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da captação de
doadores à transfusão
de hemocomponentes
UNIDADE
Reações
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transfusionais
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AULA 1 - VOCÊ SABE
O QUE SÃO REAÇÕES
TRANSFUSIONAIS?
Como nós já discutimos, o processo de transfusão de sangue possibi-
litou grandes avanços para a medicina no tocante ao tratamento de
diversas patologias e reabilitação de condições graves de saúde. Trata-se
de um procedimento complexo e efetivo que, no entanto, está associado
a uma série de riscos para o receptor do hemocomponente.
As reações agudas mais graves, que trazem real risco de vida, são mais
raras, já as reações mais leves são mais comuns. Mas, independente-
mente da gravidade da reação, você já se colocou no lugar de alguém
que apresenta um efeito adverso ao receber uma bolsa de sangue?
Imagine Carlinhos, tratando uma grave doença, vivenciar algo desse
tipo sem saber do que se trata.
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AULA 2 - COMO SE DÁ
A CLASSIFICAÇÃO DAS
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS?
Você sabe o que são reações transfusionais? Você sabia que as reações
transfusionais podem ocorrer em vários graus de gravidade? Você sabia
que elas podem estar associadas a erros humanos no processo trans-
fusional? Daí a importância de aperfeiçoarmos o conhecimento acerca
dessa prática: minimizar os erros do processo. Mas devemos ter em
mente que as reações transfusionais também podem estar associa-
das a fatores intrínsecos ao doador e/ou ao receptor e irão acontecer,
independente de todo nosso esforço, cuidado e vontade.
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A seguir, descreveremos de forma sucinta os principais tipos de reações,
para que você possa reconhecê-las.
REAÇÃO ALÉRGICA
Corresponde a uma reação de hipersensibilidade (alergia) ocasiona-
da pela transfusão de algum hemocomponente. Pode manifestar-se
clinicamente pelo surgimento de eritemas, urticárias, pruridos. É de rara
ocorrência em neonatos devido à imaturidade do sistema imunológico.
REAÇÕES ANAFILÁTICAS
Corresponde a um tipo de reação transfusional pouco incidente gerado
por quadro de hipersensibilidade grave, podendo ocorrer após a infusão
de uma pequena quantidade de hemocomponente. Os sintomas podem
ser discretos ou não no início, podendo evoluir para rebaixamento do
nível de consciência, choque e, caso o paciente não seja assistido cor-
retamente, óbito. As sintomatologias mais comuns são rubor, náuseas,
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vômitos, dores abdominais, calafrios, diarreia, edema de pálpebra, des-
conforto respiratório e edema de glote.
SOBRECARGA VOLÊMICA
Como o próprio nome já diz, consiste numa transfusão de hemocom-
ponente em volume superior ao suportado pelo receptor, é comum em
crianças, idosos, portadores de insuficiência cardíaca e insuficiência renal.
CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
A colonização do doador, a assepsia inadequada no momento da coleta
para doação de sangue e o manuseio inadequado do hemocomponente,
seja no seu preparo ou no processo de transfusão, pode contaminar a
bolsa, causando uma bacteremia aguda no receptor. Para prevenção,
é importante que, além do manuseio adequado, nós façamos inspeção
visual do hemocomponente antes de transfundi-lo. Mudança de colora-
ção e de aspecto sugere contaminação bacteriana.
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O quadro clínico pode ser composto por febre, icterícia, alteração
da coloração da urina e queda da hemoglobina ou aproveitamento
inadequado da terapia transfusional. O paciente também pode evoluir
com esplenomegalia. O diagnóstico é laboratorial e acontece a partir
da identificação de um novo anticorpo, seja no soro (PAI+) ou ligado às
hemácias do paciente.
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Como medida de prevenção dessas ocorrências, é obrigatória, confor-
me a portaria nº 158 do Ministério da Saúde, a realização de exames
laboratoriais de alta sensibilidade a cada doação, visando à detecção de
marcadores das seguintes infecções: sífilis, doença de Chagas, hepatite
B, hepatite C, AIDS e HTLV I/II.
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AULA 3 - IDENTIFICAÇÃO
DA REAÇÃO E ASSISTÊNCIA
AO PACIENTE MEDIANTE
A OCORRÊNCIA DE UM
INCIDENTE TRANSFUSIONAL
Caro aluno, já discutimos sobre a importância da prática transfusional
para a medicina e sobre os grandes progressos que essa terapêutica
teve nas últimas décadas. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que
os profissionais envolvidos no ciclo do sangue também precisam acom-
panhar essa evolução.
Para que o processo transfusional seja feito com mais segurança, os cri-
térios de boas práticas devem permear todo o ciclo. Os procedimentos
de transfusão devem ser realizados por profissionais treinados e capa-
citados para que, assim, sejam capazes de reconhecer precocemente
e agir mediante a ocorrência dos incidentes, prevenindo as possíveis
complicações e reações transfusionais.
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Esse passo a passo é fundamental para uma boa assistência mediante
uma reação transfusional! Vamos revisar? Acesse o AVASUS e assista ao
Vídeo 10.
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Após avaliação, o profissional médico deve ainda decidir sobre a reinsta-
lação, desistência ou solicitação de outra transfusão; preencher a ficha
de notificação do incidente transfusional, detalhando todo o quadro clí-
nico apresentado pelo paciente e a conduta médica adotada; registrar o
ocorrido no prontuário do paciente.
