Você está na página 1de 6

A luta dos “de baixo” e o sentido dos Direitos Humanos:

uma possível abordagem a serviço das maiorias sociais

Texto baseado em apresentação e


debate com o coletivo Construção
ocorrido em 03.06.20
Elídio A. B. Marques

“A luta por Direitos Humanos é o que dá sentido à luta de classes hoje”


por
“A luta da classe e do conjunto dos oprimidos do mundo é que deve nos dar
sentido na luta por Direitos Humanos hoje”

Proposta de “fio” pra uma leitura materialista, dialética e, sobretudo, política da


questão:

1- “Direitos Humanos” foi erigido como uma espécie de idioma, linguagem,


gramática comum das instituições internacionais no pós-Segunda Guerra.

De um lado, ONU

De outro, força dos comunistas e trabalhadores

No meio, a comissão

Legitimição pros de cima


Apoio pra contestação pelos de baixo (descolonização)
+ Liberdades civis nos EUA. Movimentos na Europa e contra as ditaduras e
apartheid

Leste
Inicial
Depois
Promessas incumpridas da modernidade
Com esse duplo significado

2- Necessidade de se opôr ao fascismo

Não existe possibilidade de concepção que adeque a substância dos Dhs ao


fascismo

O que não significa q não possam fazer uso retórico


E nem que certos usos dos discursos de direitos não sejam abrigos pra
aspectos do fascismo

3- O que fazer com uma linguagem cuja origem está vinculada ao dominador?
Escolha política
O que fazer com o inglês? Ou o francês? Ou o espanhol?
A linguagem contém amarras, moldes, prisões e também batentes,
caminhos, rotas de fuga
Opções básicas: utilizá-la
criar uma nova ou resgatar uma das nossas
tradições
combinação entre as duas coisas (Bolívia)
Conferência de Guayaquil

4- pistas para uma abordagem revolucionária dos Dhs


Movimentos, discussões, elementos direta ou indiretamente ligados às lutas por
direitos
1o Reconhecimento de que se trata de uma arena de disputa
2o Concepção e abordagem coerentes com a ideia de que nós somos os mais
consequentes defensores de direitos humanos
numa acepção substantiva, material, consequente somente quem está
disposto a enfrentar as amarras do capital e de sua ordem é que vai
defender Dhs até o fim (inclusive os direitos civis, individuais)
o neoliberalismo é inconciliável com Dhs
a lógica de controle – capitalismo de vigilância – é inconciliável
a ascendente ED é inconciliável
3o A centralidade dos movimentos de luta (em oposição à circunscrição
institucional) ex: movimento nos EUA; antifascismo no Brasil
“vontade antagonista”
Evitar a armadilha da criminalização
4o A ampliação da leitura contextual (pra abarcar as contradições).
Desfocalização das agências especializadas. Ex: E o FMI e o Banco Mundial? E os
EUA? E a política de drogas enquadrada pela ONU?
Incluir as políticas econômicas
5o Concepção não hierarquizada entre direitos. Os direitos coletivos, sociais,
ambientais, culturais, são direitos humanos. Ex: direito ao progresso científico
6o A criação de novos direitos como parte da resistência e da disputa do futuro.
À medida em que novas áreas da vida sofrem a tensão da mercantilização …
Direito à Água, à semente, aos bens comuns da humanidade, às novas
tecnologias de saúde
7o Máximo esforço intercultural, máxima vigilância quanto ao imperialismo
cultural (o que inclui o reconhecimento e diálogo com outras linguagens da
preservação do que chamamos dignidade humana e de perspectiva de
emancipação humana). Haverá tensões mas é uma armadilha conservadora
paralisia prévia sobre elas.
8o No debate internacional. Combater o uso criminalizador, hierarquizador.
O estado que mais viola Dhs no mundo são os EUA (Chomsky)
Os estados marginalizados politicamente tem discursos sobre Dhs e méritos
nesta área. Irã , China, Cuba (sob muitos critérios um dos estados que mais
cumpre, realiza e difunde Dhs).
Sem hesitação em condenar o que for violação de Direitos
9o Por fim, sempre que precisarmos ou for importante estar neste lugar ou fazer
este discurso do direitos emprestar ao máximo possível o sentido de
emancipação humana, de pequeno passo de construção de futuro generoso, em
que a liberdade não dependa de um ingresso que se compre com dinheiro, a
igualdade concreta seja condição pro exercício de todas as formas da diversidade
humana e a fraternidade seja o resultado prático cotidiano e informador de toda
a atividade econômica e social e, por conseguinte, de toda relação com a
natureza.
6- [Proposição] O que os socialistas poderiam dizer e fazer sobre Direitos
Humanos

Os socialistas almejamos uma transformação profunda e duradoura da vida


humana no planeta: das condições de vida, das possibilidades de fruição do
mundo e de realização de anseios e percursos, de exponenciação da liberdade
para uma liberdade real, efetiva, que sabemos exige uma derrota de poderes hoje
existentes, inclusive poderes do capital. Estamos cientes de que a liberdade e
dignidade humanas não vão poder se realizar completamente – restarão como
promessas, como exercícios de resistência – nesta ordem e de que as
transformações necessárias serão difíceis, resultantes de lutas políticas e não
apenas de uma alterações pontuais de consciência e atitude. Isso nos difere das
pessoas de boa vontade de maneira geral.
A questão que se coloca é a de como lidar com os movimentos, os atos,
discursos, normas e instituições vinculados a Direitos Humanos para quem luta
pelo socialismo.
Essa questão merece que situemos um “pressuposto”: Fazendo uma analogia
podemos afirmar que “Direitos Humanos” correspondem a uma linguagem –
como um idioma, com sua gramática, possibilidades e limitações. Uma linguagem
cuja criação e uso não se configuraram completamente em nosso terreno,
embora tenhamos participado como atores da resistência, da sua construção. A
construção de uma nova sociedade talvez exija novas linguagens e o resgate das
muitas que a ordem do capital foi tentando apagar. Mas neste momento exige
que consigamos nos expressar, disputar o terreno, da linguagem difundida, sem
prejuízo de que novas e antigas outras possam ir sendo fomentadas
Intervenções “humanitárias”
Timor
E o novo holocausto?
Processo decisório
Luta pelo socialismo e luta pelos Direitos Humanos

Você também pode gostar