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CENTRO DE EDUCAÇÃO

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO CABO BRANCO CURSO DE


HABILITAÇÃO DE OFICIAIS

ESTUDO DIRIGIDO

INSTRUTOR: CAP HENRIQUE CURSO: CHO PM


DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS

1. Quando surgiu os Direitos Humanos tal como o concebemos atualmente?


Os Direitos Humanos como nós os concebemos hoje surgiram na modernidade,
na europa, séc. XVII e XVIII.

2. Como os princípios cristãos e a história do cristianismo se relacionam com os


Direitos Humanos?
Os princípios cristãos, como a igualdade, a dignidade e a justiça, têm influenciado
os Direitos Humanos. A ideia de que todos são criados à imagem de Deus e
merecem respeito tem sido central. Líderes e movimentos cristãos têm defendido
os Direitos Humanos ao longo da história. No entanto, os Direitos Humanos são
universais e não limitados a uma única religião, são fundamentais para a
dignidade de todas as pessoas.

3. Como foi a modificação da visão do jusnaturalismo antigo para o jusnaturalismo


moderno na perspectiva dos direitos humanos?
A transição do jusnaturalismo antigo para o moderno na perspectiva dos Direitos
Humanos envolveu uma mudança de visão.
Enquanto o jusnaturalismo antigo limitava os direitos naturais a certas classes de
pessoas, o jusnaturalismo moderno ampliou essa visão, reconhecendo a
igualdade e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente de sua
posição social.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 foi um marco
importante nesse processo, estabelecendo os fundamentos para a concepção
atual dos Direitos Humanos como universais e invioláveis.

4. Quais foram as declarações de direitos decorrentes das revoluções burguesas?


Declaração Inglesa de Direitos de 1689;
Declaração de Independência dos EUA de 1776;
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 e;
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã de 1791.

5. Explique com suas palavras o efeito cascata que as declarações de direitos


provocaram na conquista de direitos de diversos grupos sociais.
O efeito cascata ocorre porque o reconhecimento de direitos básicos para um
grupo cria uma consciência e um senso de justiça social que motiva outros
grupos a exigirem seus próprios direitos. Além disso, a visibilidade e o sucesso
dos movimentos de direitos civis criam um precedente e um exemplo a ser
seguido por outros grupos, inspirando-os a se unir e lutar por suas reivindicações.
6. Quais os principais direitos buscados nas Revoluções Burguesas?
Direitos de 1ª dimensão, especialmente os direitos de liberdade.
Logo, os direitos a liberdade política, a igualdade, a liberdade de expressão e de
pensamento, e a garantia da propriedade privada. Esses direitos foram
considerados fundamentais para limitar o poder absoluto dos monarcas e
estabelecer um sistema político baseado na participação dos cidadãos.

7. Explique por que ao longo das Revoluções Burguesas os direitos das mulheres
estavam mais abaixo na escala de "conceptibilidade" do que os de outros grupos.
Pode ser explicado por alguns motivos como:
Estruturas patriarcais;
Visão limitada sobre o papel das mulheres;
Restrições legais e institucionais;
Movimentos e demandas concentrados em questões mais amplas;
Pouca representatividade política.

8. Fale qual o motivo da ascensão das novas doutrinas biológicas.


Essas ideologias muitas vezes são baseadas em preconceitos e suposições
infundadas e podem ser impulsionadas por vários fatores, como desinformação,
ignorância, medo, desigualdade social, intolerância e outros elementos culturais,
políticos ou sociais.

9. Em que o antissemitismo moderno se diferencia do antissemitismo já existente


na sociedade europeia?
O antissemitismo histórico, que remonta à Idade Média e persistiu ao longo dos
séculos, era baseado principalmente em preconceitos religiosos, com a
comunidade judaica sendo frequentemente perseguida e culpabilizada por
eventos como a morte de Jesus Cristo. Esse tipo de antissemitismo era
frequentemente ligado à ideia de "judeus como inimigos de Deus" e era
propagado por meio de difamações e teorias da conspiração.

