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da captação de
doadores à transfusão
de hemocomponentes
UNIDADE 2
A trajetória das
doações de sangue
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definir os cuidados que devem ser desempenhados em cada etapa do
ciclo do sangue.
1 - CAPTAÇÃO DE DOADORES
Vocês viram na unidade 1 do nosso módulo que as estatísticas nacionais
não acompanham o aumento das transfusões. O Brasil tem dificuldades
em manter o estoque de sangue para atender as necessidades específi-
cas e emergenciais da população.
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Você saberia citar algumas estratégias que esses profissionais
utilizam na captação de doadores? Você já foi alvo de alguma
estratégia de captação de doadores? Se a resposta foi sim,
essa estratégia influenciou de forma positiva a sua decisão
de doar sangue?
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Conheça os requisitos básicos para a doação de sangue:
• estar em boas condições de saúde;
• ter entre 16 e 69 anos, 11 meses e 29 dias, desde que a pri-
meira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18
anos devem ter autorização do responsável legal);
• pesar no mínimo 50kg;
• estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últi-
mas 24 horas);
• estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas
que antecedem a doação);
• apresentar documento original com foto recente, que permita
a identificação do candidato, emitido por órgão oficial.
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2 - RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO
Quando Luís Eduardo chegou ao serviço para doar sangue, ele foi
encaminhado para a recepção, onde foi feito um cadastro com dados
que permitem a sua identificação clara e inequívoca e possibilitem a sua
localização futura.
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filiação, ocupação habitual, endereço e telefone para contato, número
de registro do candidato no serviço ou no programa de doação de san-
gue e a data do comparecimento.
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3 - TRIAGEM
Os candidatos à doação devem passar por uma “seleção” antes de doa-
rem sangue. Essa seleção é de responsabilidade do serviço de hemote-
rapia que realiza a coleta do sangue e deve ser feita por profissional de
saúde de nível superior habilitado, sob supervisão médica, no mesmo
dia da doação/coleta. É realizada com o intuito de selecionar, dentre os
candidatos apresentados, somente aqueles que preencham os critérios
desejáveis para um doador de sangue.
PRÉ-TRIAGEM
Após realizar o cadastro, Luís Eduardo foi encaminhado para a pré-tria-
gem, onde serão aferidos e registrados os seus dados antropométricos
e os sinais vitais. A pré-triagem pode ser realizada por um profissional
de nível médio, no entanto, a avaliação desses dados e as orientações
devem ser feitas pelo triador, que é um profissional de nível superior.
• Pressão arterial (PA): a pressão sistólica não deve ser maior de 180mmHg e
a pressão diastólica não deve ser maior que 100mmHg.
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Figura 2 - Luís Eduardo verificando sinais vitais e realizando o microhematócrito.
TRIAGEM CLÍNICA
Após sair da pré-triagem, Luís Eduardo é dirigido para a sala de triagem
clínica. Como parte essencial do processo de doação de sangue, o can-
didato deve ser submetido a uma entrevista individual, confidencial e
sigilosa com a finalidade de avaliar suas condições de saúde e hábitos
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de vida a fim de assegurar tanto a sua segurança durante a doação,
como a segurança dos pacientes que receberão o seu sangue.
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Como já falamos, além do triador avaliar os parâmetros obtidos na
pré-triagem, durante a entrevista ele também avalia diversos critérios
relacionados a condições de saúde e hábitos de vida do doador. Você
saberia dizer quais são esses critérios? Pois bem, são muitos! Por isso
que, durante a condução da entrevista, o triador utiliza um roteiro estru-
turado de acordo com os critérios definidos na Portaria de nº 158/2016
(BRASIL, 2016). Vamos conhecê-los?
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Aposto que neste momento milhares de questionamentos
estão passando pela sua cabeça. “Quem tem diabetes pode
doar sangue?”, “Com quanto tempo após a minha cirurgia
posso ser um doador?”, “Quem possui piercing e tatuagem
pode doar sangue?”, “Grávidas podem doar?”. Todas essas
questões e tantas outras sobre os critérios de doação você
pode sanar lendo os anexos I, II, III e IV da portaria nº 158/2016,
que você pode consultar na biblioteca do curso.
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4 - COLETA DE SANGUE DO DOADOR
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Figura 4 - Bolsa de coleta de sangue
Após a rotulagem da bolsa, o processo de coleta está pronto para ser ini-
ciado. Uma dúvida muito frequente é: qual a quantidade de sangue que
é retirada do doador? Será que essa quantidade é a mesma para todas
as pessoas? Essa quantidade difere entre homens e mulheres?
