo (exatamente isso, centavo), de Brasília -um
desdém indesculpável diante de uma região com tanta importância nacional.

Assim como são sofisticados os planos de integração dos vários sistemas de transportes,
formando uma malha eficiente, acoplados a projetos destinados a aproximar moradia ao
trabalho. Um dos planos mais ousados é a recuperação da orla ferroviária, antiga área de
fábricas e hoje subutilizada, em pólo dinâmico, tirando-se proveito da existência de centenas
de quilômetros de trilhos.

Medidas dessa complexidade exigem uma política diferenciada para as regiões metropolitanas,
a começar da aliança de vários prefeitos vizinhos, em parceria com o governador e o
presidente.

Mesmo que saiam do papel, esses planos não bastam. Os mais experientes especialistas de
trânsito asseguram que serão exigidas medidas antipáticas. Uma delas é limitar as entregas
de carga a determinados horários, o que desagrada aos comerciantes. Outra, ainda mais
impopular, é fazer pedágio urbano para tirar os carros das ruas e, ao mesmo tempo, financiar
o transporte público.

Vai dar muita briga, mas, depois, todos vão aceitar. Ninguém quer mais tirar o rodízio nem se
pede mais o fim dos talões de zona azul, duas medidas que provocaram incômodos quando
lançadas. O que não sabemos é se, desse pleito, vai sair um plano capaz de colocar seu projeto
político individual abaixo dos interesses coletivos e topar uma briga que pode-se perder no
presente, mas se ganha no futuro.

O prefeito de Londres impôs o pedágio, apanhou de todos os lados, mas venceu e hoje é
reverenciado pelos londrinos e aplaudido mundialmente pela sua coragem.
O que está em discussão não é o trânsito, mas a construção de uma sociedade civilizada.
Provavelmente, vai aparecer a luz no fim do túnel quando os eleitores ficarem tão irritados com
as mortes provocadas pela poluição como os assassinatos cometidos por marginais.

Não fosse a pressão, São Paulo não teria reduzido em 73% o número de assassinatos.

54
Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd100308.htm)

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III) OS TEXTOS ACADÊMICOS E SEUS PROCEDIMENTOS DE ESCRITA: sugestões


para sobrevivência na pilha de livros e leituras diárias

No dia a dia dos estudos acadêmicos, é normal aparecer uma nova leva de trabalhos e
atividades que não são cotidianamente presentes em nossa rotina, como resumos,
resenha, relatórios, projetos de pesquisa, pareceres, trabalhos de conclusão, etc.

A partir deste cenário “imposto”, apresentamos algumas sugestões para você poder
começar a escrever e sobreviver na grande quantidade de tarefas que os estudos
solicita. Afinal, a escrita está presente em todo lugar. Assim, seguem algumas dicas para
fazer um resumo, como também elaborar uma paráfrase.

 a) O resumo consiste em reduzir um texto apresentado de forma coerente (sem


alterar o conteúdo original). Assim, é necessário selecionar apenas as
informações básicas e mais importantes.

Como Identificar as Ideias Principais? Procure as palavras-chave que


encerram as ideias fundamentais, que podem ser grifadas no próprio texto, depois
empregue as palavras articuladoras, capazes de produzir frases com sentido
completo. Em média, um resumo deve ter 20% da extensão do texto original.

Para Resumir um Texto, Recomenda-se:


Ler o texto original na íntegra para se inteirar do assunto;
Grifar palavras-chave ou frases que permitem identificar as ideias centrais;
Redigir frases curtas, claras e objetivas;

56
Não se esquecer de utilizar palavras que estabeleçam relações lógicas entre as
frases (por causa de, dessa forma, além disso, depois, por outro lado etc.);
Manter-se fiel às ideias do autor, sem acrescentar comentários ou críticas.

Texto Original: O controle dos genes envolvidos no processo de envelhecimento


será uma das maiores conquistas da história da sociedade humana. A grande
maioria das doenças, entre elas o câncer, o diabetes e os problemas cardíacos,
está relacionada ao envelhecimento e raramente acomete os jovens. Em sua
versão final, o controle genético do processo de envelhecimento resultará em
pessoas que se mantêm por muito tempo com saúde física semelhante à de um
jovem de 20 anos. Mas o corpo humano na sua forma atual não é compatível com
a imortalidade física. Nem é nosso objetivo criar pessoas imortais. Para nós, o
importante é como se vive durante a velhice. Não se trata de prolongar
simplesmente a velhice de forma indefinida, com velhos vivendo há
limitadamente, mas de garantir que as condições físicas da juventude sejam
mantidas por mais tempo.

Resumo: Apesar de o controle dos genes envolvidos no processo de


envelhecimento ser uma das maiores conquistas da humanidade, não é objetivo
dos cientistas a criação de pessoas imortais, uma vez que o corpo humano, na
sua forma atual, não é compatível com a imortalidade física; assim, o importante
é como se vive durante a velhice.

 b) Paráfrase: A Paráfrase é um texto que procura tornar mais claro e objetivo


aquilo que se disse em outro texto. Portanto, é sempre a reescritura de um texto
já existente, uma espécie de ‘tradução’ dentro da própria língua. O autor da
paráfrase deve demonstrar que entendeu claramente a ideia do texto. Além disso,
são exigências de uma boa paráfrase:

a) Utilizar a mesma ordem de ideias que aparece no texto original.


b) Não omitir nenhuma informação essencial.
c) Não fazer qualquer comentário acerca do que se diz no texto original.

57
d) Utilizar construções que não sejam uma simples repetição daquelas que estão
no original e, sempre que possível, um vocabulário também diferente.

Fonte: https://tinyurl.com/y4tdvqt5

Há várias maneiras de elaborar paráfrases e transformar um enunciado “A” em


um enunciado “B”. Observe os exemplos a seguir:

Exemplo 1:
Pegue o pano e enxugue a louça.
Pegue o pano e seque a louça.

Explicação: O verbo "enxugar "foi trocado por seu sinônimo "secar". Essa é uma
transformação que utiliza sinônimos.

58
Exemplo 2:
A mãe contou a história ao filho.
A história, ao filho, a mãe contou.

Explicação: Os termos da oração são simplesmente deslocados de lugar, sem


que haja necessidade de alterar a construção verbal. (processo de inversão de
elementos)

Texto original: Gonçalves Dias:


Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.

Exemplo de paráfrase: Carlos Drummond de Andrade no poema “Europa,


França e Bahia”:
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá!

 c) Resenha: É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre
ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto,
de um texto de informação e opinião. O objetivo da resenha é divulgar objetos
culturais como livros, filmes, peças de teatros, etc. Ela pode ser:

Informativa: apenas expõe o conteúdo do texto. O enfoque está na obra. O


resenhista não aprofunda a análise do texto, limitando-se a narrar a estrutura do
mesmo.

59
Crítica: expõe o conteúdo e tece uma análise profunda do pensamento teórico do
autor. Explicita juízo de valor sobre a qualidade do texto.

Crítica-informativa: apresenta a obra ao mesmo tempo tecendo comentários


críticos sobre a mesma.

A Extensão do Texto-resenha: Em geral, não se trata de um texto longo, "um


resumão“ podemos, por exemplo, fazer uma resenha de um capítulo de um livro.

Estrutura da Resenha: O Título, A referência bibliográfica da obra, Alguns dados


bibliográficos do autor da obra resenhada, O resumo, ou síntese do conteúdo, A
avaliação crítica do resenhista, Indicação da obra

Como Escrever a Resenha: A resenha inicia-se com a abertura de um cabeçalho


onde transcreve-se os dados bibliográficos completos da obra resenhada; resume
a obra; apresenta o quadro de referência do autor; avalia e indica a obra.

AUTOR (SOBRENOME), Nome. Título da Obra. n° da edição. Local de


edição:editora, ano de publicação. Dados bibliográficos do autor: Quem é?
Títulos. De onde é? Onde faz pesquisa? Onde leciona? O que publicou? Qual sua
área/linha de pesquisa?

Avaliação do Resenhista: Qual a contribuição da obra para a área? Qual sua


coerência interna? Qual a originalidade do texto? Qual o alcance do texto? Qual
a relevância do texto? Onde avança em relação à produção na área? A tese do
autor está clara? A conclusão está apoiada em argumentos/fatos?

Indicações do Resenhista: A quem é dirigida a obra? Exige conhecimento mais


aprofundado do assunto? Linguagem é acessível?

 d) Algumas dicas de escrita:

60
Cuidado com a leitura de textos e achar que eles podem ser incorporados, na
íntegra, no teu trabalho. Isso é apropriação de conteúdo de outros autores.
Assim, faça paráfrase sempre! Reescreva e faça citação indireta. Ou faça
pequenas citações diretas, sempre registrando a partir das normas da ABNT.

Atenção sempre aos preceitos estruturais que envolvem a formatação do


trabalho, como espaçamento, tipo e tamanho de fonte, paragrafação, termos
específicos, possíveis inserções de figuras, imagens, gráficos etc.

Atenção aos parágrafos longos demais. Um trecho bem escrito tem, no


máximo, cinco a seis linhas. Mais do que isso, quebre a sentença e deixe o
restante para mais um parágrafo. Além disso, uma sentença não pode ter mais
do que três linhas. Se ficar em dúvidas, faça a leitura do trecho em voz alta;

Tente ser detalhista, usando sentenças em voz direta e com adjuntos


adnominais, adjetivos, marcadores temporais etc. Isso faz com que o trabalho
possa ser mais concreto e, ao mesmo tempo, compreensível;

Cuidado com afirmações genéricas e chavões como “é importante que a


criança aprenda a ler” (Importante para quem? Que criança? Ler o quê?).
Assim, sempre escreva de forma tangenciada, ou seja, contextualizando o
dado citado. Se necessário, dê exemplos concretos. Contextualizando,
sempre;

Faça versões dos arquivos que você vai escrevendo e corrigindo. Em outras
palavras, a cada dia que você altere, crie uma versão e salve em diferentes
lugares. Assim, você não corre o risco de “perder os arquivos” e também
poderão retomar de atividades os registros mais recentes.

