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I. O Estado
Jellinek – O Estado “é uma comunidade com território próprio, com súbditos próprios
e com um poder supremo de governo próprio”
“A totalidade destes três elementos é necessária para a existência do estado. Quando
falta algum deles, não há Estado, mas apenas formas subordinadas de um Estado”
Pré-Modernos e Modernos:
o São populações territorialmente definidas, reconhecendo um supremo
órgão de governo
Modernos:
o Nacionalidade – a população do Estado forma uma comunidade de
sentimento, baseada na autoconsciência de uma nacionalidade comum
Em suma: O Estado é então uma comunidade política de pessoas, que está ao serviço
das mesmas. Não é um fim em si mesmo, mas uma criação da sociedade, sendo que
não deve substituir-se à mesma, mas colocar-se ao seu dispor para permitir o seu
desenvolvimento e fortalecimento, orientando-se pelo princípio da subsidiariedade (as
instâncias superiores não devem assumir o que as inferiores são capazes de
desempenhar).
A função do Estado em relação à sociedade civil é supletiva, ou seja, o Estado só deve
intervir quando ela não estiver em condições de resolver os seus problemas por si só
a) Território e as fronteiras
O território não é apenas um espaço físico, delimitado por fronteiras (terra, solo e
subsolo), mas também um espaço aéreo e uma ZEE marítima, com os seus recursos
naturais
O que dá unidade ao território do Estado, não é a sua contiguidade física, mas sim a
ordem jurídica. Contudo, a validade da autoridade do Estado está limitada ou
condicionada pelas fronteiras territoriais, ou seja, por outras ordens jurídicas
nacionais. (há exceções, casos de condomínio onde se exerce dupla soberania)
O território pode ser obtido pelo Estado de vários modos, desde a ocupação à cessão,
passando pela troca e pela anexação
b) O Povo
Origens do Estado-Nação:
pelo princípio das nacionalidades, princípio este que identificou a Nação como
Estado, dotando-o de soberania, entendendo-a como corpo de cidadãos, com
poder constituinte e como continuidade histórica do povo
c) Evolução da cidadania
A ideia vem cunhada por Jean Bodin, que surgiu com o Estado absolutista para
traduzir um atributo da autoridade política, o poder do seu detentor no plano
interno e externo.
O poder da soberania:
2. Formas de Estado
Estado unitário
Estado de soberania única, com um único governo, que tem na sua base uma
constituição, que assume uma forma de representação única.
Os órgãos locais são meras autarquias administrativas e não políticas nem autónomas.
Admite descentralização administrativa, em regiões, províncias, ou distritos, para
conseguir melhoria de prestação de serviços e políticas públicas
É um Estado com regiões, dotadas de autonomia política, mas onde existe uma
fiscalização pelo poder central dos órgãos locais.
É uma “união durável”, assente numa convicção livre, visando a conservação política
dos seus membros. O pacto federativo é livre na sua constituição, mas não é revogável
livremente
Os Estados federais renunciam aos ius belli, ius legationes e ius tractuum
Processos de construção
A federação sela-se por uma constituição, de carater fechado, que exige maioria
qualificada para ser alterada
Não se devem confundir nomes com realidades. A União Indiana ou o reino Unido não
são propriamente uniões políticas
A própria União Europeia tem traços mistos, não sendo também uma União Política
A União Política de Estados, que preservam a sua soberania e identidade, pode ser
meramente pessoal ou real
O Estado está atravessado por uma crise interna e por uma crise externa. A nível
interno, o Estado está em expansão. A nível externo está em regressão ou contração
Nos últimos tempos, verifica-se também uma regressão a nível interno devido à
proliferação do sub-grupismo (que enfraquece o Estado e o torna refém de interesses)
e ao aumento de competências dos cidadãos, resultantes da revolução telemática.
Há Estados falhados ou fracos, que têm dificuldade em impor a sua autoridade politica,
com governos incompetentes ou até inexistentes, que precisam de construir ou
reconstruir o Estado.
a) A crise do Estado-Nação
O Estado Nação tem vindo a sofrer uma erosão por cima e por baixo da sua soberania,
pela globalização e pelo desenvolvimento do localismo político
Dá-se uma desidentificação do Estado com a Nação, não sendo conseguido coincidir
um Estado com uma Nação, nascendo os Estado plurinacionais
Globalização:
Martim Ghira Campos
Em suma, o Estado-nação e a sua soberania estão a ser postos em causa por todos
estes processos, que provoca uma erosão “a partir de cima”
A globalização tem ainda uma relevante dimensão ecológica, uma vez que os novos
problemas ambientais têm dimensão mundial e só são resolúveis em termos
transnacionais.
