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ESPE - Escola Profissional Espinho

Sebenta / Módulo
Turma: ESPE - CP Técnico/a Receção - 1º Ano - 2019/2020
Disciplina: Área de Integração
Módulo: 1 - O Homem e a Terra / A região e o espaço nacional / Um desafio global: o desenvolvimento
sustentável
Docente: Suzanna Loureiro e Eduardo Óscar Alves Pedrosa

Modelo 154-DP
Objetivos

 Compreender a evolução das ideias sobre o lugar do Homem e da Terra no Universo;

 Analisar indícios da evolução da Terra em termos de relevo, clima e vegetação;

 Compreender tempos e ritmos de evolução dos fenómenos terrestres;

 Analisar uma interpretação atual do processo de evolução biológica que conduziu ao


aparecimento do Homem na Terra;

 Identificar conjuntos naturais em que a região se insere.

 Identificar conjuntos humanos em que a região se insere.

 Identificar redes em que a região se insere.

 Compreender as relações da região com as regiões envolventes e o espaço nacional

 Identificar problemas ambientais que se coloquem à escala global;

 Identificar problemas de desenvolvimento que se coloquem à escala global;

 Relacionar as alterações climáticas com os problemas de desenvolvimento dos países


subdesenvolvidos;

 Problematizar o conceito de desenvolvimento sustentável;

 Identificar o papel das organizações internacionais na procura de modelos de


desenvolvimento sustentável.

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Bibliografia

 MEAD, Margaret, Sobre o Problema do Conhecimento em Ciências Sociais, Lisboa,


ICS;

 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2003), Relatório do


desenvolvimento humano 2003 : objectivos de desenvolvimento do milénio, Queluz,
Mensagem - Serviço de Recursos Editoriais.

 POMBO, António Pedro; ANDRADE, Paula; DIAS, Margarida Lopes; Cidadania e


Mundo Atual para CEF – Bolsa de Estudos, 1ª edição

 REIS, Jorge; LEITE, Manuela; LEMOS, Paula; GUIMARÃES, António; JANUÁRIO,


Susana; Formação Cívica – Propostas de atividades, Porto Editora, 2010

Webgrafia

 http://europa.globe-images.info/mapas/europa.jpg

 http://www.cceseb.ipbeja.pt/netdays2003/sitenetdays/index.htm

 http://europa.eu.int/comm/eurostat/Public/datashop/print-
catalogue/EN?catalogue=Eurostat

 http://www.meteo.pt/InformacaoClimatica/AltClimaP.htm

 http://ecosfera.publico.pt/index.asp

 www.portal.icnb.pt

 www.presidencia.pt

 www.igespar.pt

 www.visitportugal.com

 www.unesco.pt

 http://www.meteo.pt/InformacaoClimatica/AltClimaP.html

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Índice de Conteúdos

1. A evolução das ideias sobre o lugar do Homem e da Terra no Universo ………………..5


2. O Universo em expansão ………………………………………………………………………..6
3. Olhar o Universo ………………………………………………………………………………….6
3.1. O Sistema Solar ………………………………………………………………………..7
4. Indícios da evolução da Terra ………………………………………………………………7
4.1.A viagem das placas ………………………………………………………………7
5. Os tempos e ritmos de evolução dos fenómenos terrestres …………………………………10
5.1.Movimento de rotação da Terra ……………………………………………………10
5.2.Movimento diurno aparente do Sol ……………………………………………………11
5.3.Movimento de translação da Terra ……………………………………………………11
5.4.As fases da Lua ………………………………………………………………………12
5.5.As marés ………………………………………………………………………………..12
6. A origem da vida na Terra ……………………………………………………………………..14
7. Os conjuntos naturais da região ……………………………………………………………15
7.1. O relevo ……………………………………………………………………………….15
7.2. A vegetação ……………………………………………………………………..16
7.3. O clima ………………………………………………………………………………16
7.4. A hidrografia …………………………………………………………………….16
8. Os conjuntos humanos da região …………………………………………………………..17
9. Rede de Transportes ……………………………………………………………………………..18
9.1. Os transportes marítimos …………………………………………………………..18
9.2. Os transportes ferroviários …………………………………………………………..19
9.3. Os transportes rodoviários …………………………………………………………..19
9.4. O transporte aéreo ……………………………………………………………………20
9.5. Rede Rodoviária Nacional ………………………………………………………….20
10. O desenvolvimento e a utilização de recursos ………………………………………21
10.1.O esgotamento dos recursos naturais não renováveis ……………………21
10.2.O crescimento das economias e os seus efeitos sobre o ambiente ………….22
10.3.As desigualdades de desenvolvimento ………………………………………23
11. Principais problemas globais ………………………………………………………..24
11.1.As alterações climáticas, o efeito de estufa …………………………….24
12. O desenvolvimento sustentável ……………………………………………………….25
12.1.O conceito de desenvolvimento sustentável ……………………………25
12.2.O papel das organizações nacionais e internacionais ………………….27

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Tema/problema – O Homem e a Terra

1. A evolução das ideias sobre o lugar do Homem e da Terra no Universo

Durante muitos séculos, acreditou-se que a Terra não se


movia, mas estava estática no centro do Universo ou
Cosmos. Era o modelo geocêntrico, defendido por
Aristóteles e Ptolomeu. Ambos defendiam que o Universo é
formado por um conjunto organizado de substâncias, cuja
origem e fim eram Deus. Na conceção de Ptolomeu, o
Universo é esférico e a Terra o seu centro. À volta desse
centro movem-se esferas que contêm várias substâncias,
que sofrem uma atração divina. Deste modo, Deus seria o
princípio e o fim último de todas as coisas, teoria que se
tornou aceite pela Igreja Católica e que dominou o pensamento europeu até ao século XV.

