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O Povo como Elemento de Estado


Class DES0114

Materials SASSEN, Saskia. Elementos da sociologia da globalização..pdf

Date @September 27, 2022

Descrição Aula 5 - Módulo I

Leitura Done

Semester 2022.2

Status Anotação completa

Introdução
Teoria do Estado eurocentrica westfáliana outras formas de organização política que não são
o Estado tralalalala.

Elementos do Estado:

Soberania

Território

Povo

Finalidade

Soberania que é exercida sobre um território delimitado e todos os elementos humanos e não
humanos, que é exercido para uma certa finalidade. O Estado é a superposição desses quatro
elementos. Noções civilizatórias europeias.

Objetivo de hoje: entender o Povo como elemento do Estado.

Textos

O Povo como Elemento de Estado 1


Saskia
O Estado é uma ruptura das relações políticas anteriores - que eram horizontais - que
funcionaliza tudo a partir da ideia de nação e o Estado é a medida de todas as coisas. O
advento desse ideia de Estado funcionaliza a cosmovisão para uma dimensão nacional. No
entanto, na atualidade, existem outras estruturas externas ao Estado que se sobrepõe ao
território nacional e que conectam os povos de vários países independente de sua nação.
Globalização destaque certas cidades de seus locais físicos que possuem a capacidade de se
conectar com outros espaços. Essas cidades tem uma lógica que as conecta e que as
diferencia dos demais espaços de seu respectivo Estado. Cidades globais são locais
atravessados por laços transnacionais que criam divisões dentro de um Estado-nação
Provocação: O Terceiro Mundo sempre foi global. A nossa vida sempre foi inserida em um
sistema mundo globalizado, em uma posição de explorados. Sempre houve uma circulação
global de commodities, de pessoas, de capital. A ideia de globalização só chega ao primeiro
mundo junto com migrantes a medida que a tecnologia evoluí → vem do terceiro mundo e
permite contato com o mesmo.

Adorno
Nós e Eles → ingroup x outgroup

Dividir o mundo em espaços e, consequentemente, as pessoas em grupos. Povo = senso de


legitimidade, autocompreensão política de uma coletividade que vê um território e uma nação
como sua posse. Colação entre pessoas e uma ficção chamada Estado.

Cria-se uma visão que tenta justificar a marginalização e intolerância em relação à


estrangeiros. Função de “adestrar” pessoas que não são bem vindas delegada aos seus
cidadões que se identificam plenamente com sua nação. Necropolítica. Capilarização dessa
noção de controle até os cidadãos comuns que continuam a propagar esse controle da morte.
Tornamo-nos, então, autoritários em nós mesmos, em uma ideologia que fluí da própria
noção de Estado. A ideia de Estado, em si, é traumática. Ódio em relação ao outro, criação de
ficções. Faticamente frágeis e assustadoramente fortes. Senso de superioridade junto da
percepção de ameaça. “Luta do bem contra o mal”. Dá um passo adicional ao texto do
Saskia, que faz entrar em nós mesmo esse discurso de alteridade como ameaça, perversão da
identidade.

Continuação: Território
Dimensão externa da Soberania: Segurança

O Povo como Elemento de Estado 2


A gente acha que o Estado cria o direito internacional mas é o direito internacional que cria o
Estado.
DIP → divide o mundo em espaços de poder. De alguma forma, ele cria o Estado porque ele
distribui o poder aos territórios que divide. O pressuposto e que não existe res nullius → não
existe no mundo terras sem ninguém, sem dono. Tudo pertence à alguém; se não é um poder
público nacional, então será um poder público internacional.

