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HISTÓRIA ANTIGA
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
3.2 Arqueologia..................................................................................................... 15
3.3 Paleografia...................................................................................................... 16
4 História Medieval................................................................................................... 20
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 A HISTÓRIA E SUAS DIVISÕES
2.1 Pré-História
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Hoje, essa visão é reservada. Outras fontes de informação como imagens,
mercadorias e descrições orais passaram a assumir a mesma importância que a
escrita no processo de conhecimento histórico, reflexo da chamada seita Anares,
fundada por iniciativa de Faivre. Além disso, os recentes avanços científicos e
tecnológicos são combinados com a tarefa de estudar o passado. É o caso da análise
de DNA, programas de computador que reconstroem rostos humanos a partir de
crânios e métodos científicos para datar fósseis e sítios arqueológicos.
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instrumentos cortantes. Os homens que viveram nesse período utilizavam
machados de pedra para cortar e esmagar alimentos, além de utilizá-los para
se defenderem. Os seres humanos organizavam-se de forma comunal, com
certa hierarquia e em agrupamentos familiares. Eram nômades, descobriram e
dominaram o fogo, possuíam uma linguagem rudimentar e praticavam rituais e
ritos funerários.
• Paleolítico Inferior: é o momento em que surge o Homo sapiens.
• Paleolítico Médio: compreende um espaço temporal, cultural e
geográfico mais restrito do que os períodos do Paleolítico que o antecedem e
precedem. O homem de Neandertal, a sua distribuição geográfica (Europa), as
técnicas de talhe (indústrias mustierenses) e a sua cronologia (200 a 30 mil
anos a.C.) são características que definem esse período da Pré-História antiga.
• Paleolítico Superior: abrange o fim do Paleolítico Médio e o início do
Mesolítico. Nele, eram produzidos anzóis primitivos, agulhas de ossos, entre
outros instrumentos. Esse período também é caracterizado pela prática da
magia simpática. O homem do Paleolítico Superior já é obrigado a morar
efetivamente nas cavernas (devido ao resfriamento intenso do Planeta e ao fato
de o norte da Europa ter ficado coberto de gelo como consequência da 4ª
glaciação). O homem desse período é o de Cro-Magnon, que já é o homem
propriamente dito. Ele caçava animais de grande porte (mamute, renas)
utilizando armadilhas montadas no chão.
• Mesolítico: também chamado de Idade da Pedra Intermediária, é um
período da Pré-História situado entre o Paleolítico e o Neolítico. Ele ocorreu
(pelo menos com duração razoável) apenas em algumas regiões do mundo
onde não houve transição direta entre os dois períodos citados. As regiões que
sofreram maiores efeitos das glaciações tiveram Mesolíticos mais evidentes. O
Mesolítico iniciou-se com o fim do Pleistoceno, cerca de 10 mil anos atrás, e se
encerrou com a introdução da agricultura, em épocas que variam de acordo
com a região.
• Neolítico: também chamado de Idade da Pedra Polida, é o período da
Pré-História compreendido aproximadamente entre 12.000 a.C. e 4.000 a.C.
Durante esse período, desenvolveram-se práticas agrícolas, a Pré-História e a
Revolução Neolítica 5 o que permitiu às populações mudanças de
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comportamentos e hábitos devido à disponibilidade de alimento. A necessidade
de armazenar os alimentos e as sementes para cultivo levou à criação de peças
de cerâmica, que foram gradualmente ganhando fins decorativos. Por outro
lado, a fixação inerente à agricultura provocou o desenvolvimento da vida em
grupos e modificações culturais. Também foi nesse período que se iniciou a
domesticação de animais, levando a uma incipiente divisão do trabalho.
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anos. Seria impossível compreender a história do homem sem levar em conta as
descobertas desses pesquisadores.
A transformação dos seres humanos (ou, mais precisamente, de certos
grupos de seres humanos em algumas áreas) de caçadores e pescadores em
agricultores, de vida migratória para sedentária, constitui uma revolução. As
transformações climáticas e ecológicas permitiram essa mudança, deixando marcas
indeléveis até os dias de hoje. Uma série de revoluções e transformações modificaram
o modo de vida do homem, mas não há uma datação absoluta.
O homem, no estágio Paleolítico, em que havia sociedades de caçadores e
coletores, aprendeu a controlar o fogo, o que possibilitou aquecimento, iluminação à
noite, melhor defesa e cozimento de alimentos. Nesse estágio, os seres humanos
eram caracterizados pelo nomadismo.
As primeiras atividades econômicas eram a caça e a coleta de grãos,
caracterizando uma economia coletora de subsistência. Em geral, admite-se que as
primeiras semeaduras aconteceram de forma acidental, próximas às moradias, em
lugares de debulha e de preparo culinário dos cereais nativos. As primeiras plantações
teriam se desenvolvido nesses mesmos terrenos, já desmatados, enriquecidos de
dejetos domésticos, e sobre terrenos regularmente inundados pelas cheias dos rios,
que não exigiam nem desmatamento nem preparo do solo (MAZOYER, 2010).
À medida que algumas comunidades humanas passaram a praticar a
agricultura e a domesticação de animais (Revolução Agropastorial, característica do
estágio Neolítico, em que havia agricultores e criadores), evidentemente os homens
passaram a ter mais controle sobre as fontes de abastecimento para a sua
alimentação.
Como você viu, o termo “Revolução Neolítica”, cunhado pelo arqueólogo Childe
(1999), faz referência às mudanças culturais, materiais e sociais experimentadas pelo
homem ao longo de um grande período de tempo. A Revolução Neolítica traz
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mudanças que resultaram na sedentarização, ou seja, em uma nova forma de controle
sobre a natureza e em uma nova forma de viver. A domesticação de animais e a
pecuária também foram extremamente importantes para a organização dos grupos
que viveram nesse período, como verá no próximo parágrafo.
De acordo com Childe (1999), em algumas regiões do Planeta, uma quantidade
de animais, devido a razões climáticas, se aproximou das incipientes comunidades de
agricultores. Em vez de matá-los e comê-los, o homem passou a alimentá-los e a
domesticá-los, criando rebanhos.
A domesticação dos animais e o desenvolvimento das atividades pecuárias
representaram uma transformação significativa na vida social, havendo um
incremento populacional. Em relação à pecuária propriamente dita, ainda que não
exista uma data precisa da domesticação dos bovinos, há diversos registros de bois
e vacas na arte rupestre, em cavernas, em diferentes lugares da Europa. As
representações zoomórficas retratam a aproximação dos homens com os animais.
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Figura 1 - Pedra sulcada, modificada há mais de 250 mil anos, encontrada em
Israel.
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2.7 Primeiras formas de comunicação
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Figura 2 - Réplica exposta no Museu Nacional de Altamira de uma pintura rupestre
pré-histórica da caverna de Altamira, na Espanha.
Fonte https://shutr.bz/3AvnLHN.
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e madeira. Depois, o barro, o papiro, o pergaminho, até chegarem ao papel como
suporte dos signos. A escrita pode ser considerada uma maneira nova de desenhar.
A escrita que mais se usa atualmente é a alfabética. Ela foi inventada pelos
gregos antigos por volta de 800 anos a.C. Homens e mulheres levaram de 3 a 5 mil
anos para chegar à forma atual da linguagem escrita. Mais tarde, já com a escrita
impressa, ocorreu um aumento na produção de documentos escritos como livros e
periódicos. Também houve a criação e a ampliação de bibliotecas, assim como a
invenção de outros meios de comunicação, como os cartazes, anúncios oficiais e
panfletos. Surgiu ainda a alfabetização e o acesso a informações e entretenimento
literário, como a publicação de romances nos jornais.
3 HISTÓRIA ANTIGA
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que: “a ideia de um tempo linear acompanha-se em geral da convicção de que existiria
uma ordem das coisas”.
3.1 Fontes
3.2 Arqueologia
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3.3 Paleografia
Fonte: pixabay.com.