Alguns pensadores gregos não aceitavam a teoria de Aristóteles, como Aristarco de Samos, que
acreditava ser o Sol e não a Terra, o centro do Universo.

O Século XVI marca o início de uma nova era na Astronomia. Nicolau Copérnico, médico e
astrónomo concebeu a teoria que mostrava, no centro do Sistema Solar o Sol e não a Terra e
que todos os planetas se comportavam da mesma maneira, executando uma órbita circular à
volta do Sol.

A Revolução Copérnica não foi imediatamente


compreendida, sendo mesmo ridicularizada em
representações teatrais. No entanto, muitos
astrónomos adotaram de imediato esta teoria,
tornando mais rigorosos os cálculos astronómicos,
enquanto outros consideravam inspiradora a visão de
um Universo Infinito.

Deste último grupo, Giordano Bruno foi um dos maiores


pensadores, que abandonando a ordem monástica e vivendo por toda a Europa, discutiu e
publicou livros sobre a teoria de Copérnico. Foi traído e entregue à Inquisição, sendo queimado
vivo após sete anos de prisão.

Giordano Bruno iniciou a conceção moderna do espaço cósmico, suprimindo a esfera fixa e
considerando que todos os corpos celestes se encontram em movimento. Procedeu por intuição
e não por raciocínio matemático, afirmando que a Terra não estava no centro do Universo, mas
que girava em volta do sol, tal como todos os planetas. Mais ainda, considerou que o Sol era
mais uma estrela entre muitas outras, e que girava sobre si mesmo, assim como todas as
estrelas.

Esta teoria demorou cem anos a ser aceite, pois a Igreja


continuou a considerar que o Universo era constituído por
esferas cristalinas, mantidas e criadas por Deus.

A contradição existente entre a Igreja e os escritos de


Galileu, assim como de inúmeros inimigos, leva-o a ser
condenado pela Inquisição e a permanecer o resto da vida
em prisão domiciliária, continuando aí os seus estudos.

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Kepler afirmou que as órbitas dos planetas não eram circulares, mas sim elípticas, reforçando a
teoria heliocêntrica de Copérnico e destruindo a noção aristotélica de que havia algo de
significado cósmico no círculo em que a Terra ocupava o centro do Universo.

Outra descoberta importante para o conhecimento do


Universo foi a lei da gravidade, expressa por Newton. Pela
primeira vez o Mundo tornava-se num só, sem distinção
entre o céu, a Terra e o Sistema Solar. Hoje, os satélites
artificiais seguem órbitas de acordo com a lei da gravitação,
que após mais de três séculos ainda é usada, sem
modificações.

A compreensão do funcionamento do Universo foi dada por


Albert Einstein. Partindo da lei da gravitação universal de Newton, Einstein imaginou o espaço
ligado pelo tempo, ou seja, uma curvatura do espaço-tempo, propondo a teoria geral da
relatividade.

Na Teoria Geral da Relatividade, o Universo é curvado pela presença de objetos de diferentes


massas. A gravidade, então é uma distorção espacial – determina a interação entre os objetos
consoante a curvatura. A teoria de Einstein obrigou os cientistas a pensar o Universo de uma
outra forma. Seria impossível conciliar a Teoria da Relatividade com um Universo com um
Universo plano.

Mais tarde Edwin Hubble descobriu que o Universo estava em expansão, determinando que as
galáxias se afastavam umas das outras. Foi a descoberta-chave que originou a teoria do Big
Bang.

2. O Universo em expansão

Surgindo de uma violenta explosão, segundo a teoria do Big Bang, o Universo formou-se há
perto de 14 mil milhões de anos e tem dimensões inimagináveis.

Só no século XX, com os avanços da Astronomia, da Cosmologia e da cosmogonia, assim como


dos instrumentos de observação, se conseguiu comprovar que o Universo era muito maior do
que aquilo que se previa e que a Via Láctea é apenas uma entre muitos milhões de outras
galáxias que existem.

3. Olhar o Universo

Desde épocas remotas que os povos observaram o céu noturno e a partir dos pontos mais
brilhantes (as estrelas) desenhavam personagens mitológicas, objetos e animais – as
constelações.

A partir do século XVI, com o aperfeiçoamento dos instrumentos de observação, foi possível
reconhecer outros planetas do sistema solar e mais tarde as galáxias.

Atualmente os maiores telescópios do Mundo permitem que os investigadores visualizem


enormes quantidades de imagens e dados e continuem na descoberta do Universo.

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3.1. O Sistema Solar

O Sistema Solar localiza-se num dos braços da Via Láctea. Este sistema planetário é constituído
pelo Sol, oito planetas conhecidos e inúmeros outros asteroides, luas, cometas e corpos
rochosos.

Os quatro planetas (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) mais perto do Sol, denominam-se de
planetas interiores, enquanto os outros quatro (Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno) chamam-se
de exteriores. Entre este s dois grupos existe uma cintura de asteroides.

