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Fonte: https://tinyurl.com/y2kk2noe
Meu nome é Bruno César dos Santos e sou professor de Língua Portuguesa há pouco
mais de vinte anos, em diferentes níveis de ensino e cenários educacionais. Aproveito
esse pequeno espaço para fazer um desabafo e um convite para reflexão: quase todos
os dias há alguém dando desculpas esfarrapadas ou tecendo reclamações e
disseminando impropérios a respeito das complexidades da nossa língua pátria. Se eu
tivesse um caderninho e anotasse todos esses “queixumes”, eu estaria com tendinite (de
tanto escrever) e um prejuízo danado! Seriam canetas e folhas completamente
preenchidas...
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Se você não entendeu, sendo “poucas e boas”: como é difícil falar corretamente o
português! Essa é a maior queixa que ouço de muitas pessoas, em diferentes contextos.
As justificativas são as mais variadas e mais amplas possíveis. Vai desde “a escola não
ensina direito”, passando pela “complexidade do idioma”, chegando na “falta de leitura”
e “preguiça”
Por outro lado, é possível encontrar uma enxurrada de livros e manuais gramaticais, sites
e portais, cursos presenciais e online, aplicativos e tutoriais, e outros tipos de conteúdos
que tentam atender essa demanda. Neste sentido, o presente material complementar
não tem o intuito de reinventar a roda: sua proposta reside em retomar alguns pontos
elementares para que você possa ler e escrever sem medos, em diferentes cenários de
comunicação, seja um bilhete informativo, como uma resenha ou partes do capítulo
teórico de um artigo científico.
Assim, apresentamos quatro pontos para auxiliar sua reflexão: o primeiro seria
“GRAMATIQUÊS E RISQUINHOS: elementos que fazem parte da escrita e
funcionamento da Língua Portuguesa”. Nele, buscamos retomar alguns aspectos
gramaticais, como crase, pontuação, acentuação, concordâncias nominal e verbal, entre
outros.
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escritos como resumos, resenha, relatórios, projetos de pesquisa, pareceres, trabalhos
de conclusão, etc. E essa batelada de textos assustam – com razão – a muitas pessoas.
Por fim, em “OS ERROS MAIS COMUNS: dicas rápidas e para consulta diária”,
retomamos um material adaptado e produzido pela equipe de produção de conteúdo da
Rock Content, destinado para todos aqueles que desejam ser redatores ou produzir
material digital (vídeos diversos, roteiros documentais e ficcionais, posts em mídias
sociais, stories, etc.).
São 102 (isso mesmo: cento e dois!) erros comuns que foram listados e que merecem a
nossa atenção. Alguns deles já foram apresentados ou comentados ao longo das
atividades aqui apresentadas, pois é melhor “sobrar do que faltar”.
Não podemos esquecer que foram colocados alguns exercícios para autoestudo, no
intuito de verificação do conteúdo apresentado. Vamos começar nossos estudos?
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Fonte: https://tinyurl.com/y2juqrs5
Nesta primeira parte, que tal retomar alguns aspectos muito comuns – mas que às vezes
deixamos de lado – nas variadas situações de comunicação diárias, como: uso da crase,
pontuação, acentuação, concordâncias nominal e verbal, entre outros.
Os motivos dos nossos deslizes são os mais variados: falta de tempo (ou excesso de
pressa) para reler o que foi escrito; o (bendito ou maldito?) corretor de texto, com seus
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truques e deslizes; o pouco (ou nenhum) contato com textos mais densos, bem
elaborados e sem equívocos argumentativos...
De qualquer forma, uma coisa é certa: a rápida apresentação (ou revisão) que será aqui
apresentada serve para você tomar consciência de alguns elementos importantes no
processo de escrita e leitura diária. Utilize os exercícios para praticar tais estruturas de
comunicação.
1. Sinais de pontuação:
Jonas Camargo era um homem muito rico. Espichou a vida o que pôde. Consultava
geriatras, praticava esportes, comia com moderação, bebia bons vinhos, namorava
sempre. Aos cento e poucos anos, caiu e fraturou o fêmur. Na casa de saúde, pegou
infecção hospitalar. Quando viu que tinha chegado a hora de prestar contas a Deus,
resolveu acertar as dívidas com os homens. Papel e caneta na mão, escreveu um bilhete-
testamento. Fez a primeira redação. Mas, cuidadoso, deixou a pontuação para depois.
Sabia que pontos e vírgulas podiam dar interpretações diferentes à mensagem. Eis o
texto:
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Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu
sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada
aos pobres.
A irmã chegou em seguida. Sem pensar duas vezes, pontuou assim o escrito:
O alfaiate pediu cópia do original. E, claro, fez o vento soprar a favor dele:
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Fonte: https://tinyurl.com/yxm5zru3
Mal colocados, no entanto, eles podem provocar confusão ou até mudar o sentido das
frases. Veja,
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Raquel não me respondeu. Quando a procurei, já era tarde.
Raquel não me respondeu quando a procurei. Já era tarde.
Sendo assim, seguem algumas das pontuações (e seus usos) reconhecidos na Língua
Portuguesa: Ponto, Vírgula, Ponto-e-vírgula, Dois-pontos, Interrogação, Exclamação,
Reticências, Aspas, Travessão, Parênteses. Cada uma delas podem ser usadas
separadamente ou de forma combinada, de acordo com contexto ou cenário
comunicativo.
O aposto:
Exemplo: O Rui, irmão de um amigo meu, está na universidade.
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Orações coordenadas que apresentem sujeitos diferentes:
Exemplo: Eu vou passear, e tu vais estudar.
b) Ponto-e-Vírgula:
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Em casos e enumeração de itens, ou em caso de uma explicação que contém
itens, geralmente presentes em livros didáticos, receitas, textos jurídicos, manuais
de instrução, etc. Exemplos:
“Deveremos tratar, nesta reunião, dos seguintes assuntos:
a) cursos a serem oferecidos, no próximo ano, a nossos empregados;
b) objetivos a serem atingidos;
c) metodologia de ensino e recursos audiovisuais;
d) verba necessária”
Para marcar pausas entre orações, quando se intercala alguma conjunção entre
as mesmas. Exemplo:
Eles sabiam de tudo o que se passava no colégio interno; mas, como já era de se
esperar, nunca fizeram nada. Esse não é um caso obrigatório. Quero sair mais
com você; pois um casal precisa ter boas amizades. Amanhã é dia de prova;
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porém não comecei a estudar ainda. Ele chegou adiantado, como de costume;
por isso, presenciou a cena desde o começo.
Quando não há necessidade gramatical do uso do ponto e vírgula, ele pode ter a
função textual de acentuar o sentido adversativo da conjunção ou de separar
orações coordenadas acentuando sentido antitético entre as duas. Exemplo:
O general não temia o que lhe podia acontecer; os soldados, sempre. Muitos se
esforçam; poucos conseguem. Uns trabalham; outros descansam. Se dirigir, não
beba; se beber, não dirija.
c) Travessão:
No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de
interlocutor nos diálogos. Exemplos:
– O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.
Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para
realçar o aposto. Exemplo:
"Junto do leito meus poetas dormem – O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)
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"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a
superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das
religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e
como o êxtase." (Raul Pompeia).
d) Dois pontos:
Anteceder uma citação ou fala de alguém. Exemplo:
Muito formal, a diretora da firma insistiu:- V. Sa. está praticamente falido, sem
garantias, não pode solicitar empréstimo...
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g) Exercícios:
Use a vírgula onde necessário:
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14. Fomos assaltados por um mascarado aliás por dois.
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15. Filipe saiu dizendo por aí que já foi a Júpiter; não a Plutão!
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16. Filipe aonde é que você foi? A Plutão! Você está maluco Filipe?
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17. À noite quase todos os dias íamos tomar água-de-coco na avenida à beira-mar.
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18. De repente senti que tudo aquilo era ilusão.
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19. Na praia ao nosso lado duas garotas conversavam sobre novela sobre moda e
sobretudo sobre rapazes.
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20. Depois daquela conversa as lágrimas foram então deslizando pelo seu lindo rosto
uma a uma.
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Fonte: https://tinyurl.com/yxmqr3n4
Dá-se o nome de crase (à) à contração entre a preposição "a" e o artigo definido feminino
singular "a". Os artigos apresentam a propriedade de se contraírem a determinadas
preposições (ex.: de + o = do; em + uma = numa).
Na contração entre a preposição "a" e o artigo definido "a" a representação da forma "aa"
é substituída pelo emprego do acento grave sobre um único "a". A esse fenômeno
chamamos craseamento.
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João voltou à (a preposição + a artigo feminino) cidade natal.
O menino deu o recado à (a preposição + a artigo feminino) mãe.
Os documentos foram levados às (a preposição + as artigo feminino plural)
autoridades.
d) Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão
voltar da, é porque ocorre a crase:
Fui à Holanda (Fui para a Holanda);
Iremos a Curitiba (Voltaremos de Curitiba)
Iremos à Bahia (Voltaremos da Bahia)
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e) Não ocorre a crase:
Antes de verbo:
Voltamos a contemplar a lua.
f) Crase Facultativa:
Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me à (a) Juliana.
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Depois da preposição até:
Dirija-se até à (a) porta.
g) Casos Particulares:
Casa: Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem
determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase. Exemplos:
Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais
Terra: Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não ocorre
crase. Exemplos:
Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.
