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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


ESCOLA DE MUSEOLOGIA

Julia Carvalho Guimarães


Kauã Rangel de freitas
Letícia dos Santos Cunha
Maria Paula Monteiro Leonardo
Milena Gomes Moreira Bezerra
Mylena Félix Gabriel
Nana Sundjata de Souza e Pereira

Texto sobre o Mapa Mental

RIO DE JANEIRO
2023
Para a construção do mapa mental, usamos como base o texto “A construção de um
passado pré-colonial: uma breve história da arqueologia no Brasil” de Cristiana Barreto.
Desta forma, reunimos palavras-chave que achamos relevantes para a síntese do tema. O
texto utilizado tem início com a afirmação de que a maioria dos achados arqueológicos no
Brasil são do período pré-cabralino, e a autora faz uma crítica a respeito do que chama de
“confronto” entre o brasileiro e este passado pouco conhecido, com o qual temos contato
apenas por meio de restos materiais. O crescimento da arqueologia no Brasil se deu pelos
naturalistas europeus, o que fez a arqueologia no Brasil, a princípio, ser pouco brasileira,
eurocêntrica e de base colonial, com certo afastamento pessoal e dissociação para com o
passado indígena, ao contrário de alguns países da América do Sul, onde a arqueologia se
construía movida pela identidade cultural das comunidades locais. Os “cronistas do
descobrimento”, como a autora os chama, colaboraram com seus relatos mas ainda não têm
um olhar arqueológico, necessário para a arqueologia como ciência. Foi apenas no final do
século XVIII e início do século XIX que uma perspectiva mais propriamente arqueológica,
cientificamente falando, surgiu com os naturalistas europeus que se interessaram pelas
expedições amazônicas e não possuíam mais, puramente, uma curiosidade primal da
descoberta do objeto exótico, mas representavam uma fonte de estudo científico seguindo o
pensamento iluminista. Após a divulgação das pesquisas dos naturalistas, se criou a noção de
que os indígenas brasileiros eram “não evoluídos” e “pobres” em comparação a outros povos
nativos das Américas, o que resultou em certo desinteresse e desprezo das elites pela
arqueologia brasileira. Diante deste processo, materiais de fontes arqueológicas foram sendo
coletados por naturalistas estrangeiros com uma preocupação museológica, em busca de
reunir amostras e vestígios materiais de populações extintas ou em processo de extinção para
expor em museus europeus. No Brasil, o Museu Real (posteriormente Museu Nacional)
serviu como um museu de História Natural, responsável por ser, em solo brasileiro, a guarda
de algumas peças arqueológicas coletadas pelos naturalistas estrangeiros.
A institucionalização da arqueologia no Brasil foi baseada nos conceitos de
evolucionismo, positivismo e naturalismo por volta dos anos 1870, elaborando-se um ideal de
“cultura nacional”. Os museus fundamentais para o desenvolvimento da arqueologia no país
foram o Museu Paulista em São Paulo, o Museu Paraense em Belém, e o reformado Museu
Nacional no Rio de Janeiro. Neste processo de institucionalização, ocorre o isolamento da
arqueologia como um conhecimento especializado, onde havia uma distinção muito clara
entre a arqueologia geral e a arqueologia especializada. A arqueologia geral era uma ideia
romântica dessa ciência, com a exploração do território nacional em busca de cidades
perdidas e interpretações místicas de inscrições rupestres, enquanto a arqueologia
especializada estava confinada nas mãos de naturalistas e artificialistas em polêmicos debates
sobre as principais temáticas da acadêmia brasileira. Após a Primeira Guerra Mundial, a falta
de recursos atingiu o setor de museus, marcando 1920 como o fim da era dos museus
nacionais. A produção científica se tornou escassa e os museus já não tinham como ter
projetos grandiosos e enciclopédicos. Além disso, houve uma mudança de interesse
científico. Temas como a miscigenação racial e novas populações de imigração européia
chamavam a atenção para outros grupos étnicos, o que fez a área de antropologia perder o
interesse pelos povos nativos, diminuindo assim as buscas arqueológicas e a produção
científica. A dissociação da antropologia foi um verdadeiro marco para a arqueologia, pois
originou a primeira geração de arqueólogos acadêmicos brasileiros que não haviam formação
em ciências sociais ou antropologia. Com a proteção e preservação patrimonial intensificadas