A atração gravitacional do Sol sobre os planetas faz com que estes se mantenham em órbita,
mas também os influencia na velocidade de translação. Os planetas quanto mais próximos do
Sol estão, mais depressa descrevem a sua órbita.

4. Indícios da evolução da Terra

A Terra foi formada há mais de 4,8 milhões de anos, segundo estimativas dos cientistas,
considerando as rochas mais antigas, já que antes não existia superfície sólida. A formação da
crosta terreste foi sofrendo muitas alterações ao longo de milhares de anos.

Os processos erosivos, assim como a atividade sísmica e vulcânica, na atualidade, a moldar a


superfície terrestre e a expandir o fundo oceânico.

Em 1910, Alfred Wegener (geofísico alemão) sugeriu que os continentes se moviam. Meio século
depois foi possível confirmar que o movimento das placas tectónicas produz deformações e
ruturas na crosta terrestre e a expansão do fundo oceânico.

4.1. A viagem das placas

1. Formação da pangeia

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2. O supercontinente começa a dividir-se: Laurásia e Gondwana

3. A Laurásia afasta-se do que será a América do sul e a África

4. Formação do oceano índico: fragmentação de Gondwana

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5. A América do sul começa a separar-se da África

6. A Índia vai para norte, separa-se da Antártida

7. A América do Norte separa-se da Eurásia (Europa e Ásia)

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8. Formação dos Himalaias (a Índia colidiu com a Ásia, empurrando rochas para
cima e formando o planalto do Tibete e a cordilheira dos Himalaias)

9. Formação do mar vermelho (Movimento das placas separaram a Arábia da


África

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5. Os tempos e ritmos de evolução dos fenómenos terrestres

Toda a evolução da
Terra foi
acompanhada por um
conjunto de
movimentos da
mesma. Assim,
também todos os
planetas do Sistema
Solar efetuam dois
movimentos
principais: o de rotação em torno de um eixo e o de translação em redor do Sol.

Na Terra sucedem-se e observam-se tempos e ritmos constantes. A alternância do dia e da noite,


as estações do ano, as fases da Lua e as marés, que são consequências dos movimentos da
Terra e da Lua.

5.1. Movimento de rotação da Terra

O movimento que a Terra descreve à volta do seu próprio


eixo, fazendo com que, metade da Terra se encontre
iluminada pelo sol e a restante pela escuridão. Foi adotado
o período de 24 horas como a unidade para medir o tempo.
Este movimento executa-se em sentido direto em torno do
seu eixo e não é percetível pelo ser humano porque tudo se move em conjunto.

5.2. Movimento diurno aparente do Sol

Este movimento é uma consequência do movimento de rotação da Terra. Na realidade é a Terra


que roda constantemente sobre o seu eixo imaginário. Uma outra consequência deste
movimento é a sucessão dos dias e das noites o que limita a orientação pelo Sol ao período
diurno.

A Terra está dividida em 24 áreas de fusos horários – cada fuso corresponde a uma hora.

O Observatório de Greenwich, em Londres, é o marco zero de referência para os fusos horários.


As horas aumentam para leste e diminuem para oeste.

5.3. Movimento de translação da Terra

É a órbita que a Terra executa à volta do sol e tem a duração de 1 ano.

A Terra ocupa diferentes posições em relação ao Sol: Formação das estações do ano.

Na sua órbita, a Terra ocupa quatro pontos importantes, que marcam o ritmo do movimento de
translação – os pontos equinociais e os pontos solsticiais, que correspondem a: Equinócio da
primavera; equinócio de outono; solstício de verão e o solstício de Inverno.

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Ao longo do ano, devido à inclinação do eixo da Terra, partes diferentes do Globo vão recebendo
quantidades variáveis de luz solar, o que provoca dias e noites mis curtos e mais longos.

Porque existem estações do ano?

A Terra gira no seu eixo num sentido contrário aos ponteiros do relógio. Isto faz com que durante
metade do ano, os raios solares caem mais diretamente sobre o hemisfério sul e durante a outra
metade sobre o hemisfério norte. Quando o eixo da Terra se inclina para o lado oposto do Sol,
em dezembro, o hemisfério norte recebe menos luz solar e ocorre o inverno, ao posso que o
hemisfério sul desfruta o verão.

5.4. As fases da Lua

A Lua gira em torno da Terra com uma duração de 28/29 dias, movimento
que também coincide com o movimento de rotação da própria Lua.
Assim, a Lua apresenta sempre a mesma face virada para a Terra.

O ciclo lunar começa com a Lua Nova, quando a Lua está entre a Terra
e o Sol.

Vai passando por diferentes fases – Quarto Crescente, Lua Cheia e


Quarto Minguante.

5.5. As marés

As marés são ocasionadas pelos efeitos gravitacionais da Lua e do Sol.

Quando uma massa de água está mais próxima da Lua temos uma maré alta ou maré cheia.

Quando a Lua está mais distante ocorre a maré baixa ou baixa-mar.

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A influência da Lua é bastante superior à do Sol, pois embora a sua massa seja muito menor que
a do Sol, esse facto é compensado pela menor distância à Terra.

Marés Vivas: LUA NOVA

Quando a Terra, a Lua e o Sol se alinham, a atração gravitacional exercida pelos dois astros
sobre os oceanos aumenta, gerando correntes marítimas que causam uma elevação máxima do
nível do mar na direção dessa linha.

