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Conteúdo

PONTO I........................................................................................................................................2
PONTO II.......................................................................................................................................4
Antiguidade Clássica.................................................................................................................4
Platão...................................................................................................................................4
Aristóteles............................................................................................................................5
Cícero...................................................................................................................................6
Políbio..................................................................................................................................7
Período medieval.....................................................................................................................7
Santo Agostinho...................................................................................................................7
Idade Moderna.........................................................................................................................8
Maquiavel.............................................................................................................................8
Francisco Suárez...................................................................................................................9
Jean Bodin..........................................................................................................................10
Thomas Hobbes..................................................................................................................10
Autores base do constitucionalismo moderno.......................................................................11
John Locke..........................................................................................................................11
Montesquieu......................................................................................................................11
Jean-Jacques Rousseau......................................................................................................12
PONTO III....................................................................................................................................14
PONTO IV...................................................................................................................................37
Sistema eleitoral.................................................................................................................39
Capacidade eleitoral...........................................................................................................41
Sistema eleitoral.................................................................................................................41
PONTO I
De acordo com Francisco Lucas Pires, a Ciência Política é um “campo disciplinar” que estuda os
fenómenos políticos, utilizando métodos de outras disciplinas. É imprevisível, pois trabalha
com comportamentos humanos.

É uma das ciências sociais que se ocupa especificamente de uma modalidade de factos
sociais – os factos políticos – que são aqueles que se relacionam, direta ou indiretamente, com
o acesso, a titularidade, o exercício e o controlo do poder político (definição de Marcelo
Rebelo de Sousa).

Poder: capacidade de impor a vontade de um sob os outros.

Objetos da CP:

 O poder;
 O político e o poder;
 A coercibilidade – suscetibilidade de obrigar as pessoas a cumprir regras, com a
possibilidade de sancionar quem não as cumpre);
 “Poder político” – poder de injunção dotado de coercibilidade material;
 A sociedade de fins gerais onde o poder político existe para organizar a sociedade. Há
uma ligação entre o poder político e o contrato social que existe numa determinada
sociedade e que funcionará melhor quanto mais a comunidade o respeitar;
 A legitimidade e a legitimação.

Estudamos os factos políticos como factos sociais.

Aristóteles questionava-se acerca de “o que é o poder? Para que serve? Está ou não limitado?”

“Quem tem o poder? Porquê? Para quê?”

O poder político é a comunidade de pessoas que vive num determinado local com
determinados interesses (diferentes). Tendo em conta que há muitos interesses e pessoas e os
recursos são escassos, nem sempre é possível satisfazer as necessidades de todos. Chega-se a
um consenso (validado pela maioria) e é daí que surgem as leis.

O Estado tem como finalidade a segurança, o bem-estar e o respeito pelos direitos das
pessoas. O acesso aos cargos políticos é feito através de eleições.

CONCEITOS

Legitimidade: conformidade com os valores de uma comunidade; a lei é um critério, a


legitimidade é outro – não são obrigados a corresponder, mas devem fazê-lo.

Legalidade: a lei ao serviço do poder;


Legitimação: é a construção da legitimidade (por exemplo, o envolvimento das pessoas a quem
diz respeito).

De acordo com Bártolo, a legitimidade é dividida em “titularidade” e “exercício”.

Titularidade: título;
Exercício: criação de leis (é limitado pela Constituição, pelo Tribunal Constitucional,
pela população, pelos “media” – o quarto poder – e por organizações internacionais)

Hitler, apesar de ter sido designado de forma legítima, exercitou o seu poder de forma
ilegítima.

De acordo com Weber (sec. XX), existem três tipos de legitimidade:

Tradicional: na comunidade, há um conjunto de tradições (ex.: conjunto de anciãos);


Carismática: carisma;
Legal-racional: a comunidade tem determinados fins e utiliza determinados meios;
para isso, quem conseguir fazer melhor governa.

A legitimidade “legal-racional” é a legitimidade característica das sociedades atuais.

De acordo com Jellinek, o Estado é…

 A sua população (elemento humano);


 O seu território (elemento físico);
 O seu poder político (elemento institucional) – ligado à Constituição.

Há vários tipos de comunidades políticas, mas nem todas podem ser Estado.

5 características do Estado:

 Complexidade;
 Autonomia;
 Coercibilidade;
 Institucionalização;
 Sedentariedade.

O Estado moderno europeu tem mais três características:

 Tipicamente nacional;
 Soberano (o poder político é soberano);
 Tendencialmente laico.

Perspetivas acerca do Estado:

Perspetiva sistémica: a política é um sistema que desenvolve relações com o mundo e


os seus outros sistemas;
Perspetiva das tendências individuais: há autores que desejam saber como se
comportam os agentes políticos;
Perspetiva nacionalista: quais são os fins que as pessoas têm e o que fazem para os
obter?
Perspetiva funcionalista: qual é a função das instituições no panorama geral?
PONTO II
A História das Ideias Políticas é a análise da origem das ideias e qual a sua influência
atualmente.

Quando surgiram as primeira ideias políticas?

 Antiguidade clássica;
 Idade média;
 Pensamento moderno (iluminismo; Marx);

Na Grécia nasceu a reflexão política, e em Roma nasceu o Direito.

As pólis são cidades muito estudadas, com características territoriais específicas, uma
organização política própria e democracia grega.

Especificidades da pólis: cidadãos / não cidadãos; assembleia (democracia direta); órgão


exclusivo; tribunais. A democracia ateniense nem sempre foi estável e não era justa.

Antiguidade Clássica
 Péricles;
 Platão;
 Aristóteles;
 Cícero; Políbio.

Platão
(429 a 347 a.C.) – As Primeiras Ideias Comunistas

Foi discípulo de Sócrates. Devido ao julgamento e morte deste, passou a desprezar Atenas e
depositou o seu voto de simpatia em Esparta. Fundou a Academia, a mais célebre universidade
do mundo antigo, onde expôs o seu pensamento como filósofo.

Foi um idealista, tendo idealizado um projeto de sociedade: ideal, mais justa e mais racional,
baseada na justiça e no interesse geral.

Define política como a arte de conduzir rebanhos, sendo uma arte superior no sentido em
que é prática. O governo deve ser feito com consentimento dos homens, baseado na
persuasão, no governo segundo a razão.

O melhor governo é o da sabedoria (Sofiocracia), pelo que o governante ideal é o Rei-


Filósofo: uma pessoa com máximo conhecimento, o Direito perde importância pois o Rei-
Filósofo sabe governar sem precisar da orientação das leis.

A justiça é um valor que consiste em dar a cada um o que é seu, em cada um fazer o que lhe
compete sem se intrometer na esfera alheia. Uma sociedade justa é uma sociedade
organizada.

Na sua conceção de cidade ideal, Platão vê três classes: Magistrados – aqueles que
governam, segundo a razão/sabedoria; Guardas – zelam pela segurança da cidade;
Trabalhadores – sustento material da cidade. Entre estas classes deve haver divisão de tarefas
e equilíbrio de funções, limitando-se cada uma à sua esfera de atuação. A pertença a cada
classe é determinada pelo Estado.

Há uma eliminação da propriedade privada dos guardas, com o objetivo de garantir a


dedicação absoluta à causa comum e eliminar o egoísmo. São igualmente privados da sua
família. A sua vivência é feita em comum.

Só os magistrados podem ter propriedade privada e são passíveis de construir família, para
poderem fazer perpetuar o seu legado de sabedoria. A educação deve ser aberta a homens e a
mulheres, sendo importante para preparar guerreiros e magistrados.

Platão analisa diferentes formas de governo, apresentando a seguinte classificação:


Monarquia – governo de um; Sofiocracia (líder sábio); Tirania (líder tirano, violento)

Oligarquia – governo de alguns Timocracia (governo dos guardas); Plutocracia


(governo dos ricos); Democracia – governo de muitos – associada à ideia de tumulto

A democracia é uma forma de governo pouco apreciada por Platão, sendo a tirania a pior
forma. A melhor forma de governo é a sofiocracia.

Reconhece que o seu ideal é impossível de alcançar, aceitando que um regime misto será a
melhor opção. Defendia a existência de evolução das formas de Estado, que estas no são
imutáveis, que evoluem e se transformam de acordo com as circunstâncias. As formas de
governo sucedem-se

Críticas: Platão apoiava uma política extremamente utópica e idealista. Para além disso,
defendia um Estado violento e repressivo, sem limites ao exercício do poder.

Aristóteles
(384 a 322 a.C.) – A Primeira Defesa da Sociedade Pluralista

Discípulo de Platão, diferente deste nas suas ideologias. Fundou o Liceu, a sua própria
universidade. Foi, ainda, pai da Ciência Política. Defendeu a visão do Homem como animal
político, dizendo que o Homem tem uma tendência natural para a vida em sociedade. Era,
portanto, um naturalista.

Defendeu um Estado que regula tanto domínios públicos como privados. A vida familiar, a
moral, a religião, a educações dos filhos eram, para ele, assuntos de Estado. A política está ao
serviço da moral: as leis devem conduzir à virtude do bom cidadão e do Homem de bem. O
Estado não é apenas um fenómeno político ou jurídico: é ético, moral e religioso.

A comunidade devia procurar um bem supremo e o Homem era uma soma de virtudes, que
procurava a felicidade. Para que os Homens fossem bons, o governo e as leis do país eriam
orientadas para a construção do bem. Aristóteles defendia uma sociedade pluralista – a cidade
é composta por uma multidão de Homens, todos eles diferentes.

Foi um defensor do bom senso, do equilíbrio, da moderação, da virtude. O ideal era o bom
cidadão, justo, virtuoso, orientado para a felicidade por um Estado ético e tutelar.

Dividiu a sociedade entre: muito ricos, de condição intermédia e muito pobres. Defendeu
uma sociedade liderada pela classe média, uma vez que ela se estabelece enquanto ponto de
equilíbrio entre os interesses egoístas da primeira classe e a rebeldia da terceira
Defendeu o primado da lei sobre a vontade dos homens, pois organiza melhor a sociedade e
garante a defesa da justiça. Preconiza a separação de poderes em três: um que delibera, um
que respeita e um que julga.

Valorizou a virtude da Justiça, que relaciona com a ideia de igualdade (existem dois tipos de
igualdade: igualdade aritmética – todos têm o mesmo; igualdade proporcional – o que é igual é
tratado de forma igual, o que é diferente é tratado de forma diferente).

Contribuiu com uma classificação tripartida das formas de governo, em que se cruzam
critérios quantitativos e critérios qualitativos. Divide estas formas entre puras e degeneradas,
opondo: Monarquia – governo de um no interesse comum – VS Tirania – governo de um com
satisfação de interesses pessoais; Aristocracia – governo de alguns para o bem geral – VS
Oligarquia – governo de alguns egoística; República – governo de todos com base no interesse
da comunidade – VS Democracia – governo de todos para o bem particular.

Defende uma república de carácter misto, no predomínio das classes médias.

Vem defender, como Platão, uma sucessão cíclica das formas de governo: o ciclo não começa
ótimo, a sua evolução não é linear e o encerramento do ciclo coincide com o ponto ótimo. Eis
a ordem: monarquia, aristocracia, oligarquia, tirania, democracia e república mista.

Críticas: Não descobre a liberdade individual, os direitos do homem frente ao Estado, nem o
valor absoluto da pessoa humana.

Cícero
(106 a. C – 43 a. C) – Defesa do Direito Natural e Crítica à Tirania

Representante do estoicismo (o universo é governado por uma lei universal imutável,


racional e eterna): no princípio do mundo e realidade está a razão (logos). Defendeu a devoção
ao dever e controlo que cada um tem de si mesmo, existência de um Deus único, cuja relação
com os homens é semelhante à de um pai para com os filhos. Defensor da igualdade entre os
Homens e um Estado mundial e cidadania universal.

A participação na vida política é um dever nobre de cada cidadão. É natural que assim seja. O
bom Homem deve procurar a virtude e aplicá-la ao governo da cidade.

Apresentou uma nova teoria das formas de governo, que se dividiam em: monarquia – poder
para uma pessoa; aristocracia – algumas pessoas escolhidas governam; democracia – governo
pela totalidade do povo. Nenhuma destas formas era vantajosa, pois o Homem corrompia o
ideal de cada uma. Defendeu um regime misto, que reunisse as três formas (monarquia para
afirmação do poder; aristocracia para lucidez e conhecimento; democracia como princípio
popular para que haja liberdade e justiça para o povo) e em que o poder estivesse distribuído
pelos estratos sociais, havendo representantes das diferentes classes.

Para Cícero, o Direito Natural caracteriza-se pela existência de uma ordem natural criada por
Deus, que pode ser descoberta pela razão humana. Dela resulta um Direito Natural, que impõe
direitos e deveres aos Homens, sendo os seus imperativos universais, eternos e invariáveis. O
Estado não pode alterar essa lei, nem dispensar ninguém da sua obediência. Existem,
portanto, pressupostos de dignidade humana e de igualdade de direitos, que pertencem a
todos os seres humanos e por todos devem ser respeitados.
Políbio (203 a. C – 146 a. C)
Foi um pensador político oriental que presenciou o regime misto. Em Roma, havia o
Magistrado, o Governo de alguns (Assembleia) e os órgãos (tribunais), todos precisam uns dos
outros. Voltado para a prática, para as questões concretas do Governo, e discípulo de
Confúcio.

Período medieval – 2ª fase do pensamento político


Nos séc. V – XV, com a queda do império romano e início do Renascimento, deu-se a
unificação política do mundo, assim como o papel da autoridade e religiões monoteístas. Os
governantes estão ao serviço de quem governam. O Estado não pode demarcar toda a vida da
população, e a sua legitimidade justifica-se de forma religiosa. Surgem as doutrinas da
soberania popular; e a separação do político e religioso (Estado laico).

Santo Agostinho
(354– 430)

Nasceu no Norte de África (filho de pai pagão e mãe cristã), e foi padre e bispo. Foi o autor
de “A cidade de Deus” e era um naturalista.

Havia duas cidades: a cidade de Deus (civitas dei), onde o ser humano era feliz e encontrava
a realização da alma, e a cidade terrena (diavoli), comparada, de acordo com alguns autores,
ao Estado; só se alcançava a plenitude na civitas dei.

Foi um pessimista antropológico: as pessoas nascem marcadas pelo pecado; negativismo, e a


função do Direito é ser obedecido e a origem do poder é divina. Os governados devem
obedecer aos Governantes, pois o seu poder vem de Deus e é absoluto – a obediência tem de
existir, nem que o Estado tenha de ser violento e repressivo – e só o poder serve para manter a
paz.

Assim, surge o Agostinianismo político (ou doutrina da supremacia da Igreja sob o Estado);

Santo Agostinho é criticado pela sua conceção pessimista, repressiva do Estado, e pela
contemporização da escravatura.

São Tomás de Aquino

Este autor tem uma conceção mais otimista da natureza humana, pois viveu numa altura
menos complicada e achava que o homem tinha muito de bom e positivo: as pessoas podem
melhorar, ter vidas boas. Não concebe o Estado de forma tão repressiva, e era um naturalista
(o homem é naturalmente um ser político). O homem precisa de um estado que realize as
necessidades naturais e espirituais.

O Estado existe porque as pessoas querem que ele exista – a vontade das pessoas que são
governadas é importante –, e aqui está presente a ideia do consentimento dos governados. O
Estado existe para realizar o bem-comum e não deve absorver as pessoas: existem as pessoas
e o Estado, e são duas esferas diferentes – o Estado não existe para absorver o indivíduo.

A pessoa existe, tem uma existência própria e contrapõe-se ao Estado; o poder vem de Deus,
mas ele não governa diretamente a comunidade política, mas pelas “causas seguras” – grandes
leis do universo. As coisas acontecem de acordo com essas leis.

Uma lei é uma organização racional com a finalidade de conseguir o bem comum, uma
ordenação racional feita por quem governa.

Há quatro tipos de leis:

 Lei eterna: lei geral do universo, para toda a criação;


 Lei natural: a concretização da lei eterna – a possibilidade de todos participarmos e
concretizarmos essa lei eterna; tem essencialmente o objetivo de fazer o bem e negar
o mal;
 Leis humanas: os Homens devem respeitar a lei natural, nunca ir contra esse
pressuposto, respeitando estas leis ao fazer as suas;
 Leis divinas: as normas que Deus estabeleceu para governar os homens.

O poder tem origem divina, mas o povo escolhe os governantes (ideia de soberania popular).
Aqui estamos nos primórdios da origem popular do poder – mais tarde, chamar-se-ia a
soberania popular.

A tirania é um governo muito negativo: a pior das formas de governo – assenta não no bem
comum, mas nos interesses pessoais do tirano. O autor admite que, se o tirano não for
demasiado cruel, possa ser prudente tolerá-lo. Ainda assim, admite a possibilidade de
desobediência ao poder se o rei contrariar de forma grave os seus poderes perante a Igreja.

Exige a separação entre o poder espiritual (cuidar das almas) e o poder temporal. Ao Estado,
o que diz respeito à vida terrena; à Igreja, o que diz respeito à salvação da alma. No que diz
respeito ao espírito, deve prevalecer o poder espiritual e no que diz respeito à vida terrena
deve prevalecer o poder temporal.

