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CIDADANIA

DIGITAL
APOSTILA-
MÓDULO 01

1
SUMÁRIO:
O QUE É CIDADANIA DIGITAL? – P. 3-9
A CIÊNCIA PODE SER LIVRE DE IDEOLOGIA? – P. 11-12
CIÊNCIAS DA NATUREZA E IDEOLOGIA – P. 15-20
SE A CIÊNCIA É IDEOLÓGICA ELA É ENGANOSA – P. 21-25
FALIBILISMO x NEGACIONISMO – P. 26-41
O QUE É FAKE NEWS ? – P. 42
BREVE HISTÓRICO DAS FAKE NEWS – P. 43-47
COMO COMBATER AS FAKE NEWS – P. 48-59
CIÊNCIA E SURGIMENTO DE DEMOCRACIAS – P. 61-63
CIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA DEMOCRACIA – P. 64-66
CRISE DA RAZÃO E DA CIÊNCIA E CRISE DA DEMOCRACIA – P. 67
FAKE NEWS E CRISE DA DEMOCRACIA – P. 68 - 70
CIBERCULTURA – P. 72 – 73
CIBERESPAÇO – P. 74
CIBERTEMPO – P. 75-77
VARIEDADES DE CIBERCULTURAS – P. 78-84
REDES SOCIAIS, CIBERCULTURA E SAÚDE MENTAL – P. 85
PRINCIPAIS RISCOS DETECTADOS DAS REDES SOCIAIS PARA A SAÚDE – P. 86-88
O CYBERLOAFING (FUGA DO DEVER OU DO TRABALHO) – P. 89
O MITO DO INFLUENCIADOR DIGITAL – P. 90-95
DICAS PARA EVITAR CAIR NO MITO DO INFLUENCER – P. 96-97

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O que é cidadania?
O conceito de cidadania empregado em ciências
social deriva da obra T. H Marshall.

T. H. Marshall, foi um influente sociólogo britãnico que pensou o tema da


cidadania em um período em que o mundo todo se empenhava em expandi-la para
construir uma socidade mais justa e conectada a políticas de bem-estar social.
Para Marshall, a cidadania plena deveria abranger três ordens de direto/deveres.

Os direito/deveres deveriam, segundo T. H. Marshall, ser pensando s de


maneira relacional, ou seja, cada ordem de direitos implica
indissociavelmente uma ordem relacionada de deveres.

As três ordens de
diretos/deveres são: CIVIL,
POLÍTICO,
E SOCIAL
T. H. Marshall acreditava que atendendo a essas três ordens de direito,
tenderíamos a amenizar a organização da sociedade em divisões de classes
compondo uma sociedade unida por laços de reciprocidade engendrados pela
prática cidadã. O autor deixa claro, contudo, que essa sociedade cidadão não seria
construída sem luta e o ser cidadão se constituiria enquanto tal na luta mesma pela
consolidação da cidadania plena.
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•As três ordens da cidadania plena
conforme T. H. Marshall
Nos países desenvolvidos, a cidadania moderna se constituiu por
etapas. O sociólogo T. H. Marshall, afirma que a cidadania só é
plena se for dotada de todos os três tipos de direito.
CIVIL POLÍTICO SOCIAL
Direito de participação no Conjunto de direitos relativos
Direitos inerentes á exercício do poder político, ao bem-estar econômico e
liberdade individual, tais como eleito ou eleitor, no social, desde a segurança até o
como: direito a liberdade de conjunto das instituições de direito de partilhar do nível de
expressão/pensamento, de autoridade pública. Foram vida, segundo os padrões
propriedade, á justiça, a constituídos ao longo do século prevalecentes na sociedade.
vida. Foram instituídos XIX, em meio as chamadas Consolidou-se, nos países
entre o século XVIII e XIX Revoluções Burguesas. desenvolvidos, ao longo do
juntamente da propagação século XX e através da pressão
dos ideais liberais e dos movimentos sociais, nos
iluministas. países subdesenvolvidos, ainda
está por se consolidar.
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•A cidadania no contexto do mundo
digital:
 1) A cidadania plena começou a ser construída no Brasil à partir da Constituição
Brasileira de 1988 (apelidada de Constituição Cidadã), que fazendo frente a recém
acabada Ditadura Militar, prometia garantir plenamente as três ordens de
direitos/deveres apontadas por T. H. Marshall.
 2)Contudo, o Brasil, até hoje, não conseguiu atingir o patamar cidadania plena, e
antes que este seja atingido, um novo desafio se impõe, construir uma nova ordem de
cidadania, a ordem de cidadania necessária para a inclusão no mundo da 4º
Revolução Industrial. Uma 4º ordem de cidadania, a cidadania digital.

