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Paciente Crítico II
Assistência de Enfermagem ao Paciente
com Agravos Cardiovasculares Clínicos
Revisão Textual:
Pérola Damasceno
Assistência de Enfermagem ao Paciente
com Agravos Cardiovasculares Clínicos
Objetivos
• Conhecer a Síndrome Coronariana aguda: Angina instável e IAM;
• Conhecer os tratamentos de escolha para a Angina Instável e o IAM;
• Discutir a avaliação clínica e a implementação das assistência de enfermagem em cada situação;
• Conhecer as Crise hipertensiva: urgência hipertensiva e emergência hipertensiva;
• Discutir a avaliação clínica e a assistência de enfermagem nas urgências e emergências
hipertensivas.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Assistência de Enfermagem ao Paciente com Agravos Cardiovasculares Clínicos
Contextualização
Ter o pleno domínio dos agravos clínicos cardíacos que serão trabalhados nesta
Unidade são de fundamental importância para a sua atuação como Enfermeiro Inten-
sivista, uma vez que são eventos frequentes que você poderá se deparar não apenas
na Unidade de Tratamento Intensivo, mas em qualquer cenário de assistência, e ter o
pleno domínio lhe possibilitará, na avaliação clínica, uma tomada de decisão precisa
e adequada a cada situação. Lembre-se: tempo é miocárdio e, nesse sentido, tendo
a competência na avaliação, você poderá ser o profissional que fará toda a diferen-
ça para alcançar o melhor tempo, facilitando o adequado diagnóstico e terapêutica.
Outro aspecto de grande relevância é a assistência nas crises hipertensivas, outra con-
dição clínica que diariamente temos contato e, como Enfermeiro, ter a competência de
implementar o melhor cuidado nesta situação fará todo o diferencial para o adequado
controle e estabilização do paciente. Assim, dedique-se, vá além do que está proposto
nesta Unidade, se aproprie dos referencias que, com certeza, lhe possibilitarão ampliar
o seu conhecimento e que lhe dará um grande diferencial na sua atuação profissional.
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Síndrome Coronariana Aguda – SCAs
O termo “Síndrome Coronariana Aguda” é utilizado para descrever os quadros clíni-
cos compatíveis com a isquemia aguda do miocárdio e, nesse sentido, estão incluídos a
Angina instável e o Infarto agudo do Miocárdio (IAM) (MORTON; FONATINE, 2019).
Observe na Figura 1 a placa aterosclerótica fixa e estável, assim como a instável com
ruptura de placa e agregação plaquetária.
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O manejo clínico inicial da Angina Instável será conduzido de forma a ofertar todo
o suporte necessário com vistas à prevenção dos agravos de um possível IAM, até que
a dosagem dos marcadores de necrose miocárdica estejam disponíveis. Nesse sentido,
destaca-se a dosagem da troponina, que tem se mostrado mais sensível e elevada nos
casos de infarto agudo do miocárdio, conforme pode ser observado no algoritmo da
Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre AI e IAM, sem supra desnivelamento de ST
(Figura 2).
O prognóstico do paciente vítima de angina pode variar de baixo a alto risco, de-
pendendo das condições clínicas da vítima. Nesse sentido, são disponibilizadas algumas
classificações que possibilitam o melhor manejo do quadro clínico, sendo que o mais
utilizado para a classificação da angina é o Sistema de Classificação da Canadian Car-
diovascular Society, que apresentamos no Quadro 1:
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Quadro 1 – Classificação da Canadian Cardiovascular Society para Angina
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Figura 3 – Algoritmo de atendimento para dor torácica
Fonte: FALCÃO; MOSCOSO, 2017
Compreendendo os Biomarcadores
O músculo cardíaco, especificamente o cardiomiócito, possui uma proteína específi-
ca (troponina cardíaca - cTn), esta proteína é composta por três subunidades, que são:
Troponinas T (cTnT); Troponina I (cTnI) e a Troponina C (cTnC). As troponinas T e I pos-
suem isoformas cardíacas especificas e a sua detecção na corrente sanguínea indica lesão
miocárdica. Tal fato fez com que, nas últimas duas décadas, as troponinas cardíacas têm
sido o biomarcador de escolha para avaliação de lesão do miocárdio, incluindo os quadros
de suspeita de IAM (CARAMELLI, 2020).
Há, ainda, dois outros marcadores que, na vigência da lesão em células miocárdicas,
são liberados na corrente sanguínea: o CK e o CKMB.
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da lesão da célula miocárdica. Nas situações clínicas de IAM estará elevada entre 6 a 12
horas, atingindo o seu pico máximo entre 12 a 28 horas e a sua normalização ocorrerá
entre 72 a 96 horas. Assim, para estas enzimas a coleta de amostras seriadas ocorrerão
entre 4 a 6 horas durante as primeiras 24 a 48 horas depois do início dos sintomas
(MORTON; FONATINE, 2019).