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formas de os homens se relacionarem com a natureza e entre si mesmos, o que gerou
diferentes mitos e cosmogonias. Além disso, o pensamento filosófico deixou um
legado para a humanidade. Considere dois exemplos que são obras de referência
para o estudo da história grega: a Ilíada e a Odisseia. Ambos os textos são poemas
épicos cuja autoria é atribuída a Homero e que permitem conhecer alguns costumes
e algumas tradições da Grécia antiga. A Ilíada narra alguns episódios entre o 9º e o
10º ano da Guerra de Troia. Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses após a Guerra
de Troia para a sua cidade natal, Ítaca.
Os povos mesopotâmicos
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Figura 4 - Mapa da região da Mesopotâmia.
Fonte: https://shutr.bz/3LvEzVE.
Egito
A cultura do Egito Antigo, pelo que se sabe, era patrimônio de uma reduzida
elite de letrados: cortesãos, sacerdotes, funcionários e escribas. A religião penetrava
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intimamente todos os aspectos da vida pública e privada. Cerimônias eram realizadas
pelos sacerdotes a cada ano para garantir a chegada da inundação, e o rei agradecia
a colheita solenemente às divindades adequadas. Os oráculos dos deuses — em
especial os de Amon no Reino Novo e em épocas posteriores — desempenhavam um
papel importante na solução de problemas políticos e burocráticos e eram também
consultados pelos homens do povo antes de tomarem decisões de algum peso
(CARDOSO, 1982).
Grécia
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diferenças entre a democracia ateniense e a democracia contemporânea, que é
majoritariamente representativa, enquanto no período clássico ela era direta.
Roma
4 HISTÓRIA MEDIEVAL
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tona uma série de problematizações que podem dar um novo rumo aos debates
historiográficos sobre o período.
Dessa forma, é evidente que a interpretação sobre a influência do cristianismo
no processo de desenvolvimento das estruturas social, política e cultural da Idade
Média exige novas perspectivas de análise. Levar em conta a ideia de projetos de
universalização, tanto por parte da Igreja como por parte dos novos reinos, e
considerar as estratégias de construção do imaginário social dos dois projetos são
perspectivas que podem redesenhar as conjecturas do período. Assim, abre-se uma
miríade de possibilidades para a compreensão da cristandade e do poder.
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4.3 A transição do politeísmo para o monoteísmo na Idade Antiga
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4.5 A Igreja e o Sagrado
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meio deles, na perspectiva teológica cristã, o indivíduo que professa a fé em Jesus
Cristo se renova e se fortalece. Segundo Franco Jr. (2001), os sacramentos foram
parte importante da estratégia da Igreja Católica para manifestar o sagrado
efetivamente na vida secular da população medieval.
O autor ressalta que o cotidiano medieval foi gradativamente sendo atingido
pelos sacramentos cristãos. Por outro lado, Eliade (1992) propõe que a representação
do sagrado possui expressão simbólica através de uma malha de significados.
Segundo o autor, num primeiro momento, esse conjunto de significados não é
compreendido como parte de um todo.
Entretanto, quando analisamos os sacramentos como apoios hierofânicos e
complementares ao imaginário dos cristãos, percebemos o quanto a Igreja criou meios
para a expansão da percepção dos fenômenos considerados sagrados,
disseminando, assim, uma sensação de pertencimento mais sólida ao Cristianismo e,
consequentemente, estabelecendo seus alicerces na sociedade medieval.
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A Igreja Católica, com o intuito de combater a filosofia greco-romana, buscou
na própria filosofia antiga o antídoto para reforçar e fundamentar a conexão entre a fé
e a razão. Um dos filósofos escolhidos foi Platão, juntamente ao neoplatonismo.
Portanto, a patrística surgiu da necessidade de diálogo entre o cristão e os não
crentes, do aprimoramento e do desenvolvimento da teologia, com foco em sua
preservação. Assim, foi promovido um processo conciliatório, uma ponte entre a
teologia cristã e os seus dogmas e o pensamento greco-romano, naturalizando-o e
ampliando as estratégias de conversão dos pagãos.
A patrística acaba se tornando, durante a Alta Idade Média, uma prática
educacional, pois os padres da Igreja também agiam como educadores, reforçando e
consolidando as verdades teológicas da doutrina cristã. O desenvolvimento das
estruturas sociais, políticas e culturais da Idade Média esteve diretamente ligado ao
foco da Igreja no ensino dogmático de sua doutrina. Em tal ensino, se propôs a
apropriação e a difusão do conhecimento, bem como a manutenção das leis de
convívio social por meio da força, estabelecendo-se os conceitos de ética e moral.
O cristianismo transformou efetivamente as relações sociais, as maneiras de
cultuar e o imaginário social. Além disso, promoveu a transformação de um mundo
politeísta num mundo monoteísta. Para muitos historiadores do Medievo, o
cristianismo somente prevaleceu no mundo ocidental porque soube dar espaço e
esperança, de certa forma, para grupos desacreditados, sem chance de ascensão
social, motivando-os a crer em outra vida, na entrega, no sacrifício. Dessa maneira,
todo o sofrimento no mundo secular seria apenas uma transição para o paraíso.
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do mundo secular, focada em seus dogmas, difundindo suas normativas e ganhando
prestígio e respeito por parte da sociedade medieval.
Há diversas problematizações historiográficas referentes às práticas da Igreja
no passado e no presente. Além disso, existem distintas generalizações no imaginário
social e ocorre a reprodução de algumas incoerências. Por isso, refletir acerca do
papel dessa instituição religiosa e da sua organização no transcorrer da Idade Média
é um trabalho minucioso, mas também uma fonte de conhecimento sobre o mundo
medieval e as suas implicações na atualidade.
4.9 A Inquisição
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sagradas escrituras para justificar suas demandas estratégicas. Sendo assim, como
porta voz de Deus, estabelece a simbologia dos templos como a materialização da
doutrina cristã.
A Igreja recorreu à arte como forma de educar a população iletrada, por meio
de pinturas e vitrais, com a representação de passagens bíblicas que expressavam
os dogmas cristãos. Segundo Strickland e Boswell (2014), a arte religiosa teve
objetivos didáticos construídos em parceria com o corpo eclesiástico, não havendo,
em muitos casos, obras assinadas, pois tudo pertencia ao sagrado, logo, não haveria
necessidade de interferência do mundo secular. Nesse contexto, durante os primeiros
séculos da Idade Média, os artistas não tiveram o devido destaque pela grandiosidade
de suas obras, pois eram parte integrante do imaginário social “[...] fé sem obras é
morta [...]” (BÍBLIA, Tiago 2:26).
Como a meta cristã era a salvação e o paraíso, ou seja, a vida eterna, aos
poucos, o realismo das representações de mundo desapareceu. Comuns na
Antiguidade Clássica, período que antecedeu a Idade Média, a representação do
corpo nu não era mais recomendada, passando a ser condenada. As novas
composições de corpos femininos tinham um novo olhar em termos de anatomia,
fugindo, e muito, das representações greco-romanas. Observe, na Figura 5, uma
pintura da Virgem Maria.
Fonte: https://bit.ly/3otRJcz.
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No contexto artístico medieval, o corpo foi substituído pelo espírito, pois o corpo
do mundo greco-romano era considerado profano, e o espírito, a partir dos dogmas
católicos, seria a conexão com o sagrado. Esse ensinamento foi incentivado pelos
teólogos da época com o intuito de que os cristãos vislumbrassem a beleza por meio
do divino representado nas esculturas, pinturas e vitrais das Igrejas, catedrais e
monastérios.
Segundo Soares (2017), a arquitetura medieval teve como foco projetos com
estruturas mais leves, suaves e arejadas. O padrão cristão de edificação tinha um
exterior simples, a massa e o volume da arquitetura romana cederam lugar para
edificações que refletiam o ideal cristão: discretos no exterior, mas resplandecentes,
com uma simbologia representada pelo uso de afrescos, mosaicos e vitrais. Com isso,
a autora evidencia três estilos de arte medieval distintos: bizantino, romano e gótico.