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MAPA MENTAL: A CIDADANIA NO BRASIL Á PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988.

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•O mundo da 4º Revolução Industrial:
 1)Origem do conceito de 4º Revolução Industrial: O termo “Indústria 4.0” ou “4º
Revolução Industrial” teve origem de um projeto estratégico de alta
tecnologia do Governo Alemão, que promove a informatização da manufatura e a
integração de dados.
 2)Desenvolvimento histórico das Revoluções Industriais: A primeira revolução
industrial mobilizou a mecanização da produção utilizando água e energia a vapor. A
segunda revolução industrial introduziu a eletrificação da produção em massa, com as
novas técnicas de geração de energia elétrica. Em seguida veio a terceira revolução
industrial e o uso extensivo da automação industrial, aparelhos e dispositivos
automatizados, bem como a eletrônica digital e computadores.
 3)O que é a 4º Revolução Industrial?: A Quarta Revolução Industrial ocorre hoje e é
marcada pela conexão de tecnologias físicas, virtuais e biológicas que transformam
rapidamente a forma de viver da humanidade.
 4)O desafio da cidadania nesse novo contexto é promover a inclusão digital sob a
forma de direitos dos cidadãos digitais, sem, contudo, deixar de considerar a
necessária constituição de uma ordem de deveres digitais que levem a um agir
cidadão efetivo no mundo em rede.
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1. A ciência pode ser livre de ideologia?
 1.1. O que é ideologia?  O termo ideologia, hoje, é comumente usado
em sentido “neutro”, tal como empregado pelo pensador Antonio
Gramsci. Para ele, ideologia seria um sistema de ideias que nos
impulsionam ao agir social e político.
 1.2. Como os seres humanos agem socialmente e politicamente o
tempo todo, seria impossível existir um homem sem ideologia.
 1.3. Os estudos de Sigmund Freud sobre o inconsciente reforçam essa
ideia, pois, existindo uma dimensão de nossa mente que está fora de
nosso controle (inconsciente), nela se alojam, desde o nascimento,
concepções de mundo e valores que sequer notamos.

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 1.4. A linguistica também aponta que nossa ferramenta de transmisão
de conhecimentos, a linguagem, é sempre portadora de valores e
visões de mundo.
 1.5. Sendo assim, se não pode haver ser humano livre da ideologia,
nem mesmo linguagem completamente neutra, é impossível a
produção de uma ciência neutra e imparcial e a ideia de neutralidade
ou imparcialidade em ciência não passa de um “mito”.
 1.6. É muito comum, no discurso jornalístico, a ideia de imparcialidade
e de se ater aos fatos, contudo, essas ideias são enganosas e ingênuas,
pois, não há discurso imparcial, e a atenção ao factual não nos liberta
das ideologias.

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2. Ciências da natureza e ideologia:
 2.1. Pensadores como Hans Vaihinger e Jürgen Habermas
mostraram que nem mesmo as ciências da natureza ou a
matemática estão livres de ideologia.
 2.2. Hans Vaihinger nos aponta, por exemplo, que o
desenvolvimento de teoremas e equações matemáticas
pressupõe uma visão racionalista de mundo, sem esse suporte
racionalista, os sistemas matemáticas deixam de fazer sentido.
Não por acaso, as matemáticas ganharam força em sociedades
marcadas pelo racionalismo filosófico, como a Grécia Antiga, ou a
modernidade Iluminista.

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 2.3. Hans Vaihinger também aponta para a ideia de átomo,
aparentemente uma ideia neutra, que contudo exigie uma
percepção minimamente materialista do mundo e, também, o
suporte de uma filosofia racionalista. Sendo assim, para um
cristão fundamentalista, a ideia de que o mundo é concebido com
base em partículas de matéria e não na manifestação do espírito
de deus parecerá, sem dúvidas, absurda e pecaminosa.
 2.4. A ideia do corpo humano como sistema a ser estudado é
outro exemplo, quando o corpo era considerado um “templo do
espírito santo”, dissecações humanas eram punidas pela
inquisição.
 2.5. Por fim, podemos citar o exemplo da teoria da evolução, essa
se choca claramente com a ideia cristã do criacionismo e, por
esse motivo, ainda no século XX, a teoria da evolução foi proibida
em escolas dos EUA.

