Você está na página 1de 16

CENTRO DE ENSINO GRAU TÉCNICO

UNIDADE WASHINGTON SOARES

GABRIELA ARAÚJO DA SILVA

IANNA RAYCCA RABELO

ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM A PACIENTES COM MORTE


ENCEFÁLICA

RELATÓRIO TÉCNICO

FORTALEZA/CE

2023
CENTRO DE ENSINO GRAU TÉCNICO

UNIDADE WASHINGTON SOARES

ASSISTÉNCIA DA ENFERMAGEM A PACIENTES COM MORTE


ENCEFÁLICA

Relatório Técnico para obtenção de aprovação na


disciplina de Informática, no curso de Enfermagem, turma
ENF38, turno tarde no Centro de Ensino Grau Técnico.

Sob orientação do Professor Donald Layus.

FORTALEZA/CE

2023
RESUMO

A Morte Encefálica (ME) é definida como perda total, definitiva ou irreversível


das funções do tronco cerebral, que faz parte do encéfalo. Na Unidade de Terapia
Intensiva por exemplo, percebe-se que o cuidado a pacientes em Morte Encefálica
caracteriza-se como uma atividade completa, implementada pela equipe
multiprofissional. Destacando-se o papel do Enfermeiro, responsável por prestar
cuidado direto ao potencial doador de órgãos e seus familiares.

Palavras-chave: Morte encefálica, Paciente, Unidade de Terapia intensiva,


Enfermagem, Doador de Órgãos e Cuidados da Enfermagem.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................5

2 MORTE ENCEFÁLICA.................................................................................6

3 FISIOPATOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA............................................7

4 PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA...................................................7

4.1 CRITÉRIOS PARA ABERTURA............................................................7

4.2 EXAMES CLÍNICOS..............................................................................8

4.3 TESTE DE APNEIA...............................................................................9

4.4 EXAME COMPLEMENTAR...................................................................9

4.5 CONDUTAS APÓS O TÉRMINO..........................................................9

4.6 ORIENTAÇÕES PARA PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS......9

4.7 COMUNICAÇÃO EM MÁS NOTÍCIAS................................................10

5 A ENFERMAGEM E O PACIENTE EM MORTE ENCEFÁLICA NA UTI...10

5.1 A LEI 10.211/2001...............................................................................10

5.2 FATORES DE UMA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.....................................11

5.3 MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS...............12

5.4 QUEM É POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS?...............................12

6 ENTREVISTA FAMILIAR...........................................................................12

7 A ENFERMAGEM E SUA CAPACITAÇÃO NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS..12

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................14
1 INTRODUÇÃO
Os transplantes de órgãos foram um dos maiores avanços obtidos pela
medicina no século XX, com índice de sucesso acima de 80%. Atualmente, grande
parcela dos indivíduos transplantados tem sobrevida superior a cinco, ou mesmo
dez anos após o transplante. Em 1991, ocorreu à regulamentação do diagnóstico de
morte encefálica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que a estabeleceu
como situação irreversível de todas as funções respiratórias e circulatórias ou
cessação de todas as funções do cérebro, incluindo o tronco cerebral.

O número de transplantes realizados no Brasil, quando analisados em relação


à necessidade da população é ainda extremamente insuficiente. Apenas a metade
dos potenciais doadores que se estima é notificada, e somente um em cada dez,
transforma-se em doador efetivo.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM), na resolução CFM nº


1.480/97 define Morte Encefálica (ME) como a parada total e irreversível das
funções encefálicas. Morte encefálica é definida como a perda completa e
irreversível das funções do córtex e do tronco cerebral, de causa conhecida e
constatada de modo indiscutível, caracterizada por coma aperceptivo, com ausência
de resposta motora supraespinhal e apneia, a ME não pode ser confundida com
dano cerebral grave, como estado vegetativo persistente, morte cortical ou
anencefalia.

