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0. Introdução
No âmbito da elaboração de um portefólio de estágio, foi-me proposta a realização de
um estudo de caso em que eu escolhesse um doente do serviço em que estou a estagiar e me
debruçasse sobre os seus problemas/patologias deste.
Os objectivos que tracei para este estudo de caso são:
• Conhecer a história clínica da doente à qual me dediquei para a realização do
trabalho;
• Aprender mais acerca das patologias que apresenta;
• Desenvolver capacidade de comunicação tanto com a doente como com a
família;
• Obedecer à obrigatoriedade de realização desta parte do trabalho.
Assim, começo por fazer uma breve apresentação da senhora que seleccionei para o
meu estudo seguida da sua história clínica baseada na avaliação realizada pelos profissionais
de saúde do SU.
O processo de enfermagem é também muito importante na vida e formação de um
Enfermeiro, e por isso decidi enquadrar a prestação de cuidados à minha doente nessa
metodologia. Desta forma, inicio a seguir à história clínica, uma aplicação do processo de
Enfermagem no processo de saúde/doença desta pessoa. Inicialmente, serão identificados os
fenómenos alterados na doente para depois conseguirmos formular os diagnósticos. Depois
serão planeadas as intervenções em função daquela pessoa e das suas necessidades e por
fim serão avaliadas essas intervenções para se verificar qual a sua acção sobre determinado
doente.
Seguidamente serão apresentadas as prescrições médicas não farmacológicas
devidamente justificadas e também as farmacológicas explicando o porquê de serem aplicadas
a esta doente.
No final, será feita uma reflexão acerca da evolução que a doente teve ao longo do
tempo que estipulei para a realização do estudo (desde o dia 23/06/2009 até ao dia
06/07/2009).
Assim, a senhora que vou apresentar é a D. Alice (nome fictício) de 81 anos de idade e
entrou no serviço com o diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) Isquémico.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
1. História Clínica
No dia 18 de Junho a senhora compareceu no Serviço de Urgência (SU). À admissão
apresentava-se consciente e cumpria ordens simples. Demonstrava afasia motora e
descoordenação do Membro Superior (MS) e Membro Inferior (MI) direitos que apesar disso
revelavam ter força muscular. Tem presente reflexo cutâneo plantar em flexão à esquerda e em
dorsiflexão à direita. Apresenta as pupilas isocóricas e fotorreactivas.
A doente foi encontrada pelo filho às 14h com perturbações da linguagem e
desequilíbrio. Segundo este no dia anterior à noite a senhora não apresentava nenhum défice.
É uma pessoa com antecedentes de HiperTensão Arterial (HTA) e suspeita de dislipidemia.
Teve um episódio de AVC em Março de 2009 com disartria, da qual recuperou em 1-2
semanas. Desde aí tem sido orientada por neurologia em serviços privados. Fez Tomografia
Axial Computorizada (TAC) cerebral (13 de Março de 2009) que diagnosticou enfarte recente
em território da artéria cerebelosa superior. Sem evidência de transformação hemorrágica.
Doença de pequenos vasos. Na mesma data realizou um ecocardiograma que revelou ligeira
dilatação das aurículas, valvulopatias degenerativas mitral e aórtica com repercussão
hemodinâmica de grau ligeiro. Em 8 de Abril realizou Ecodoppler carotideo e vertebral que
comprovou não haver estenoses valorizáveis.
Foi pedido análises e estudo da coagulação.
A doente foi transferida para o Hospital de S. Marcos para ser observada por
neurologia e realização de TAC cerebral.
No dia 19 de Junho a doente regressa do Hospital de S. Marcos com confirmação de
AVC isquémico fronto-parietal esquerda no território da Artéria Cerebral Média. Foi proposto
anti-agregação dupla. Mantém as análises sem alterações e a coagulação processa-se no
tempo normal.
A D. Alice, como acima foi referido, teve um episódio de AVC isquémico em Março de
2009, ficando assim com lesões ao nível da fala. Pode, então, dizer-se que esta doente perdeu
funções como a fala e o movimento por causa da trombose/isquemia que afectou a região do
cérebro responsável por estas.
2.3. Dislipidémia
Dislipidemias são alterações nos níveis sanguíneos dos lípidos circulantes. Quando os
níveis estão altos dizemos que a pessoa está com hiperlipidémia, quando os níveis estão
baixos dizemos hipolipidemias.