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i) Exercícios:
1. "O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor".
a. à - a - aquilo b. a - a - àquilo c. a - à - àquilo
d. à - à - aquilo e. à - à - àquilo
2. "A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __- duas quadras da Avenida
Central".
a. à - há b. a - à c. a - há
d. à - a e. à - à
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d. às - aquelas - à e. as - àquelas - à
7. A alusão _____ lembranças da casa materna trazia _____ tona uma vivência
_____ qual já havia renunciado.
a. às - a - a b. as - à - há c. as - a - à
d. às - à - à e. às - a - há
9. _____ dias não se consegue chegar _____ nenhuma das localidades _____ que
os socorros se destinam.
a. Há - à - a b. A - a - a
c. À - à - a d. Há - a - a
e. À - a – a
10. Fique _____ vontade; estou _____ seu inteiro dispor para ouvir o que tem
_____ dizer.
a. a - à - a b. à - a - a
c. à - à - a d. à - à - à
e. a - a - a
11. No tocante _____ empresa _____ que nos propusemos _____ dois meses,
nada foi possível fazer.
a. àquela - à - à b. aquela - a - a
c. àquela - à - há d. aquela - à - à
e. àquela - a - há
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a. à - à - à b. a - à - a
c. a - à - à d. à - à - a
e. à - a - a
13. A tese _____ aderimos não é aquela _____ defendêramos no debate sobre os
resultados da pesquisa.
a. a qual - que b. a que - que
c. à que - a que d. a que - a que
e. a qual a que
14. Em relação _____ mímica, deve-se dizer que ela exerce função paralela
_____ da linguagem.
a. a - a b. à - à
c. a - à d. à - aquela e. a – àquela
15. Foi _____ mais de um século que, numa reunião de escritores, se propôs a
maldição do cientista que reduzira o arco-íris _____ simples matéria: era uma
ameaça _____ poesia.
a. a - a - à b. há - à – a c. há - à - à
d. a - a - a e. há - a - à
16. A estrela fica _____ uma distância enorme, _____ milhares de anos-luz, e não é
visível _____ olho nu.
a. a - à - à b. a - a - a c. à - a - a
d. à - à - a e. à - a - à
18. Estavam _____ apenas quatro dias do início das aulas, mas ele não estava
disposto _____ retomar os estudos.
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a. há - à b. a - a c. à - a
d. há - a e. a - à
19. Disse _____ ela que não insistisse em amar _____ quem não _____ queria.
a. a - a - a b. a - a - à c. à - a - a
d. à - à - à e. a - à - à
20. Quanto _____ suas exigências, recuso-me _____ levá-las _____ sério.
a. às - à - a b. a - a - a c. as - à - à
d. à - a - à e. as - a - a
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A secretária sabe que deve bater isto a máquina, e não fazer a mão.
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Um homem foi ferido a bala, e um outro, morto a tiros.
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3. Acentuação:
A acentuação é um fenômeno que se manifesta tanto na língua falada quanto na escrita.
No âmbito da fala, marcamos a acentuação das palavras de forma automática, com uma
sutil elevação da voz. Eventualmente, ocorrem dúvidas quanto à pronúncia que são na
verdade dúvidas quanto à acentuação de determinada palavra.
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c) Monossílabas Tônicas: pá, pé, pó. Guaraná, harém, através, atrás, parabéns,
ninguém, três, cipó, porém, ilustrá-lo…
e) Novas regras ortográficas (2008) – Acento Agudo: serão retirados os acentos nos
seguintes casos, que anteriormente eram aceitos:
Nos ditongos abertos “ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembleia",
"ideia", "heroica" e "jiboia”(penúltima sílaba).
Nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo.
Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca”.
Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de
"g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos,
como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a
ser grafadas averigue, apazigue, arguem.
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"péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
"pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e"lo")
"pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo” (substantivo) e "pelo“ (combinação da
preposição com o artigo)
"pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera“
(preposição arcaica)
A história é conhecida, mas vale uma reflexão. “Nossas maiores oportunidades nos
parecem habilmente disfarçadas em problemas insuperáveis.” Na década de 1970, Lee
Laccocca era o presidente da Ford Motor Company com uma atuação dinâmica e
vitoriosa. Ele tinha criado o Mustang, um carro que vendeu mais unidades no seu
primeiro ano de existência do que qualquer outro carro na história do automóvel. Ele
tinha levado a Ford a obter lucros em torno de 1 bilhão e 800 milhões de dólares por dois
anos seguidos. Ganhava cerca de 970.000 dólares por ano e era tratado regiamente.
Mas vivia à sombra de Henry Ford II, um homem que Laccocca descreve como
caprichoso e despeitado. Em 13 de Julho de 1978 Henry Ford o despediu. Menos de
quatro meses depois, Laccocca tornava-se presidente da Chrysler, uma companhia que
havia anunciado uma perda de 160 milhões de dólares em três trimestres seguidos, o
pior déficit que ela já tivera. Laccocca achou que a Chrysler não era bem administrada –
seus trinta e um vice-presidentes estavam trabalhando sozinhos, em vez de trabalharem
em conjunto. A escassez de petróleo de 1979 agravou os problemas da Chrysler, visto
que o preço da gasolina dobrou e as vendas de carros grandes caíram rapidamente. Em
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1980, a Chrysler perdeu 1 bilhão e 700 milhões de dólares, a maior perda operacional
de empresas dos Estados Unidos. Mas Laccocca estava transformando seus obstáculos
em oportunidades. Primeiro, tinha sido despedido. Depois chegou à presidente de uma
companhia que a maioria das pessoas pensava estar a caminho da bancarrota. Mas sem
esses obstáculos, Lee Laccocca nunca teria tido a chance de revelar-se. Ele estava
decidido a não desistir. Concessões da União, agilização das operações da Chrysler, a
criação de novos produtos – tudo isso contribuiu para a recuperação da companhia. Em
1982 a Chrysler conseguiu lucros modestos. Em 1983 obteve os maiores lucros de sua
história. E, em julho daquele ano, liquidou seu controvertido empréstimo avalizado pelo
governo – sete anos antes de seu vencimento. A Chrysler introduziu novos modelos que
entusiasmaram o público americano: o econômico carro-K, conversíveis, e o mini-furgão.
As ações da companhia subiram de dois para trinta e seis dólares. Seus acionistas
ganharam dinheiro, bem como renovaram a confiança na empresa. O desafiante slogan
tornou-se conhecido na nação inteira: "Se você conseguir achar um carro melhor,
compre-o!" Lee Laccocca chegou a ser um dos mais respeitados líderes empresariais da
América, e quando sua autobiografia foi publicada em 1984, quebrou todos os recordes
de vendas de livros. Essas oportunidades não teriam chegado a Lee Laccocca se ele
não tivesse tido os obstáculos que teve: ser despedido da Ford e enfrentar uma situação
de quase bancarrota na Chrysler. Nesses obstáculos, ele encontrou suas maiores
oportunidades. Todo revés traz dentro de si a semente de um avanço equivalente. Cabe
a nós apenas procurá-lo.
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A imponencia do pinheiro e a beleza do ipe começaram ambas na simplicidade das
sementes...
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Se não fosse a gota, não haveria chuvas...
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O mais singelo ninho se fez de pequenos gravetos...
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E a mais bela construção não se teria efetuado senão a partir do primeiro tijolo...
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As imensas dunas se compõem de minusculos grãos de areia...
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Como ja se refere o adagio popular, nos menores frascos se guardam as melhores
fragrancias...
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É quase incrivel imaginar que apenas sete notas musicais tenham dado vida à "Aleluia",
de Hendel...
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O brilhantismo de Einstein e a ternura de Tereza de Calcuta tiveram que estagiar no
periodo fetal...
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Nem mesmo Jesus, expressão maior de Amor, dispensou a fragilidade do berço...
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... Assim tambem o mundo de paz, de harmonia e de amor com que tanto sonhamos só
sera construido a partir de Pequenos Gestos de compreensão, solidariedade, respeito,
ternura, fraternidade, benevolencia, indulgencia e perdão, dia a dia...
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Ninguem pode mudar o mundo... Mas podemos mudar uma pequena parcela dele...
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Esta parcela nos chamamos de "Eu".
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_______________________________________________________________4.
Concordância Verbal e Nominal:
A concordância é um processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam,
na sua forma, às palavras de que dependem. Essa acomodação formal se chama
“flexão” e se dá quanto ao gênero, número e pessoa.
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Concordância do verbo com o sujeito composto – 3º. Caso: Quando o sujeito
composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o plural
na pessoa que tiver prevalência.
Eu, tu e ele fizemos o exercício.
Tu e ele fizestes / fizeram.
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esses pronomes estiverem no plural o verbo concordará com ele ou com o
pronome pessoal.
Qual de nós?
Qual de nós viajará?
Quais de nós viajarão (viajaremos)?
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Casos Especiais de Concordância Verbal – 8º. Caso: Os verbos impessoais
ficam sempre na 3º pessoa do singular.
Faz 5 anos...
Havia crianças na fila.
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Casos Especiais de Concordância Verbal – 12º. Caso: Quando o "se" funcionar
como Índice de Indeterminação do Sujeito o verbo ficará sempre na 3º pessoa do
singular.
Precisa-se de secretária.
Vive-se bem aqui.
