Você está na página 1de 15

-Introdução à Ciência Política-

Capítulo IV: Categoria de Estados segundo o critério da identidade

● ESTADO-NAÇÃO COMO ‘TIPO IDEAL’

O Estado-nação é uma forma de organização política na qual o Estado e a nação são


considerados quase indissociáveis.

O Estado é composto por um território, um poder soberano que exercita autoridade


política sobre um povo que pode ser designado por uma nação (reconhecimento da
autoridade por parte do grupo, designado de nação).

● NACIONALISMO, NAÇÃO E ESTADO-NAÇÃO

Os fenómenos de nacionalismo e nação estão diretamente ligado ao conceito


de Estado-Nação,porém estes são fenómenos distintos.

Nacionalismo Moderno- Nasce na Europa,é definido por ‘uma ideologia política’


que advoga o autogoverno de uma nação, supondo a sobreposição entre a
organização política e a pertença identitária na forma de uma nação.

Consiste num princípio político que defende que organização política e a


organização identitária.

Tem por base a ideia que a humanidade está dividida em nações,cada uma com
as suas características,e estas devem ter um autogoverno que as represente.

Não admite a presença de múltiplas nações dentro de um estado,uma soberania


partilhada.

Nação- define um ‘povo’ com características identitárias que advogam o direito


à autodeterminação (não obrigatoriamente na forma de um Estado
independente).
Comunidade de indivíduos que partilham um passado comum, uma língua /de
antepassados comuns, tradições e costumes.

Forma autônoma de organização política, que - no limite e preferencialmente –


deverá manifestar-se na forma de um Estado independente.

A noção de Nação é indissociável da noção de ‘autogoverno’, e supõe o


reconhecimento da legitimidade de quem exerce a autoridade sobre a nação
que habita num território.

O Estado-nação-é um fenômeno moderno, caracterizado pela formação de uma


espécie de Estado que detém o monopólio do que afirma ser o uso legítimo da
força no seio de um território demarcado e procura unir os povos submetidos
ao seu domínio por meio de homogeneização, criando uma cultura comum,
símbolos, valores, reavivando tradições e mitos de origem, e por vezes
inventando-os.

Contudo o Estado-Nação é uma criação artificial humanae uma exceção uma vez
que:

-Nem sempre a forma de pertença se expressa apenas sob a forma de uma


Nação.

-Muitos Estados acomodam mais do que uma nação no seu seio. (caso de alguns
estados Feder

● TIPOLOGIA DE ESTADOS: EM FUNÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA PERTENÇA


IDENTITÁRIAS

Estado Nação-[Portugal e países nórdicos como Noruega, Finlândia, Suécia]

● Estado Unitário centralizado


Nação sem Estado- [nacionalismos regionais: ex: Escócia, País de Gales,
Sardenha; País Basco, Catalunha, Tibete, Palestina] = nações que não
reconhecem a autoridade nacional do estado onde vivem atualmente e
advogam mais autonomia, ou independência total.

● Estado Unitários descentralizados/regionalizados

Estados Pluri-nacionais-(onde há a acomodação e aceitação de mais do que


uma nação dentro de um Estado). Ex: Canadá, Bélgica, UK]

● Estado Federal

Estado sem Nação -Não apresentam uma nação definida, Ex:Vaticano

● OUTRAS FORMAS DE PERTENÇA IDENTITÁRIA

Na verdade, a pertença identitária pode-se expressar de 3 formas ,na qual,


podem existir individualmente ou co-existirem.

Etnia-muitas vezes associada à noção de ‘nacionalidade’ (ex. Espanha)] =


características identitárias sem ligação ao território e sem reclamar autoridade
política autónoma.

Nação = características identitárias, com ligação ao território e reclamando o


direito à autoridade política autónoma (princípio de autodeterminação).

Pátria = características identitárias, com ligação ao território, mas sem


reclamar autoridade política autónoma.

● DEFINIÇÃO: ETNIA

Segundo Weber, um ‘grupo étnico’ define-se como um grupo cujos membros


partilham uma sentimento de pertença identitária em virtude de uma
descendência comum assente em semelhanças físicas, de costumes ou de
ambos.
● Forma de organização da pertença colectiva anterior (e posterior) à
nação.
● Distingue-se na ‘NAÇÃO’ por dois critérios: 1) que não necessita de um
vínculo político 2. nem territorial para existir como tal.
● Conclusão

A noção de ‘Nação’ surge na modernidade, intimamente associada ao


fenómeno do ‘nacionalismo moderno’ que advoga que a organização
política na forma de um Estado e a nação devem ser congruentes.

