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Tema 2.

1 – Estrutura Familiar
e Dinâmica Social

ESPE - Escola Profissional Espinho


Docente: Suzanna Teixeira Loureiro
Relações de Parentesco

• Quando falamos de família referimo-nos a um conjunto de pessoas que


estão ligadas por laços parentescos, resultantes de casamentos ou de
consanguinidade. Antigamente, este conjunto incluía duas ou mais
gerações de parentes que coabitavam num mesmo espaço residencial e se
submetiam à autoridade do membro mais velho do grupo familiar.
• O QUE SE ENTENDE, ENTÃO, POR RELAÇÕES DE
PARENTESCO?
• As relações de parentesco são relações entre os indivíduos estabelecidas pela
consanguinidade (mães, pais, filhos, avós, etc.), pela aliança (casamentos) e,
nalguns casos, pela adoção. Essas relações estabelecem o nosso universo de parentes.
• Por outro lado, ao parentesco também está associado um sistema classificatório, ou
seja, um sistema que designa a forma como nos devemos comportar perante cada tipo
de parentes. Por exemplo, devemos ter comportamentos de respeito perante os mais
velhos, (os avós) ou podemos brincar com os mais novos (os primos).
• Contudo, dada a diversidade cultural, a terminologia utilizada para designar os
familiares também pode variar de cultura para cultura.
Relações de parentesco nas sociedades modernas

« Nas sociedades ocidentais modernas, os termos para designar as relações de


parentesco são pouco numerosos: pai, mãe, avó, avô, irmão, irmã, tio, tia, primo,
prima, etc. Geralmente, a terminologia de parentesco portuguesa não faz a
distinção entre consanguinidade (laços de sangue) e aliança (laços de casamento).
Assim, não distinguimos o marido da irmã do nosso pai (aliado) e o irmão do
nosso pai (consanguíneo), sendo ambos denominados “tio”.
Contudo, noutras sociedades, a terminologia para designar as relações de
parentesco é diferente. Assim, por exemplo, se A e B são dois irmãos (ou irmãs) e
se X tem um laço de parentesco com A, considera-se que tem um laço semelhante
com B. Quer isto dizer que o termo “pai” designa tanto o pai-progenitor como o
irmão do pai e que “mãe” designa simultaneamente a mãe e a irmã da mãe.»
Segalen, M., Sociologia da Família, Lisboa, Terramar, 1999 (adaptado)
Formas de relações de parentesco
• As relações de parentesco assentam, geralmente, em duas formas
fundamentais:
- Filiação;
- Aliança.
Filiação
• É um reconhecimento de laços entre pessoas descendentes umas das outras – gerações. Na sociedade
portuguesa falamos em parentes de linha direta (pais, avós, bisavós, etc.) e de linha colateral, com os
quais temos um antepassado em comum (tios, primos, etc.).
• Podemos distinguir diversos tipos de filiação:
- Unilinear, quanto só são reconhecidos parentes os que descendem da linha paterna (patrilinear) ou da
linha materna (matrilinear);
- Bilinear, indiferenciada ou cognática, quando se pertence indiferenciadamente à linhagem do pai e
da mãe, ou seja, as relações de parentesco são idênticas tanto como o lado paterno como com o lado
materno. Este tipo de filiação é aquele que se verifica em Portugal: recebemos o nome do pai e da
mãe (ou seja, do pai da mãe), o qual se perde após o casamento (no caso das mulheres), podemos
receber herança dos quatro avós, reconhecemos um parentesco com todos os antepassados, etc.
Aliança
• A aliança corresponde aos laços de parentesco que resultam do casamento.
Atualmente costuma definir-se casamento como um contrato celebrado entre
dois indivíduos adultos que traduz uma união sexual reconhecida socialmente.
• Nas sociedades contemporâneas, o sistema de casamento apenas consagra a
regra universal da proibição do incesto. Com efeito, não se prescrevem regras
para o casamento, isto é, com quem se deve casar, tal como foi e continua a
ser norma em algumas sociedades. Por exemplo, na comunidade indiana
continua a ser comum a prática de casamentos combinados.
Importância das relações de parentesco
• As relações de parentesco foram fundamentais na organização das
sociedades. Nas sociedades atuais, as relações de parentesco continuam a
ser importantes, o que é evidenciado nos seguintes exemplos:
- Mobilização de redes de entreajuda familiar para cuidar dos mais velhos;
- Importância da filiação para a trajetória dos filhos – apoio económico,
herança, ajuda na entrada do mercado de trabalho, na procura de
habitação, etc.
A família – noção, evolução e função
• A família corresponde a um conjunto de pessoas ligadas por laços de
parentesco, na qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das
crianças. Esta será uma definição minimalista, mas abrange a diversidade das
formas familiares, pelo menos as atuais.
• O fenómeno familiar está tão profundamente inscrito em nós que leva a pensar
na família como uma instituição universal e natural. Contudo, a família é uma
experiência social e historicamente localizada, cuja estrutura e funções têm
variado ao longo do tempo e que também variam no espaço.
Transformações na família
• Podemos analisar as transformações da família a dois níveis:
- Da estrutura;
- Das funções.
Quando falamos em estruturas das famílias, referimo-nos geralmente aos tipos de agregados domésticos
e à sua dimensão. Assim, enquanto na sociedade contemporânea encontramos uma diversidade de
estruturas familiares, até meados do século XX predominavam duas estruturas de família:

• Família extensa • Família nuclear


- caracterizam-se pelo elevado número - É constituída por dois adultos
de membros, pois num mesmo espaço vivendo juntos, com filhos
coabitam o casal e os filhos e parentes
biológicos ou adotados.
que poderão ser de diferentes gerações
– avós, primos, etc.
- No entanto este tipo de família foi-se
transformando e dando origem a outra
estrutura de família.
Novas estruturas familiares
• MONOPARENTAIS • HOMOPARENTAIS
um adulto e crianças parentalidade de casais do mesmo
sexo
• Normalmente, as funções atribuídas à
família, em qualquer contexto social, são as
seguintes:
Transformações - sexual;
nas funções da - reprodutiva;
família - de socialização das crianças;
- económica.
• Relativamente às duas primeiras funções, a família continua a protagonizar uma
ação fundamental, na medida em que tem a seu cargo a reprodução biológica, isto
é, a renovação do elemento essencial da força de trabalho que é próprio do homem.

• Contudo, enquanto nas sociedades antigas ter muitos filhos não era considerado
um encargo, mas sim uma força de trabalho que se podia aproveitar para angariar
fundos para a família e uma segurança para a velhice dos pais. Atualmente, esta
visão transformou-se, tendo-se vindo a verificar uma tendência para a quebra das
taxas de natalidade.
• A função de socialização tem por objetivo transmitir às crianças as ideias,
os valores e os conceitos fundamentais da sociedade, ou seja, permitir a
interiorização da cultura no seio da qual a criança nasce (socialização
primária). Apesar de outras instituições disputarem com a família um
papel na socialização – escola, meios de comunicação social, etc. -, o seu
papel continua a ser fundamental.
• Finalmente, a função económica foi a que sofreu mais transformações.
Até ao desenvolvimento do capitalismo, no século XIX, a função económica
identificava-se com a função de reprodução, na medida em que era no
espaço doméstico que se desenrolava a função produtiva: agrícola ou
artesanal.
Contudo, com a Revolução Industrial e o advento do capitalismo, a função
produção saiu do âmbito privado e passou para a esfera do público. Deste
modo, a função económica da família ficou restringida ao consumo.
• Contudo, a mulher, numa primeira fase e em alguns grupos sociais, foi afastada do
campo económico. A sua função era garantir a alimentação, o vestuário, a
manutenção da casa, a educação dos filhos, etc., condições para a reprodução
diária da força de trabalho. Quer isto dizer que passou a reproduzir a mão de obra
que move a economia.
• Deste modo, a função económica da família passou a identificar-se com a
função de unidade de consumo, a par de reprodutora da força de trabalho.
• Com a Revolução Industrial, a função de produção saiu do âmbito privado e
passou para a esfera pública.
FAMÍLIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Alterações dos papéis familiares Novos papéis parentais


• Paridade entre o casal (estatutos idênticos) • Relações mais democráticas entre pais e filhos;
• Alteração dos quadros valorativos (novas • Investimento na socialização escolar dos filhos;
formas de conjugalidade – uniões de facto,
liberdade na escolha dos cônjuges) • Separação entre a relação conjugal e a relação
paternal (pode acabar a relação conjugal, mas a
• Sexualidade deixa de estar associada relação parental continua);
exclusivamente ao casamento
• Pluralidade de padrões familiares resultantes da
• Planeamento da vida familiar
diversidade cultural.

Pluralidade de padrões familiares resultantes da diversidade cultural.


Dimensão Média das Famílias em Portugal
RELACIONAMENTOS
INTERGERACIONAIS

•Transição dos jovens para a vida


adulta

•Jovens (em especial as jovens)


têm cada vez mais dificuldades
em se autonomizarem terem uma
vida e espaço próprios.

•Contudo, a situação na Europa é


muito diversificada.
Transição dos Jovens para a vida adulta em Portugal
A integração/exclusão dos
idosos
• Envelhecimento demográfico (diminuição da
taxa de fecundidade e aumento da esperança de
vida associados à descida da mortalidade);
• Muitos idosos continuam o seu próprio núcleo
familiar, evitando possíveis conflitos com os
filhos;
• Contudo, nalgumas famílias constroem-se redes
de relações de apoio físico e emocional aos
idosos.
Importância na Família na Sociedade
Atual
• A Família transformou-se, MAS

• continua a ter um papel central na sociedade.

• Ação fundamental na produção e reprodução dos seres humanos;


Valorizada por todos os membros.

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