Há mais riqueza na Idade Média para além destes autores (Teorias contratualistas), porém,
estes são os principais.

Idade Moderna (séc. XV, Renascimento)


No século XV, com o Renascimento, assistimos ao fortalecimento do poder dos reis face ao
poder religioso (face ao papa, querem tornar-se autónomos) e o poder interno (face ao
feudalismo). Aparecem as grandes monarquias europeias (assim como novas ideias políticas).

Maquiavel
(1469-1527)
Maquiavel nasceu em Florença, onde havia lutas entre as várias cidades onde ele podia
retirar informações. Escreveu várias obras e ocupou altos cargos, mas a principal foi “O
Príncipe”, obra escrita para um príncipe, cujo objetivo era aconselhar o príncipe acerca do
poder: como o atingir, como o conservar.

Afirmava que “É preferível ao príncipe ser amado a ser temido, mas se tiver de ser temido
para manter o poder, que seja temido” e que “os fins justificam os meios” (pode ser necessário
ganhar o respeito dos súbditos caso o ser amado não consiga fazer com que ele se mantenha
no poder). Defendia também a amoralidade de Estado: não podemos julgar os governantes
com os critérios que avaliamos as pessoas, tudo o que for necessário para manter o poder é
aceitável.

Num outro livro, “Os Discorsi”, apresenta uma visão mais moderada, onde analisa a república
e o seu bom funcionamento, defende a liberdade na república, e surgem teorias políticas
baseadas nestes discursos, as correntes republicanistas.

Maquiavel foi o primeiro autor a utilizar a palavra “Estado” no sentido em que conhecemos,
assim como foi um dos pais da CP. Ele analisa a política tal como ela é – não quer saber como
deve ser –, e deu um contributo muito importante para a análise dos factos políticos. Para
conseguir esta informação, ele observa e analisa a História.

Reforçou a ideia do Estado e do seu poder, simplificando as tipologias das formas políticas
com base na eficiência: quem governa – ou um só (monarquia) – ou alguns (vários –
aristocracia; ou muitos, todos – democracia).

É na República que se realizam as liberdades, mas há casos em que não funciona: É melhor,
quando se cria um Estado, uma monarquia; “A República sempre que possível, a monarquia
sempre que necessário).

Francisco Suárez
(1548-1617)

Nasceu em Granada, mas esteve muito tempo em Portugal e morreu em lisboa. Foi um
jesuíta, filósofo, teólogo, professor, e deu aulas em Coimbra.

Defendia as teorias contratualistas: o homem é um animal social, vive em sociedade, é


necessário haver poder. Afasta as doutrinas do direito divino dos reis, dizendo que nenhum
poder teve o poder diretamente de deus – o poder é uma instituição com origem na vontade
humana. Assim, o poder tem origem popular;

Cria uma estrutura em dois pactos:

- Pactos de união (pactum unionis): os Homens unem-se entre si e criam as sociedades


políticas para sobreviverem e cooperarem; a partir do momento em que decidem criar as
sociedades, Deus entrega-lhes o poder.

- Pactos de sujeição (pacto subjectionis): é um pacto através do qual esta comunidade de


pessoas entrega o poder ao soberano, aliena-se do poder, tendo sempre de obedecer, exceto
em caso de tirania (o povo pode resistir a esse poder).

Reforça do poder do rei e a afirmação do seu poder face aos outros poderes.
Jean Bodin
(1548-1617)

Nasceu em França e foi professor, advogado, conselheiro político. Escreveu os “seis livros da
república”: a república é a comunidade política, o Estado.

Deve existir um governo, que visa atingir a justiça, o direito natural, subordinado à moral, à
justiça ou ao direito, e condena veementemente a tirania. Fala-se num poder absoluto e
perpétuo da república – a soberania, ou seja, a possibilidade de impor alguma coisa a alguém.

A soberania é una e indivisível, própria e não delegada (pertence ao governante por direito
próprio – o governante não pode ser afastado, o povo. É o poder supremo da ordem interna (o
governante não partilha o seu poder com mais ninguém) e independente na ordem
internacional – o poder político é independente, o Estado não tem de prestar contas);

O poder tem sempre de respeitar o Direito, está limitado, por exemplo, pelo Direito
Internacional, limitado pelo direito nacional e pela ideia de justiça, e deve aceitar o pluralismo
que existe na sociedade. Esta é uma teoria do reforço do poder, não está aqui presente a ideia
de separação dos poderes.

Thomas Hobbes
(1588-1679)

Nasceu no Reino Unido e foi um filósofo, teórico político e matemático. Foi um dos autores
do contratualismo, mas não um iluminista (não há as ideias da limitação do poder). Defende
um Estado forte: para ele, o Estado é o “Leviathan”.

Assistiu à revolução inglesa, marcada por tumultos, guerras religiosas, e defende a ideia da
preservação da vida: a comunidade política deve permitir às pessoas manterem-se vivas, em
segurança e paz.

Na teoria contratualista, apresenta uma conceção negativa da natureza humana (pessimista


antropológico) e acaba por construir um Estado que tem essa reflexão: as pessoas são más
porque, quando deixadas a si próprias vivem rodeadas de turbulência. Elas procuram o bom e
tentam encontrar o mal, mas quando não há quem as governe estão entregues a si, aos seus
desejos, num estado de confusão total.

Para isto, é preciso haver um estado forte, garante da paz e segurança para evitar a guerra
civil e anarquia. Percebendo que não podem estar entregues a si mesmas, as pessoas unem-se
e criam um Estado. Assim, a evolução apresenta-se desta forma:

- 1º Estado natureza: não existe poder político nem Estado – existe um constante estado de
guerra de todos contra todos; não é necessariamente uma hipótese meramente académica –
um país em guerra civil está no estado natureza.

- 2ª Estado natureza: as pessoas não podem continuar a viver nessa situação, e criam o
Estado através de um contrato. Renunciam a parte da sua liberdade e entregam a esta
entidade que criaram o poder de fazer as regras e de as fazer cumprir. Este é um contrato feito
pelos súbitos consentido livremente – um ato através do qual as pessoas entregam o poder ao
soberano e ficam sem ele. As pessoas alienam o poder em favor do soberano.
O soberano deve obediência dos súbditos, mas não pode ser punido. A soberania é absoluta
e os poderes não estão divididos. Há um poder forte, autoritário.

A origem do poder é o povo, pelo que o autor é defensor da origem popular do poder. O seu
pensamento permite desenvolver Estados repressivos e autoritários: rejeita a separação do
poder.

Esta estrutura do contrato também é encontrada em Locke e Rousseau.

Autores base do constitucionalismo moderno


John Locke
(1632-1704)

Foi um inglês que procurava a razão (por exemplo, o direito natural é algo a que as pessoas
chegam através da razão humana). O seu pensamento era preocupado com os direitos e a
limitação do poder. Viveu no final das revoluções inglesas, numa altura de paz (especialmente
paz religiosa), e era um otimista antropólogo liberal e contratualista.

Ninguém aliena o poder a favor de governantes – o poder permanece no povo e o direito das
pessoas não lhes pode ser retirado. Limitação do poder, contratualismo, divisão dos poderes. A
origem do estado é contratual – pressupõe uma vontade, um consentimento. As pessoas são
livres e iguais, têm direito de propriedade e governam-se de acordo com as leis naturais.

Não havia tribunais – quando as pessoas tinham de resolver um problema, as pessoas tinham
de fazer justiça pelas próprias mãos. Assim, é preciso haver uma autoridade que administre
justiça, para garantir que os direitos são respeitados.

No Estado sociedade, a passagem faz-se através de um contrato, mas as pessoas não alienam
o poder; atribuem ao governante a possibilidade de governar, transferem-lhe poderes, mas
não é definitivo, mas uma delegação.

Os limites do poder político são os direitos individuais dos cidadãos (a vida, a propriedade, a
liberdade, a saúde) e a divisão de poderes (articulação entre órgãos com diferentes poderes):
poder legislativo para fazer a lei; poder executivo para as aplicar aos casos concretos e o poder
federativo, para estabelecer contactos com outros Estados.

Os poderes executivo e federativo caberiam ao rei e ao seu governo, num governo misto.
Para Locke, o poder legislativo é o mais importante, pois pode afetar as liberdades das
pessoas. No estado sociedade, as pessoas mantêm o seu poder e podem controlar as suas
liberdades. Se o Estado não cumpre o contrato social, as pessoas não têm de obedecer; se não
são cumpridas certas liberdades individuais, o parlamento pode recusar-se a aprovar certas
leis.

Os absolutistas não estavam de acordo com todas estas ideias.

Montesquieu
(1689-1755)
Foi um jurista, magistrado em Bordéus, aristocrata, um francês admirador das revoluções
inglesas e da ideia de limitação do poder. Em “O espírito das leis”, tenta encontrar as leis que
organizam os povos.

Defende a monarquia limitada, mas contesta o absolutismo. O seu objetivo é elaborar uma
espécie de ciência das sociedades humanas, estudando o contexto em que as leis são feitas.

Desenvolve as teorias dos climas e teorias do território (a dimensão do território ou o clima


que tem pode influenciar a política) e tenta perceber de que forma os contextos influenciam o
poder.

Em “Análise das formas políticas”, propõe uma tipologia política que contempla a monarquia
(governo de um), república (governo de vários, alguns ou todos) e despotismo (governo de um
apenas no interesse próprio, sem ter interesse no bem-comum). O poder está limitado pela
separação de poderes, pelo Direito e pelo respeito pelo pluralismo social (várias
comunidades). Prefere a monarquia.

Os poderes existentes são o executivo (junção do poder executivo e federativo de Locke, ou


seja, o Governo), legislativo (faz as leis, ou seja, o parlamento) e judicial (pune crimes, resolve
os conflitos entre as pessoas, ou seja, os tribunais).

Afirma que o poder absoluto se corrompe absolutamente, pelo que é importante limitar os
abuso: divide-se os poderes e ele limita-se uns aos outros; separa-se poderes e dá-se a órgãos
diferentes, de forma a todos se controlarem entre si e nenhum entrar na esfera de ação do
outro. Há o poder de “statuer” (estatuir), ou seja, fazer coisas, de “empêcher” (impedir), ou
seja, impedir, criar obstáculos.

Atualmente, esta conceção é muito criticada, mas na altura influenciou várias revoluções. O
artigo 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão consagra poderes diferentes
separados por órgãos diferentes que se controlam uns aos outros.

Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778)

Nasceu em Genebra e era um otimista antropológico. Afirmava que “o Homem é uma


espécie de lobo selvagem” e, com o desenvolvimento das relações sociais, propriedade,
diferentes níveis de riqueza, as relações das pessoas tornam-se mais difíceis e extensas.

Era um contratualista, defendendo um poder que permita a vida organizada e ordenada,


senão as liberdades são postas em causa. É fundamental haver igualdade e liberdade, através
de um contrato em que todos são livres e iguais. Todos participam na vida política da mesma
forma.

A vontade geral surge quando um povo se reúne e faz um contrato social; os governantes são
obrigados a governar de acordo com o bem-comum, apurado através da vontade geral, ou
seja, a maioria – o que se entende que é o melhor para aquela comunidade. Se uma minoria
não se revê na decisão, como a maioria percebe o que é melhor, a minoria provavelmente está
a pensar de forma errada e é obrigada a seguir a regra da maioria.
O contrato é um ato de liberdade – através dele, criamos as condições para as nossas
liberdades serem respeitadas. É importante que as pessoas escolham a sua forma de poder,
pois só é legítimo o governo que é eleito pela vontade geral, não é hereditário;

O poder pertence ao povo – soberania popular, e o governo tem de assegurar a liberdade


individual e a igualdade entre cidadãos; a lei realiza essa igualdade (é geral e abstrata), e o
consentimento é essencial para manifestar a vontade política.

NOTA: Critério da maioria: a minoria, ao não estar de acordo com a maioria, não está a
deixar-se guiar pela vontade geral, pelo que está errada, podendo ser-lhe imposta pela
vontade geral.

O poder legislativo é muito importante: a soberania é una e indivisível e não pode ser
fragmentada. O legislativo faz as leis necessárias à convivência entre os homens, mas não há
representação: quem a faz é o povo (o Governo é apenas o conjunto de funcionários que não
tem poder próprio e exerce as funções nos estritos termos em que lhe foram colocados – são
comissários).

A conceção de Rousseau vai permitir os sistemas de concentração de poderes ou de tipo


convencional (França, no modelo da convenção, e modelo do estado soviético) e a conceção
de que as pessoas que estão a exercer uma função têm os poderes nas estritas condições que
lhe foram concedidas, podendo ser retirados a qualquer momento (mandato representativo –
escolhemos alguém e essa pessoa representa a comunidade; mandato imperativo – pode ser
retirado a qualquer momento).
PONTO III
A formação dos Estados Unidos está ligada às corrente constitucionalistas, criadas por Locke
e Rousseau. A Declaração de independência dos EUA foi em 1766. A nível da tributação, os
impostos cobrados a uma determinada comunidade devem ser aprovados por essa
comunidade, mas, nesta altura, as colónias não eram tidas em conta nessa tributação.

Em 1755 e em 1756 é publicado “Common Sense”, de Thomas Paine, defensor do Direito


natural das pessoas. Todos os homens nascem livres e iguais, e só com a soberania popular a
República, é verdadeiramente democrática. A independência é o direito a um governo próprio,
e foi oficialmente reconhecida em 1783.

A Revolução francesa de 1789 também foi influenciada por estes autores, assim como pela
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Sieyès questionava-se acerca do que era o
terceiro estado. Criticava a forma como a representação era feita nas cortes; o voto não era
feito por cabeça, mas por classe social. Defendia que o voto tinha de ser feito por cabeça e não
por ordens – o povo estava representado nos estados gerais e em igual ao da nobreza e do
clero, e devia escolher os seus representantes

A Revolução francesa e a revolução americana mostram a concretização de ideais já


estudados. A fase jacobina tem influência, sobretudo, de Rousseau. A revolução francesa
gerou muita discussão política.

Burke escreveu “Reflexões sobre a revolução em frança” (1790), onde não põe em causa a
separação de poderes, mas propõe uma evolução que não assente nesta rutura. acentuando
os princípios da tradição, da ordem, etc., a ideia de uma razão que leva a uma rutura não ẽ tao
importante, e prefere a tradição e reforma do antigo. Foi um defensor do Estado mínimo, que
não interfere no plano económico e não intervém muito em matérias sociais.

No séc. XIX, estamos no séc. do liberalismo, com a abolição do absolutismo, defesa das
liberdades individuais, limitação do poder, generalização das repúblicas. As monarquias são
limitadas, e desenvolvem-se as constituições escritas. O sufrágio é alargado, e desenvolvem-se
os primeiros partidos políticos para intervenção na vida política.

Alexis de Tocqueville escreveu “a democracia na américa”. Foi um fundador da CP moderna,


e defende a liberdade e igualdade, dizendo que não há país onde as pessoas sejam mais iguais
do que na América, e a História é a realização da igualdade. Apesar de tudo, a democracia tem
alguns riscos – tirania da maioria: a maioria política pode fazer tudo aquilo que quiser. Para
combatermos estas tendências, pode ser preciso limitar esse predomínio das maiorias, criando
estruturas que limitem o poder do Estado.

Estamos no liberalismo político e económico: o Estado também não intervém na economia (o


Estado da “mão-invisível”). Em fins do sec. XVIII e XIX, com a revolução industrial e a questão
operária, o Estado precisou de dar resposta a estas questões, começando a desenvolver-se
algumas propostas:
- Socialismo (Inglaterra, 1822)_ utiliza-se como sinónimo de justiça social. No movimento
socialista é preciso olhar para a política a partir da economia, propondo uma nova ordem
económica e social. Ataca a propriedade privada e reforça a intervenção do Estado. Há várias
correntes do socialismo: socialismo de Platão, socialismo idealista e socialismo marxista.

- Socialismo Marxista (Marx e Engels)

Este socialismo assenta numa análise rigorosa da história, economia e sociologia (afasta-se
de outras correntes). É revolucionário, porque quer substituir o capitalismo liberal pelo
socialismo coletivista (opostos). O direito, a política, o estado, a religião e a cultura são
superestruturas – resultam da forma como em cada elemento estão organizadas as forças
económicas; refletem em cada momento a realidade económica existente.

O direito não estabelece limites ao poder, é aquilo que o poder económico entender que é.
As ideias mudam consoante a História muda, refletindo a realidade histórica. As ideias
evoluem em função da luta entre contrários (estamos sempre em evolução, o que faz avançar
a história – materialismo histórico).

O pensamento marxista era um socialismo científico. O mundo das ideias, da política, da


religião é o mundo das superestruturas.

- Determinismo: Marx utiliza a dialética (construção filosófica que assenta na oposição de


ideias) como forma de chegar à realidade comunista, da luta de classes. Quando se atingir,
através da luta de classes, o comunismo, o Estado deixa de ser necessário.

Num primeiro momento, temos a ditadura do proletariado (fase da antítese). Num segundo,
com o comunismo (já não é necessário o Estado) – momento da liberdade;

Apesar disto, em vez de conduzir à liberdade, o comunismo conduziu ao Estado totalitário. O


poder serve-se de alienações (ideias que utiliza para que as pessoas sejam obedientes à classe
dominante).