A arte bizantina geograficamente se manifesta no Mediterrâneo Oriental a partir de
330 d.C., momento marcado pela transferência do trono do Império Romano, por
Constantino, para Bizâncio, que teve seu nome posteriormente alterado para
Constantinopla.
O estilo bizantino mesclou elementos da arte cristã, combinados com uma
variedade de cores e um estilo decorativo único, com influências da cultura grega
oriental. Conforme Soares (2017), a Igreja de Santa Sofia é a representação da
arquitetura da época, tendo sido construída por aproximadamente 10 mil homens por
quase 6 anos (Figura 6).
Fonte: https://bit.ly/3otRJcz.
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A arte românica se apropria de elementos da cultura romana e foi
desenvolvida entre os séculos V e IX, período historiograficamente chamado de Alta
Idade Média. Fazem parte do estilo uma arquitetura focada em castelos, catedrais,
igrejas e monastérios, com características específicas: poucas entradas de luz, sem
muitas janelas, robustas, com edificações horizontais, mais grossas, com abóbadas e
arcos, como fortalezas seguras e prontas para defesa.
Entre os séculos X e XV, a arte gótica ganha força no mundo medieval e
apresenta características distintas de sua antecessora, a arte românica, por possuir
mais aberturas, leveza, paredes mais finas. Há consenso entre os historiadores da
arte de que as catedrais góticas reúnem elementos únicos de beleza e esplendor do
mundo greco-romano combinados com o sagrado cristão.
Alguns autores, como Strickland e Boswell (2014), chamam as catedrais
góticas de “bíblias de pedra”, pois avançam para além dos elementos da cultura
clássica, com uma arquitetura mais ousada e com novos elementos de engenharia
para a época: a utilização da abóbada entre traves, sendo sustentada por estruturas
externas, chamadas de arcobotantes (Figura 7). Segundo Soares (2017), essa nova
engenharia possibilitou que as construções góticas tivessem paredes estreitas, com
janelas maiores, cobertas por vitrais, aumentando, assim, a luminosidade no interior
da edificação.
Fonte: https://bit.ly/3omRmjU.
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Arte Românica
Arte gótica
O termo gótico foi cunhado para a arquitetura, pois é nesta que se reconhece
mais facilmente as características do estilo. Não é possível definir o estilo gótico
enquadrando-o apenas no recorte temporal, conforme observam Janson e Janson
(2009, p. 131):
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As obras góticas apresentam figuras em proporções normais, movimento
natural e beleza. Elas representam claramente o declínio do equilíbrio estático da arte
e da cultura românicas. Se o período românico pode ser categorizado com a época
das basílicas, o período gótico representa a época das grandes catedrais.
Em relação às artes visuais, somente nos últimos cem anos nos habituamos
a ler sobre a pintura e a escultura góticas, permanecendo ainda algumas incertezas
acerca dos limites exatos do estilo gótico nesses campos. A história da arte trata o
conceito de arte gótica da forma que o estilo se desenvolveu: iniciou-se na arquitetura
e, por aproximadamente um século (de 1150–1250, período equivalente à Época das
Grandes Catedrais), manteve nessa categoria seu papel dominante.
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As catedrais góticas podem ser compreendidas como imensos livros escritos
em pedra, cuja leitura eleva o espírito dos fiéis. Elas são claras e exuberantes, a fim
de representar a verticalização da fé e convidar as pessoas a uma união com o divino.
Na Itália, o estilo gótico assumiu características próprias e pavimentou o
caminho para uma arquitetura mais humanística, pouco adotando dos modelos
franceses e alemães. A burguesia italiana tinha ascendido ao poder mais rapidamente
do que os outros países, desenvolvendo uma religiosidade particular, que resultou na
transformação de sua arquitetura. Logo, a história da arte se depara com o
Renascimento, surgido da interpretação do gótico italiano e, em particular, da noção
de sagrado, que já não se opunha ao secular.
Fonte: https://shutr.bz/3LvEzVE.
Principais escritores
• Dante Alighieri
• Santo Agostinho
Agostinho de Hipona (354 d.C.– 430 d.C.), mais conhecido pela alcunha de
Santo Agostinho, nascido em Tagate, uma província romana na África, é considerado
o filósofo mais relevante da patrística. O valor das suas ideias é inestimável não
apenas para a teologia cristã, como também para a filosofia ocidental como um todo.
As suas obras mais importantes são Confissões e Cidade de Deus, cujas ideias
seguem sendo estudadas até hoje.
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produção que influenciou diversos pensadores, Aquino jamais se considerou filósofo,
e criticava-os por acreditar que eram pagãos que estavam sempre “aquém da
verdadeira e correta sabedoria encontrada na revelação cristã” (HIRSCHBERGER,
1966).
A igreja Católica, para além de tudo o que já foi dito neste capítulo, teve a
incumbência de agir como uma entidade supranacional, dialogando e costurando
alianças com as camadas dominantes, estabelecendo seu papel no campo cultural,
social e político. Com isso, expandiu sua estrutura física, agregando riqueza material
e, por conseguinte, tornando-se a proprietária de quase um terço das terras férteis do
continente europeu, em um período em que o latifúndio significava glória, poder e
riqueza.
Seu plano universalista abarcou diferentes territórios, mediando muitas
celeumas entre a fé e a razão. A partir disso, a Igreja estabeleceu, do ponto de vista
da cultura, uma estratégia intelectual, na qual a fé cristã seria a base primordial de
todo o conhecimento humano. Portanto, a fé fundamentava-se em um processo de
doutrinação contínua e plena às revelações feitas por Deus aos homens, registradas
na Bíblia, com os devidos esclarecimentos feitos pela autoridade da Igreja Católica.
Num primeiro momento, é preciso ter em mente que a questão central do debate para
a constituição da filosofia na Idade Média gira em torno do conflito entre fé e razão.
Trata-se de um período profundamente teocêntrico, em que os filósofos também eram
religiosos, com uma forte bagagem teológica, e a grande preocupação desses
homens era equilibrar a fé e a razão.
Agostinho de Hipona, posteriormente, Santo Agostinho, como ficou
conhecido, foi o primeiro filósofo e teólogo responsável pela aproximação entre a fé e
a razão. Em sua obra, Cidade de Deus, produzida em 426 d.C., o pensador cristão
refutou as heresias da época, tais como o Maniqueísmo, (bem e mal do dualismo, de
origem persa), o Donatismo (corrente contrária aos eclesiásticos com atribuições no
Estado), o Arianismo (compreensão de Jesus humano, não divino) e o Pelagianismo
(compreensão do homem como responsável por sua salvação).
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Agostinho foi o principal expoente da Patrística, corrente filosófica que buscou
compreender a relação entre o corpo e a alma, entre a fé e a razão. O diferencial de
Agostinho foi o resgate do mundo dos sentidos da Antiguidade Clássica, concebido
pela filosofia de Platão. A partir desse mundo dos sentidos, Agostinho propôs uma
reflexão que equilibrava o conhecimento, a razão, o pensamento e os sentidos
humanos dentro do debate teológico da doutrina cristã.
5 IDADE MODERNA
A era moderna foi uma época marcada por transições, rupturas e continuidade em
relação a sociedade medieval. Foi uma série de mudanças nas esferas culturais,
econômicas, políticas e sociais, a coexistência do “novo” e do “velho” que criou as
sociedades. A Europa Ocidental desenvolveu a autoconsciência para viver na “nova
era”. Essas mudanças ocorreram nos séculos XV e XVIII elas contribuíram para a
nova visão entre o mundo europeu e o dito “moderno”.
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Além disso, é importante lembrar que as transformações que se iniciaram na
sociedade europeia a partir dos séculos XV e XVI já estavam delineadas no período
precedente.
Simultaneamente, as profundas mudanças referidas não significaram a
eliminação instantânea e completa da sociedade feudal em seus aspectos culturais,
econômicos, políticos, religiosos e sociais, de modo que muitas características
medievais coexistiram com as modernas. Podemos afirmar que entre os séculos XV
e XVIII ocorreram transformações significativas na sociedade europeia e suficientes
para que homens e mulheres percebessem que estavam vivendo em uma “nova
época”: as grandes navegações e as conquistas territoriais, o advento de uma nova
mentalidade burguesa e racionalista, a constituição dos estados nacionais com a
imposição de um novo poder político, centrado no rei soberano e absoluto, a ruptura
com a unidade da Igreja Católica e a expansão do capitalismo.