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16. _____________ as canetas no chão. (caiu/caíram)
17. Duas guerras ______________ neste século. (houve/houveram)
18. Noventa por cento dos brasileiros ________ a medida. (aprovou/aprovaram)
19. Fomos nós quem _____________ a despesa. (pagou/pagamos)
20. _______________ cinco horas o relógio da igreja. (deu/deram)
21. Tenham calma, que ainda não ______cinco horas. (deu/deram)
22. Mais de duas pessoas ______________ no acidente. (morreu/morreram)
23. O dono disso tudo aí ainda _____________ eu. (sou/é)
24. __________ três minutos para as dez horas. (falta/faltam)
25. ______ exatamente duas horas e trinta minutos. (é/são)
26. Mil reais ____________ muito dinheiro naquela época. (era/eram)
27. Ele ou eu ____________ com ela. (casará/casarei)
28. Dinheiro, conforto, luxo, nada para ele ________valor. (tinha/tinham)
29. O autor ou os autores do crime _________ pena máxima. (cumprirá/cumprirão)
30. Cada um dos jornalistas ____________ coisas diferentes. (disse/disseram)
31. Cada um de nós ___________ responsável pelo que fazemos. (é/somos)
32. Nenhum de nós __________ pouco este ano. (ganhou/ ganharam)
33. O pessoal da fábrica somente_____________ barulho. (fez/fizeram)
34. O quarto, a sala, o apartamento, o edifício ___________ (ruiu/ruíram)
35. Cada colega, cada professor, cada pessoa me _________.
(incentivava/incentivavam)
36. A decência e a honestidade _____________ aqui. (impera/imperam)
37. Grande parte das atrizes _____________ nesta peça. (aparece/aparecem)
38. Sou um homem que ________. (acredito/ acredita)
39. Hoje sou eu quem _____________ tudo. (pago/ paga)
40. Um bando de aves _____________ na árvore. (pousou/pousaram)
41. Noventa por cento dos alunos__________ aprovação. (conseguiu/conseguiram)
42. _________ dez anos que saí da escola. (faz/ fazem)
43. ________ Vossa Excelência os protestos de nossa estima. (receba/recebei)
44. ___________ alguns distúrbios durante o comício. (houve/ houveram)
45. Os Estados Unidos são um dos países que mais __________ pela liberdade. (luta/
lutam)
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46. Aqui não se ______________ serviços gratuitamente. (presta/prestam)
47. _____________ ainda alguns minutos para o término do jogo. (resta/restam)
48. Cada um de vocês __________ um pacote. (leva/levam)
49. Ana foi uma das moças que mais me __________. (agradou/ agradaram)
50. Sempre fui um estudante que ___________ muito. (estudei/ estudou)
51. Um bando de estudantes ___________uma batucada infernal. (fazia/faziam)
52. Vossa Senhoria __________ passando bem. (está/ estais)
53. A baronesa é uma das pessoas que mais________ de nós. (desconfia/ desconfiam)
54. ________apartamentos em lugar aprazível. (aluga-se/alugam- se)
55. Ela com a sua turma _________ a multidão. (catequizou/ catequizaram)
56. Ele ou tu_______________ nosso paraninfo. (será/serás)
57. Dois terços do pescado _____________ (estragou/ estragaram)
58. __________ coisas que não compreendiam. (havia/ haviam)
59. As casas, as fábricas, as ruas, tudo _________ poluição. (parecia/ pareciam)
60. Uma ou outra roupa lhe ______ muito bem. (fica/ficam)
61. O calor ou o frio excessivo ________ temperaturas nocivas aos doentes. (era/eram)
62. Vinte e quatro horas não _________ muito tempo. (é/são)
63. Os Lusíadas ______ Camões. (imortalizou/ imortalizaram)
64. Cada uma das mulheres ________uma heroína no baile.
(representava/representavam)
65. Nenhum dos rapazes__________ aqui. (permaneceu/permaneceram)
66. Fui o último que________ em casa. (entrou/ entrei)
67. Pai e filho_________ diariamente. (discutia/ discutiam)
68. Uma e outra moça _____________ a cena. (presenciou/ presenciaram)
69.________ três meses que não a vejo. (faz/fazem)
_______________________________________________________________5.
Preposição é a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo que o
segundo depende do primeiro, ou seja, que o segundo (termo regido) é complemento ou
adjunto do primeiro (termo regente). As preposições podem ser: essenciais ou
acidentais.
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Exemplos: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
por, sem, sob, sobre, trás.
Acidentais são as que passaram a funcionar como preposições, mas são
provenientes de outras classes gramaticais (verbos, adjetivos, advérbios).
Exemplos: conforme, consoante, segundo, durante, mediante, como, salvo, fora.
_______________________________________________________________6.
Verbos
Indicam qualquer processo dinâmico: o que depende da vontade do homem (ex.:
guerrear) e o que não depende (ex.: chover); o que se passa em seu mundo interior (ex.:
sonhar) e o que acontece no mundo exterior (ex.: navegar). A ação contida no processo
pode dirigir-se a um alvo, pode precisar de um elemento pelo qual se desenvolva, pode
ter um destino.
Em: Eu acendi
A ação contida em acender exige um alvo, pois quem acende, acende ALGUMA COISA.
Eu acendi A LENHA
Quando a ação requer um alvo, um elemento, um destino, sob o ponto de vista da sintaxe
ocorrem verbos que exigem complemento, denominados Verbos Transitivos
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Lembrando que Sintaxe: parte da gramática que estuda a disposição das palavras na
frase e das frases no discurso.
Verbo Transitivo Direto e Indireto: esse tipo de verbo exige Objeto Direto e Objeto
Indireto ao mesmo tempo.
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Muitos verbos podem expressar uma ação que não requer um alvo, um elemento ou um
destino. O processo dinâmico concentra-se no próprio ser, transita com ele. Sob o ponto
de vista da sintaxe, esses verbos não exigem complemento e denominam-se Verbos
Intransitivos:
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• Verbos que indicam movimento: ir, vir, partir, voltar, chegar, entrar, etc.
• Verbos que indicam ação: brincar, nadar, ajoelhar, lutar, etc
• Verbos que indicam fenômenos da natureza: amanhecer,anoitecer, chover,
trovejar, nevar, ventar, etc.
• Verbos que indicam fenômenos naturais: adormecer, dormir, acordar, nascer,
crescer, viver, morrer, etc.
• Verbos que indicam situação: estar, ficar, permanecer, etc
7. Regência é a relação de dependência que existe entre os termos de uma frase. Assim
uma palavra que não tenha sentido completo (termo regente) é complementada por uma
ou mais palavras (termo regido).
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1. (FCC-Adaptada) ... que consomem 46% de toda a gasolina do planeta ...
O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase:
a) ... o mundo sofre com a falta de capacidade de refino moderno ...
b) ... e outros adjacentes na Bacia de Santos vem em ótima hora ...
c) Outra oportunidade reside em investimentos maciços em capacidade de refino.
d) ... mas esta é uma tendência que se vem espalhando como fogo em palha.
e) ... para gerar produtos de alto valor ambiental.
3. (UNIP) Quando repeti isto, pela terceira vez, pensei no seminário, mas como se
pensa em perigo que passou, um mal abortado, um pesadelo extinto; todos os meus
nervos me disseram que homens não são padres. (Machado de Assis)
Na frase acima, os verbos destacados são:
a) Transitivo direto – transitivo indireto – intransitivo
b) Transitivo direto – transitivo direto – transitivo direto
c) Transitivo indireto – intransitivo – transitivo direto
d) Intransitivo – intransitivo – intransitivo
e) Intransitivo – transitivo direto – transitivo direto
4. (UCMG-Adaptada)
1. “A vergonha foi enorme.” – transitivo direto e indireto
2. “Procura insistentemente perturbar-me a memória.” – transitivo direto
3. “Fiquei, durante as férias, no sítio de meus avós.” – de ligação
4. “Para conseguir o prêmio, Mário reconheceu-nos imediatamente.” – transitivo direto
39
5. “Ela nos encontrará, portanto é só fazer o pedido.” – transitivo direto
7. (IFB) A análise da transitividade verbal não deve ser feita isoladamente, mas sim
de acordo com o texto. O mesmo verbo pode estar empregado ora
40
intransitivamente, ora transitivamente, ora com objeto direto, ora com objeto
indireto. Dessa forma, indique a alternativa INCORRETA:
a) Perdoai sempre. (verbo intransitivo)
b) Perdoai as ofensas. (verbo transitivo direto)
c) Perdoais aos inimigos. (verbo transitivo indireto)
d) Por que sonhas, ó jovem poeta? (verbo transitivo direto)
e) Sonhei um sonho guinholesco. (verbo transitivo direto)
9. (Mackenzie) (…) “Do Pantanal, corra até Bonito, onde um mundo de águas
cristalinas faz tudo parecer um imenso aquário.” (O Estado de São Paulo) Assinale
a alternativa que apresenta a correta classificação dos verbos do período acima,
quanto à sua predicação.
a) intransitivo – transitivo direto – de ligação
b) transitivo indireto – transitivo direto – de ligação
c) intransitivo – transitivo direto – transitivo direto
d) transitivo indireto – transitivo direto – transitivo direto
e) intransitivo – intransitivo – intransitivo
10. (FGV-2003) Assinale a alternativa em que, pelo menos, um verbo esteja sendo
usado como transitivo direto.
a) Dependeu o coveiro de alguém que rezasse.
b) Oremos, irmãos!
c) Chega o primeiro raio da manhã.