Como desenvolveram Lenine e Estaline o comunismo de Marx?

A corrente socialista foi uma resposta à questão social, porém há outras vias que surgiram
mais ou menos na mesma época (finais do sec. XIX, início do sec. XX). Utilizaram-se as
chamadas “vias médias”:

-- Doutrina social da igreja: denunciava as más condições de trabalho (Rerum Novarum).


Defende-se a intervenção do Estado na Economia e a criação de estruturas (sindicatos) que
defendiam a condição de vida dos trabalhadores.

-- Doutrina cristã: começam a surgir partidos com estas preocupações (preocupações de


tipo personalista): princípio da subsidiariedade. Era menos política e mais social, e surgem
vários partidos democratas-cristãos surgem (por exemplo, o CDS-PP).
- Social democracia: é um conjunto de autores filiados na corrente marxista, mas rejeitam a
ideia da revolução, adotando a via parlamentar, tentando atingir a tal proteção social, os tais
objetivos sociais. Edward Bernstein e Jean Jaurès (?);

De um lado, estão os comunistas; do outro, os sociais-democratas. É importante


salvaguardar a identidade individual, a evolução em vez da revolução através da via
parlamentar – através da representação dos trabalhadores. Era necessário alargar o sufrágio,
que tinha de ser o mais universal possível, permitindo aplicar leis que garantissem proteções
sociais (como impostos). Existe parlamentos e governos, pela via de uma evolução natural da
sociedade

Jaurès: afirmava que o Estado é neutro (mas a sua estrutura pode mudar através da
transformação, dos partidos que representam os trabalhadores e vão lutar pelos seus direitos.
Defende-se o sufrágio universal, legislação social, etc., e desenvolveu-se muito após a segunda
Guerra Mundial (Inglaterra criava SNS, ajudas, etc.).

Este modelo entra em crise nos anos 80, com o surgimento de ideologias neoliberais e uma
menor intervenção do Estado.

Surgem modelos de estado muito diferentes:

- Estado soviético e o Estado de tipo fascista : o sec. XX é marcado por ideias de tipo
não democráticas, como o Estado estalinista de tipo totalitário e o fascismo (italiano e
alemão).

Partindo da obra de Marx, em 1917 ocorre a revolução russa (revolução marxista-leninista).


Entre 1917-1924, Lenine é o chefe do partido (assim como do Estado). Em 1918 é aprovada as
declarações dos direitos do povo trabalhador. Em 1918 surge o texto constitucional.

Lenine tinha uma perspetiva imperialista (o imperialismo seria a última fase do capitalismo)
e, após isto, seria possível haver uma revolução socialista mundial. O capitalismo não
circunscrevia a Rússia, nem a revolução. Havia um sistema de partido único – para o sucesso
deste projeto, era necessária uma estrutura que permitisse obter o poder e mantê-lo: partido
de tipo único, assim como uma estrutura organizada e fortemente centralizada. Os órgãos do
partido são eleitos, a estrutura é hierarquizada.

Este não é um estado de tipo liberal nem de tipo marxista, é um Estado coletivista que visa
prosseguir os interesses de uma classe e não o interesse geral, centrado no partido único. Não
há liberdade eleitoral ou separação de poderes. No ponto de vista territorial, é um Estado de
grande dimensão, não apenas territorial, mas também estrutural. Política económica: passou a
admitir a propriedade privada, a economia de mercado e algum investimento estrangeiro.

Este Estado alcançou maior sucesso com Estaline, que tinha uma perspetiva diferente de
Marx e Lenine. O seu objetivo é construir o socialismo num só país, reforçando o Estado. O
Direito não serve para limitar o poder do Estado, serve para o reforçar. Estaline desenvolveu a
industrialização da URSS: com a coletivização da agricultura e o planeamento imperativo da
economia (planos quinquenais).

No seu regime totalitário, usava-se o poder e o terror, o controlo dos “media”, a ausência de
pluralismo, perseguições políticas, recurso à violência e ao terror. Em contraste com esta
perspetiva, desenvolvem-se os regimes fascistas.
No final do séc. XIX e inícios do séc. XX, surge a reação ao que era edificado como “ameaça
comunista” – surge o fascismo. Os fascistas temiam a ameaça comunista. Havia um chefe
forte, de tipo autoritário, respeitado por todos, que conduzia o Estado. São regimes totalitários
de extrema-Direita, antiliberais (anticomunismo e antiliberalismo). É uma estrutura onde o
poder se concentra, não há pluralismo partidário e há uma forte limitação das liberdades
individuais. Controla a política, economia e aspetos da vida privada

Manifestou-se primeiramente na Itália, com Mussolini, em 1919. Ele aceitava a violência,


pois o Estado é mais importante do que o indivíduo (trans personalismo). Há uma importância
da figura do chefe, assim como o seu culto (führer). Há partidos únicos, uma ditadura
ideológica. Existe o governo de poucos (determinados pelas suas características, por exemplo,
raciais). Não há eleições livres, e o Estado recorre a polícia/milícias especiais, controla da
imprensa, sindicatos, etc.

O Direito é um instrumento de poder – o próprio führer podia interpretar o que era o Direito.
Os tribunais não são independentes (devem obediência), e o fascismo italiano assenta no
conceito de Estado (o nazismo, pelo contrário, assenta sobretudo no racismo).

Com o fim da segunda guerra mundial, os regimes desapareceram, mas subsistiram alguns
regimes políticos na Europa de domínio fascista (como salazarismo).

O Estado é uma figura partilhada por várias áreas, um dos tipos possíveis de comunidade. É
definido através do povo que se estabelece num território para exercer o poder político
soberano em nome e no interesse de uma determinada comunidade.

Há várias teorias em relação à origem do Estado:

- Teorias contratualistas - o Estado resulta de uma associação de contratos, um acordo entre


pessoas. Tem por base a vontade das pessoas que se unem para criar uma comunidade
política. É uma vontade tácita. Na fundação de novos Estados, percebe-se uma lógica de
contratualização, há documentos escritos.

- Teorias organicistas - o Estado não é uma ordem política. Há uma vontade de Estado que se
manifesta através de órgãos jurídicos, e o Estado é a entidade que vive e enquanto vive, pensa,
toma decisões e pode morrer, extinguir-se, deixar de existir.

Alguns autores vêm o estado como uma realidade, um facto, tentando perceber quem tem o
poder do estado e quem é que obedece.

KELSEN

Correntes Normativas - Estado como direito, uma construção livre

O Estado é uma norma jurídica que abrange pessoas num determinado território

TEORIA MARXISTA: o estado é dependente da economia e relações de produção e com o


acentuar das classes, o estado tende a desaparecer

Temos de olhar para o Estado numa perspetiva jurídica e social

O Estado é uma comunidade de pessoas que têm um poder político organizado


SMEND

O Estado é uma realidade que só funciona se as pessoas estiverem unidas

O Estado está ligado ao conceito de integração

O Estado existe enquanto houver esta capacidade de integração das pessoas

• O estado é uma comunidade política, uma estrutura jurídica

• Não é a única comunidade politica mas é uma forma complexa de comunidade política

• Comunidade de pessoas e como aparelho de poder - concessão de estado/sociedade;


concessão de estado de poder (respeito)

• O Estado é uma comunidade de pessoas, por isso, o estado somos nós

• O Estado é uma comunidade organizada. Entidade jurídica

• O Estado não é só direito, mas é também direito

Define-se em 5 características:

Complexidade, autonomia, sedentariedade, territorialidade, institucionalização

Fator nacional, laicidade, soberania

Vamos estudar o Estado Moderno

Um aspeto que é estudado são os eventos que se projetam sobre a vida do Estados e dão lugar
ao surgimento/modificação e extinção do estado - vicissitudes do estado (acontecimento do
Estado)

Vicissitudes totais: ou há o nascimento de estados ou há a extinção do estado - estado como


um todo (ex.: nascimento de um estado [comunidade que decide organizar-se num estado e
escolhe alguém para o governar] ou o parte (desaparecimento de um estado , deixa de ter
soberania)

Vicissitudes parciais: acontecimentos que acontecem no estado mas não implicam a sua
extinção - transformações no estado mas que não levam ao seu desaparecimento

O Estado pode modificar-se perdendo parte do território para outro estado

Estas alterações não são alheias ao direito (normas), algumas vezes o direito regula-as

Correntes organicistas

O estado é uma entidade - é uma pessoa jurídica de tipo pessoa coletiva


• As pessoas coletivas têm órgãos [integrados por pessoas que podem ir mudando] que
permitem à pessoa coletiva tomar decisões e desenvolver normas

A pessoa coletiva Estado permanece, os seus órgãos permanecem, apesar das pessoas
mudarem - institucionalidade

O estado existe desde a antiguidade

O estado, tal como o conhecemos é estado moderno tipo europeu5

Idade média

Estado medieval, fragmentado. Não podemos falar especificamente em Estado devido à


grande fragmentação. Termina com a queda do Império Romano do oriente

Estado moderno

Séc. XV a XVIII

O momento decisivo foi um conjunto de tratados de paz que pôs fim à Guerra dos Trinta anos
assinada em 1618 - movimento da criação internacional de estado soberanos

Estados nação e que se afirmam no plano internacional como estados soberanos - fazem
contratos entre si

Criou as condições para os reis reforçarem os seus poderes face ao imperador e ao papa-
importante para o desenvolvimento da soberania

Pacificar e acabar com a guerra religiosa

Séc. XIX - temos realmente um sistema de Estados soberanos, autónomos na ordem


internacional e com capacidade para governar entre eles

O Estado desenvolveu-se na Península Ibérica e na Inglaterra

Estado que para se afirmar precisou de reforçar o poder, afirmar o poder político imperial

O direito aplica-se no espaço do Estado

O poder institucionaliza-se

Características do estado moderno: poder politico é soberano, supremo (a nível interno),


limitado, surge com um estado independente do imperador

O estado é também nação (o fator de união das pessoas passa a ser uma ideia de nação que é
baseada numa determinada história e cultura)
Afirma-se a separação entre a espera temporal e a esfera espiritual - separação do poderes
religiosos e do poderes políticos

O estado numa primeira fase é estamental (séc. XVI e XVII) [estamentos - classes sociais e
corporações sociais que ainda têm poder] (os estamentos são representados nas assembleias,
têm poderes)

O poder reforça-se com as corporações e os estamentos - conduz ao estado absoluto (séc. XVII
e XVIII) - máxima concentração de poder no rei

1.ª fase: monarquia de direito divino: a autoridade do rei vem por ele ter sido escolhido por
deus e governa com a graça divina

2.ª fase: despotismo esclarecido: a fundamentação do poder é a razão, o rei governa porque
ele tem o conhecimento mais iluminado para saber o que é o bem para a comunidade -
legitimidade do poder de tipo razão

Dota-se de uma constituição de tipo formal escrito, legitimidade[assente na soberania


popular] de tipo representativo[a população escolhe os seus representantes]

Estado de direito

Estado limitado (pela separação de poderes e direitos das pessoas)

Estado contemporâneo

Desenvolveu-se nas revisões constitucionais

1.ª fase: séc. XIX- estado liberal do ponto de vista económico e político

O estado não deve intervir na sociedade e o valor que é acentuado é a liberdade. As pessoas
são tão mais livres quanto menor a intervenção do estado

Estado onde se desenvolvem instituições democráticas importantes, mas ainda há fortes


restrições ao sufrágio (ex.: sufrágio censitário)

Incapacidade de dar resposta aos problemas sociais

Estado social de direito: Estado Constitucional, Estado Representativo, de direito e continua a


honrar os direitos e a separação de poderes

Desenvolve-se após a 2 gm

A atitude do estado muda


O estado intervém em termos sociais e políticos

A par das liberdades políticas, surgem direitos sociais

Separação de poderes mais complexa: o estado tem mais funções sociais e por isso tem mais
instrumentos. Os governos têm faculdades normativas: podem fazer normas jurídicas; é
preciso implementar todas as normas jurídicas e sociais

Fiscalização da constitucionalidade: as constituições têm de ser respeitas e se não forem há


mecanismos que garantem o seu respeito

ECRD

DF passam a ser invocados contra o Estado e contra particulares – direitos das pessoas contra
o Estado; expansão dos direitos.

No sec. XX, este n foi o único modelo de estado – tb havia u,m, baseado na ideia de
legitimidade democrática (implica que as pessoas participem no poder) – surgiram modelos de
estado autocráticos (estado fascista e soviético).

Diferentes tipos de estado nos seus pressupostos. Em vez de limitar o poder, a Constituição
favorecia-o.

Estado marxista-leninista:

Revolução russa, china, coreia do norte, cuba; estes sistemas foram-se reconfigurando,
aproximando-se dos Estados Sociais de Direito.

O Estado fascista foi criado em Itália, em 1922, e na Alemanha, em 1933, com o estado
nacional socialista – foram extinguidos com o fim da primeira guerra mundial.

Em Portugal, houve o Estado Novo e, em Espanha, o franquismo (com Franco).

Com o fim da guerra mundial, queda do muro de berlim, estes estados foram-se
transformando e caindo.

NO final do sec XX, surge o Estado de fundamentalismo islâmico: a legitimidade do poder é


divina e a lei religiosa é fonte de Direito. A comunidade políica é crente

Atualmente, o Estado…

Discutiu-se muito tempo a hipótese de o Estado estar em crise; o Estado social, como tipo de
Estado, também. Esta teoria foi alvo de muitas critics, mas ela tem alguma razao.

O Estado, como o conhecemos, continua a ser uma unidade polípoltica muito importante,
continua a fazer sentido. Está diferente de há umas décadas, e o seu papel mudou (ex.:
globalização, grandes empresas internacionais, reforço da comunidade internacional –
inclusive de ONGs – o desenvolvimento tecnológico, o surgimento de problemas
transfronteiriços – migrações, alterações climáticas), questões que não se resolvem só com um
estado.

Para alguns autores, isto mostra que o Estado está em declínio (como a conceção mundialista,
que diz que estas questões só podem ser resolvidas em organizações que englobem vários
estados).

Outros defendem que o Estado apenas mudou, transformou-se: o que faz mais sentido é ver
que poderes o estado tem, como os exerce, dizendo que vamos identificar perdas, mas
tambétambm há ganhos, pois ganharam competêcias que n tinham (mtértia ambiental ou de
migraçes), o estado pd influenciar políicas e usufruir delas (ex.: princípio da não ???). Os
estados podem ter perdido a capacidad de fazerem algumas coisas, mas ganharam a
capacidade de terem poderes econóicos e políticos noutras áreas.

O Estado social tem muitos apoios que concede e pode defrontar-se com carências
económicas (ex – impacto doo envelhecimento das populações, é preciso mais estrutura para
apoiar essas situaesçõ, mas é necessário meios e recursos). Para alguns autores, a solução é
diminuir os apoios e, p outros, reforçar a cooperação: um Estado que desempenha as suas
funçõefunçs de acordo com as questões sociais – é um estado participativo – democracia
participativa.

Para alguns autores, estamos num Estado pós-social: ex. Vasco pereira da silva, num novo
modelo de Estado:

 DF novos (proteção do ambiente, direitos tecnológicos, drt face ao mundo digital e IA,
drts relacionados com as diversidades culturais;
 Componente participativa (mecanismos destinados a fazer as pessoas participarem na
vida política, orçamentos participativos, e coexistência entre o público e o privado.

ELEMENTOS DO ESTADO

Território, instituições, povo.

O povo e o poder político são, de alguma forma, o Estado. O território é mais instrumental. O
Estado é uma comunidade de pessoas.

Povo – conjunto de pessoas ligadas a um Estado por um vínculo jurídico-político: cidadania.

Vários tipos de cidadania: cidadania verde, cidadania como participação na vida social e
política, etc.

Nacionalidade =/= cidadania =/= nação

A população é de natureza estatística. O povo designa os cidadãos de um Estado. A


nacionalidade é um conjunto de pessoas ligadas entre si
´Faz mais sentido falar em cidadania porque a cidadania remete para a pertença à comunidade
política. A nacionalidade remete mais para vínculos de natureza social.

Cidadania é mais neutra – aqueles ligados à comunidade política.

Um Estado pode ser multinacional, mas ter vários cidadãos distribuídos por outras nações.

O povo é o titular e destinatário do poder. É o povo que faz o direito do Estado, mas tb exerce
o p político – é simultaneamente governante e governado.

O povo era determinado, na Alemanha, pela sua raça. Tb há conceções históricas.. NO


fascismo italiano, o povo dilui-se no estado (o mais i é o todo). Em Portugal, temos apenas um
conceito jurídico-político.

O princípio das nacionalidades esteve na base do nascimento de várias nações.

Há muitos estados multinacionais, e nações repartidas entre vários Estados; isto é ligado à
forma como o país surgiu. Atualmente, devido aos movimentos migratórios, assistimos a uma
diversificação da população que migra (pessoas que vêm de culturas diferentes, que coexistem
no estado e até adquirem a sua cidadania) – a realidade multicultural do Estado.

Como é que o Estado gere esta diversidade?

 Realidade cultural muito diversificada, em virtude das suas migrações.