O cuidado a pacientes em ME caracteriza-se como uma atividade séria,


implementada pela equipe multiprofissional que atua em unidade de terapia
intensiva. Enfatiza-se, nessa atuação, o papel do Enfermeiro responsável por prestar
o cuidado direto ao potencial doador de órgãos e seus familiares, tendo importância
necessária no manejo das repercussões fisiopatológicas próprias da morte
encefálica, na monitorização hemodinâmica e na prestação de cuidados
individualizados. O sucesso do transplante está profundamente relacionado à
manutenção ideal desse potencial doador.

A atuação do enfermeiro no acolhimento dos familiares desses pacientes,


oferecendo-lhes suporte e informações suficientes e adequadas para que a família

5
possa colaborar com o processo de doação e transplante, se isso for de sua
vontade, mostra-se como de fundamental importância nesse processo.

2 MORTE ENCEFÁLICA
A morte encefálica (ME) é estabelecida como condição irreversível das
funções respiratórias, circulatórias e cessação de todas as funções do encéfalo e
tronco encefálico, dentre as principais causas estão à hemorragia intracraniana
(45%), trauma (45%) e lesão cerebral isquêmica. Seus parâmetros são
regulamentados pelo CFM, por meio da Resolução 1.480/1997, que determina que o
diagnóstico de morte encefálica seja dividido inicialmente em duas etapas: exames
clínicos e complementares.

Exames complementares (como angiografia cerebral, eletroencefalograma e


tomografia computadorizada), por sua vez, devem ser realizados entre o primeiro e
segundo exame clínico, ou após o segundo exame clínico de morte encefálica. Para
concluir o diagnóstico é necessário constatar ausência de irrigação sanguínea no
encéfalo, inatividade elétrica e ausência de atividade metabólica.

O estado de morte encefálica é caracterizado por processo complexo que


leva a diversas complicações nocivas para o potencial doador. Portanto, é de
extrema necessidade que a equipe de enfermagem esteja capacitada à investigação
e detecção dessas possíveis complicações, que englobam disfunção cardíaca,
disritmias, coagulopatia e aumento da diurese induzido por frio. Fornecer cuidado
minucioso ao paciente é fundamental, especialmente monitoramento da
temperatura; aquecer o paciente é indispensável, pois a falta desse cuidado na
emergência ou terapia intensiva resulta em hipotermia muito rapidamente.

As contraindicações ou critérios de exclusão para doação de órgãos e tecidos


são: sepse não tratada, tuberculose em atividade, infecção por Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), encefalite viral, hepatite viral (existem exceções),
síndrome de Guillian Barré (Caracterizada como uma doença autoimune, a síndrome
acontece quando o próprio sistema imunológico do paciente começa a atacar as
células do sistema nervoso), uso de drogas ilícitas por via venosa e história de
malignidade. As principais causas da não confirmação da doação são: a não
autorização familiar, a contraindicação médica, a ME não confirmada e infraestrutura
inadequada. A contraindicação médica é a maior taxa para a não efetivação da
6
doação de órgãos. O diagnóstico de ME deverá ser seguido de manutenção
prolongada do corpo através de ventilação mecânica e outras medidas com a
possibilidade de doação de órgãos.

3 FISIOPATOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA


A ME geralmente decorre da associação do aumento da pressão
intracraniana, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e hipóxia do tecido encefálico.
Isso acontece porque a maioria das causas que levam a ME induzem a
descompensação do equilíbrio entre os componentes intracranianos (cérebro, liquor
e sangue) responsáveis pela manutenção da pressão intracraniana. Aumentos da
pressão intracraniana causam diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e,
consequentemente, hipóxia tecidual.

Há lesão irreversível da célula nervosa, por alteração da permeabilidade


celular e distúrbios eletrolíticos no interior da célula. Com a destruição progressiva
do cérebro e tronco encefálico, várias funções vitais ficam comprometidas. Ocorre o
descontrole da temperatura corporal, com tendência à hipertermia mantida e, mais
frequentemente, à hipotermia.

