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A UTI deve ser lembrada como um ambiente formado por profi ssionais da área da

saúde que prestam uma vigilância de forma integrada para os pacientes que
necessitam de um maior monitoramento e cuidado.

A melhoria das condições de vida tem aumentado a longevidade da população e,


conseqüentemente, a quantidade de comorbidades que atingem tais pacientes,
expondo-os a um risco maior de serem vítimas de emergências traumáticas ou não
traumáticas, aumentando a chance de internação em Unidade de Terapia Intensiva.
A porcentagem de leitos de Terapia Intensiva necessários varia de 7 a 15%,
dependendo das características próprias de cada hospital   1 .

A equipe de atendimento numa UTI é multiprofi ssional e interdisciplinar, constituída


por Médicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Psicólogos,
Fonoaudiólogos e Assistentes Sociais. Cada leito contém monitores cardíacos,
cama elétrica projetada, oximetria de pulso e rede de gases   2 .

O trabalho do profi ssional em fi sioterapia tem se mostrado efi caz e imprescindível,


sendo considerado parte integrante da equipe responsável pelos cuidados em
pacientes de UTIs. Sua função varia consideravelmente de uma unidade a outra,
dependendo do país, da instituição, do nível de treinamento e da situação do
paciente Em alguns países ou instituições o fi sioterapeuta tem a responsabilidade
de avaliar todos os pacientes em UTIs, sendo que, em outros locais, participam da
equipe de cuidados quando o médico responsável solicita sua participação   3 , 4 .

Este trabalho tem o objetivo de elaborar uma fi cha de avaliação fi sioterapêutica do


paciente na UTI, constando os parâmetros necessários a serem avaliados nestes
pacientes que necessitam de uma maior vigilância.

METODOLOGIA

Este trabalho consiste na proposta de elaboração de uma fi cha de avaliação


fi sioterapêutica do paciente na UTI. A presente investigação científi ca é classifi cada
como sendo bibliográfi ca, de caráter qualitativo, já que tem como propósito o
levantamento da literatura publicada, com a fi nalidade de colocar o pesquisador em
contato com o que já foi documentado acerca do apontado tema de interesse deste
estudo. Foram utilizadas fontes secundarias como livros, artigos e revistas
cientifi cas e vivência em UTI`s. Esta pesquisa tem o propósito de servir como
instrumento facilitador, para acadêmicos e profi ssionais da fi sioterapia, para melhor
avaliação e segurança dos dados coletados sendo armazenados em um prontuário
eletrônico.

1. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

A avaliação da fi sioterapia tem como objetivo defi nir corretamente os problemas


dos pacientes, sendo impossível sem esta desenvolver um tratamento apropriado.
Deve ser realizada constantemente para identifi car alterações e se os objetivos
estabelecidos estão sendo atingidos. É necessário um conhecimento teórico para
que o tratamento traçado seja adequado   5 .

A avaliação pode ser dividida em duas partes: a anamnese (questionário de


investigação do paciente), e o exame físico   6 .

1.1. Anamnese

A anamnese é uma coleta de dados que contém um breve resumo sobre o paciente,
obtida por meios de informações médicas juntamente com a avaliação
fi sioterapêutica  5 , 6 .

Dados de Identifi cação: nome, sexo, idade, data de admissão, diagnóstico,


encaminhamento médico e número de registro do hospital;

História da Doença Atual (HDA): resume os problemas atuais do paciente e


informações clínicas de relevância;

História da Doença Pregressa (HP): identifi ca afecções e cirurgias ocorridas no


passado que podem ou não ter relação com a doença atual;

História Social (HS): faz alusão aos hábitos, relata ocupação atual e passada do
paciente, bem como condições de higiene, tabagismo, etilismo e habitação;

História Familiar (HF): doenças graves sofridas por familiares próximos do paciente;

Queixa Principal (QP): transcrição exata do que o paciente relata.

1.2. Exame Físico

O exame físico é essencial para avaliação do problema e determinação dos efeitos


da terapia  7 . Este se constitui de quatro etapas: inspeção estática, inspeção
dinâmica, palpação, e ausculta pulmonar   5 .