O antissemitismo contemporâneo é um ódio direcionado aos judeus com base em


motivos étnicos, raciais e políticos. Vai além da religião e manifesta-se por meio
de estereótipos negativos, ódio ao grupo étnico e cultural dos judeus, oposição ao
Estado de Israel (antissionismo) e disseminação de discursos de ódio online. Isso
inclui teorias conspiratórias antissemitas, negação do Holocausto, estereótipos,
insultos e ataques violentos contra indivíduos e comunidades judaicas. O
antissemitismo é um fenômeno global, não restrito à Europa, e combater esse
ódio é crucial para promover direitos humanos, tolerância e respeito mútuo.
10. Como o sexismo usa a ciência para justificar a superioridade masculina em
relação às mulheres?
O sexismo fundamentou-se na suposição de que existiam diferenças biológicas
natas entre homens e mulheres que desencadeavam desigualdades de gênero.
Essa visão foi amplamente disseminada e legitimada por diferentes correntes
de pensamento, da biologia à sociologia, o que contribuiu para a perpetuação da
desigualdade de gênero ao longo dos anos.

11. Em que consistia a ciência racial (racismo) e como ela se relacionava com o
imperialismo?
A ciência da raça (séc. XVIII). Hierarquia das raças. Apenas certas raças alcançariam a
civilização.
• Negros agora eram inferiores não por serem escravos, mas pela origem e cor da pele.
O IMPERIALISMO e a CIÊNCIA RACIAL desenvolveram uma relação simbiótica: o
imperialismo das "raças conquistadoras" tornava as afirmações raciais mais verossímeis,
e a ciência racial ajudava a justificar o Imperialismo.

12. Qual o estopim para a promulgação da Declaração Universal dos Direitos


Humanos em 1948?
O estopim foi a necessidade de estabelecer uma base comum de direitos e
liberdades fundamentais após as violações em massa durante a Segunda Guerra
Mundial.

13. Disserte acerca do impacto do holocausto no campo dos Direitos Humanos.


O Holocausto teve um impacto profundo nos Direitos Humanos, despertando uma
consciência global sobre a importância de proteger a dignidade e os direitos
fundamentais de todas as pessoas. Como resposta direta, a Declaração Universal
dos Direitos Humanos foi adotada em 1948. Além disso, o Holocausto influenciou
o desenvolvimento do Direito Internacional Humanitário e do Direito Penal
Internacional, levando à responsabilização dos perpetradores de crimes contra a
humanidade. Em suma, o Holocausto gerou um compromisso renovado com a
proteção dos direitos humanos e a prevenção de atrocidades semelhantes.

14. O que representava a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948?


A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, representava um marco
histórico e um compromisso global para estabelecer os direitos e liberdades
fundamentais de todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade,
raça, religião ou origem.

15. Como relacionar os direitos e deveres, a partir da perspectiva do Estado e do


cidadão?
Todo direito implica um dever! Os direitos e deveres estão intimamente
relacionados tanto para o Estado quanto para o cidadão. O Estado tem o dever
de proteger e garantir os direitos fundamentais de seus cidadãos, como liberdade
de expressão, igualdade perante a lei e acesso à justiça. Por sua vez, os
cidadãos têm o dever de respeitar as leis e regulamentos estabelecidos pelo
Estado, bem como respeitar os direitos e liberdades dos outros. Essa relação de
reciprocidade entre direitos e deveres é essencial para promover uma sociedade
justa, equilibrada e harmoniosa.

16. Explique quais as maneiras de cumprimento dos direitos humanos do ponto de


vista subjetivo e objetivo.
Os direitos humanos subjetivos são os direitos que cabem a todo ser humano em
virtude de sua humanidade. Os direitos humanos objetivos são normas que
reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos, como os
direitos fundamentais previstos em cartas magnas.