NUNCA diga: “está tudo em minha cabeça. Basta escrever”. É mentira que
muitas pessoas usam para dizer que sabem do assunto, mas sequer
produziram uma linha de texto.

61
Não tem o que fazer: sente e escreva.

 e) Exercícios:
Faça uma paráfrase do texto a seguir. Se necessário, reorganize as estruturas
do documento em questão, respeitando a organização e argumentos
apresentados

Empresários se dividem entre o lucro e a sustentabilidade


Qui, 4/6/2009

Se tivessem que optar entre preservar o meio ambiente ou manter a rentabilidade dos seus
negócios, os empresários brasileiros ficariam divididos: enquanto 47% afirmam que preferem
não perder a rentabilidade, 43% garantem que adotariam práticas verdes, mesmo que isso
prejudicasse o desempenho de suas empresas. Estes dados foram revelados pelo International
Business Report (IBR), estudo da Grant Thornton International, representada no Brasil pela
Terco Grant Thornton. A pesquisa ouviu 7.200 empresas privadas de capital fechado (ou
privately held businesses, PHBs) de 36 países – no Brasil, foram consultadas 150 empresas,
sendo cem de São Paulo, 25 do Rio de Janeiro e 25 da Bahia. Na média global, com resultados
de todos os países pesquisados, 51% dos executivos consultados no estudo afirmaram que
adotariam práticas verdes em detrimento dos lucros. Já 36% disseram que preferem se
importar com os negócios e 13% não souberam responder à pergunta (entre os brasileiros,
10% não responderam). Entre todos os empresários ouvidos na América Latina, 56% garantem
que adotariam práticas ambientalmente corretas. Já 37% preferem manter a rentabilidade. O
Chile é o país com maior preocupação ambiental (89%), seguido da Argentina (80%) e do
México (60%). A região da Ásia Oriental concentra o maior número de empresários dispostos
a defender o meio ambiente (61%). Em uma outra pergunta da pesquisa, onde os empresários
deveriam dizer se consideram que a comunidade empresarial do seu país se preocupa ou não
com o meio ambiente, foi feita uma média entre as respostas positivas e as negativas. A média
mundial foi de 30%. Entre os brasileiros, este número foi de 34%. Os países nórdicos foram os
que deram a nota mais alta, sendo que a média foi de 61%. A média mais baixa foi entre os
países da América Latina, com 14%. A Argentina foi o país onde essa percepção foi mais
negativa, sendo que o índice final foi de -34%. É interessante notar que nos países onde a
percepção com a preocupação ambiental foi baixa, como na Argentina, Turquia, Grécia e
China, os empresários estão mais dispostos a abrir mão do lucro para melhorar o meio
ambiente. Wanderlei Ferreira, sócio do Terco Grant Thornton, explica que o processo de
evolução da sociedade com relação às questões ambientais é o grande responsável pelos

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resultados obtidos no Brasil. “O meio empresarial está percebendo que o consumidor está cada
vez mais preocupado com essas questões”, afirma. Segundo o executivo, a pressão dos
consumidores deve aumentar nos próximos anos, levando o setor produtivo a mudar de atitude.
“Os empresários também estão notando que é preciso preservar a natureza, pois, se não
cuidarem da sustentabilidade, no futuro itens como matéria-prima poderão ficar cada vez mais
caros e escassos”, explica. Para Wanderlei Ferreira, no entanto, essa mudança de paradigma
deve ser longa e difícil. “Mas, no final, aquelas empresas ainda não conscientes da preservação
do meio ambiente mudarão seu comportamento.” Alex MacBeath, líder global da Grant
Thornton International para serviços a PHBs, diz que a pesquisa mostra claramente que há
muitos países preocupados em conservar o meio ambiente. “O lucro não é, claramente, o único
fator que conduz as práticas empresarias, então nós devemos incentivar os empresários a ter
empresas sustentáveis”, afirma. “Em minha opinião, aqueles empresários que persistirem ou
implantarem práticas verdes durante este período de turbulência econômica terão mais
vantagem competitiva quando a economia se estabilizar.” Wanderlei Ferreira concorda. “As
práticas verdes são boas para o meio ambiente e trazem vantagens para a marca, como
reconhecimento no mercado e de seus colaboradores”, explica. “Enfim, eleva a marca e os
produtos para outro patamar de percepção junto aos consumidores e da mídia em geral.”

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Faça um resumo do texto a seguir. Se necessário, reorganize as estruturas do


documento em questão, respeitando a organização e argumentos
apresentados

Convite a Filosofia – Marilena Chauí:


Capítulo - A Existência Ética

Senso Moral e Consciência Moral

64
Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a
fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo
crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante
de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem
na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de
campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.
Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo,
orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma coisa de que, depois, sentimos vergonha,
remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos
também exprimem nosso senso moral. Em muitas ocasiões, ficamos contentes e emocionados
diante de uma pessoa cujas palavras e ações manifestam honestidade, honradez, espírito de
justiça, altruísmo, mesmo quando tudo isso lhe custa sacrifícios. Sentimos que há grandeza e
dignidade nessa pessoa. Temos admiração por ela e desejamos imitá-la. Tais sentimentos e
admiração também exprimem nosso senso moral. Não raras vezes somos tomados pelo horror
diante da violência: chacinas de seres humanos e animais, linchamentos, assassinatos brutais,
estupros, genocídio, torturas e suplícios. Com freqüência, ficamos indignados ao saber que um
inocente foi injustamente acusado e condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece
impune. Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como
instrumento para seus interesses e para conseguir vantagens às custas da boa-fé de outros. Todos
esses sentimentos manifestam nosso senso moral. Vivemos certas situações, ou sabemos que
foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo, uma
pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a
máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não
seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar
os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta? Uma jovem
descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não estão preparados para
a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje apoiá-la, é tão jovem e despreparado
quanto ela e que ambos não terão como se responsabilizar plenamente pela gestação, pelo parto
e pela criação de um filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o
auxílio de suas famílias (se as tiverem). Se ela for apenas estudante, terá que deixar a escola para
trabalhar, a fim de pagar o parto e arcar com as despesas da criança. Sua vida e seu futuro
mudarão para sempre. Se trabalha, sabe que perderá o emprego, porque vive numa sociedade
onde os patrões discriminam as mulheres grávidas, sobretudo as solteiras. Receia não contar com
os amigos. Ao mesmo tempo, porém, deseja a criança, sonha com ela, mas teme dar-lhe uma
vida de miséria e ser injusta com quem não pediu para nascer. Pode fazer um aborto? Deve fazê-
lo? Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente, recebe uma
oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem
seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa.

65
Pode aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os
filhos com fome e a mulher morrendo? Um rapaz namora, há tempos, uma moça de quem gosta
muito e é por ela correspondido. Conhece uma outra. Apaixona-se perdidamente e é
correspondido. Ama duas mulheres e ambas o amam. Pode ter dois amores simultâneos, ou
estará traindo a ambos e a si mesmo? Deve magoar uma delas e a si mesmo, rompendo com uma
para ficar com a outra? O amor exige uma única pessoa amada ou pode ser múltiplo? Que sentirão
as duas mulheres, se ele lhes contar o que se passa? Ou deverá mentir para ambas? Que fazer?
Se, enquanto está atormentado pela decisão, um conhecido o vê ora com uma das mulheres, ora
com a outra e, conhecendo uma delas, deve contar a ela o que viu? Em nome da amizade, deve
falar ou calar? Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e
pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e
que o roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-
la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia
não terá prejuízo? Ou deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva,
ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao
homicídio? Que fazer? Situações como essas - mais dramáticas ou menos dramáticas - surgem
sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso
senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o
que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e
que assumamos todas as conseqüências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.
Todos os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a
valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos
provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor,
dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com conseqüências para nós e para os outros.
Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais
profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações,
nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a
algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a
felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmos, seja por recebermos a aprovação dos
outros. O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões
e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que
mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.

Juízo de Fato e de Valor


Se dissermos: "Está chovendo", estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e
o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: "A chuva é boa para as plantas" ou "A
chuva é bela", estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um
juízo de valor. Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que

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são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão
presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor - avaliações sobre coisas, pessoas e situações
- são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. Juízos de valor avaliam coisas,
pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e
decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis. Os juízos éticos de valor são também
normativos, isto é, enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos
atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações
segundo o critério do correto e do incorreto. Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem,
o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e
comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também
que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de
vista moral. Como se pode observar, senso moral e consciência moral são inseparáveis da vida
cultural, uma vez que esta define para seus membros os valores positivos e negativos que devem
respeitar ou detestar. Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juízos? A diferença entre
a Natureza e a Cultura. A primeira, como vimos, é constituída por estruturas e processos
necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: a chuva é um
fenômeno meteorológico cujas causas e cujos efeitos necessários podemos constatar e explicar.
Por sua vez, a Cultura nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e suas
relações com a Natureza, acrescentando-lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através
do trabalho e da técnica, dando-lhe valores. Dizer que a chuva é boa para as plantas pressupõe
a relação cultural dos humanos com a Natureza, através da agricultura. Considerar a chuva bela
pressupõe uma relação valorativa dos humanos com a Natureza, percebida como objeto de
contemplação. Freqüentemente, não notamos a origem cultural dos valores éticos, do senso moral
e da consciência moral, porque somos educados (cultivados) para eles e neles, como se fossem
naturais ou fáticos, existentes em si e por si mesmos. Para garantir a manutenção dos padrões
morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as sociedades tendem a
naturalizá-los. A naturalização da existência moral esconde, portanto, o mais importante da ética:
o fato de ela ser criação histórico-cultural.
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IV) OS ERROS MAIS COMUNS: dicas rápidas e para consulta diária

Depois dessa longa jornada, gostaríamos de disponibilizar um conjunto de dicas que


deve ser consultado sempre que você tiver dúvidas ou dificuldades com o nosso querido
idioma, seja em situações de escrita ou fala (ou os dois, ao mesmo tempo. Vai saber...).