 Quem são os cidadãos? O poder político soberano pode determinar qual é a
comunidade política do Estado (vemos progressivamente a influência do Direito
internacional e do drt europeu)
 Princípios do drt internacional que os Estados tem de respeitar: princípio da
efetibilidade – quando um estado reconhece a cidadania, é necessário que a pessoa
tenha ligação a esse estado.
 Princípio da apatridia: por ser uma situação indesejável, o drt internacional diz que os
Estados devem proteger os apátridas.
 Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua cidadania (dudh)

IUS SOLI – Quem nasce é automaticamente cidadão (cidadania por origem)

IUS SANGUINIS – quem é descendente é cidadão

IUS DOMICILI – quem reside é cidadão (cidadania por nacionalização/derivada)

Cidadãos que adquirem a cidadania derivada podem votar, mas só nas autárquicas.

Cidadanias transacionais (as pessoas movem-se, vivem num estado diferente do que são
cidadãos)

A cidadania europeia não é uma cidadania originária – é uma cidadania de segundo grau
(concedida a quem tiver a cidadania de um Estado da UE – liberdade de circulação no espaço
europeu; é um alargamento de Direitos, mas, para alguns autores, é uma cidadania na
infância, pois implica direitos, mas não tem deveres)

A cidadania europeia tem um elemento que associa a ue a um estado: o facto de os cidadãos


serem europeus – elemento federalizante. Não está associada a deveres e direitos.
Se a pessoa é cidadã de dois estados, cumpre os deveres de quê? Há tratados e normas para
resolver estes impasses.

TERRITÓRIO DO EESTADO

Sedentariedade – povo fixo num determinado território (atualmente, as pessoas mudam de


espaço com muita frequência). Órgãos estaduais, regras do estado – princípio da
territorialidade.

É possível aplicar direito estrangeiro no território europeu e direito português no estrangeiro


(ex.: voto de um português no estrangeiro – quem casar por Portugal, pode casar pela igreja).
O Estado está limitado no território, por exemplo, na forma como utiliza os seus recursos
(preservar espécies marinhas, etc.).

Para o Estado, o território é uma espécie de propriedade do Estado. Para outros, o Estado não
tem a propriedade, mas a possibilidade de afetar os recursos, os bens e as pessoas de um
território – poder indivisível e inalienável.

Art.4º: os cidadãos podem entrar e sair do terr. Nacional;

Art. 33º: os cidadãos não podem ser expulsos do país;

O Estado controla as fronteiras. Apesar disto, o Estado não o pode fazer sem limites: a
proteçãproteço da famífamlia e da vida familiar limita estes poderes do Estado. O Estado pode
estar impedido de expulsar um estrangeiro que cometeu um crime se esse estrangeiro tiver
um filho português, pois não pode separar a família.

Lei do asilo, lei da imigração.

O território é uma parte da superfície terrestre, aéreo, marítimo e, se for necessário,

Pode exercer poderes territoriais sem soberania na ZEE.

Poder político: soberania (desde o Estado moderno de Bodin).

Globalização: relacionado com as pessoas e não tanto com as identidades políticas.

É preciso tomar em conta a mobilidade das pessoas. Nem toda a gente faz a sua vida num só
sítio.

Papel da opinião pública nacional e sociedade civil nacional. É necessário estudar o papel das
empresas transnacionais, como é que a UE pode regular, p e, as redes sociais? Como utilizar
nessas plataformas a mesma estrutura que se utiliza no Estado?

Kompetenz – a “competência das competências”


. É fundamental a ligação entre a constituição e o Estado. O pp manifesta-se na constituição.
Hoje em dia discute-se se pode haver constituições sem Estado (a propósito da UE).

;Limitações do PP: formais, procedimentais e substanciais.

A soberania é a mesma coisa de poder político. Ela não é hoje vista como Jean Bodin a
concedeu: manifesta-se internamente (o Estado é a autoridade máxima) e na ordem
internacional.

Mesmo que um Estado seja soberano, tem a partilha das tarefas dividida por outras entidades
(que não são soberanas). Arquipélagos: unidades territoriais, poder político, capacidade de
fazer lei, etc, mas não são entidades soberanas

Descentralização O estado não faz tudo e reparte poderes

 Dar poderes a outras unidades (resposta è necessidades do dia a dia das populações;
concretizam as leis para a sua realidade local) (podem fazer normas em alguns casos,
mas executam, não tomam as decisoes politicas fundamentais)

Há a forma menos intensa, que é a desconcentração: tudo se passa no Estado

Ordem externa: os estados são soberanos pq, juridicamente, estao em posiçao de igualdade

Estabelecer relaçõerelaçs com outros Estados.Os estados já não tem o ius belli (o uso da força
está limitado) – direito de legitima defesa,«

Estads que, no plano internacional, não tem soberania plena

Confederaçoes

Estads neutraliados

Estado federado e estado membro da união

O Estado não pode resolver muito no seu território

17/10

Introdução aos conceitos de:

 Funções do Estado;
 Fins do Estado – cada Estado existe para cumprir determinados fins (encontramos o
fim do Estado na Constituição);
 Vários autores identificam os fins do estado como a segurança (interna e externa) o
bem-estar (social, económico) e a justiça;
 Para atingir estes fins, o Estado precisa de desenvolver determinada atividade através
de órgãos – são as funções do Estado;
 Conjunto de atos e procedimentos desenvolvidos pelos órgãos do Estado para
atingirem os seus fins – funções do Estado, juridicamente reguladas;

Princípio da separação de poderes – nos Estados de Direito organizados de forma democrática,


os órgãos estão limitados pela separação de poderes. Ideia desenvolvida por Montesquieu.
Técnica de organização e limitação do poder. Rousseau rejeita este princípio, mas foi integrado
em várias ordens.

A capacidade de desempenho do Estado tem de aumentar. Em vez de termos um esquema


(parlamentos legislam, tribunais, justiça), passamos a ter esquemas mais complicados de
separação de poderes (como governos que criam normas, legislam). Podemos ter o mesmo
órgão a desempenhar vários poderes, assim como a mesma função exercida por vários órgão.
Artª 111 da CRP. Continuamos a ter separação de poderes, mas não na mesma conceção de
Montesquieu.

Há várias teorias que classificam a separação dos poderes:

O prof. JorM define, interpreta e escolhe os meios a adotar para atinir os fins do Estado. Esta
função tem bastante liberdade (é preciso interpretar, etc). São autonomizadas duas funções:

 Função política em sentido estrito ou função governativa: tomada de decisões a nível


internacional; o prof mrs autonomiza aqui a função constituinte; função primária,
porque todos os atos completam esta função política (funções secundárias: a função
administrativa é direcionada para satisfazer as necessidades coletivas do dia a dia;
pode ser desempenhada pelo Estado ou por outros órgãos de descentralização;
procura identificar a responder às necessidades, tem como objetivo realizar o
interesse público, pelo que muitos autores afirmam que é um objetivo parcial; os
órgãos devem ser imparciais; a outra função é a função jurisdicional: visa resolver as
questões jurídicas do dia a dia, mas também questões jurídicas abstratas, cabe aos
tribunais, é uma função passiva (passividade), a sua intervenção tem de ser pedida,
são órgãos independentes, a hierarquia serve apenas para se poder recorrer; primeiro
vem a lei, depois, a aplicação;
 Afastamo-nos de Montesquieu; Carl Loewenstein também fez uma teoria das funções
do Estado:
o Decisão política fundamental que é tomada, que depois é executada (pelo
legislador, tribunais, administração) e a função de fiscalização e de controlo
(quando o PR veta uma lei, está a fiscalizá-la). Se, num estado federado, for
editada uma norma contrária à constituição do Estado federal, ele pode não a
aceitar (controlos verticais). No nosso sistema de governo, não conseguimos
interpretar tudo à função da luz das funções clássicas.
 Função legislativa

O Estado é uma pessoa coletiva, uma unidade coletiva capaz de estabelecer relações jurídicas
com outras entidades do ponto de vista interno e no plano internacional.

O Drto que regula os assuntos do estado é o drt público


O Estado permanece porque tem órgãos (centros autónomos institucionalizados de formação
e emanação da vontade coletiva). O que as pessoas do órgão é a vontade da pessoa que o faz,
a pessoa coletiva (chama-se a imputação) ˜

Instituição (as pessoas mudam mas o orgao permanece) a competencia é o complexo de


poderes que o órgao tem; princíprincpio da prescri˜ção normativa das competênias (as normas
tem de prever as competêcias que s õrgao têm). Existe a admissibilidade das comp(?) se as
normas estabelecem um fim mas não um meio, é preciso utilizar os meios necessários para
atingir o fim

Titular: pertencem ao órgão e formam a sua vontade

Carga ou mandato (mandato utiliza-se quando se trata de um órgão eletivo); é a funçao que o
titular do orgao desempenha, A CRP regula os órgãos do estado (art.º 110 e seguintes, 119)

Classificação dos órgãos do Estado

Órgãos singulares (1 titular) e órgãos colegiais (mais do que um): diz respeito aos titulares. Na
altura de tomar uma decisão nos órgãos colegiais, há regras sobre como o fazer. Vamos
trabalhar essencialmente com órgãos políticos e a maior parte das suas regras está na
constituição.

Quórum de funcionamento: o número de membros obrigatório para se tomar determinada


decisão; normalmente, é 50% + 1;

Maioria absoluta

Maioria relativa (mais votos a favor do que contra)

Órgãos simples e complexos (desdobram-se em mais órgãos); está previsto na constituição, é


um órgão constitucional; está previsto na constituição e (??) constitucional e de soberania

Órgãos deliberativo (tomam decisões)

Órgãos consultivos (dão o parecer de determinada matéria)

O mesmo órgão pode ter as duas funções.

EM DPrt Público, os pareceres não são vinculativos´

Órgãos primários (PR)

Órgãos vicários (P da AR que substitui o PR)

Órgãos hierarquizados e órgãos independentes

Forma de designação dos titulares dos órgãos do poder político do Estado (quem tem
legitimidade de título num determinado momento:

 Sucessão hereditária ou herança (comum em sistemas monárquicos ou aristocráticos)


 Sorteio (comum na antiguidade)
 Inerência (alguém exerce um cargo e, por consequência, desempenha outro) pode ser
sucessiva (ex.: artº 142 frota
 Rotação
 Antiguidade (quem estiver a execer há mais tempo) – normalmente, é preciso uma
escolha
 Eleições: é preciso que haja um momento de escolha;
 Cooptação (forma de escolha de titulares onde pessoas escolhem quem vai integrar o
ógrão com eles) ex.: tribunal constitucional
 Nomeação: um titular tem o poder de designar o titular de outro órgão (ex.: o pr
omeia o pm);
 Aclamação (d. joao que foi aclamado como rei);
 Aquisiçã revolucionária asao escolhidos apos o momento revolucionário (ex junta de
slvaçao nacional 5 de abril)
 O sufrágio: direito de escolha (direito fundamental da constituição)

Que órgaos tem o poder e como se relacionam entre si?

- conceito de forma de Estado:

-> simples ou unitários (um centro principal de decisao politica, uma constituiçao), tudo se
passa dentro do Estado

Compostos ou ccomplexos: pluralidade de centros de decisao politica, de constituiçoes, de


niveis estaduais. A descentralizaçao implica a doaçao de poder a outras pessoas coletivas.

Espanha é um estado simples unitário, portugal é parcialmente unitário

Homogéhomognea vs heterogenea

Nos estatutos jurídico-administrativos está escrito o que cada região autónoma tem como
poder. Este estatuto é aprovado pela assembleia da república.

Poderes das regiões autónomas (artº227): poderes administrativos, financeiros, legislativos


(apesar de não poderem legislar tudo). No artigo 231º, verifica-se a existência de uma
assembleia legislativa e um governo. Em cada uma das RA, existe um representante da
república nomeado pelo PR.

Em Portugal, não existem regiões administrativas (apesar de estarem presentes no artº235)

Para a forma de estado, só conta a descentralização política e não a descentralização


administrativa. O que não acontece na DP é a criação de novos estados.

O que é o Estado composto?


Existe uma estrutura com uma pluridade de estados soberanos, por exemplo, a federação, que
assenta numa dupla estrutura de sobreposição (níveis políticos e jurídico sobrepostos) e
participação (o PP central partilha poderes com os níveis federados).

Há diferentes tipos de federalismos: perfeitos aproximam-se do federalismo como o


americano; resultam na vontade de todos os estados) e imperfeitos (impostos). Igualitários
(estrutura de igualdade entre os estados) e não igualitários (ex.: ex-URSS). O federalismo tenta
considerar a unidade e a diversidade. Quem faz o quê?

O governo federal tem tarefas que dizem respeito a todo o território, como a defesa,
comercio, etc. os estados federais funcionam com as preferências locais (educação,
transportes). verifica-se umar repartição das competências. Federalismos de tipo horizontal,
onde há decisões do estado federal e dos estados federados (ex.: US); tipo cooperativo (ex.:
alemão), que mistura competências entre níveis.

Constituição: o estado federado tem constituição, assim como a do estado federal. A Const. Do
estado federal tem de ser respeitada. Verifica-se uma diferença entre o Estado regional e o
Estado federal. Uma região autónoma não tem constituição; um Estado federado tem uma
constituição.

Uniões reais: estados compostos diferentes dos estados federais, menos complexas. Não se
cria uma estrutura estadual própria; há alguns órgãos dos estados-membros que são postos
em comum (normalmente, o chefe de estado). Cada um dos estados tem órgãos próprios. É
como se estivesse um passo abaixo das federações.

União real =/= união pessoal (por via das leis a pessoa designada para ocupar o cargo num
lugar e noutro é a mesma, ex.: hereditariedade).

Isto aconteceu em Portugal entre 1815 e 1822, assim como o que acontece na Commonwealth
(para alguns autores)

Porque adotar?

Maior democracia e maior eficiência. N fundo, estes esquemas funcionam como formas de
separação de poderes, não entre órgãos do estado mas entre unidades territoriais. Permite
uma limitação de poder (as regiões podem controlar decisões centrais, os estados federais
podem intervir e vice versa), numa lógica de controlo de poderes. Há fatores de cariz político e
social que fazem os estados decidir adotar uma destas formas.

Os Estados podem, também, associar-se a outros estados – nas associações de Estado. São
formas políticas resultantes de tratados, como contratos que os estados fazem entre eles.
Dentro destas associações de estados, temos as confederações – menos intensidade, com
laços que se estabelecem entre estados. Historicamente, é uma união que ou desaparece ou
avança para um novo Estado (é uma figura transitória que leva a um destes dois caminhos).
Constitui-se por tratados que criam uma identidade com órgãos e competências próprias em
matérias internacionais (normalmente). Não surge daqui um novo estado, mas uma aliança de
estados que permanecem soberanos.

OS Estados tb se organizam entre si com organizOES internacionais. As que colocam mais


desafios do ponto de vista da CP são aas oorganizaçes supranacionais – ou seja, começam
como forma de associaçao no plano económico e evoluem para uma integração política, como
a UE.

A eu esta algures entre o estado e a federacao ou entre a confederacao e a federacao. A


suranacionalidade traduz-se na criaçao de uma identidade acima do estado (que n eé um
estado) com orgaos pr´´orios, autonoma face aos estados, com poderes jurídicos aplicaveis no
territorio dos estados.

24/10

tratado- acordo vinculativo entre os estados, as decisoes eram tomadas em unanimidade

materias em que a uniao passa a ter competencias, os estados deixam de ser aas unicas
entidades competentes nessas materias.

A regra da unanimidade é substituida pela regra da maioria. A ue produz normas:


regulamentos (a partir do momento em que são publiadas, entram em vigor para todo o
territorio europeu) e diretivas.

Isto é uma caracteristica mais parecida com o sistema de tipo “estado”. Há outras
características que influenciam: o triubuanl de justiça da uniao (aprecia os reenvios judiciais
etc).

Cada norma tem de respeitar os princípioss da constituiçao de cada estado. Cria-se uum
enorme território jurídico. Esta unidade polítca não é um estado: não há um povo da uniao,
não há um território, não tem um poder orignario, ainda está dependente dos estados. Há
uma partilha de soberania mais intensa, mas ainda não é um estado.

geram-se formas mais intensas de organizações.

MULTICULTURALIDDE E MULTICULTURALISMO

AS FRONTEIRAS DO ESTADO DEMARCMA O ESPAÇO POR DEIFNICAO DA Influencia do sistema


juridico e politico do estado. As fronteiras podem ser transpostas. Para alguns autores,
podiamos não ter fronteiras, um estado mundial. Um estado mundial, dizem outros, nunca
funcionaria.

Podemos ter, no territorio do estado, pessoas com “backgrounds” diferentes, havendo uma
diversidade cultural. Podemos ter naçoes historicamente formadas nos estados. Quando são
formados, mts vezes é por agregaçao de outras estruturas já existentes.

Portugal, por exemplo, tem pessoas que vêm para o estado em migraçoes de sentido estrito
(migraçoes economias) ou para pedir o estatuto de refugiado

O estad tb é diverso se tiver minorias vítimas de opressao

Alguns grupos são dificeis de incluir, como os ciganos.