41
d) Loureiro escolheu-nos como padrinhos.
e) Contava com o auxílio de Marina para cuidar do evento.
11. (FGV) Em cada uma das alternativas abaixo, está sublinhado um termo iniciado
por preposição. Assinale a alternativa em que esse termo não é objeto indireto.
a) O rapaz aludiu às histórias passadas, quando nossa bela Eugênia ainda era
praticamente uma criança.
b) Quando voltei da Romênia, o Brasil todo assistia à novela da Globo, todos os dias.
c) Quem disse a Joaquina que as batatas deveriam cozer-se devagar?
d) Com a aterrissagem, o aviador logo transmitiu ao público a melhor das impressões.
e) Foi fiel à lei durante todos os anos que passou nos Açores.
42
13. (ITA)
OS CÃES
- Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial* é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta*
é um mar morto no centro do organismo universal. DAÍ A POUCO demos COM UMA
BRIGA de cães; fato que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria valor,
Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles*
estava um osso, MOTIVO DA GUERRA, e não deixou de chamar a minha atenção para
a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-
se*, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a bengala
DEBAIXO DO BRAÇO, e parecia em êxtase.
- Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando. Quis arrancá-lo dali, mas não
pude; ele estava arraigado AO CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga cessou*
INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi levar a sua fome A OUTRA
PARTE. Notei que ficara sinceramente ALEGRE, posto* contivesse a ALEGRIA,
segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me observar a beleza do espetáculo,
relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; mas a privação do
alimento era nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em
algumas partes do globo o espetáculo é mais grandioso: as criaturas humanas é que
disputam aos cães os ossos e outros manjares menos APETECÍVEIS; luta que se
complica muito, porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de
sagacidade que lhe deram os séculos etc.
43
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II) FORMATOS E FORMAS: alguns dos tipos de textos mais utilizados no cotidiano
O termo tipologia textual designa uma sequência definida pela natureza linguística de
sua composição, ou seja, está relacionado com questões estruturais da língua,
determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal.
Objetivamente, dizemos que o tipo textual é a forma como o texto apresenta-se.
Podem variar entre cinco e nove tipos, contudo, os mais estudados e exigidos nas
diferentes provas de vestibular e concursos no Brasil são a narração, a dissertação, a
descrição, a injunção e a exposição. Veja as principais características dos três primeiros
(narração, descrição e dissertação).
Podemos obter tudo isto se o aluno ou o escritor, por esforço próprio, colorir as
pessoas, os objetos, o ambiente com visão nova, transformando o familiar em
incomum e o incomum em familiar, despertando a emoção experimentada ao
completá-los.
Uma boa descrição não é aquela em que se retrata o objeto visto no momento,
mas a que alerta e estimula as mais variadas sensações: tato, olfato, visão,
audição, gosto, forma, cor e movimento que permitem a impressão global.
44
Pátria, a união dos povos. Futebol é saúde, amizade, solidariedade, saber vencer.
Futebol é arte, cultura, educação. Futebol é balé, samba, capoeira. Futebol é fonte
de riqueza. Futebol é competição leal.
Modelo de Descrição: “Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios.
Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas.
Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e
nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”
b) Dissertação: Tipo de texto opinativo em que ideias são desenvolvidas por meio
de estratégias argumentativas. Sua maior finalidade é conquistar a adesão do
leitor aos argumentos apresentados. Os gêneros que se apropriam da estrutura
dissertativa são: ensaio, carta argumentativa, dissertação, editorial etc.
45
Assim, o Primeiro Parágrafo Seria:
O mundo moderno caminha para sua própria destruição, pois tem havido
inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por
sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma
catástrofe nuclear.
Observe que entre o tema e os argumentos existem palavras que ligam as partes
da Introdução. São essas palavras que vão dar Coesão (clareza) ao tema e seus
argumentos.
Exemplo:
Nestas últimas décadas temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste
lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande
extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na América Central que,
envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um
confronto mundial de proporções incalculáveis.
Como você pode perceber, às vezes é bom usar exemplos (grifo) para comprovar
as afirmações. Próximo parágrafo, outro argumento:
46
Observe o termo em destaque, ele ajuda a ligação com o parágrafo anterior -
coesão textual.
Último Parágrafo:
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Não utilize provérbios ou ditos populares.
Ex.: Afinal, já dizia meu avô: Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és.
Não use “eu acho, eu penso...”, nem conte fatos de sua vida particular.
• Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não
sejam de domínio público.
Ex.: O filho de minha vizinha, Dona Laura, trabalhava em uma dessas plataformas.
Evite as abreviações.
Ex.: O ministro c/ seus assessores saíram da sala de reunião.
48
• R3: as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas
mais profundas e duradouras.
49
Por isso tudo, entendemos que a zona rural proporciona a seus habitantes
maiores possibilidades de viver com tranqüilidade. Esperamos que o homem
metropolitano pratique hábitos saudáveis, como fazer exercícios, caminhar,
alimentar-se com muita verdura e legume, fazer amigos e desfrutar com da
companhia da família. Então, as dificuldades que afligem os habitantes devem
ser compensadas com atividades prazerosas para que consiga desfrutar de uma
vida com alguma qualidade.
Proposta de Solução
Esperamos que o homem metropolitano pratique hábitos saudáveis, como fazer
exercícios, caminhar, alimentar-se com muita verdura e legume, fazer amigos e
desfrutar com da companhia da família.
Quando for redigir uma história, a primeira decisão a ser tomada é se o narrador
será um personagem ou não. Tanto é possível contar uma história que ocorreu
com outras pessoas como narrar fatos acontecidos com o narrador. Essa decisão
determinará o tipo de narrador a ser utilizado na sua composição.
Exemplo: Andava pela rua quando de repente tropecei num pacote embrulhado
em jornais. Agarrei-o vagarosamente, abri-o e vi,surpreso, que lá havia uma
grande quantia em dinheiro.
50
Exemplo: João andava pela rua quando de repente tropeçou num pacote
embrulhado em jornais. Agarrou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá
havia uma grande quantia em dinheiro.
Observação: Em textos que apresentam o narrador de 1.ª pessoa, ele não precisa
ser necessariamente a personagem principal; pode ser somente alguém que,
estando no local dos acontecimentos, os presenciou.
51
Uma vez conhecidos esses elementos, resta saber como organizá-los para
elaborar uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúmeras formas
de dispô-los.
Esquema de Narração
1º Parágrafo: explicar que fato será narrado; determinar o tempo e o lugar -
INTRODUÇÃO
2º Parágrafo: causa do fato e apresentação das personagens -
DESENVOLVIMENTO
3º Parágrafo: modo como tudo aconteceu (detalhadamente).
4º Parágrafo: consequências do fato – CONCLUSÃO
e) Exercícios: Leia o texto “Como morrer mais cedo em São Paulo”, de Gilberto
Dimenstein, retire um tema e escreva um texto dissertativo, usando o esquema
abaixo.
Esquema de Dissertação
1º parágrafo: Introdução
Tema + argumento 1 + argumento 2+ argumento 3
2º / 3º/ 4º parágrafos: Desenvolvimento
2º parágrafo: desenvolvimento do argumento 1
3º parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4º parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5º parágrafo: Conclusão
Expressão inicial + reafirmação do TEMA + observação final
52
Ele e seu grupo de 30 pesquisadores da USP diagnosticam que, por dia, na cidade de São
Paulo, a poluição mata prematuramente 12 pessoas e produz 200 vítimas de pneumonia, infarto
do miocárdio, asma, otite, entre outras doenças. É o suficiente para reduzir em um ano a
expectativa de vida do paulistano.
As invisíveis partículas que saem dos escapamentos dos automóveis mataram, em 2007, o
dobro- isso mesmo, caro leitor, o dobro - do que os assassinatos. Se imaginarmos um estádio
superlotado do Morumbi, teremos uma idéia do que representam anualmente as 200 pessoas
que todos os dias adoecem por causa da poluição.
A frustração de Saldiva é que, apesar de seu diagnóstico baseado em pesquisas científicas, a
poluição aumenta e mata cada vez mais gente, mas não gera tanta mobilização como a
violência, a maior preocupação dos paulistanos.
As duas últimas semanas serviram para aumentar a frustração de Saldiva -um médico que,
para dar o exemplo, se locomove pela cidade montado em uma bicicleta. De 2006 a 2007,
como noticiou a Folha, aumentou em 54% o número de vezes em que a qualidade do ar estava
imprópria. Nesse mesmo período, a taxa de homicídios na cidade de São Paulo caiu 22%.
Desde 1990, a redução foi de 73%.
São agradados, no geral, com pontes, viadutos, alargamento de ruas e avenidas, levados à
ilusão de que a circulação vai melhorar. As obras rendem votos (e, quem sabe, ajuda em caixa
de campanha), mas não soluções. Tanto não rendem soluções que já existem cálculos sobre
o dia e a hora em que a cidade vai, literalmente, parar.
Existe luz no fim do túnel? Existe. Mas ainda está muito difícil enxergá-la justamente por causa
do excesso de fumaça.
Os crescentes incômodos com o trânsito e com a ecologia, traduzidos nas horas paradas e nas
mortes e doenças, abrem espaço para que, nesta eleição municipal, se discuta até que ponto
53
vale a pena apoiar medidas impopulares e, ao mesmo tempo, gestões urbanas mais
sofisticadas.
