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Introdução ao Direito – Ano letivo 2022/23

Ficha de trabalho n.º 1

1. Flora e Firmino são ativistas de uma associação que pretende promover os valores da
família tradicional. A Associação está a organizar várias iniciativas para demonstrar que a
legislação que permite a adoção por casais homossexuais é imoral e contrária aos interesses
das crianças. Uma das iniciativas é uma manifestação em frente à Assembleia da República.
Flora e Firmino pretendem que a sua filha Esmeralda, de 16 anos, participe na manifestação.
Esmeralda recusa-se por discordar do objetivo da manifestação, “que considera imoral por
ser atentatório da igualdade”, alegando ser favorável à legislação aprovada. Flora e Firmino
invocam o dever de obediência dos filhos aos pais. Quid iuris?1

2. O Diretor Clínico de um Hospital da Região da Beira Baixa declarou que, “por razões de
profunda convicção humana e ética”, a referida instituição se afirmava, com efeitos imediatos
e nos termos constitucionais e legais, como objetora de consciência relativamente à prática
de quaisquer atos respeitantes à eutanásia. Tendo por base as relações entre o Direito e a
Moral e os contornos jurídicos do direito à objeção de consciência, pronuncie-se
sobre a referida declaração.2

3. A é estudante de Medicina Veterinária. Uma das unidades curriculares que tem de


frequentar este ano prevê, entre as atividades a desenvolver pelos estudantes para a respetiva
avaliação, a vivissecção de animais. A é vegan e é firmemente contra todas as atividades de
experimentação com animais. Integra a Associação “Animal” e tem-se manifestado
recorrentemente contra as touradas. A pretende ser dispensado das referidas atividades de
vivissecção. O docente responsável, por sua vez, entende que estas são indispensáveis para
cumprir os objetivos e atingir as competências definidas para a unidade curricular. Quid
iuris?

4. Na sequência de um acidente na madrugada do dia 18 de maio de 2013, na Rua Dr.


Roberto Frias, no Porto, a polícia submeteu B ao teste-regra para deteção do “estado de
influenciado pelo álcool” (artigo 7.º do Regulamento de Fiscalização da Condução sob
Influência do Álcool, anexo à Lei n.º 18/2007, de 17 de maio) – o teste de ar expirado.
Acontece que a análise pelo sopro foi frustrada. Ora, o Código da Estrada determina, no n.º

1 Retirado do exame final de época de recurso de 04.07.2016.


2 Retirado do exame final de época normal de 22.05.2018.

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8 do artigo 153.º que “[s]e não for possível a realização de prova por pesquisa de álcool no
ar expirado, o examinando deve ser submetido a colheita de sangue para análise ou, se esta
não for possível por razões médicas, deve ser realizado exame médico, em estabelecimento
oficial de saúde, para diagnosticar o estado de influenciado pelo álcool”. Uma vez verificada
a impossibilidade de recorrer ao exame do teste de ar expirado, a polícia solicitou a B a
realização do exame de álcool no sangue, o que B recusou invocando professar a confissão
religiosa “Testemunhas de Jeová”, cujo credo determina a inviolabilidade do sangue humano.
B invocou o seu direito à objeção de consciência, assente na garantia da liberdade religiosa.
Quid iuris?3

3 Baseado no Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, proc. 68/13.0GTSTR.E1, de 21.10.2014.

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