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testemunhas de Jeová
1 de dezembro de 2010
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Apresentação
Há algum tempo surgiu uma veemente discussão em relação à transfusão de sangue e a sua
relação com as Testemunhas de Jeová, religião que não aceita esse determinado
procedimento médico por interpretação de algumas passagens da Bíblia.
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Após analisar todos os argumentos em relação a esse assunto, me posicionei a favor da
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transfusão de sangue em pacientes (devotos da citada religião) mesmo contra a vontade
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deles, pois a Lei pode responsabilizar o médico por omissão de socorro se o paciente vier a
falecer e o direito à vida é o principal dentre os fundamentais.
A polêmica desse assunto faz com que haja certos cuidados na expressão do ponto de vista,
e, pelo fato de não me julgar o dono da razão, peço desculpas se causar algum
constrangimento, mas deixando bem claro que tudo que será apresentado no artigo, e que
não seja fruto de estudos, é mera opinião do autor.
Não direi que tal ato está certo ou errado, mas mostrarei as minhas razões com base em
argumentos respeitáveis.
Introdução
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas
liturgias;
Na constituição de 1969, havia além desses ditos, no mesmo artigo, um trecho que exigia a
boa-fé e bons costumes. Muitas pessoas acreditam que se houvesse esse trecho na atual
Constituição, não haveria espaço para a discussão, sendo que não seria discutível a
autonomia do paciente nesse caso, preservando-se os bons costumes.
A base religiosa que as Testemunhas de Jeová alegam para não permitirem ser
transfundidos é obtida em alguns textos contidos na Bíblia.
“Todo animal movente que está vivo pode servi-vos de alimento. Como no caso da
vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com sua alma – seu sangue – não
deveis comer”.
“Quando qualquer homem da casa de Israel ou alguém residente forasteiro que reside no
vosso meio, que comer qualquer espécie de sangue, eu certamente porei minha face contra
a alma que comer o sangue, e deveras o deceparei dentre seu povo”.
Existe mais uma citação, ainda neste mesmo sentido nos atos dos Apóstolos (15: 19 – 21).
Em minha opinião, a interpretação desses trechos bíblicos foi feita erroneamente,
principalmente por se tratar de acontecimento e épocas bem diferentes, sem questionar a
veracidade da Bíblia, mas ainda assim achando que o assunto dessas passagens seja outro.
Aspectos Jurídicos
Em princípio, ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei (Constituição Federal, art. 5º, II). Quem violar tal direito individual comete o
crime tipificado no art. 146 do Código Penal (constrangimento ilegal).
Constrangimento ilegal
Artigo 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda:
Aumento de pena
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime,
se reúnem mias de três pessoas, ou há emprego de armas.
Para defender esse posicionamento, além da lei, o argumento utilizado é o de que a vida é
um bem maior, tornando-se a realização do ato médico um dever de primeira importância.
Este posicionamento tem respaldo inclusive no Código de Ética Médica.
“Art. 46 – (É vedado ao médico) efetuar qualquer procedimento médico sem o
esclarecimento e o consentimento prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo
em iminente risco de vida”.
Se o ato for de extrema necessidade deve a vontade do paciente ser respeitada, não se
realizando a transfusão. Uma possível alternativa de resolução deste conflito moral é a de
transferir o cuidado do paciente para um médico que respeite essa restrição de
procedimento.
Também, independentemente de religião, caso a família passe a entender que houve “erro”
médico, e o paciente vier a falecer, o médico poderá sofrer a responsabilização civil, nos
termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Conclusão
Assim, com base no exposto, defendo a tese de que, pelo fato de a “vida” ser o principal
direito fundamental previsto em nossa constituição, a transfusão de sangue deve ser
realizada mesmo contra a vontade do paciente, vez que o médico poderá ser
responsabilizado, tanto criminalmente quanto civilmente.
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