Assim como são sofisticados os planos de integração dos vários sistemas de transportes,
formando uma malha eficiente, acoplados a projetos destinados a aproximar moradia ao
trabalho. Um dos planos mais ousados é a recuperação da orla ferroviária, antiga área de
fábricas e hoje subutilizada, em pólo dinâmico, tirando-se proveito da existência de centenas
de quilômetros de trilhos.
Medidas dessa complexidade exigem uma política diferenciada para as regiões metropolitanas,
a começar da aliança de vários prefeitos vizinhos, em parceria com o governador e o
presidente.
Mesmo que saiam do papel, esses planos não bastam. Os mais experientes especialistas de
trânsito asseguram que serão exigidas medidas antipáticas. Uma delas é limitar as entregas
de carga a determinados horários, o que desagrada aos comerciantes. Outra, ainda mais
impopular, é fazer pedágio urbano para tirar os carros das ruas e, ao mesmo tempo, financiar
o transporte público.
Vai dar muita briga, mas, depois, todos vão aceitar. Ninguém quer mais tirar o rodízio nem se
pede mais o fim dos talões de zona azul, duas medidas que provocaram incômodos quando
lançadas. O que não sabemos é se, desse pleito, vai sair um plano capaz de colocar seu projeto
político individual abaixo dos interesses coletivos e topar uma briga que pode-se perder no
presente, mas se ganha no futuro.
O prefeito de Londres impôs o pedágio, apanhou de todos os lados, mas venceu e hoje é
reverenciado pelos londrinos e aplaudido mundialmente pela sua coragem.
O que está em discussão não é o trânsito, mas a construção de uma sociedade civilizada.
Provavelmente, vai aparecer a luz no fim do túnel quando os eleitores ficarem tão irritados com
as mortes provocadas pela poluição como os assassinatos cometidos por marginais.
Não fosse a pressão, São Paulo não teria reduzido em 73% o número de assassinatos.
54
Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd100308.htm)
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No dia a dia dos estudos acadêmicos, é normal aparecer uma nova leva de trabalhos e
atividades que não são cotidianamente presentes em nossa rotina, como resumos,
resenha, relatórios, projetos de pesquisa, pareceres, trabalhos de conclusão, etc.
A partir deste cenário “imposto”, apresentamos algumas sugestões para você poder
começar a escrever e sobreviver na grande quantidade de tarefas que os estudos
solicita. Afinal, a escrita está presente em todo lugar. Assim, seguem algumas dicas para
fazer um resumo, como também elaborar uma paráfrase.
56
Não se esquecer de utilizar palavras que estabeleçam relações lógicas entre as
frases (por causa de, dessa forma, além disso, depois, por outro lado etc.);
Manter-se fiel às ideias do autor, sem acrescentar comentários ou críticas.
57
d) Utilizar construções que não sejam uma simples repetição daquelas que estão
no original e, sempre que possível, um vocabulário também diferente.
Fonte: https://tinyurl.com/y4tdvqt5
Exemplo 1:
Pegue o pano e enxugue a louça.
Pegue o pano e seque a louça.
Explicação: O verbo "enxugar "foi trocado por seu sinônimo "secar". Essa é uma
transformação que utiliza sinônimos.
58
Exemplo 2:
A mãe contou a história ao filho.
A história, ao filho, a mãe contou.
c) Resenha: É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre
ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto,
de um texto de informação e opinião. O objetivo da resenha é divulgar objetos
culturais como livros, filmes, peças de teatros, etc. Ela pode ser:
59
Crítica: expõe o conteúdo e tece uma análise profunda do pensamento teórico do
autor. Explicita juízo de valor sobre a qualidade do texto.
60
Cuidado com a leitura de textos e achar que eles podem ser incorporados, na
íntegra, no teu trabalho. Isso é apropriação de conteúdo de outros autores.
Assim, faça paráfrase sempre! Reescreva e faça citação indireta. Ou faça
pequenas citações diretas, sempre registrando a partir das normas da ABNT.
Faça versões dos arquivos que você vai escrevendo e corrigindo. Em outras
palavras, a cada dia que você altere, crie uma versão e salve em diferentes
lugares. Assim, você não corre o risco de “perder os arquivos” e também
poderão retomar de atividades os registros mais recentes.
NUNCA diga: “está tudo em minha cabeça. Basta escrever”. É mentira que
muitas pessoas usam para dizer que sabem do assunto, mas sequer
produziram uma linha de texto.
61
Não tem o que fazer: sente e escreva.
e) Exercícios:
Faça uma paráfrase do texto a seguir. Se necessário, reorganize as estruturas
do documento em questão, respeitando a organização e argumentos
apresentados
Se tivessem que optar entre preservar o meio ambiente ou manter a rentabilidade dos seus
negócios, os empresários brasileiros ficariam divididos: enquanto 47% afirmam que preferem
não perder a rentabilidade, 43% garantem que adotariam práticas verdes, mesmo que isso
prejudicasse o desempenho de suas empresas. Estes dados foram revelados pelo International
Business Report (IBR), estudo da Grant Thornton International, representada no Brasil pela
Terco Grant Thornton. A pesquisa ouviu 7.200 empresas privadas de capital fechado (ou
privately held businesses, PHBs) de 36 países – no Brasil, foram consultadas 150 empresas,
sendo cem de São Paulo, 25 do Rio de Janeiro e 25 da Bahia. Na média global, com resultados
de todos os países pesquisados, 51% dos executivos consultados no estudo afirmaram que
adotariam práticas verdes em detrimento dos lucros. Já 36% disseram que preferem se
importar com os negócios e 13% não souberam responder à pergunta (entre os brasileiros,
10% não responderam). Entre todos os empresários ouvidos na América Latina, 56% garantem
que adotariam práticas ambientalmente corretas. Já 37% preferem manter a rentabilidade. O
Chile é o país com maior preocupação ambiental (89%), seguido da Argentina (80%) e do
México (60%). A região da Ásia Oriental concentra o maior número de empresários dispostos
a defender o meio ambiente (61%). Em uma outra pergunta da pesquisa, onde os empresários
deveriam dizer se consideram que a comunidade empresarial do seu país se preocupa ou não
com o meio ambiente, foi feita uma média entre as respostas positivas e as negativas. A média
mundial foi de 30%. Entre os brasileiros, este número foi de 34%. Os países nórdicos foram os
que deram a nota mais alta, sendo que a média foi de 61%. A média mais baixa foi entre os
países da América Latina, com 14%. A Argentina foi o país onde essa percepção foi mais
negativa, sendo que o índice final foi de -34%. É interessante notar que nos países onde a
percepção com a preocupação ambiental foi baixa, como na Argentina, Turquia, Grécia e
China, os empresários estão mais dispostos a abrir mão do lucro para melhorar o meio
ambiente. Wanderlei Ferreira, sócio do Terco Grant Thornton, explica que o processo de
evolução da sociedade com relação às questões ambientais é o grande responsável pelos
62
resultados obtidos no Brasil. “O meio empresarial está percebendo que o consumidor está cada
vez mais preocupado com essas questões”, afirma. Segundo o executivo, a pressão dos
consumidores deve aumentar nos próximos anos, levando o setor produtivo a mudar de atitude.
“Os empresários também estão notando que é preciso preservar a natureza, pois, se não
cuidarem da sustentabilidade, no futuro itens como matéria-prima poderão ficar cada vez mais
caros e escassos”, explica. Para Wanderlei Ferreira, no entanto, essa mudança de paradigma
deve ser longa e difícil. “Mas, no final, aquelas empresas ainda não conscientes da preservação
do meio ambiente mudarão seu comportamento.” Alex MacBeath, líder global da Grant
Thornton International para serviços a PHBs, diz que a pesquisa mostra claramente que há
muitos países preocupados em conservar o meio ambiente. “O lucro não é, claramente, o único
fator que conduz as práticas empresarias, então nós devemos incentivar os empresários a ter
empresas sustentáveis”, afirma. “Em minha opinião, aqueles empresários que persistirem ou
implantarem práticas verdes durante este período de turbulência econômica terão mais
vantagem competitiva quando a economia se estabilizar.” Wanderlei Ferreira concorda. “As
práticas verdes são boas para o meio ambiente e trazem vantagens para a marca, como
reconhecimento no mercado e de seus colaboradores”, explica. “Enfim, eleva a marca e os
produtos para outro patamar de percepção junto aos consumidores e da mídia em geral.”
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Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a
fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo
crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante
de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem
na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de
campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.
Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo,
orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma coisa de que, depois, sentimos vergonha,
remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos
também exprimem nosso senso moral. Em muitas ocasiões, ficamos contentes e emocionados
diante de uma pessoa cujas palavras e ações manifestam honestidade, honradez, espírito de
justiça, altruísmo, mesmo quando tudo isso lhe custa sacrifícios. Sentimos que há grandeza e
dignidade nessa pessoa. Temos admiração por ela e desejamos imitá-la. Tais sentimentos e
admiração também exprimem nosso senso moral. Não raras vezes somos tomados pelo horror
diante da violência: chacinas de seres humanos e animais, linchamentos, assassinatos brutais,
estupros, genocídio, torturas e suplícios. Com freqüência, ficamos indignados ao saber que um
inocente foi injustamente acusado e condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece
impune. Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como
instrumento para seus interesses e para conseguir vantagens às custas da boa-fé de outros. Todos
esses sentimentos manifestam nosso senso moral. Vivemos certas situações, ou sabemos que
foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo, uma
pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a
máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não
seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar
os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta? Uma jovem
descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não estão preparados para
a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje apoiá-la, é tão jovem e despreparado
quanto ela e que ambos não terão como se responsabilizar plenamente pela gestação, pelo parto
e pela criação de um filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o
auxílio de suas famílias (se as tiverem). Se ela for apenas estudante, terá que deixar a escola para
trabalhar, a fim de pagar o parto e arcar com as despesas da criança. Sua vida e seu futuro
mudarão para sempre. Se trabalha, sabe que perderá o emprego, porque vive numa sociedade
onde os patrões discriminam as mulheres grávidas, sobretudo as solteiras. Receia não contar com
os amigos. Ao mesmo tempo, porém, deseja a criança, sonha com ela, mas teme dar-lhe uma
vida de miséria e ser injusta com quem não pediu para nascer. Pode fazer um aborto? Deve fazê-
lo? Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente, recebe uma
oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem
seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa.
65
Pode aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os
filhos com fome e a mulher morrendo? Um rapaz namora, há tempos, uma moça de quem gosta
muito e é por ela correspondido. Conhece uma outra. Apaixona-se perdidamente e é
correspondido. Ama duas mulheres e ambas o amam. Pode ter dois amores simultâneos, ou
estará traindo a ambos e a si mesmo? Deve magoar uma delas e a si mesmo, rompendo com uma
para ficar com a outra? O amor exige uma única pessoa amada ou pode ser múltiplo? Que sentirão
as duas mulheres, se ele lhes contar o que se passa? Ou deverá mentir para ambas? Que fazer?
Se, enquanto está atormentado pela decisão, um conhecido o vê ora com uma das mulheres, ora
com a outra e, conhecendo uma delas, deve contar a ela o que viu? Em nome da amizade, deve
falar ou calar? Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e
pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e
que o roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-
la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia
não terá prejuízo? Ou deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva,
ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao
homicídio? Que fazer? Situações como essas - mais dramáticas ou menos dramáticas - surgem
sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso
senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o
que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e
que assumamos todas as conseqüências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.
Todos os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a
valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos
provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor,
dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com conseqüências para nós e para os outros.
Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais
profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações,
nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a
algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a
felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmos, seja por recebermos a aprovação dos
outros. O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões
e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que
mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.
66
são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão
presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor - avaliações sobre coisas, pessoas e situações
- são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. Juízos de valor avaliam coisas,
pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e
decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis. Os juízos éticos de valor são também
normativos, isto é, enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos
atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações
segundo o critério do correto e do incorreto. Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem,
o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e
comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também
que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de
vista moral. Como se pode observar, senso moral e consciência moral são inseparáveis da vida
cultural, uma vez que esta define para seus membros os valores positivos e negativos que devem
respeitar ou detestar. Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juízos? A diferença entre
a Natureza e a Cultura. A primeira, como vimos, é constituída por estruturas e processos
necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: a chuva é um
fenômeno meteorológico cujas causas e cujos efeitos necessários podemos constatar e explicar.
Por sua vez, a Cultura nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e suas
relações com a Natureza, acrescentando-lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através
do trabalho e da técnica, dando-lhe valores. Dizer que a chuva é boa para as plantas pressupõe
a relação cultural dos humanos com a Natureza, através da agricultura. Considerar a chuva bela
pressupõe uma relação valorativa dos humanos com a Natureza, percebida como objeto de
contemplação. Freqüentemente, não notamos a origem cultural dos valores éticos, do senso moral
e da consciência moral, porque somos educados (cultivados) para eles e neles, como se fossem
naturais ou fáticos, existentes em si e por si mesmos. Para garantir a manutenção dos padrões
morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as sociedades tendem a
naturalizá-los. A naturalização da existência moral esconde, portanto, o mais importante da ética:
o fato de ela ser criação histórico-cultural.
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IV) OS ERROS MAIS COMUNS: dicas rápidas e para consulta diária
Para isso, disponibilizamos um conteúdo digital que foi elaborado pela equipe de
conteúdo da Rock Content, destinado para todos aqueles que desejam ser redatores ou
produzir material digital (vídeos diversos, roteiros documentais e ficcionais, posts em
mídias sociais, stories, etc.).
São 102 (isso mesmo: cento e dois!) erros comuns que foram listados e que merecem a
nossa atenção. Alguns deles já foram apresentados ou comentados ao longo das
atividades aqui apresentadas, pois é melhor “sobrar do que faltar”. Consulte sempre, que
precisar! Outras informações mais detalhadas, acesse: https://bit.ly/2XHGgUu
1. “Mal” e “mau”:
Por que “gêmeos do mal”, com “L”? É que “mau” com “U” é um adjetivo, enquanto “mal”
pode ser advérbio ou substantivo Olha só:
A luta entre o bem e o mal nunca acaba.
Comemos muito mal durante a viagem.
Nas histórias, as madrastas sempre são más, isto é, têm o coração mau.
Quem é mal-humorado está sempre de mau humor!
2. “Bem” e “bom”:
Quer uma dica? “Mal” é o contrário de “bem” e “mau” o de “bom”, ou seja, “bem” pode
ser usado nas mesmas situações em que se usa “mal”, e “bom” naquelas em que você
colocaria “mau”. Assim:
69
Fritura é muito bom, mas infelizmente não faz bem.
5. “Há” e “a”:
Um é um verbo, o outro uma preposição, mas por causa da pronúncia idêntica, é fácil se
embananar na hora de escrevê-los, não é? A dificuldade aumenta quando “há” (que,
para quem não se lembra, é do verbo “haver”) é usado para indicar o tempo passado, se
confundindo com a preposição “a”, que só marca uma distância (temporal ou espacial).
Fica assim:
6. “Haver” e “a ver”:
70
Outro irmão do mal de “haver” é a expressão “a ver”. Apesar de soarem iguaizinhas, as
duas palavras, na realidade, não têm nada em comum: a primeira é um verbo, mas a
segunda indica uma afinidade (ou não) entre duas coisas. Confira:
Quando chove muito, pode haver enchentes na cidade.
É possível que dois gêmeos sejam bem parecidos ou, pelo contrário, não tenham
nada a ver um com o outro.
7. “Haja” e “aja”:
Sim, há ainda mais uma forma de fazer confusão com o verbo “haver” (haja paciência,
não é?!), mas não precisa desistir de usá-lo para sempre, não! Na verdade, é bem fácil
distingui-lo de “aja”, do verbo “agir”: é só ver se dá para trocar por “existir”. Veja só:
Mesmo que haja (ou exista) algum risco, vale a pena investir nesse setor.
Para que a empresa se recupere da crise, é preciso que a administração aja
imediatamente.
8. “Vem” e “veem”:
Os dois são verbos, mas se o primeiro (com um “e” só) é de “vir”, o segundo (com dois)
é conjugação de “ver”. Entenda:
Você prometeu que vem me visitar amanhã.
Eles não veem a hora de se encontrar de novo.
9. “A gente” e “agente”:
Junto ou separado? A resposta é simples: se for o mesmo que “nós”, é separado; se for
a profissão (tipo 007), é junto. Fique de olho:
James Bond é o agente secreto mais famoso do mundo.
Por que você não vem com a gente ao cinema?
71
Preciso falar com você acerca de um problema pessoal.
Estima-se que a população mundial tenha chegado, hoje, a cerca de 7,4 bilhões
de pessoas.
Ele não consegue manter sua linha de raciocínio e faz apartes desnecessários o
tempo todo, de modo que ninguém entende o que diz.
Ontem fui chamado para uma conversa à parte com minha chefe.
Minhas compras pessoais precisam ser feitas à parte em relação às da empresa.
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les são parecidos, mas o significado não é o mesmo. “Propício” indica que uma situação
pode favorecer alguma outra coisa, mas não necessariamente que há uma tendência,
como indica “propenso”. Basicamente, é o seguinte:
Um ambiente silencioso é mais propício (ou apropriado) para os estudos.
Mas se você não estiver propenso (ou tendendo) a estudar, o silêncio não vai
fazer diferença.
73
18. “Descriminar” e “discriminar”:
“Discriminação”, com “i”, é separar as coisas, e por vezes tratar as pessoas ou questões
de forma desigual por causa de algum preconceito. Já “descriminar” é tirar a culpa de
um crime (daí o prefixo “des”, de negação, como em “descolorir”, por exemplo).
Acompanhe:
Você já sofreu algum tipo de discriminação racial no trabalho?
O júri descriminou o réu após um julgamento que durou meses.
20. “No lugar de”, “ao invés de” e “em vez de”:
Pense em trigêmeos, mas com dois dos irmãos sendo iguaizinhos e um deles bem
diferente. A ovelha negra é “ao invés de”, que só serve para contrastar ideias opostas
(tipo alto e baixo, frio e quente, etc.). Os outros dois contrastam coisas diferentes, mas
que não se excluem mutuamente (como manga e melancia, azul ou branco, etc.). Repare
nos exemplos:
Decidimos fazer uma mousse para a sobremesa no lugar do bolo. (mousse e bolo
não são necessariamente opostos)
Não vamos viajar mais para o Japão. Em vez disso, vamos para a Nova Zelândia.
(idem)
Ao invés de sair, resolvemos ficar em casa. (ficar em casa e sair podem ser
consideradas coisas opostas, certo?)