Para isso, disponibilizamos um conteúdo digital que foi elaborado pela equipe de
conteúdo da Rock Content, destinado para todos aqueles que desejam ser redatores ou
produzir material digital (vídeos diversos, roteiros documentais e ficcionais, posts em
mídias sociais, stories, etc.).

São 102 (isso mesmo: cento e dois!) erros comuns que foram listados e que merecem a
nossa atenção. Alguns deles já foram apresentados ou comentados ao longo das
atividades aqui apresentadas, pois é melhor “sobrar do que faltar”. Consulte sempre, que
precisar! Outras informações mais detalhadas, acesse: https://bit.ly/2XHGgUu

1. “Mal” e “mau”:
Por que “gêmeos do mal”, com “L”? É que “mau” com “U” é um adjetivo, enquanto “mal”
pode ser advérbio ou substantivo Olha só:
 A luta entre o bem e o mal nunca acaba.
 Comemos muito mal durante a viagem.
 Nas histórias, as madrastas sempre são más, isto é, têm o coração mau.
 Quem é mal-humorado está sempre de mau humor!

2. “Bem” e “bom”:
Quer uma dica? “Mal” é o contrário de “bem” e “mau” o de “bom”, ou seja, “bem” pode
ser usado nas mesmas situações em que se usa “mal”, e “bom” naquelas em que você
colocaria “mau”. Assim:

 Ficamos de bom humor (ou bem-humorados) depois de comer tão bem no


restaurante!

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 Fritura é muito bom, mas infelizmente não faz bem.

3. “Independente de” e “independentemente de”:


Mais uma da série advérbios versus adjetivos, a diferença entre esses dois é que
“independente” pode ser uma qualidade ou um estado (isto é, um adjetivo), enquanto
“independentemente” é um advérbio de modo, que quer dizer a mesma coisa que “de
forma independente”. Confira os exemplos e entenda melhor:
 Com que idade um jovem se torna independente dos pais?
 Independentemente da nossa idade, todos podemos precisar do apoio da família
em algum momento.

4. “A princípio” e “em princípio”:


A palavra “princípio” pode se referir tanto a ideologias e valores como ao começo de
alguma coisa, certo? Pois, a chave para a diferença entre essas duas expressões está
justamente aí: com “a” ela tem sentido de início, e com “em” de valor ou essência. Espie:
 A princípio, pensava-se que a Terra era o centro do universo.
 A poesia é, em princípio, a arte de escrever em versos.

5. “Há” e “a”:
Um é um verbo, o outro uma preposição, mas por causa da pronúncia idêntica, é fácil se
embananar na hora de escrevê-los, não é? A dificuldade aumenta quando “há” (que,
para quem não se lembra, é do verbo “haver”) é usado para indicar o tempo passado, se
confundindo com a preposição “a”, que só marca uma distância (temporal ou espacial).
Fica assim:

 Há muito tempo, os dinossauros foram extintos.


 O supermercado mais próximo fica a 10 minutos daqui.
 No ano passado, comprei meus presentes com antecedência: a 2 meses do Natal.

6. “Haver” e “a ver”:

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Outro irmão do mal de “haver” é a expressão “a ver”. Apesar de soarem iguaizinhas, as
duas palavras, na realidade, não têm nada em comum: a primeira é um verbo, mas a
segunda indica uma afinidade (ou não) entre duas coisas. Confira:
 Quando chove muito, pode haver enchentes na cidade.
 É possível que dois gêmeos sejam bem parecidos ou, pelo contrário, não tenham
nada a ver um com o outro.

7. “Haja” e “aja”:
Sim, há ainda mais uma forma de fazer confusão com o verbo “haver” (haja paciência,
não é?!), mas não precisa desistir de usá-lo para sempre, não! Na verdade, é bem fácil
distingui-lo de “aja”, do verbo “agir”: é só ver se dá para trocar por “existir”. Veja só:
 Mesmo que haja (ou exista) algum risco, vale a pena investir nesse setor.
 Para que a empresa se recupere da crise, é preciso que a administração aja
imediatamente.

8. “Vem” e “veem”:
Os dois são verbos, mas se o primeiro (com um “e” só) é de “vir”, o segundo (com dois)
é conjugação de “ver”. Entenda:
 Você prometeu que vem me visitar amanhã.
 Eles não veem a hora de se encontrar de novo.

9. “A gente” e “agente”:
Junto ou separado? A resposta é simples: se for o mesmo que “nós”, é separado; se for
a profissão (tipo 007), é junto. Fique de olho:
 James Bond é o agente secreto mais famoso do mundo.
 Por que você não vem com a gente ao cinema?

10. “Acerca de” e “cerca de”:


“Acerca de” é o mesmo que “sobre” ou “a respeito de”. Já “cerca de” vem da expressão
em latim circa, podendo significar tanto “perto de”, quanto o velho e bom “mais ou
menos”. Veja só:

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 Preciso falar com você acerca de um problema pessoal.
 Estima-se que a população mundial tenha chegado, hoje, a cerca de 7,4 bilhões
de pessoas.

11. “De trás”, “atrás” e “detrás”:


Enquanto “detrás” e “atrás” podem ser usados como sinônimos, “de trás”, separado,
aparece quando é necessário empregar a preposição “de”. Confuso? É só pensar assim:
se a pergunta for só “onde”, responda com “atrás” ou “detrás”. Agora, se for “de onde”, o
certo vai ser “de trás”. Fica desse jeito:
 Onde está o cofre secreto? Atrás do quadro.
 Onde foi parar meu casaco? Está pendurado detrás da porta.
 De onde saiu esse rato? De trás do armário da cozinha.

12. “Aparte” e “à parte”:


“Aparte” pode ser o imperativo do verbo “apartar” (que quer dizer separar ou desviar) ou
um substantivo masculino (que significa um comentário isolado, como se fosse um
parêntese em um discurso). Já “à parte” é aquilo que já está ou vai ser separado. Veja
se entende melhor com os exemplos:

 Ele não consegue manter sua linha de raciocínio e faz apartes desnecessários o
tempo todo, de modo que ninguém entende o que diz.
 Ontem fui chamado para uma conversa à parte com minha chefe.
 Minhas compras pessoais precisam ser feitas à parte em relação às da empresa.

13. “Decerto” e “de certo”:


A dica aqui é tentar substituir a expressão pela palavra “certamente”. Se funcionar, use
“decerto” junto. Se não, é “de certo” separado. Desse jeito:
 De certo modo, seu conselho me ajudou mais do que eu esperava.
 Depois de estudar tanto, você decerto conseguirá uma boa nota na prova!

14. “Propício” e “propenso”:

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les são parecidos, mas o significado não é o mesmo. “Propício” indica que uma situação
pode favorecer alguma outra coisa, mas não necessariamente que há uma tendência,
como indica “propenso”. Basicamente, é o seguinte:
 Um ambiente silencioso é mais propício (ou apropriado) para os estudos.
 Mas se você não estiver propenso (ou tendendo) a estudar, o silêncio não vai
fazer diferença.

15. “Senão” e “se não”:


“Se não” separado aparece em frases em que você poderia inserir alguma coisa entre o
“se” e o “não”. Já “senão” junto pode aparecer como substantivo ou no sentido de “mas
sim”, “do contrário” e “exceto”, sem que você possa separar os dois elementos. Teste
nessas frases e entenda:

 Aceito seus termos, com um senão: preciso de um prazo maior.


 Se não conseguir chegar a tempo ao cinema, eu compro seu ingresso e espero-
o na entrada das salas.
 Tente chegar pontualmente, senão perderemos o início do filme!

16. “A fim” e “afim”:


“Afim” junto vem de afinidade, enquanto “a fim” é a preposição “a” ligada ao “fim” no
sentido de finalidade. Para saber qual dos dois usar, então, é só parar para pensar qual
dessas duas ideias você está tentando passar. Veja:
 As duas empresas se uniram para atingir interesses afins (ou semelhantes).
 Você está a fim de sair hoje à noite?
 Precisamos passar no banco a fim de fazer um depósito.

17. “Perca” e “perda”:


Mais um parzinho fácil de distinguir: “perda” é substantivo, enquanto “perca” é verbo. Ou
seja: se puder colocar artigo antes (“a perda” ou “uma perda”) é com “d”. Sacou? Então
confira:
 Não perca tempo: compre já o nosso produto!

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18. “Descriminar” e “discriminar”:
“Discriminação”, com “i”, é separar as coisas, e por vezes tratar as pessoas ou questões
de forma desigual por causa de algum preconceito. Já “descriminar” é tirar a culpa de
um crime (daí o prefixo “des”, de negação, como em “descolorir”, por exemplo).
Acompanhe:
 Você já sofreu algum tipo de discriminação racial no trabalho?
 O júri descriminou o réu após um julgamento que durou meses.