Marés Vivas: LUA CHEIA

A lua cheia ocorre quando a lua e o sol, vistos da terra, estão em direções opostas, separados a
180°. A luz solar ilumina metade da lua, originando a imagem de lua cheia.

Marés Baixas: Quarto Minguante e Quarto Crescente

Nestas fases lunares, diminui a influência do Sol e da Lua nas marés oceânicas.

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6. A origem da vida na Terra

A Terra é o único Planeta do Sistema Solar onde existe vida porque reúne um conjunto de
condições necessárias:

 O nosso planeta é o 3º mais próximo do Sol e encontra-se a uma distância aceitável para
que exista vida na Terra já que apresenta uma temperatura moderada;

 Apresenta uma camada de água que ocupa perto de ¾ do planeta, estando a maior parte
no estado líquido e uma pequena parte em estado sólido;

 Apresenta uma atmosfera composta principalmente por oxigénio e azoto,


imprescindíveis aos seres vivos. Por outro lado, a atmosfera regula a temperatura da
Terra através do efeito de estufa e protege-a através da camada do ozono.

A origem da vida e da Terra será quase tão velha como a própria Terra, mas o problema da sua
origem é um tema fundamental que foi e ainda é discutido a nível científico e tecnológico.

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Tema/problema – A Região e o espaço nacional

7. OS CONJUNTOS NATURAIS DA REGIÃO

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7.1. Relevo

Antes de mais, é importante relembrar que o relevo consiste


no conjunto das irregularidades que a superfície terrestre
apresenta. Assim, a altitude é um dos elementos que nos
permite caracterizar o relevo.

Em Portugal podemos estabelecer uma distinção entre dois


tipos de relevo, nomeadamente, a Sul e a Norte do rio Tejo.

A Norte, o relevo é mais acidentado, sendo mais escarpado


e cortado por vales profundos. É possível verificar a
existência de elevações de terreno, resultantes de
fenómenos atmosféricos mais adversos.

Entre o Douro e o Tejo localizam-se os picos mais


elevados, a Serra do Marão e a Serra da Estrela. A Sul do
Tejo, as terras são mais uniformes, de escasso relevo e
mais pantanosas.

Desta forma, pode-se considerar que o Norte do país é mais acidentado e com altitudes médias
mais elevadas. Pelo contrário, o sul apresenta um relevo mais suave e altitudes médias mais
baixas, com raras serras, apresentando suaves ondulações.

No litoral do País predominam extensas planícies, das quais se podem destacar as bacias do
Tejo e do Sado. Por sua vez, o interior, apresenta-se mais acidentado, predominando as serras
e os planaltos.

Vejamos alguns exemplos das Serras de Portugal:

Serra da Estrela 1 993 m

Serra do Gerês 1 554 m

Serra do Marão 1 415 m

Serra de São Mamede 1 205 m

Serra de Monchique 902 m

Serra do Caldeirão 577 m

Serra de Sintra 528 m

7.2. A vegetação

A vegetação de Portugal caracteriza-se, sobretudo pela mistura de espécies atlânticas,


europeias e mediterrâneas, variando muito de acordo com a região em que se desenvolvem. Por
exemplo, no Norte do País encontram-se geralmente plantas de origem europeia, enquanto no
sul as predominam são as plantas de origem mediterrânea.

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Em Portugal podemos encontrar duas regiões de vegetação
natural. A primeira localiza-se a norte e tem características
atlânticas, no que se refere às espécies de folhagem caduca. A sul
predominam as espécies de folhas persistentes, resultantes de um
clima mais mediterrânico. As diferenças entre estas duas regiões
resultam, essencialmente, da latitude a que se encontra o território
continental e da distribuição da temperatura e da chuva.

7.3. O clima

O clima em Portugal apresenta algumas diferenças significativas de região para região. Estas
diferenças são influenciadas pelo relevo, latitude e proximidade do mar.

Pode-se verificar que na zona Norte do país, os Invernos são mais frios, apesar das temperaturas
serem moderadas, se comparadas com o resto da Europa.

O ponto mais alto de Portugal é a Serra da Estrela e, como tal, regista-se alguma queda de neve.

No interior do País verificam-se verões bastante quentes e secos e no litoral o calor é moderado
pela influência marítima. Mesmo durante o Outono, é frequente se verem dias com temperaturas
amenas.

O oceano Atlântico exerce a sua influência como regulador da temperatura, tanto sobre os
valores mínimos durante o Inverno como sobre os valores máximos durante o Verão.

Concluindo, o nosso País caracteriza-se por ser um país com um clima ameno, que não
apresenta temperaturas demasiadamente altas, nem demasiadamente baixas.

7.4. A hidrografia

A rede hidrográfica da Região Norte caracteriza-se por uma elevada densidade de drenagem
fortemente dependente da morfologia do terreno, que lhe confere uma grande importância no
contexto nacional.

A rede hidrográfica é constituída por seis grandes bacias hidrográficas com os seus subsistemas
associados, nomeadamente a bacia do Rio Douro, Minho, Lima, Cávado, Ave e Leça.

Este mapa permite-nos visualizar a localização das respectivas bacias da Região Norte:

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Os maiores rios de Portugal são o Tejo, o Douro e o Guadiana, todos eles nascidos em Espanha.
Os maiores rios que nascem em Portugal são o Mondego e o Sado.