Também é comum a labilidade hemodinâmica. Numa fase inicial, há a


tempestade autonômica, com liberação maciça de neurotransmissores e hormônios,
que podem levar a hipertensão e taquicardia. Na sequência, pode haver hipotensão
arterial com necessidade de drogas vasoativas.

A depleção do hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) induz distúrbios


do sódio, como a diabetes insipidus. Há risco de hipernatremia e depleção do
espaço extracelular. Pode haver também perda dos níveis adequados dos
hormônios da tireóide e do cortisol.

Todas essas alterações transformam o paciente em ME num indivíduo único,


com peculiaridades no diagnóstico e no tratamento dos distúrbios clínicos.

7
4 PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA
4.1 CRITÉRIOS PARA ABERTURA
Para iniciar um protocolo de ME, o paciente deve preencher alguns critérios
bem estabelecidos. É essencial que o paciente esteja em Glasgow 3(É o paciente
que está em coma e não responde a nenhum estímulo), sem incursões ventilatórias
voluntárias e sem condições confundidoras para o coma, como uso de sedação e
bloqueadores neuromusculares, hipotermia ou distúrbios metabólicos graves,
hipóxia ou hipotensão. Além disso, todo paciente com suspeita de ME deve ter
comprovada por exame de imagem (tomografia ou ressonância de crânio) uma lesão
estrutural encefálica suficientemente grave para justificar o exame neurológico
encontrado.

4.2 EXAMES CLÍNICOS


O protocolo de morte encefálica, contempla a execução de dois exames
clínicos, um teste de apneia e um exame complementar comprobatório. Os exames
clínicos devem ser realizados por dois médicos diferentes, não envolvidos com as
equipes transplantadoras.

Ambos os médicos devem ser capacitados em determinação de morte


encefálica, conforme a orientação do CFM (Conselho Federal de Medicina).
Considera-se médico capacitado aquele que, especialista ou não, tenha pelo menos
um ano de atendimento de pacientes em coma e 10 protocolos de morte encefálica
executados ou esse mesmo tempo de experiência em pacientes comatosos e tenha
feito o curso de capacitação ofertado por uma entidade regulamentada.

Um dos exames clínicos deve ser feito, preferencialmente, por um


especialista em Neurologia/Neurocirurgia, Medicina Intensiva ou Medicina de
Urgência. Porém, na indisponibilidade desses profissionais, dois médicos
capacitados não especialistas podem participar do protocolo.

A avaliação clínica deve confirmar que o paciente está em coma aperceptivo


(ausência de resposta motora após compressão do leito ungueal – ausência de
resposta supraespinhal), ausência dos reflexos de tronco e de incursões
respiratórias aparentes.

8
Os exames clínicos realizados no protocolo de ME são: Eletroencefalograma
(EEG), arteriografia e doppler transcraniano são comumente utilizados para
constatar a morte encefálica.

4.3 TESTE DE APNEIA


O centro respiratório está localizado no bulbo e é estimulado com altos níveis
de gás carbônico. O teste de apneia verifica o estímulo do centro respiratório à
hipercapnia e seu objetivo é avaliar a integridade da região pontobulbar.

É uma etapa de execução médica e que requer monitorização e cuidados, a


fim de garantir a segurança do paciente durante o teste. De forma ideal, o paciente
que será submetido ao teste de apneia deve estar hemodinamicamente
compensado (PAS ≥100 mmHg ou PAM ≥65 mmHg), sem arritmias, sem hipóxia
(Saturação de oxigênio >94%), com temperatura normal (T >35 C°) e controle
metabólico adequado.

O teste será considerado positivo para ME caso não existam quaisquer


movimentos respiratórios e a gasometria final demonstre pCO2 acima de 55 mmHg.
O teste deve ser interrompido imediatamente caso existam movimentos respiratórios
– teste negativo para ME.