19. “Absolver” e “absorver”:


Por falar em descriminar, um de seus sinônimos que também gera alguma confusão é
“absolver”, que quer dizer tirar a culpa, perdoar, etc. Diferentemente de absorver, que é
fazer desaparecer um líquido (pensou em fraldas?) ou assimilar algo. É simples:
 Os padres ouvem as confissões dos fiéis para absolver seus pecados.
 Em uma aula expositiva, nem sempre é fácil absorver todo o conteúdo dado.
 Alguns tecidos ajudam a absorver melhor o suor na prática de atividades físicas.

20. “No lugar de”, “ao invés de” e “em vez de”:
Pense em trigêmeos, mas com dois dos irmãos sendo iguaizinhos e um deles bem
diferente. A ovelha negra é “ao invés de”, que só serve para contrastar ideias opostas
(tipo alto e baixo, frio e quente, etc.). Os outros dois contrastam coisas diferentes, mas
que não se excluem mutuamente (como manga e melancia, azul ou branco, etc.). Repare
nos exemplos:
 Decidimos fazer uma mousse para a sobremesa no lugar do bolo. (mousse e bolo
não são necessariamente opostos)
 Não vamos viajar mais para o Japão. Em vez disso, vamos para a Nova Zelândia.
(idem)
 Ao invés de sair, resolvemos ficar em casa. (ficar em casa e sair podem ser
consideradas coisas opostas, certo?)

21. “Na medida em que” e “à medida que”:

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Se “na medida em que” tem sentido de causa e pode ser trocada por “porque” ou “visto
que”, sua expressão gêmea, “à medida que”, indica uma progressão proporcional. Veja
como:
 O calor vai aumentando à medida que o verão se aproxima.
 As casas dos países de clima temperado precisam ser construídas com mais
cuidado na medida em que (ou porque) sofrem mais com as oscilações de
temperatura a cada estação.

22. “De encontro a” e “ao encontro de”:


Parece mesmo bobagem, mas trocar o “a” e o “de” de lugar em torno da palavra
“encontro” pode, sim, fazer toda a diferença! Isso porque “de encontro a” é algo negativo,
que indica uma oposição. Já “ao encontro de” é positivo, é mostra a afinidade entre duas
coisas. Fica assim:
 A ascensão da sustentabilidade no cenário mundial vai de encontro aos interesses
das empresas que preferem explorar o meio ambiente a cuidar dele.
 As feiras de alimentos orgânicos vão ao encontro dos produtores locais, que
conseguem vender seus produtos a preços melhores.

23. “Viajem” e “viagem”:


Parece pegadinha, mas não é: com “g”, “viagem” é substantivo, enquanto com “j” é verbo.
O truque, então, é checar se dá para usar artigo (“a” ou “uma”): se der, acerte com o “g”.
Confira:

 Vou fazer uma viagem para o exterior nessas férias.


 Espero que vocês viajem muito durante o intercâmbio!

24. “Seção” e “sessão”:


Com “ç”, “seção” tem sempre a ver com uma divisão ou subdivisão. Já com “ss”, se refere
a um evento que dura um tempo determinado (como no cinema, uma reunião,
assembleia, consulta médica, etc.). Olha só:

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 Foi convocada uma sessão extraordinária no congresso para esta semana.
 A lei que você procura está na última seção do regulamento.

25. “Comprimento” e “cumprimento”:


O “cumprimento”, com “u”, é a saudação, o aperto de mãos, etc., além do substantivo do
verbo “cumprir” (como o cumprimento ou descumprimento da promessa). Já o
“comprimento”, com “o”, é a medida. Fica assim:
 Essa sala tem 3 metros de comprimento.
 O não cumprimento da lei pode acarretar multas.
 Dê meus cumprimentos ao seu irmão pela formatura.

26. “Descrição” e “discrição”:


“Descrição” vem de “descrever”, enquanto “discrição” é de “discreto”. Não é difícil
diferenciar esses dois, veja só:
 Em uma entrevista de emprego, o ideal é se vestir com mais discrição.
 Nas vendas pela internet, é sempre bom contar com uma descrição detalhada do
produto.

27. “Hora” e “ora”:


Todo mundo sabe o que “hora” quer dizer, certo? A dúvida, então, se concentra
geralmente mais no caso de “ora” sem “h”, que além de fazer parte de algumas
expressões fixas, pode significar “agora” e “além disso”. Confira:

 A que horas você pretende chegar? Tenho um compromisso depois.


 Isso é hora de estar de pé em um dia de semana? Está tarde!
 Você disse que está enfrentando problemas pessoais? Ora, não me venha com
essa, eu conheço bem a sua situação.
 O clima está mesmo louco: ora faz um calor insuportável, ora um frio de gelar até
os ossos.
 Ora, ora, você por aqui?
 Por ora, acredito que essa seja a melhor solução.

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28. “Tachar” e “taxar”:
“Taxar” está relacionado a taxas, tarifas, pagamentos, etc. Por outro lado, “tachar” é
atribuir qualidades negativas a alguém ou, ainda, censurar algo, colocando uma tacha
(como aqui). Veja:
 É normal taxar produtos importados para estimular o consumo interno.
 Depois de cometer um erro fatal no primeiro dia de trabalho, João foi tachado de
incompetente.

29. “Meio” e “meia”:


“Meia”, com “a”, só pode ser duas coisas: a metade ou a meia que calçamos antes dos
sapatos (além do número 6, numa redução de “meia dúzia”). Já “meio” pode ser, além
de metade, um advérbio, significando algo como mais ou menos. Assim, podemos dizer:
 Beba água por toda a manhã, de meia em meia hora, até meio-dia e meia.
 Deixe a janela meio aberta para que o ar circule.

30. “Eminente” e “iminente”:


“Eminente” é algo excelente, importante, superior. Já “iminente” é algo imediato, que está
por acontecer em breve. Entenda:
 Guimarães Rosa foi um autor e homem eminente.
 Quem mora em regiões onde acontecem tsunamis fica em perigo iminente após
um terremoto.

31. “Embaixo” e “em cima”:


O erro aqui não é o significado, claro, mas a escrita. Para ajudar a se lembrar disso, vale
pensar na letra “V”, que tem duas pontas em cima e apenas uma embaixo. Assim, você
não se esquece de qual dessas duas expressões tem duas palavras e qual tem apenas
uma.

32. “Em cima” e “acima”:

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Decorou que “em cima” se escreve separado? Ótimo, mas não confunda com “acima” (e
“abaixo”!), que é uma palavra só, ok?

33. “Saber” e “conhecer”:


Talvez por causa da relação desses dois termos com o inglês know, tem acontecido por
aí de se usá-las de maneira intercambiável, principalmente na web. No entanto, “saber”
e “conhecer”, pelo menos em português, não são exatamente sinônimos, não! Afinal,
nem sempre é preciso conhecer alguma coisa (no sentido de compreendê-la mais a
fundo) para saber sobre ela (no sentido de estar ciente). Veja alguns exemplos em que
não dá para trocar um pelo outro:
 Não conheço os detalhes por trás dessa lei, mas sei que se desobedecê-la serei
punido.
 Para conhecer as causas de um problema, é preciso, primeiro, saber que ele
existe.
 Aproveite a oportunidade para conhecer nossa loja e saber mais sobre nossos
serviços!

34. “Eficaz”, “efetivo” e “eficiente”:


De longe essas três palavrinhas parecem mesmo muito semelhantes, e até
intercambiáveis, não acha? Mas basta uma olhada mais cuidadosa para ver que, na
verdade, elas não são assim tão parecidas.

Enquanto alguma coisa eficaz deve simplesmente cumprir com o esperado, algo
eficiente precisa fazê-lo de forma a gastar a menor quantidade de energia e recursos
possível. Já efetivo tem relação apenas com efetivar, isto é, concretizar algo. Sendo
assim, podemos afirmar o seguinte:

Fixar um quadro à parede com fita adesiva no lugar de pregos pode ser eficiente, já que
é muito mais simples do que furar a parede. Além disso, é efetivo na medida em que
realiza o desejo de fixar o quadro. Contudo, essa solução provavelmente não é a mais
eficaz, pois não cumprirá com o objetivo de manter o quadro fixado ali por muito tempo,
não é?

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35. “Qualquer”, “algum” e “nenhum”:
Esse é outro trio de palavras que parecem intercambiáveis de longe, mas têm suas
diferenças de perto. O principal erro, aqui, é trocar “nenhum” por “qualquer” em frases
negativas, já que o segundo termo não tem esse sentido.

A confusão parece vir de uma tradução ao pé da letra do inglês any. Quanto ao “algum”,
ele pode ser usado no sentido negativo quando vem logo depois de um substantivo. Fica
assim:

Escreva: Não há nenhum problema.


Escreva: Não há problema algum.
Escreva: Há um problema qualquer.

Não escreva: *Não há qualquer problema. (O asterisco indica que essa frase é
agramatical!)

36. “Simples” e “fácil”:


Achou que eram sinônimos? Pois bem, em alguns casos, pode ser que algo seja simples
e fácil, de modo que essas palavras possam ser substituídas uma pela outra sem
problemas. No entanto, seu significado não é bem o mesmo.

Para entender melhor, vale pensar em “simples” no sentido de humilde, sem muita
ornamentação, singelo. Por outro lado, fácil é aquilo que, mesmo se envolver diversos
passos, não demanda muita habilidade. Veja como isso é possível:

 Passar um bife é simples: basta temperá-lo e jogá-lo na frigideira bem quente.


 Entretanto, conseguir deixar a carne no ponto certo não é nada fácil: alguns
minutos a mais podem deixá-la dura e ressecada, e alguns a menos, crua.

37. “Este” e “esse”:

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Já ficou em dúvida sobre dizer “este ano” ou “esse ano”? Essa realmente é uma questão
um pouquinho complicada, mas dá para resumi-la dizendo o seguinte: “este” se refere
ao que está perto de quem está falando, ao tempo presente e ao que queremos dizer a
seguir.