Conduta
Reação Sinais/Sintomas Conduta clínica
Laboratorial
Febre, tremores,
calafrios, Enviar amostras
hipotensão, para o serviço Hidratação
taquicardia, de hemoterapia; venosa, manter
Reação hemolítica dor (tórax, local repetir testes diurese a
aguda imune da infusão, imunohematológicos; 100ml/h;
abdominal), realizar cultura do cuidados de
hemoglobinúria, hemocomponente e terapia intensiva.
insuficiência renal do receptor.
e CID.
Enviar amostras
Febre (ou para o serviço
aumento da de hemoterapia; Antipiréticos
Reação febril não temperatura repetir testes e, nos casos
hemolítica acima de 1°C), imunohematológicos; de calafrios,
e/ou calafrios, realizar cultura do meperidina.
tremores. componente e do
receptor.
Prurido, urticária,
eritema, pápulas,
Antihistamínicos,
tosse, rouquidão,
mas a maioria
Reação alérgica dispneia,
Não se aplica. pode cessar
leve ou moderada sibilos, náuseas
sem o uso de
e vômitos,
medicamentos.
hipotensão,
choque.
Prurido, urticária,
Cuidados de
eritema, pápulas, Dosar IgA ou outras
terapia intensiva
Reação alérgica rouquidão, tosse, proteínas; investigar
(epinefrina, anti-
grave broncoespasmo, presença de anticorpo
-histamínicos,
hipotensão, anti-IgA.
corticosteroide).
choque.
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Conduta
Reação Sinais/Sintomas Conduta clínica
Laboratorial
Afastar sobrecarga
circulatória, reação
Qualquer hemolítica aguda
insuficiência imune e contaminação
respiratória aguda bacteriana; Suporte
TRALI
relacionada à Rx de tórax; respiratório.
transfusão (até 6 ecocardiograma;
horas após). pesquisa de anticorpo
antileucocitário
doador e/ou receptor.
Dispneia, cianose,
Suporte de
Sobrecarga taquicardia,
Rx tórax. oxigênio e
volêmica hipertensão e
diuréticos.
edema pulmonar.
Hipotensão,
Hipotensão Terapia de
rubor, ausência de
relacionada à Não se aplica. suporte, caso
febre, calafrios ou
transfusão necessário.
tremores.
Oligossintomática;
Inspeção visual
atenção à Terapia de
Hemólise aguda do plasma e urina
presença de suporte, caso
não-imune. do paciente; TAD
hemoglobinúria e necessário.
negativo.
hemoglobinemia.
Infusão lenta
Distúrbios Dosar cálcio e de cálcio e/ou
metabólicos Parestesia, tetania, magnésio iônico; ECG magnésio com
(hipocalcemia, arritmia cardíaca. com alargamento do monitorização
hipomagnesemia) intervalo QT. periódica dos
níveis séricos.
Deitar paciente
Dispneia e cianose em decúbito
súbita, dor, tosse, lateral esquerdo,
Embolia aérea Não se aplica.
hipotensão, com as pernas
arritmia cardíaca. acima do tronco e
da cabeça.
Desconforto, Diminuir a
calafrios, queda vazão do
Hipotermia da temperatura, Não se aplica. sangue; terapia
arritmia cardíaca e conforme as
sangramento. intercorrências.
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AULA 4 - AÇÕES DE
HEMOVIGILÂNCIA E A
IMPORTÂNCIA PARA A
SEGURANÇA TRANSFUSIONAL
Pelo que já discutimos, podemos perceber que a segurança do processo
transfusional é uma preocupação constante que permeia todo o ciclo,
não é mesmo? Então agora vamos falar de mais uma importante ferra-
menta para tornar esse processo ainda mais seguro.
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que se realize tanto a investigação ascendente (do receptor ao doador)
quanto a investigação descendente (do doador ao receptor).
RESUMINDO
As reações transfusionais são efeitos adversos que ocorrem
durante ou após a transfusão de um hemocomponente. Esses
incidentes manifestam-se com diferentes graus de gravidade,
podendo, em casos mais graves ou malconduzidos, gerar poten-
cial dano ao receptor.
Nessa perspectiva, é de fundamental importância que os
profissionais sejam treinados e capacitados para reconhecer
precocemente os sinais e sintomas que servem de alerta para
a ocorrência das reações transfusionais e, assim, possam
intervir rapidamente.
Vale aqui relembrar, caro aluno, que diante da identificação de
uma reação transfusional deve-se, primeiramente, interromper
a transfusão para somente depois tomar as outras medidas
assistenciais cabíveis. Após prestar a assistência ao paciente,
o incidente deve ser obrigatoriamente notificado.
Com a ficha de notificação gerada, é papel do serviço de hemo-
vigilância investigar a ocorrência e criar medidas de prevenção
para o incidente. A hemovigilância deve exercer seu papel em
todo o ciclo do sangue, tendo, assim, um papel fundamental
para a segurança do processo transfusional.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Marco conceitual e
operacional de hemovigilância: guia para a hemovigilância no Brasil.
Brasília, DF: ANVISA, 2015. 75 p.
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