74
Se “na medida em que” tem sentido de causa e pode ser trocada por “porque” ou “visto
que”, sua expressão gêmea, “à medida que”, indica uma progressão proporcional. Veja
como:
O calor vai aumentando à medida que o verão se aproxima.
As casas dos países de clima temperado precisam ser construídas com mais
cuidado na medida em que (ou porque) sofrem mais com as oscilações de
temperatura a cada estação.
75
Foi convocada uma sessão extraordinária no congresso para esta semana.
A lei que você procura está na última seção do regulamento.
76
28. “Tachar” e “taxar”:
“Taxar” está relacionado a taxas, tarifas, pagamentos, etc. Por outro lado, “tachar” é
atribuir qualidades negativas a alguém ou, ainda, censurar algo, colocando uma tacha
(como aqui). Veja:
É normal taxar produtos importados para estimular o consumo interno.
Depois de cometer um erro fatal no primeiro dia de trabalho, João foi tachado de
incompetente.
77
Decorou que “em cima” se escreve separado? Ótimo, mas não confunda com “acima” (e
“abaixo”!), que é uma palavra só, ok?
Enquanto alguma coisa eficaz deve simplesmente cumprir com o esperado, algo
eficiente precisa fazê-lo de forma a gastar a menor quantidade de energia e recursos
possível. Já efetivo tem relação apenas com efetivar, isto é, concretizar algo. Sendo
assim, podemos afirmar o seguinte:
Fixar um quadro à parede com fita adesiva no lugar de pregos pode ser eficiente, já que
é muito mais simples do que furar a parede. Além disso, é efetivo na medida em que
realiza o desejo de fixar o quadro. Contudo, essa solução provavelmente não é a mais
eficaz, pois não cumprirá com o objetivo de manter o quadro fixado ali por muito tempo,
não é?
78
35. “Qualquer”, “algum” e “nenhum”:
Esse é outro trio de palavras que parecem intercambiáveis de longe, mas têm suas
diferenças de perto. O principal erro, aqui, é trocar “nenhum” por “qualquer” em frases
negativas, já que o segundo termo não tem esse sentido.
A confusão parece vir de uma tradução ao pé da letra do inglês any. Quanto ao “algum”,
ele pode ser usado no sentido negativo quando vem logo depois de um substantivo. Fica
assim:
Não escreva: *Não há qualquer problema. (O asterisco indica que essa frase é
agramatical!)
Para entender melhor, vale pensar em “simples” no sentido de humilde, sem muita
ornamentação, singelo. Por outro lado, fácil é aquilo que, mesmo se envolver diversos
passos, não demanda muita habilidade. Veja como isso é possível:
79
Já ficou em dúvida sobre dizer “este ano” ou “esse ano”? Essa realmente é uma questão
um pouquinho complicada, mas dá para resumi-la dizendo o seguinte: “este” se refere
ao que está perto de quem está falando, ao tempo presente e ao que queremos dizer a
seguir.
Já “esse” faz justamente o contrário: se refere ao que está longe de quem fala, ao tempo
futuro ou passado, e ao que já dissemos antes. Confira três exemplos em que esse
contraste fica evidente:
Daqui a alguns meses, neste verão, provavelmente não vamos ter férias tão boas
quanto estamos tendo agora, nesse inverno, já que precisaremos nos preocupar
com problemas de final de ano.
Este instrumento que estou tentando usar não serve, por favor, me passe esse
que está ao seu lado.
Depois dessas palavras que acabei de pronunciar, gostaria ainda de acrescentar
esta citação: “…”
Entendeu agora? Então vale lembrar que a mesma regrinha se aplica ao par “isto” e
“isso”.
80
Passemos ao próximo nível dos porquês: quando tem acento e quando não tem?
Separado, “por que” aparece com acento quando está no final da frase. Já “porquê”,
junto e com acento, é um substantivo, podendo ser usado com artigo (“o porquê”). Quer
ver?
Você chegou atrasado hoje e eu quero saber por quê.
Meu computador não está funcionando por quê?
Gostaria de saber o porquê dessa algazarra.
Por outro lado, quando usamos “faltar” para marcar uma distância em relação ao futuro,
o tempo é sujeito da oração, por isso o verbo vai poder ir para o plural. Complicado? Não
se preocupe, é só conferir os exemplos e você vai entender:
81
Faz nove meses que mudei de cidade.
Faltam nove meses para que eu me mude novamente.
A mesma regrinha também vale para o verbo “vir”: “ele vem” e “eles vêm”. Só não
confunda com “veem” como falamos mais acima, ok?
82
Eu lembrei que você não gosta de chocolate.
45. “Assistir”:
O verbo “assistir” pode aparecer com diferentes sentidos (como presenciar algo, ajudar
alguém, apoiar uma causa, etc.), mas o problema só acontece quando ele se confunde
com o verbo “ver”, referindo-se a coisas como espetáculos, televisão, filmes, e por aí vai.
Isso porque, no uso consagrado da língua, o correto é que o objeto seja precedido da
preposição “a”, mas na medida em que pode ser trocado por “ver”, ele acaba fugindo
dessa regrinha na linguagem oral, e já começa até a ter esse uso sem a preposição
adotado na literatura. Mesmo assim, para não correr nenhum risco, a gente recomenda
que você escreva assim:
46. “Implicar”:
Outro verbo que pode confundir até os mais experientes quando o assunto é a regência
é “implicar”. Afinal, ele pode vir acompanhado de nada menos que três preposições
diferentes, dependendo do seu sentido na frase. Vamos ver:
Os alunos implicaram com a professora nova. (No sentido de não gostar.)
O novo funcionário já se implicou em fofocas e confusões. (Envolveu-se.)
Grandes poderes implicam grandes responsabilidades. (No sentido de ter por
consequência ou requisito.)
47. “Acarretar”:
Um exemplo de verbo transitivo direto e indireto (que pode vir acompanhado de um
objeto com e outro sem preposição), “acarretar” costuma aparecer incorretamente
83
associado à preposição “em”. No entanto, na verdade quem o rege é a preposição “a”, e
mesmo assim é opcional adicionar esse segundo objeto indireto. Veja por quê:
Não há preposição entre “acarretou” e “perdas” (primeiro objeto), mas ainda que haja “a”
antes de “o produtor”, essa parte da frase, destacada entre colchetes, é opcional,
concorda?
84
o “que”. Quer ver quando isso acontece? Confira se você se lembraria de colocar as
preposições marcadas na frase a seguir ou se escreveria apenas “que” no lugar dos
termos em negrito:
Sua dúvida tem a ver com o assunto de que a gente falou na aula passada.
Os livros de que eu mais gosto estão na parte de cima da estante.
Aquele homem com quem eu estava conversando ontem é o professor.
O jeito com que você disse aquilo me ofendeu.
A história em que os protagonistas são bruxos é a melhor.
51. “Cujo”:
Outro pronome que costuma ser esquecido em prol do tão eclético “que” é o “cujo”,
equivalente a “de que”, “de quem” ou “do qual”.
Você sabe quando e como deveria usá-lo nas suas frases? Então confira aqui:
Enviei o resultado a seu assistente. (“o resultado” não tem preposição, por isso é
objeto direto; “ao seu assistente” tem preposição “a”, então é objeto indireto)
Enviei-o a seu assistente. (o objeto direto é substituído por “-o”)
Enviei-lhe o resultado. (o objeto indireto é substituído por “-lhe”)
85
53. “Você” e “te”:
Na linguagem oral, apesar de a gente empregar, na maior parte do Brasil, o “você” para
se referir à 2ª pessoa, não é raro misturarmos seu uso com o “te”, dizendo “te encontro
mais tarde” a alguém que não tratamos por “tu”, por exemplo, não é verdade? Na escrita,
contudo, é bom se lembrar de que o “te” não é o pronome que corresponde ao “você”
gramaticalmente, já que “você” é um pronome de tratamento (assim como “senhor” ou
“Vossa Excelência”) e, por isso, concorda com a 3ª pessoa no lugar da 2ª. Assim, no
lugar de “te” ou “teu”, usamos:
86
Venderei esses produtos amanhã. Vendê-los-ei amanhã.
Queria sua resposta o quanto antes. Querê-la-ia o quanto antes.
Conseguiremos esse dado em breve. Consegui-lo-emos em breve.
Você aprenderá a língua rapidamente. Você aprendê-la-á rapidamente.
A não ser que existisse algum motivo que levasse o leitor dessas frases a suspeitar que
elas fazem referência a sua própria mochila, seus próprios problemas ou seus próprios
pertences (e não aos do sujeito) não há razão para trocar “seu” por “dele” ou “dela”,
certo?
87
Parecido com o problema de trocar “lhe” por “o” (e vice-versa), para solucionar a
confusão entre “mim”, “me” e “eu”, é preciso parar para descobrir qual é a função desse
elemento na oração. Se for sujeito, opte sempre por “eu”; se não houver preposição, use
“me”; se houver preposição, “mim” será a resposta certa. Confira:
Preciso que você me envie os dados para eu fazer a análise. (apesar do “para”,
“eu” é sujeito de “fazer”)
Preciso que você envie os dados para mim. (“mim” é objeto indireto de “enviar”,
com preposição “para”)
Preciso que você me envie os dados. (“me” é objeto indireto de “enviar”, mas não
há preposição)
59. “A maioria”:
A expressão está no singular e até tem artigo definido, mas se o que vier depois estiver
no plural (como geralmente está), com o que o verbo deve concordar? Nesses casos, a
regra é flexível: você pode escolher! Mesmo assim, para evitar mal-entendidos, nosso
conselho é preferir manter o singular, optando pela chamada concordância gramatical
(por oposição à atrativa, que concorda com o elemento mais próximo). Suas frases então
vão ficar assim:
A maioria das pessoas gosta de chocolate.