Já “esse” faz justamente o contrário: se refere ao que está longe de quem fala, ao tempo
futuro ou passado, e ao que já dissemos antes. Confira três exemplos em que esse
contraste fica evidente:

 Daqui a alguns meses, neste verão, provavelmente não vamos ter férias tão boas
quanto estamos tendo agora, nesse inverno, já que precisaremos nos preocupar
com problemas de final de ano.
 Este instrumento que estou tentando usar não serve, por favor, me passe esse
que está ao seu lado.
 Depois dessas palavras que acabei de pronunciar, gostaria ainda de acrescentar
esta citação: “…”

Entendeu agora? Então vale lembrar que a mesma regrinha se aplica ao par “isto” e
“isso”.

38. “Por que” e “porque”:


A maioria das pessoas conhece a regrinha que diz que “por que” separado é para a
pergunta, e “porque” junto é para a resposta, certo? Mas nem sempre ela funciona, já
que às vezes a gente acaba precisando usar o “por que” separado em frases com ponto
final também, sabia? Isso acontece quando ele pode ser substituído por “por que razão”
(ou algo com o mesmo sentido), mas não por “pois”. Confira:
 Eu não sei por que meu chefe faltou ao trabalho hoje, imagino que esteja doente.
 Precisarei sair mais cedo porque tenho uma consulta médica.
 Por que você não avisou que precisaria de ajuda?

39. “Por quê” e “porquê”:

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Passemos ao próximo nível dos porquês: quando tem acento e quando não tem?
Separado, “por que” aparece com acento quando está no final da frase. Já “porquê”,
junto e com acento, é um substantivo, podendo ser usado com artigo (“o porquê”). Quer
ver?
 Você chegou atrasado hoje e eu quero saber por quê.
 Meu computador não está funcionando por quê?
 Gostaria de saber o porquê dessa algazarra.

40. “Havia” e “haviam”:


Sim, lá vem o tal “haver” de novo, mas prometemos que é sua última aparição neste
post! O erro, aqui, é colocar o verbo no plural quando está sendo usado no sentido de
existir. É que, nesse caso, ele faz uma oração sem sujeito, não devendo, portanto,
concordar com a coisa que existe ou deixa de existir. Quando usado como auxiliar, no
entanto (isto é, quando aparece junto com outro verbo e pode ser substituído pelo auxiliar
“ter”), o plural está liberado. Veja só:
 Há três flores no jardim.
 Havia nove alunos na sala.
 Eles haviam mudado de casa no ano anterior.
 Nós havíamos colocado seu nome na lista.

41. “Faz” e “falta”:


Lembra-se de quando falamos da diferença entre “há” e “a” e vimos que o “há” é usado
para marcar uma distância em relação ao passado? Pois é exatamente essa função que
também exerce o “faz”, e como no caso do “há”, ele também vai ficar nosingular nesse
tipo de sentença, mesmo que o tempo que venha depois (como 7 duas ou 2 horas) esteja
no plural.

Por outro lado, quando usamos “faltar” para marcar uma distância em relação ao futuro,
o tempo é sujeito da oração, por isso o verbo vai poder ir para o plural. Complicado? Não
se preocupe, é só conferir os exemplos e você vai entender:

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 Faz nove meses que mudei de cidade.
 Faltam nove meses para que eu me mude novamente.

42. “Tem” e “têm”:


Esse erro é bem simples, por isso não é difícil remediá-lo: é só saber que o verbo “ter”,
quando conjugado na terceira pessoa do plural (“eles” e “elas”), leva acento circunflexo.
Fica assim então:

 Ele tem muito dinheiro.


 Eles têm muito dinheiro.

A mesma regrinha também vale para o verbo “vir”: “ele vem” e “eles vêm”. Só não
confunda com “veem” como falamos mais acima, ok?

43. “Mantém” e “mantêm”:


O caso de “manter” é bem parecido com o de “ter” e “vir”, só que aqui, na terceira pessoa
do singular (“ele” e “ela”), o verbo já leva um acento agudo, que vai então apenas se
transformar em circunflexo no plural:

 Ele mantém suas coisas em ordem.


 Eles mantêm suas coisas em ordem.

O mesmo vale para “contém” e “contêm”!

44. “Lembrar-se de” e “lembrar”:


Trata-se aqui de um erro de regência verbal, isto é, de saber quando um verbo precisa
de uma preposição ou não. No caso, é só saber que, quando o verbo é pronominal
(“lembrar-se” no lugar de só “lembrar”), precisa vir acompanhado da preposição “de”.
Veja como:
 Por favor, me lembre de agendar uma consulta médica mais tarde.
 Você está se lembrando de que vamos nos encontrar hoje?

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 Eu lembrei que você não gosta de chocolate.

Essa regra também é multiuso: se aplica da mesmíssima forma a “esquecer” e


“esquecer-se de”, viu?

45. “Assistir”:
O verbo “assistir” pode aparecer com diferentes sentidos (como presenciar algo, ajudar
alguém, apoiar uma causa, etc.), mas o problema só acontece quando ele se confunde
com o verbo “ver”, referindo-se a coisas como espetáculos, televisão, filmes, e por aí vai.

Isso porque, no uso consagrado da língua, o correto é que o objeto seja precedido da
preposição “a”, mas na medida em que pode ser trocado por “ver”, ele acaba fugindo
dessa regrinha na linguagem oral, e já começa até a ter esse uso sem a preposição
adotado na literatura. Mesmo assim, para não correr nenhum risco, a gente recomenda
que você escreva assim:

 Vou assistir a um filme hoje à noite.


 Vou ver um filme hoje à noite.

46. “Implicar”:
Outro verbo que pode confundir até os mais experientes quando o assunto é a regência
é “implicar”. Afinal, ele pode vir acompanhado de nada menos que três preposições
diferentes, dependendo do seu sentido na frase. Vamos ver:
 Os alunos implicaram com a professora nova. (No sentido de não gostar.)
 O novo funcionário já se implicou em fofocas e confusões. (Envolveu-se.)
 Grandes poderes implicam grandes responsabilidades. (No sentido de ter por
consequência ou requisito.)

47. “Acarretar”:
Um exemplo de verbo transitivo direto e indireto (que pode vir acompanhado de um
objeto com e outro sem preposição), “acarretar” costuma aparecer incorretamente

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associado à preposição “em”. No entanto, na verdade quem o rege é a preposição “a”, e
mesmo assim é opcional adicionar esse segundo objeto indireto. Veja por quê:

 O acidente acarretou perdas [ao produtor].

Não há preposição entre “acarretou” e “perdas” (primeiro objeto), mas ainda que haja “a”
antes de “o produtor”, essa parte da frase, destacada entre colchetes, é opcional,
concorda?

48. “Onde”, “aonde” e “de onde”:


A preposição diz tudo: se “onde” é o lugar onde alguma coisa está, “aonde” implica um
movimento a algum lugar (como quando usamos “ir” ou “chegar”), e “de onde” demanda
a origem de algo. Confira:
 Você viu onde está minha carteira?
 Não estou entendendo aonde eles pensam que vão.
 Não sei de onde veio o barulho.

49. “Em que” e “onde”:


Ainda da série do “onde”, é bom aprender a diferenciá-lo de “em que”. Para quem não
sabe, “onde” só serve para representar lugares físicos, enquanto “em que” pode ser
usado para falar de locais mais abstratos. Isso acontece em situações como as
seguintes:
 Ontem vi um filme em que o universo é dominado por forças do mal. (O filme não
é um lugar físico.)
 No filme, o lugar onde as forças do mal se concentram é uma nave do tamanho e
formato de um planeta. (Ainda que não exista de verdade, a nave seria um lugar
físico.)

50. “Que” sem preposição:


Quando o assunto é regência, mais um errinho daqueles que a gente comete
inocentemente, quase sem se dar conta, é se esquecer das preposições na hora de usar

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o “que”. Quer ver quando isso acontece? Confira se você se lembraria de colocar as
preposições marcadas na frase a seguir ou se escreveria apenas “que” no lugar dos
termos em negrito:
 Sua dúvida tem a ver com o assunto de que a gente falou na aula passada.
 Os livros de que eu mais gosto estão na parte de cima da estante.
 Aquele homem com quem eu estava conversando ontem é o professor.
 O jeito com que você disse aquilo me ofendeu.
 A história em que os protagonistas são bruxos é a melhor.

51. “Cujo”:
Outro pronome que costuma ser esquecido em prol do tão eclético “que” é o “cujo”,
equivalente a “de que”, “de quem” ou “do qual”.
Você sabe quando e como deveria usá-lo nas suas frases? Então confira aqui:

 O rapaz cuja camisa é vermelha.


 A sala cujas paredes estão manchadas.
 O filme cujo final não é feliz.
 As calças cujos bolsos estão furados precisam ser consertadas.

52. “Lhe” e “o”:


Tanto “lhe” quanto “o” são pronomes pessoais oblíquos. Porém, enquanto o primeiro
serve para substituir objetos indiretos, isto é, que precisam de preposição, o segundo só
é usado para os objetos diretos, ou seja, sem preposição. Compare, a seguir, três frases
com o verbo “enviar” (que pode ter objeto direto e indireto), e entenda a diferença:

 Enviei o resultado a seu assistente. (“o resultado” não tem preposição, por isso é
objeto direto; “ao seu assistente” tem preposição “a”, então é objeto indireto)
 Enviei-o a seu assistente. (o objeto direto é substituído por “-o”)
 Enviei-lhe o resultado. (o objeto indireto é substituído por “-lhe”)

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53. “Você” e “te”:
Na linguagem oral, apesar de a gente empregar, na maior parte do Brasil, o “você” para
se referir à 2ª pessoa, não é raro misturarmos seu uso com o “te”, dizendo “te encontro
mais tarde” a alguém que não tratamos por “tu”, por exemplo, não é verdade? Na escrita,
contudo, é bom se lembrar de que o “te” não é o pronome que corresponde ao “você”
gramaticalmente, já que “você” é um pronome de tratamento (assim como “senhor” ou
“Vossa Excelência”) e, por isso, concorda com a 3ª pessoa no lugar da 2ª. Assim, no
lugar de “te” ou “teu”, usamos:

 Você tem alguma dúvida? Este livro pode ajudá-lo!