A inspeção estática é a avaliação do paciente sem analisar os movimentos


respiratórios, começando pela observação do mesmo no leito. Neles constam:

1) Nível de Suporte Ventilatório: observar se o paciente esta respirando


espontaneamente (em ar ambiente), ou então:

 Oxigênio suplementar (através de cateter nasal, máscara facial, sistema de Venturi e as


frações de oxigênio administradas);
 Ventilação não invasiva (VNI);
 Ventilação invasiva (VMI), assim como as interfaces da ventilação (máscara, tubo
traqueal, traqueostomia), modalidade e parâmetros ventilatórios 5.

2) Avaliação do Nível de Consciência: nível de consciência é o grau de alerta


comportamental que o indivíduo apresenta, devido a isso nota-se uma grande
possibilidade de variação desse parâmetro. No cotidiano da equipe de saúde se faz
necessário a utilização de escalas que permitam a padronização da linguagem
utilizada para facilitar a comunicação oral e escrita dessas informações, bem como,
estabelecer um sólido sistema que seja capaz de acompanhar a evolução do nível
de consciência do paciente. Em nosso meio vemos com freqüência a utilização da
Escala de Coma de Glasgow (ECG), como pode ser visto na tabela 1, que foi
elaborada para propor consistente avaliação clínica do nível de consciência dos
pacientes com dano cerebral  8 , 2 6 .

Um escore menor que 8 é comumente aceito como ponto crítico das alterações do
nível de consciência e como a pontuação que defi ne um indivíduo em estado de
coma. A aplicação dessa escala é rápida, de fácil compreensão e permite
concordância entre avaliadores. Assim como a aplicação da Escala de Sedação
(tabela 2), utilizada para se defi nir o nível de sedação e analgesia do paciente
internado em ambientes de terapia intensiva, seus valores variam de 0 à 6   8 , 2 6 .

TABELA 1: Escala de Glasgow

FONTE: http://www.ee.usp.br/REEUSP/upload/html/417/img/02a3.gif
TABELA 2: Escala de Sedação de Ramsay

Ansioso, agitado ou inquieto;

Tranqüilo, cooperativo, orientado;


Sedado, sonolento, porém responsivo a comandos;

Sedado, dormindo, com resposta rápida à leve toque da glabela ou estímulo auditivo alto;

Sedado, dormindo, responde lentamente a estímulo auditivo alto ou toque da glabela;

Sedado, dormindo, não responsivo (coma farmacológico).

FONTE: JACOBI, 2002.

3) Avaliação dos Sinais Vitais: compreende a temperatura corpórea, a freqüência


cardíaca,  saturação de oxigênio e pressão arterial, são as mensurações mais
utilizadas por serem de fácil obtenção e fornecerem informações úteis sobre a
condição do paciente.

 A temperatura corpórea média nos adultos é de aproximadamente 37ºC. Esta é


mantida através do equilíbrio entre a produção e a perda de calor. Quando elevada
pode ser resultante de uma doença (febre) ou atividade normal como exercício 7.
 Na freqüência cardíaca (FC) devem ser avaliadas a freqüência, o rítimo e a força do
pulso periférico. A freqüência do pulso normal do adulto é de 60 a 100 batimentos por
minuto e com rítimo regular. Quando ultrapassa 100 é denominada taquicardia e
quando inferior a 60 bradicardia 5.
 A pressão arterial é a força exercida quanto à parede das artérias quando o sangue se
move através destas. A pressão arterial sistólica é a força máxima exercida nas
principais artérias durante a contração do ventrículo esquerdo. Normalmente no adulto
é de 90 a 140mmHg. A pressão arterial diastólica é a força nas principais artérias que
permanecem apos o relaxamento dos ventrículos e normalmente é de 60 a 90mmHg 5.
 A saturação parcial de oxigênio arterial (SpO2) é a porcentagem de hemoglobina
saturada com o oxigênio e sua normalidade está nos valores acima de 90% 9.

4) Avaliação da Pele: observa-se a coloração, hidratação e presença de cicatrizes. A


cianose é a coloração azulada da pele, a Cianose central é devida a menor
saturação arterial em função transporte insufi ciente se oxigênio ate o pulmão ou à
presença de shunt cardíaco. A cianose periférica ocorre devido a vasoconstrição
podendo aparecer em varias condições como o frio e baixo debito cardíaco 5,7.
Úlceras de pressão são úlceras decorrentes de isquemia tecidual local, provocadas
pela alteração do refl exo de dor em pacientes com lesão medular (tetraplégicos,
paraplégicos ou hemiplégicos) ou pacientes debilitados, idosos ou cronicamente
doentes  1 0 .