17. Quais argumentos utilizados atualmente para se defender que não mais é
relevante a divisão entre os conceitos de direitos humanos e direitos
fundamentais?
Há argumentos utilizados atualmente para defender que não é mais relevante a
divisão entre os conceitos de direitos humanos e direitos fundamentais. Alguns
desses argumentos incluem:

Universalidade dos direitos: Argumenta-se que todos os direitos devem ser


universais e aplicáveis a todas as pessoas, independentemente de sua
nacionalidade, cultura ou contexto. Nesse sentido, tanto os direitos humanos
quanto os direitos fundamentais são vistos como parte integrante desse conjunto
universal de direitos inalienáveis.
Esses argumentos buscam destacar a unidade e a complementaridade dos
direitos humanos e dos direitos fundamentais, enfatizando que ambos são
essenciais para garantir a dignidade e os direitos de todas as pessoas,
independentemente de sua origem ou contexto.

18. Disserte acerca do princípio da dignidade da pessoa humana.


Para entender a dignidade da pessoa humana, temos como pressuposto o direito
a vida. Esse direito costuma ser representado doutrinariamente em duas
perspectivas: 1) o direito de continuar vivo, ou seja, de não ser morto; 2) o direito
de ter uma vida digna. No que se refere à proteção a vida digna, que expande o
conceito de vive para além da simples subsistência física, temos uma íntima e
indissociável relação com a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos
da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF/88). Nesse contexto,
resguardar uma vida com dignidade é terefa multifacetária, que exige o Estado
assegure ao indivíduo um mínimo existencial, isto é, o acesso à bens e utilidades
necessárias para uma vida digna apropriada, forneça serviços essenciais (como o
de educação, o de saúde, etc.), crie planos de governo que propiciem ao
indivíduo exercer plenamente seus direitos (ao trabalho, à moradia, etc.) e suas
liberdades, proíba qualquer tipo de tratamento desmerecedor, como a tortura (art.
5º, III, CF/88), as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados ou as cruéis,
(art. 5º, XLVII, “b”, “c” e “e”, CF/88).
O próprio preâmbulo da DUDH enfatiza a dignidade como fundamento daquele
diploma internacional: “Considerando que o reconhecimento da dignidade
inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e
inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”;

19. Cite cinco princípios ou características de direitos humanos, explicando cada um


deles.
1. Universalidade: Os Direitos Humanos são universais, ou seja,
pertencem a todos os seres humanos que vivem no planeta Terra pelo simples
fato de serem humanos. A percepção de que o indivíduo é sujeito de direitos por
ser uma pessoa, e não somente por ter nascido ou ser membro reconhecido de
um determinado Estado, flexibilizou a noção tradicional de soberania e consolidou
a idéia de que o indivíduo é um sujeito de direitos no âmbito internacional.
2. Interdependência: Os direitos são autônomos mas dependem um dos
outros para serem colocados na prática plenamente. A realização de um direito
muitas vezes depende, no todo ou em parte, da realização de outros. Por
exemplo, a realização do direito à saúde pode depender da realização do direito à
educação ou do direito à informação; a efetivação do voto, que é um direito
político, depende da garantia do direito à educação, que é um direito social, etc.
3. Inalienabilidade: São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque
não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os
confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis;
4. Imprescritibilidade: O exercício de boa parte dos direitos
fundamentais ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica. Se
são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não
exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição;
5. Não-Exaustividade: os direitos humanos, nos textos jurídicos em que
estão inseridos, possuem rol exemplificativo, portanto, jamais serão taxativos ou
limitados por uma simples lista;

