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Atuação Do Enfermeiro Ao Paciente Com Acidente Vascular Cerebral


Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/atuacao-do-enfermeiro-ao-paciente-com-acidente-
vascular-cerebral/7613/

Hoverney Quaresma Soares


Fisioterapeuta Especialista em UTI, Enfermeiro Pós- Graduado em Enfermagem do Trabalho.

INTRODUÇÃO. O termo Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, significa o
comprometimento súbito da função cerebral por inúmeras alterações histopatológicas que envolvem um ou
vários vasos sanguíneos intra ou extracranianos. O grande problema desta patologia não se encontra
apenas no elevado índice de mortalidade, mas, sim, na incapacitação que impõe ao indivíduo, como por
exemplo, não se alimentar ou locomover-se sozinho além do problema social (NETO, 2002). O AVC pode
ser definido como um déficit neurológico focal súbito devido a uma lesão vascular. Este termo evoluiu nas
últimas décadas para incluir lesões causadas por distúrbios hemodinâmicos e da coagulação, mesmo que
não se tenha alterações detectáveis nas artérias ou veias (ANDRÉ, 1999). Aproximadamente 80% dos
(AVC) são causados por um baixo fluxo sangüíneo cerebral (isquemia) e outros 20% por hemorragias tanto
intraparenquimatosas quanto subaracnóideas (NETO, 2002). O AVC isquêmico consiste na oclusão de um
vaso sangüíneo que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica do cérebro, interferindo com as
funções neurológicas dependentes daquela região afetada, produzindo uma sintomatologia ou déficits
característicos (ASPESI; GOBATTO, 2001).

No AVC hemorrágico ocorre hemorragia local, com outros fatores complicadores, tais como: aumento da
pressão intracraniana, edema cerebral, entre outros, levando a sinais nem sempre focais (ASPESI;
GOBATTO, 2001). Estes índices são maiores entre negros, pois a raça negra exibe maior tendência ao
desenvolvimento do AVC, provavelmente devido a maior tendência genética de desenvolver hipertensão
arterial sistêmica (ANDRÉ, 1999). Pessoas de etnia negra parecem apresentar um defeito hereditário na
captação celular de sódio e cálcio, assim como em seu transporte renal, o que pode ser atribuído à
presença de um gen economizador de sódio que leva ao influxo celular de sódio e ao efluxo celular de
cálcio, facilitando deste modo o aparecimento da Hipertensão Arterial (BARRETO et al, 1993). Associados
ao fator de herança da própria etnia, estão os fatores ambientais, como o fumo, álcool e estresse, dentre
outros, que irão se unir ao primeiro e potencializar os riscos para o desenvolvimento da hipertensão.
Justifica-se desta maneira a grande importância de divulgar esta maior tendência às pessoas afro-
brasileiras. Cerca de 40 a 50% dos indivíduos que sofrem um AVC morrem em cerca de seis meses.

A maioria dos sobreviventes exibirá deficiências neurológicas e incapacidades residuais significativas.


Reduzir a incidência através da prevenção de seus fatores de risco pode ser um meio eficaz de economizar
recursos hoje utilizados no tratamento dos doentes ou perdidos em produtividade (ANDRÉ, 1999).
Confirmar o diagnóstico de um AVC é importante sob dois aspectos: sua diferenciação dos outros distúrbios
que causam déficit neurológico focal e a identificação dos pacientes sob risco particularmente alto de ter
obstrução vascular subseqüente (AVC ou infarto do miocárdio), ou AVC por outra causa. Quando não
conduz ao óbito, o AVC pode ocasionar graves seqüelas, levando o paciente a vários níveis de
incapacidade física, com enorme impacto econômico, social e familiar.

O Enfermeiro poderá estar atuando na conscientização com objetivo principal de orientar a população sobre
a importância de fazer prevenção, principalmente depois que o paciente sofreu um primeiro episódio,
quando as chances de ocorrer um segundo derrame aumentam em até nove vezes. A campanha orientará
o público a identificar os fatores de riscos, a reconhecer os seus sinais e sobre como proceder diante do
problema.

Fatores de Riscos.
1. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS);
2. Diabetes;
3. Dislipidemia e obesidade;
4. Tabagismo;
5. Álcool;
6. Anticoncepcional oral;
7.Doenças associadas que acarretem aumento no estado de coagulabilidade (coagulação do
sangue) do indivíduo.
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Fisiopatologia. Uma vez ocorrida interrupção da circulação arterial, uma série de alterações funcional e
estrutural surgirá no território acometido, com estabelecimento de uma cascata isquêmica complexa, que
significa o desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio levando a alterações miocárdicas
provocadas pela isquemia, que seguem uma seqüência determinada de fenômenos fisiopatológicos e
representada pelos seguintes eventos: heterogeneidade de perfusão, alteração metabólica, disfunção
diastólica do VE, dissinergia regional, alterações eletrocardiográficas e dor precordial. No miocárdio normal,
durante a sístole, há um espessamento da musculatura que é bem demonstrado pelo ecocardiograma e,
após submetermos o coração a um estresse, quer seja por estímulo físico ou farmacológico, podemos
observar a quarta etapa da cascata isquêmica que é a diminuição ou ausência do espessamento sistólico,
um evento precoce, sensível e específico da isquemia, resultando em morte neuronal. Por outro lado, áreas
vizinhas com perfusão parcial, manterão um funcionamento ainda que anormal, mas potencialmente
reversível. Estas áreas, chamadas de penumbra são o principal alvo da terapêutica atual.