5) Avaliação de Edema Periférico: é um sinal de insufi ciência cardíaca, mas pode ser
encontrado em pacientes com baixo nível de albumina, função linfática ou venosa
reduzida, ou com administração de altas doses de esteróides   5 .

6)  Presença de Dreno Torácico: a drenagem é um procedimento cirúrgico para a


introdução de um dreno através da parede torácica na cavidade pleural. Indicada
para drenagem de líquidos e/ou ar. Observando o aspecto do liquido drenado e a
oscilação do mesmo   5 .

7) O Teste de Força Muscular Manual destina-se a avaliar a capacidade de o


músculo desenvolver tensão contra uma resistência. É o método mais amplamente
utilizado no exame físico da avaliação clínica da força muscular   1 1 .

O teste de Força Muscular se baseia em cinco graus para classifi car o tipo de força
muscular que foi desenvolvida   1 2 . Assim tem-se:

 Grau zero: nenhuma evidência de contração pela visão ou palpação;


 Grau 01: ligeira contração, nenhum movimento;
 Grau 02: movimento através da amplitude completa na posição com gravidade
eliminada;

 Grau 03: movimento através da amplitude completa contra a gravidade;


 Grau 04: movimento através da amplitude completa contra a gravidade e capaz de
prosseguir contra uma resistência moderada;

 Grau 05: movimento através da amplitude completa contra a gravidade e capaz de


prosseguir contra uma resistência máxima.

8) Para os pacientes cooperativos, o Medical Research Council  (MRC) escore usado


na avaliação da força muscular periférica demonstra-se bastante reprodutível e com
alto valor preditivo em vários estudos sobre disfunção neuromuscular do paciente
crítico. Somando os pontos de 6 músculos de cada lado (deltóide, bíceps braquial,
extensor do punho, íleo-psoas, quadríceps e tibial anterior) 13.
A inspeção dinâmica ocorre quando avaliamos o comportamento torácico 5. São
avaliados: freqüência, tipos, ritmos e padrões respiratórios; sinais de aumento de
trabalho respiratório (cianose, dispnéia, tiragens), volume corrente (VC)   1 4 .

1) Freqüência Respiratória (FR): em um adulto normal pode ser mensurada de 12 a


18 respirações por minuto (rpm). A taquipnéia é quando está anormalmente elevada
sendo associada ao esforço, febre, hipoxemia, acidose metabólica, ansiedade e dor.
A bradipnéia é quando a freqüência respiratória está baixa, podendo ocorrem em
pacientes com hipotermia. É contada observando-se o movimento abdominal ou da
parede torácica  7 .

2) Tipo Respiratório: é determinado pelo segmento do tronco que predominar


durante os movimentos respiratórios. Na respiração normal tanto o abdome como o
tórax se elevam, mas pode haver predomínio desta elevação. Podendo ser:
abdominal ou diafragmática, torácica ou costal, mista, paradoxal ou invertida
(assincronismo entre abdome e tórax)  5 .

3) Ritmo Respiratório: este nos dá informações adicionais sobre tipo e a gravidade


da doença. A respiração normal deve ser regular com freqüência de 12 a 20 (rpm). A
inspiração é ativa e a expiração é passiva, sendo a relação I: E é de 1:2 5. A apnéia
(ausência de respiração por mais de 15 segundos) pode refl etir disfunção do
sistema nervoso central ou fadiga muscular, devido obstrução das vias áreas ou por
distúrbio da condução neural; respiração Cheyne-Stokes que consiste em uma fase
em que os movimentos respiratórios aumentam progressivamente de amplitude,
após o qual diminuem até a apnéia, está clinicamente associada a lesões cerebrais
difusas ou nos hemisférios; respiração Biot caracterizada por irregularidade
imprevisível com inspirações profundas que ocorrem ao acaso, suas causas pode
ser lesão cerebral difusa, depressão do centro respiratório, lesão medular e
compressão do bulbo; e a respiração Kussmaul onde os movimentos respiratórioos
são rápidos e profundos, tendo como as principais causas predisponentes a acidose
metabólica, estados de coma e infarto agudo do miocárdio, estes são alguns tipos
de ritmos anormais  1 5 .
A palpação permite que as lesões superfi ciais e profundas sejam mais bem
examinadas quanto a sua forma, volume e consistência. A sensibilidade superfi cial e
profunda, a dor provocada e a espontânea ou qualquer outra manifestação dolorosa
relatadas pelo paciente devem ser avaliadas 5. É utilizada em pacientes
selecionados para confi rmar ou descartar problemas suspeitados sugeridos pelos
dados da anamnese e do exame físico   7 .

