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Resumo
A pesquisa refere-se as estratégias de fisioterapia para reabilitação de pacientes hemiparético. O
acidente vascular encefálico (AVE) é a que mais acomete o sistema nervoso central, com
importante impacto na saúde pública. O AVE traz diversos comprometimentos motores e
funcionais, que determinam dificuldades ou incapacidades aos indivíduos acometidos.
Estratégias de fisioterapia têm sido sugeridas para tratamento do paciente hemiplégico e
hemiparético, todas de fundamental importância na recuperação e reabilitação física destes
pacientes. O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias
publicada entre 2005 a 2015. Observou-se que os protocolos e as estratégias utilizadas foram
considerados válidos para evolução do paciente, evidenciando e confirmando a importância
do uso dessas estratégias em pacientes hemiparético. Sugere-se que novos estudos sejam
realizados a partir da temática do presente estudo com o objetivo de fornecer tratamento
individualizado aos pacientes com condromalácia.
1. Introdução
O acidente vascular encefálico (AVE) é a que mais acomete o sistema nervoso central, com
importante impacto na saúde pública, apresentando-se como a segunda principal causa de
morte, e a principal causa de incapacidades físicas e cognitivas em países desenvolvidos e em
desenvolvimento (OVANDO, 2009).
O cérebro é uma região que necessita de um suprimento contínuo de glicose e oxigênio. Por
não armazenar essas substâncias quando ocorre uma interrupção, em poucos minutos, inicia-
se uma disfunção metabólica, dando início a uma cascata de eventos que podem levar a
necrose tecidual (NETO, 2005).
De acordo com Raffin (2006), AVE é a perda repentina da função neurológica causada por
uma interrupção do fluxo sanguíneo para o encéfalo. AVE isquêmico é o tipo mais comum,
afetando cerca de 80% dos indivíduos com AVE [...]
[...] O AVE traz diversos comprometimentos motores e funcionais, que determinam
dificuldades ou incapacidades aos indivíduos acometidos. As sequelas motoras mais
significativas são hemiplegia ou hemiparesia, que consiste, respectivamente, na
perda total ou parcial de movimentos no braço e perna do mesmo lado do corpo.
Neste sentido, recuperar a habilidade de locomover-se é uma das maiores
preocupações de sujeitos hemiplégicos e hemiparéticos, uma vez que a locomoção
permite independência e tem um impacto direto na qualidade de vida, permitindo o
retorno a realização de suas atividades de vida diária (AVD`s).
dos meios disponíveis e das condições favoráveis, bem como, das estratégias adotadas. Deste
modo, é de fundamental importância o estudo e análise das estratégias da fisioterapia
utilizadas para reabilitação da marcha destes indivíduos (OLIVEIRA e ORSINE, 2009).
O propósito dessa pesquisa foi analisar as estratégias de fisioterapia para reabilitação de
pacientes hemiparéticos, com base na literatura especializada.
2. Fundamentação Teórica
[...] Assim como a artéria carótida externa, a carótida interna também é originada da
bifurcação da artéria carótida comum, passando pelas porções profundas do pescoço
até o canal carotídeo. Essa volta rostromedialmente e ascende até o interior da
cavidade craniana, perfurando a dura-máter e ramificando-se nas artérias
oftálmica, que vasculariza o nervo óptico e a porção interna da retina e
corióidea anterior, responsável pela irrigação das estruturas diencefálicas e
telencefálicas. A divisão da artéria carótida interna ocorre próxima à superfície
basal dos hemisférios cerebrais, formando então as artérias cerebrais anteriores e
médias (MARCOTTI, 2005).
Fonte: http://www.gazetaregional.com.br/?p=2399
Figura 1: Irrigação Encéfalo
Fonte: http://www.gazetaregional.com.br/?p=2399
Figura 2: Polígono de Willis
Fonte: http://www.gazetaregional.com.br/?p=2399
Figura 3: Acidente vascular encefálico
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Garritano et al (2011), expôs que o AVE tornou-se uma das principais causas de morte e
incapacidade, já sendo considerado a segunda maior causa de mortes no mundo. Entre todos
os países da América Latina, o Brasil é o que apresenta as maiores taxas de mortalidade,
sendo entre as mulheres a principal causa de óbitos. Mesmo sendo referida uma redução dos
índices de mortalidade nas últimas décadas, os valores continuam muito elevados.
Fonte: http://www.gazetaregional.com.br/?p=2399
Figura 4: Trombo
[...] A aterosclerose é um fator importante para ser avaliado, pois devido ao acúmulo
de gordura nas paredes das artérias formam-se as placas de ateroma e de acordo com
o tamanho das mesmas poderá ocorrer diminuição ou impedimento da circulação
sanguínea, seja pela redução da luz dos vasos ou por obstrução, acarretando o AVE.