A D. Alice apresenta valores de colesterol acima dos valores estipulados como normais e
faz medicação para os baixar, por isso se diz que tem dislipidémia.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
3. Processo de Enfermagem
Segundo Phaneuf (2001), o Processo de Enfermagem é científico, intelectual e
deliberado que requer capacidades cognitivas, interpessoais e técnicas. Este é estruturado
segundo etapas logicamente ordenadas, sendo utilizado para planificar cuidados
personalizados, visando a melhoria do estado de saúde da pessoa cuidada.
O processo de enfermagem encontra-se dividido em 5 etapas: colheita de dados, análise
e interpretação dos dados (diagnósticos), planificação de cuidados, execução das intervenções
e avaliação final. Estas etapas têm como objectivo, a prestação de cuidados individualizados e
de qualidade. Este processo no seu todo permite à equipa de Enfermagem uma continuidade
de cuidados desde o primeiro contacto com o doente até à última vez que ele precisa de nós.
Padrão nutrição/metabolismo:
1. Peso Corporal
• Peso desconhecido.
2. Temperatura
• 37ºC.
3. Hábitos Alimentares
• Faz 4 refeições por dia;
• Gosta de qualquer comida (sem preferência);
• Tem alergia a um tipo de peixe que desconhece o nome;
• Tem prótese dentária superior e inferior;
• Não tem hábitos etílicos.
4. Avaliação de pele e mucosas
a) Pele e mucosas
• Apresenta pele e mucosas ligeiramente desidratadas
• Sem edemas.
Padrão eliminação:
1. Hábitos de eliminação intestinal/vesical
a) Eliminação intestinal
• Dejecções diárias;
• Última dejecção, manhã do dia 17-06-09.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
b) Eliminação vesical
• Sem alterações.
• A urina apresenta-se amarela e límpida.
Padrão actividade/exercício:
1. Frequência Respiratória
• 24 ciclos/min, mista, regular e de amplitude normal.
2. Avaliação da mobilidade
• Parésia no hemicorpo direito mais acentuado ao nível do membro superior.
Não deambula.
3. Hábitos tabágicos
• Não tem.
4. Capacidade de realizar as AVD
• Demonstra incapacidade para realizar as AVD, pela impossibilidade de se
deslocar.
Padrão sono/repouso:
• Dorme, no máximo, 7h por noite (referido pelo filho)
Padrão cognição/percepção:
1. Dor
• Dor não mensurável.
2. Avaliação da percepção
• Diminuição da aquidade visual e auditiva;
3. Auxiliares de percepção
• Usa óculos que não trouxe para internamento.
4. Avaliação de consciência
• Consciente.
5. Avaliação do estado mental
• Orientada no tempo e no espaço.
6. Aparência, atitude e comportamento
• Aspecto descuidado, com resposta verbal presente mas imperceptível.
Padrão papel/relação:
1. Identificação do prestador de cuidados
• O filho com quem vive;
2. Limitação do prestador de cuidados
• O seu emprego é a única coisa que o impede de cuidar da mãe.
3. Avaliação da comunicação
• Comunicação eficaz entre o cliente e o prestador de cuidados apesar da
dificuldade em exprimir as palavras.
Padrão sexualidade/reprodução:
• Viúva e tem 3filhos do sexo masculino;
Padrão crenças/valores:
• Religião Católica.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
• Providenciar aparadeira – SH
Dependente em grau
Auto-cuidado ir ao • Optimizar fralda – SH
23/06/2009 moderado no auto-
sanitário • Vigiar eliminação intestinal – SH
cuidado ir ao sanitário
• Vigiar eliminação urinária - SH
• Posicionar a pessoa – 3 em 3 horas
Dependente em grau
Auto-cuidado rodar- (9h, 12h, 15h, 18h, 21h, 24h, 3h, 6h)
23/06/2009 elevado no auto-cuidado
se • Incentivar a pessoa a colaborar nos
rodar-se
posicionamentos – SH
24/06/2009 Auto-cuidado Dependente em grau • Iniciar técnica de 1º levante – M
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
As contusões
• Vigiar contusão – SH encontram-se com cor
Contusão [equimoses
23/06/2009 Contusão • Gerir fármacos prescritos em SOS – SH amarela e para com 29/06/2009
dispersas pelo corpo]
aspecto de estar em
regressão.