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de sangue poderão ser utilizadas apenas para a produção de concentra-
dos de hemácias de baixo volume; se a bolsa tiver menos de 300ml, ela
não poderá ser utilizada e terá que ser desprezada.
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O tempo ideal de coleta é de 12 minutos, não podendo ultrapassar 15
minutos, porque isso interfere na qualidade dos hemocomponentes que
serão produzidos. E se por acaso esse prazo for extrapolado? Passados
os 15 minutos máximos de doação, as bolsas devem ser descartadas.
Isso mesmo! A segurança do doador e do receptor está sempre em
primeiro lugar!
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Coleta de sangue por aférese
Enquanto Luís Eduardo estava na fila para realizar a triagem clínica, ele
encontrou com um colega que iria realizar uma doação de sangue por
aférese. Ele até então nunca havia ouvido falar dessa modalidade de
doação de sangue e ficou muito curioso. Você também? Então vamos
compreender como acontece esse processo!
A aférese pode ser realizada tendo em vista dois objetivos: para proce-
dimentos terapêuticos, a máquina coletora remove células ou plasma
relacionados ao desenvolvimento de doenças no paciente e os substitui
por líquidos de reposição ou células sadias; a aférese não terapêutica
consiste na produção de hemocomponentes específicos a partir de doa-
dores selecionados. Podem ser coletados, de forma individual, glóbulos
vermelhos (eritraférese), plasma (plasmaférese) e plaquetas (plaqueta-
férese). Vamos manter o nosso foco na utilização da aférese para a pro-
dução de hemocomponentes, pois é o que vamos estudar nesta aula!
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lábios e extremidades; e a fatores ligados ao ambiente, como calafrios,
sensação de frio, piloereção e hipotermia.
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Figura 6 - Obtenção de dose terapêutica a partir de um único doador.
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Você percebeu que a doação por aférese traz benefícios tanto para o
doador, mas principalmente para o paciente que irá receber a trans-
fusão? Você saberia dizer quais são esses benefícios? Para o doador, o
maior benefício é a quantidade a ser coletada, pois é selecionado apenas
o que se deseja coletar, sem necessidade de se extrair aproximadamen-
te 450ml de sangue total como acontece na doação convencional. Para
o paciente, os benefícios são ainda maiores porque aumenta a seguran-
ça transfusional pela menor exposição a diferentes doadores e maior
qualidade do hemocomponente transfundido. Nesse momento você se
pergunta: então porque os serviços de hemoterapia não passam a rea-
lizar apenas a doação de hemocomponentes por aférese? A resposta é
simples: custos! Esse procedimento exige maior investimento e melhor
estruturação do serviço, que necessita de área física, equipamentos e
manutenção adequados, além de recursos humanos altamente qualifi-
cados.
Quer ser você também um doador por aférese? Para realizar doação por
aférese, você já deve ser doador no formato convencional, obedecer aos
critérios exigidos para a doação comum e ter um bom calibre de veia.
Também são exigidos pelo menos 60 quilos para quem vai doar plaque-
tas e 70 quilos para doação de hemácias.
5 - PROCESSAMENTO, ARMAZENAMENTO E
DISTRIBUIÇÃO DOS HEMOCOMPONENTES
Nessa fase, as bolsas de sangue total que foram doadas pelo processo
de coleta convencional devem ser processadas para obtenção dos
componentes do sangue. No Brasil, 100% dessas bolsas devem ser
processadas de acordo com a legislação vigente, dando origem aos
componentes eritrocitários, plasmáticos e plaquetários.
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SIM! Uma única doação realizada pode salvar até quatro vidas!
O sangue total será fracionado em até 04 tipos de hecompo-
nentes (concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco
congelado e crioprecipitado), cada unidade dessa pode ser
transfundida para uma pessoa diferente.
HEMOCOMPONENTE OU HEMODERIVADO?
Existe diferença entre eles? Muitos profissionais de saúde utilizam
essas duas terminologias como sinônimo. Errado! Hemocomponentes
e hemoderivados são produtos distintos: os hemocomponentes são
produzidos em serviços de hemoterapia a partir da coleta de sangue
total, por meio de processos físicos (centrifugação e congelamento).
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São eles: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma
fresco congelado e crioprecipitado; enquanto que os hemoderivados são
obtidos na indústria, a partir do fracionamento do plasma por processos
físico-químicos. São eles albumina, gamaglobulinas, concentrados de
fatores de coagulação.