1) Enfi sema Subcutâneo: existe uma característica de creptação da pele, onde


observa-se presença de ar nos tecidos subcutâneos do tórax, pescoço e face   5 .
A ausculta pulmonar é utilizada para identifi car ruídos pulmonares normais e
anormais7.  Murmúrio vesicular ou respiratório é um leve som murmurante que
durante a inspiração é mais longe e nítido e na expiração é mais curto, fraco e
menos nítido. O aumento ocorre em indivíduos com maior volume de ar circulante e
a diminuição sempre que houver redução do volume corrente. Os ruídos adventícios
são aqueles não audíveis em condições normais, podendo ter sua origem na árvore
brônquica, nos alvéolos ou no espaço pleural. São classifi cados em secos (roncos e
sibilos), úmidos (crepitantes e subcrepitantes) e atrito pleural 5 .

1.3. Gasometria Arterial

A gasometria arterial é um exame invasivo onde é colhida uma amostra de sangue


através da artéria radial, braquial ou femoral com intuito de avaliar os seguintes
dados: concentração de hidrogênio dos líquidos corpóreos (pH), pressão arterial de
oxigênio (PaO2), pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2), excesso de base
(BE), bicarbonato de sódio (HCO3) e a saturação de oxigênio (SatO2)   1 6 .
O pH determina se há uma acidose (a diminuição da concentração dos líquidos
corpóreos) ou uma alcalose(aumento da concentração desses líquidos). Seus
valores normais são: 7,35 a 7,45. A PaO2 indica a efi cácia das trocas de oxigênio
entre alvéolos e capilares pulmonares. Os valores normais variam entre 80 a 100
mmHg. A PaCO2 exprime a efi cácia da ventilação alveolar, com grande difusão
deste gás. Seus valores oscilam entre 35 a 45 mmHg. O BE corresponde ao excesso
de base em que seus valores normais encontram-se entre -2 a +2 mEq/L. O HCO3
demonstra a concentração de bicarbonato no plasma sanguíneo. Os valores
habituais variam de 22 a 28 mEq/L. A saturação de oxigênio (SatO2) é a
porcentagem de hemoglobina saturada com o oxigênio e sua normalidade está nos
valores acima de 90%  9 .

1.4 Capnografi a

A Capnografi a é a mensuração e o registro gráfi co do dióxido de carbono exalado no


fi nal da expiração (PETCO2). Além do PETCO2 são colhidas também a FR e o
capnigrama.  A PETCO2 é o parâmetro de maior utilidade clínica, pois quando
analisado juntamente com a PaCO2, oferece informações úteis sobre a ventilação
alveolar, o gradiente P(a – ET) CO2 e o comportamento do espaço morto. Deve ser
monitorizado, quando disponível, na rotina dos cuidados à pacientes com vias
aéreas artifi ciais  1 7 .

1.5 Oxigenoterapia

Esse recurso consiste na administração de oxigênio em concentrações maiores do


que a encontrada em ar ambiente, com intuito de prevenir ou tratar as
manifestações clinicas da hipóxia para manter uma adequada oxigenação tecidual e
minimizar o trabalho que a hipoxemia gera ao sistema cardiopulmonar 18.

Ainda de acordo com o autor supraciatado, podem ser usados de quatro formas:
sistemas de baixo (cânula nasal, cateter nasal e cateter transtraqueal), sistemas
com reservatório (cânula nasal com reservatório e circuito de não-reinalação com
reservatório), sistemas de alto fl uxo (arrastamento de ar, misturadores de ar) e os
sistemas cercados (tendas de oxigênio, capacetes e incubadoras)   1 9 .