 Ei, você, esta não é sua carteira?
 Você quer que eu o espere?

54. Ênclise de “o”:


No primeiro exemplo ali em cima, você deve ter reparado que “-o” apareceu em uma
forma diferente: “-lo”. Pois acontece que quando “-o” vem ligado depois do verbo (ou
seja, em ênclise), ele precisa mudar de forma em dois casos diferentes: depois de verbos
que terminariam em “r”, “s” ou “z”, quando se transforma em “-lo”; e depois de verbos
que terminam em sons nasais (com “m” ou til), quando vira “-no”. Confira os exemplos:
 Você terá que trazê-los amanhã. (trazer)
 Encontramo-la embaixo da mesa. (encontramos)
 Fi-lo sem segundas interções. (fiz)
 Descobriram-na por acidente. (descobriram)
 Põe-no sobre a cômoda. (põe)

55. Mesóclise de “-lo”:


Última dica sobre “-o” para você ficar totalmente craque no uso desse pronome oblíquo
(e suas declinações, claro!): sabia que quando ele aparece com verbos no futuro do
presente (tipo “farei”, “comerei”, etc.) ou no futuro do pretérito (tipo “adoraria”, “faríamos”,
etc.) precisa ser colocado no meio do verbo e ainda aparece sempre como “-lo” (e
declinações)? Então veja só:

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 Venderei esses produtos amanhã. Vendê-los-ei amanhã.
 Queria sua resposta o quanto antes. Querê-la-ia o quanto antes.
 Conseguiremos esse dado em breve. Consegui-lo-emos em breve.
 Você aprenderá a língua rapidamente. Você aprendê-la-á rapidamente.

56. “Dele” e “de ele”:


Ninguém tem dúvida na hora de juntar “de” e “ele” em “dele” ou “em” e “ele” em “nele”,
certo? Mas nem sempre se deve fazer essa contração! Quando o pronome reto da 3ª
pessoa (“ele” e suas declinações) for o sujeito de um verbo no infinitivo, a contração não
vai acontecer. É o caso de:
 O fato de ele ser o chefe não lhe dá o direito de maltratar os funcionários.
 Antes de ela sair, todos estavam em silêncio.
 O problema está em eles desobedecerem às ordens.

57. “Dele” ou “seu”:


Como aqui no Brasil usamos o “você” com muita frequência, em algumas situações,
podem ocorrer ambiguidades em que “dele” e “dela” ajudam a esclarecer a quem
determinado elemento se refere. Mesmo assim, quando não há risco de mal-entendido,
a regra é usar “seu”. Veja só:
 Ana tem três cadernos em sua mochila.
 Para lidar com seus problemas, a empresa recorreu a uma solução simples.
 O homem recolheu seus pertences e foi para casa.

A não ser que existisse algum motivo que levasse o leitor dessas frases a suspeitar que
elas fazem referência a sua própria mochila, seus próprios problemas ou seus próprios
pertences (e não aos do sujeito) não há razão para trocar “seu” por “dele” ou “dela”,
certo?

58. “Mim”, “me” e “eu”:

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Parecido com o problema de trocar “lhe” por “o” (e vice-versa), para solucionar a
confusão entre “mim”, “me” e “eu”, é preciso parar para descobrir qual é a função desse
elemento na oração. Se for sujeito, opte sempre por “eu”; se não houver preposição, use
“me”; se houver preposição, “mim” será a resposta certa. Confira:
 Preciso que você me envie os dados para eu fazer a análise. (apesar do “para”,
“eu” é sujeito de “fazer”)
 Preciso que você envie os dados para mim. (“mim” é objeto indireto de “enviar”,
com preposição “para”)
 Preciso que você me envie os dados. (“me” é objeto indireto de “enviar”, mas não
há preposição)

59. “A maioria”:
A expressão está no singular e até tem artigo definido, mas se o que vier depois estiver
no plural (como geralmente está), com o que o verbo deve concordar? Nesses casos, a
regra é flexível: você pode escolher! Mesmo assim, para evitar mal-entendidos, nosso
conselho é preferir manter o singular, optando pela chamada concordância gramatical
(por oposição à atrativa, que concorda com o elemento mais próximo). Suas frases então
vão ficar assim:
 A maioria das pessoas gosta de chocolate.
 O governo procurou atender aos pedidos que as maiorias fizeram.
 O mesmo vale para outras expressões partitivas (como “a maior parte”, “a
minoria”, “metade de”, “o resto de”, etc.):
 A maior parte dos funcionários almoça na empresa.
 O restante dos trabalhadores ficará por aqui.

60. Porcentagens:
Outra dúvida parecida é esta aqui: na hora de concordar um verbo com um sujeito em
que há uma porcentagem, em que você deve se basear, no número ou no substantivo?
A resposta é que o substantivo sempre vai mandar mais que o número, a não ser que
haja um artigo antes da porcentagem ou que o número seja de apenas 1%. Fica assim:

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 40% das pessoas concordaram que Matemática é difícil.
 Entre 10 e 15% dos candidatos do concurso erraram a questão.
 Apenas 1% dos investimentos teve retorno.
 Os 30% que discordaram da ideia se retiraram da sala.

61. “Um dos”:


E quando juntamos singular e plural com a expressão “um dos que” (ou “uma das que”),
com quem o verbo deve concordar? Com o plural! Veja:
 O jogador foi um dos que mais se destacaram nessa Copa.
 Esse filme é um dos que menos chamaram a atenção no Oscar.

62. Sujeito indeterminado:


O sujeito indeterminado aparece quando não sabemos quem executa a ação ou, ainda,
quando não há necessidade em sabê-lo. Quando isso acontece, há duas opções
possíveis para a conjugação do verbo: na 3ª pessoa do plural (eles); ou do singular (ele)
com o verbo acompanhado do pronome “-se”. A dúvida, geralmente, aparece mais na
segunda opção, mas é só se lembrar que o “-se” vai exigir o verbo no singular, ok?
Repare como em todas estas frases o sujeito não é conhecido:
 Dizem que eles estão tendo um caso, mas não se sabe ao certo desde quando.
 Picharam o muro da escola. Ainda não se descobriu quem foi.
 Precisa-se de garçons com experiência.

63. Cores variáveis:


Quando o assunto é a concordância entre um nome e uma cor, é bom saber que nem
sempre a vida é tão cor-de-rosa quanto parece. Isso porque enquanto algumas cores
são adjetivos, podendo concordar com o nome sem problemas, outras são substantivos,
permanecendo invariáveis. Entre as cores variáveis, isto é, que concordam com o nome
em gênero e número, estão as seguintes:
 As folhas são verdes, amarelas e marrons.
 O colar tem miçangas azuis, roxas, vermelhas e brancas.

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64. Cores invariáveis:
As cores invariáveis são aquelas que tiram seu nome de outros substantivos, como rosa,
cinza, gelo, açafrão, vinho, ferrugem, etc. Assim, ao empregar essas cores, não há
variação, independentemente do número e gênero do nome que elas qualificam:
 Passe-me essas almofadas vinho e malva.
 Experimente essas pulseiras cinza com aqueles lenços creme e pastel.

Na hora do aperto, é sempre bom consultar um dicionário para saber se a cor que você
usou é apenas um adjetivo ou se vem de um substantivo!

65. Cores compostas:


Além das cores invariáveis e variáveis, outro tipo de palavra costuma deixar qualquer um
encucado na hora de fazer a concordância: as cores que formam palavras compostas.
Felizmente, a regra é simples: só as cores em que não há nenhum substantivo flexionam,
e apenas o segundo termo da palavra faz a concordância. O que acontece, portanto, é
o seguinte:
 Vou encomendar essas flores vermelho-claras e estas azul-turquesa.
 Gostaria de levar as peças cor de goiaba e castanho-escuras.
 O tratamento é feito com ajuda de raios infravermelhos e ultravioleta.

66. Azul-marinho e azul-celeste:


A exceção à regra anterior? Esses dois. Embora sejam compostos exclusivamente por
adjetivos, “azul-marinho” e “azul-celeste” permanecem invariáveis em qualquer contexto:

 Suas roupas eram feitas com faixas azul-marinho.


 Placas azul-celeste indicavam o caminho até o centro.

67. “À”:
Ao escrever ou mesmo falar, você tem alguma dúvida sobre quando usar “ao” (como em
“vou ao supermercado”)? Então pode ficar tranquilo, porque o “a” com crase nada mais
é que a versão feminina de “ao”! Afinal, se “ao” é “a” (a preposição) mais “o” (o artigo),

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“à” é exatamente a mesma coisa, só que com o artigo feminino. Ou seja: na dúvida,
substitua a palavra (que, claro, tem que ser feminina) que você não sabe se precisa
preceder de “à” por um substantivo masculino e confira se deveria dizer “ao”. Se sim,
não tenha medo da crase:
 Assine nossa newsletter na coluna à esquerda.
 Desligue o celular quando estiver à mesa.
 Gostaria de pedir uma pizza à moda da casa.

