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Hemoterapia

Internato de Urgência e Emergência 2


Docentes: Dra Adriana
Dr Gabriel Matos
Discente: Eliane Coelho
DEFINIÇÃO
‘Define-se por hemoterapia o conjunto de
procedimentos que compreendem a transfusão
de hemocomponentes e hemoderivados como
terapia de suporte aos pacientes’
TESTES
PRÉ TRANSFUSIONAIS

Os Testes pré-transfusionais tem como objetivo


fundamental garantir a compatibilidade sanguinea
entre o receptor e o dodor, a fim de que os
componentes transfundidos tenham sobrevida
aceitável e não causem dano ao receptor.
GRUPOS SANGUÍNEOS E FATOR RH
BOLSA DE SANGUE

Uma bolsa de sangue


pode beneficiar até três
pessoas, isto porque o
sangue é dividido em
vários produtos:
Os hemocomponentes
(hemácias, plaquetas,
plasma e criopecipitado)
e hemoderivados.
HEMOCOMPONENTES
Produtos originados do
processamento do
sangue total.

HEMODERIVADOS
O s produtos obtidos pelo
fracionamento do plasma,
produzidos em escala
industrial.
HEMOCOMPONENTES

IND IC AÇ ÃO

Nenhum critério isolado deve ser utilizado para


definir uma transfusão! Não se deve basear só
em níveis de Hb/Ht, mas principalmente em sinais
e sintomas. É o paciente, e não o nível de
hemoglobina que precisa ser tratado
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS
INDICAÇÕES

Hemorragia Aguda
- Perda volêmica > 30% (> 1 .500 ml paciente 70 kgs)
- Perda volêmica > 1 5% ( > 750 ml paciente 70 kgs) com instabilidade hemodinâmica, anemia
pré existente, hemorragia persistente ou comorbidades

Pré Operatório
- Hb < 8g/dL ou Ht < 24% se perda sanguínea prevista > 250 ml/h ou > 1 L, Distúrbio da
hemostasia
- Hb < 1 0g/dL ou Ht < 30% se paciente com comorbidades
- Hb <7 g/dL ou Ht < 21 % em todos os casos

Anemia
- Hb < 7 g/dL ou Ht < 21 % - pacientes previamente hígidos e com anemia descompensada
- Hb < 9 g/dL ou Ht < 27% - pacientes com comorbidades (cardirespiratória ou cerebrovascular)
CH
CONTRA-INDICAÇÕES
- Para promover aumento da sensação de bem estar
- Para promover a cicatrização de feridas
- Profilaticamente (exceto nos casos indicados em pré operatório)
- Para expansão do volume vascular quando a capacidade de transporte de O2 estiver
adequada
DOSES
- 1 unidade de CH com reavaliação clínica e dos níveis de hemoglobina após a
transfusão, exceto em casos de hemorragia aguda.
- Transfusão de mais de um CH em pacientes sem sangramento agudo quando os níveis
de hemoglobina estiverem abaixo de 4 g/dL.
- A transfusão de 1 unidade de CH deve aumentar a Hb em aproximadamente 1 g/dL, e o
Ht em aproximadamente 3%.
LIMIAR PARA TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS

8-10 g/dL
Síndrome
10 g/dL coronariana aguda 8 g/dL
Pacientes sintomáticos Doença arterial
coronariana preexistente

7 g/dL
Pacientes em UTI
7 g/dL 7 g/dL
Sangramento gastrointestinal Pacientes com choque séptico
(hemodinamicamente estáveis)
PLASMA FRESCO
CONGELADO
* Contém níveis hemostáticos de todos os fatores de coagulação (inclusive fator V e VIII),
fibrinogênio, proteínas, sais minerais e carboidratos.
*Dose terapeutica de 1 0 a 20 ml/kg - paciente de 60 kgs de 600 a 1 .200 ml (3 a 6 bolsas/dia)
devido sobrecarga volêmica.

INDICAÇÕES DE PFC
Nas seguintes situações, se houver sangramento ativo ou se o paciente for submetido a
procedimento invasivo e tiver INR > 1 ,5 ou TTPa > 55 seg.
- Intoxicação por cumarínicos
- Insuficiência hepática
- CIVD
- PTT (púrpura trombocitopênica trombótica)
- Coagulopatias hereditárias (exceto Hemofilia A)
CONTRA INDICAÇÕES
DE PFC

- Como expansor de volumes


- Como fonte de proteínas
- Sangramento sem coagulopatia
- Imunodeficiência
- Sepse
PLASMAFÉRESE

A plasmaferese é um processo de
remoção de elementos do plasma
sanguíneo que possam ser responsáveis
por algumas doenças. A indicação mais
comum é para remoçao de anticorpos e
complexos autoimunes que estejam
atacando órgãos do própio corpo.