Contudo nem sempre a ‘nação’ e o ‘estado’ coincidem dentro de um


Estado. •

O povo/população de um Estado pode ser composto por várias nações.

Existem várias formas de pertença identitárias na relação com o Estado.

Não podemos confundir a Etnia, com Nação ou com Pátria.

Capítulo V: Teorias do Nacionalismo

Existem concepções teóricas que defendem que a nação não nasceu


forçosamente com o Estado-Nação.

Estamos a falar de teorias que explicam a formação da nação enquanto forma de


pertença identitária coletiva.

-Explicam a origem-O que é à Nação

-Explicam à natureza- que compõe à Nação.

● TEORIAS DO NACIONALISMO
Teoria primordialista: a nação constitui um fenómeno natural, baseado na
pertença étnica que antecede a existência do Estado. Tipo-ideal de pertença
coletiva é a ‘etnia’.

-Nação é natural: existe antes da criação do Estado(-nação)

O primordialismo que reflete as concepções populares do nacionalismo, mas


que tem caído largamente em desuso entre os académicos, propõe que houve
sempre nações e que o nacionalismo é um fenómeno natural.

Principal autor:Clifford Geertz

Teoria modernista:a nação resulta de um processo de construção e


(re)construção, privilegia a delimitação territorial que decorre da existência
do Estado. Tipo ideal é a nação.

-À Nação é construção: nasce com a criação do Estado(-Nação)

A teoria da modernização, que substituiu o primordialismo como explicação


dominante do nacionalismo, adota uma abordagem construtivista e propõe que
o nacionalismo surgiu devido a processos de modernização, tais como a
industrialização, urbanização e educação de massas, que tornaram possível a
consciência nacional.

Principais Autores: Ernest Gellner (industrialização), Eric Hobsbawm e Benedict


Anderson (capitalismo e a tipografia) .

Industrialização-Os Estados desenvolvem-se antes das nações. Para Gellner e


Eric, o industrialismo desempenhou um papel importante na criação do Estado
e da nação.

Capitalismo e Tipografia-A nação é uma ‘comunidade imaginada’, porque


aqueles que a constituem nunca encontrarão ou conhecerão a maioria dos outros

e o colectivo vive na mente de cada um.

Teoria etno-simbólica: a nação é uma conjugação dos dois factores, consiste


i) num processo natural que retoma fatores culturais e étnicos anteriores ao
Estado, e ii) num processo construído sobre a existência de um Estado.
Sendo composto de elementos étnicos (natural) e simbólicos (construído
pelo homem).

Nação é um processo evolutivo: nasce antes e prossegue a sua evolução com


a criação do Estado(-nação)

O etno-simbolismo explica o nacionalismo como um fenómeno dinâmico e


evolutivo, e sublinha a importância dos símbolos, mitos e tradições no
desenvolvimento das nações e do nacionalismo.

● Autores-Anthony Smith

A nação resulta de um processo de transformação das etnias em nações. É um


fenómeno simultaneamente moderno e pré-moderno.

•A ‘nação’ pode conter elementos pré-modernos que a aproximam da etnia.

Para Smith, a ‘Etnia’ são conjuntos históricos dotados de carácter etnico e


simbólico-cultural, como:

1.Um nome próprio colectivo;

2.Um mito de ancestralidade comum;

3.Um ou mais elementos culturais comuns (língua, religião, costumes..).

4.Uma associação a uma terra natal específica

5.Um sentido de solidariedade

● Conclusão

A nação não nasceu forçosamente do Estado-Nação.

Existem diversas interpretações sobre o conceito de nação e como esta se


desenvolveu.

Capítulo VI: Categoria de Estados segundo o critério de dispersão de


poderes
Os estados podem ser classificados atendendo ao critério da distribuição do
poder político por entre os vários níveis de organização territorial.

Níveis de Organização Territorial-nacional,regional,local

Esta classificação corresponde às ‘formas de Estado’.