20. Defina em que consiste cada uma das dimensões de Direitos Humanos,
exemplificando os direitos previstos em cada uma delas.
Os direitos de primeira geração ou dimensão referem-se às liberdades negativas
clássicas, que enfatizam o princípio da liberdade, configurando os direitos civis e
políticos. Surgiram nos finais do século XVIII e representavam uma resposta do
Estado liberal ao Absolutista, dominando o século XIX, e corresponderam à fase
inaugural do constitucionalismo no Ocidente. Foram frutos das revoluções liberais
francesas e norte-americanas, nas quais a burguesia reivindicava o respeito às
liberdades individuais, com a conseqüente limitação dos poderes absolutos do
Estado. Podemos exemplificar os direitos de primeira dimensão o direito à vida, à
liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à
participação política, etc.
Os direitos de segunda geração relacionam-se com as liberdades positivas,
reais ou concretas, assegurando o princípio da igualdade material entre o ser
humano. A Revolução Industrial foi o grande marco dos direitos de segunda
geração, a partir do século XIX, implicando na luta do proletariado, na defesa dos
direitos sociais (essenciais básicos: alimentação, saúde, educação etc.). Ao invés
de se negar ao Estado uma atuação, exige-se dele que preste políticas públicas,
tratando-se, portanto de direitos positivos, impondo ao Estado uma obrigação de
fazer, correspondendo aos direitos à saúde, educação, trabalho, habitação,
previdência social, assistência social, entre outros.
Os direitos de terceira geração consagram os princípios da solidariedade ou
fraternidade, sendo atribuídos genericamente a todas as formações sociais,
protegendo interesses de titularidade coletiva ou difusa, não se destinando
especificamente à proteção dos interesses individuais, de um grupo ou de um
determinado Estado, mostrando uma grande preocupação com as gerações
humanas, presentes e futuras. Possui origem na revolução tecnocientífica
(terceira revolução industrial), revolução dos meios de comunicação e de
transportes. Podemos citar como direitos de terceira geração: direito ao
desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos
povos, direito de comunicação, de propriedade sobre o patrimônio comum da
humanidade e direito à paz, cuidando-se de direitos transindividuais, sendo
alguns deles coletivos e outros difusos, o que é uma peculiaridade, uma vez que
não são concebidos para a proteção do homem isoladamente, mas de
coletividades, de grupos.
Os direitos humanos de quarta geração não é um tema pacífico na doutrina.
Essa geração compreende o direito à democracia, informação e
pluralismo (político, religioso, jurídico e cultural) e de normatização do patrimônio
genético. Geralmente envolvem direitos que têm vinculação direta com a vida
humana (aborto, eutanásia, clonagem, etc.)
Apenas alguns autores defendem a existência dos direitos de quinta geração.
Para alguns essa geração diz respeito ao direito à paz mundial; enquanto para
outros são os direitos ligados à pesquisa biológica e ao patrimônio genético,
havendo, ainda, autores que enquadram nessa geração os direitos ligados à
internet, ciberespaço, realidade virtual, crimes via rede, etc.

21. Quais os fundamentos dos chamados novos direitos, isto é, por que e como
surgem novos direitos humanos?
Os fundamentos do “novos” direitos são:
1. Processo de permanente gestação, provocados por reivindicações e conflitos;
2. As necessidades humanas estão em permanente redefinição e criação.
Os “novos” direitos são afirmados como necessidades históricas na relatividade e
na pluralidade dos agentes sociais que hegemonizam uma dada formação
societária. Estas transformações do mundo atual, em uma velocidade incrível,
estão produzindo o que tem sido chamado de "novos direitos". Cabe ao Estado,
através do direito interno e ao conjunto das Nações, pelos Tratados ou
Convenções, regular coativamente novas condutas, frente a questões, muitas
delas, até então nem pensadas.