Também se destaca a hipertensão arterial sistêmica (HAS) que aumenta o risco do
AVE. O risco vascular está diretamente relacionado com os níveis de pressão
arterial, e o controle efetivo da hipertensão arterial tem reduzido a taxa de
mortalidade e incidência do AVE. Estudos demonstram que o decréscimo de 5
mmHg da pressão arterial sistólica reduz em até 30% a incidência de eventos
isquêmicos na população com hipertensão arterial.
Fonte: http://vascular.pro/tags/aterosclerose
Figura 5: Fator de risco (aterosclerose)
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2.2.2 Fisiopatologia
Quando um AVE ocorre, o suprimento sanguíneo cerebral é interrompido e, os neurónios são
privados do oxigénio e glicose, necessários à sua sobrevivência. A Trombose pode
formar-se nas artérias intra ou extracranianas, aquando da lesão da íntima (SOARES,
2011).
Fonte: http://vascular.pro/tags/aterosclerose
Figura 6: Fisiopatologia
Fonte: http://vascular.pro/tags/aterosclerose
Figura 7: Coágulo de sangue
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Fonte: http://vascular.pro/tags/aterosclerose
Figura 8: Locais de acometimento do AVE
2.2.4 Classificação
Apesar de existir alguma heterogeneidade nos mecanismos que conduzem ao aparecimento
dos acidentes vasculares cerebrais, estes assumem duas formas principais, com a seguinte
subdivisão: Isquémicos (Trombóticos, Embólicos e Lacunares); Hemorrágicos (Intracerebrais,
Aracnóides e Sub-durais) (SCALZO et al., 2010).
mas ainda viável, perfundido com sangue proveniente de vasos colaterais. Esta
área pode ser transformada em enfarte por sofrimento neuronal secundário
induzido pelos efeitos citotóxicos e excitotóxicos da cascata bioquímica isquêmica.
Fonte: http://tltfisio.com.br/tratamentos/fisioterapia-avc
Figura 9: AVE isquêmico
Fonte: http://tltfisio.com.br/tratamentos/fisioterapia-avc
Figura 10: AVE hemorrágico
2.2.6 Tratamento
Após o AVE, quanto mais cedo começar a recuperação, melhor será o prognóstico. De
modo típico, a melhora funcional é mais rápida, durante os primeiros meses após o AVE. A
velocidade da recuperação inicial está relacionada à redução do edema cerebral, melhora do
suprimento sanguíneo e remoção do tecido necrótico [...]
Fonte: http://tltfisio.com.br/tratamentos/fisioterapia-avc
Figura 11: Fisioterapia
3. Metodologia
O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias publicadas nas
bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Foram utilizados os descritores: “Fisioterapia”,
“Reabilitação” e “Hemiparéticos”.
Foram incluídos estudos que demonstrassem estratégias de fisioterapia para reabilitação da
marcha em pacientes hemiparéticos, ou que contribuíssem para o objetivo do presente estudo,
publicados entre 2005 a 2015. Foram excluídos os estudos que não atendiam ao período do
estudo e publicações que não tratavam de pesquisa científica. Não foram restringidos tipos de
estudos, se observacional ou experimental.
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A análise iniciou pela leitura de todos os títulos e resumos dos artigos para excluir aqueles
que não tratavam do tema em questão e após esta etapa foram obtidos os artigos para a leitura
completa para a análise dos principais resultados encontrados e conclusões dos autores.
4. Resultados e Discussão
Os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo informações primordiais
relacionadas ao tipo de estudo e as principais estratégias fisioterapêuticas no tratamento de
pacientes hemiparéticos. A maioria dos fisioterapeutas acredita na eficácia das estratégias adotadas
para reabilitação de AVE, no entanto, estudos publicados mostram que não é tão simples ou fácil de
avaliar a eficácia. Neste sentido passamos a descrever, de forma cronológica, alguns trabalhos
realizados na área, a respeito das estratégias de fisioterapia para reabilitação da marcha em
pacientes hemiparéticos.
Buscando identificar na literatura atual, as melhores formas de prevenção, reabilitação
funcional e analgésica do ombro doloroso em hemiplégicos, Marino et al (2005), identificou
que o uso de órteses de imobilização transitória, o posicionamento adequado no leito e a
cinesioterapia precoce, foram os procedimento preconizados, observando contradições entre
os achados com relação aos métodos de imobilização do ombro para analgesia, que inclui uso
de tipóias, eletroterapia e cinesioterapia, constatando a cinesioterapia como recurso
preventivo, melhora o condicionamento físico, metabolismo corporal, força muscular,
resistência à fadiga, eficiência cardiovascular, flexibilidade, mobilidade, coordenação,
equilíbrio e prevenção de deformidades e dores em geral, proporcionados pelo ato motor, e
que uso da eletroterapia e da Tipóia de Bobath proporcionou resultados pouco favoráveis.