4.4 EXAME COMPLEMENTAR


Pode ser realizado após a abertura do protocolo ou após a segunda avaliação
clínica. Sua indicação é de demonstrar de forma inequívoca a ausência de atividade
elétrica ou metabólica cerebral ou ausência de perfusão sanguínea cerebral.

4.5 CONDUTAS APÓS O TÉRMINO


Após a realização de todas as etapas do protocolo (dois exames clínicos +
teste de apneia + exame complementar), é feito o diagnóstico de ME. Nesse
momento, o paciente é legalmente declarado morto e o termo de declaração de
morte encefálica (TDME) deve ser preenchido e enviado para a CET.

4.6 ORIENTAÇÕES PARA PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS


O diagnóstico de morte encefálica é obrigatório por lei e deve ser notificado à
Central Estadual de Transplantes de forma imediata, independentemente da doença
de base e do estado clínico do paciente.

9
A equipe médica da CET irá decidir em conjunto com o médico assistente
qual a melhor estratégia a seguir, levando em consideração o contexto clínico, a
elegibilidade para doação de órgãos e o abreviamento do sofrimento do paciente.

Nos casos em que o protocolo de morte encefálica não pode ser finalizado
por dificuldades técnicas, condições essas raras e excepcionais, a instituição de
cuidados paliativos fica a critério da decisão da equipe da UTI e da equipe de
médicos assistentes que acompanham o caso.

4.7 COMUNICAÇÃO EM MÁS NOTÍCIAS


Uma comunicação clara e efetiva é essencial em vários aspectos da vida
cotidiana. Particularmente na atenção à saúde, a comunicação assume um papel de
elevada importância. Situações em que os pacientes ou as famílias recebem
informações difíceis de aceitar e lidar são bastante comuns tanto em ambientes
hospitalares quanto ambulatoriais. Além de possibilitar um entendimento adequado
das mensagens, a comunicação ideal auxilia a atividade do profissional de saúde e
também o paciente/família a expressar suas emoções.

A má notícia é aquela que altera drástica e negativamente a perspectiva do


paciente, ou seus familiares, em relação ao futuro. As pessoas que recebem uma
má notícia nunca esquecem onde, quando e como a informação foi transmitida para
elas. Sendo assim, o profissional de saúde deve estar preparado para comunicar
uma má notícia da melhor forma possível, tentando ser claro e simples na linguagem
e proporcionando um bom entendimento da informação aos familiares/paciente.

5 A ENFERMAGEM E O PACIENTE EM MORTE ENCEFÁLICA NA UTI


O transplante vem sendo o melhor recurso para tratamento de pacientes com
falência orgânica, quando outras terapias já não surtem efeito. Denomina-se
“transplante” a extração ou remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo de um
doador vivo ou não vivo, com objetivo terapêutico.

O primeiro transplante com doador não vivo no Brasil ocorreu em 1964, e foi
de rins. Desde então houve aprimoramento desse tratamento nos cuidados
intensivos, drogas imunossupressoras, adaptação de técnicas cirúrgicas e uso de
soluções mais desenvolvidas para melhor preservação. Os doadores vivos podem
doar medula óssea, um dos rins, parte do fígado e parte do pulmão. Já de não vivos

10
em morte encefálica possibilita-se a doação de coração, pulmões, rins, córneas,
fígado, pâncreas, ossos, tendões, veias e intestino.

5.1 A LEI 10.211/2001


Autoriza a família a concordar ou não o processo de doação, mesmo que o
potencial doador tenha esclarecido em vida seu desejo de doar. Nesse caso, é
necessário que o enfermeiro oriente a família e tire suas dúvidas quanto à doação e
aos procedimentos a serem realizados, explicando quais órgãos podem ser doados
e que isso não acarreta custos – arcados pelo SUS – e possibilita salvar outras
vidas. A doação de órgãos em vida é permitida legalmente apenas para parentes
consanguíneos até a quarta geração ou cônjuge, ou se o doador autorizar a
recepção do órgão por outra pessoa – exceto nos casos de medula óssea, quando a
autorização é dispensada.