22. Disserte a respeito do direito à igualdade, diferenciando os aspectos formal e


material.
Princípio geral de todo ordenamento e pedra angular do regime democrático, o
dirieto a igualdade recebeu da Constituição especial e robusta proteção, sendo
várias as manifestações do poder originário sobre o tema (art. 3º, III e IV; art. 5º,
caput e I; art. 7º, XXX e XXXI, art. 39, § 3º, etc).
De todas as menções, a mais central é aquela constante do caput do art. 5º que,
ao enunciar que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza”, contemplou o aspecto formal para o princípio da isonomia,
consagradora de um tratamento igualitário perante a lei.
Aos poucos, porem, essa concepção puramente formalista demonstrou sua
insuficiência em equacionar verdadeiramente a igualdade entre os indivíduos, já
que os marginalizados seguiam sem acesso às mesmas oportunidades, bens e
“condições de partida” que os socialmente favorecidos. Iniciando-se nesse
cenário o robustecimento do aspecto material (substancial), que considerasse as
desigualdades reais existentes na vida fática, permitindo que situações desiguais
fossem destinatárias de soluções distintas. Recuperava-se, com isso, a lógica
aristotélica de que os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida da
sua desigualdade.

23. Comente acerca do devido processo legal e quais os seus princípios estão
inclusos na DUDH.
Previsto no Art.5º, inciso LIV, da Constituição Federal, o “due process of law”,
assegura à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus
bens sem a garantia de um processo desenvolvido de acordo com a lei.
É um princípio síntese que dá origem e que inspira todos os outros princípios
relativos a garantias de um procedimento justo. É dele que surge a Motivação das
decisões, Contraditório, Ampla Defesa, Isonomia, Publicidade, e a Razoável
Duração do Processo.
Princípios inclusos na DUDH relacionados: liberdade (IX), devido processo legal
(X), presunção de inocência, ampla defesa e legalidade (XI);
24. Cite ferramentas jurídicas que podem ser exercidas diante da ocorrência de
violações de direitos humanos.
1. Denuncia perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), no âmbito do Sistema Interamericano de Proteção em Direitos Humanos.
2. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no âmbito do
Sistema Interamericano de Proteção em Direitos Humanos, instância superior.
3. A Defensoria Pública da União (DPU), por meio da Coordenação de
Apoio à Atuação no Sistema Interamericano de Direitos Humanos (CSDH),
recebe denúncias de violações através de formulário eletrônico no Google Forms,
que pode ser acessado no site da própria DPU.
4. o Governo Federal disponibiliza um canal de denúncia de violações de
Direitos Humanos, o Disque 100. O serviço é indicado para situações
emergenciais, que acabaram de ocorrer ou ainda estão em curso, sendo diferente
do canal de denúncia anterior. Funciona 24h por dia e está vinculado ao
Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

25. O art. 12 da DUDH expressa que “ninguém será sujeito à interferência em sua
vida privada”. Dê dois exemplos em que policiais podem incorrer em abuso no
que se refere à garantia deste direito.
Violação da intimidade quando obriga o abordado a desbloquear o celular
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
Violação domiciliar
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

26. Cite uma situação em que o direito à propriedade pode ser relativizado? Quando
não atender a uma função social.
Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

27. Cite uma situação em que o direito à liberdade de expressão não pode ser
utilizado como justificativa para emitir/difundir qualquer tipo de opinião.
Quando a emissão da opinião for apologia ao crime ou anônima.
Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

28. Como se dá o exercício dos direitos políticos?


Os Direitos Políticos conferidos à população brasileira, de acordo com a Constituição
Federal, no capítulo IV, são: o sufrágio universal, o voto direto e secreto e a participação
em plebiscitos, referendos ou iniciativas populares.

29. Disserte sobre os direitos sociais, econômicos e culturais, destacando o princípio


da reserva legal e a proibição do retrocesso.
Os direitos sociais, econômicos e culturais são componentes essenciais dos direitos
humanos, reconhecidos em várias declarações e tratados internacionais. Eles englobam
uma ampla gama de direitos, como o direito à educação, à saúde, ao trabalho digno, à
moradia adequada, à cultura, entre outros.