1.6 Monitorização da Mecânica Respiratória

Em pacientes submetidos a suporte ventilatório prolongado, é importante a


mensuração de suas condições de força muscular, drive respiratório e da mecânica
torácica para que ocorra o desmame adequado destes casos   2 0 .

1.7 Suporte Ventilatório

A assistência ventilatória pode ser entendida como a manutenção da oxigenação


e/ou ventilação dos pacientes de maneira artifi cial até que estes estejam
capacitados a reassumi-las. Esta assistência torna-se importante para os pacientes
submetidos à anestesia geral e para aqueles internados nas unidades de terapia
intensiva com insufi ciência respiratória  1 7 , 2 6 .

1) Modo: A primeira escolha deve ser sempre o modo ser ventilatório, mantendo-se
limites de volumes ou pressões. A distensão alveolar rápida e abrupta é fator
predominante na lesão alveolar, deve-se estar atento a restrições de volumes de 7 a
8 ml/kg que podem ser sufi cientes para uma boa manutenção das trocas gasosas,
todavia o critério de peso é discutível, devendo observar estados de hipo ou
hiperventilação vendo, ouvindo e sentindo. Após trinta minutos de ventilação está
indicada a gasometria arterial, mantendo controle diário, a cada 24 horas. No modo
pressórico, manter níveis que proporcionem a manutenção do Volume Minuto maior
que 5 a 6 l/minuto, na dependência do peso, com níveis médios de pico em torno de
22 a 25 cm/h2O  1 7 .

2) Modalidade: É fundamental reconhecer o nível de dependência do VM. De modo


geral o ciclo ventilatório é passivo (controlado – do Ventilador) e ativo (Assistido –
do paciente) com ciclos A/C respectivamente. Denominações modernas foram
ampliadas:

 Controladas: VCV (Ventilação Controlada a Volume) e PCV (Ventilação Controlada a


Pressão).
 Assistidas: SIMV (Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada ), sendo a Volume
( SIMV/V) ou Pressão (SIMV/P).

Todas outras modalidades derivam da A/C 17.

3) FiO2: Interfere na oxigenação alveolar e arterial, corrigindo a hipoxemia e,


eventualmente, a acidose metabólica. Deve-se mensurar a saturação de oxigênio
através do oxímetro de pulso. A FiO2 deve ser controlada de acordo com o estado
clínico de cada paciente. A FiO 2  a 100% sendo utilizada por tempo prolongado deixa
o paciente susceptível ao risco de toxidade pelo oxigênio   1 7 .

4) PEEP: Designada de Pressão Expiratória Final Positiva, é responsável para


manutenção da distensão alveolar no fi nal da expiração, evitando o colabamento e
atelectasias. A PEEP ideal fi siológica não é consensual, trabalhos recentes
demonstram níveis médios entre 5 a 8 cm/H 2 O. É consensual a utilização de
5cm/H2O. Distúrbios hemodinâmicos podem ocorrer com níveis de PEEP maiores
que 12 cm/ H2O ou menos  1 7 .

5) Pressão de Suporte: A pressão de suporte é uma forma de ventilação assistida,


que pode ser utilizada durante o desmame e é liberada quando uma variação de
pressão abaixo da linha de base é detectada (geralmente 25%), ou seja, se o
paciente inspirou e não conseguiu atingir o volume corrente preestabelecido, a
pressão de suporte será liberada para adequar o volume corrente estabelecido.
Ajustar o fl uxo inspiratório de maneira a que o pico de pressão inspiratória (PIP)
seja atingido no primeiro terço do Tinsp. Desta forma, esse modo ventilatório é
ciclado em tempo e limitado pela pressão. Lembrando que o paciente para usar esse
modo tem que ter drive respiratório  1 7 .
6) Freqüência Respiratória e Sensibilidade: Deve ser mantida entre 10 a 14 ciclos
por minuto. Para manutenção, o controle da sedação e analgesia é fundamental,
evitando-se retenções ou altas liberações de CO2 da corrente sanguínea.
Freqüências altas podem também gerar o auto-peep. A sensibilidade é medida em
valores de pressão negativa, ou seja, na pressão necessária efetuada pelo paciente
na inspiração para disparo do ciclo ventilatório. Determina quando será liberado o
fl uxo inspiratório. Isto ocorre por pressão (aproximadamente – 2cm/ H 2 O), 2 cm/
H 2 O no display, ou através do sistema de fl uxo de demanda   1 7 , 2 6 .