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 2.6. Já Jürgen Habermas aponta om problema político de
teorias sobre a natureza humana que mostram que essa é
socialmente construída, não sendo inerentemente egoísta e
individualista, essas teorias sobre a natureza do homem se
chocam com o ideário político liberal que defende que o
homem é naturalmente egoísta e individualista.
 2.7. Para Habermas, a tecnologia, exaltada atualmente como
neutra e positiva também não é neutra, nem necessariamente
positiva, a tecnologia atômica, por exemplo, se usada sem
cuidados éticos pode gerar a destruição da própria
humanidade. Além do que, a valorização exagerada que damos
a tecnologia nos impede, muitas vezes, de perceber a riqueza de
saberes existente em sociedades consideradas “primitivas”,
como o caso das “sociedades afluentes” da idade da pedra.

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3. Se a ciência é ideológica ela é
enganosa?
 3.1. Max Weber diferenciou, no trabalho científico, os juízos de
fato dos juízos de valor.
 3.2. Desse modo, o cientista pode emitir juízos de valor, mas tem
de fundamentá-los em juízos de fato. Juízos de valor isolados não
possuem valor científico e a objetividade e neutralidade possíveis
na ciência só podem ser garantidos pelas evidências científicas.
 3.3. Isso não significa, entretanto, que a ciência é uma verdade
absoluta, ela produz verdade, mas verdade provisória e falível, ou
seja, ela alcança apenas a verdade que nossos saberes e técnicas
permitem alcançar em um dado momento. Uma vez modificadas
essas condições, a verdade científica pode mudar.

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 3.4. Karl Popper, por isso, diz que toda ciência é falível (princípio
da falibilidade) e o que não é falível não é ciência, mas dogma.
 3.5. Contudo, não devemos confundir falibilismo com
negacionismo.

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4. Falibilismo x Negacionismo:
 4.1.Falibilismo: demonstração baseada em evidências
quanto ao caráter falho de uma formulação científica.
 4.2.Negacionismo: negação de fatos científicos
consolidados, sem suporte de evidências consistentes que
provem o caráter falho desses fatos.
 4.3.Cuidado!!!: Negacionista costumam citar supostas
fontes e evidências que são falhas ou inexistentes,
chamamos isso de pseudociência, ou seja, um discurso que
imita o discurso de prova da ciência, mas na verdade se
fundamenta em evidências frágeis ou mesmo em
falsificações.
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 4.4.Exemplos de formulações pseudocientíficas:
  Médicos, durante a cpi do covid no brasil, defenderam discursos
negacionistas com base nos estudos já contestados do microbiologista
francês didier raoult.
  O suíço Erich Von Däniken, em eram os deuses astronautas?,
Buscou provar que as pirâmides das várias culturas humanas teriam
sido construídas através de instruções dos aliens. Apesar de muito
popular, o livro negligenciou o fato de não termos evidências de vida
alienígena inteligente, e de existirem outras explicações possíveis para
a construção de pirâmides.
  O jornalista Leandro Narloch, falseou evidências e documentação
para defender o golpe militar de Augusto Pinochet, alegando que
Salvador Allende era eugenista e nazista, também inventou achados
arqueológicos para “provar” que zumbi possuía escravos.
  Crânio do homem de piltdown o elo perdido (1912-1953).
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 4.5.A ciência é capaz de desmascarar as falsificações?: Existe consenso
hoje quanto a capacidade da ciência de encontrar e desmascarar
falsificações pseudocientíficos. O que não quer dizer que uma
falsificação científica não possa nos enganar por bastante tempo.
 4.6.Combater a falsificação com divulgação e formação: Para o
pensador Carl Sagan, uma forma de evitarmos a pseudociência seria
expor constatemente as pesquisas científicas a um público amplo e
bem formado, daí a importância da divulgação científica e da
formação cidadã.

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5. O que é fake news?
 5.1. Fake News são notícias falsas publicadas por veículos de
comunicação como se fossem informações reais. Esse tipo de
texto, em sua maior parte, é feito e divulgado com o objetivo de
legitimar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo
(geralmente figuras públicas).
 5.2. As Fake News têm um grande poder viral, isto é, espalham-se
rapidamente. As informações falsas apelam para o emocional do
leitor/espectador, fazendo com que as pessoas consumam o
material “noticioso” sem confirmar se é verdade seu conteúdo.
 5.3. O poder de persuasão das Fake News é maior em populações
com menor escolaridade e que dependem das redes sociais para
obter informações. No entanto, as notícias falsas também podem
alcançar pessoas com mais estudo, já que o conteúdo está
comumente ligado ao viés político.

