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Estado
O poder dos Estados independentes ou soberanos não vem de nenhum outro Estado,
mas é seu por direito próprio. E aplica-se a todo o território e toda a população desse
Estado. O Estado tem, além disso, o monopólio do uso legítimo da força para impor
a ordem e assegurar o respeito pelas leis.
Embora a palavra Estado seja muitas vezes aplicada ao conjunto das instituições
governantes, ela não se esgota nessa aceção.
O ser humano sempre foi gregário, isto é, sempre viveu em grupo, associando-se ao
seu semelhante para prosseguir interesses comuns (subsistência, proteção, conforto).
Esta forma de viver leva ao aparecimento de vínculos, que podem ser familiares,
locais, sociais, religiosos, etc. Famílias, comunidades de vizinhos, igrejas, associações
profissionais são disso exemplo. O Estado também, como veremos.
É no final do século XV que começa a existir o que designamos por Estado, não na
aceção geográfica, mas para designar o aparelho de poder ou o sistema político (ver
considerações acima sobre a palavra estado). Autores como Thomas Hobbes, John
Locke e Jean Bodin são os responsáveis pela sua introdução.
O Estado, nesta nova aceção, tem como pedras basilares o território, a população e o
aparelho de poder, como vimos.
Território: basta olhar para um planisfério para constatarmos que as fronteiras entre
os Estados estão definidas (sem prejuízo de haver algumas disputas territoriais) e que
toda a superfície terrestre está ocupada por Estados (exceção feita à Antártida). O
território de um Estado costuma ser contínuo, mas nem sempre assim é. O Alasca,
embora faça parte dos Estados Unidos da América, está fisicamente separado do
território principal (há mais exemplos, desafio-vos a procurarem-nos). Idem para as
ilhas que fazem parte de Estados continentais. Além da área sólida ocupada por um
Estado, a lei internacional define, atualmente, águas territoriais e espaço aéreo.
População: hoje, e de modo geral, todos os seres humanos – ou quase – são cidadãos
de um Estado. A maioria dos cidadãos de um Estado vive no território geográfico
desse Estado, mas há exceções – veja-se os fenómenos de emigração e imigração. O
que une estes cidadãos (que não partilham necessariamente uma cultura, língua ou
religião, embora tal suceda com frequência) é o facto de estarem sujeitos a esse
Estado, de terem a obrigação de respeitar as suas leis e ordem social. O que une esta
quantidade heterogénea de pessoas é um sentimento de pertença que os Estados têm,
ao longo da História, feito por estimular (estímulo esse que, ao longo da História, foi
da promoção da cultura e da língua de um país, legítima e desejável, à imposição de
uma homogeneidade linguística, religiosa ou cultural artificial e violenta). Não é
difícil compreender que essa união reforça o poder de um Estado face aos outros e,
também, o poder nesse Estado.
Para poder cumprir estas funções, o Estado precisa, à semelhança dos reis medievais,
de recursos económicos e de força. A cobrança de impostos, a administração pública
e as forças da ordem são vitais para o exercício do poder. A capacidade de decidir,
comunicar as decisões, vigiar o seu cumprimento e a evolução das políticas que põe
em prática depende, em larga escala, dos mecanismos burocráticos e administrativos
(que permitem manter registos e informação), da existência de forças militares e
policiais e, acima de tudo, da impossibilidade prática de um cidadão garantir a sua
sobrevivência sem estar inserido no sistema que o Estado controla.
Os Estados soberanos, sendo independentes, não estão isolados. Até os Estados mais
fechados, como a Coreia do Norte ou a Birmânia, estabelecem relações diplomáticas,
culturais, militares, comerciais, etc. com os demais Estados.
Hoje a maioria dos Estados soberanos cabe na definição de Max Weber, mas alguns
não detêm o monopólio do uso da força ou não impõem a lei em todo o seu território
(Sudão, Somália). Outros cumprem os três princípios de Weber mas não são
reconhecidos internacionalmente (Somalilândia, República Turca do Chipre do
Norte). A falta de reconhecimento dificulta, por vezes, o estabelecimento de laços
(diplomáticos, económicos, culturais) com outros Estados.
Além dos Estados soberanos, existem Estados federados, que fazem parte de um
Estado maior (os 50 Estados dos EUA, os da Alemanha, Brasil, México), sendo-lhes
delegados alguns poderes. Os Estados associados estabelecem associações com
Estados maiores ou mais poderosos, pelo que a sua soberania é limitada (Palau ou
Ilhas Marshall com os EUA; Niue e ilhas Cook com a Nova Zelândia).