8. OS CONJUNTOS HUMANOS DA REGIÃO

Portugal é constituído por três unidades territoriais distintas:

 Portugal Continental;

 Região Autónoma dos Açores;

 Região Autónoma da Madeira

As Unidades territoriais dividem-se em:

Continente: 18 distritos/278 Concelhos/4047 Freguesias

Açores: 19 concelhos e 154 freguesias

Madeira: 11 concelhos e 54 freguesias

Nomenclatura das unidades Territoriais:

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NUT I: Continente e regiões autónomas

NUT II: Regiões (no Continente)

NUT III: Sub-regiões

9. REDE DE TRANSPORTES

A Rede de transportes em Portugal está distribuída em:

 Rodoviários

 Ferroviários

 Aéreos

 Marítimos

9.1. Os transportes marítimos

O transporte marítimo assume uma grande importância nas trocas comerciais. Esta relevância
prende-se com a capacidade de transportar a baixo custo e grandes capacidades de mercadorias
a longas distâncias. Atualmente, são numerosos os progressos alcançados na navegação, com
destaque para o aumento da velocidade, o aumento da capacidade de carga e a crescente
especialização.

O aumento da dimensão e da capacidade de carga dos navios


leva a uma diminuição dos custos de transporte. Hoje existem
navios de grandes dimensões, por exemplo, a Shell tem navios
com capacidade para transportarem 540 000 toneladas de
petróleo.

A crescente especialização é outra característica relevante do transporte marítimo. Como


exemplos desta especialização temos os petroleiros, os navios-frigoríficos e os porta-
contentores.

A utilização de contentores tem incrementado consideravelmente as trocas comerciais entre os


países. Por um lado, facilita a carga e descarga e impede os furtos nos portos, por outro, permite
um melhor acondicionamento dos produtos e a preservação da sua qualidade.

Todas estas melhorias técnicas permitem que o transporte marítimo assegure grande parte do
comércio internacional de mercadorias. Em contrapartida, devido à relativa lentidão e à

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necessidade de transbordo, este transporte tem atualmente pouca importância na deslocação
de pessoas, quase só efetua viagens turísticas.

9.2. Os transportes ferroviários

O caminho-de-ferro assume grande importância no transporte de mercadorias e de pessoas. O


comboio tem uma grande capacidade e carga e, por isso, é bastante utilizado para transportar
produtos de grande volume e peso, a médias e longas distâncias. Constitui mesmo um forte
concorrente ao transporte marítimo, devido à sua maior velocidade.

O comboio desempenha um papel de relevo no


transporte de passageiros principalmente ao
nível das ligações suburbanas.

O transporte ferroviário tem um forte


concorrente: o transporte rodoviário, uma vez
que o comboio tem itinerários fixos, enquanto o
transporte rodoviário tem a vantagem de possuir
itinerários mais flexíveis, podendo assim levar as
pessoas e as mercadorias a qualquer lugar.

As sucessivas melhorias no transporte ferroviário, traduzidas no aumento da velocidade e de


conforto, permitiram reduzir a concorrência do transporte rodoviário na deslocação de pessoas.
Por outro lado, tornaram-no ainda mais competitivo com o avião.

Os comboios de alta velocidade são fortes concorrentes do avião, no tráfego de passageiros à


escala regional, devido à sua rapidez e comodidade.

9.3. Os transportes rodoviários

O transporte rodoviário é sem dúvida o que permite uma maior


mobilidade de pessoas e de bens.

Deste modo, tem-se assistido em todo o mundo a uma densificação


das redes rodoviárias; não obstante estas continuam a apresentar-se
irregularmente distribuídas.

O camião é preferencialmente utilizado no transporte de mercadorias


pouco volumosas e pouco pesadas, sendo o meio de transporte mais rápido e de menor custo
para pequenas distâncias.

Relativamente ao transporte de pessoas, o autocarro cada vez mais cómodo e rápido entra
também em concorrência com o comboio.

Por outro lado, o automóvel ligeiro constitui o meio de transporte mais adequado para viagens
particulares de curta e média distância. Oferece uma grande mobilidade individual, uma vez que
não está condicionado por horários e itinerários fixos. Com efeito, é o meio de transporte
preferido na deslocação dos indivíduos entre as áreas residenciais e os locais de trabalho e nas
viagens de tempos livres.

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9.4. O transporte aéreo

O avião detém um papel muito importante na deslocação de


pessoas entre países: é por excelência o meio de transporte mais
rápido e com maior liberdade de movimentos: não está
condicionado por barreiras físicas porque circula em altitude.

A utilização do avião reduz bastante a distância-tempo. A


velocidade atingida por este meio de transporte diminui muito a
duração das viagens.

Assim, qualquer lugar, ainda que distante fica apenas a algumas horas de qualquer outro.

9.5. Rede Rodoviária Nacional

 Rede de Autoestradas

 Estradas nacionais

 Itinerários principais

 Itinerários complementares.