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o comércio também foi essencial para o surgimento de novas cidades e o
desenvolvimento de outras.
Os mercados urbanos permitiram o desenvolvimento de emprego remunerado
e progresso social em uma sociedade fortemente estratificada. Como resultado, atraiu
cada vez mais artesãos, fazendeiros livres, comerciantes itinerantes e servos
fugitivos. Os residentes de Burgos que estavam em mansões eram obrigados a pagar
certas taxas aos seus senhores feudais. E quem era a burguesia?
A burguesia era uma classe de cidadãos da cidade, homens livres (no sentido
de ser imune às relações de poder entre senhores feudais, vassalos e servos) que
negociavam livremente como artesãos e comerciantes. Esta elite era a principal
responsável pelo desenvolvimento das cidades. Essa estruturação foi facilitada pelo
movimento das cruzadas com a abertura de rotas comerciais ligando o Ocidente ao
Oriente e a retomada do comércio marítimo através do Mediterrâneo.
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parâmetros, como outras crenças ou por meio da natureza, era considerado heresia.
Entretanto, essa situação começa a se modificar a partir do século XI, quando se inicia
uma aproximação das formas de se conhecer o mundo a partir da lógica, do estudo
de observação e da investigação.
A Igreja Católica era a instituição mais importante da Idade Média, regulando
todas as esferas da vida em sociedade, funcionando como um agente unificador e
forjando ou mediando a relação dos homens e das mulheres com o mundo. Como
afirma Bedin (2012, p. 25), “[...] a Igreja passou a exercer uma dupla função: a de
instituição oficial do mundo medieval e a de instituição guardiã e intérprete autorizada
do conhecimento”. Assim, uma das marcas da “modernidade” no que diz respeito à
autocompreensão de homens e mulheres e sua compreensão em relação ao mundo
será um rompimento com essa visão unívoca e a existência de outras formas de se
compreender e compreender o mundo. Isso, no entanto, não significa um movimento
de rompimento com a percepção religiosa do ser humano e da sociedade.
É importante destacar a continuidade dos valores e visões de mundo religiosos
paralelamente a mudanças e rupturas. Não podemos, dessa forma, dizer que houve
um processo de laicização, e, sim, uma progressiva separação entre os componentes
religiosos e seculares das sociedades.
Há, sem dúvida, uma diminuição do poder da Igreja Católica frente à
emergência de outros saberes, principalmente os científicos, mas esses não implicam
um total rompimento com certas interpretações religiosas. Da mesma forma, o
movimento ao qual se vincula a ascensão do antropocentrismo, o Renascimento, não
pode ser visto apenas como um movimento de elites letradas, mas como um
fenômeno que abrange os diferentes estratos da sociedade, com características
específicas.
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contou com a participação das duas principais forças que levaram a cabo o processo
revolucionário: os sans-cullotes e as camadas populares de Paris.
Uma das primeiras medidas adotadas pelo povo francês após a Assembleia
Constituinte foi a adoção da Guarda Nacional (La Garde Nationale, criada a partir do
Comitê de Vigilância. Ela visava cumprir a função dupla de impedir a reação por parte
das antigas elites, representadas pelo rei, nobreza e clero, e garantir a manutenção
dos direitos adquiridos naquele momento. Para tanto, foi necessário um chamado
geral à nação para que todos os cidadãos capazes pegassem em armas para
defender os interesses do povo francês. Para garantir o exercício da defesa, ficou
decidido que cada distrito se responsabilizaria pelo envio de 200 cidadãos para pegar
em armas e lutar.
No dia 13 de julho, a Assembleia se reuniu e enviou uma delegação ao rei para
que ele retirasse suas tropas. Ao mesmo tempo, corria um rumor de que o rei estava
organizando um ataque em sete locais na noite do dia 14 para o dia 15 de julho. Esse
rumor tinha fundamento, afinal de contas, o rei não ficou passivo frente às mudanças
orquestradas pelo povo que clamava por mudança. O evento ocasionou a dissolução
da Assembleia Nacional. O resultado foi uma marcha da população em direção à
prefeitura (Hôtel de Ville exigindo as armas que garantiriam a defesa do regime recém-
implementado.
Em seguida, a população se direcionou ao Palácio dos Inválidos (Hôtel des
Invalides um local criado pelo rei para abrigar soldados inválidos, feridos em batalha,
e que também funcionava como depósito de armas. Nesse local, foram obtidos entre
28 e 32 mil fuzis, que foram utilizados para enfrentar as tropas realistas que tinham
como objetivo a restauração da monarquia absolutista.
Desse ponto, o grupo decidiu marchar em direção à Bastilha, uma fortaleza que
funcionava como prisão política e simbolizava o domínio do modelo absolutista nas
ruas de Paris. Quando a multidão chegou na entrada da Faubourg Saint-Antoine, uma
fortaleza de pedra surgia no horizonte como um colosso indestrutível. Essa era a
Bastilha; sua estrutura possuía muralhas de 30 metros de altura, rodeada por oito
torres, e seus fossos atingiam 25 metros de largura e eram repletos de água.
No seu interior estava uma guarnição de defesa, ocupada por 80 inválidos,
protegidos por 30 sentinelas, todos liderados pelo governador de Launay. O primeiro
contato feito entre eles ocorreu por parte do parlamentar Thuriot, que ordenou a
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rendição dos aquartelados na Bastilha, ordem que foi prontamente ignorada. Em
seguida, uma segunda comissão foi enviada, liderada por dois deputados,
responsáveis por tentar negociar a rendição das tropas leais ao rei. O governador De
Launay convidou os dois deputados para entrar e, supostamente, almoçar com ele.
Não se sabe se o governador simplesmente agiu covardemente ou se pensou
ter caído em uma armadilha — o que se sabe é que, ao se deparar com a multidão
que estava à frente da Bastilha, De Launay ordenou a suspensão da ponte levadiça e
mandou as tropas atirarem na multidão que estava na frente da fortaleza. Diversas
pessoas foram atingidas, e várias morreram com tiros à queima roupa.
Após esse episódio, entendido pela população como traição, a situação se
intensificou, e a população passou a pressionar os muros e insistiu em invadir a
fortaleza. Enquanto o ataque acontecia, os guardas disparavam sem parar. No fim do
dia, o total de mortos do lado de fora somava 83 pessoas, além de 88 que ficaram
feridas. As tropas do governador De Launay, sob a proteção física e simbólica da
Bastilha, sofreram apenas uma baixa.
Em dado momento, um carroceiro tomou a frente do ataque, de machado na
mão, subiu por uma guarita e, a golpes incessantes e sob forte rajada de balas,
conseguiu destruir as correntes — com todo o simbolismo presente na mensagem.
Dessa forma, derrubou a primeira ponte levadiça e abriu o caminho para a multidão,
que ocupou o pátio da fortaleza de pedras. Os atacantes eram compostos por dois
destacamentos das guardas francesas, uma multidão e alguns burgueses da milícia,
que se somaram à força de ataque ao levar cinco canhões, retirados dos inválidos.
Três deles foram posicionados em frente às portas da fortaleza.
Percebendo o aumento do poder bélico dos atacantes e observando que estava
cercado, De Launay ameaçou utilizar outra estratégia. Dentro da Bastilha estavam 20
mil quilos de pólvora, o que levou o governador a cogitar a possibilidade de explodir a
fortaleza, juntamente com seu destacamento e o bairro. Quem conseguiu dissuadir o
governador dessa atitude foi Béquart, um dos 80 inválidos que estavam protegidos
dentro da Bastilha.
Após mais de cinco horas de combate, os invasores conseguiram ocupar o pátio
da Bastilha e renderam o governador. As chaves da prisão, símbolo da opressão real
francesa, estavam agora na ponta de uma lança, assim como o regulamento do
42
prédio. O governador De Launay foi capturado pela população e, como represália por
ordenar o disparo inicial contra a população, foi vítima desta.