O princípio da reserva legal é um elemento fundamental relacionado a esses direitos. Ele


estabelece que a criação, a regulamentação e a restrição desses direitos devem ser
definidas por meio de leis estabelecidas pelo poder legislativo. Isso significa que
questões relacionadas aos direitos sociais, econômicos e culturais devem ser tratadas de
forma clara e precisa por meio de leis específicas, assegurando a segurança jurídica e a
previsibilidade.

Além disso, o princípio da proibição do retrocesso é um conceito importante ligado a


esses direitos. Ele afirma que os avanços alcançados na garantia e na promoção dos
direitos sociais, econômicos e culturais não devem ser revertidos de forma arbitrária ou
injustificada. Isso implica que os governos devem tomar medidas progressivas e
contínuas para melhorar a efetividade desses direitos, evitando retrocessos indevidos
que possam prejudicar os indivíduos ou grupos que se beneficiam dessas garantias.

Portanto, o princípio da reserva legal destaca a importância de estabelecer esses direitos


por meio de leis claras e específicas, enquanto a proibição do retrocesso reforça a
necessidade de proteger e aprimorar constantemente os direitos sociais, econômicos e
culturais alcançados, assegurando a progressividade desses direitos em benefício da
sociedade como um todo.

30. Como funciona o ciclo dualizado de polícia no Brasil e em que medida isso pode
prejudicar na efetivação dos direitos humanos no sistema de persecução penal?
Na Constituição Federal de 1988 a função das Polícias Militares é o policiamento
ostensivo e a manutenção da ordem pública, cabe às Polícias Civis as funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais. Com isso, diferentemente da maioria
dos países, onde as polícias são de ciclo completo – isto é, a mesma corporação que
investiga realiza o policiamento nas ruas – no Brasil, temos duas “meias” polícias, o que
acarreta “conflitos de competência, distanciamento das direções das instituições
policiais, duplicidade de equipamentos e de gerenciamento das operações, que,
somados, constituem uma das principais causas estruturais da ineficiência do setor”
Em que medida isso pode prejudicar a efetivação dos direitos humanos no sistema de
persecução penal?
Em geral, a PM não respeita a cena do crime, a PC não investe em investigação e os
inquéritos policiais tornam-se pouco qualificados, o que faz com que o percentual de
crimes não esclarecidos seja inaceitavelmente alto no Brasil. Apesar da interdependência
– o trabalho de uma depende do trabalho da outra – não há integração e, pelo contrário,
há disputas – por espaço, por salários, por poder.
Tanto que a Polícia Militar acaba criando mecanismos de investigação – como o
chamado PM2, ou 2a seção do Comando – e as Polícias Civis “não raramente criam
unidades de policiamento ostensivo”, ocasionando violação dos direitos humanos e
prejudicando a persecução penal.

31. Quais garantias mínimas para assegurar um processo equitativo no âmbito


processual criminal ou administrativo?
GARANTIAS MÍNIMAS:
Art. 5º LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

SER INFORMADO PRONTA E DETALHADAMENTE DAS ACUSAÇÕES


CONTRA SI FORMULADAS LOGO QUE POSSÍVEL APÓS A PRISÃO.

• A NOTA DE CULPA
• 24h
• Conhecimento dos responsáveis pela prisão
• Comunicação ao juiz e à família.

JULGAMENTO EM UM PRAZO RAZOÁVEL.


• CF/88 art. 5º - LXXVIII – A todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação.

• DEVE SER CONCEDIDO TAMBÉM PRAZO RAZOÁVEL PARA O


EXERCÍCIO DA DEFESA.
• INTERROGAR, OU FAZER INTERROGAR, AS TESTEMUNHAS DE
ACUSAÇÃO.
• CF - LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial; • DISCUSSÃO: A testemunha é a prostituta das provas?
DE NÃO SER OBRIGADO A TESTEMUNHAR CONTRA SI PRÓPRIO OU A
CONFESSAR-SE CULPADO.
• O direito de não autoincriminação
• Nasceu na Era Moderna em oposição à Inquisição.
• DISCUSSÃO: O direito de mentir e o Regulamento Disciplinar

32. Que garantias um Encarregado de um processo administrativo deve assegurar


aos investigados?
Garantias fundamentais:
• Presunção da inocência de todos os arguidos;
• Direito de todas as pessoas a um julgamento justo;
• Ampla defesa e contraditório
• Devido processo legal e ampla defesa
• Respeito pela dignidade, honra, intimidade e privacidade de todas as pessoas.