Tema/problema – Um desafio global: o desenvolvimento sustentável

10. O desenvolvimento e a utilização de recursos

Todos sabemos que os indivíduos necessitam de bens e serviços para o seu quotidiano. São os
bens alimentares que a natureza fornece; o vestuário que exige fibras naturais e sintéticas feitas
à base de derivados dos produtos naturais, como o petróleo; os bens para tratar da nossa saúde;
a habitação indispensável à nossa segurança, também ela incorporando produtos naturais, como
a madeira, a pedra ou a areia; os transportes que necessitam de combustível, etc. A produção
destes bens e serviços para a satisfação das necessidades é, portanto, indispensável. Por outro
lado, cada vez mais os indivíduos desejam novos bens e serviços, pretendendo alcançar novos
patamares de bem-estar.

Isto significa que a natureza terá de fornecer constantemente os recursos que a produção exige.
Até que ponto? Os recursos são inesgotáveis? Sabemos que não. Se, por um lado, a natureza
disponibiliza recursos naturais, como os bens agrícolas, por outro lado, existem recursos não
renováveis, alguns deles já em vias de extinção, como o carvão ou o petróleo. Há, portanto, que
ter em conta essa relação entre o crescimento económico, indispensável ao bem-estar
humano, e os limites que a natureza impõe devido ao esgotamento dos seus recursos.

A utilização dos recursos naturais depende do nível de conhecimento e da tecnologia de que a


sociedade dispõe em determinado momento. De facto, existem recursos na natureza que com

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os conhecimentos e tecnologia de que hoje dispomos, ainda não sabemos utilizar. A utilização
do sol como fonte de energia só foi possível quando se descobriu como a utilizar.

Os recursos naturais disponíveis podem ser:

 Renováveis, se após o seu uso podem voltar a estar disponíveis. É o caso,


entre outros, do ar, do Sol, da água, da fauna e da flora;

 Não renováveis, se após o seu uso não podem voltar a estar disponíveis.
É o caso dos recursos energéticos fósseis, como o petróleo e o gás natural.

10.1. O esgotamento dos recursos naturais não renováveis

A intensidade das atividades humanas sobre os recursos naturais, nomeadamente, os


energéticos, é cada vez maior, o que contrasta com a sua lenta capacidade de renovação.

O fluxo de combustíveis fósseis é limitado, não só porque as suas reservas não são ilimitadas,
mas também a capacidade da natureza em absorver os resultados da sua combustão

Com efeito, apesar de existir carvão na natureza em quantidades


ainda significativas, o seu uso será limitado pela capacidade da
atmosfera em absorver o CO2 produzido durante a sua
utilização.

O petróleo constitui um dos exemplos mais expressivos de um


recurso que se poderá vir a esgotar no decorrer deste século
caso não se faça uma gestão racional do seu uso. Esta questão
é ainda importante como forma de controlar os efeitos que a sua
combustão provoca sobre o ambiente, ao reforçar o efeito de
estufa.

O gás natural, considerado o menos poluente dos combustíveis


fósseis utilizados, encontra-se em situação idêntica á do
petróleo, pois apesar da descoberta de novos jazigos com quantidades consideráveis, o aumento
do seu uso, tal como se tem estado a verificar, poderá levar ao seu esgotamento num prazo
relativamente curto.

De facto, é necessário que se faça um uso racional dos recursos não renováveis, pois corremos
o risco de num futuro próximo eles se esgotarem.

Por outro lado, os efeitos poluidores que o uso destes combustíveis provoca sobre o ambiente
são também elevados, pondo em risco o frágil equilíbrio ambiental do nosso planeta.

Temos ainda de ter em conta a forma como se processa esse crescimento económico. Faz-se
tendo em conta a poluição? E o desgaste excessivo, mesmo dos recursos renováveis, como a
floresta ou o peixe? Pensando nos lucros? Ou pensando também nos outros povos que podem
ser prejudicados com a poluição no nosso país? E os mais jovens?

Temos também conhecimento de que o ser humano, mais informado e preparado científica e
tecnologicamente, tem conseguido soluções para combater as excessivas exigências sobre a
natureza. Já se produz em terrenos que antes eram estéreis, como nos desertos de Israel; já se
fabricam carros com menor consumo de gasolina ou híbridos; já se produz energia com pouco
ou nenhum impacto ambiental, como a energia do vento ou das marés, etc.

A atenção que todos os povos e governos têm dado às questões ambientais assume, assim,
uma dupla preocupação:

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 Como produzir respeitando os outros povos e os limites da natureza?

 Como proceder para que, de futuro, as novas gerações não herdem um planeta
esgotado?

Ao modelo de desenvolvimento que respeita os dois princípios atrás enunciados (o ambiente


equilibrado, respeito pelos povos e sobrevivência das gerações futuras) chamamos
desenvolvimento sustentável.

10.2. O crescimento das economias e os seus efeitos sobre o ambiente

Falar do crescimento das economias obriga-nos a ter em conta as alterações climáticas que esse
crescimento tem implicado sobre o ambiente e sobre as populações, o seu modo de vida e o seu
bem-estar. Assim sendo, coloca-se uma questão óbvia – pode o Homem resolver tal problema?
Quais as causas destas mudanças? Conseguimos sozinhos pôr um plano em marcha ou o
problema é mais vasto, exigindo uma atuação mais alargada e conjunta? Primeiro vejamos como
tudo terá começado.

A Revolução Industrial, iniciada na Europa do séc.


XVIII, assentou numa nova forma de energia,
baseada na queima de carvão mineral – a energia a
vapor – para fazer mover as máquinas dessa época.