● FORMAS DE ESTADO

ESTADO UNITÁRIO

ESTADO FEDERAL (FEDERAÇÃO)

ESTADOS CONFEDERADOS- (CONFEDERAÇÃO)

● DIFERENÇA ENTRE ESTADO UNITÁRIO X ESTADO FEDERAL

6 Diferenças:

Tipologia Estado Unitário Estado Federal

Organização do Poder Hierarquia Heterarquia


Político

Centro de Poder Único Múltiplos

Soberania Una e indivisível Una e partilhada

Nacionalidade Uma nação Várias nações

Comunicação Má comunicação Boa comunicação

Compromisso Ausência de Presença de


(Constituição) Compromisso Compromisso

● DEFINIÇÕES DOS ESTADOS

ESTADO UNITÁRIO

Estamos a falar de um Estado que tem autoridade plena para dispor da sua
soberania, (autoridade política) embora possa em algumas situações delegar
algumas competências administrativas e/ou políticas para níveis territoriais
sub-estatais.

A soberania não é partilhada entre os níveis de governação. A capacidade de


decisão final compete em última análise ao poder central.

Mesmo havendo delegação de poderes dentro de um estado unitário, este não


poderá ser confundido com uma federação na medida em que o governo
nacional tem a autoridade para anular qualquer medida tomada a nível
internacional (local ou regional). “Power devolved is power retained”.

Ex: aplicação do artigo 155 em Espanha em outubro de 2017 (em que houve uma
suspensão da autonomia regional da Catalunha, passando a Catalunha a ser
governada por representantes do poder central)

SUB-TIPOLOGIA

Centralizado: Existe uma pura centralização de poder ou seja um governo


comanda tudo.(Japão)

Desconcentrado: funções administrativas do Estado são executadas pelas


autoridades do Estado a nível regional ou local (Portugal continental)

Descentralizado: As funções políticas do estado central são executadas pelas


autoridades regionais ou locais (França, Espanha e Itália).

Em Devolução: governo central concede alguns poderes de decisão autónoma a

FEDERAÇÃO

Federação é uma forma de governação multinível que partilha a soberania para


além do poder político por entre os diferentes governos regionais e federal no
interior de um único Estado.

Numa federação a soberania é partilhada entre o estado federal e os estados


federados, sendo que as competências políticas são distribuídas entre o
governo federal e os governos regionais. legislação do governo federal
prevalece sobre a legislação do governo regional.

As competências são distribuídas pelos diferentes níveis de governação dentro da


federação mas o governo federal tem exclusividade no que toca à definição da
política externa, à defesa nacional e à capacidade de criar impostos,
autoridades regionais ou locais (Grã-Bretanha).

CONFEDERAÇÃO

Uma Confederação é uma associação de Estados independentes que, por


intermédio de um tratado, decidiram delegar o exercício de certas
competências a órgãos comuns de modo a coordenar um certo número de
domínios como o comércio internacional, a defesa e uma moeda única,
necessitando de um governo comum para a gestão dos mesmos.

A confederação é uma associação de estados que respeitam o princípio de


soberania internacional dos seus membros, à luz do direito internacional, cujo
estatuto assenta num tratado internacional que poderá ser modificado para uma
constituição mediante acordo unânime de todos os signatários.

Capítulo VII: A Estrutura do Estado

● DEFINIÇÃO DE ESTADO

O Estado é o conjunto dos órgãos que, numa sociedade, aparecem a exercer o


Poder político (muitas vezes, erradamente associada ao governo).

O Estado é uma instituição equipada e destinada a manter a organização


política de um povo, interna e externamente.

Estes critérios de definição do Estado deram origem à «teoria dos três


elementos»,segundo o qual o Estado se caracteriza pelos seguintes três
elementos: território, população e aparelho de poder [esta visão estática não
contempla a identidade nacional].
● VISÕES DO ESTADO

Visão estática (piramidal ou estrutural)

Visão funcional (funcionalista, como a de David Easton)

● O ESTADO COM UMA ESTRUTURA PIRAMIDAL

-Topo-quem toma as decisões políticas (competência legislativa)

-Corpo-Órgãos administrativos/militares/judiciais

-Base-População

Capítulo VIII: Fins e funções do Estado

● FINS DO ESTADO
● Conservação do território
● Fim de Justica
● Bem-estar social

Conservação territorial e defesa da segurança física

O fim de conservação do Estado realiza-se através da prossecução de fins


concretos, tais como a preservação do território e a integridade física da
comunidade humana.

Segurança interna-dentro das suas fronteiras, do seu território, a segurança dos


seus cidadãos e da população em geral.

Segurança externa- defesa da coletividade perante qualquer ataque do exterior.

Justiça

O Estado foi instituído para garantir a manutenção de uma determinada


ordem nas relações entre os homens, e substituir o arbítrio da violência
individual por certas regras ditadas pela razão que satisfaçam o instinto
natural da justiça.