A nova sociedade mundial é uma sociedade sem estado mundial, uma sociedade não
organizada politicamente, é por isso, uma sociedade mundial de riscos globais.
Localismo político:
4. Totalitarismo e autoritarismo
Regimes antidemocráticos:
Teorias Nacionalistas
Martim Ghira Campos
Nesta categoria estão todas as teorias que interpretam os regimes não democráticos
como resposta à necessidade de construção ou consolidação das nações
Teorias da Modernização
Para ele, as ditaduras entre guerras seriam uma etapa do desenvolvimento político
para a democracia parlamentar
Unificação primitiva
Industrialização (fascismo italiano e estalinismo)
Estado assistencial (nazismo e Rússia de Kruschov)
Estado de abundância (democracia parlamentar)
Os sociais democratas deixam de ser vistos como social fascistas e passam a ser vistos
como aliados para a realização de frentes únicas ou comuns (frentes populares
antifascistas)
A frente única que os comunistas propõem aos sociais democratas deve ser
dirigida contra o fascismo
Martim Ghira Campos
A culpa da guerra civil europeia não foi do nazismo, mas sim do bolchevismo que o
provocou. A guerra entre ambos explica-se pelo contraste de ideologia do bolchevismo
e a contraideologia do nazismo.
a) A relação partido-Estado
Totalitarismo:
A dominação totalitária é mais vasta, mais intensa e é maior a repressão
O totalitarismo é um regime de terror indistinto, que visa cidadãos
indefesos e inofensivos e não apenas opositores
Visa suprimir a liberdade. É uma repressão de massas. O monopólio do
poder não é apenas político, mas também social
Autoritarismo:
A dominação autoritária é mais reduzida e menos intensa
A repressão é menos forte e mais seletiva, atingindo apenas os que se
manifestam contra a oposição organizada
Visa reprimir e controlar a liberdade, mas não eliminá-la
O monopólio do poder pretende-se político
2) Autoritarismo conservador
5. Teorias da Democracia
Martim Ghira Campos
O Governo democrático é aquele em que o povo toma maior parte nele, mas também
é um sistema de maior autorregulação
O que levou á Revolução francesa e destruição do Antigo Regime foi a separação das
classes e a destruição da liberdade política
1) A democracia não significa que o povo governe efetivamente, mas sim que o
povo aceita ou afasta os governantes, através da concorrência livre dos
candidatos pelos votos dos eleitores
2) A democracia exige que o domínio efetivo das decisões políticas não deve ser
vasto, mas limitado às questões que o grande público pode compreender e ter
uma opinião refletida
3) Um governo democrático deve dispor dos serviços de uma boa burocracia bem
treinada, gozando de boa reputação, apoiada em sólidas tradições. Uma
burocracia forte para guiar e instituir os políticos ministros
4) Autocontrole democrático:
1) Igualdade de voto
2) Participação efetiva
3) Compreensão iluminada
4) Controlo final da agenda
5) Inclusão
Teoria da poliarquia
Governos de representação
com limites à participação democrática
diversidade política dos seus habitantes
multiplicam-se as clivagens de os conflitos políticos
pluralismos de grupos sociais e organizações
expansão dos direitos individuais
A poliarquia distingue-se por duas características:
No período pré-eleitoral:
o Qualquer membro que apreende um conjunto de alternativas, pode
inserir a sua preferência entre as alternativas postas à votação
No período pós-eleitoral:
o As alternativas com maior número de voto destituem as alternativas
com menos votos
o As ordens dos eleitos são executadas
Vai buscar a ideia de que a função social não corresponde aos motivos privados dos
diretores de grandes empresas, bem como dos políticos.
A vida possui, portanto, uma racionalidade idêntica á vida económica, entendida como
eficiência – maximiza os resultados produzidos minimizando os meios investidos
O objetivo na democracia é ganhar eleições, daí que todos os seus esforços se dirijam
ao objetivo de maximizar o número de votos.