68. Crase antes de nome de lugar:


Em geral, não se usa crase antes de nome próprio, no entanto, “à” pode ter que ser
empregado antes de nomes de lugar que vêm usualmente acompanhados de artigo
feminino, sbaia disso? Veja alguns exemplos e entenda:
 Meu sonho é ir à França. (colocamos artigo feminino antes de França)
 Meu cunhado foi à Argentina no mês passado. (colocamos artigo feminino antes
de Argentina)
 Nunca fui ao Japão. (usamos artigo masculino para Japão)
 Nessas férias, irei a Portugal. (não usamos artigo antes de Portugal)

69. “Àquele”:
Agora que você entendeu a lógica por trás da crase em “à”, saiba que ela também pode
aparecer em “aquilo”, “aquele” e “aquela” quando essas palavras precisarem ser
precedidas da preposição “a”. Assim, na união dos dois “As” (da preposição e do
pronome), surge de novo a crase:
 Seu discurso fez referência àqueles de seus predecessores. (fazer referência
aalgo)
 Assistimos àquilo horrorizados. (assistir a algo)
 Prestaram socorro àquela pessoa imediatamente. (prestar socorro a alguém)

70. Palavras proparoxítonas:


Para quem não sabe, palavras proparoxítonas são aquelas cuja tônica fica na terceira
sílaba de uma palavra, contando da direita para a esquerda, isto é, da última para a

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primeira sílaba. Pois absolutamente todas as palavras assim têm um acento exatamente
nessa sílaba, quer ver? Cheque esses exemplos e faça as contas:
 Dúvida (dú-vi-da);
 Família (fa-mí-li-a);
 Referência (re-fe-rên-ci-a);
 Anônimo (a-nô-ni-mo);
 Pirâmide (pi-râ-mi-de).

71. Paroxítonas em “oi” e “ei” na nova ortografia:


Talvez você não se lembre disso, ou talvez não saiba ainda que a regra mudou, mas as
palavras paroxítonas (com a tônica na segunda sílaba da direita para a esquerda) com
ditongos abertos em “oi” e “ei” perderam o acento que tinham antes do novo Acordo
Ortográfico. Assim, se a tônica estiver em “oi” e “ei” e ainda houver alguma sílaba depois
disso, não coloque acento:
 Ideia (i-de-ia);
 Paranoia (pa-ra-no-ia);
 Estreia (es-tre-ia);
 Joia (jo-ia);
 Jiboia (ji-bo-ia).

72. Oxítonas em “oi” e “ei”:


Entendeu agora por que “ideia” não leva mais acento? Joia! Mas antes que você saia
tirando todos os acentos das palavras com “oi” e “ei” que conhece, não se esqueça de
que aquela regrinha só vale para as paroxítonas. Palavras oxítonas (com a tônica na
última sílaba da palavra) continuam acentuadas, ok? Confira:
 Herói (he-rói);
 Dói (dói);
 Papéis (pa-péis).

73. O trema:

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Outra novidade trazida pelo Acordo Ortográfico é a perda do trema (sim, “trema” é um
substantivo masculino) em palavras como “cinquenta”, “linguiça”, “frequência”, etc.
Agora, elas só aparecem em palavras de origem estrangeira e seus derivados: como
Dürer e düreriano, por exemplo. Veja só:
 Max Müller foi um linguista, orientalista e mitólogo alemão.
 A obra mülleriana The sacred books of the East tem cinquenta e um volumes.

74. Verbos com pronome em ênclise:


Sabe aqueles verbos no infinitivo que perdem a última letra quando vêm antes de “-lo”,
como vimos ali em cima? Pois então: depois de serem contraídos, eles sempre levam
acento na última sílaba. A exceção são os verbos terminados em “ir” que não têm acento
no “i” quando conjugados no presente do indicativo na 1ª pessoa do plural (nós).
Complicado? Os exemplos vão ajudar você a entender:
 Excluí-lo (nós excluímos);
 Destruí-lo (nós destruímos);
 Despi-lo (nós despimos);
 Apagá-la;
 Vendê-los.

75. “Álcool” e “alcoólico”:


Como última dica sobre acentuação, vale chamar a atenção para duas palavrinhas que
costumam gerar certa insegurança em sua ortografia: “álcool” e “alcoólico”. Para não
errar, lembre-se de que todas as duas são proparoxítonas, por isso precisam de acento
na terceira sílaba contada da direita para a esquerda! Confira:
 Ál-co-ol;
 Al-co-ó-li-co.

76. Vocativo:
O vocativo é um termo isolado do resto da oração, que serve para se dirigir ao interlocutor
ou chamar a pessoa (ou pessoas) com quem você está falando. E justamente por não

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ter relação com outras partes da frase, esse elemento precisa vir separado do restante
por vírgulas. Veja que diferença faz:
 Isso vai ser um problema pessoal. (sem vocativo)
 Isso vai ser um problema, pessoal. (com vocativo)
 Você já conheceu minha amiga Ana? (sem vocativo)
 Você já conheceu minha amiga, Ana? (com vocativo)

77. Aposto:
Outro elemento que deve sempre vir isolado por vírgulas em uma oração é o aposto, que
serve para inserir uma pequena explicação dentro de um período. Ele é algo dispensável
(que, quando retirado, permite que a frase continue fazendo sentido) e pode ser
composto por uma palavra só ou mesmo uma oração inteira:

 Leon Tolstoi, autor de Guerra e Paz, nasceu em 1828.


 Ana, que já tinha terminado o dever, saiu para brincar lá fora.
 A diretora da empresa, Maria, se pronunciou hoje sobre o assunto.

78. Enumeração em itens:


Principalmente ao escrever para a web, as enumerações em bullet points são bastante
populares, mas você sabe com que pontuação terminar cada um dos itens? Há duas
opções: o ponto final ou o ponto e vírgula. Veja como funciona a primeira:
 É mais recomendada para frases longas, com vírgulas e pausas dentro de cada
item.
 Nela, o ideal é começar com letra maiúscula a cada nova linha.

Na segunda opção, você pode:


 usar itens mais curtos;
 escolher entre começar cada item com letra maiúscula ou com minúscula;
 separá-los por ponto e vírgula;
 e finalizar o último com ponto final.

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79. Enumeração dentro de um mesmo período:
Já nas enumerações que acontecem dentro de um mesmo período, ou seja, onde não
há bullet points, o ideal é separar cada item apenas por vírgula, unindo os dois últimos
por “e”. Nesse caso, não pode haver vírgula entre o último e o penúltimo item, ok? Se
precisar acrescentar informações entre um item e outro, use mais vírgulas, parênteses
ou travessão (que você pode criar pelo atalho alt + 0151). Confira:

 Maria tem em sua mochila um lápis, dois cadernos, três canetas, uma borracha e
um livro.
 Dentro desta caixa, guardo alguns clips enferrujados, retratos da minha infância
(roubados de um álbum de fotos da minha avó), uma meia sem pé e outras
lembranças.
 Para montar o bolo coloque o primeiro disco de massa sobre o prato, cubra com
o recheio — que já deve ter esfriado —, acrescente o segundo disco de massa e
finalize com a cobertura.

80. “Etc.”:
E quando a enumeração termina com o velho e bom “etc.”? Nesse caso, cabe sempre
colocar uma vírgula logo antes dessa palavrinha, ok? Além disso, saiba que não é
preciso duplicar o ponto final nas frases terminando com “etc.”, não se deve usar
reticências após a expressão e, ainda, não se deve colocar “e” antes dela, apenas a
vírgula! Veja aqui:
 Trouxe lápis, borracha, papel, etc. para podermos escrever.
 Compre todo o necessário para o café da manhã: pão, manteiga, café, leite, etc.
 As cores cujos nomes derivam de outro substantivo (rosa, turquesa, goiaba, etc.)
são invariáveis.

81. Orações conclusivas:


As orações conclusivas são aquelas em que há conjunções ou locuções como “portanto”,
“logo”, “assim”, “consequentemente”, “por conseguinte”, “assim sendo”, etc. Em todas
elas, é preciso destacar a conclusão por meio de vírgulas, seja logo antes da conjunção
(à sua esquerda) ou mesmo depois dela. Quer ver como fica?
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 Estou aprendendo, logo ainda cometo erros.
 Não gosto de flores. Assim sendo, não me presenteie com elas.
 Não sei se teremos dinheiro de sobra no final do ano. A princípio, então, não
viajaremos.
 Não sabia de qual deles você gostaria mais, por isso trouxe todos.

82. “Pois” conclusivo ou explicativo:


“Pois” pode funcionar como conjunção explicativa, quando pode ser substituído por
“porque” (junto!), ou como conjunção conclusiva, no sentido de “portanto”, “assim”, etc.
No primeiro caso, a vírgula antes da conjunção é opcional, mas no segundo, é obrigatório
que o termo venha isolado por vírgulas na oração e ainda apareça logo depois do verbo.
Entenda:
 Não trouxe guarda-chuva, pois estava fazendo sol. (vírgula opcional, sentido de
“porque”)
 Vim mais cedo pois fiquei com medo de perder o ônibus. (vírgula opcional, sentido
de “porque”)
 O rapaz estudou muito para a prova. Recebeu, pois, uma nota excelente. (vírgulas
obrigatórias, sentido de “portanto”)
 Estou ocupada agora. Não quero, pois, lidar com interrupções. (vírgulas
obrigatórias, sentido de “portanto”)

83.Orações adversativas:
As orações adversativas são aquelas em que há um contraste ou uma oposição entre
uma frase e outra, marcadas por conjunções como “mas”, “todavia”, “porém”,
“entretanto”, etc. Nelas, deve haver uma vírgula (ou ponto final) à esquerda, ou duas
vírgulas em torno da conjunção. Confira:
 Não é meu sabor favorito, porém também não é aquele de que menos gosto.
 Queria ter corrido. Mas minhas pernas estavam fracas demais.
 Segui as instruções à risca, no entanto, nada funcionou.
 Gostaria de poder dizer que sim, mas sabemos que isso não seria verdade.