Com a ajuda da terapia
• Incentivar a comunicação – SH
da fala a senhora já
23/06/2009 Afasia motora Afasia motora presente • Gerir comunicação – SH 06/07/2009
pronuncia algumas
• Optimizar comunicação – SH
palavras.
• Optimizar CVP – SH Foi retirado o CVP
Risco de infecção [no
• Trocar CVP – SOS porque foi retirada a
23/06/2009 Infecção local de inserção do 24/06/2009
• Vigiar sinais inflamatórios no local de prescrição de
CVP]
inserção do cateter. medicação EV.
Risco moderado de • Vigiar a pele – SH
23/06/2009 Úlcera de pressão
úlcera de pressão • Massajar partes do corpo – SH
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
3.5. Avaliação
A avaliação do processo de Enfermagem mede a reacção do utente às acções de
Enfermagem e o seu progresso no sentido de serem atingidos os objectivos. Durante a
avaliação, decide se as intervenções de Enfermagem se revelaram eficazes para minimizar, ou
resolver, os problemas do utente. Um dos objectivos dos cuidados de Enfermagem é ajudar o
utente a minimizar, a resolver, problemas de saúde, que reage, a prevenir a ocorrência de
potenciais problemas, e a promover a manutenção de um estado de saúde. À medida que os
objectivos vão sendo avaliados, são feitos os ajustes no plano de cuidados, que se considera
serem necessários. (Potter & Perry, 2006)
Esta avaliação encontra-se no quadro nº2, referente ao plano de cuidados.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
7. Conclusão
Durante todo o tempo que estive a realizar este estudo acerca da D. Alice aprendi
bastante. Não só pelas pesquisas que fui fazendo (por mínimas que fossem) mas também pela
aprendizagem que se consegue na prática e no contacto directo com a pessoa.
Posso dizer que com a realização deste trabalho consegui atingir todos os objectivos a
que me propus. O contacto com esta doente proporcionou-me oportunidade de entrar em
contacto também com a família, conversar e esclarecer duvidas da parte deles. Esta senhora
era também muito extrovertida o que me facilitou o processo de comunicação, mas por outro
lado apresentava uma alteração na comunicação que me foi sempre dificultando um pouco.
Depois de estar com ela uns dias eu já sabia como percebê-la melhor. Isto obrigou-me a criar
estratégias de comunicação e mesmo a aprender algumas com a família.
A patologia que a D. Alice apresentava eu já conhecia mas o facto de a ter escolhido
para o meu estudo de caso fez com que procurasse ainda mais informação e tentasse ainda
saber mais. A história clínica desta senhora foi o que chamou a atenção para o meu estudo de
caso, porque esta começou a ter uma evolução ao nível da saúde que nunca pensei que
pudesse vir a ter.
Termino dizendo que gostei imenso de realizar o estudo desta senhora. Despertou em
mim interesse pela sua patologia, e pelo seu estado de saúde/doença.
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
8. Bibliografia
Infarmed. (2008). Prontuário terapêutico. Lisboa: Infarmed.
Infarmed. (2007). Simposium terapêutico. Lisboa: Edições Simposium.
(9 de Junho de 2007). Recuperado em 10 de Março de 2009, de Acidente Vascular
Cerebral: http://www.acidentevascularcerebral.com/
Brunner, & Suddarth. (2002). Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica (9ª ed., Vol. II).
Guanabara Koogan S.A.
Carpenito, L. J. (1997). Diagnósticos de Enfermagem. Portalegre: Lusodidacta
Crawford, M. H. (2005). Cardiologia: Diagnótico e Tratamento. Brasil: McGraw-Hill.
Phaneuf, M. (2001). Planificação de cuidados: um sistema integrado e personalizado.
Coimbra: Quarteto Editora.
Potter, P. A., & Perry, A. G. (2006). Fundamentos de Enfermagem (5 ed.). Loures:
Lusociência.
Seeley, R. R., Stephens, T. D., & Tate, P. (2003). Anatomia e Fisiologia. Loures:
Lusociência.
Barreto, X. A. (2009). Hiperdislipidémias. (documento em formato digital fornecido nas
aulas de Farmacologia II, componente teórico-prática, do 2º ano de Enfermagem,
2ºsemestre)
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
ANEXOS
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
Anexo I:
Escala de Braden para a avaliação do
Risco de úlcera de pressão
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”
Anexo II:
Escala de Coma de Glasgow
Estudo de caso:
“Cuidar de uma pessoa com comunicação alterada”