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importantes no processo de avaliação deve ser destacado e possibilitarão a caracteriza-
ção do Infarto do Miocárdio.
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Observe que os dados avaliados neste escore incluem a história clínica do paciente,
a idade, presença de fatores de risco, além dos resultados do ECG e da Troponina.
Resultados deste escore entre 0 e 3 possibilitam identificar 35% a 46% de pacientes com
baixo risco; já resultados entre 7 e 10 apontam alto risco de eventos cardíacos: superior
a 50% em 6 semanas.
Observe que neste escore são avaliados os resultados de Troponina e do ECG, além
do escore TIMI – Thrombolysis In Myocardial Infarction . O TIMI foi um estudo reali-
zado por Antmam et al., de um banco de dados que possibilitou evidenciar marcadores
independentes de pior prognóstico em pacientes com SCASSST (Síndromes coronaria-
nas agudas sem supradesnível do segmento ST), que foram denominados de “escore de
risco do grupo TIMI”:
• idade ≥ 65 anos;
• elevação de marcadores bioquímicos;
• depressão do segmento ST ≥ 0,5mm;
• uso de AAS nos 7 dias prévios aos sintomas;
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• presença de três ou mais fatores de risco tradicionais para DAC (hipertensão, hiper-
colesterolemia, diabetes melito, tabagismo, história familiar);
• DAC conhecida; angina grave recente (< 24h).
Para uso deste escore cada um dos itens presentes recebe um ponto na somatória
e o paciente poderá ser classificado em baixo risco, risco intermediário ou alto risco,
conforme a pontuação obtida:
• Baixo risco: escore de 0 a 2;
• Risco intermediário: escore de 3 a 4;
• Alto risco: escore de 5 a 7.
Estudos têm evidenciado uma associação que quanto maior o escore de risco, maior
é a incidência de eventos como óbito, reinfarto e isquemia com indicação de revascula-
rização (NICOLAU, 2021).
Neste escore, observe que é considerado de baixo risco para eventos coronarianos
todo resultado menor do que 16 associado ao ECG sem alterações e com resultados de
2 troponinas negativas. É importante destacar que os fatores de risco analisados neste
escore (dislipidemias, diabetes, hipertensão, tabagismo atual, história familiar de DAC)
são aplicáveis a adultos de 18 a 60 anos.
Observe que cada uma destas ferramentas possibilitam avaliar o paciente com qua-
dro de dor torácica, permitindo identificar pacientes de baixo risco e, desta forma,
direcioná-los para o acompanhamento ambulatorial, bem como identificar situações
de maior gravidade, para que condutas adequadas a cada caso possam ser instituídas
(NICOLAU, 2021).
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Nos casos de infarto da parede inferior é comum a presença de sintomas gastroin-
testinais, como náuseas e vômitos, que estão relacionados à intensidade da dor e à esti-
mulação vagal. Podem ocorrer, ainda, diaforese, dispneia, fadiga, fraqueza, inquietação,
confusão, ansiedade e sensação de morte iminente.
Vamos entender um pouco mais sobre o evento mais importante coronariano - o IAM?
Assista ao vídeo: Infarto agudo do miocárdio – Série Saúde Brasil.
Disponível em: https://youtu.be/LGxD1lffW7w
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sentes em tempo inferior a 12 horas, quando há contraindicação à fibrinólise e os sinto-
mas estão presentes em tempo inferior a 12 horas, na vigência de choque cardiogênico
e Insuficiência cardíaca aguda (FALCÃO; MOSCOSO II, 2017).
Estar atento a todos estes aspectos contribuirá para um bom planejamento do cuida-
do de enfermagem deste paciente, podendo colaborar para evitar algumas das compli-
cações mais comuns: sangramento devido ao uso de antiagregante plaquetário, necessi-
dade de novas intervenções, trombose de stent, entre outros.
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Figura 10
Fonte: BARROSO; et al., 2020
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O que define a emergência hipertensiva não é necessariamente o nível pressórico
que, apesar de frequentemente muito elevada, é a condição clínica do paciente que a
determina. Assim, sua manifestação pode estar associada a um evento cerebrovascular,
cardiovascular, renal ou ainda envolvendo múltiplos órgãos. Outra situação que pode
determinar uma emergência hipertensiva são os quadros de pré-eclâmpsia (BARROSO
et al.;, 2020).
• Encefalopatia hipertensiva;
• Acidente vascular encefálico isquêmico;
Cerebrovasculares
• Acidente vascular encefálico hemorrágico;
• Hemorragia subaracnóidea.