Um dos principais algozes do governador De Launay foi um cozinheiro chamado
Desnot. Em um momento anterior à Revolução, ele foi alvo da violência arbitrária do
governador e recebeu um pontapé na barriga. Em um momento de inversão de papéis,
foi Desnot quem cometeu a violência. Utilizando-se da sua habilidade com armas
brancas, iniciou a decapitação do antigo governador (Figura 9) e desfilou pelas ruas
da cidade com sua cabeça.
43
(Grande Peur. Figura – 10). Entre os dias 20 de julho e 6 de agosto de 1789, as demais
províncias do território francês foram tomadas por uma espécie de revolta popular, em
que os camponeses invadiram as propriedades dos nobres. Aproveitando o clima de
transformação que pairava no ar, os camponeses realizaram uma espécie de justiça
social, invadindo, saqueando e, em muitos casos, massacrando representantes da
nobreza e do clero que outrora foram responsáveis por ocasionar sofrimentos e medo
nos grupos mais vulneráveis daquela sociedade (LEFEBVE, 2020).
44
5.5 A Monarquia Constitucional
45
de contrarrevolução. Elas conseguiram convencer os monarcas dessas nações a
enviar tropas para invadir a França e acabar de vez com o mau exemplo que aquela
nação estava lançando para os demais Estados nacionais.
As divergências se ampliaram após essa questão. Os jacobinos, liderados por
Robespierre, se posicionaram contra a guerra, visando a resolver problemas internos.
Por sua vez, a extrema direita e a esquerda moderada enxergavam de forma positiva
o conflito, cada um com um objetivo específico. Era por meio da guerra, e da ameaça
estrangeira que ela ocasionava, que se poderia criar uma justificativa para a demora
em solucionar problemas levantados pela população. Outra parcela enxergava no
exemplo francês uma espécie de movimento que levaria à libertação das nações
contra a tirania do absolutismo (HOBSBAWM, 2019).
Uma declaração formal de guerra ocorreu em abril de 1792. Dois meses
depois, em junho, Luís XVI, juntamente com sua esposa Maria Antonieta e membros
da sua família, orquestraram um plano de fuga quase suicida. O plano foi incentivado
por oficiais estrangeiros, sobretudo representantes da Áustria e da Prússia. Para
Ozouf (2009), os planos de fuga foi um fracasso por diversos fatores: a demora no
processo, as constantes pausas, a ausência de troca de informações entre os
envolvidos, entre outros. De qualquer forma, o rei, que viajava disfarçado, foi
reconhecido e capturado em Varenes, próximo da fronteira com a Áustria.
A partir daí, iniciou-se o processo irreversível do declínio da monarquia. O rei
foi preso e se tornou o responsável pela situação na qual a França se encontrava:
cercada de inimigos por todos os lados, com seu território profanado e a nação
ameaçada por potências estrangeiras. Luís, agora considerado traidor, deixava de ser
rei e se transformava em prisioneiro. Preso, julgado e condenado pela mais alta traição
contra o povo, foi condenado à guilhotina. Abriam-se as portas para um novo governo
na França, orquestrado pelo povo. Quase instantaneamente, ao cair a coroa francesa,
juntamente com a cabeça do rei, surgia um novo governo: a república.
6 IDADE CONTEMPORÂNEA
46
transformações, que levaram à emergência de um novo tempo, é preciso focalizar na
descrição do projeto da modernidade e sua ruptura a partir das mudanças ocorridas
na contemporaneidade, o que levou a críticas a esse projeto e formou uma nova
condição societal.
Com a modernidade, o ser humano, enquanto sujeito, passou a existir. Trata-se
de uma invenção do período que abrange os séculos XVIII e XIX, como parte de um
projeto que possibilitou a emergência das ciências humanas. Portanto, a partir de
determinadas condições históricas, culturais e epistemológicas, surge um projeto de
conhecimento positivo do homem, que se torna sujeito e objeto.
Mudanças socioculturais contribuíram para a generalização da ideia de homem, e
o surgimento da ideia de indivíduo foi importante para as condições de possibilidade
do surgimento da ciência moderna e para o avanço do capitalismo. O humanismo, ao
colocar o ser humano como centro do universo, destitui a cosmologia cristã sobre o
acesso ao conhecimento. Junto às transformações das revoluções científicas com
Copérnico, Galileu e Newton, colocam-se novas formas de investigação e de entender
a natureza, agora a serviço do ser humano. A modernidade, assim, seria uma ruptura
com as condições históricas anteriores e se caracteriza por esse constante processo
de fragmentar e romper instituições, sensibilidades, modos de vida, etc. (SANTOS,
2006).
Nessa esteira, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial foram eventos
que representaram uma nova consciência para o homem moderno: a ideia de
liberdade, o surgimento das máquinas, de novas formas de produção e o advento da
razão suplantando a fé para o conhecimento. A noção de progresso constituiu o
advento da modernidade ao saudar a descoberta científica e da razão, caracterizando-
se, então, por visão positivista, racionalismo e pela crença no progresso linear da
humanidade que perpassa as ideias de desenvolvimento humano e da história
mundial em um modelo evolutivo (HENNIGEN, 2007).
A invenção da escrita como ponto de partida para a história também pode ser
contestada pelo fato de não ter ocorrido em vários lugares do mesmo jeito. Ainda
hoje, os povos indígenas do Brasil e os grupos aborígenes australianos não utilizam
signos gráficos para representar palavras. Essa experimentação ultrapassa uma
lógica da produção em massa para a variação de estilos, da diversidade e da
diferença. Por isso, a abordagem dada pelo autor indica que essas mudanças
47
impulsionam a cultura de massa por meio do consumo porque tudo poderia ser
passível de tornar-se mercadoria, como identidades, ideias, bens e serviços, entre
outros. É com as mídias que esse processo se torna possível, na medida em que se
constitui uma sociedade de imagens.
Em um contexto de acumulação flexível, os valores também são efêmeros,
possibilitando as modificações do gosto e da opinião construídos a partir da profusão
de signos e imagens a partir das mídias. Para Bauman (2001), esse tempo é entendido
como líquido, formado por relações instáveis e efêmeras, quando se passa a
privilegiar a liberdade individual, o prazer para a autocriação. Nesse contexto de
múltiplas possibilidades que se abrem, “[...] cabe ao indivíduo descobrir o que é capaz
de fazer, esticar essa capacidade ao máximo e escolher os fins a que essa capacidade
poderia melhor servir — isto é, com a máxima satisfação concebível” (BAUMAN, 2001,
p. 74).
São apreciadas novas experiências, identificando-se enquanto consumidores
que buscam sensações e experimentações diferentes. Essa seria uma sociedade das
relações líquidas, marcada pela condição da liberdade. Todos seriam confrontados
com a lógica do consumo, embora nem todos possam ser consumidores, conforme as
posições e realidades sociais em que se encontram os sujeitos. Por isso, aquele que
não consumir será entendido como fora da ordem, dado que a liberdade passa a ser
exercida a partir da prática de consumo de serviços e produtos que indicam o “livre-
arbítrio”. Com efeito, também produz uma série de mal-estares, como
relacionamentos mais frágeis, aprofundamento das desigualdades sociais e grande
concentração de renda, novos e eficientes mecanismos de exclusão que se dão a
partir do mercado.
A sociabilidade da atualidade, observa Bauman (2001), seria marcada pela
insegurança, com o enfraquecimento de referências dos laços duradouros da vida
privada. Contudo, esse último aspecto vem sendo objeto de reflexão de diversos
teóricos e movimentos sociais, como feministas, minorias sexuais e de gênero,
movimento antipsiquiátrico, de pessoas com deficiência e dos que lutam por direitos
das crianças e dos adolescentes, por apontarem relações de poder no interior da
família e nas relações privadas.