A incerteza afeta as decisões do governo e o voto dos cidadãos, pelo que gera a
persuasão dos indecisos, no sentido de ganhar confiança
A política consiste em decisões coletivizadas, isto é, decisões que dizem respeito a uma
coletividade. Mas nem todas as decisões coletivizadas são políticas. São políticas
quando são: soberanas, sem escapatória, sancionáveis
2ª Frequência
Martim Ghira Campos
Sistemas Eleitorais
Os sistemas eleitorais têm uma função legislativa e outra política. Estas duas funções
dos sistemas eleitorais – assegurar a governabilidade e a eficácia, por um lado, e a
representatividade ou legitimidade por outro – são difíceis de compatibilizar:
sistemas que servem bem para escolher governantes, não servem tão bem para
escolher representantes, e vice-versa.
Sartori “não existe nenhum sistema eleitoral ótimo ou de tal forma funcional de
que se possa dizer que possui, por certo aspeto, vantagens superiores aos próprios
defeitos. A adoção de um sistema eleitoral para um determinado contexto não impõe
de modo algum a adoção do mesmo sistema eleitoral noutros contextos”
Conclui que uma vez que não existe um sistema eleitoral superior aos outros, os
sistemas eleitorais são apenas instrumentos a utilizar em função dos fins a prosseguir e
dos problemas a que devem fazer face
Era um sistema de “soma zero”, onde quem ganhava tinha tudo e quem perdia, perdia
tudo. Com a massificação da democracia, resultante do alargamento e universalização
do sufrágio, iniciou-se uma luta pela representação proporcional, cuja ideia era de que
as eleições, mais do que dizerem quem governaria, deveriam configurar
proporcionalmente a representação dos vários setores da opinião pública de um país,
que Lijphart designou como democracias consociativas.
Rokkan concluiu que a dimensão dos países é decisiva para a adoção dos sistemas
eleitorais: os sistemas proporcionais são aceitáveis em unidades mais pequenas,
porque estas têm uma menor carga em termos de processo de decisão. Para os
maiores países é desastrosa devido ao peso maior das suas responsabilidades.
Para além disso, também reconhece, em termos gerais, que:
Neste sistema não ganha apenas o que fica à frente, todos ganham, na proporção de
votos obtidos, havendo uma maior e mais equitativa distribuição dos lugares
Sistema de Andrae o eleitor em vez de votar num só candidato, vota numa lista de
candidatos que estão dispostos pela ordem de preferência. Um candidato é eleito
quando atinge o número correspondente ao quociente eleitoral de Andrae. Os votos
sobrantes passam para o candidato seguinte na lista.
Thomas Hare Apresenta uma das mais acolhidas alternativas ao sistema maioritário,
onde existe uma lista de deputados a eleger numa única circunstância nacional e o
eleitor em apenas um voto, ordena a lista como preferir (voto ordinal). O apuramento
era feito através de “Todos os sufrágios válidos / nº de lugares a concurso” (quociente
de Hare). De seguida “resultados da lista / quociente de Hare = nº de deputados a
eleger”. Caso o candidato obtivesse mais votos do que os necessários, o restante era
distribuído na proporção pelas segundas preferências
Por outro lado, Bagehot vem contestar o sistema de Hare, acusando-o de, ao eleger
principalmente aqueles que são membros de partidos, fomentar mais a sobrevivência
do que a independência dos candidatos. Na sua visão, o parlamento deixaria de ser
constituído por homens de sentimentos moderados, correndo o risco de promulgar
leis violentas, causando instabilidade na duração das legislaturas
Max Weber são partidos de patrocínio (como chamou aos de cima), quando
procuram alcançar o poder para o chefe e benefícios para os quadros, resultantes da
ocupação de lugares na administração. São partidos de status quando dirigidos por
Martim Ghira Campos
interesses de um status ou classe. São partidos ideológicos quando dirigidos por fins
objetivos concretos ou princípios abstratos
Composição Não têm bases organizadas, apenas quadros, preparados para atuar no
parlamento e no Estado. São partidos de quadros e não de militantes
Surge então um novo tipo de partidos que destrói o sistema parlamentar, os partidos
de integração, que aspiram a uma união dos cidadãos, não só política, mas que vai
para além do Parlamento
Com a democracia de massas surge o partido de integração, que exige aos seus
aderentes não só uma adesão permanente e um pagamento de quotas, mas também
uma influência crescente em todas as esferas da vida quotidiana do individuo
Foram estes partidos que promoveram a integração das massas na política moderna
b) Catch-all-party de Kirchheimer
Caracteristicas:
O que unifica o partido deixa de ser uma coesão social ou uma visão ideológica
e passa a ser um grupo dirigente. O partido personaliza-se, passando a
depender da figura dos seus líderes.