O espaço é tridimensional → o território do Estado (terrestre, fluvial, maritímio e áereo) é


delimitado em todas essas dimensões pelo Direito Internacional Público. Existem tratados
internacionais para tal. Define o que está dentro e o que é fora, e quem está dentro e quem
está fora. No espaço delimitado, o DIP garante ao poder nacional sua esfera de soberania e
autonomia. Dessa forma, o poder nacional ainda permanece soberano, mesmo aceitando as
delimitações do poder público internacional. Poder e liberdade de gerir recursos humanos e
não humanos.
Essa divisão de interno e externo existem também para definir a entrada, a permanência e a
saída de seres humanos. DIP delimita também os critérios para a aquisição de novos
territórios - isto é, colocando na ilegalidade invasão ou ocupação militar para tal fim. Para
garantir a segurança dos espaços, alguém só pode se apossar de um território mediante as
normas juridícas estabelecidas. Rússia e Ucrânia → a Rússia pode estar ocupando a Criméia
e territórios ucrânianos, no entanto não tem a posse desse território haja vista a ilegalidade de
sua ocupação. Caso da Palestina, do Saara ocidental. Existe uma obcessão do Direito
Internacional em delimitar a posse de todos os territórios. É ele que cria a condição política
ideal para o Estado.

Territórios Não-Estatais → não sujeitos ao poder público estatal, mas ao poder público
internacional.

BNJ → Beyond National Jurisdiction


Res Communis → território que não é de ninguém, não é de alguém, é de todos. Patrimônio
comum da humanidade, por exemplo. São de todos os Estados. Automar, fundos marinhos, a
lua e demais corpos celestes. São geridos por organizações internacionais de pesca e de
alimentação. Espaço de livre circulação e de atividade econômica, mas geridos por uma
autoridade regulamentada pela ONU. Em relação aos corpos celestes, existem duas decisões
da ONU para regulamentar quem é responsável pelo uso pacífico ou científico do espaço.

Domínios polares: não são espaços comuns, mas são um meio termo.

Conselho do Ártico → órgão de cooperação. Mistura de coisa comum com espaço territorial
de países próximos e com a gestão de um organismo internacional de cooperação.

O Povo como Elemento de Estado 3


Antártico → não é de ninguém, fora da esfera de soberania de todos os países. Tratados que
impedem a apropriação do território por qualquer país.

Povo como elemento de Estado


A ideia de povo como elemento do Estado é essencial quando é o elemento que enraíza a
legitimidade do Estado para a exerção do poder público e viabiliza o dia-a-dia da nação. O
Estado cria essa ficção de comunidade de forma a criar uma noção de unidade, de forma a
justificar a permanência dessas pessoas nesse território. O povo enquanto vinculado à uma
convicção de nação é daonde o Estado extrai sua legimidade para exercer seu poder
necropolítico.
Povo é o conjunto em nome de quem se governa, e sobre quem se exerce o poder público.
Justificativa do poder público. Lastro do poder já não provém de Deus, mas do povo.

Conceitos
Cidadão → aquele que tem direitos políticos dentro do país, podendo potencialmente
participar do maquinário do poder público. É a pessoa que está habilitada pelo direito
interno a participar da vida política de um país e usufruir de seus direitos político.

Direitos passivos, ativos e coletivos.

Nacional → quem tem esses direitos políticos em potencial; só pode ser cidadão quem é
nacional; sendo nacional ainda não pode exercer sua cidadania, mas tem essa
possibilidade.

Povo → em nome de quem se governa, fonte de legitimidade. Se confunde com o


nacional pois a ideia de povo é aquele conjunto de pessoas com passado, memória e
valores comuns. Nem todo mundo que é povo corresponde à ideia de nacional ou
cidadão, pensando que a definição de quem é nacional e quem não é pode ser
manipulado, enquanto o povo é inerente. O Brasil é um Estado plurinacional quando
existem vários povos e etnias inseridos nessa realidade; para nós, povo e nação são quase
que sinônimos, mas nem sempre foi assim. No Brasil Império existia limitações à
cidadania e, como só era considerado povo quem era cidadão, grande parte da população
era excluída desse status. Quem é nacional é uma decisão política. Qual é o conjunto de
passados, memórias, valores e histórias comuns que eu quero preservar como
identidade? Quem é seu povo? Que povos eu quero preservar e quais eu quero apagar?
Qual coletividade imaginada eu quero valorizar? A ideia de quem é considerado o povo
dentro de uma população flui para quem será considerado nacional pelo Estado.

O Povo como Elemento de Estado 4


População → quem habita o território.

O Povo como Elemento de Estado 5

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