5.2 FATORES DE UMA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS


Diversos fatores interferem na captação e doação de órgãos, entre os quais
podem ser citados a omissão da notificação e identificação do paciente, os cuidados
dispensados a ele e exames complementares. Além disso, pouco esclarecimento do
familiar quanto ao diagnóstico de morte encefálica, entrevista inadequada e
dificuldades de comunicação com a equipe responsável pelo processo de doação
geram desconhecimento e dificuldade na retirada dos órgãos e sua distribuição.
Devido a isso, cerca de 30% a 40% dos familiares discordam da prática de captação
de órgãos.

Para que o transplante alcance resultado satisfatório, alguns critérios de


exclusão devem ser inseridos, como história de tumores malignos, sepse ativa,
tuberculose, infecção por HIV, encefalite viral (inflamação e infecção cerebral),
hepatite viral, síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune que ocorre quando o
sistema imunológico do corpo ataca por engano parte do próprio sistema nervoso) e
uso de drogas ilícitas endovenosas.

Cabe ao profissional enfermeiro realizar inicialmente a entrevista familiar em


relação ao diagnóstico de morte encefálica. Igualmente, deve esclarecer de forma
ética, moral e legal o processo de captação e distribuição dos órgãos e tecidos a
serem doados, e educar de forma clara e objetiva, respeitando as opiniões dos
familiares e seu momento de perda e dor. Em estado de choque, vivenciando
11
situação de pesar, sofrimento e desespero, a família acredita que o paciente possa
ainda voltar à sobrevida, devido à conservação de sua temperatura, funções
cardíacas e respiratórias. Nessas circunstâncias dolorosas, os profissionais devem
oferecer apoio psicológico a família.

5.3 MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS


5.4 QUEM É POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS?
Todo paciente que tenha seu protocolo de ME finalizado e a doação
autorizada pela família é potencial doador de órgãos. Porém, existem condições que
contraindicam de forma absoluta a doação:

Soropositividade para HIV; • soropositividade para HTLV (vírus linfotrópico de


células T humanas) l e ll; • tuberculose em atividade; • sepse refratária; • infecções
virais e fúngicas graves ou potencialmente graves na presença de imunossupressão,
exceto as hepatites B e C; • neoplasias, exceto carcinoma in situ de útero e pele e
tumores primários do Sistema Nervoso Central.

6 ENTREVISTA FAMILIAR
No Brasil, de acordo com o Decreto 9175/2017, a autorização familiar para
doação deverá ser do cônjuge, companheiro ou de parente consanguíneo e de
maior de idade. Poderá autorizar a doação: cônjuge, companheiro (a), pai, mãe, filho
(a), avô (ó), neto (a), irmãos, curador/tutor legal. Isso significa que a doação de
órgãos e tecidos depende única e exclusivamente da autorização familiar.

A entrevista familiar deve ser realizada após a comunicação do óbito à família


e apenas nos casos que estão excluídas contraindicações clínicas para a doação de
órgãos e/ou tecidos, e tem como objetivo oferecer todas as informações e suporte
necessário para a tomada de decisão da família com relação à doação.