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6. Breve histórico das fake news:
 6.1. A viralização das mentiras começou muito antes das
redes sociais, e a construção de outras realidades era uma
constante, pelo menos, desde a Roma Antiga. Contudo,
devemos compreender que com as redes sociais a
propagação e o impacto das fake news tende a se expandir
de modo mais acelerado caso não seja barrado pela
legislação e a sociedade.
 6.2. Na antiga Roma, os governantes estavam muito
conscientes da importância da informação e de como era
essencial adaptá-la às suas necessidades políticas,
independentemente da realidade.

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 6.3. O imperador Septímio Severo, nascido em Leptis Magna e
que nada tinha a ver com seu antecessor, o malogrado Cômodo,
para legitimar seu poder decidiu espalhar a ideia de que ele
próprio era o irmão perdido de Cômodo, filho ilegítimo de Marco
Aurélio, e por isso a pessoa mais adequada para ocupar o cargo.
Nas primeiras moedas que cunhou, se fez retratar com traços
muito parecidos com os de Marco Aurélio.
 6.4. Na Idade Contemporânea, um dos casos mais conhecidos de
difusão em larga escala de fake news foi o da propaganda
difundida pelo regime nazista na Alemanha. De modo semelhante
ao que ocorre hoje, os nazistas usaram habilmente um novo meio
de comunicação, o rádio, para levar a difusão de notícias falsas a
um patamar nunca antes visto.

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 6.5. A máquina de propaganda do Terceiro Reich se nutria de
boatos, mentiras e notícias falsas. Foi uma fake news (O Incêndio
do Reichstag) que levou Hitler a acumular amplos poderes. “Uma
mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Com essa frase, o
ministro de propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, resume
a consequência trágica da divulgação de notícias ilegítimas. Na
imagem de abertura, Joseph Goebbels.
 6.6. O Incêndio do Reichstag foi um incêndio criminoso que
engolfou o Palácio do Reichstag, a sede do Parlamento alemão
em Berlim, numa segunda-feira, 27 de fevereiro de 1933,
precisamente quatro semanas após Adolf Hitler ascender a
posição de Chanceler da Alemanha. Este incidente é considerado
o ponto crucial na transformação da República
Weimar na Alemanha Nazista.

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 6.7. Os grupos nazistas foram os responsáveis por tramar e por
em prática o incêndio, contudo, difundiram falsamente a notícia
de que havia sido parte de um plano comunista para dominar a
Alemanha. Com isso, Hitler justificava a necessidade de acumular
mais poderes e agir de forma repressiva para acabar com a
ameaça comunista. Era o início da ditadura totalitária nazista.

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7. Como combater as fake news:
 7.1. Não compartilhar caso tenha dúvida se o conteúdo é
verdadeiro, denunciar e enviar as mensagens para grupos
de verificação como o Fato ou Fake estão entre as dicas de
especialistas não disseminar mentiras.
 7.2. Entre as principais dicas dos especialistas para ajudar a
combater fake news estão as seguintes: -Verificar se as
mensagens que você recebe nas redes sociais são
verdadeiras./-Não compartilhar os conteúdos caso você
tenha dúvida se eles são verdadeiros./-Encaminhar a
mensagem falsa para grupos de verificação de fatos, como
o Fato ou Fake./-Denunciar as mensagens falsas em sites e
plataformas de redes sociais.

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 7.3. Para checar notícias falsas, é fundamental usar páginas
de agências de checagem de notícias facilmente acessíveis
e de respaldo internacional como Lupa, Fato ou Fake, Aos
Fatos e Comprova.
 7.4. Quanto à denunciar fake news, infelizmente, não
existem formas fáceis e eficazes de efetuar essas
denúncias. Na maioria das vezes, ficamos a mercê de
utilizar as formas de denúncias disponibilizadas pelas
próprias redes que utilizamos (como Facebook e
Instagram), esses meios, contudo, têm se mostrado pouco
confiáveis, é necessário criar legislação e orgãos específicos
que cuidem do tema de forma institucionalizada, para isso,
devemos exercer nosso direito/dever de cobrança e
pressão como verdadeiros cidadãos digitais.