O governo procurou atender aos pedidos que as maiorias fizeram.
O mesmo vale para outras expressões partitivas (como “a maior parte”, “a
minoria”, “metade de”, “o resto de”, etc.):
A maior parte dos funcionários almoça na empresa.
O restante dos trabalhadores ficará por aqui.
60. Porcentagens:
Outra dúvida parecida é esta aqui: na hora de concordar um verbo com um sujeito em
que há uma porcentagem, em que você deve se basear, no número ou no substantivo?
A resposta é que o substantivo sempre vai mandar mais que o número, a não ser que
haja um artigo antes da porcentagem ou que o número seja de apenas 1%. Fica assim:
88
40% das pessoas concordaram que Matemática é difícil.
Entre 10 e 15% dos candidatos do concurso erraram a questão.
Apenas 1% dos investimentos teve retorno.
Os 30% que discordaram da ideia se retiraram da sala.
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64. Cores invariáveis:
As cores invariáveis são aquelas que tiram seu nome de outros substantivos, como rosa,
cinza, gelo, açafrão, vinho, ferrugem, etc. Assim, ao empregar essas cores, não há
variação, independentemente do número e gênero do nome que elas qualificam:
Passe-me essas almofadas vinho e malva.
Experimente essas pulseiras cinza com aqueles lenços creme e pastel.
Na hora do aperto, é sempre bom consultar um dicionário para saber se a cor que você
usou é apenas um adjetivo ou se vem de um substantivo!
67. “À”:
Ao escrever ou mesmo falar, você tem alguma dúvida sobre quando usar “ao” (como em
“vou ao supermercado”)? Então pode ficar tranquilo, porque o “a” com crase nada mais
é que a versão feminina de “ao”! Afinal, se “ao” é “a” (a preposição) mais “o” (o artigo),
90
“à” é exatamente a mesma coisa, só que com o artigo feminino. Ou seja: na dúvida,
substitua a palavra (que, claro, tem que ser feminina) que você não sabe se precisa
preceder de “à” por um substantivo masculino e confira se deveria dizer “ao”. Se sim,
não tenha medo da crase:
Assine nossa newsletter na coluna à esquerda.
Desligue o celular quando estiver à mesa.
Gostaria de pedir uma pizza à moda da casa.
69. “Àquele”:
Agora que você entendeu a lógica por trás da crase em “à”, saiba que ela também pode
aparecer em “aquilo”, “aquele” e “aquela” quando essas palavras precisarem ser
precedidas da preposição “a”. Assim, na união dos dois “As” (da preposição e do
pronome), surge de novo a crase:
Seu discurso fez referência àqueles de seus predecessores. (fazer referência
aalgo)
Assistimos àquilo horrorizados. (assistir a algo)
Prestaram socorro àquela pessoa imediatamente. (prestar socorro a alguém)
91
primeira sílaba. Pois absolutamente todas as palavras assim têm um acento exatamente
nessa sílaba, quer ver? Cheque esses exemplos e faça as contas:
Dúvida (dú-vi-da);
Família (fa-mí-li-a);
Referência (re-fe-rên-ci-a);
Anônimo (a-nô-ni-mo);
Pirâmide (pi-râ-mi-de).
73. O trema:
92
Outra novidade trazida pelo Acordo Ortográfico é a perda do trema (sim, “trema” é um
substantivo masculino) em palavras como “cinquenta”, “linguiça”, “frequência”, etc.
Agora, elas só aparecem em palavras de origem estrangeira e seus derivados: como
Dürer e düreriano, por exemplo. Veja só:
Max Müller foi um linguista, orientalista e mitólogo alemão.
A obra mülleriana The sacred books of the East tem cinquenta e um volumes.
76. Vocativo:
O vocativo é um termo isolado do resto da oração, que serve para se dirigir ao interlocutor
ou chamar a pessoa (ou pessoas) com quem você está falando. E justamente por não
93
ter relação com outras partes da frase, esse elemento precisa vir separado do restante
por vírgulas. Veja que diferença faz:
Isso vai ser um problema pessoal. (sem vocativo)
Isso vai ser um problema, pessoal. (com vocativo)
Você já conheceu minha amiga Ana? (sem vocativo)
Você já conheceu minha amiga, Ana? (com vocativo)
77. Aposto:
Outro elemento que deve sempre vir isolado por vírgulas em uma oração é o aposto, que
serve para inserir uma pequena explicação dentro de um período. Ele é algo dispensável
(que, quando retirado, permite que a frase continue fazendo sentido) e pode ser
composto por uma palavra só ou mesmo uma oração inteira:
94
79. Enumeração dentro de um mesmo período:
Já nas enumerações que acontecem dentro de um mesmo período, ou seja, onde não
há bullet points, o ideal é separar cada item apenas por vírgula, unindo os dois últimos
por “e”. Nesse caso, não pode haver vírgula entre o último e o penúltimo item, ok? Se
precisar acrescentar informações entre um item e outro, use mais vírgulas, parênteses
ou travessão (que você pode criar pelo atalho alt + 0151). Confira:
Maria tem em sua mochila um lápis, dois cadernos, três canetas, uma borracha e
um livro.
Dentro desta caixa, guardo alguns clips enferrujados, retratos da minha infância
(roubados de um álbum de fotos da minha avó), uma meia sem pé e outras
lembranças.
Para montar o bolo coloque o primeiro disco de massa sobre o prato, cubra com
o recheio — que já deve ter esfriado —, acrescente o segundo disco de massa e
finalize com a cobertura.
80. “Etc.”:
E quando a enumeração termina com o velho e bom “etc.”? Nesse caso, cabe sempre
colocar uma vírgula logo antes dessa palavrinha, ok? Além disso, saiba que não é
preciso duplicar o ponto final nas frases terminando com “etc.”, não se deve usar
reticências após a expressão e, ainda, não se deve colocar “e” antes dela, apenas a
vírgula! Veja aqui:
Trouxe lápis, borracha, papel, etc. para podermos escrever.
Compre todo o necessário para o café da manhã: pão, manteiga, café, leite, etc.
As cores cujos nomes derivam de outro substantivo (rosa, turquesa, goiaba, etc.)
são invariáveis.
83.Orações adversativas:
As orações adversativas são aquelas em que há um contraste ou uma oposição entre
uma frase e outra, marcadas por conjunções como “mas”, “todavia”, “porém”,
“entretanto”, etc. Nelas, deve haver uma vírgula (ou ponto final) à esquerda, ou duas
vírgulas em torno da conjunção. Confira:
Não é meu sabor favorito, porém também não é aquele de que menos gosto.
Queria ter corrido. Mas minhas pernas estavam fracas demais.
Segui as instruções à risca, no entanto, nada funcionou.
Gostaria de poder dizer que sim, mas sabemos que isso não seria verdade.
96
84. “Mas sim” e “e sim”
Quando usamos as expressões “mas sim” e “e sim” (assim como “senão” junto), não é
obrigatório, mas pode ser interessante precedê-las de vírgula para marcar o contraste
entre os dois elementos que você está colocando em oposição. Veja se não concorda:
Não quero esta cor, mas sim aquela.
Não são eles que receberão o benefício, e sim as pessoas ao seu lado.
No caso de “e não”, a vírgula é totalmente optativa:
Quero esta cor e não aquela.
Quero esta cor, e não aquela.
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Perceba que quando há vírgula, além de o verbo concordar apenas com o primeiro
sujeito, a impressão é de que as ações não necessariamente foram realizadas ao mesmo
tempo, concorda?
88. Gramas:
Todo mundo concorda que “grama” pode se referir tanto ao gramado sempre mais verde
dos seus vizinhos quanto ao peso do presunto fatiado que você compra na padaria,
certo? Mas o que você talvez não saiba é que, se no primeiro caso a palavra é feminina,
no segundo (a medida), ela é masculina, igual quilograma! Observe:
Não chove há tanto tempo que a grama está até amarelando.
De quantos gramas de queijo você precisa?
São necessários duzentos gramas de manteiga nessa receita.
89. Redundância:
Não é raro que a gente às vezes use, na linguagem oral, alguma forma de enfatizar uma
expressão sem que haja alguma mudança real no seu significado. Porém, na hora de
escrever, seja para a web ou outro meio de comunicação, evite esse recurso, já que ele
pode pegar mal. Confira algumas redundâncias comuns das quais você deve fugir:
“A grande maioria”;
98
“Subir para cima” ou “descer para baixo”;
“Sair para fora” ou “entrar para dentro”;
“Planejar antecipadamente”.
99
Só o primeiro elemento flexiona nas palavras compostas unidas por preposição
(com ou sem hífen): pés de moleque, pães de ló, pimentas-do-reino, cravos-da-
índia, e assim por diante.
Exceções (achou que não ia ter?!): arco-íris, mapas-múndi e ave-marias, entre
outros.
100
Ainda anseio por um encontro com ele.
As festas de carnaval incendeiam as ruas da cidade.
101
Paulo deveria ter sido mais claro.
102