Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SOCIOLOGIA E
ANTROPOLOGIA
O DESENVOLVIMENTO DA ANTROPOLOGIA NO BRASIL
AUTOR
Danilo Eustáquio de Oliveira
Filho
UNIDADE 4
O desenvolvimento da antropologia no Brasil
A partir dessa imersão, que deu origem à obra As len- das da criação e destruição
do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani, publicada em
1915, começa o desenvolvimento da etnologia brasileira. Incialmente, a
antropologia era reconhecida por sua prática e, assim, considerada uma
etnologia.
02
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
“[...] o certo é que a absorção de suas ideias se daria nas gerações seguintes pela
leitura de seus livros. Nesse caso, destaca-se a influência de Lévi-Strauss a partir
dos anos 1960, enquanto a de Radcliffe-Brown (salvo engano) restringiu-se aos
anos 1940 e 1950”.
Para Corrêa (1988, p. 80) as tradições aqui inventadas, se não o foram apenas por
estrangeiros, tiveram uma forte participação deles nessa invenção: se olharmos
atentamente o mapa etnológico de Curt Nimuendaju, quase poderemos ver as
sombras dos pesquisadores que as estudaram projetando-se sobre os contornos
das comunidades indígenas por eles estudadas até a década de 40, projeção que
nos ajudaria mais, entretanto, a entender a distribuição deles, pesquisadores,
num território disciplinar comum, do que a de seus objetos de interesse.
03
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Até a década de 1930, aqueles que faziam antropologia no Brasil não eram
formados na área e, por isso, são referidos como cronistas, pois não realizavam o
trabalho etnográfico. Contudo, por meio de suas crônicas, forneceram-nos bons
registros de observações, ainda que sem controle ou orientação metodológica,
pois não havia cientistas sociais na época. Nesse período, como afirma Melatti
(1983, p. 5):
Como ainda não tínhamos a presença de cientistas sociais, alguns termos foram
utilizados de forma diferente daquela compreendida hoje, como acontece com a
etnologia, por exemplo, cuja definição e classificação atuais podem ser
observadas no Quadro 1. Contudo, por um longo período no Brasil, chamou-se
de etnólogo aquele pesquisador que estudava as tribos indígenas.
Segundo Corrêa (1988, p. 80) os três momentos são, eles mesmos, exemplares:
Nas décadas de trinta e quarenta, com a chegada do cinema falado (como lembra
Almir de Castro, 1977), entrou também no país a modernidade da língua inglesa
— belas cartas de amigos de Eduardo Galvão, dos Estados Unidos durante a
Segunda Guerra, sugerem o impacto do modo de vida norte-americano sobre os
brasileiros, assim como o registram os cronistas da época.
04
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Embora tenha feito parte dessa comissão, Gonçalves Dias não possui registros
históricos nem publicações acerca de levantamentos da expedição.
05
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Possui escritos que datam desse período, mas se trata de pesquisas de base
bibliográfica, entre as quais se destacam: “Amazonas”, trabalho publicado na
Revista do IHGB em que apresenta e discute o problema das mulheres guerreiras
que dão nome ao Rio Amazonas, e “Brasil e Oceania”, no qual faz referência aos
cronistas, apresenta uma descrição dos índios do litoral brasileiro e das
populações da Oceania e discute o problema da civilização cristã.
06
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Obviamente, sua obra não ficou isenta de comentários e críticas. Entre seus
críticos, estão Gilberto Freyre, Clovis Moura, Dante Moreira Leite e Thomas
Skidmore.
Além dos autores já mencionados, cabe acrescentar dois autores responsáveis
pelos primeiros estudos sobre o negro no Brasil: o desenhista e arquiteto Manuel
Raimundo Querino e o médico Raimundo Nina Rodrigues. Manuel Raimundo
Querino, descendente de africanos, foi responsável por minuciosas descrições
das tradições de origem africana, enquanto Nina Rodrigues deixou, em seu
legado, contribuições acerca da diversidade de culturas trazidas pelos escravos e
seus locais de origem na África. Contudo, aderiu às noções (comuns na época) de
inferioridade e superioridade racial
07
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
08
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
09
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Esse período tem seu início marcado pela criação da primeira Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras do Brasil, na também recém-criada Universidade de
São Paulo (1934). Na mesma época, nasce a primeira Escola de Sociologia e
Política. A partir da criação da Universidade, houve a necessidade de contratação
de professores da área, até então não existente no Brasil, motivo pelo qual foram
contratados professores estrangeiros.
Tal influência se dava não apenas pelos docentes que aqui ministravam, mas
também pela presença dos primeiros pesquisadores norte-americanos, cujo
objeto de estudo eram as sociedades indígenas, as religiões afro-brasileiras ou
pequenas comunidades, e por conta dos jovens brasileiros que iam estudar nos
Estados Unidos.
10
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Foi entre os anos 1930 e 1960 que se desenvolveram os estudos acerca das
interpretações gerais do Brasil e os estudos de mudança social, cultural e/ou
aculturação, e quando houve a predominância do funcionalismo no estudo das
culturas e sociedades indígenas.
11
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Anteriormente, a cultura foi mencionada como uma das categorias inves- tigadas
pelos antropólogos, ou seja, como um dos objetos de estudo da antropologia.
Antes de falarmos da identidade brasileira e de sua diversidade cultural, cabe
aclarar o conceito de cultura. A cultura engloba o comportamento habitual e as
crenças que são passadas por meio da enculturação. É baseada na capacidade
humana de aprendizagem cultural e inclui regras de conduta internalizadas pelos
seres humanos.