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 Agências de checagem de notícias facilmente acessíveis via Google:

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•Indicação de música para refletir
sobre o tema:
 O real resiste:
https://www.youtube.com/watch?v=wx_Pd-rpEhc

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1. Ciência e surgimento de democracias:
 1.1. Estudos históricos, sociológicos e comunicacionais indicam que a ciência
não é apenas uma questão de conhecimento, mas de política e bem-estar
social.
 1.2. Não por acaso, sociedades democráticas se desenvolveram em íntima
conexão com conhecimentos racionais-científicos. Ex: Atenas na Grécia
Antiga/As democracias modernas que foram construídas em conexão com o
movimento Iluminista.
 1.3. Ciência e democracia são movimentos que se retroalimentam.
O HISTORIADOR FRANCÊS PIERRE VIDAL-NAQUET
DEFENDEU A TESE DE QUE A DEMOCRACIA GREGA SE
DESENVOLVEU GRAÇAS AO DESENVOLVIMENTO DA
RACIONALIDADE E DA CIÊNCIA HISTÓRICA. SENDO
ASSIM, SEM CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E SEM HISTÓRIA
A DEMOCRACIA SERIA INVIÁVEL.
SEGUNDO O HISTORIADOR DAS IDEIAS
JONATHAN ISRAEL,
AS DEOCRACIAS MODERNAS SÃO FRUTO DO
DEBATE INTELECTUAL ILUMINISTA.
2. Ciência e funcionamento da
democracia:
 2.1. Para que as democracias se desenvolvam, se faz necessário o
desenvolvimento de espaços de debate racional-científico.
 2.2. A manutenção das democracias também parece depender do
livre debate racional e da livre circulação da ciência.
 2.3.Sendo assim, sem o racionalismo e sem a valorização da
ciência as democracias se fragilizam e tendem a desmoronar.
 2.4.Defender a ciência e a razão é então defender a democracia,
atacar a ciência e a razão acabam por fragilizar o próprio sistema
democrático.
 2.5.Sendo assim, o nazismo e o fascismo buscou destruir as bases
da democracia combatendo o racionalismo filosófico e
estimulando o culto irracional de mitos nacionalistas
(superioridade da raça germânica e personalistas (o grande líder).
 2.6.“A relação entre ciência e democracia pode ser considerada uma
relação de similitude de métodos. A liberdade de produzir
conhecimento e de usá-lo de forma democrática e equânime é o que
faz um povo avançar. As consequências do que fazemos com o
conhecimento produzido precisam ser um acordo coletivo.
Precisamos do equilíbrio entre consenso e dissenso da democracia
para evitar que conhecimentos não sejam usados de forma a produzir
um futuro desastroso. É importante pensar nisso na hora de escolher
nossos líderes.” (Marcos Buckeridge, professor do Instituto de
Biociências da USP).
 2.7.“A democracia permite às pessoas fazer escolhas conscientes.
Quanto maior for a parcela da população que exercitar o pensamento
crítico, melhores serão as decisões tomadas. É isso que podemos
chamar de democracia científica. Em um regime ideal de democracia
científica, em que vigore a total liberdade de escolha, a
antidemocracia, em qualquer forma que se apresente, poderá ser
desbaratada. Também, conceitos errôneos e nefastos como a
negação da ciência, o racismo, o machismo, a xenofobia, a homofobia
e a intolerância à diversidade não terão lugar.” (Sérgio Pena,
geneticista, divulgador científico e membro Conselho Nacional de
Ciência e Tecnologia e da Academia Brasileira de Ciências)
O FILÓSOFO E HISTORIADOR DA FILOSOFIA HÚNGARO,
GYÖRGY LUKÁCS, ANALISOU COMO A ASCENÇÃO DO
NAZISMO DEPENDEU DA DESTRUIÇÃO DA FILOSOFIA
RACIONALISTA ALEMÃ E DA ASCENÇÃO DE UMA
PSICOLOGIA COLETIVA BASEADA NA EXALTAÇÃO
IRRACIONALISRTA DOS MITOS.
3.Crise da razão e da ciência e crise
da democracia:
 3.1.Hoje, o descrédito generalizado do racionalismo filosófico e
do conhecimento científico parecem estar na base da erosão dos
regimes democráticos.
 3.2.A crise da razão e da ciência tem vários fatores:
 3.2.1.Redução drástica dos investimentos em ciência por conta
das políticas neoliberais.
 3.2.2.Fenômeno da massificação e reforço de fatos falsos através
dos grupos em redes sociais.
 3.2.3.Tendência a razão instrumental que prevalece no capitalismo
“selvagem” (neoliberal).
4.Fake news e crise da democracia:
 4.1.Os fenômenos da fake news, do negacionismo e da ascensão
de governantes autoritários caminham de mãos dadas.
 4.2.A desconfiança na razão e na ciência acabam por alimentar o
fanatismo religioso, o culto de líderes autoritários e a ênfase na
violência contra os diferentes.
 4.3.Dentro da chamada pós-verdade, a democracia se torna
impraticável, e a tendência é a escalada de grupos violentos que
desejam impor a força seus ideais ao restante da sociedade.
O BRASILEIRO ESTUDIOSO
DA COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA EUGÊNIO BUCCI
APONTA QUE A DESCRÉDITO
NA VERDADE FACTUAL
LEVARÁ AO COLAPSO DO
SISTEMA DEMOCRÁTICO.
 4.4.“O núcleo das razões que leva o autoritarismo a
combater o poder judiciário é o mesmo que leva a
combater a imprensa, a ciência, as universidades. Por
quê? Na ciência, nas universidades, na imprensa, na
justiça há um conjunto de métodos de verificação da
verdade factual e da produção de conhecimento,
elaboração, formulação que escapa aos desígnios do
autoritarismo e traz desconforto para este.” (EUGÊNIO
BUCCI)
 4.5.“Eu procuro fazer uma relação de juízo de valor com
uma e juízo de fato com outra. Esses juízos são
interdependentes, pois para que eu faça um juízo de valor,
que tenha validade na razão, preciso ter feito, também,
um juízo de fato. É ele que me permite discernir os fatos.”
(EUGÊNIO BUCCI)
1.CIBERCULTURA (PIERRE LÉVY):
 1.1.Provém da junção do termo cibernética (estudos sobre a
tecnologia avançada) e cultura.
 1.2.O termo contempla todos os fenômenos associados às formas
de comunicação mediadas por computadores.
 1.3.Como, hoje, temos diferentes meios de nos relacionarmos
com o mundo digital e de nos comunicarmos com ele, o ideal
seria usar o termo no plural: ciberculturas.
 1.4.Debater as ciberculturas chama a atenção para pensarmos o
tipo de cultura digital com a que nos envolvemos e que tipo de
culturas digitais estamos construindo.
 1.5.São através das ciberculturas que nos transformamos em
cidadãos digitais  nas redes sociais nunca estamos sós, e
nossa postura não tem repercussões isoladas  que tipo de
cidadãos seremos, aquele que ajuda a construir uma sociedade
mais justa e inclusiva ou uma sociedade mais doente e
excludente?
2.CIBERESPAÇO:
 2.1.Ciberespaço é um espaço existente no mundo de
comunicação em que não é necessária a presença física do
homem para constituir a comunicação como fonte de
relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária
para a criação de uma imagem anônima, que terá comunhão com
os demais.
 2.2.O ciberespaço permite a interação de milhares de pessoas
simultamentente em um mesmo espaço, coisa que era até então
impossível.  O ciberespaço, portanto, está revolucionando
nossa relação com a espacialidade.
3.CIBERTEMPO:
 3.1.Intimamente ligado ao ciberespçao temos a construção de um tempo
vinculado a nossa atividade no meio digital.
 3.2.O cibertempo tem comprimido as distâncias temporais e tem contribuído
para que operações econômicas e culturais sejam feitas de modo quase
imediato revolucionando, portanto, nossa relação com o tempo.
 3.3.Psicologicamente a hipercompressão estimulado pelo cibertempo nas
relações capitalistas tem mostrado impactos negativos na saúde mental
estimulando um tempo presentista ultra-acelerado que facilita o
desenvolvimento de problemas de ansiedade e depressão.  Passamos a nos
acostumar que tudo ocorra de forma imediata com apenas um clique, isso
torna nosso modo de vida e de trabalho muitas vezes insuportável já que não
são geridos pela modo como nosso cérebro tem sido estimulado a perceber a
realidade.
4.VARIEDADES DE CIBERCULTURAS:
 4.1.Comunidades de pirataria  envolve o compartilhamento de dados sem
autorização legal  ataca as noções de propriedade.
 4.2.Comunidades de tradução: grupos voltados para a tradução de material
inédito  quadrinhos, livros, artigos acadêmicos, etc.
 4.3.Comunidades de compartilhamento de dados: comunidades voltadas
para o compartilhamento de arquivos que interessam aos seus membros 
muitas vezes estão envolvidas com a pirataria.
 4.4.Comunidades de saberes: reúnem pessoas interassadas em
conhecimentos específicos  ex: uma autor, uma obra, uma corrente de