O Plasma é a parte líquida do sangue, que ajuda a


transportar células sanguíneas, plaquetas e outras
substâncias (anticorpos e nutrientes) por todo o
PLASMAFÉRESE
O filtro usado é capaz de remover o
plasma e com ele as substâncias que
causam doenças mas também as
benéficas. Como o plasma é essencial ao
sangue, um volume de plasma fresco ou
soro albuminado identico ao que vai ser
retirado deve ir sendo reposto por
transfusão.
Cad sessãoa dura em torno de 2 hs e
pode ser feito diariamente ou em dias
alternados, até resolução do caso.
CONCENTRADO DE
PLAQUETAS
- Cada unidade de CP aumenta a contagem plaquetária em 5.000 ml (paciente 70 kgs)
- Dose: 1 unidade a cada 1 0 kgs de peso, variando de 6 a 1 0 unidades
- Transfusões repetidas podem gerar formação de anticorpos “anti-plaquetas”
- Contra indicado na PTT por aumentar formação de microtrombos

INDICAÇÕES TERAPEUTICAS DE CP
- Presença de sangramento ativo e pelo menos 1 dos abaixo:
- Plaquetas < 50.000/mm3
- Disfunção plaquetária provável (TS >1 2 seg, uso de anti plaquetário)
- Pós operatório de cirurgia cardíaca com CEC + plaquetas < 1 50.000/mm3
INDICAÇÕES
PROFILÁTICAS DE CP

- Procedimento invasivo com plaquetas < 50.000/mm3


- Neurocirurgia ou cirurgia oftalmológica com plaquetas
< 1 00.000/mm3
- Pacientes pós quimioterapia ou com leucemia ou com
anemia aplásica
- Plaquetas < 1 0.000/mm3 sem febre ou pequenos
sinais hemorrágicos
- Plaquetas < 20.000/mm3 com febre ou pequenos
sinais hemorrágicos.
CRIOPRECIPITADO

- Derivado do PFC
- Rico em fibrinogênio, fator VIII, fator WB, fator XIII e fibronectina
- Dose: 1 unidade/1 0 kgs

INDICAÇÕES DO CRIOPRECIPITADO

- CIVD com fibrinogênio < 1 00 mg/dL e sangramento ativo


- Deficiência do fator XIII
- Hipofibrinogenemia (< 1 00 mg/dL) ou disfibrinogenemia congênita
nos sangramentos ativos ou procedimento invasivos/cirúrgicos.
HEMODERIVADOS
NOME INDICAÇÃO

● Paracentese
● Reposição em plasmaféreses
terapêuticas
● Prevenção da sínd de
hiperestimulação ovariana
ALBUMINA HUMANA
1 20%
● Cirrose hepática
● Sindrome nefrótica
● Grandes queimados
● Pós operatório de transplante
hepático se albumina < 2,59%
HEMODERIVADOS

NOME INDICAÇÃO

CONCENTRADOS DE
2 FATOR VIII
Hemofilia A

CONCENTRADO DE
3 FATOR IX
Hemofilia B

COMPLEXO PRÓ- Deficiência isolada ou conjunta


4 TROMBÍNICO dos fatores II, VII, IX e X
HEMODERIVADOS

NOME INDICAÇÃO

Doenças de fundo
imunológico PTI, Guillain
5 GAMAGLOBULINA EV
Barré. Deficiência conjunta ou
adquirida de gamaglobulinas

Prevenção de sensibilização
6 GLOBULINA ANTI RH
contra o antígeno RhD
REAÇÕES
TRANSFUSIONAIS
“O paciente deve ser observado por pelo menos 5
minutos após o início da transfusão”
“Quando feita em ambulatório observar o paciente por
mais 30 minutos antes de liberá-lo”
“O tempo de infusão deve ser de no máximo 4 hs”

As reações transfusionais podem ser classificadas em:


● Imediatas (até 24 horas da transfusão) ou
Tardias (após 24 horas da transfusão),
● Imunológicas ou Não Imunológicas.
REAÇÕES
TRANSFUSIONAIS
AGUDAS
- O s sinais e sintomas mais comuns são febre, calafrios, prurido e urticária.
- Desconforto respiratório, hemoglobinúria, alteração da consciência,
hipotensão, dor abdominal, icterícia, sangramentos e oligoanúria são
achados sugestivos de reações ameaçadoras à vida.
- O s sinais e sintomas iniciais de uma RTA não distinguem as condições
benignas, como urticária, hipotermia, hipocalcemia, hemólise não imune e
reação febril não hemolítica, daquelas graves, tais como TRALI, TAC O ,
reação hemolítica aguda, sepse e anafilaxia.
RTA
REAÇÃO HEMOLÍTICA AGUDA
● Incompatibilidade ABO
● Febre, calafrio, ansiedade, dor torácica, hemoglobinemia/hemoglobinúria (IR A),
taquicardia, taquidispneia, flush facial, choque e sinais de CIVD .
● Letalidade em torno de 40%
● Tto: suspender transfusão, hidratação vigorosa, manter diurese > 1 00 ml/h, suporte
hemodinâmico e respiratório.

REAÇÃO FEBRIL
● Mais comum após transfusão de plaquetas
● Febre, calafrios e mal-estar.
● Tto: suspenção da transfusão e antipiréticos

HIPERVOLEMIA
● Habitualmente em pacientes com IC e Insuficiência Renal
● Dispneia, hipertensão, EAP, taquiarritmia, cefaléia, hipoxemia.
● Tto: suspender transfusão, diuréticos, elevar decúbito, suporte cardiorrespiratório
RTA

REAÇÃO ALÉRGICA
● Mais comum na transfusão de PFC e plaquetas.
● Quadros mais graves em pacientes com deficiência hereditária de IgA.
● Prurido, urticária, broncoespasmo, raro edema de glote e choque anafilático
● Tto: suspender transfusão, anti-histamínico, se reação grave adrenalina e corticóide.
● O BS: é a única reação em que pode retomar a transfusão após reversão dos sintomas,
se reação leve.

CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
● Yersinia enterolitica é o agente mais comum pois resiste a baixas temperaturas.
● Maior chance nos concentrados de plaquetas que são armazenadas em temperaturas
mais elevadas.
● Febre, calafrios, hipotensão e choque.
● Tto: suspender transfusão, antibioticoterapia, suporte pressórico
RTA

TRALI (Injúria Pulmonar Relacionada a Transfusão)

● Reação aguda rara, mas com alta taxa de mortalidade 1 3 a 21 %


● Lesão pulmonar aguda/síndrome do desconforto respiratório agudo nas
primeiras 6 horas pós-transfusão
● Fator de risco: hemocomponente com alto volume de plasma e doadoras
multiparas
● Hipoxemia e infiltrado pulmonar novo, secreções respiratórias espumosas
róseas, febre e hipotensão
● Tto: suspender transfusão, oxigênio suplementar e suporte com ventilação
mecânica protetora.
RTA
TACO - Sobrecarga Circulatória Relacionada à Transfusão

● Reação relativamente frequente (1 % ou mais dos indivíduos transfundidos)


● Dispneia e ortopneia em paciente com insuficiência cardíaca conhecida ou não,
Hipertensão, taquipneia, taquicardia, estertores crepitantes (EAP)
● TAC O deve ser considerada em qualquer paciente que se apresente com
desconforto respiratório ou hipertensão nas primeiras 6 horas seguintes à
transfusão
● Tto: otimizar a diurese, suplementação de oxigênio a pacientes hipoxêmicos,
suporte ventilatório não invasivo e, raramente, invasivo.
● O risco de TAC O pode ser reduzido ao se evitar rápidas taxas de transfusão. A
taxa rotineira aproximada de 2 a 2,5 mL/kg/hora que pode ser lentificada para 1
mL/kg/hora.
REAÇÕES
TRANSFUSIONAIS
TARDIAS
REAÇÃO HEMOLÍTICA TARDIA
● 2 a 1 0 dias após a transfusão.
● Febre, icterícia, reticulocitose e Coombs direto positivo
● Tto: monitorização do Ht e nova transfusão, se necessário.

PÚRPURA PÓS TRANSFUSIONAL


● Principalmente na transfusão de CH.
● Plaquetopenia com ou sem sangramento 5 a 1 0 dias após a transfusão.
● Tto: imunoglobulinas se plaquetopenia severa ou sangramento ativo.

DOENÇAS INFECCIOSAS
● Hepatite B e C, HIV, HTLV, sífilis, doença de chagas, malária, doença
de creutzfeldt-jakob, citomegalovírus, parvovírus B1 9
● Tto: tratar a doença adquirida.
PROCEDIMENTOS NAS
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
Quando houver suspeita de Reação Transfusional, as seguintes ações
devem ser desencadeadas junto ao leito do paciente:
- Interromper imediatamente a transfusão
- Conservar o acesso venoso
- Notificar o médico do paciente e o banco de sangue
- Verificar sinais vitais
- Examinar todas as etiquetas, registros, conferindo novamente os
dados do paciente com os dados da unidade de sangue ou
componente em uso
- Encaminhar a bolsa utilizada ao banco de sangue
REFERÊNCIAS
ALVES, C. et al. Transfusão de hemocomponentes na
urgência. Rev Med Minas Gerais, v. 20, n. 2, Supl. 1 , p.
S82-S86, 201 0.

BRASIL. MINISTÉR IO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Especializada e
Temática. Guia para o uso de hemocomponentes [internet].
201 5

JÚNIO R , Bonequini et al. Elaboração do manual de


transfusão sanguínea do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Botucatu-HCFMB para médicos.
201 7

VELASC O , Irineu Tadeu et al. Medicina de emergência:


abordagem prática, 1 5 ed. 2022

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