33. O 2º TEN CHO FULANO prendeu em flagrante delito o CB BELTRANO pela


prática de um crime militar. Quais garantias ele deve garantir ao preso no
momento da prisão e durante a confecção do APFD?
SER INFORMADO PRONTA E DETALHADAMENTE DAS ACUSAÇÕES
CONTRA SI FORMULADAS LOGO QUE POSSÍVEL APÓS A PRISÃO.
A NOTA DE CULPA
Conhecimento dos responsáveis pela prisão
Comunicação ao juiz e à família.

34. Em que consiste a audiência de custódia?

Lançadas em 2015, as audiências de custódia consistem na rápida


apresentação da pessoa que foi presa a um juiz, em uma audiência onde também
são ouvidos Ministério Público, Defensoria Pública ou advogado do preso. O juiz
analisa a prisão sob o aspecto da legalidade e a regularidade do flagrante, da
necessidade e da adequação da continuidade da prisão, de se aplicar alguma
medida cautelar e qual seria cabível, ou da eventual concessão de liberdade, com
ou sem a imposição de outras medidas cautelares. A análise avalia, ainda,
eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos, entre outras irregularidades.
A implementação das audiências de custódia está prevista em pactos e tratados
internacionais de direitos humanos internalizados pelo Brasil, como o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana de Direitos
Humanos.

35. Diferencie os conceitos de currículo formal e currículo oculto, explicando qual o


impacto da coexistência desses currículos na formação policial militar.
O “currículo formal” (também conhecido como currículo prescrito), que é o
currículo em sua forma mais idealizada. Ele é “prescrito” porque é pensado fora
das especificidades de uma sala de aula, quer dizer, vem antes do contato efetivo
entre professores(as) e estudantes.
O “currículo oculto”, é constituído por todos os saberes que não estão prescritos
nas diretrizes curriculares, mas que acabam por afetar, positiva ou
negativamente, o processo de aprendizagem dos conhecimentos escolares. São
os conhecimentos adquiridos fora da escola, com a família, os amigos; ou, ainda,
no espaço escolar, nas brincadeiras dos corredores, na forma de dispôr as
carteiras, na maneira de se comportar diante de professores(as) e colegas etc.
Há um impacto significativo na formação policial militar, seja nos docentes ou
discentes. A doutrinação efetivada no ambiente acadêmico precisa ser reavaliada
permanentemente; desde os critérios pelos quais são selecionados os instrutores
até os métodos utilizados como avaliação de cada aluno, e também tempo para
cada curso. Por vezes, o conhecimento é voltado em demasia para o militarismo,
em detrimento da tecnicidade; isto tem prejudicado a atividade policial, pois como
diz Balesteri “o acobertamento de práticas espúrias demonstra, ao contrário do
que muitas vezes parece, o mais absoluto desprezo pelas instituições policiais”.

36. Por que se diz que o modelo democrático de governo é o único capaz de
assegurar as garantias fundamentais de seus cidadãos?
O modelo democrático de governo é frequentemente considerado o único capaz
de assegurar as garantias fundamentais dos cidadãos por algumas razões:

1. Participação popular: A democracia permite que os cidadãos participem


ativamente no processo político, por meio do direito ao voto e da possibilidade de
expressar suas opiniões e escolhas políticas. Isso garante que o governo seja
representativo e responsável perante o povo.

2. Separação de poderes: A democracia busca a separação dos poderes


executivo, legislativo e judiciário, para evitar a concentração excessiva de poder
em um único órgão. Essa divisão de poderes serve como um mecanismo de
controle mútuo e de limitação de abusos de autoridade.