pensamento.
 4.5.Comunidades de amigos: voltadas para a formação de círculos de
amizade  Orkut e Facebook foram muito utilizados nesse sentido.
 4.6.Comunidades de lazer: voltadas para compartilhar experiências de
entretenimento  filmes, séries, jogos, quadrinhos, etc.
 4.7.Comunidades de ódios: voltadas para ataques a grupos específicos e
para o fomento de redes e ações de ódio e violência.
 4.8.O caso Instagram: o Instagram têm criado em uma escala gigantesca
comunidades voltadas quase que exclusivamente para a propaganda,
vendas, consumo e exibicionismo.  Tal fato é problemático em uma
sociedade onde poucos têm acesso ao estilo de vida e consumo que é
exibido no Instagran  dados dos EUA apontam um crescimento
exorbitante ligando o Instagram aos casos de depressão e ansiedade. Mas,
faltam ainda dados para pensarmos em termos gerais o impacto do
instagran em nossas sociedades.
 4.9.Comunidades de relaxamento: a internet pode ser usada de forma
saudável para desestressar e relaxar?  Ver caso dos vídeos de gatos
(indicação: série documental Don't f**k with cats: uma caçada online).
 4.10.A polêmica do Tik-Tok: usado por usuários que alegam buscar
entretenimento e formas de “desopilar”, tem sido criticado por estimular o
consumismo e o exibicionismo exacerbado, além de permitir a sexualização
precoce de crianças.
 4.11.Comunidades de negócios: ferramentas como o mercado livre ou
instagran tem tornado o mundo virtual um lugar especialmente importante
para a realização de negócios. Nesse sentido, podemos falar de grupos que
se relacionam com internet principalmente visando interesses econômicos.
 4.12.Comunidades políticas: voltadas para o debate de ideias e
ações políticas.
 4.13.Comunidades criminosas: cuidado!!!  A internet em
especial a deep web abriu espaços para que comunidades
explicitamente criminosas voltadas para pedofilia ou atividades
neonazistas se proliferassem de forma subterrânea. Permitindo,
além disso, maior integração e organização entre os membros
desses grupos.  A internet deve ser regulamentada? É possível
regulamentar a internet? Se sim, como devemos fazer isso?
 Obs: existe forte interseção entre a comunidades apresentadas e
um indivíduo pode circular por incontáveis comunidades online,
todavia, uma forte tendência atual tem sido a formação de
bolhas que envolvem comunidades específicas e formam
subgrupos bastante fechados dentro de uma comunidade.
5.REDES SOCIAIS, CIBERCULTURA E
SAÚDE MENTAL:
 5.1.A vinculação excessiva a comunidades voltadas para o
consumo e o exibicionismo tem apresentado graves impactos na
saúde mental de crianças e jovens.
 5.2.A saúde mental no mundo virtual está estritamente ligada ao
tipo de cibercultura que fomentamos, de modo que o problema
não é internet em si, mas como construímos nossa cultura em
rede.
 5.3.As redes sociais, infelizmente, tem fomentado ciberculturas
bastante danosas a saúde menta, todavia, cabe a nós como
cidadãos virtuais mudar nosso modo de atuar nas redes sociais.
6.PRINCIPAIS RISCOS DETECTADOS
DAS REDES SOCIAIS PARA A SAÚDE:
 FONTE: REDE DE ENSINO E PESQUISA DO HOSPITAL SANTA
MÔNICA (Referência em Saúde Mental Infantojuvenil e Adulto e
Dependência Química) 
https://hospitalsantamonica.com.br/dilema-das-redes/
 6.1)  87% das pessoas acessam as redes sociais antes de dormir:
 Pesquisas indicam que a luz azul emitida pelos celulares é
prejudicial à qualidade do sono.
 A lista de problemas de saúde mental associados a noites mal
dormidas inclui ansiedade, depressão, entre outros.
 6.2.  Jovens percebem que as redes sociais fazem mal ao seu
bem-estar:
 De acordo com uma pesquisa publicada pela Royal Society for
Public Health, a maioria dos jovens acredita que as redes
sociais prejudicam o seu bem-estar.
 Para o estudo, foram entrevistadas 1.500 pessoas com idades
entre 14 e 24 anos.
 6.3.  5% dos jovens já são considerados viciados em redes
sociais:
 O mesmo estudo afirma que o poder dessa dependência
causado pelas redes sociais é superior ao do cigarro e álcool.
 Outra publicação aponta que o Facebook aciona a mesma
parte do cérebro que o abuso de substâncias químicas e os