Essas críticas possibilitaram novos arranjos sociais e modificações importantes
na contemporaneidade para a renegociação das relações e novas condições de
48
possibilidade de existência em um mundo em constante transformação. A
contemporaneidade é, portanto, efeito das transformações do capitalismo e seus
ciclos de crises, que produzem reestruturações não apenas nos modos de produção.
A corrida espacial foi fruto da Guerra Fria, nome que foi dado ao conflito político-
ideológico que marcou o mundo após a Segunda Guerra Mundial. A disputa foi
instigada pelos Estados Unidos e pela União Soviética, que, como vencedores da
Segunda Guerra Mundial, buscavam garantir sua supremacia no mundo após o
conflito.
A ascensão da União Soviética na guerra perturbou os Estados Unidos, que,
temerosos de perder influência na Europa Ocidental, começaram a encorajar uma
retórica polarizadora contra a União Soviética. Mesmo na década de 1940, o governo
dos Estados Unidos tomou medidas para garantir sua influência.
Manter a influência dos EUA na Europa Ocidental foi importante para manter
sua economia próspera após o fim da guerra. Um discurso de Harry Truman em 1947
foi considerado o início da Guerra Fria, e logo a retórica polarizadora foi incorporada
pela União Soviética, e os dois países começaram a se organizar para garantir
interesses dentro de suas respectivas esferas de influência.
A Guerra Fria durou de 1947 a 1991, período durante o qual surgiram disputas
entre os dois países em vários níveis. Diplomaticamente, cada nação atua
internacionalmente para garantir seus interesses; economicamente, busca a
hegemonia sobre a outra; militarmente, busca o domínio por meio do maior
armamento possível.
49
Também em tecnologia, a briga ocorre porque cada país quer mostrar mais
inovações relacionadas ao outro. Isso tem levado os dois países a investirem em
educação e fortemente em pesquisa científica. Nesse momento, o progresso científico
abriu uma nova fronteira: o espaço.
Sem precedentes, a exploração espacial começou durante a corrida espacial,
com os americanos e os soviéticos discutindo sobre quem faria a maior descoberta.
Assim, satélites foram lançados, sondas espaciais enviadas expedições espaciais
tripuladas foram lançadas e, finalmente, uma viagem tripulada à lua tornou-se
possível.
O "domínio" do espaço foi uma disputa fundamental no debate entre as duas
nações, pois demonstra o papel do poder e da conquista que essa nova fronteira foi
para a humanidade.
O fim da Guerra Fria esteve associado a muitos eventos que enfraqueceram a
União Soviética. A década de 1970 ganhou peso adicional à medida que cresciam as
demandas por independência na Europa Oriental e os movimentos de libertação
europeus. À medida que a Ásia e a África se consolidam, as questões de identidade
se intensificam ao centralizar o poder, eles são santificados. Nesse momento, surge
uma nova política econômica que recicla a teoria liberal do século XVIII e persiste até
o início do século XX: o neoliberalismo.
6.3 Neoliberalismo
50
segurança social como o seguro-desemprego já eram utilizadas no Ocidente desde a
década de 1910 e, a partir dos anos 50, foi necessário intervir de forma mais ativa,
com cada país organizando suas próprias provisões de acordo com sua maneira.
51
o Leste Europeu, transformando-se em guerras civis na década de 1990, os países
soviéticos buscaram a sobrevivência e a paz interna (GILBERT, 2016).
Honecker foi demitido em 1989 porque não tinha aliados no Congresso ou no
público em geral. A Comissão Econômica e a Comissão de Propaganda também
foram dissolvidas e uma nova era começou para a Alemanha Oriental. As ruas exigiam
a unificação e os protestos chegaram a 200.000 pessoas nas principais cidades, como
Leipzig (MONIZ BANDEIRA, 2009).
No entanto, o governo foi assumido por Egon Krenz (1937), o último chefe de
estado da Alemanha Oriental. Tendo feito uma aliança com Moscou, ele não deu
nenhum passo em direção à paz, pelo contrário. Isso deixou o público, que esperava
por uma eleição, desconfortável. Em 6 de novembro de 1989, cerca de 750.000
alemães se manifestaram para pressionar os comitês do Partido Comunista e
promover a unificação (GILBERT, 2016).
E no dia 10 de novembro foi anunciada a queda do Muro de Berlim, um dos
principais símbolos da Guerra Fria. Nesse dia, a população ultrapassou barreiras,
escalou estruturas e começou a derrubá-las, marcando o fim da divisão ideológica do
país. No mês seguinte, um governo militar formado por membros da Igreja, da
oposição e do Partido Comunista se reuniu em Berlim Oriental para aprovar eleições
livres e diretas. Soma-se a isso a liberalização das viagens entre as duas Alemanhas,
criando diferenças econômicas, principalmente em Berlim.
O êxodo da cidade se intensificou e os habitantes pediram o marco D como
agradecimento. O chanceler da República Federal da Alemanha era Helmut Kohl
(1930–2017), que já estava na liderança soviética antes da queda do muro,
começando a esclarecer a unificação. No dia 1º de julho de 1990, o Partido Soviético
foi dissolvido e o partido de Kohl venceu as eleições gerais. Depois disso, em 3 de
outubro de 1990, foi oficialmente decidido que ele seria readmitido.
A Europa Oriental não é o único país afetado pela crise econômica. Após a
Segunda Guerra Mundial, os países ocidentais também tiveram que trabalhar juntos
para reconstruir. Além da polarização, devemos lembrar que havia uma divisão
ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética. Por exemplo, a Grã-Bretanha
52
e a Alemanha mais uma vez se enfrentaram em uma batalha sangrenta na qual não
houve vitória britânica, apesar da vitória dos aliados. A ilha foi devastada, grandes
cidades foram bombardeadas e destruídas e o governo foi forçado a fazer uma
enxurrada de empréstimos para construir novas infraestruturas e alimentar seus
habitantes.
A França, por outro lado, foi invadida e governada pelos nazistas até 1944. O
evento não apenas criou problemas políticos, mas também expôs o atraso tecnológico
e militar do país e expôs a França à desgraça internacional. O advento da NATO em
1949 e da CEE em 1957 foi uma forma de responder às necessidades de segurança
patrimonial, política e econômica que eram e continuam a ser importantes (LOWE,
2011).
Na década de 1990, a União Europeia fortaleceu os vínculos entre interesses
econômicos e políticos e serviu de modelo de organização do continente para o
enfrentamento de crises e problemas sociais. A criação da lei de Consolidação Étnica
tornou mais fácil a procura de emprego e facilitou o intercâmbio cultural. Além disso,
os princípios abrangidos por essa lei estabeleciam o governo por meio de tratados,
mas eram baseados na democracia representativa. Assim, quando os ex-países
socialistas foram 'ocidentalizados', eles buscaram unir o grupo e ganharam apoio
durante este período de transição (COSTA, 2017).
Apesar de seu sucesso, a possibilidade de a União Europeia ingressar em um
sistema de moeda única foi debatida por mais de 30 anos antes de ser adotada. A
cúpula da CEE naquela época, liderada pela França e Alemanha, discutia a introdução
de uma moeda única desde 1974, em um cenário em que o marco alemão e o franco
francês se destacariam em relação às outras moedas europeias. O Reino Unido não
queria abolir a libra, mas a partir de 2003 o continente concordou em usar o euro
(COSTA, 2017).
Enquanto isso, os Estados Unidos experimentaram um crescimento
exponencial na década de 1990 e seu maior adversário político desapareceu. Apesar
do desenvolvimento econômico e industrial da Ásia, especialmente do Tigre Asiático,
os especialistas chamam esse período, pelo menos em teoria, de "consolidação do
modelo capitalista americano". O poder de compra da classe média estava se
recuperando e Bill Clinton (1946) era considerado um reformador político por ser
jovem e democrata. Suas campanhas propunham políticas sociais como a Seguridade
53
Social e o Sistema Universal de Saúde, questões importantes para a sociedade
americana. Após o mandato de George Bush (1989-1993) considerado devastador e
vivendo a primeira crise do sistema neoliberal no final dos anos 1980, ele assumiu o
desemprego e lançou uma série de protestos sociais em todo o país.
