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O ESTADO

1. A CONSTRUÇÃO DO ESTADO

“Todos os Estados, todos os domínios, que “O Estado é uma das criaturas dos homens, uma
tiveram ou têm império sobre os homens forma de viver que as comunidades inventaram,
foram ou são repúblicas ou principados”. porque na Bíblia não consta o Estado entre as
(Nicolau Maquiavel, O Príncipe) coisas que Deus fez e viu que eram boas”. (Adriano
Moreira, Ciência Política)

“Jamais alguém viu o Estado. Quem poderia, no entanto, negar que ele é uma realidade? O lugar que
ocupa na nossa vida quotidiana é de tal ordem que ele não poderia ser daí retirado sem que, do mesmo
lance, ficassem comprometidas as nossas possibilidades de viver”. (Georges Burdeau, O Estado)

1531 A invenção do nome Maquiavel

1576 A invenção do princípio Bodin


(soberania)
D

1648 De quem a região, dele a


Paz de Vestefália
religião

ESTADO MODERNO

Revolução Atlântica
Revolução Inglesa
Revolução Americana
Revolução Francesa
Independências sul-americanas
Primavera dos povos

ESTADO-NAÇÃO

II Guerra Mundial
Descolonização

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2. O CONCEITO DE ESTADO

O Estado…
“uma instituição social
equipada e destinada a manter
“o conjunto dos órgãos a organização política de um
que, numa sociedade, povo, interna e externamente”
aparecem a exercer o
poder político”

“uma instituição comunitária onde


existe uma diferenciação entre fortes e
fracos (exploradores e explorados) de
modo que os primeiros mandam e os
outros obedecem”.

O Estado como pirâmide do Poder – “A teoria dos três elementos”

Chefe do Estado
DIRECÇÃO DO ESTADO Parlamento
Governo
APARELHO
DO PODER
Órgãos Administrativos
CORPO DO ESTADO Tribunais
Aparelho Militar

BASE DO ESTADO População (ou povo)

O ESTADO… “uma sociedade política integrada, caracterizada por uma interacção permanente
entre a base social (população) e o aparelho de Estado”.

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3. OS ELEMENTOS DO ESTADO
Os elementos do Estado são: o povo, o território e o poder político.

3.1. O Povo
1. “O conjunto dos indivíduos que se constitui em sociedade política para a prossecução de
interesses comuns e se rege por leis próprias sob a direcção de um mesmo poder soberano”. O
vínculo jurídico que liga os indivíduos a um Estado chama-se nacionalidade.

2. A importância do elemento humano de um Estado é visível em certos domínios da organização


estadual:
 Na escolha dos governantes
 No desempenho de cargos públicos
 Na definição das prestações sociais
 No cumprimento de alguns deveres fundamentais

3. O fenómeno da atribuição da cidadania, tal como a História Política nos tem mostrado,
condensou-se na prevalência de dois grandes critérios:
 O ius sanguinis: as relações de sangue, porque se os seus progenitores pertencem a certa
cidadania, ela se comunica aos seus descendentes;
 O ius solis: o lugar do nascimento, por uma ligação afectivo-territorial justificar a atribuição
da cidadania.

4. O conceito de povo é associado ao conceito de nação. Por nação entende-se as pessoas que se
ligam entre si com base em laços socio-psicológicos, como uma mesma cultura, etnia, língua ou
tradições, formando uma comunidade com esses traços identitários.

A formação de um Estado-nação, ou seja, a coincidência de um poder político com uma área cultural
(sendo esta entendida como uma região em que predominam determinados padrões culturais
relativamente homogéneos que a tipificam em relação a outras áreas) só se generalizou depois da
Revolução Francesa.

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A P
P P A A P
P P A A A

Podemos então encontrar:


 O Estado-Nação
 O Estado com várias Nações
 A Nação repartida por vários Estados
 A Nação sem Estado
 O Estado sem Nação

3.2. O Território
1. Entende-se como território “o espaço no qual os órgãos do Estado têm a faculdade de impor a
sua autoridade”. Dentro do território, é costume distinguir-se o espaço terrestre, o espaço
marítimo e o espaço aéreo.

2. Há que reconhecer que, no mundo actual, os Estados mais poderosos ampliam o espaço
geográfico da sua jurisdição para além das suas fronteiras físicas convencionais.

3. A importância do elemento espacial do Estado percebe-se melhor através das várias funções que
o território estadual é a chamado a desempenhar:
 A sede dos órgãos estaduais
 O lugar de aplicação das políticas públicas do Estado, bem como da residência da maioria
dos seus cidadãos
 A delimitação do âmbito de aplicação da ordem jurídica estadual
 O espaço vital de independência nacional

3.3. O Poder Político


1. Num Estado, o órgão ou o conjunto de órgãos que exerce o poder político é o aparelho do poder
(Direcção e Corpo do Estado).

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2. É bastante frequente identificar-se a ideia de soberania ao poder político. Em contexto estatal, é
soberano aquele que decide qual é a ideia de direito válida na colectividade, isto é, a pessoa, o
órgão ou os órgãos sem o consentimento dos quais o poder político não está disponível.

3. A luta política sempre se caracterizou pela conquista e manutenção dos órgãos do poder, embora,
nem sempre, se tenha efectuado ou efectue com recurso a meios legais ou mesmo, no quadro
destes, se faça por via eleitoral. Todavia, nem sempre os agentes que procuram capturar os órgãos
do poder seguem as regras instituídas, preferindo vias que sistematicamente rejeitam a legalidade
vigente, em muitos casos com recurso a métodos subversivos.
 Formas ilegais: insurreição, rebelião, golpe de Estado, revolução
 Formas legais: herança, cooptação, nomeação, inerência, sorteio, eleição

4. Funções da eleição política


Reforço Normativo Acção Política Competição Política
Representação Formação de governos Recrutamento político
Legitimação Participação política Moderação da luta política
Controlo político Competição política
Socialização política Comunicação política

4. CATEGORIAS DE ESTADOS MODERNOS


1. Os Estados soberanos caracterizam-se por terem um poder supremo (sem igual) na ordem interna
e de um poder independente (sem superior) na ordem externa.
 Direito de fazer a guerra (“ius beli”)
 Direito de legação (“ius legationis”)
 Direito de celebrar tratados internacionais (“ius tractum”)
 Direito de reclamação internacional

2. Todavia, existem, Estados que não gozam de nenhuma destas prerrogativas soberanas na ordem
externa e reconhecem um poder ao seu na ordem interna: são os chamados Estados não soberanos.

Há, ainda, outros Estados que desfrutam de algumas daquelas prerrogativas soberanas externas,
mas que reconhecem também um poder igual ou superior na sua ordem interna: são os Estados
semi-soberanos.

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Assim, para além dos Estados soberanos temos:
 Estados não soberanos: os Estados Federados (e os Estados membros de uniões reais);
 Estados semi-soberanos: os Estados protegidos, os Estados exíguos e os Estados
neutralizados.

Como Estados soberanos:


 Estados Federais
 Estados Unitários: Estados Unitários Centralizados e Estados Unitários Descentralizados

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