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• Hipertensão acelerada/maligna;
• - Hipertensão MDO;
• - Crises adrenérgicas graves;
• - Crise do feocromocitoma;
Renais/
• - Dose excessiva de drogas ilícitas (cocaína, crack, LSD);
comprometimento de
• - Hipertensão na gestação;
múltiplos órgãos • - Eclâmpsia;
• - Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade;
• - Síndrome “HELLP”;
• - Hipertensão grave em final de gestação.
Nos quadros de hipertensão com múltiplos danos aos órgãos-alvo (MDO) há o com-
prometimento de três dos quatro sistemas apresentados no Quadro 6:
Quadro 6 – Órgãos alvos que podem ser afetados nas emergências hipertensivas
Tabela 2 – Descrição dos sintomas, exame físico e investigação complementar nas principais lesões nas
emergências hipertensivas.
Principais Investigação complementar a
Sintomas Exame físico
lesões EH critério clínico
• ECG, saturação de O2, radio-
• FC, ritmo, alteração de pulso, grafia de tórax, marcadores de
galope, estase jugular, con- necrose miocárdica, BNP, desi-
• Dor ou desconforto no
gestão pulmonar, abdominal drogenase láctica;
Cardiovasculares tórax, abdome ou dorso;
e periférica;
• Dispnéia; fadiga; tosse. • Ecocardiograma;
• Palpação de pulsos nos qua-
tro membros. • Angiotomografia, TC de tórax e
RNM de tórax.
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Principais Investigação complementar a
Sintomas Exame físico
lesões EH critério clínico
• Edema ou desidratação;
• Alteração no volume e na • Alterações no aspecto da uri- • Urina I, creatinina; ureia; Na+;
Renais
frequência miccional. na (hematúria); K+; cloro; gasometria.
• Massas e sopros abdominais.
• Papiledema; hemorragias; exsudatos.
Fundo de olho • Alterações nos vasos como espasmos, cruzamentos arteriovenosos patológicos, espessamento na
parede arterial e aspecto em fio de prata ou cobre.
Exames comple- • ECG, radiografia de tórax, marcadores de necrose miocárdica, hemograma com plaquetas, creati-
mentares mínimos nina, urina I e potássio.
Fonte: Adaptado de BARROSO; et al., 2020
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PAS > 180 e/ou PAD > 120mm Hg
Emergência Hipertensiva
Elevação importante da PA
Tratamento intensivo
Introduzir/readequar tratamento
anti-hipertensivo
Crises Cactecolaminérgicas
Edema Agudo de Pulmão
Dissecção Aguda de Aorta*
Acompanhamento ambulatorial
precoce (07 dias)
PA 25% 1ª h
PA < 140 mm Hg na 1ª h
160/100-110 mm Hg em 2-6 h
PA < 120 mm Hg na 1ª h*
Valores normais em 24 - 48 h
Segundo a pesquisa citada, destacamos aqui alguns cuidados que foram elencados
na revisão como prioritários na assistência ao paciente em crise hipertensiva: utilizar
aparelho de pressão arterial calibrado e realizar a medida da pressão arterial com técnica
correta e utilizar manguito de tamanho adequado.
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Nesta Unidade tratamos de condições clínicas muito comuns no cuidado do paciente gra-
ve, tanto as Síndromes Coronarianas Agudas como as Crises Hipertensivas são situações
comuns e frequentes, mas que envolvem a necessidade de uma equipe preparada para
identificar e atuar de forma rápida e eficaz, possibilitando a recuperação e minimizando
as sequelas.
• Apesar do enfermeiro não ser o profissional responsável pelo diagnóstico da doença,
ter a competência para identificar os sinais de agravos que envolvem riscos eminentes
de morte ou de complicações que podem gerar sequelas é de fundamental importân-
cia para a rápida conduta e assistência a este paciente. Lembre-se: você é o profissio-
nal responsável pela avaliação de risco e ter a competência para uma avaliação precisa
fará toda a diferença na vida do seu paciente. Assim, dedique-se, explore, aprofunde
seu conhecimento e busque a excelência, pois é ela que possibilitará uma assistência
de enfermagem livre de danos e de imperícias.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Infarto Agudo do Miocárdio - Parte 1
https://youtu.be/zFlahOXu3Lk
Infarto Agudo do Miocárdio - Parte 2
https://youtu.be/cbndiwW65rU
Leitura
O papel da equipe de enfermagem frente a crise hipertensiva
https://bit.ly/2Y8sjEo
A enfermagem e o gerenciamento do cuidado integral
O Capítulo 17 aborda o perfil diagnóstico de enfermagem admissional de pacientes com
síndrome coronariana aguda internados em um CTI.
https://bit.ly/3B0d3rv
Programa de Cuidados Clínicos Protocolo de Conduta no Atendimento da Dor Torácica- HCOR
https://bit.ly/2Y121nh
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UNIDADE
Assistência de Enfermagem ao Paciente com Agravos Cardiovasculares Clínicos
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares
e renais. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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