Cultura: conceito muito amplo; atualmente, é abrangente e traduz a cultura como (definicao
da unesco).
Essencialismo: generaliazção em função de comportamentos atribuídos a uma determinada
população (ex.: todos os portugueses são preguiçosos). É importante entender que as pessoas
são diversificadas.

Há certos grupos que se encontram numa situação de minoria perante o estado. Quais são os
grupos? Que atitude tem os estados perante eles?

A definição de minoria está contemplada por Roberta Medda-Windischer: “qualquer grupo de


pessoas, (i) residente, de forma permanente ou temporária, no território de um estado
soberano, (ii) em menor número,” etc. (completar em casa).

O Estado pode…

Assimilar os grupos

Não procurar nenhuma interação com os grupos (não os pertence)

Reconhecer a diversidade e procurar integrá-la numa noção política de Estado.

Muitas vezes confunde-se e pensa-se que o multiculturalismo tem apenas a ver com
imigrantes, mas isso noa é verdade. Alguns autores afirmam que o Estado deve atender à
realidade cultural. Podemos ter leituras diferentes acerca da forma como o estado se
posiciona:

Comunitaristas (deve dar importância à cultura);

Liberalistas (não deve discriminar ninguém, cada um faz o que quiser, mas nas esfera publica
isso é irrelevante).

Surgiu, porém, uma certa mistura entre as duas (devem ser tratadas como iguais, mas também
deve haver adaptações consoante a situação em que as pessoas se encontram; ex.: em
portugal, o descanso publico é o domingo, há feriados religiosos católicos. Alguém que possua
outra religião pode ter o sábado como descanso semanal, ficando numa situação de
desvantagem. Atendendo a ito, o estado pode permitir que a pessoa toque o dia de trabalho e
trabalhe noutro dia, por uma questao de igualdadei

O Estado deve (ou não) interferir em questoes religiosas?

Se otado for sensivel a esta diversidade cultural,

há grupos em maior numero que influenciam as normas do estado, refletindo a cultura da


amaioria. Argumento histórico: se houver uma minoria que tipicamente fio

há direitos iguais para todos e direitos diferenciados.

Há políticas adotadas para cada minoria (no ptt). Estas teorias são muito criticadas:

Há estereótipos em relação à migração, contaminando a discussão teórica das regiões. E se


uma determinada minoria prejudicar a maioria?
Proposta: atualmente, vários espaços europeus reconhecem a liberdade cultural, utilizando
modelos diferentes. Intercultural pressupõe o diálogo entre culturas. Estas realidades são
relevantes porque tem a ver com os desafios ao Estados e com a sua atitude e políticas
publicas que desenvolvem para dar resposta a estas questões, tendo em conta a forma como
os estados respondem.

Fim da matéria do ponto três

Regimes políticos

É um tipo de forma política

Regime político: traduz a ideia de direito existente numa comunidade; outros: os regimes
políticos tentam compreender qual a fonte de legitimidade.

É necessário analisar uma organização política a partir destes vetores. Quem tem o poder' as
pessoas participam? O poder é ou não controlado?

A contraposição adotada é entre regimes democráticos e não democráticos, mas utiliza alguns
critérios para a as definir: existe pluralismo (democracia)? Ideologias impostas (ditadura)

Atitude perante os direitos das pessoas (respeitados, democracia, vice-versa)

Em democracia, o poder pertence ao povo, que tem mecanismos para controlar (democracia)
ou não. Em democracia, o critério de legitimidade é o sufrágio, porque o poder pertence ao
povo. O poder está ao serviço das pessoas e respeita os seus direitos. Em ditadura utiliza-se o
critério oposto. Em democracia, o critério de ação é a vontade popular (as pessoas participam
na escolha dos representantes), utilizando o sufrágio.

Dentro dos regimes ditatoriais, há os regimes autoritários e os totalitários.

Historicamente, o termo “ditadura” não teve sempre o mesmo significado: em Roma,


significava o período em que um homem governava para “arranjar” a normalidade, não com
uma conotação negativa. Essa conotação surge no sec. XX, com associação aos regimes não
democráticos.

Distingue-se a democracia com base em vários critérios.

Critério eleitoral: o povo escolhe os seus governantes.

Se os governantes governam em nome próprio, sem ligação com o povo, estamos perante
uma autocracia. A partir de agora, estudaremos os regimes não democráticos/ditatoriais

Existem os regimes autoritários e totalitários. Ambos são não democráticos, mas o último é
mais intenso, mais afeto às liberdades individuais do que o primeiro.

Os sistemas começam por ser autoritários, mas transformam-se em totalitários. O povo não
controla o poder, não há eleições completamente livres, há uma preferência por modelos de
concentração de poderes, o papel das forças armadas (apoio militar) é forte e o Estado está
presente em vários domínios da sociedade, comprimindo as liberdades dos indivíduos. LER “A
democracia totalitária”.
O totalitarismo visa o domínio integral da ordem económica, social e política do Estado.
Ocupa completamente a sociedade e submerge a pessoa. Diz-se que, nestes regimes, a
compressão das liberdades individuais é muito grande, se não individual. Nos totalitarismos, é
muito importante a ideologia forte, que mecaniza toda a vida em comunidade (como o Estado
estalinista ou o Estado nacional-socialista).

Nos autoritarismos, não existe esta estrutura crítica.

Em ambos é importante o líder, mas no totalitarismo há a utilização do sistema para


mobilização das massas. Para Linz, os sistemas autoritários são sistemas em que o pluralismo
está limitado, não há uma ideia forte do controlo do poder, mas não há propriamente uma
ideologia política, mas uma mentalidade – conjunto de crenças fortes e mobilizadoras das
massa que não são tão rígidas como as ideologias. Normalmente, não sobrevivem aos seus
líderes. Esta ideia do líder é muito importante para o autor, pois o líder, normalmente, não
está associado a um partido. Não há limitação de governo, mas, num regime totalitário, há
menos controlo do governo. Não há qualquer tipo de limites.

Os autoritarismos são muitos e variados. Partidos únicos, ideologias fortes, controlo integral
da vida na comunidade, controlo centralizado das organizações políticas, sociais e culturais,
importância das forças armadas ao serviço do poder político e o terror (uso da coação física,
psicológica). O terror é a essência do regime totalitário. O poder é visto como propriedade do
chefe.

Os regimes pós-totalitários chegam quando certos regimes acabam, como o caso chinês – o
que acontece após o fim do regime?

A visão atual da democracia não pode ser desligada do Estado constitucional, ligada à
separação de poderes, à soberania popular e, por isso, pensamos neste conceito da
democracia liberal constitucional. Também se fala no conceito republicano de democracia,
onde assenta também a ideia de participação na vida em comunidade (respublica).

Popper afirma que o governo democrático é aquele onde os seus cidadãos se podem ver
livres dos governantes sem haver derramamento de sangue. Uma democracia é um sistema
onde se verifica que as pessoas participam na definição das regras e tomada de decisões. O
critério é, normalmente, a maioria. Também deve existir pluralismo que permita às pessoas o
direito à escolha.

A democracia vive dos procedimentos, da possibilidade de participar na tomada de decisões,


a sociedade civil também tem um papel fundamental na democracia, na tomada de decisões.
Controlar a agenda e incluir as pessoas na tomada de decisões.

Democracia direta: o titular do poder governa diretamente, toma diretamente as decisões.

Democracia semidirecta: o povo tem o poder, mas não governa diretamente, mas interfere na
tomada de decisão, porque é consultado (ex.: referendos).

Democracia representativa: assenta na ideia da representação através de eleições, o povo


escolhe representantes e as pessoas podem voltar a ser reeleitas.

Democracia participativa: o poder exerce-se em colaboração com as pessoas e identidades.


Esta é uma participação mais intensa do que o voto, através de mecanismos onde as pessoas
são chamadas a participar; ex.: procedimentos administrativos, consultas públicas, orçamentos
participativos. Na constituição portuguesa, muito destes direitos estão previstos.
A democracia portuguesa é tipicamente representativa, mas complementada através de
outros mecanismos, como democracia direta (art.º 254 2), democracia semidirecta (art.º 115).

O regime do referendo

Utiliza-se o critério da maioria. Para alguns autores, é uma regra instrumental; para outros,
olham para este critério como a união entre a igualdade e a liberdade (o critério da maioria
traduz uma ideia de maior liberdade para todos, e cada um pode escolher). No entanto, não
deve ser um critério que valha sozinho, pois as maiorias também se enganam. Uma lei pode
ser inconstitucional se não respeitar o previsto na constituição. Diz-se que as constituições são
contra maioritárias: a política está limitada pelo Direito. Se uma maioria resolve introduzir a
pena de morte (proibida na pena de morte), o tribunal constitucional controla a lei e veta-a,
pois é inconstitucional, funcionando como uma “força de bloqueio”. Temos, assim, limites ao
funcionamento da democracia – os direitos fundamentais são um limite à democracia.

31/10/2023

Relação entre democracia e direito

Podemos ter democracias que não são, em vigor, estados de direito, como o regime soviético.
Em abstrato, conseguimos separar as duas ideias. A democracia precisa do direito (para que
uma democracia funcione e seja viva, a participação política é muito importante) e vice-versa
(a democracia permite ao direito “revelar-se”).

Dá-se a confluência entre o Estado de Direito e democracia (são regimes onde há respeito
pelos direitos fundamentais e controlo do poder), apesar de podermos encontrar dimensões
de contração.

Em termos cronológicos, como se deu isto?

As vagas de democratização são avançadas por Samuel Huntington: a democracia no mundo


foi-se afirmando por vagas. A primeira é no século XIX até ao início do séc. XX. A segunda
começa em 1943 e corresponde à democratização pós-guerra mundial. A última (que se
mantém na atualidade) começa em 1974 com a Revolução Democrática em Portugal e a
transição para a democracia em Espanha.

Esta democratização mede-se a partir de como o voto é utilizado. Muitos países acabaram
por não transitar para esta forma. A primavera árabe é muitas vezes citada pelos autores. A
par destas democracias, surgem regimes políticos que os politólogos não conseguem
caracterizar.

De acordo com o relatório publicado, em 2022, vários países registaram perdas


democráticas. Surgem alguns fenómenos interessantes do ponto de vista da cp:

- o surgimento de novos autoritarismos, ou o facto de democracias caminharem no sentido


autoritário;

- mesmo nas democracias consolidadas, há vários fatores que geram instabilidades,


manifestando-se, por exemplo, na abstenção.
Também surgem vagas de ditaduras. A par destas ditaduras, surgem novos regimes
autoritários, em Ásia e África, por exemplo, havendo uma erosão lenta das instituições
democráticas. Também há democracias iliberais – o respeito pelos direitos, separação de
poderes, vão sendo progressivamente limitadas. Este conceito foi introduzido em 1967 (?) por
Zacaria (?), que são regimes com eleições livres, integrados em espaços democráticos, mas
limitam algumas liberdades, poderes dos parlamentos, etc. este autor afirma também que o
poder acaba por se transferir para elites socioeconómicas. Há uma modificação do regime.

António costa pinto escreve sobre as ditaduras, dando alguns exemplos destas democracias
em processo de erosão: no caso europeu, a Turquia, o regime de Putin na Rússia. Afirma que
estas ditaduras têm alguns elementos de continuidade com o passado, como a personalização
(importantcia do chefe) e elementos atuais, como o pluralismo e as eleições.

A crise da democracia

Norberto Bobbio escreve que há uma distância entre a democracia real e a distância da
democracia – parece que o poder está determinado por determinados grupos. Em vez de
termos uma representação total, as pessoas entendem que existe uma representação por
interesses, sendo importante reforçar a cidadania e a participação política. Atualmente, fala-se
dos “Populismos”, que é um dos principais fenómenos políticos do século XXI, associado a
estas crises. É um desafio às democracias, pelo que há vários autores dedicados a este
fenómeno.

Cas Mudde é um sociólogo holandês especialista no populismo. Diz que existe o populismo,
de forma disseminada, por vários contextos, e é um “conceito contestado” – existem diversas
perspetivas. Todas estão mais ou menos de acordo: o populismo assenta numa contraposição
fundamental: o povo (puro e ideal) vs as elites (corruptas). A sociedade está organizada nestes
dois grupos homogéneos (não há pluralismos). A política deve expressar a vontade do povo,
que não está a ser representado. O autor afirma que todos os líderes políticos podem utilizar
populismo, mas o que se quer estudar são correntes que utilizam por sistema este género de
recurso. Nesta perspetiva, a classe política é vista com hostilidade e a ideia de representação
do povo é muito contestada; o líder populista é um “salvador”. Não é de esquerda ou de
direita, porque “não há propriamente uma ideologia, agenda populista”, podendo funcionar
nos dois.

Alguns autores afirmam que o que é paradoxal é que o populismo tem como base o poder do
povo. Para outros, estes populismos são uma rutura com as instituições democráticas porque
são antipluralistas, partindo de uma representação do que é o povo (um todo homogéneo), só
podendo ser representado através do líder populista.

Kaltwasser afirma que, no fundo, o populismo tem dois inimigos: o elitismo (as elites) e o
pluralismo. Nem todos os antielitistas são populistas, mas os populistas são elitistas. É
complicado compreender que papel têm as constituições nestes processos porque, muitas
vezes, são alteradas, modificadas, para permitir certas modificações na forma como o poder é
exercido. É necessário perceber qual é a função destas constituições.

Alguns autores, críticos destes conceitos das democracias iliberais, afirmam que estes
populismos podem ajudar a refletir no que está a funcionar mal mas, como há a rejeição da
ideia de pluralismo, dificilmente serão compatíveis com democracias.
O populismo não é uma realidade do sec. XXI: também se encontra populismo no séc. XIX e
XX. A RELAÇÃO entre populismo e democracia é complexa: as forças populistas rejeitam as
minorias, tendendo a favorecer regimes onde a força do direito é enfraquecida e o poder
assenta em líderes fortes pouco limitados. É isto que nos diz Kaltwasser, que nos fala dos
controlos recíprocos do poder (checks and balances), havendo uma tensão entre o direito e a
democracia.

Para Cas Mudde, a cp deve estudar porque surgem estes movimentos populistas: as pessoas
podem sentir-se atraídas por ideias populistas porque estão descontentes com a política; por
outro lado, os líderes populistas tornam-se atraentes (por exemplo, nos meios de comunicação
social), sendo necessário entender, dos dois lados, os mecanismos populistas.

O referendo

É uma modalidade da democracia. O voto e o referendo são semelhantes. No voto escolhe-se


pessoas, no referendo os eleitores são chamados a escolher entre ideias – um e outro são
modalidades de sufrágio. Em Portugal, não se permite referendo em matéria constitucional.

Para alguns, a diferença entre plebiscito e referendo é apenas histórica (plebiscito associado
a regimes autoritários). Para outros, o critério não é apenas histórico, o referendo é de acordo
com os requisitos constitucionais.

Do ponto de vista de cp, podemos ter:

Quanto ao âmbito, referendos nacionais: faz sentido ouvir a comunidade política total.
Se a decisão afetar uma região em concreto, a consulta será feita apenas dentro dessa
região. Referendos nacionais, regionais e locais;
Quanto ao tipo de questão: matéria constitucional, matéria a decidir por ato
legislativo;
Quanto à convocação: obrigatórios ou facultativos. Em Portugal, por regra, é
facultativo;
Quem tem a iniciativa: quem pede e quem decide se é convocado ou não (apenas um
órgão do sistema político, governo, parlamento? Ou iniciativa popular?);
Quais são os efeitos do referendo: vinculativos (os órgãos políticos são obrigados a
promulgar aquele resultado); não vinculativos ou consultivo (os órgãos não são
obrigados juridicamente a concretizar o ato); não há sanção para quem não participa.

Em Portugal, o referendo foi encarado com alguma desconfiança. O referendo não estava
previsto na constituição original, só foi colocado em 1989 (art.º 115). Por fim, estão também
previstas as modalidades das regiões autónomas (art.º 232) e referendo local (art.º 240 e art.º
256).

Estudamos, sobretudo, o artigo 115. Lei nº 15-A/98 de 3/4.

A proposta faz-se em três fases: apresentação da proposta, quem decide convocar


(presidente).

Todos estes requisitos também estão referidos na lei orgânica do referendo. Há uma questão
mais bem explicada nesta lei – os efeitos do referendo. Em termos práticos, esta lei explica que
é necessária a criação da lei em 90/60 dias. O PR não pode recusar a ratificação do referendo
se este tiver sido vinculativo.
Em termos práticos, não se realizam muitos referendos.

PONTO IV

Um regime político é um tipo de forma política. Uns afirmam que traduz a ideia de direito
existente numa comunidade; outros dizem que tentam compreender qual a fonte de
legitimidade.

Tipos de governo

A forma de governo pode ser dividida em duas acessões: institucional ou complexa.

Os tipos de governo estudam-se na CP, e são uma forma de relacionar governantes e


governados. Ao longo das HIP, foram dadas várias classificações.

Atualmente, utilizamos a forma institucional de governo: de acordo com esta classificação


simples, contrapõe-se monarquia e república; tem em conta o chefe de Estado, consoante são
ou não eleitos. Esta distinção torna-se visível, sobretudo, a partir do séc. XX. Até ao séc. XVIII, a
monarquia era o governo de um só (governo de um, associado à ideia de uma pessoa que
governa por si próprio e detém o poder a quem os súbditos devem obediência).