A justiça como fim do Estado abrange duas realidades distintas:

justiça comutativa-no âmbito da qual o Estado deve garantir nas relações


entre os cidadãos a equivalência dos valores permutados; cada um deve
receber de acordo com o que prestou a certo ou certos concidadãos.

justiça distributiva- cada cidadão deve receber da colectividade de acordo


com o tipo de actividade produtiva que, de forma permanente, lhe prestou,
ou em função da situação de carência em que se encontra.

Bem-estar social

O fim de bem-estar social exprime a ampliação do que, na época do liberalismo,


se chamava ‘o fim de cultura’ por se entender que ao Estado moderno cabe
também uma responsabilidade no desenvolvimento económico e no acesso
efectivo das populações aos bens deste mundo.

A totalidade destes fins abstratos do Estado integra o que se costuma chamar


«o bem comum», que significa o conjunto de interesses da comunidade que
variam com a evolução histórica dos tempos.

Educação/Desemprego/Pensões/Saúde

● FUNÇÕES DO ESTADO

Para que o Estado prossiga os seus fins, necessita de desenvolver um conjunto


de actividades que designam as funções do Estado.

Três funções do Estado:

1. a legislativa
2. a executiva

3. a judicial

Capítulo IX: Os processos de seleção dos governantes

● Processos de Seleção devem ser Pacíficos

Os processos que permitem seleccionar as pessoas que hão-de ser titulares


dos órgãos do aparelho do Estado e que têm sido adaptados são cinco:

Herança - transmissão hereditária das funções inerentes a certos cargos


públicos.

Verifica-se nas monarquias, em relação aos titulares da Coroa, e nas


aristocracias, em relação aos titulares de outras instituições políticas (os
órgãos legislativos, por exemplo

Inerência-consiste em atribuir legalmente a qualidade de titular de um


órgão governativo ao titular de um cargo público ou privado, ou àqueles
que exerceram funções como titulares de certos órgãos de soberania. •

Em Portugal, por exemplo, o Presidente da Assembleia da República, o


Primeiro-ministro, o Presidente do Tribunal Constitucional, o Provedor de
Justiça, os Presidentes dos Governos Regionais e os antigos Presidentes da
República, eleitos na vigência da Constituição e que não hajam sido
destituídos do cargo, são por inerência membros do Conselho de Estado.

Cooptação - processo pelo qual os titulares de um órgão escolhem outro ou


outros titulares do mesmo órgão. A cooptação pode ser sucessiva ou
simultânea. •
Chama-se cooptação sucessiva quando o titular de um órgão escolhe o seu
sucessor; •

Chama-se cooptação simultânea quando num órgão colegial os titulares em


exercício têm o direito de escolher as pessoas que hão-de preencher as vagas que
forem ocorrendo, ou quando os titulares seleccionados por outro processo
(eleição ou nomeação) devem completar o elenco do respectivo órgão pela
escolha dos restantes.

Nomeação consiste na designação do titular de um órgão pelo titular de um


outro órgão diferente. •

A nomeação é, pois, o processo pelo qual uma autoridade (pessoa ou grupo de


pessoas) designa o titular de um cargo administrativo (funcionário) ou político
(Chefe do Governo nomeado pelo Chefe do Estado)

Eleição-é hoje o processo mais frequentemente utilizado para seleccionar os


representantes políticos ou profissionais: parlamentares,
conselheiros ,municipais, juízes de certos tribunais excepcionais, dirigentes dos
sindicatos, das associações ou dos partidos políticos.

● Meios Violentos

Deveremos excluir as formas de aquisição de poder por meio da


revolta, rebelião, insurreição, pronunciamento, golpe de Estado ou
revolução.

Chama-se revolta, rebelião, insurreição ou pronunciamento à


manifestação das forças armadas, apoiadas ou não por outras forças
sociais, contra o Governo constituído, a fim de lhe imporem certa
orientação ou mudarem os governantes.
Chama-se golpe de Estado ao procedimento de certos governantes que
recorrem à força para alterar o legalidade existente e mudar os titulares
dos órgãos supremos do Estada.

Chama-se revolução à manifestação violento de forças sociais estranhas à


organização do aparelho do Estado, apoiadas ou não pelas forças armadas,
com vista a mudar bruscamente o regime político, o ideologia dominante,
as leis e instituições fundamentais e os titulares dos órgãos de soberania.

Você também pode gostar