3. Estado de direito: A democracia geralmente é fundamentada no princípio do


estado de direito, no qual todas as pessoas são iguais perante a lei. Isso implica
que todos estão sujeitos às mesmas leis e que os direitos e liberdades individuais
são protegidos e respeitados pelo governo.

4. Proteção dos direitos humanos: A democracia tem a tendência de respeitar e


proteger os direitos humanos fundamentais, reconhecendo a dignidade e a
igualdade de todos os indivíduos. Através de mecanismos legais e instituições
independentes, busca-se garantir que os direitos básicos sejam preservados e
promovidos.

Embora o modelo democrático não seja perfeito e possa enfrentar desafios e


limitações, acredita-se que ele ofereça as melhores condições para salvaguardar
as garantias fundamentais dos cidadãos, proporcionando um ambiente propício
para a liberdade, a igualdade e o respeito aos direitos individuais.

37. Cite cinco situações em que policiais militares exercem seus direitos humanos
em seu ofício?
1. No exercício de sua cidadania. Sua condição de cidadania é, portanto,
condição primeira, tornando-se bizarra qualquer reflexão fundada sobre suposta
dualidade ou antagonismo entre uma “sociedade civil” e outra “sociedade
policial”;
2. A visibilidade moral do policial, que traz a importância do exemplo. À
polícia recorre-se, como regra, em horas de fragilidade emocional, que deixam os
indivíduos ou a comunidade fortemente “abertos” ao impacto psicológico e moral
da ação realizada.
3. O policial, assim, à luz de paradigmas educacionais mais abrangentes,
é um pleno e legitimo educador. Essa dimensão é inabdicável e reveste de
profunda nobreza a função policial, quando conscientemente explicitada através
de comportamentos e atitudes.
4. Quando exerce o uso legítimo da força. O uso legítimo da força
não se confunde, contudo, com truculência.
5. Em seu ofício, o equilíbrio psicológico, tão indispensável na ação da
polícia, passa também pela saúde emocional da própria instituição. Mesmo que
isso não se justifique, sabe-mos que policiais maltratados internamente tendem a
descontar sua agressividade sobre o cidadão.

38. Cite 03 direitos humanos que os policiais militares têm restrições em seu
exercício em virtude de ser uma categoria especial?

Respeito ao Direito a folga proporcional ao tempo trabalhado devido a falta de


efetivo em períodos festivos, sendo escalado de forma obrigatória. (Direito a folga
remunerada)
Direito de falar em público dos atos cometidos de forma errada por seus
superiores; (Direito de liberdade de expressão)
Direito a sair de seu Estado sair sem a prévia autorização do comandante da
unidade. (Direito de Locomoção)

39. Explique por que os direitos humanos não são direitos dos bandidos.
Os direitos humanos não se exaurem no âmbito do sistema criminal. Os policiais
também são sujeitos de direitos humanos, uma vez que eles o exercem
diariamente sem se dar conta; deste modo são os primeiros defensores de
direitos humanos. Direitos humanos não são para defender bandidos, são para
defender pessoas, ou seja, são previstos para proteger a dignidade de todas as
pessoas, sem distinção.

40. Em que medida podemos dizer que os policiais militares são os primeiros
defensores ou violadores de direitos humanos em potencial?
Os policiais militares exercem as suas atividades lidando diariamente com os
direitos humanos. Podemos dizer que são primeiros defensores, sob o prisma de
que há uma missão constitucional na atividade desempenhada pelo policial
militar, que se fundamenta em direitos e garantias fundamentais insculpidas na
CF/88, bem como estes constituem parte da Segurança Pública do país. Deste
modo, podem também ser violadores de direitos humanos em potencial, pois para
preservar a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio,
precisam pautar suas ações na legalidade; do contrário, a violação poderá
alcança-los.

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