As monarquias absolutas foram concentrações de poderes com muito poucas limitações.


Com as monarquias constitucionais (com uma constituição a limitar o poder), o titular do
poder é o povo, e há vários órgãos que governam para o povo. Assim, nesta altura, surge o
conceito de monarquia limitada ou monarquia constitucional. O monarca passa a ser um órgão
ao lado de outros órgãos. A legitimidade do chefe de Estado continua a existir, mas ele ou é
designado de forma hereditária ou de forma a ser designado por via eleitoral.

Ou o monarca é um órgão ao lado dos outros, o seu poder está limitado; nuns casos, o poder
está mais acentuado e, noutros, menos acentuado. Este princípio monárquico vai-se atenuado
e, em resultado, as monarquias e as repúblicas têm como principal diferença a forma de
designação do chefe de Estado.

Hoje em dia, contrapõe-se monarquia e república com base na legitimidade e no período de


cargo. Na república, o representante é eleito de forma eleitoral; na monarquia, o chefe de
estado é designado por via hereditária.

Associada a esta, temos o modo de exercício: numa monarquia, é tipicamente vitalício (a


menos que o chefe morra ou renuncie mantém-se no poder); em república, o chefe de Estado
é eleito por um determinado período predefinido.

Vantagens e inconvenientes

O chefe de estado em monarquia permite a estabilidade. Contudo, pode ser uma


desvantagem – as vantagens da monarquia podem ser vistas como os inconvenientes da
república. O povo não pode escolher os governantes na monarquia.

O mais compatível com o princípio democrático é a forma republicana de governo. Contudo,


pode-se contra-argumentar, dizendo que, atualmente, muitas monarquias têm chefes de
Estado monárquicos sem poder político efetivo. Este órgão é designado por uma via efetiva,
hereditária. Há quem olhe para a república como uma determinada forma de exercer o poder,
com eleições periódicas, respeito pelos Direitos Fundamentais e prestação de contas pela
forma como se exerce o poder. Assim, a república aproxima-se muito da democracia.

No entanto, no Estado Novo, tínhamos uma república que não era democracia.

Correntes republicanistas ou neorepublicanistas

O princípio do Estado laico é o princípio no qual as repúblicas são sistemas em que o Estado é
laico.

No art 288º, verificamos que é a forma republicana de governo a do nosso país. Não se usa,
na constituição, a denominação de “chefe de Estado”, mas “presidente da república”. Quem
pertenceu a uma família que reinou não pode ser chefe de Estado (algo que estava presente
na constituição de 1911, mas na de 76 não há nada semelhante, por causa do princípio da
igualdade). As pessoas não devem eternizar-se no poder (art.º 118) – separação temporal de
poderes (o poder não deve estar sempre concentrado na mesma pessoa, evitando que o poder
se concentre e que os titulares “abusem”, é uma técnica de limitação do poder). A única
exceção são os antigos presidentes da república no conselho de Estado.

Há quem entenda que continua a fazer sentido utilizar as formas de governo, mas de uma
forma mais complexa. Por exemplo, o prof. Jorge Miranda entende que, para classificarmos
uma forma de governo, temos de utilizar critérios já conhecidos: legitimidade, existência ou
não de separação de poderes e pluralismo e a representação política (perceber se as pessoas
participam no poder e estão representadas no poder). Atualmente, predominam formas de
legitimidade democrática. O poder pertence ao povo de forma a traduzir o que entende que
deve ser o governo: limitado e respeitando os direitos fundamentais. Durante muito tempo, a
conceção foi a de que o monarca era absoluto e devia governar porque era ele que sabia o que
era melhor para o povo.

Há entendimentos diferentes quanto à liberdade política e ao pluralismo. Há regimes que


reconhecem expressamente pluralismo e outros que não o reconhecem, como regimes
comunistas. Sabe-se que, em regimes totalitários e autoritários, há compressão do pluralismo.
O reconhecimento constitucional mostra esta ideia de alternância (quem, num determinado
momento, é maioria, pode não ser no momento seguinte – art.º 114/2). A própria constituição
dá direitos às minorias parlamentares importantes no funcionamento do parlamento.

Em relação à participação política, os sistemas podem permitir ou não a participação. As


democracias são tipicamente representativas, sendo através da eleição que se manifesta esta
representação. Para haver representação política, ela pode ser feita pelos partidos políticos,
isso pode afastar as pessoas do poder, porque sentem que há uma barreira entre elas e o
poder. Para haver participação política, são necessários direitos políticos, como o sufrágio e
liberdades em geral.

Por fim, a separação de poderes, princípio estudado desde Montesquieu, já não é


interpretada como era no autor. Com o desenvolvimento do estado social, esta separação de
poderes tornou-se mais complexa. Podemos ter a mesma função a ser desempenhada por
vários órgãos e um órgão a ter mais do que uma função (por exemplo, o parlamento português
tem a função executiva e legislativa, dividida entre parlamento e governo e parlamentos das
RAs). A mesma função está repartida por vários órgãos, e o mesmo órgão pode ter várias
funções. Faz todo o sentido continuar a estudar a ideia da separação de poderes, pois o poder
não deve ser concentrado e os órgãos controlam-se de forma recíproca. O núcleo fica lá, mas
tornou-se mais complexa. Por exemplo, os parlamentos são os órgãos legislativos por
excelência, e os tribunais têm, por excelência, a função de aplicar a justiça, embora possam
estar organizadas de uma forma mais complexa.

20/11/2023

É importante fazer a distinção entre formas de governo, sistemas de governo, formas de


eleição, etc.

Há uma distinção entre as funções presidenciais e de governo: o Governo tem dupla


responsabilidade política; face à AR, o Presidente tem o poder de dissolução (art. 133). O
artigo 187 diz-nos que a forma de criação do governo é a nomeação pelo Presidente da
República, com base nas últimas eleições. Este art.º 187 não permite ao PR nomear um
governo por si só.

A demissão não se confunde com a exoneração.

As leis que o governo faz são enviadas ao PR, que pode vetar ou aceitar. A promulgação está
contemplada no artigo 136, e no 278 fala-se em enviar a lei ao TC. Em relação ao PR, o
governo pode submeter alguns dos seus atos a referenda. O presidente tem mais poder em
relação ao governo do que vice-versa.

Para estar plenamente em poderes, o governo tem de ser aceite pela AR (art.º 188). Antes da
aprovação do programa, o governo limita-se ao estritamente necessário, não estando em
plenitude de funções, mas em gestão (governo de gestão, contemplado no 186/5). Só se o
programa for aprovado é que o governo fica em plenitude de funções.

Quem exonera o primeiro-ministro é o presidente da república (art.º 186). A aprovação de


uma moção de censura implica a demissão se for aprovada por maioria absoluta.

O parlamento também fiscaliza atos do governo e tem o poder de apreciação parlamentar.

Sobre a relação PR-AR, o PR não interfere no início da vida da assembleia, mas pode influenciar
o seu fim. De facto, a dissolução está no art.º 172. O Presidente pode ainda dirigir mensagens
à AR.

A AR certifica a tomada de posse; não é igual, mas é o paralelo no nosso sistema perante o
“impeachment”.

A CP diz-nos que a figura do PM se tem evidenciado ao longo dos anos, destacando-se em


relação ao próprio governo em termos políticos. Polsby diz que podemos ter parlamentos
transformativos e parlamentos arena.

Nos parlamentos arena, são importantes as reformas legislativas. Os partidos têm tendência
a serem os atores principais, e o papel do deputado apaga-se. O partido passa a ser mais
importante do que o deputado. Diz-se que os parlamentos funcionam mais como órgãos de
partidos do que de deputados, dando origem à “partidocracia” (o poder pertence ao partido),
diferentemente de democracia (onde poder pertence ao povo). Para alguns autores, o
parlamento português é essencialmente um partido arena.

Podemos pensar, com base nesta situação, se faria sentido revitalizar o papel do parlamento.

Também há variáveis ligadas à postura do presidente que afetam o governo. Há autores que
dizem que, durante o período da pandemia, o PR assumiu maior protagonismo, e o sistema
passou a ter uma prática mais presidencialista, e isto tem a ver com circunstâncias e
características do PR, pessoais, e não jurídicas.

Entre o partido e o presidente, o último não se assume como líder do partido, como
acontece, por exemplo, em França.

PONTO IV
Estudamos as normas, mas o sistema pode funcionar de formas diferentes consoante fatores:
por exemplo, o governo tem ou não maioria absoluta de apoio no parlamento? Como é vista a
figura do PM? Qual a relação entre o PR e os partidos?

Alguns autores, pegando nestes elementos, identificam vários períodos pós 25 de abril:
períodos de coabitação vs. coincidência de maiorias. A coabitação é um período em que a
maioria de apoio ao governo e ao PR não são a mesma. O PR pode ser de tipo antagonista ou
cooperante. Vitalino Canas, sobre sistemas de governo, ler: p

Para alguns autores, não faz sentido falar de coabitação em Portugal, pois só faz sentido
quando o PR se assume como líder da maioria partidária. No entanto, podemos continuar a
olhar para o sistema de governo e perceber se a maioria de apoio ao presidente é a mesma do
governo. Ao longo da história constitucional, tivemos os dois (governos de António Guterres
que coincidiam com Presidentes ou a experiência atual).

Quando o governo tem maioria absoluta, tende a governar o parlamento com estabilidade, e
o papel do PR tende a reduzir-se. Quando isto não acontece, há maior instabilidade, e o papel
do PR é maior. Se não há uma maioria absoluta clara em eleições, o PR pode nomear quem
quiser para haver estabilidade. O mesmo acontece em relação ao veto: se o presidente vetar,
devolve o diploma ao parlamento.

Os autores dizem que, quando não há maiorias absolutas, a componente do presidente


torna-se mais forte, e vice-versa. Há uma governamentalização, e o sistema tende a funcionar
como um sistema semipresidencialista de PM: sistema semipresidencialista de chanceler (na
Alemanha, o chanceler é o primeiro-ministro). A ideia é mostrar que, esses momentos, quem
lidera é a figura do PM.

Durante os estados de exceção, tipicamente quem fica com poderes reforçados é o


executivo.

No dia a dia da vida democrática, há maior pendor para o governo. Na CP, faz-se muito a
distinção entre dois tipos de sistemas semipresidenciais. É uma distinção de Shugart e Carey,
que falam dos sistemas (i) “semipresidencialistas premier presidenciais” e (ii)
“semipresidencialistas presidenciais parlamentares”.

Duverger dizia que os semipresidenciais assentavam na ideia de um estado eleito com(?)


O funcionamento dos sistemas políticos é muito variado, e os autores introduziram algumas
diferenças: que poderes tem o PR? Como se articula com a AR e com o Governo?

Nem todos os sistemas são iguais, e funcionam de formas diferentes. Podemos ver que
poderes o parlamento tem, consoante estão previstos e são exercidos.

(i) Sistemas de PM: avulta a sua figura, e o chefe de estado tem menos poderes que o governo;
o presidente nomeia o primeiro-ministro, que nomeia o governo, e o parlamento pode
destituir o governo e primeiro-ministro. É o parlamento que tem o poder de destituir o
governo, com moções de censura ou confiança.

(ii) Sistema de CE: o chefe de estado tem mais poderes (nomeação e demissão do governo) e
efetivamente o governo pode ser demitido quer pelo parlamento quer pelo chefe de estado. O
presidente e o parlamento podem demitir o governo.

Na versão inicial da constituição, o sistema nosso era o segundo, e o governo era duplamente
responsável; depois da revisão de 82, os poderes presidenciais foram atenuados: o presidente
continua a poder demitir o governo, mas em situações excecionais (184/2). Na verdade, quem
tem o poder de fazer cair o governo, verdadeiramente, é o parlamento.

Do ponto de vista jurídico, o governo pode ser demitido pelos dois. Do ponto de vista
político, o parlamento tem um poder forte de demissão do governo, ao passo que o presidente
só pode fazer cair o governo em circunstâncias excecionais. É por isso que muitos autores
dizem que temos o segundo sistema de governo. Esta é uma leitura que não corresponde à
realidade do que é dito na CRP.

Quanto à questão da diarquia do executivo, como se relaciona o PR e PM? Do ponto de vista


jurídica, não há diarquia. No entanto, alguns autores entendem que existe: o poder executivo
em Portugal tem duas cabeças: o governo e o presidente. Diferentemente do que acontece em
frança (o presidente e primeiro-ministro competem), isso não acontece em Portugal, pois o
líder da maioria parlamentar é o primeiro-ministro, e o presidente tem apenas poderes de
controlo. Esta é uma diarquia assimétrica, com pendor para a figura do primeiro-ministro. O PR
tem poderes importantes, como o veto (bloquear uma política governamental). Os autores
dizem que um desses é o poder da palavra: vir a público falar diretamente com as pessoas e
estabelecer uma relação direta com o eleitorado, numa espécie de ativismo presidencial. Isto
tem a ver com características presidenciais e com o papel que o PR tem a nível de
popularidade, o que pode fazer com que o presidente tenha mais capacidade de influenciar a
vida política (ou não).

No nosso semipresidencialismo, está claro que a figura do primeiro-ministro tem vindo a


destacar-se, que passa a ser não apenas um membro do governo, mas uma figura do órgão
colegial.

É importante: conhecer bem as normas e perceber como funcionam e têm funcionado ao


longo dos anos; é normal haver opiniões diferentes.

Sistema eleitoral
Vamos recuperar a ideia de representação, voltando ao tema da representação política. Em
democracias representativas, o poder pertence ao povo, que escolhe os seus representantes
através da eleição. Esta relação que se estabelece no momento da eleição é a relação de
representação política. Falamos em dois tipos de mandato:

(i) Mandato imperativo: que tipo de vínculo se estabelece entre os eleitores e eleitos? Se se é
eleito, tem se de fazer exatamente o que o eleitor pede e, se não o fizer, é destituído. Esta
figura é inspirada na conceção de Rousseau. A soberania não se representa, é do povo e
continua a ser do povo.

(ii) quando alguém escolhe um representante, têm de agir em nome do interesse público
mas podem afastar-se dos interesses particulares de quem os elegeu. A partir do momento em
que é eleito, tem de encontrar a melhor solução para o interesse público e vida institucional.
Este é o princípio que a constituição adota (152/2). A representação é essencialmente feita
através de partidos, mas alguns autores dizem que a representação foi capturada pelos
partidos e são eles que têm o poder. As pessoas participam no poder com o direito de sufrágio,
direito de petição direito de informação, ação popular, iniciativa legislativa, liberdade de
expressão e associação, etc., que são direitos muito importantes para a participação ativa das
pessoas na vida política.

Sufrágio

O direito que se destaca mais é o direito de sufrágio. O sufrágio é uma escolha de pessoas
(titulares de órgãos; eleição), de ideias (referendo).

Eleição e referendo são duas modalidades de sufrágio. Alguns autores dizem que “o sufrágio
é o direito político máximo”. Por sua vez, as eleições são essenciais para um regime ser
democrático. Contudo, não basta haver eleições. É preciso que elas sejam livres, competitivas
(diversas propostas em confronto), com prazos e eleição com voto democrático (livre,
democrático, direto).

Interessa estudar o sufrágio e olhar para as próprias eleições, percebendo como se


processam. Como se faz a campanha? Quem a financia? Como votam as pessoas? Quais são o
índices de abstenção e o que a explica?

O sufrágio é uma forma de designação de titulares de cargos políticos. há várias modalidades


de sufrágio: quanto aos sujeitos (a todos é universal, a alguns é restrito) ou critérios (quando
são sobre rendimentos ou impostos, é censitário; capacitário quando está relacionado com
habilitações literárias). Até ao início do séc. XX, o sufrágio era restrito, mas a partir dessa altura
foi-se globalizando o sufrágio universal.

Uma das restrições feita ao sufrágio era o género (as mulheres não tinham direito de voto e,
quando começaram a tê-lo, só a título excecional). A idade (entende-se por causa da
maturidade, não é uma discriminação, mas uma limitação; se o limite de idade fosse 30 anos,
não faria sentido).

A universalização do sufrágio fez com que mais pessoas votassem, e surgem assim os
partidos de massas. O sufrágio pode ser único, múltiplo ou plural. É único se cada eleitor tem
um voto (também chamado de simples). É múltiplo se a mesma pessoa vota várias vezes na
mesma eleição (tem tantos votos quanto as qualidades que a permitem votar: por exemplo,
votam os cidadãos, os titulares de determinado cargo, os estudantes e idosos, etc.; chegou a
vigorar na Grã-Bretanha). No plural, a mesma pessoa tem vários votos a seu cargo (alguém que
vota em seu nome e em nome dos seus filhos; chegou a existir na Bélgica). Se todos os
eleitores têm um voto igual, é o voto igualitário. O voto das pessoas, quando não vale o
mesmo, é o voto desigualitário.

Quanto ao exercício, o sufrágio pode ser obrigatório (com sanção caso não votem) ou
facultativo. A questão tem implicações jurídicas: a obrigação de votar é uma restrição do
direito de voto. Mas não parece ser essa a leitura da CRP, que consagra o direito de voto como
se fosse uma liberdade, um dever que não está associado a uma sanção. Há quem discuta se
devíamos ter sistemas de voto obrigatório.