Com o desenvolvimento económico do século XX,


outro combustível fóssil, o petróleo, adquiriu uma
importância enorme e, atualmente, o gás natural
associa-se aos outros combustíveis para a produção
de energia elétrica, para o uso doméstico e para o
uso industrial.

O processo de queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) permite a


produção industrial e a satisfação das necessidades das famílias, mas, por outro lado, liberta
poluentes, como o dióxido de carbono (CO2) e outras substâncias químicas também nefastas
que, em grande escala, se vão concentrando na atmosfera. A maior fatia do aumento de CO2
ocorreu nos últimos 100 anos, particularmente após 1950, devido ao crescimento industrial do
pós II Guerra Mundial. Ao crescimento dos países ditos desenvolvidos junta-se, com a passagem
para o século XXI, o crescimento económico acelerado de países como a China e a Índia,
também baseado, na produção industrial.

Um problema a resolver é o das consequências do crescimento económico dos países cujas


emissões de CO2 provocam o aquecimento da atmosfera.

Embora se saiba que existem alterações cíclicas de mudança de temperatura na Terra, não há
dúvida de que o aumento de temperatura da atmosfera e os fenómenos que lhe estão associados
têm origem humana. Ora, se a causa é da responsabilidade de todos, porque todos
produzimos, consumimos e poluímos, então a procura de uma solução terá de ser
igualmente global.

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10.3. As desigualdades de desenvolvimento

O subdesenvolvimento pode ser caracterizado como uma situação


oposta à de desenvolvimento. Referimo-nos a
subdesenvolvimento de um país, ou região, apresenta baixos
valores de PIB per capita, de esperança média de vida à
nascença, de escolarização e, naturalmente, de bem-estar
social.

O subdesenvolvimento é, igualmente, um problema global, em


primeiro lugar porque podemos encontrar as suas raízes na ação
dos países mais ricos, devido à colonização, numa primeira fase,
e, atualmente, pela imposição de regras de funcionamento do
comércio mundial a seu favor.

No entanto, também não é difícil encontrar argumentos contra os próprios países


subdesenvolvidos, como a corrupção, o gasto pouco criterioso das suas riquezas naturais e o
esbanjamento das ajudas na procura de soluções rápidas para os seus problemas de
desenvolvimento. Assim, a saída da situação de subdesenvolvimento terá de ser feita com a
colaboração entre todos os países. É, novamente, um problema global.

A maior parte dos países ditos subdesenvolvidos (em desenvolvimento) situa-se no hemisfério
sul, sendo, por isso, designados de países do sul ou do Terceiro Mundo.

As principais características do subdesenvolvimento são:

 Excesso de população (face ao valor do PIB);

 Reprodução da pobreza (círculo vicioso da pobreza);

 Fraca qualificação dos recursos humanos;

 Forte endividamento em relação ao exterior;

 Estrutura económica deformada;

 Sistema de saúde insuficiente;

 Etc.

Para romper com tais situações é necessária a colaboração a nível global, com mais correção a
nível das trocas, preços mais justos e mais ajudas ao desenvolvimento.

Há mais de cinquenta anos que a ajuda aos países em desenvolvimento está institucionalizada,
mas os resultados têm sido fracos. A enorme dívida destes países, os seus poucos qualificados
recursos humanos, a falta de uma séria orientação interna e a ausência de uma ajuda eficaz por
parte dos países mais ricos têm prejudicado a resolução do problema. Este é, cada vez mais,
um problema global.

11. Principais problemas globais

11.1. As alterações climáticas, o efeito de estufa e o aumento do buraco na


camada do ozono

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O crescimento económico a que todos os povos têm direito tem produzido resultados negativos
para o ambiente, como o buraco na camada do ozono, as alterações climáticas e as
perturbações do efeito de estufa.

A camada do ozono é uma camada que cobre a Terra e protege-a dos raios ultravioletas,
prejudiciais à saúde.

A redução da camada do ozono como resultado da emissão para a atmosférica dos


clorofluorcarbonetos (CFC), cuja decomposição, ao chegarem à estratosfera, provoca a
destruição do ozono. Sendo a principal função da camada de ozono presente na atmosfera a
filtragem das radiações ultravioleta, a sua destruição faz com que esses raios atinjam a vida na
Terra, causando sérios danos, como o aumento do cancro da pele e de problemas oftalmológicos
ou a destruição do plâncton dos oceanos e a rutura das cadeias alimentares.

A emissão de gases com efeito de estufa, resultante de indústrias poluentes, da agricultura, dos
transportes e dos consumos domésticos tem contribuído para a destruição desta camada
protetora. A inversão desta situação torna-se imperiosa e diz
respeito a todas as populações – é, portanto, global -, visto
que a poluição não fica contida dentro das fronteiras dos
países poluidores.

As perturbações no efeito de estufa, provocadas


especialmente pelas emissões de CO2, gás que absorve o
calor e impede a dispersão das radiações infravermelhas
emitidas pela superfície terrestre, provocando assim o
aumento da temperatura média do ar e, consequentemente,
alterações climáticas, alterações do regime de
precipitações, alterações do ciclo hidrológico, fusão dos
glaciares e aumento do nível médio das águas dos mares e
dos oceanos.