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84. “Mas sim” e “e sim”
Quando usamos as expressões “mas sim” e “e sim” (assim como “senão” junto), não é
obrigatório, mas pode ser interessante precedê-las de vírgula para marcar o contraste
entre os dois elementos que você está colocando em oposição. Veja se não concorda:
 Não quero esta cor, mas sim aquela.
 Não são eles que receberão o benefício, e sim as pessoas ao seu lado.
 No caso de “e não”, a vírgula é totalmente optativa:
 Quero esta cor e não aquela.
 Quero esta cor, e não aquela.

85. “Isto é” e “ou seja”:


Elementos explicativos, dentre os quais podemos destacar “isto é”, “ou seja”, “digo”, “vale
dizer”, “por assim dizer”, “isto sim”, “a propósito” e “ou melhor”, entre outros, também
precisam ficar isolados na oração. Veja só:
 Esta super-heroína, diga-se de passagem, está entre as mais poderosas desse
universo.
 Ler sobre a linguagem e estudar para melhorar sempre, isto sim, é ser um bom
redator.

86. “Bem como” e “assim como”:


Geralmente, essas duas expressões (e “como”, quando usado no mesmo sentido)
assumem na frase a mesma função da conjunção “e”, de modo que não se coloca vírgula
nem antes nem depois delas. Contudo, quando contribuem para adicionar um sujeito à
oração, sem que o verbo seja por ele modificado, vêm entre vírgulas. Fica assim:
 A professora, como seus alunos, saiu da sala apressadamente.
 A professora como seus alunos saíram da sala apressadamente.
 O padre, assim como os fiéis, fez o sinal da cruz.
 O padre assim como os fiéis fizeram o sinal da cruz.

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Perceba que quando há vírgula, além de o verbo concordar apenas com o primeiro
sujeito, a impressão é de que as ações não necessariamente foram realizadas ao mesmo
tempo, concorda?

87. Vírgula entre sujeito e predicado:


Para finalizar, vamos a um dos maiores pecados quando o assunto é pontuação no
português: separar, em uma oração, o sujeito do predicado por vírgula. Embora seja
possível inserir elementos entre vírgulas no meio dos dois (como o aposto, vocativo ou
as orações explicativas), não se deve colocar uma vírgula entre um e outro, por mais
longo que o sujeito seja. Confira:
 A ausência de vírgulas entre o sujeito e o predicado de uma oração é uma regra
na língua portuguesa.
 A existência de vírgulas entre o sujeito e o predicado, a não ser em caso de
elementos que podem ser retirados da oração sem prejuízo para a mesma, é
proibida no português.

88. Gramas:
Todo mundo concorda que “grama” pode se referir tanto ao gramado sempre mais verde
dos seus vizinhos quanto ao peso do presunto fatiado que você compra na padaria,
certo? Mas o que você talvez não saiba é que, se no primeiro caso a palavra é feminina,
no segundo (a medida), ela é masculina, igual quilograma! Observe:
 Não chove há tanto tempo que a grama está até amarelando.
 De quantos gramas de queijo você precisa?
 São necessários duzentos gramas de manteiga nessa receita.

89. Redundância:
Não é raro que a gente às vezes use, na linguagem oral, alguma forma de enfatizar uma
expressão sem que haja alguma mudança real no seu significado. Porém, na hora de
escrever, seja para a web ou outro meio de comunicação, evite esse recurso, já que ele
pode pegar mal. Confira algumas redundâncias comuns das quais você deve fugir:
 “A grande maioria”;

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 “Subir para cima” ou “descer para baixo”;
 “Sair para fora” ou “entrar para dentro”;
 “Planejar antecipadamente”.

90. “Semirreta” e “inter-regional”:


Talvez você já esteja por dentro das mudanças que a nova ortografia trouxe para a
hifenização de palavras, mas você sabe por que aquelas duas ali são escritas de maneira
diferente? A questão é que as regrinhas que mandam nesses dois casos são bem
diferentes:

 Na primeira, trata-se de dobrar o “r” de “reta” ao adicionar um prefixo que termina


em vogal (no caso, “semi”). O mesmo acontece com palavras começadas com “s”
e adicionadas de prefixo terminado em vogal: monossilábico, autossatisfação,
minissaia, etc.
 Já a regra que manta separar “inter” e “regional” por hífen é a que diz que palavras
compostas cujo primeiro termo termina com a mesma letra com que começa o
segundo devem ser hifenizadas. É o caso, ainda, de: micro-ondas, sub-
bibliotecário, anti-imperialista, e por aí vai.

91. Plural de substantivos compostos:


Por falar em hífen, já te aconteceu de ter que passar um substantivo composto para o
plural e você não saber se coloca “s” no final dos dois elementos, só do último ou só do
primeiro? Pois agora vamos solucionar esse mistério:
 Os dois termos são flexionados quando são: ou dois substantivos ou um
substantivo e um adjetivo. É o caso de: criados-mudos, couves-flores, obras-
primas, carros-chefes, etc.
 Só o substantivo flexiona quando a palavra é composta por um substantivo e um
verbo. Estamos falando de: guarda-chuvas, porta-copos, para-brisas, guarda-
roupas, etc.

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 Só o primeiro elemento flexiona nas palavras compostas unidas por preposição
(com ou sem hífen): pés de moleque, pães de ló, pimentas-do-reino, cravos-da-
índia, e assim por diante.
 Exceções (achou que não ia ter?!): arco-íris, mapas-múndi e ave-marias, entre
outros.

92. Plural de adjetivos compostos:


Não se desespere! O plural dos adjetivos compostos não é tão complicado quanto o dos
substantivos. Nele, a regra é única: só o último elemento flexiona, independentemente
de haver hífen ou aglutinação. Dê uma olhada:
 Populações afro-americanas.
 Questões político-econômicas.
 Fatores histórico-culturais.
 Práticas socioambientais.

93. “No qual”, “o qual”, “do qual”, “pelo qual”:


O pronome “qual” traz problemas para muita gente, principalmente por vir sempre
precedido por preposição (pelo qual, do qual, no qual) ou por artigo (o qual). Uma dica
interessante é contar o número de sílabas da preposição: se forem duas ou mais, usa-
se “qual”, e não “quem” ou “que”. Por exemplo:
 Falamos sobre um assunto importante. O assunto sobre o qual falamos é
importante.
 Ele passou por uma situação difícil. A situação pela qual ele passou foi difícil.
 Esta é uma estátua antiga, a qual foi construída há 100 anos.
 Estes são os livros sobre os quais lhe falei ontem.

94. “Medeia”, “anseia”, “incendeia”:


Há uma dica simples para nunca mais errar a conjugação dos verbos irregulares. Existem
apenas quatro deles: mediar, ansiar, incendiar e odiar. Portanto, basta compará-las com
o verbo “odiar”. Por exemplo:
 Jonas medeia todos os debates das reuniões.

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 Ainda anseio por um encontro com ele.
 As festas de carnaval incendeiam as ruas da cidade.

95. “Através” e “Por meio de”:


“Vou buscar meus direitos através dos meios jurídicos”: essa frase está incorreta, e você
provavelmente já ouviu alguém utilizar esse termo de maneira errônea. Isso porque
“através” explicita a ideia de atravessar. Por exemplo:
 Ela olhava atentamente através da janela.
 Venho, por meio desta carta, solicitar uma reunião.

96. “A meu ver” e “Ao meu ver”:


Essa é fácil: a expressão “ao meu ver” simplesmente não existe. Simples, né?
A meu ver, os resultados foram satisfatórios.

97. “Há alguns anos atrás”:


Essa frase é redundante. Há duas maneiras corretas para relatar eventos do passado:
 Eu a conheci há dez anos.
 Eu a conheci dez anos atrás.

98. “Ratificar” e “Retificar”:


Ambos os verbos, muitas vezes, são utilizados com semântica oposta, fazendo deste um
erro muito cometido. O termo “ratificar” implica confirmação, comprovação. Já “retificar”
significa corrigir.
 Após analisar os dados, ratifico tudo que disse antes.
 Após analisar os dados, retifico algumas falhas não percebidas antes.

99. “Mas” e “Mais”:


Muitas pessoas confundem esses termos, já que suas grafias são muito semelhantes.
“Mas” é uma conjunção adversativa, e pode ser substituído por “porém”. “Mais”, por sua
vez, é um advérbio de intensidade.
 Fui até o local indicado, mas não encontrei Paulo.

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 Paulo deveria ter sido mais claro.

100. “Trás” e “Traz”:


Embora sejam palavras foneticamente semelhantes, há diferenças em sua utilização.
“Trás” é sinônimo de parte posterior, enquanto “traz” é a conjugação do verbo “trazer”.
 Olhei para trás e vi duas pessoas me perseguindo.
 Todas as quintas, ela traz bolinhos e chá.

101. “Para eu” e “Para mim”:


“Para eu” deve ser utilizado quando o sujeito for seguido de qualquer verbo no infinitivo,
indicando uma ação. Já “para mim” é um pronome pessoal oblíquo, e sempre precedido
de preposição. Ou seja, como complemento de uma oração.
 Preciso fazer compras para eu comer.
 Ela olhou para mim e sorriu.

102. “Encima” e “Em cima”:


Outro erro de português muito comum se refere aos dois termos acima. Ambos existem,
mas enquanto o primeiro vem do verbo “encimar”, o segundo significa que algo está em
um lugar mais alto que o outro.
 O boné encima a cabeça do homem.
 Os quartos ficam em cima da casa.

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