Pode também ser corporativo (se é atribuído a um grupo e exercido por esse grupo), como
uma família. Não é o voto dado a cada pessoa, é um voto dado a uma pessoa porque ela
representa o seu grupo.

Pode ser uninominal ou plurinominal: o primeiro acontece se, quando votamos, votarmos
numa pessoa (num nome). Em cada círculo eleitoral, escolhemos uma pessoa. No entanto, os
círculos eleitorais em que vamos votar podem ter vários candidatos, e aí é o voto plurinominal,
que se pode exercer sem lista. Os candidatos podem ser apresentados pelo partido e o mais
votado elege os lugares, ou os deputados vão sendo eleitos na proporção de votos que tiver.
Se o partido A tiver metade dos votos, tem metade dos lugares. Aqui, os deputados são
apresentados a título individual, designados consoante o voto que o seu partido obtiver.
Assim, podem ser apresentados em lista fechada ou sem ser em lista. Neste caso, elegemos
deputado a deputado.

Esta classificação está relacionada com a das divisões eleitorais. O território está dividido em
zonas: divisões eleitorais. Círculo uninominal: elege-se um deputado para todas as zonas;
círculo plurinominal: elege-se vários deputados para cada zona.

Em Portugal, temos muitas normas de direito eleitoral. 48, 49 (sufrágio), 13, 113 (dedicado
ao direito), 288. Sabemos que a CRP adota um modelo de sufrágio universal, direto, periódico.
Também temos variadas leis em matéria eleitoral, a legislação eleitoral.

Capacidade eleitoral
A capacidade eleitoral traduz a possibilidade jurídica de participar em eleições; na CRP, é um
direito fundamental. A capacidade eleitoral diz-se ativa quando é o direito de eleger, e passiva
quando se é eleito. Os dois são, na CRP, direitos fundamentais: têm capacidade eleitoral
cidadãos portugueses e cidadãos portugueses residentes no estrangeiro, assim como
estrangeiros (art.º 15: permite o reconhecimento da capacidade eleitoral a estrangeiro em
eleições locais, estrangeiras, ou possibilidade de terem direitos políticos cidadãos que
beneficiem de acordos de reciprocidade). Há pessoas que não podem votar por serem
incapazes, pois não têm capacidade de exercer o direito de voto. No caso português, quem
não tem capacidade para votar são os cidadãos que possuem (i) incapacidade ativa e (ii)
incapacidade eleitoral passiva ou inelegibilidade. Estas inelegibilidades impedem as pessoas de
se candidatar, não devem ser confundidas com incompatibilidades (não pode exercer um
porque exerce outro). A incompatibilidade é temporária, a incapacidade é eterna. Por
exemplo, se aguem é eleito como deputado e é designado como ministro, tem de deixar de ser
deputado.

Estas regras podem resultar da CRP (123º), mas, em regra, resultam da legislação, variando
consoante as leis eleitorais. Um caso muito específico é a limitação de mandatos: nalguns
órgãos, como o PR, não pode ser indefinitivamente reeleito. Desde a revisão de 2004, art.º
118, a lei pode determinar limites à sucessão de cargos e dos mandatos. A lei 46/2005 de 29
de agosto estabelece limites à renovação de mandatos consecutivos aos presidente da Câmara
e Junta. Isto é uma manifestação do princípio da manifestação e da separação pessoal de
poderes.

O art.º 113/2 explica regras sobre o recenseamento eleitoral. É importante por uma questão
de segurança jurídica, assim como em termos de transparência. O recenseamento eleitoral é
oficioso, mas as operações de recenseamento estão mais atualizadas.

Quem não tem capacidade eleitoral: no art.º 2, pessoas que notoriamente apresentem
alteração grave de funções mentais. Isto está presente na Lei Eleitoral para a AR.
Inelegibilidades: o PR é inelegível para a AR; diretores e chefes de repartição e ministros de
religião (?).

Encontramos regulado o sistema de eleição na lei (art.º 16), e como se faz a conversão de
votos em mandatos. O sufrágio nas legislativas (art.º 79). Não se confunda a possibilidade de
votar antecipadamente para quem está mobilizado (art.º 79/A/B).

Quanto à representação política, como se organizam os sistemas para escolherem as


pessoas?

Sistema eleitoral
Um sistema eleitoral é um conjunto de regras e de procedimentos que governam a eleição
num determinado país. No sentido restrito, “a vontade dos eleitores traduz-se no resultado” e,
neste sentido, é também a vontade eleitoral.

Quem vota? Como está dividido o território em questão de voto? Quantos deputados vamos
eleger? Em listas abertas ou fechadas?

Há muitas alternativas, os resultados a que levam também são diferentes. P.e., como é que
os votos se traduzem em lugares? Nalguns sistemas, é o princípio maioritário (quem tem mais
votos fica com tudo). Há o princípio proporcional (os lugares são distribuídos de acordo com os
votos). Os sistemas também podem distinguir-se de acordo com os círculos eleitorais. Há
muitas possibilidades.

A primeira distinção é aos círculos eleitorais: todo o país funciona como um círculo eleitoral
ou estar dividido territorialmente em círculos eleitorais (parciais) ou os dois. Os círculos
eleitorais podem ser uninominais (um mandato) ou plurinominais (vários mandatos). O tipo de
círculo eleitoral pode condicionar o sistema eleitoral que adotamos. Por outro lado, se
tivermos um círculo único e o princípio da proporcionalidade, há maior facilidade. Quanto
maior o número de deputados que possam ser escolhidos, melhor é a proporcionalidade. A
forma como os círculos eleitorais estão desenhados não é indiferente.

A forma com que os círculos são feitos influencia as minorias. Este desenho ficou conhecido
como “gerrymander”. Simplificando, os círculos distinguem-se em círculos maioritários,
proporcionais e mistos. Os proporcionais visam que no parlamento as várias tendências sociais
e políticas estejam representadas da forma mais ampla possível. A maioritária pretende
estabilidade, conseguindo a formação de maiorias estáveis, tipicamente maiorias absolutas no
parlamento. Isto leva os autores a falar nas democracias maioritária ou consensuais, adotam
sistemas proporcionais. No maioritário, é eleito o que tem mais número de votos. Se ganhar a
maioria simples, é um sistema maioritário de uma volta (“first pass the post” ou “the winner
takes it all”). Às vezes, na primeira volta, tem de se conseguir a maioria absoluta e, se ninguém
conseguir, tem de haver uma segunda volta (sistema maioritário a duas voltas). Passam à
segunda volta os mais votados e, na segunda volta, ganha a eleição quem tiver mais votos. O
objetivo de exigir esta segunda volta é garantir estabilidade e, se reduzirmos o número de
pessoas que passam à segunda volta, impedimos a fragmentação. Este sistema funciona
normalmente com círculos uninominais, mas não tem de funcionar (nos plurinominais, a lista
que tiver mais votos leva os cinco).

27/11/2023

O objetivo da representação proporcional é que o parlamento seja o espelho mais fiel


possível das várias tendências sociais e políticas de cada país. Na representação maioritária,
queremos maiorias absolutas nos parlamentos, normalmente porque queremos governos que
sejam monopartidários ou com apoio monoprtidário forte. Se não for um partido, pelo menos
uma associação de partidos, tentando alcançar a estabilidade.

Isto leva os autores a falar em dois tipos de democracia:

Lijphart diz que podemos saber quem pode governar. Num sistema maioritário, adota-se se
uma maioria. Se a representação for o mais plural possível, é o minoritário. As democracias
maioritárias com maioria absoluta são chamadas democracias maioritárias. As democracias
consensuais ou consussociativas (??).

Nos maioritários, consideramos eleito quem tem maior número de voto expresso. A distinção
importante é se exigimos uma maioria simples (quem levar a maioria dos votos leva a maioria
dos lugares) – “plurality” – ou se exigimos maioria absoluta (se nenhum tiver maioria absoluta,
segue-se para uma volta) – sistema maioritário a duas voltas, “majority”. Podem continuar,
apesar de serem normalmente a duas voltas. Só passam tipicamente à segunda volta os
candidatos mais votados ou que atingirem determinado plafond de votos, para evitar a
fragmentação, induzindo, por exemplo, a coligações.

VOTO MAIORITÁRIO

Funcionam tipicamente com círculos uninominais, mas não há impedimento para que
funcione com círculos a mais para mais de um deputado.

Círculos uninominais. Normalmente, temos um círculo eleitoral, um deputado, um voto.


Estes candidatos são, normalmente, de um partido.

Esta não é a única forma de eleger deputados. Por exemplo, ainda dentro (…) o voto
alternativo ou preferencial: o eleitor ordena os candidatos, ou seja, tem o boletim de voto e
estabelece a sua ordem de preferências, assinalando a primeira preferência, ou ordenando
todos os candidatos, podendo haver mudança entre os candidatos. Estas preferências vão ser
levadas em conta: para cada candidato, quantas preferências teve?

Se um candidato consegue MA com as primeiras preferências, ele é logo eleito. No entanto,


se nenhum deles tiver MA, vamos ter de continuar, indo ao candidato que tendo menos
preferências, eliminando-o. Aquele cujas pessoas escolheram menos em 1º é eliminado, vendo
as preferências que estes eleitores escolheram. Redistribuindo estas preferências, se algum
conseguir a MA, está eleito. Se não o conseguir, vamos novamente ao menos votado, pegamos
nas preferências dele e distribuímos pelos candidatos. Alguns autores dizem que isto pode ser
um sufrágio a duas voltas ou não com o mesmo boletim de voto. Um sistema deste género é
utilizado, por exemplo, na Austrália, e acaba por favorecer a criação de coligações.

Mas o sistema maioritário também pode funcionar com círculos plurinominais. P.e.,
elegemos 5 deputados em lista bloqueada (o que lhes é apresentado é uma lista bloqueada, ou
seja, o eleitor não vai interferir no conteúdo das listas, a única coisa que vai fazer é escolher
uma lista ou outro). A lista com mais volta ganha. Pode ser preciso ir à segunda volta.

Há sistemas em que a lista é apresentada ao eleitor de forma incompleta, e quando o eleitor


vai votar o número de candidatos é inferior ao volume em eleição (no caso, seria menos de 5).
Aqui, faz-se a votação e ganha a lista mais votada. Cada lista apresenta ao eleitor 4 candidatos,
e a lista mais votada ganha. Assim, o outro lugar vai ser buscado a uma lista que não teve a
maioria. O objetivo é conseguir representar as minorias. A vantagem disto é a formação de
maiorias, dando oportunidade à lista que não ganhou de designar alguém.

A lista ainda pode estar completa e não ser composta: o “Panachage”. Neste caso, cada
eleitor vai compor a sua própria lista. A grande vantagem deste sistema é tentar personalizar o
voto, pois o problema é que as listas fechadas condicionam.

SISTEMAS DE VOTO INDIVIDUALIZADO

São sistemas em que os eleitores são chamados a pronunciar-se pode ser uma situação de
voto bloqueado, em que temos tantos votos quanto os mandatos a atribuir, mas cada pessoa
só pode dar um voto a candidatos diferentes.

Nos sistemas cumulativos, a pessoa pode dar todos os seus votos a um candidato, o que faz
com que um candidato maioritário consiga ter votos suficientes para ser eleita.

No sistema eleitoral proporcional, o objetivo é conseguir uma representação das diferentes


correntes de opinião, traduzindo no parlamento o peso que têm junto dos eleitores. O objetivo
é assegurar a proporcionalidade entre o peso social do partido e a sua representação. Nunca
se consegue fazer isto completamente. Em sistemas com grande enviesamento eleitoral. A
proporcionalidade não funciona muito bem. Há várias formas de fazer este sistema funcionar.
Quer-se estabelecer uma proporcionalidade entre votos e os lugares que as forças obtiveram.

Depois temos alguns mecanismos importantes. O grande problema do sistema proporcional


e que leva a muita fragmentação: se as coisas funcionarem com a lógica proporcional, vai ser
difícil haver uma decisão parlamentar. O grande risco é a instabilidade. Os mecanismos que as
pessoas costumam propor para contornar estes problemas. P.e., sabemos que, quanto
maiores os sistemas eleitorais, mais elevada será a proporcionalidade, aumentando a
possibilidade de pequenos partidos elegerem representantes. Se quisermos evitar a
representação de muitas forças no parlamento, pode diminuir-se a dimensão dos círculos
eleitorais. Podemos modificar as condições de acesso aos lugares, regras onde tem de se
estabelecer número mínimo de eleitores.
Em regras, estes sistemas estão associados a círculos plurinominais ou listas. Pode funcionar
num círculo eleitoral nacional, num círculo eleitoral regional, onde várias circunscrições têm
listas diferentes.

Os sistemas eleitorais proporcionais com listas têm de utilizar um mecanismo para atribuir os
mandatos correspondentes aos votos expressos. Estes mecanismos podem ser: sistemas do
quociente eleitoral e método do divisor comum (método de Hondt), usado em PT.

QUOCIENTE ELEITORAL

Temos 20k votos, 20 mandatos, como distribuir? Neste sistema, apuramos o quociente
eleitoral dividindo o total dos votos expressos pelo nº de mandatos. Depois, vamos aos votos
que cada partido teve e quantas vezes o quociente eleitoral cabe nesses votos.

CE com 5 listas

A: 30 000 – só leva um deputado

B: 45 000 – leva dois deputados

C: 5 000 – não leva deputados

D:

E:

O total é 90 000 votos. O quociente é dividido pelo nº de lugares a atribuir, 4. Isto dá 22500

SISTEMA DE DIVISOR COMUM

Este é um sistema onde identificamos divisores, adotando determinada lista de divisores.


Essa lista já está dada, e dividimos o nº de votos de cada candidatura por uma série contínua
de divisores, distribuindo os candidatos de acordo com as médias mais altas.

No método de Hondt, dividimos os votos que cada partido teve por 1, 2, 3, 4, etc.

Há outro método, como xx, que divide por 1, 3, 5, 7, etc.

Também temos o método imperiali, que divide por 2, 4, 5, etc.

CE 4 mandatos

85 000 votos

A: 30 000 – 15 000 – 10 000

B: 25 000 – 12 500 – 8 333

C: 21 000 – 10 500 – 7 000

D: 9 000 – 4500 – 3 000

O partido que teve menos esforço foi o mais votado.e ste sistema faz com que as listas mais
votadas consigam ter mais deputados. Este sistema é prejudicial para as minorias. Se
tivéssemos um empate entre a lista D e a A, podíamos utilizar vários critérios: quem tem um
mandato leva outro, para a estabilidade; normalmente, o adotado é o inverso: leva quem não
tiver um representante ou quem tiver menos.

O grande problema dos sistemas eleitorais é a dificuldade em representar as minorias.


Muitas vezes se tenta encontrar uma forma de representar estas minorias.

Um sistema proporcional muito utilizado no mundo anglo-saxónico: é o voto único


transferível. Não é bem um sistema proporcional, mas um misto. Os círculos são plurinominais,
mas cada eleitor vota num só candidato, e ordena-os de acordo com a sua preferência. Apesar
de ser proporcional de base, cada eleitor só vai escolher uma pessoa. Podemos ter
proporcionalidade a funcionar com círculos uninominais. Pasquino dá outro exemplo:

5 lugares no sistema proporcional com o quociente eleitoral (determinado número deve ser
atingido, imaginemos que é 5+1), e os votos que tiver a mais são distribuídos para os outros
candidatos de acordo com as preferências que os eleitores manifestarem. Os votos já não
necessários para eleger ninguém são redistribuídos para outros candidatos. Na prática, é
proporcional, mas para cada pessoa é um escrutínio uninominal, sendo mais um sistema misto
do que proporcional.

Os sistemas divisores não são indiferentes: o método de Hondt favorece os partidos


maioritários, e é o que favorece mais. É por isso que a referencia ao método de Hondt não
devia estar na CRP.

Começamos a falar de sistemas proporcionais que, de alguma forma, têm uma espécie de
corretivos: alguns autores chamam-nos dee sistemas mistos. É o caso do sistema alemão:
sistema misto/sistema proporcional corrigido.

É correto incluí-lo nos sistemas proporcionais, mas introduz-se um elemento maioritário.


Cada eleitor tem dois votos e apenas um boletim (nas assembleias). No mesmo boletim, usa
dois votos, porque da assembleia metade dos membros são eleitos por sufrágio nominal
maioritário e a outra metade, por escrutínio proporcional. Dos membros do parlamento, o
número mínimo são 598. A outra metade é eleita por maioritário e a outra por proporcional. O
voto 1 dos eleitores é o voto que usa para votar num candidato na sua circunscrição (o
território eleitoral está dividido em circunscrições e cada um escolhe um). O voto 2 é usado
para votar numa lista. A pessoa vota simultaneamente num deputado (sistema maioritário) e
numa lista (sistema proporcional).

Neste sistema, existe a cláusula barreira: fixação de um mínimo que os partidos têm de ter
para participar nas eleições. Evita a fragmentação, mas limita a possibilidade de os pequenos
partidos se apresentarem em eleições. O caso alemão é paradigmático: só têm representação
parlamentar os partidos que tiverem pelo menos 5% dos votos ou 3 candidatos nas
circunscrições, para evitar a dispersão de partidos no parlamento.