Yan, Hui-Chan e Li (2005), em estudo realizado com 46 indivíduos, apontam a eficácia da
estimulação elétrica funcional (FES) em hemiparesia crônica, onde, após 3 semanas de
tratamento houve uma diminuição da espasticidade e no torque dorsiflexão do tornozelo, com
os indivíduos capazes de andar após o tratamento, e 84,6% deles voltaram para casa.
Klotz et al (2006) realizou uma revisão da literatura, de estudos sobre os efeitos dos métodos
fisioterapêuticos utilizados para tratar ombro doloroso no paciente hemiplégico após AVE,
onde descrevem as modalidades fisioterapêuticas mais empregadas para lidar com essa
condição clínica, quais sejam, FES, estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS),
bandagem, manuseio e posicionamento correto e tipóia, concluindo que o FES constitui-se no
recurso fisioterapêutico mais estudado e mais promissor no tratamento do ombro doloroso,
quando corretamente indicada e aplicada, apresentando melhores resultados para redução da
gravidade da subluxação do ombro e da dor, além de melhora da função motora e do ganho de
amplitude articular de movimento do membro superior.
Estudo piloto de ensaio clínico, com treino de marcha em pacientes com AVE subagudo, com
suporte parcial de peso corporal através de Estimulação Elétrica Funcional, realizado por Ng,
Tong e Li (2008), conclui que, para a fase inicial após o AVE, há uma maior eficácia no
treino de marcha se esta estiver associada a FES, em comparação com o treinamento de
marcha convencionais.
Mehrholz et al (2008) analisaram a reabilitação o uso de eletromecânica e robótica no treino
de marcha para reabilitação após ave, através de uma revisão em publicações científicas, onde
o resultado primário mostra uma grande proporção de pacientes andando de forma
independente (sem assistência ou ajuda de uma pessoa).
Brandão, Laskovski e Garanhani (2008), apontam algumas estratégias de fisioterapia para
pacientes hemiparéticos após AVE, através de uma revisão de literatura em bases de dados
eletrônicas e livros, dentre elas, o posicionamento do paciente, posicionadores, cinesioterapia
e eletroestimulação. Os autores no entanto, afirmam ser necessários outros estudos que
possam determinem a eficácia e a melhor estratégia de fisioterapia a ser adotada.
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5. Conclusão
Neste estudo, observou-se a importância das estratégias de intervenção fisioterapêutica na
reabilitação de pacientes acometido por AVE.
Foi evidenciado que as estratégias utilizadas estão amplamente referenciadas em artigos e
livros especializados no assunto, as quais promoveram uma melhora no quadro geral do
paciente hemiparético, contribuindo assim, para a sua independência funcional. A FES
mostrou ser a estratégia mais eficaz na recuperação destes pacientes, sendo a mais citada e
indicada, na base de dados pesquisada.
Observou-se que os protocolos e as estratégias utilizadas foram considerados válidos para
evolução do paciente, evidenciando e confirmando a importância do uso dessas estratégias em
pacientes hemiparético.
O presente artigo pôde demonstrar que a cinesioterapia é de suma importância no processo de
reabilitação em pacientes acometidos por AVE, auxiliando no tratamento com exercícios.
Portanto este estudo demonstrou que a cinesioterapia é um importante recurso na maioria dos
tratamentos fisioterapêutico, ajudando a eliminar ou reduzir a limitação funcional e a
incapacidade. Sugere-se que novos estudos sejam realizados a partir da temática do presente
estudo com o objetivo de fornecer tratamento individualizado aos pacientes acometidos por
AVE.
6. Referências
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KLOTZ, T.; BORGES, H. C.; MONTEIRO, V. C.; CHAMLIAN, T. R.; MASIERO, D.;
Tratamento fisioterapêutico do ombro doloroso de pacientes hemiplégicos por acidente
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KOLLEN, B. J.; LENNON, S.; LYONS, B.; WHEATLEY-SMITH, L.; SCHEPER, M.;
BUURKE, J. H.; HALFENS, J.; GEURTS, A. C. H.; KWAKKEL, G. The Effectiveness of the
Bobath Concept in Stroke Rehabilitation. Stroke. 2009;40:e89.
MARCOTTI, Ana Carolina. Estudo dos efeitos da dominância hemisférica cerebral esquerda
sobre o acidente vascular encefálico através de três escalas de funcionalidade. 107 P. Trabalho
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Biológicas e da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus
Cascavel. Cascavel, 2005.
MARINO, N. W.; FERREIRA, L. S.; PASTRE, C. M.; VALÉRIO, N. I.; LAMARI, N. M.;
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NG, M. F.; TONG, R. K.; LI, L. S. W. A Pilot Study of Randomized Clinical Controlled Trial
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Electromechanical Gait Trainer and Functional Electrical Stimulation. Stroke. 2008;39:154-
160.