12
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
13
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Um deles é o candomblé. Essa é uma religião que foi trazida com os negros
escravizados no Brasil, e, sendo o país colonizado por portugueses católicos, as
práticas religiosas do Candomblé eram reprimidas. Assim, seus praticantes, em
seus ritos religiosos, disfarçavam a devoção aos seus deuses se direcionando aos
santos da religião católica.
14
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
15
DICA DO
PROFESSOR
Esse vídeo mostra como os antropólogos começaram seus estudos no brasil e a
cultura popular. Vamos lá conferir?
https://www.youtube.com/watch?v=IdoVBmcB1yI
16
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
1) É comum, em um país como o Brasil, com grande diversidade cultural, que haja
intercâmbio entre as diferentes culturas.
A) enculturação.
B) aculturação.
C) sincretismo.
D) etnocentrismo.
E) relativismo cultural.
17
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
2) ____________ foi considerado um expoente em estudos indígenas no País,
dedicou mais de 40 anos da sua vida ao estudo dos povos indígenas brasileiros e
é considerado "o Pai da antropologia brasileira".
A) Darcy Ribeiro.
B) Florestan Fernandes.
C) Euclides da Cunha.
D) Curt Nimuendajú.
E) Gilberto Freyre.
18
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
3) Considere o texto a seguir, no qual a autora aborda Casa-grande & senzala:
"Como o povo brasileiro era composto por povos oriundos de três origens
distintas — indígenas, europeus e africanos —, muitos estrangeiros acessavam
informações da relação entre esses povos a partir da produção da literatura
brasileira sobre o assunto. E um dos livros de referência foi a obra Casa-grande &
senzala, do sociólogo Gilberto Freyre. Ali, ele apresentou os negros escravizados
desfrutando de certo conforto material, beneficiando-se de regalias e até sendo
vistos como pessoas de confiança dos senhores e das sinhás. Portanto, esse livro
deixou de lado os horrores do trabalho compulsório e da relação de submissão
dos escravizados, fazendo crer que houvesse uma miscigenação generalizada,
tranquila e natural entre os índios, brancos e negros [...] (BARROSO, 2017, p. 82).
D) o mito da antropologia.
19
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
4) "O antropólogo Roberto Da Matta (1987) nos lembra que a sociedade brasileira
é relacional, pois nela se concretiza a síntese de modelos advindos de diferentes
sociedades. A tríade majoritária que compôs a base da sociedade brasileira – os
indígenas, os europeus e os africanos – compartilhou, de forma mais tensa ou
menos tensa, crenças, valores, hábitos, gostos, sentidos, pensamentos que
resultaram em novas manifestações culturais" (BARROSO et al., 2017, p. 64).
A) O catimbó.
B) A umbanda.
C) A cabula.
D) O toré.
E) O candomblé.
20
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
5) Considerando os conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural, analise o
excerto a seguir: “Os índios andam nus sem nenhuma cobertura. Vivem em
aldeias com 7 ou 8 casas. Cada casa está cheia de gente, e nela cada um tem sua
rede de dormir armada. Não há, entre eles, nenhum Rei, nem Justiça, somente em
cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade,
e não por força. [...] Esse principal tem três ou quatro mulheres [...] Não adoram
coisa alguma nem acreditam que há depois da morte glória para os bons e pena
para os maus. Assim, vivem bestialmente sem ter conta, nem peso nem medida”
(GANDAVO, 2008). A partir da análise do excerto e de sua relação com os
conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural, considere as assertivas a
seguir:
21
ANOTAÇÕES
22
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, P. F. Cultura e identidade brasileira. In: BARROSO, P. F.; BONETE, W. J.; QUEIROZ, R.
Q. de M. Antropologia e cultura. Porto Alegre: Sagah, 2017a. p. 69–78.
BARROSO, P. F.; BONETE, W. J.; QUEIROZ, R. Q. de M. Antropologia e cultura. Porto Alegre:
Sagah, 2017b.
CARDOSO DE OLIVEIRA, R. O que é isso que chamamos de antropologia brasileira? In:
________________. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro/Brasília: Tempo
Brasileiro/CNPQ, 1988. p. 109–129. (Biblioteca Tempo Universidade, 83).
CORRÊA, M. Traficantes do excêntrico. In: ___________. Traficantes do simbólico & outros ensaios
sobre a história da antropologia. Campinas: Unicamp, 2013. p. 15–34.
DAMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
KOTTAK, C. P. Um espelho para a humanidade: uma introdução à antropologia cultural. 8. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2013.
MARCONI, M. de A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
MELATTI, J. C. A antropologia no Brasil: um roteiro. Brasília: UNB, 1983. (Série Antropologia).
23
GABARITO
1) B - Foi entre os anos 1930 e 1960 que se desenvolveram os estudos acerca das interpretações
gerais do Brasil e os estudos de mudança social, cultural e/ou aculturação, e quando houve a
predominância do funcionalismo no estudo das culturas e sociedades indígenas.
3) A - Uma das mais famosas obras de interpretação do Brasil é Casa grande e senzala, de Gilberto
Freyre (embora tenha sido responsável por disseminar a falsa ideia de que havia democracia racial
no Brasil). Além desse livro, outras importantes obras publicadas foram Sobrados e mocambos
(1936) e Ordem e progresso (1959), fora uma série de trabalhos paralelos.
4) E - O candomblé. Essa é uma religião que foi trazida com os negros escravizados no Brasil, e,
sendo o país colonizado por portugueses católicos, as práticas religiosas do Candomblé eram
reprimidas
24