As duas eleições vao ter de se articular, e pode acontecer vários cenários.

Os candidatos nos uninominais e nos partidos. Se tiverem o mesmo número no voto 1 e 2,


está resolvido; se o número de deputados que elegeu através do voto 2 for superior aos
deputados do voto 1 (uninominal maioritário), temos de corrigir: fica com os votos que obteve
no escrutínio, mas vamos dar-lhes mais lugares (lugares adicionais) para que tenha os votos
completos que obteve no voto 2, acrescentando deputados até chegar ao resultado.
Se o partido teve mais votos no 1 do que no 2, o partido fica com os deputados que elegeu
através do voto 1, mas os outros partidos não podem ser prejudicados, pelo que o número de
lugares no parlamento seja aumentado para conseguir a proporcionalidade global. Tem 598
deputados, mas pode ter mais. Em 2021, chegou a mais de 700. Por isso, a proporcionalidade é
um corretivo. Não há limites para o número de deputados. Ele ainda é proporcional porque o é
de forma global. Nenhum partido perde deputados se obtiver mais num do que noutro, mas há
partidos que podem ter mais deputados para garantir a proporcionalidade global.

Estamos a eleger pessoas por círculos uninominais, então a ligação entre o eleitor e a política
é maior, vantagem dos círculos uninominais; também se garante uma proporcionalidade dos
lugares.

A verdade é que as pessoas votam mais por partido do que pessoa e, na prática, tem gerado
maiorias relativas e governos que precisam de coligações. Este sistema é proporcional, mas
alguns autores dizem que é um sistema misto (representação maioritária e proporcional), e
normalmente prevalece o lado proporcional ou o maioritário.

No Japão, havia um sistema misto com prevalência do sistema maioritário a uma volta. 3/5
dos deputados passam e os 2/5 são atribuídos em circunscrições com sufrágio de lista a
funcionar de forma proporcional.

Os sistemas também tentam encontrar formas de ajudar as minorias: listas incompletas (as
listas que os partidos apresentam estão incompletas, e é a pessoa que escolhe. Mas a lista que
ganhar só leva 4 deputados, e o sistema diz para quem vai este 1 voto; voto cumulativo: cada
eleitor tem tantos votos quantos mandatos o círculo elege, mas pode concentrar todos num
único candidato, e pode concentrar-se num candidato minoritário para que possa ser eleito.
Por exemplo, a nossa lei eleitoral diz que o mandato, em caso de empate, vai para a lista com
menos mandatos, tentando corrigir o sistema maioritário e proporcional.

Os sistemas leeitorais têm vantagens e desvantagem: as de um são as d outro. Na base, está


uma ideia diferente do que é a participação política: maioria vs. todas as ideias numa
osciedade. O sistema influencia o comportamento dos eleitores e sistemas de partidos, estão
relacionados com o sistema de governo (o parlamentar funciona de forma diferente consoante
o sistema; o maioritário favorece a formação de maiorias).

Por outro lado, nos semipresidencialismos, a eleição direta do PR e a forma como está
pensada também influencia o sistema. No sistema fr, o presidente tem uma ligação partidária,
ao contrário do caso português. Contudo, também é eleito por causa dos poderes que tem e
como forma de os legitimar. O tipo de sistema eleitoral tambmem se reflete nas condições de
governabilidade (capacidade de governação). Como vantagem, o maioritário evita a
fragmentação partidária. Os pequenos partidos raramente têm participação, e o sistema tende
para o bipartidarismo. Isto acontece nos sistemas de matriz britânica, que adotam muitas
vezes sistemas maioritários que favorecem bipartidarismos, e isto é visto como algo positivo.
Apesar de ser uma redução do pluralismo, é uma maior estruturação do sistema. Os
maioritários, como tendem a favorecer maiorias parlamentares, os sistemas têm apoio nos
parlametnos, sobretudo nos de maioria simples, que acabam por favorecer os grandes
partidos. É muito difícil que partidos pequenos fiquem com muias opções. É uma vantagem,
porque os proporcionais favorecem uam dispersão de partido nos parlamentos. Pode ser visto
como um problema, mas também como uma vantagem, pois o governo tem bases de apoio
mais transversais.
O caso português tem um sistema de apoio proporcional mas já gerou maiorias absolutas.
Muitos sistemas que não conseguem maiorias absolutas conseguem coligações que viabilizam
grandes reformas propostas pelo governo. Outra vantagem dos sistemas maioritários é que
promovem a moderação política, entende-se que os maioritários tendem a conquistar as faixas
centrais do eleitorado, porque não permitem representar partidos maioritários mais
extremistas ou nas pontas do espectro político.

O sistema proporcional tem a vantagem de conseguir um “Parlamento Espelho”, porque o


parlamento espelha a realidade das sociedades. É, no fundo, o sistema ideal para conseguir
uma assembleia à imagem do eleitorado. Isto não acontece nos maioritários: tem de haver
algum consenso, apoio e coligação de esforços para ganhar alguma volta. Mas nos sistemas a
uma volta isso não acontece. No proporcional, é o modo que temos de representar de forma
mais fiel o eleitorado, mas é impossível que isso aconteça 100%. O facto de não permitir criar
maiorias obriga a negociações entre partidos e forças políticas. É um sistema mais sensível às
mudanças de opinião, e traduz melhor sociedades com forças e correntes plíticas muito
diferentes. Acaba por favorecer a representação das minorias e evitar a formação de grandes
blocos partidários, o que também pode ser uma desvantagem (desfragmentação partidária e
não cria estabilidade). O que pode ser visto como vanagem é também o seu inconveniente.

Há mecanismos que permitem lidar com esta instabilidade: cláusula barreira (para se
conseguir ter um deputado no parlamento, é preciso uma representatividade mínima; ao fazer
isto, distorcemos a proporcionalidade; a CRP não permite cláusulas barreira, 152/1: a lei não
pode estabelecer limites à conversão de votos em mandatos). Na prática, há círculos eleitorais
em que os mais pequenos não conseguem eleger um deputado, relacionado com a dimensão
dos círculos eleitorais. Uma forma de controlarmos a fragmentação é ter círculos eleitorais
mais pequenos: há uma relação clara entre os partidos, o número de mandatos e a
representação e círculos eleitorais.

Outro mecanismo que permite controlar a estabilidade é a moção de censura construtiva: é


natural que os partidos queiram bloquear as propostas governativas e apresentar moções de
censura ao governo; às vezes, as legislações exigem que, quando se apresenta uma moção de
censura, se dê uma alternativa. Também se pode favorecer a cooperação entre partidos, que
facilita as coligações e reduz a fragmentação e dispersão. Um dos aspetos mais estudados tem
sido a relação entre sistemas eleitorais e sistemas de partidos.

Duverger diz que o sistema eleitoral que se adota e influencia o sistema de partidos. Ele
tentou perceber como funciona isso,e stabelecendo leis. Os sistemas eleitorais favorecem os
grandes partidos e reduzem o número de partidos que estão presentes. Mas Duverger
trabalhou esta relação de uma form amais profunda. Em 51, em “Les Partis Politiques”;
formula as leis de Duverger.

LEIS DE DUVERGER
São leis sociológicas que dizem que a repsetação maioritária a uma volta origina um
bipartidarismo perfeito rígiod, dois partidos independentes que alternam no poder.

Representação maioritária a duas voltas leva a multipartidarismo flexível, temperado por


alianças eleitorais, os partidos tendem a fazer coligações.

A representação proporcional leva a multipartidarismo com partidos rígidos e


independentes.
Estas leis foram muito discutidas e criticadas, mas podemos entendê-las não como leis mas
como tendências. Basta olhar para a experiencia portuguesa para perceber que podemos ter
representação proporcional em que há dois grandes partidos que acabam por se destacar.
Estas leis têm de ser adaptadas às circunstancias concretas de cada situação.

Um fator que infuencia muito é o sistema partidário: influencia o sistem eleitoral. Desde que
não olhemos para as leis de forma determinista, podemos continuar a utilizá-las para
identificar tendências nos sistemas eleitorais e de partidos.

--

SARTORI

Criticou asl eis, e diz uqe, para que um sistema maioritário a uma volta dê lugar a
bipartidarismo, é prciso que o sistema de partidos esteja bem estruturado e que não haja
partidos com potencial de coligação. Por isso, o uqe diz é que temos de levar em conta a
estutura do sistema de partidos. É preciso que os eleitores tenham um padrao de voto
semelhante. Se num círculo eleitoral houver um círculo mais pequeno com uma base de apoio,
pode ser eleito, e se acontecer em vários círculos eleitorais podemos ter uma força política
nova.

Chega mesmo a apresentar uma proposta de leis, mas também foi muito criticada.

Ano podemos olhar só para o sistema de partidos e eleitoral como diferentes.

O próprio Duverger ressalgou que a sua lei não se refere a sistemas eleitorais em que só dois
candidatos passam, pois este sistema não favorece nenhum formato partidário específico, o
que favorece é coligações.

DOUGLAS REA

A maior parte dos sistemas eleitorais favorece os grandes e prejudica os pequenos. A


proporcionalidade aumenta se os círculos eleitorais forem maiores. É preciso ver que
dimensão têm; quanto maiores forem, maior é a probabilidade de maior representação.

NOHLEN

Diz que os sistemas eleitorais são apenas um dos fatores que podem influenciar os sistemas
de partidos. Podemos apenas falar em tendências e não em leis. A tendência é que os sistemas
maioritários reduzam o número de partidos e os proporcionais representem vários partidos.
Por outro lado, por exemplo, a ideia da fragmentação partidária também depende do tipo de
ideologias, das circunstâncias culturais, religiosas e políticas de determinado estado. Isto
reflete-se no tipo de forças políticas e na forma como a representação se vai fazer. É um
elemento a ter em conta, mas não o último. Podemos usar as leis de Duverger não como leis
mas como tendências.

Princípios Eleitorais do Sistema Portugues


Não existe um código eleitoral, o que torna muito complicado compreender as normas
existentes que se aplicam às eleições. Grande parte estão previstas na constituição e outras
em leis avulsas. Há dois artigos muito importantes na CRP para compreendermos: o art.º 10 e
o art.º 113. Este retoma os princípios aplicáveis ao sufrágio, estabelece regras sobre o
recenseamento, princípios aplicáveis à campanha eleitoral, o dever dos cidadãos de colaborar,
regra geral de converter os votos em mandatos de acordo com a representação proporcional,
no ato de dissolução de órgãos colegiais que são eleitos têm de ser marcadas novas eleições
(princípio da estabilidade eleitoral), e o princípio do controlo jurisdicional.

Estes princípios acabam por se aplicar, em geral, a todos os atos eleitorais. Para alem destes
artigos, também temos o 118 (princípio da renovação), 288/h (limites materiais de revisão da
constituição, não podemos alterar o sistema de sufrágio), 49 (direito de sufrágio) e 50 (direito
a acesso a cargos públicos).

Conseguimos identificar um consjunto de princípios aplicáveis às eleições quanto ao eleitor e


às eleições em si (o procedimento eleitoral), que essencialmente estão no 113. Estes são os
princípios gerais, mas também temos previstos atos eleitorais (121 e seguintes, 148 e
seguintes, 239 autárquicas e 241 regionais). Estão também previstas as eleições europeias
(15/5). O TC entendeu que os princípios gerais de direito eleitoral também se aplicam às
europeias.

No 115, temos previsto o sufrágio do sreferendo. Estas matérias estão reguladas nas leis
eleitorais, aprovadas pela AR. No art.º 164, vemos que são matéria de reserva absoluta (o
governo não pode legislar, a AR não pode sequer autorizá-lo a legislar). Estas leis têm ainda
especificidades. As leis orgânicas revestem estas leis, ou seja (166/2), têm valor reforçado
(respeitadas por outras leis) e há uma série de especificidades no seu procedimento.

Um dos princípios relativos ao direito eleitoral é o do recenseamento. 113: é oficioso


(promovido pelas autoridades), permanente e único, 121, no que diz respeito ao voto de
portgueses no estrangeiro.

A regra que podemos retirar é oficioso, permanente e obrigatório e único.

Novo regime jurídico do recenseamento eleitoral


(Lei 13/99)

No caso dos eleitores portugueses residentes no estrangeiro, o recenseamtno é voluntário,


podem cancelar a inscrição. É isso que resulta do art.º 3. Esta questão remete-nos para outra:
o sufrágio. Afinal, quem vota? À partida, todos os cidadãos votam, sendo inidiferente que
estejam no território ou não (art.º 14 CRP). Podem exercer os direitos e estão sujeitos aos
deveres, pelo que temos o voto externo ou de emigrantes. São pessoas que estão
permanentemente no estrangeiro, com residência. A regra é que estas pessoas podem votar.
Quando Portugal adotou esta postura, era o princípio da territorialidade. As coisas alteraram-
se: as pessoas podem não estar cá mas manter o interesse: a pessoalidade.

Esta possibilidade de votar no estrangeiro levanta alguns problemas: todos somos cidadãos,
mas uns estão cá e outros não, e quem não está não deve participar na nomeação dos órgãos
políticos.

O que se entende é que as pessoas podem estar fora e manter o interesse. Se estão fora, não
sabem o que se passa”: atualmente, com tanta informação e articulação nos órgãos das
comunidades portuguesas, a informação passa, e as pessoas podem ter interesse em participar
na designação dos órgãos.

A opção portuguesa foi sempre a de reconhecer o voto externo: temos grande níveis de
emigração. Na versa original, esta possibilidade não era permitida para nas eleições
presidenciais. Ainda assim, o que acontece é que temos o voto externo nas legislativas e
presidenciais mas não o temos nas autárquicas ou regionais, e continua a haver uma diferença.

Como é que as pessoas votam? Por regra, é presencial. No entanto, para quem está fora,
votar presencialmente pode implicar andar quilómetros até poder votar. Tem-se discutido a
forma como as pessoas votam, permitindo outras formas de voto.

VOTO POSTAL: já é admitido nas legislativas, mas não nas presidenciais.

VOTO ELETRÓNICO

Muitas vezes, a rede diplomática é muito má (poucos postos onde se pode votar), só se
admite o presidencial. E o voto postal funciona com muitas dificuldades (é admitido com
muitas reservas). Para garantir o exercício do voto, não faria sentido falar no voto eletrónico à
distância através de uma aplicação?

Temos a situação contrária: estrangeiros que residem em Portugal: podem votar em


condições de reciprocidade nas autarquias locais, em eleições ao parlamento europeu se
estiverem abrangidos numa igualdade de direitos políticos (ex.: Brasil). Este é o princípio da
equiparação. A única questão é que, votando nas nossas eleições, não participam nas outras.
Temos as duas situações. Temos de determinar de que forma é que isso é relevante para dar
direitos políticos.

No caso português, temos um sistema eleitoral maioritário a duas voltas, no PR (121 e


seguintes). 126: estabelece o sistema eleitoral. Um aspeto importante é a proposição das
candidaturas: propostas por cidadãos eleitores, a ligação do presidente é ao seu eleitorado, é
daqui que resulta a sua legitimidade.

Para a AR, temos previsto o sistema eleitoral proporcional (art.º 149): círculos eleitorais
geograficamente estabelecidos na lei, assegurando a representação proporcional e o método
da média mais alta em Hondt. O número de deputados é proporcional ao número de cidadãos
e eleitores nele inscritos. As candidaturas são apresentadas em partidos políticos, e as listas
podem apresentar independentes. Os residentes no estrangeiro podem optar por votar por
correspondência ou presencialmente. Segredo de voto também está contemplado.

Lei da Paridade
Se introduzirmos medidas para garantir minorias, estamos a discriminar? É preciso distinguir
entre igualdade formal e material/real. Para alguns, isto é um privilégio; para outros, é uma
diferenciação, que podem e devem existir se forem justificadas. Se queremos que a
participação corresponda à realidade portuguesa, devíamos ter mais mulheres em lugares
políticos do que temos. Olhamos para o princípio da igualdade a tratar de forma diferente com
base nessa característica.
A participação política é uma forma de garantir que as pessoas são ouvidas. No art.º 109, a
lei deve promover, mandando o legislador tomar medidas na ação positiva. Este artigo autoriza
e até impõe estas medidas. A lei que temos é a lei da paridade. As listas são compostas de
modo a assegurar a representação equilibrada. Foi alterada em 2019: as listas de candidaturas
são compostas de modo a assegurar a paridade (40% de cada um dos géneros). Se isto não for
cumprido, a lista é rejeitada.

Ao usarmos a palavra “paridade”, estamos a respeitar a liberdade formal, e dizemos que tem
de haver uma composição equilibrada, e visa afastar a ideia do privilégio. Em termos práticos,
sabemos que o objetivo é promover a participação política das mulheres.

Esta lei é uma restrição para os partidos, que também têm direitos fundamentais, por isso,
esta lei também é uma opção que o legislador tomou para promover a participação política.

A CRP estabelece, no art.º 9, que é tarefa fundamental do Estado (c e f), mas no art.º 109,
estabelece que a participação ativa (ler o artigo).

FIM DA PARTE DO SISTEMA ELEITORAL

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