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microbiana, já que o sangue é um importante meio de cultura. Como
ocorre a centrifugação do sangue?
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Principais hemocomponentes oriundos
do processamento do sangue
Crioprecipitado (CRIO)
Composto por fibrinogênio, fatores de coagulação VIII e
XIII, plasma e fator de Von Willebrand.
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Após a separação, os hemocomponentes podem passar por outras etapas,
como desleucocitação, irradiação e lavagem. Você já tinha ouvido falar nes-
ses processos especiais? Conheça um pouco de cada uma dessas etapas e
a sua importância para atender as necessidades de alguns pacientes:
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sorológicos e para os testes de detecção do Ácido Nucléico Viral (NAT).
Mas se as bolsas apresentarem resultados reagentes/positivos?
• Data da coleta
• Temperatura de conservação
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• Data/hora da validade
• ABO/Rh da unidade
Deve ser mantido a uma temperatura entre 2 e 6°C e sua validade, sob
refrigeração, varia entre 35 e 42 dias, a depender da solução conser-
vadora utilizada na bolsa. Sem a refrigeração, o CH tem validade de
apenas 4 horas.
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Figura 10 - Concentrado de hemácias.
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Atenção! Ao manusear a bolsa, ter cuidado para não danificar sua
integridade e causar hemólise das hemácias. Portanto, não bater,
não pressionar, não expor a luz solar.
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Figura 11 - Concentrado de plaquetas (CP) e agitador de plaquetas.
• Plasma Fresco Congelado (PFC): o volume de cada unidade pode ser igual
ou superior a 150ml. Deve ser armazenado em freezer com temperatura
controlada entre 18 e 30°C negativos, com validade de um ano se mantido
nessas condições. A partir do momento em que o plasma é descongelado
para ser transfundido, a sua validade é de apenas 6h. Portanto, caso uma
bolsa descongelada ou semidescongelada não seja utilizada, ela não pode
ser congelada novamente. Deverá ser expurgada após esse período de 6h.
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Atenção! O PFC não pode ser descongelado de qualquer
maneira. Deve ser descongelado a temperatura controlada,
idealmente em descongelador a seco, próprio para plasma.
Quando isso não for possível poderá ser utilizado o banho
maria, com temperatura controlada por termômetro a 37°C,
e a bolsa deve ser envolvida em um envoltório plástico para
não permitir a entrada da água já que ela é porosa.
Caso você perceba que uma bolsa está furada após o des-
congelamento do plasma, o que fazer? Você deverá informar
imediatamente ao Serviço de Hemoterapia para que possa
retornar o produto ao estoque e expurgar como perda.
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Figura 15 - Crioprecipitado (CRIO).
Após todo esse processo que estudamos nesta unidade, como deve ser
a distribuição dos hemocomponentes para o serviço? A distribuição dos
hemocomponentes para os serviços de saúde ocorre mediante a exis-
tência de um convênio, contrato ou termo de compromisso formaliza-
do entre os serviços envolvidos, com a definição das responsabilidades
entre as partes. Sendo assim, o serviço de hemoterapia fornecedor deve
dar orientações técnicas e supervisionar o transporte e acondiciona-
mento dos hemocomponentes.
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Figura 16 - Transporte de hemocomponentes, com controle de temperatura.
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RESUMINDO
A segurança e a qualidade do sangue e hemocomponentes
devem ser assegurados em todo o processo, por isso a impor-
tância de se cumprir com eficiência e rigor todas as etapas do
ciclo de sangue. Nesta unidade, foram apresentados os critérios,
de acordo com a Portaria n° 158/2016 e os cuidados que devem
ser seguidos nas etapas de captação de doadores – cadastro,
triagem (pré-triagem e triagem clínica), coleta de sangue, proces-
samento, armazenamento e distribuição de hemocomponentes.
A enfermagem, inserida no âmbito da hemoterapia, presta
assistência, orienta e supervisiona o doador de sangue durante
o processo hemoterápico e nas possíveis intercorrências. Para
alcançar significativa qualidade nas ações que desenvolve,
é preciso que os profissionais participem de capacitações
constantemente e que detenham conhecimentos e habilidade
técnica de forma a garantir a segurança durante todo o ciclo
do sangue, reduzindo o risco de causar prejuízos importantes
tanto para doador, quanto para o receptor que, mais tarde, irá
receber o sangue doado.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemovigilância:
manual técnico para investigação das reações transfusionais imediatas
e tardias não infecciosas. Brasília: Anvisa, 2007.
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