Prevenção. Apesar de todas estas novidades que surgem no tratamento do AVC, ainda é a prevenção o
principal fator atuante sobre a doença. A identificação correta do risco deve ser preocupação permanente
do profissional que, através de exame minucioso, deve destacar as possibilidades da doença. A
identificação de arteriosclerose familiar, o estudo cuidadoso do coração e das artérias, procurando arritmias
e sopros. O exame do fundo de olho, sempre fundamental para a avaliação do estado das artérias. O
controle da hipertensão arterial e do diabetes, bem como do colesterol e do peso. A eliminação do
tabagismo e da vida sedentária e o combate ao estresse. Muitas vezes há necessidade de orientação da
dieta apropriada e também do uso de medicamentos.

Papel do Enfermeiro. Cabe ao enfermeiro orientar o doente e estimulá-lo a fazer os exercícios em casa,
assim como aconselhar quanto aos cuidados a ter com a pele, bexiga e intestinos e ajudá-lo na escolha e
utilização de dispositivos e aparelhos de que necessita. Cabe-lhe também dar informações, apoio e
orientações à família e a outras pessoas envolvidas na prestação de cuidados. Os pacientes com seqüela
de AVC têm uma diminuição da força muscular gerando dependência de outros, tanto no meio hospitalar
quanto no domiciliar. Cuidar parece ser um papel específico e definidor de enfermagem, mas há casos em
que a família é fator essencial para este cuidado e a enfermagem tem como aliada no tratamento destes
pacientes. A família deve sempre estar orientada e sendo orientada a evolução deste paciente. O paciente
com suas atividades restritas passa a depender de outrem para a higiene corporal, para seu conforto e até
mesmo para sua auto-estima. Desta forma pode ser que ocorram outras deficiências.

Prescrição de Enfermagem 1- Realizar exercícios passivos nos membros afetados. Fazer os exercícios
lentamente, para permitir que os músculos tenham tempo de relaxar e apoiar extremidades acima e abaixo
da articulação para prevenir lesões nas articulações e nos tecidos; 2- Durante os exercícios, os braços e as
pernas do cliente devem ser movimentados delicadamente no limite de sua intolerância à dor e realizar o
exercício lentamente, permitindo o relaxamento muscular; 3- Ensinar o cliente a realizar exercícios ativos
nos membros não afetados, no mínimo quatro vezes por semana; 4- Apoiar as extremidades com
travesseiros, para evitar ou reduzir o edema; 5- Posicionar em alinhamento para prevenir complicações.
Usar apoio para os pés; Evitar períodos prolongados sentado ou deitado na mesma posição; § Mudar a
posição das articulações do ombro a cada 24 horas; Apoiar a mão e o punho em alinhamento natural; §
Usar talas de mão e pulso. 6- Proporcionar mobilização progressiva; Auxiliar lentamente para a posição
sentada; Permitir que as pernas fiquem suspensa sobre a lateral da cama por alguns minutos antes de ficar
em pé; Limitar em 15, três vezes por dia as primeiras saídas da cama; Aumentar o tempo fora da cama em
15 conforme o tolerado; Evoluir para a deambulação com ou sem auxílio; Encorajar a deambulação por
períodos curtos e freqüentes; Aumentar progressivamente as caminhadas a cada dia. 7- Implementar as
precauções de segurança; Proteger as áreas com sensibilidade diminuída dos extremos de frio e calor;
Orientar quanto às complicações da imobilidade: 1- Flebite; 2- Escara de decúbito; 3- Comprometimento
neurovascular. 8- Auxiliar nos cuidados diários como higiene geral, vestir-se, alimentar se. 9 Administrar
medicações conforme prescrição medica; 10 Aferir sinais vitais;

Consideraçoes finais. Muitas vezes, torna- se necessário em ultimo caso a contenção de pacientes mais
agitados e principalmente quando estes dependem de prótese ventilatória. As manobras de contenção,
quando utilizadas de maneira consciente e, portanto, com finalidade terapêutica, poderão ajudar a pessoa
internada em ambiente desconhecido a diminuir a ansiedade. As atividades de enfermagem são
direcionadas para evitar posturas inadequadas que contribuam para lesões do sistema músculo-esquelético
e para a preservação da boa mecânica corporal. O processo de enfermagem, implica numa implementação
de cuidados de enfermagem de modo que o trabalho seja executado dentro de um protocolo direcionado
para todos os diagnósticos avaliados pelo Enfermeiro. Devemos valorizar a prática de enfermagem, mas,
sobretudo a prática elaborada com fundamentos científicos e com análise dos resultados esperados que
teremos pela aplicação do processo de enfermagem.
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REFERÊNCIAS:

1. ASPESI,Nelson e GOBATTO,Pedro. Acidente vascular cerebral. Outubro de 2001. Acessado em 22 de


janeiro de 2002. (www.abcdcorposalutar.com.br)
2. ANDRÉ, Charles. Manual de AVC. 1a edição. Editora Revinter: Rio de janeiro, 1999.
3. BARRETO, N.D.M. et al. Prevalência da hipertensão arterial nos indivíduos de raça negra. Arquivos
Brasileiros de Medicina, v. 67, n. 6, p. 449-51, 1993.
4. CAMBIER,J.;MASSON,M.;DEHEN,H. Manual de neurologia. 9a edição. Editora MEDSI: São Paulo,
1999.
5. MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia funcional. 2a edição. Editora Atheneu. Rio de Janeiro, 1993.
6. NETO, Alcindo. Acidente vascular cerebral. Acessado em 15 de janeiro de 2002.
(www.medstudentes.com.br/neuro/neuro8.htm)
7. Jornal da AME. AVC: o que fazer diante do derrame. Setembro de 2000. Acessado em 22 de janeiro de
2002.(www.entreamigos.com.br)
8. Sem autor. Doenças das carótidas. Acessado em 22 de janeiro de 2002. SOS vascular.
(www.sosdoutor.com.br).

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