O financiamento dos partidos passa a depender muito mais do Estado e menos
da sociedade, tornando os dirigentes mais livres dos aparelhos partidários.
Com as novas tecnologias de marketing passaram a poder dirigir-se mais
facilmente aos eleitores de forma direta
10- Alargamento dos objetivos dos partidos aos nacionais: educação, bem-estar,
saúde...
Vai incidir sobre as mudanças ao nível das relações entre os partidos e o Estado, e as
mudanças ao nível da organização dos partidos
A noção de partido cartel vem substituir a noção de partido de governo, pois são os
partidos do arco da governação que se parecem mais com o modelo de partido cartel,
contrariamente aos partidos marginais ao governo ou antissistema, que não se
organizam do mesmo modo
O que caracteriza o partido cartel é a mais estreita ligação dos partidos ao Estado, uma
“compenetração do partido e do Estado”, criando uma nova conceção de democracia
caracterizada por um “modelo de conluio interpartidário”
O partido fica cada vez mais ancorado ao Estado e cada vez menos à sociedade, sendo
cada vez mais dependente de financiamento do Estado.
O modelo normativo de democracia muda com os partidos cartel, pois deixa de ser um
processo de estabelecimento de limites ao Estado pela sociedade, passando a ser um
serviço do Estado à sociedade.
Os riscos que correm os partidos cartel são a defeção interna de um dos seus membros
e o ataque do exterior
Características:
Sistemas Parlamentares
O parlamento torna-se corpo legislativo não tanto para fazer leis, mas para impedir
que estas sejam feitas pelo Rei de maneira discriminatória
b) Parlamentos e democracia
O parlamentarismo constitucional, por exemplo, não era democrático, uma vez que
não existia responsabilidade do governo perante o legislativo ou o eleitorado.
2. Parlamento Perorante
Esta diferenciação dos parlamentos aponta menos para uma dicotomia e mais para um
contínuo
Geralmente a Câmara Alta tem menor dimensão do que a Câmara Baixa, mas a
duração dos mandatos é maior. Normalmente as Câmaras Altas têm renovação
escalonada (mudam todas de uma vez), ao contrário da renovação integras das
Câmaras Baixas.
Martim Ghira Campos
Sistemas de Governo
Governos Parlamentaristas
O que o caracteriza é o facto de retirar a sua autoridade da confiança que lhe confere o
parlamento, ou por maiorias parlamentares ou pela tolerância parlamentar para com
governos minoritários
Características:
b) Governo Parlamentar
O Gabinete, pequeno comité dos líderes do partido maioritário, é nomeado pelo Rei,
com aceitação das Câmaras. O Gabinete é o mediador entre o Rei e o Parlamento e
tem funções governativas e políticas
Características:
Governos Presidenciais
Características:
Martim Ghira Campos
2. O Presidente tem o direito de veto sobre as leis, que só pode ser superado por
maiorias qualificadas extraordinárias
O Presidente não é senhor do Congresso, tem direito de veto e sendo líder do partido,
não lidera no Congresso, podendo, no entanto, influenciar o Congresso
Para alem destas funções, ele é chefe do seu partido, porta-voz do povo, protetor
da paz, gestor da prosperidade e líder mundial
Todo este poder é limitado pelos poderes legislativos do Congresso e pelos poderes
negativos do Senado, pelo poder de investigação e de “impeachment” judicial, e pela
administração federal e opinião pública
a) Elementos de caracterização
Martim Ghira Campos
3. O Parlamento é dissolúvel
**O Governo pode ser derrubado pelo Parlamento:
Lijphart diz que mais do que uma síntese dos sistemas presidencialista e
parlamentarista, são uma alternância entre fases presidenciais e fases
parlamentaristas
c) Presidentes e Governos
Nos sistemas mistos existem Presidentes executivos que partilham o poder executivo e
Presidentes orientadores que têm um mero poder de influência ou de orientação, sem
partilhar o poder executivo.
Martim Ghira Campos
Parlamentarista:
Presidencialista: