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da captação de
doadores à transfusão
de hemocomponentes
UNIDADE 3
A transfusão de
hemocomponentes
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Agora que você já conhece alguns conceitos básicos relacionados à
transfusão, você saberia responder, baseado na nossa situação proble-
ma, quem decide se Carlinhos deve ou não transfundir?
Essa decisão cabe ao médico! Sua indicação sempre deve ser baseada
em uma análise cuidadosa, levando em consideração a avaliação crite-
riosa do paciente, suas características particulares, o tratamento e os
procedimentos aos quais está sendo ou será submetido, bem como os
resultados dos seus exames laboratoriais. Atenção! Os exames labora-
toriais são importantes, entretanto, isoladamente, são insuficientes para
definir o uso racional das transfusões.
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TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO
DE PLAQUETAS (CP)
Os CP são utilizados para controlar sangramentos em pacientes com
plaquetopenia (plaquetas abaixo de 20.000/μL) em razão de baixa pro-
dução pela medula óssea (falência medular por doenças hematológicas
e/ou quimioterapia e radioterapia). Recomenda-se ainda a transfusão
profilática em pacientes com contagem inferior a 10.000/µL, mesmo na
ausência de fatores de risco. Raramente são indicados para a reposição
em plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas
de função plaquetária.
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TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO (CRIO)
Está indicada no tratamento de disfibrinogenemia, deficiência de fator
XIII, anormalidades do fibrinogênio, congênitas ou adquiridas e Doença
de Von Willenbrand.
Agora que você conhece as indicações básicas para o uso dos hemo-
componentes, vamos analisar os exames laboratoriais mais recentes do
nosso paciente Carlinhos. Os exames evidenciaram Htc 18%, Hb 6g/dL,
Pl 14.000/mm3, leucócitos 885/mm3. Ele foi avaliado pelo médico, que
prescreveu 02 concentrados de hemácias desleucocitados e um concen-
trado de plaqueta por aférese. Como o médico deve fazer a solicitação
para transfusão?
• Data de nascimento;
• Sexo;
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• Idade;
• Diagnóstico;
• Modalidade da transfusão;
• Data;
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AULA 2 - ETAPA
PRÉ-TRANSFUSIONAL
• A coleta deve ser cuidadosa, sendo realizada em local com pele íntegra e
longe de hematomas. Todos os equipamentos de proteção individual devem
ser utilizados, respeitando-se as normas de segurança.
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Figura 2 - Tubos de coleta com os dados completos do paciente Carlinhos.
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REALIZAÇÃO DE TESTES PRÉ-TRANSFUSIONAIS
Ao chegar no laboratório de imuno-hematologia, os profissionais que ali
trabalham devem conferir mais uma vez se os dados do formulário de
solicitação de sangue conferem com os dados presentes nos tubos. Se as
amostras estiverem inadequadas ou identificadas incorretamente o que
deve ser feito? Devem ser desprezadas e nova coleta deve ser solicitada.
• Prova de compatibilidade:
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Para saber mais, acesse a biblioteca do curso no AVASUS
e confira o arquivo: Classificação dos Grupos Sanguíneos.
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Figura 4 - Autorização de provas sem testes pré-transfusionais.
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PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA OS SERVIÇOS
DE HEMOTERAPIA NA TRANSFUSÃO DE EMERGÊNCIA
1 - Receber a solicitação de transfusão, feita pelo médico
responsável pelo paciente, com o Termo de Responsabilidade
assinado, no qual afirme expressamente concordar com
o procedimento.
2 - Enviar sangue O RhD Negativo.
3 - Etiquetar as bolsas como liberadas para determinado
paciente e sem os resultados dos testes de compatibilidade.
4 - S olicitar coleta de amostra do paciente assim que
possível. A coleta deve ser feita preferencialmente antes
da transfusão ou pelo menos antes da administração de
grande quantidade de hemocomponentes, pois isto pode
comprometer o resultado dos testes.
5-R ealizar os testes até o final, mesmo que a transfusão já
tenha sido iniciada ou completada.
6 - Informar ao médico assistente imediatamente caso qualquer
anormalidade seja detectada por esses testes.
IDENTIFICAÇÃO E LIBERAÇÃO
DOS HEMOCOMPONENTES
Após a realização dos testes pré-transfusionais de Carlinhos, verificou-
se que o seu tipo sanguíneo é “AB” positivo, a pesquisa de anticorpos
irregulares deu negativa e as provas de compatibilidade para os concen-
trados de hemácias foram compatíveis.
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Como você pode perceber, os seus exames estavam todos adequados.
Qual o próximo passo antes que os hemocomponentes sejam liberados?
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o término da transfusão, é recomendável que ele seja anexado ao
prontuário do paciente de forma a garantir a documentação completa
do procedimento e sua rastreabilidade.
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assim como ocorre no armazenamento. No transporte de concentrado
de hemácias, plasma fresco congelado e crioprecipitado, a maleta térmi-
ca deve conter gelo reciclável protegido por papelão, de maneira que o
hemocomponente e o gelo não entrem em contato. No caso dos concen-
trados de plaquetas, a maleta de transporte não pode conter gelo, pois o
resfriamento deixa o hemocomponente ineficaz para o uso transfusional.
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AULA 3 - ATO TRANSFUSIONAL
Caro aluno, nesta unidade, nós já vimos que a transfusão de sangue
deve ser apropriada às necessidades de saúde do paciente e deve ser
proporcionada de forma criteriosa e a tempo.
Ficou curioso para saber mais sobre cada uma das reações
transfusionais? Não tenha pressa! Na próxima unidade iremos
aprofundar este assunto. O foco agora é na administração
correta dos hemocomponentes para evitar danos! Lembre-se
de que, embora algumas reações sejam inevitáveis, a maioria
das reações fatais é atribuída a erro humano.
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Dentre os profissionais que estão envolvidos no ciclo do sangue, a equi-
pe de enfermagem acompanha todo o processo de forma mais integral,
realizando a instalação do hemocomponente, o acompanhamento da
transfusão e a monitorização do paciente, nas unidades de internação
ou no ambulatório. Portanto, é imprescindível que os profissionais dessa
área conheçam os cuidados que norteiam a transfusão de sangue e as
possíveis complicações que essa terapêutica pode trazer para os pacien-
tes. Vamos lá?
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Materiais
necessários para
a verificação dos
sinais vitais.
Termômetro, esfigmomanômetro,
estetoscópio, relógio de pulso.
Materiais
necessários para
realização de
punção venosa.
Materiais
necessários para
a instalação do
hemocomponente.
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
O próximo passo é conferir se nós temos o hemocomponente cor-
reto para o paciente correto! A identificação do paciente integra o
cuidado seguro e deve ser uma iniciativa prevista nos serviços de saúde
para garantir a segurança transfusional. Para realizar a identificação do
paciente, você deve utilizar, no mínimo, dois identificadores distintos.
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Nunca fale em voz alta o nome do paciente para que ele lhe
confirme ou não a informação, pois se ele estiver sonolento,
confuso ou desorientado, provavelmente, ele concordará com
você mesmo a informação não sendo correta.
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VERIFICAÇÃO DOS SINAIS VITAIS
De acordo com a portaria n° 158/MS, de 4 de fevereiro de 2016, o
paciente deve ter seus sinais vitais verificados e registrados (pressão
arterial, temperatura, frequência cardíaca e frequência respiratória) pelo
menos, imediatamente, antes do início e após o término da transfusão
e, em determinados casos, faz-se necessária sua verificação durante o
procedimento. Esse processo serve de parâmetro para monitorarmos o
decorrer da transfusão de forma a identificar, precocemente, possíveis
reações transfusionais.
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venoso difícil, você pode escolher um de n° 21 ou 24. Se for puncionar
com cateter flexível (do tipo abocath, jelco), prefira os de nº 18, 20 ou 22.
Utilizar um acesso venoso central com múltiplos lúmens pode ser uma
alternativa para a transfusão de hemocomponentes, uma vez que a
entrada de infusão separada para cada lúmen permite a administração
de líquidos na linha de infusão. Também pode-se usar cateter implantado
ou semi-implantado, desde que respeitadas as técnicas de manipulação.