Purdy (2010) destaca que, a década de 1990 foi de crescimento econômico,
mas os danos da última década ainda são sentidos: fechamento de fábricas,
sindicatos enfraquecidos e desregulamentação das leis trabalhistas. Um exemplo é a
fuga de multinacionais para países asiáticos para cortar custos e aumentar a
lucratividade. Regiões como o Centro-Oeste, que compreende Wisconsin, Michigan,
Minnesota, Ohio e Indiana, foram duramente atingidas com a migração das empresas
de bens de consumo duráveis com a chegada das importações. Soma-se a isso a
queda do poder de compra que afetou a crise econômica de 2008, pois a população
não conseguiu pagar suas hipotecas e empréstimos.
George Bush esteve envolvido na Guerra do Golfo (1990-1991) no final de seu
mandato e completou sua intervenção na Guerra Irã-Iraque liderada por Reagan. Essa
política expansionista indireta dos Estados Unidos em relação ao Oriente Médio foi
discutida com mais intensidade no governo do filho de Bush nos anos 2000. A
aprovação de seu projeto de lei em um parlamento dominante se mostrou impossível
(JUDT, 2011).
Na política externa, Bill Clinton coordenou o acordo de paz na Faixa de Gaza
entre a Palestina e Israel em 1993 e intermediou a pacificação da Bósnia em 1995.
Mas escândalos políticos e pessoais ofuscaram o fim de seu governo, e a chegada de
George W. Bush em 2001 levou a uma das eleições mais polêmicas de nosso tempo.
54
Guerra Fria. Assim como o ataque ao Pentágono, a destruição do WTC não significou
o fim do sistema, mas o início de um novo tipo de controle de segurança nacional: o
controle da rede de dados.
A natureza do incidente é injusta, mas é compreensível a partir de uma análise
da política de intervenção dos EUA após a Segunda Guerra Mundial e sua resposta
no Oriente Médio. Desde a fundação de Israel, as relações entre ocidentais e árabes
tornaram-se cada vez mais distantes, não só pelo Estado judeu, mas sobretudo pelas
esferas de influência estabelecidas na região. Embora comunista, o Oriente Médio era
de interesse econômico para muitos países, especialmente as superpotências.
O governo pró soviético desmoronou internamente à medida que os
americanos armavam e treinavam facções opostas para evitar o confronto direto,
como a Coreia do Sul e o Vietnã, a forma como ajudou Saddam Hussein (1937-2006)
e a forma como Bush interveio na Guerra do Golfo contra próprio Saddam (LOWE,
2011). Essa instabilidade política destruiu as instituições sociais, forçou a migração
em larga escala de refugiados para outros países e lançou as bases para o surgimento
de grupos paramilitares como o Talibã nas décadas de 1980 e 1990 e o Daesh em
1999.
Assim, em 2001, o presidente George W. Bush nomeou a Al-Qaeda como
perpetradora dos ataques e quase imediatamente procurou caçar o líder do grupo, o
saudita Osama Bin Laden (1957-2011), mobilizando todas as agências de inteligência
dos EUA. Então, em 8 de outubro, os americanos invadiram o Afeganistão, controlado
pelo grupo ultraconservador Taliban, onde se escondia a cúpula da Al-Qaeda. O
Talibã foi derrubado em menos de dois anos e a organização terrorista desmantelada,
mas seu líder só foi descoberto em 2011, durante o governo de Barack Obama
(LOWE, 2011).
Naquele momento, a guerra contra o terror começou. Trata-se de um
movimento criado pelos americanos para impedir novos ataques terroristas com uso
de armas e espionagem, agora via internet. Segundo documentos publicados pelo
ciberativista Edward Snowden, países como Irã, China e Coreia do Norte são alvo
novamente, assim como os países latino-americanos sob vigilância da National
Security Agency (NSA), mas com novos contornos.
O jornalista Glenn Greenwald (2014) mostra como as revelações de Snowden
revelam não apenas o rumo da política externa dos Estados Unidos para investir em
55
inteligência artificial e vigilância sobre agressões diretas, mas também como
interagimos com a Internet. Foi desenvolvida a ideia de que a privacidade não é tão
importante e perdê-la seria um pequeno prejuízo em comparação com o bônus de ter
um dispositivo poderoso o suficiente para nos conectar com o mundo inteiro.
As pessoas sentem mais fortemente a perda de privacidade no contexto das
redes sociais. A utilização de nossos dados pelas maiores empresas mundiais está
diretamente relacionada à publicidade e ao consumo, e neste momento o mundo
começa a vivenciar uma nova fase do capitalismo liberal.
Hoje, há uma grande concentração de monopólios de renda e tecnologia que
dominam o dia a dia das pessoas que usam smartphones e acessam redes sociais
constantemente, e você pode descobrir analisando o ranking das 10 marcas mais
valiosas do mundo.
As quatro primeiras posições do ranking são ocupadas por marcas de
tecnologia. Em primeiro lugar estão Amazon (US$ 415,9 bilhões), Apple (US$ 352,2
bilhões), Microsoft (US$ 326,5 bilhões) e Google (US$ 323,6 bilhões). Facebook
ocupa o oitavo lugar com valor de mercado de US$ 147,1 bilhões (PEZZOTI, 2020).
Por outro lado, desde 2010, as redes sociais tiveram um papel central como
meio de mobilização e organização de movimentos de massa, como a Primavera
Árabe, que teve início na Tunísia e no Egito em 2011 e ganhou força no Facebook e
no Twitter. Nesse episódio, o povo se organizou contra um governo autoritário por
conta da grave crise econômica que atravessava. Os altos custos do petróleo levaram
a novas crises de abastecimento, elevando os preços dos alimentos, principalmente
dos grãos. Lembre-se, em 2008, o mundo viveu uma crise econômica tão severa
quanto o colapso do sistema financeiro em 1929, obrigando os países a resgatar seus
bancos e empresas financeiras (JOFFE, 2011).
A narrativa ocidental nega qualquer sistema político que não seja a democracia
liberal. A natureza autoritária dos sistemas políticos do norte da África, incluindo
Marrocos e Argélia, é inegável, mas também deve ser levado em conta que o Ocidente
desenvolveu uma imagem xenófoba dos africanos e do Oriente. Posição incompetente
e retrógrada.
A propósito, a xenofobia não apenas persistiu, mas aumentou com o início da
guerra contra o terrorismo. O discurso de “nós versus eles” é a base de um sistema
56
político liberal que estabeleceu dois valores absolutos e exclusivos: a violência e não-
violência.
Desde que a vida surgiu, há mais de 3,5 bilhões de anos, os seres vivos vêm
se diversificando e se adaptando às mudanças ocorridas em nosso planeta. Essas
mudanças sempre foram lentas e graduais, dando tempo para que os seres vivos se
ajustassem a elas. A Revolução Industrial, o crescimento urbano desordenado e o
apelo do consumo, tiveram vários impactos ambientais, principalmente relacionados
à poluição do ar, das águas e dos solos. Durante séculos, o homem vem retirando do
meio ambiente matérias-primas para seu sustento e devolvendo poluição e
contaminação.
Os efeitos negativos do homem sobre o meio ambiente começaram
principalmente após a Revolução Industrial, quando houve um crescimento inédito na
civilização humana e em suas cidades. A partir daí, foram surgindo os grandes centros
urbanos. Muitos dos problemas contemporâneos se originaram desse crescimento
desordenado e do desenvolvimento de veículos feitos para servir ao estilo de vida
desses locais, do trem a vapor ao automóvel, conforme Wall e Waterman (2012).
A falta de planejamento adequado, aliada a uma má administração dos
centros urbanos, gerou um grande problema socioambiental: cidades precárias e
insalubres. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) apontam que o padrão de vida da
população dita privilegiada (que possui boas condições financeiras) incentiva o
consumismo e a demanda por alimentos provenientes de cadeias cada vez mais
complexas e artificiais, o que gera excesso de poluentes atmosféricos. Dentre as
consequências ambientais desse crescimento desordenado, pode-se citar o constante
aumento da lista de animais e plantas ameaçadas de extinção.