7) Fluxos, relação I:E:  Depende de vários fatores relacionados e interativos. O fl uxo


deverá ser mantido entre 40 a 60 l/min, ou 5 vezes o Volume Minuto. A relação I:E
fi siológica é de 1:2, na dependência da dinâmica ventilatória (VC, FR, Fluxo insp. e
pausa insp). Cuidado com a relação 1:1 que pode levar a auto-peep   1 7 .

3. Avaliação Motora

A observação dos dados da avaliação osteomioarticular contribui para estabelecer o


diagnóstico e prognóstico, objetivos de tratamento e resultados almejados e para
desenvolver e implementar o plano de assistência. É também importante para se
estimar os resultados no tratamento, tanto periodicamente quanto durante o
processo de tratamento, e na conclusão da terapia. Os propósitos ao se realizar
uma avaliação incluem: determinar a presença ou ausência de comprometimento
envolvendo músculos, ossos e estruturas articulares relacionadas e identifi car os
tecidos específi cos que estão causando o comprometimento   2 1 .

A amplitude de movimento articular e a fl exibilidade de tecidos moles são


elementos importantes do movimento funcional. As limitações restringem a ação
normal dos músculos e alteram o alinhamento biomecânico dos seguimentos do
corpo e da postura. A imobilização prolongada causa contratura, uma resistência
fi xa resultante da fi brose dos tecidos em torno de uma articulação   2 5 .

É importante a avaliação motora na unidade de terapia intensiva – UTI com intuito


de saber as reais condições que se encontra o sistema musculoesquelético do
paciente e desde cedo iniciar o tratamento visando principalmente à prevenção de
úlceras de decúbitos, contraturas, deformidades e conseqüente perda da
funcionalidade  2 5 .

O prontuário do paciente tem por objetivo fornecer informações com maior


qualidade e de fácil interpretação, onde estas informações estão relacionadas com
o passado, presente ou futuro da saúde e condições físicas e mentais do
indivíduo  2 2 .

O uso de sistemas eletrônicos pode ser recomendado para melhorar sistemas de


armazenamento e conseqüentemente os resultados dos tratamentos
fi sioterapêuticos, a efetividade do serviço de fi sioterapia e reduzir os custos
evitando a repetição de procedimentos   2 3 .
A falta de sistemas de armazenamento, recuperação e organização de prontuários
podem comprometer o desenvolvimento de sistemas de informação e, em
conseqüência, a qualidade do atendimento fi sioterapêutico   2 4 .

Sem evidências documentadas, a efetividade de tratamentos fi sioterapêuticos não


pode ser demonstrada e, possíveis processos legais por negligência ou por mau
tratamento, mau gerenciamento dos recursos e escassez de processos
administrativos não podem ser defendidos   2 3 .

A fi sioterapia possui importância fundamental nos cuidados de pacientes internados


em unidades de terapia intensiva, entretanto a utilização de prontuários eletrônicos
é uma pratica incomum na atuação do fi sioterapeuta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como propósito a elaboração de uma fi cha de avaliação


fi sioterapêutica em pacientes na UTI, onde foram explicados todos os tópicos da
fi cha, que se fazem necessário, pra se avaliar pacientes que necessitam de uma
monitorização contínua.

Uma das principais necessidades de uma unidade de terapia intensiva é o


armazenamento organizado dos dados, no sentido de documentar a atenção a cada
paciente atendido na UTI e facilitar a recuperação das informações.

A coleta de dados contém informações resumidas e aquelas obtidas pelo


fi sioterapeuta. Na primeira parte deve conter os dados iniciais do paciente, como
nome, idade, endereço, número de registro do hospital e encaminhamento médico,
além do diagnóstico e da razão de encaminhamento. A segunda parte resume a
história clínica e a avaliação fi sioterapêutica.

Com a ausência de evidências documentadas sobre a efetividade de tratamentos


fi sioterapêuticos fi ca comprometida sem o arquivamento dos procedimentos
realizados e efeitos alcançados com a conduta da fi sioterapia. Com o prontuário
eletrônico existi uma maior facilidade de encontrar esses dados e documentar em
trabalhos científi cos e na literatura sobre a efetividade da Fisioterapia.

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