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ta, observando periodicamente a venopunção e tendo em mente que
o tempo aumentado de exposição da bolsa é um fator de risco para o
crescimento bacteriano.
INSTALAÇÃO DO HEMOCOMPONENTE
Você já identificou que aquele é o hemocomponente certo para o pacien-
te certo. Lembre-se de que todo cuidado é pouco! Confira mais uma vez,
imediatamente antes da transfusão, confrontando os dados do paciente
com os dados do hemocomponente.
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que deve ser livre de pirógenos, descartável e com filtro de 170 μm a 180
μm para reter pequenos coágulos ou agregados. Abra o porto da bolsa,
sem cortá-lo, e introduza o equipo com cuidado para não o contaminar.
Não é preciso usar luva estéril, mas neste momento você deve se prote-
ger e utilizar luva de procedimento.
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Passados os 10 minutos, se não houver alterações nos sinais vitais e o
paciente não apresentar queixas, você pode aumentar o gotejamento,
sem esquecer da relação de tempo e do volume a ser administrado com
o estado geral do paciente. Fique atento para casos específicos! Pacientes
com cardiopatias, nefropatias, idosos e crianças exigem transfusões mais
lentas para evitar sobrecarga volêmica; já em pacientes com necessidade
de reposição volêmica (grandes hemorragias ou politraumatizados)
transfundir rapidamente, com gotejamento livre.
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AULA 4 - ETAPA
PÓS-TRANSFUSIONAL
Ao término da transfusão, é primordial que os sinais vitais sejam veri-
ficados e registrados novamente. Deve ser feita a comparação com os
parâmetros pré-transfusão e, se houver alguma alteração importante, o
médico deve ser comunicado.
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As anotações de enfermagem são indispensáveis no prontuário do
paciente como parte da documentação do processo saúde/doença,
especialmente considerando que a equipe de enfermagem acompanha
todo esse processo de forma integral.
E se, após tudo isso, for preciso instalar no paciente outra unidade de
hemocomponente, como no caso de Carlinhos? Cada nova bolsa instala-
da deve ser encarada como uma transfusão diferente, exigindo, assim,
todos os cuidados já estudados nesta unidade.
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Antes de finalizarmos esta Unidade, vamos assistir a uma entrevista?
O médico hematologista e professor do Departamento de Medicina
Clínica, Rodolfo Soares, foi o convidado do programa Saúde em Foco
para falar sobre os hemocomponentes e as indicações para transfusão.
Acesse o AVASUS e confira.
RESUMINDO
A terapia transfusional é um processo que, mesmo com indi-
cação precisa e administração correta, respeitando todas as
normas técnicas preconizadas, envolve riscos ao paciente.
Assistencialmente, cabe à enfermagem, juntamente com a
equipe médica, os cuidados com a instalação e a administração
desta terapêutica.
Por ser considerado um procedimento de alta complexidade,
toda a equipe precisa deter conhecimentos e habilidades ade-
quados para desenvolver de forma eficiente as etapas que
antecedem a transfusão, o próprio ato transfusional e as etapas
pós-transfusão. Além disso, ela tem que ser capaz de intervir
de forma rápida e eficaz nas complicações que porventura
possam surgir.
Nesta unidade, além de conhecermos as principais indicações
médicas para a solicitação de hemocomponentes, foram estu-
dados os cuidados básicos de enfermagem em todas as eta-
pas que compõem o processo: pré-transfusional que envolve
a coleta de sangue periférico para testes pré-transfusionais,
realização dos testes pré-transfusionais e liberação dos hemo-
componentes; transfusional, que abrange a identificação do
paciente, verificação dos sinais vitais, seleção do acesso venoso,
montagem do sistema transfusional e observação rigorosa da
transfusão nos primeiros minutos e durante todo o processo;
e pós-transfusional, que culmina com a verificação dos sinais
vitais ao término da infusão e registro dos dados da transfusão
no prontuário do paciente.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemovigilância:
manual técnico para investigação das reações transfusionais imediatas
e tardias não infecciosas. Brasília: Anvisa, 2007.
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