jogos de azar.
 6.4.  63% dos usuários relatam infelicidade:
 Uma enquete feita pelo aplicativo de monitoramento Moment
revelou que 63% das pessoas que passam mais de 1 hora por dia
no Instagram se sentem infelizes.
 Para a pesquisa, mais de 1 milhão de usuários responderam à
pergunta.
 Os dados deste infográfico reforçam que as redes sociais têm
uma forte relação com a saúde mental. Por isso, recomenda-se
cuidado e moderação na hora de navegar por essas redes.
7.O CYBERLOAFING (FUGA DO
DEVER OU DO TRABALHO):
 7.1.Uma das mais graves conseqüências do excesso de vida online
vem sendo nomeado de cyberloafing que é o ato de fugir dos deveres
como estudar, trabalhar, viver em família ou em sociedade à partir da
imersão no mundo digital.
 7.2.As pessoas que desenvolvem cyberloafing apresentam
incapacidade de se concentrar em atividades de estudo ou trabalho
simples ao mesmo tempo que projetam desculpas ou ilusões para sua
falta de compromisso e empenho.  Ex: vou ficar rico com redes
sociais; o mundo virtual, hoje, é mais importante que o mundo dos
estudos ou do trabalho; vou conseguir oportunidades na vida apenas
com o mundo virtual  por isso, essa prática doentia também é
chamada de goldbricking (tijolo coberto de ouro).
8.O MITO DO INFLUENCIADOR
DIGITAL:
 8.1.Segundo pesquisa da Nielsen Consumer, de 2022, o brasil é o país
do mundo com maior número de influenciadores digitais  10,5
milhões (+- 5% da população brasileira).
 8.2.75% dos jovens brasileiros desejam ser influenciadores.
 8.3.O mercado de influenciadores é, de fato, gigantesco. Mas nada
indica que esse mercado possa criar oportunidade para todos.  5% da
população já é um número elevado, mas a maioria (segundo dados
ainda muito incompletos) parece ganhar em média 800,00 reais por
mês.
 8.4.A maioria dos influenciadores parece ter de praticar outra função
para sobreviver, seja no campo do empreendedorismo, seja em
profissões formais.
 8.5.O “mito do influencer” é um derivado do “mito do
empreendedorismo” que produz a ilusão da possibilidade de
construirmos uma sociedade onde todos são empreendedores ou
empreendem enquanto influenciadores.
 8.6.Podemos construir um país onde a maioria da população é apenas
influenciadora? Se sim, vão influenciar em função do quê ou quem?
 8.7.Podemos criar um mundo de influenciadores e empreendedores?
Como? A competição não levaria os lucros de ambos a diminuírem
cada vez mais?
 8.8.Podemos ser felizes fazendo todos as mesmas coisas? Tendo todos
as mesmas aptidões?
9.DICAS PARA EVITAR CAIR NO MITO
DO INFLUENCER:
 9.1.Nem todo influencer tem sucesso financeiro.
 9.2.É comum que o influencer tenha que complementar sua renda com
outras funções.
 9.3.É extremamente difícil se tornar apenas digital influencer de
primeira.
 9.4.Ser influencer não traz dinheiro fácil  requer, na maioria das
vezes, disciplina, entendimento das redes, muitas horas de trabalho e
assessoria adequada.
 9.5.Se você alimenta esse sonho, teste o mais rápido possível sua
aptidão (o mesmo vale para o empreendedorismo), senão corre grande
risco de cair no cyberloafing.
 9.6.Na maioria dos casos a atividade de digital influencer se dá como
complemento a atividades de empreendedorismo  está se
destacando um mercando independente de influencer, mas esses
ainda são minorias e disputam mercado com pessoas de melhor
formação como “marketing digital” ou “administração”
(principalmente assessoria em administração de redes sociais).
 9.7.No Brasil o mercado ainda é pouco profissionalizado, a tendência
é que a profissionalização aumente sendo necessários mais
conhecimentos técnicos e teóricos para disputar esse mercado.
Se nem com essa moleza você criar
vergonha e estudar, nem Jesus vai
te salvar!!!

DICA DE BROTHER: NÃO BASTA RESUMÃO, NEM MAPA MENTA, NEM DEBATE EM
SALA, NEM A MELHOR DAS AULAS EXPOSITIVAS, NEM MESMO MESA BRANCA, SE
VOCÊ NÃO SENTAR A BUNDA NA CADEIRA PARA REVISAR O CONTEÚDO EM CASA
COM UM BOM LIVRO OU COM PESQUISAS NA INTERNET, SEU ESTUDO NÃO VAI
FLUIR COMO DEVERIA, POIS PROFESSOR JÁ APRENDEU A FAZER MÁGICA, MAS NÃO
FAZ MILAGRE.
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