pela lei elaborada por Mário de Andrade em 1936, a arqueologia aproximou-se de outras
áreas como a história e arquitetura, não mais sendo relacionada apenas à antropologia. Essa
política preservacionista, preocupada em proteger os direitos à pesquisa científica de um
patrimônio em constante destruição, culminou nos centros acadêmicos mais memoráveis,
como o Centro de Estudos Archeológicos, fundado por Luis de Castro Faria, que promovia
campanhas de preservação de sítios arqueológicos e denunciava a falta de profissionais
especializados, a Comissão de Pré-História, fundada por decreto em 1952 e fruto da luta
política de Paulo Duarte para a preservação de sambaquis e o Centro de Ensino de Pesquisas
Arqueológicas, resultado das campanhas de José Loureiro Fernandes pela proteção de
sambaquis. Porém, por esses centros de pesquisa e universidades sofrerem influência de
especialistas estrangeiros, a arqueologia termina por se isolar das ciências humanas no geral,
focando na aprendizagem mais técnica, não conseguindo acompanhar os novos estudos sobre
as sociedades indígenas da antropologia dos anos 1940.
Ao longo do século XX, a arqueologia brasileira passa por um grande desenvolvimento.
Com a criação de projetos arqueológicos e a iniciação de estudos arqueológicos nas
universidades, a identidade da arqueologia brasileira começou a ganhar forma, e para isso, se
baseou em influências externas.
As maiores influências para o Brasil foram os pensamentos e trabalhos da arqueologia
francesa e americana. No caso dos europeus, seu interesse no Brasil começou nos estudos das
grandes civilizações pré-históricas latinas, o que fez com que eles fizessem as chamadas
missions archéologiques. A maior influência dos franceses na arqueologia brasileira vem do
casal Joseph Emperaire (geógrafo) e Annette Laming (arqueóloga). Emperaire e Laming
contribuíram na formação de uma geração de arqueólogos brasileiros( que eram pela primeira
vez, formados especificamente no campo de arqueologia), além de introduzirem métodos
científicos mais rigorosos no estudo de sítios brasileiros.Sua pesquisa sobre sambaquis no
Paraná e São Paulo, é famosa por ter proporcionado as primeiras datações por C14 no Brasil.
Ao contrário de outros países da América Latina, a influência dos americanos no
Brasil foi tardia. A culpa disso é atribuída pela falta de monumentalidade e presença de
famosas grandes civilizações pré-colombianas como os maias e astecas, o que não teria
despertado interesse na academia americana. Somente após a década de 40, o Brasil começa a
ser o foco de alguns arqueólogos americanos, especialmente o casal Betty Meggers e Clifford
Evans. Meggers e Evans realizavam pesquisas no Amapá e Marajó, e essas revelaram que a
introdução da cerâmica na Amazônia era mais velha do que supunham. Essa descoberta foi a
base para a teoria de desenvolvimento cultural e migrações de povos da várzea amazônica. O
casal também é responsável pela fundação do Pronapa (Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas), que formou uma nova metodologia padronizada para o levantamento dos
sítios arqueológicos.
A partir da década de 60, influenciada pelos trabalhos de arqueólogos estrangeiros, e a
entrada do campo de arqueologia para as universidades, surge a primeira geração de
arqueólogos formados no Brasil. Isso causou um rápido crescimento de pesquisas na área,
porém a falta de orientação teórica fez com que os únicos projetos realizados fossem
levantamentos sistemáticos, e não havia nenhuma pesquisa sobre problemas específicos. Isso
fez com que a produção brasileira fosse ignorada internacionalmente. Porém, na década de
80, uma nova geração, que tinha formação no Brasil e no exterior, além de projetos mais
definidos e orientados, passou a produzir material mais teórico baseado nas descobertas que
faziam, o que trouxe mais reconhecimento para o campo arqueológico brasileiro. Ao mesmo
tempo, o papel social do arqueólogo começou a ser pensado academicamente, focando no seu
poder de analisar a relevância do patrimônio e suas formas de conservação.

Referências:
BARRETO, Cristiana. A construção de um passado pré-colonial: uma breve história da
arqueologia no Brasil; Revista USP, Fevereiro 2000
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/274359517_A_CONSTRUCAO_DE_UM_PASSA
DO_PRE-COLONIAL_UMA_BREVE_HISTORIA_DA_ARQUEOLOGIA_NO_BRASIL

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