São evidentes as alterações climáticas das últimas


décadas, embora se saiba que o mundo já conheceu
diversas alterações de clima. No entanto, a emissão de
gases com efeito de estufa e o aumento do buraco da camada do ozono podem ter relação com
as alterações climáticas.

As principais consequências das alterações climáticas são:

 Aumento da temperatura média do ar;

 Degelo dos polos;

 Subida do nível médio das águas dos mares e dos oceanos;

 Destruição de habitats;

 Períodos de seca;

 Inundações;

 Fenómenos meteorológicos extremos (tsunamis,


furações, sismos);

 Diminuição da água potável;

 Aumento das doenças de origem hídrica;

 Etc.

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12. O desenvolvimento sustentável

12.1. O conceito de desenvolvimento sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável foi consagrado no relatório O nosso futuro comum,


publicado em 1987 por uma comissão das Nações Unidas, chefiada pela então ministra da
Noruega, Gro Harlem Brundtland.

Como referimos, o crescimento económico dos países tem permitido progressos e algum bem-
estar, no imediato; mas se for mal conduzido trará, a médio ou longo prazo, consequências
negativas sobre o ambiente e, inevitavelmente sobre os seres humanos.

Na verdade, julgou resolver-se um problema e acabou por se criar um outro maior. A questão é
então: como orientar o crescimento e o consequente desenvolvimento, sem pôr em risco a vida
das populações vindouras? Aqui nasce um novo conceito de desenvolvimento – o
desenvolvimento sustentável.

Por desenvolvimento sustentável devemos, então, entender o desenvolvimento que


satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer as gerações vindouras de
satisfazem as suas próprias necessidades. Esta noção de desenvolvimento tem implícito o
valor da solidariedade entre gerações.

Assim, é necessário um empenhamento coletivo que envolva


todos os cidadãos e instituições, no sentido de promover uma
verdadeira «eco-cidadania», de forma a alcançar um
desenvolvimento que se pretende sustentável. Para isso é
necessário tomar um conjunto de iniciativas que passam por:

 Implementar e desenvolver energias alternativas, a


partir de fontes energéticas renováveis, como a água, o
vento, o sol, a biomassa e a geotérmica, permitindo
assim reduzir o nível de emissões poluentes e o
consumo das fontes energéticas tradicionais.

 Promover a reciclagem de produtos, reciclar consiste


na transformação de resíduos ou detritos em recursos
úteis. Desta forma, materiais que se tornariam lixo são
separados, tratados e processados para serem
utilizados como matéria-prima no fabrico de novos produtos, reduzindo-se assim a
incorporação de nova matéria-prima.

 Promover a reutilização, prolongando o tempo de vida dos produtos ao atribuir-lhes


novas funções, não sendo necessário qualquer alteração ou intervenção ou sendo esta
muito reduzida. A reutilização é uma prática muito benéfica para o ambiente, uma vez
que o consumo de outras energias ou de matérias é praticamente insignificante.

 Desenvolver a produção de ecoprodutos, também conhecidos por produtos


biológicos. Os ecoprodutos são bens produzidos a partir de processos não agressores
do ambiente e da saúde dos seres vivos. No seu fabrico são incorporados apenas
matérias-primas naturais, geralmente renováveis ou recicladas, havendo sempre a
preocupação de minimizar o impacto que o seu fabrico possa ter sobre o ambiente.

 Sensibilizar para a necessidade de se desenvolverem processos de fabrico


ambientalmente mais equilibrados, sendo menos consumidores de recursos, menos
poluidores, produzindo menores emissões e menores volumes de resíduos. Estas
indústrias limpas podem ser aplicadas a todas as atividades industriais.

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 Estimular a criação de eco-empresas, ou seja, de empresas cuja função principal é o
desenvolvimento de atividades ligadas a proteção ambiental. Em 1996 existiam em
Portugal 290 eco-empresas. A eco-indústria abrange atividades como a reciclagem e a
sua comercialização, a gestão, o tratamento de resíduos e limpeza pública, o
aproveitamento de energias renováveis, tratamento da água e controlo da poluição do
ar.

 Desenvolver uma agricultura biológica que utiliza diferentes técnicas que contribuem
para o equilíbrio do ecossistema e para a redução da poluição. A agricultura biológica
respeita os mecanismos ambientais naturais, como no caso do controlo de pragas e
doenças na produção vegetal e animal ou ainda a não utilização de herbicidas,
pesticidas, fertilizantes e hormonas de crescimento.

12.2. O papel das organizações nacionais e internacionais na procura de modelos de


desenvolvimento sustentável

As questões ambientais têm sensibilizado populações, empresas e governantes e suscitado a


sua participação na procura de soluções. De entre as organizações que mais se têm envolvido
nestes projetos de preservação e defesa do ambiente encontram-se, naturalmente, as
organizações governamentais, mas, com importância cada vez mais crescente, estão as
organizações não-governamentais – ONG. Estas organizações têm constituído grupos de
pressão que, em nome de grandes causas, como a ambiental, têm tido uma ação indecisiva
sobre as empresas e governos, obrigando-os à inversão de comportamentos
considerados perversos para o ser humano e a Natureza. São muito conhecidas as ações
da Greenpeace ou, em Portugal, da Quercus, por exemplo. Estas organizações, pela
capacidade que têm em divulgar as suas causas e mobilizar populações, têm tido impacto
na divulgação dos grandes problemas ambientais
decorrentes do desenvolvimento.

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