O crescimento populacional impulsiona o consumo de recursos naturais, uma
vez que, quanto maior o número de habitantes no mundo, maior a demanda por
materiais para a produção industrial, energética e de alimentos. A consequência do
desenvolvimento industrial e do consumo de recursos sem priorizar os cuidados com
o meio ambiente é a poluição. De acordo com Sánchez (2008), poluição é a
57
introdução, no meio ambiente, de qualquer forma de matéria ou energia que possa
afetar negativamente o homem ou outros organismos.
Aquecimento Global
Fonte: https://shutr.bz/3Hjv4pT.
58
como os derivados de petróleo (gasolina e diesel) e o carvão mineral. Isso implica em
mudar o modo de vida e o sistema de consumo, o que afetaria todo o sistema de
produção em que estamos inseridos. Os índices de emissões de gases dependem da
natureza do combustível. Conforme Brito (2005), os gases mais conhecidos
originados pela queima desses combustíveis e com os limites definidos pela legislação
são o monóxido de carbono (CO), os hidrocarbonetos (HC), os óxidos de nitrogênio
(NOx) e os óxidos de enxofre (SOx).
Derivados de petróleo, como gasolina e óleo diesel, continuam sendo os
combustíveis predominantes utilizados nos meios de transportes. No caso do Brasil,
além do diesel e da gasolina, temos o etanol, utilizado tanto como combustível
exclusivo quanto misturado a derivados de petróleo. Há uma expansão no uso do gás
natural veicular, principalmente em veículos leves de uso intensivo (táxis e frotas
cativas) em grandes centros urbanos. No caso do Brasil, apesar do tímido uso de
energia mais renovável, nossa matriz de transportes continua sendo rodoviária, mais
poluente e mais cara, sem incentivos aos modais ferroviário e hidroviário.
59
da desigualdade, o sistema está se tornando cada vez mais cooperativo. A relação
cliente-produto está se tornando parte fundamental da saúde econômica de qualquer
empresa. No entanto, os autores apontam que o impacto desse novo momento tem
sido analisado de diferentes maneiras pelos economistas. A substituição da mão de
obra por máquinas, principalmente softwares de inteligência artificial, causará sérios
problemas sociais, e milhões de pessoas poderão perder sua renda nas próximas
décadas.
Brinjolfsson e McAfee (2015) apontam que a própria definição de computador
mudou drasticamente nos últimos 100 anos. No início do século 20, o termo foi usado
para descrever pessoas que contam ou tabulam processos matemáticos. À medida
que as máquinas se tornavam mais complexas e processavam os símbolos da
linguagem comum, a divisão do trabalho ganhava novos contornos. E esse grande
impacto se deve à disseminação da Internet. Por exemplo, os computadores foram
usados para mapear números de correntistas e perfis para bancos, mas os algoritmos
de hoje são usados para mapear nossos dados pessoais, desde o consumo básico
até os tipos de pesquisa em mecanismos de busca, determinando suas propriedades
características. Toda a organização do dia a dia é feita com aplicativos de celular, e
os smartphones se tornaram um item indispensável.
Um exemplo que o autor deu para ilustrar a mudança moderna são os carros
autônomos. Até os anos 2000, havia pouca crença na possibilidade de substituir o
motorista por um humano, mas há argumentos convincentes para apoiá-la. As
surpresas que ocorrem ao dirigir um carro foram lidas como algo que não pode ser
padronizado e pode ser copiado por máquina.
No entanto, Brynjolfsson e McAfee (2015) demonstram o escopo e a velocidade
da pesquisa tecnológica categórica ao relatar a experiência de carros autônomos.
Além disso, a inteligência artificial já faz parte do cotidiano, podendo ser encontrada
em assistentes pessoais inteligentes como a Siri da Apple e a Alexa da Amazon.
Assim, vemos que a automação industrial não é apenas uma grande invenção, mas
também um problema real, porque reduz a carga de trabalho e, portanto, significa mais
exploração de trabalhadores não qualificados.
60
6.9 A Inteligência Artificial
A inteligência artificial está cada vez mais presente no dia a dia, mas essa
tecnologia é mais antiga do que você pensa e começou a ser desenvolvida ainda na
década de 1950, com o Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence
(Projeto de Pesquisas de Verão em Inteligência Artificial de Dartmouth) no Dartmouth
College, em Hanover, New Hampshire, Estados Unidos.
Contudo, seu objeto de estudo continua não sendo muito claro, no sentido em
que o ser humano ainda não possui uma definição suficientemente satisfatória de
inteligência e, para compreender seus processos e a representação do conhecimento,
deve dominar os conceitos de inteligência humana e conhecimento.
Com o decorrer do tempo, surgiram várias linhas de estudo da inteligência
artificial, como a biológica, que estudava o desenvolvimento de conceitos que
pretendiam imitar as redes neurais humanas. Já durante os anos de 1960, essa
ciência recebeu o nome de inteligência artificial, e seus pesquisadores pensavam ser
possível que máquinas realizassem tarefas humanas complexas, como raciocinar.
Depois de um período, na década de 1980, esse estudo sobre redes neurais volta e,
nos anos 90, ele tem um grande impulso, consolidando-o verdadeiramente como a
base das análises de inteligência artificial.
61
6.11 A nova era das viagens espaciais
Um novo capítulo na história das viagens espaciais está sendo escrito, pois
diferente do que aconteceu no passado, hoje os programas aeroespaciais não são
monopolizados pelos países. O setor privado, em tese, está apostando no comércio
interestelar para os próximos anos, visto que empreendedores como Jeff Bezos e Elon
Musk deixam evidenciado seu interesse pela exploração espacial. Em 2022, Bezos e
Musk lançaram foguetes e sondas fora da órbita do planeta, abrindo assim o caminho
para uma nova geração de exploradores, não dependentes exclusivamente de
recursos estatais, como ocorria no passado nos programas espaciais estadunidenses
e soviéticos. Há uma previsão de que nos próximos 50 (cinquenta) anos a humanidade
terá retornado a Lua e tido sucesso em seus projetos de um ser humano pousar em
Marte.
Após a histórica missão Apollo 11, outras seis expedições seguiram, com
planos para mais três. Infelizmente, os cortes orçamentários da NASA levaram ao
cancelamento das missões Apollo 18 a 20, apesar do sucesso das anteriores, com
exceção da Apolo 13, que enfrentou momentos de grande perigo após uma explosão
no Módulo de Serviço. A experiência da tripulação desta missão foi retratada no
famoso filme Apolo 13. A partir da Apollo 15, um veículo motorizado foi utilizado para
explorar a superfície lunar.
Essas missões coletaram cerca de 380kg de amostras da Lua, que foram
analisadas e revelaram informações valiosas. Descobriu-se que as pedras eram
significativamente mais antigas do que as encontradas na Terra, datando entre 3,2 e
4,6 bilhões de anos. A Apollo 15 também descobriu a Pedra Gênese, que acredita-se
ter sido formada durante a criação da Lua.
Os experimentos realizados na Lua permitiram aos cientistas tirar várias
conclusões. A Lua é composta de material rochoso originário de erupções vulcânicas
e de impactos de meteoritos, possuindo uma crosta espessa, uma litosfera uniforme,
uma astenosfera parcialmente líquida e um pequeno núcleo de ferro. Ela é tão antiga
62
quanto a Terra e ambas são formadas a partir de diferentes proporções de um
reservatório comum de materiais. Não há vida na Lua, pois ela não contém
organismos, fósseis ou materiais orgânicos.
Recentemente, a NASA anunciou planos de retornar à Lua e estabelecer uma
base lunar em um de seus polos, após mais de três décadas desde a última visita
humana. Bilionários como Elon Musk e Jeff Bezo também compartilham objetivos
semelhantes para a exploração da Lua.
63
definidos, ou seja, em "lugares-nenhum". Nesse contexto, as cidades do século XXI
são consideradas, pelo sociólogo, cidades da modernidade líquida, uma vez que
fazem parte desta época histórica em que vivemos.
64
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