7 A ENFERMAGEM E SUA CAPACITAÇÃO NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS


Para garantir a efetividade da doação de órgãos, é importante adequada
manutenção e preservação hemodinâmica e fisiológica dos órgãos do início ao fim
do processo. Para isso, são necessários materiais e equipamentos especializados,
bem como profissionais capacitados à identificação e controle de todas as
alterações apresentadas pelo paciente, ressaltando-se ainda a importância do
preparo da equipe para agir quando for necessária rápida intervenção.
12
Para alguns autores, uma causa para não efetivação da doação de órgãos
está relacionada ao desconhecimento por parte da equipe profissional de saúde
sobre fisiopatologia e fisiologia da morte cerebral. Considerado aspecto fundamental
à assistência e cuidado prestados ao potencial doador, esse conhecimento respalda
a avaliação clínica para que se possa obter diagnóstico precoce de morte encefálica,
reconhecendo suas alterações hemodinâmicas e fisiológicas. Portanto, para o bom
desempenho da equipe, é importante realizar trabalho educativo permanente,
voltado a capacitar profissionais para conhecer a situação e detectar os problemas
que dela podem ocorrer, visando planejar e implementar cuidados necessários de
forma adequada, avaliando condutas de tratamento do potencial doador.

A atuação e formação do enfermeiro são diferenciadas de acordo com sua


graduação, cargo e prática profissional. No Brasil são poucas as instituições de
ensino que capacitam e especializam profissionais para cuidados a paciente em
processo de morte encefálica e transplantes. É importante que o enfermeiro avalie
sua ação e execução buscando mais conhecimentos acerca do processo de doação.

O enfermeiro é o profissional que habitualmente mais se envolve com as


emoções dos familiares, pois repassa informações da morte encefálica e
possibilidade de doação. Entretanto, este estudo chama atenção para a necessidade
da capacitação desse profissional para o esclarecimento de diagnóstico e dúvidas
referentes ao transplante, preparando e auxiliando os familiares, pois a comunicação
e conhecimento contribuem para o aumento de doações.

Portanto, é de extrema importância que o enfermeiro saiba lidar e se


relacionar com a família, para que haja sucesso do processo de captação de órgãos.

O papel da enfermagem diante de paciente em morte encefálica na UTI deve


ser desempenhado com dignidade e respeito, independentemente do procedimento
a ser realizado. É primordial que o enfermeiro tenha conhecimentos científicos a
respeito da fisiopatologia, pois exerce papel extremamente importante no controle de
todos os dados hemodinâmicos, hídricos e monitorização dos pacientes. Esses
procedimentos são necessários para que a doação ocorra de maneira satisfatória.

13
14
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo mostrou a importância do profissional de enfermagem diante do
paciente em ME, já que eles possuem o conhecimento condizente, contudo, se faz
necessário a experiência prática e a qualificação para atender o paciente e os
familiares de forma acolhedora no processo de doação/transplante de órgãos. Além
do mais, a qualificação deve ser realizada de forma contínua para entender melhor
todo esse processo e oferecer assistência de forma adequada e ao caso do
paciente. Finalmente, percebeu-se que a Morte Encefálica requer uma compreensão
além das áreas técnicas, pois trata-se de princípios humanos e cidadania de todos
os envolvidos.

15
REFERÊNCIAS

Pesquisado em: segunda-feira, 27 de março de 2023 as 21:42 horas

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/
5854/5111

Pesquisado em: segunda-feira, 27 de março de 2023 as 21:44

https://www.uece.br/eventos/seminarioppcclisenfermaio/anais/resumos/
10590.html

Pesquisado em: segunda-feira, 27 de março de 2023, as 21:45

https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-
023e16cc17e0fd83683a85a7a94301066c184e9d-segundo_arquivo.pdf

Pesquisado em: segunda-feira, 27 de março de 2023, as 21:46

https://www.scielo.br/j/ape/a/DCkqJJV5MPYYf9cYh8T9Mxd/?
lang=pt#:~:text=A%20assist%C3%AAncia%20do%20enfermeiro%20ao,e%20na
%20perspectiva%20de%20vida.

Pesquisado em: terça-feira, 28 de março de 2023, as 09:17

https://enfermagemilustrada.com/cuidados-com-o-paciente-em-morte-
encefalica-ou-suspeita-de-morte-encefalica/

Pesquisado em: quinta-feira, 30 de março de 2023 as 14:16

http://www.paranatransplantes.pr.gov.br/sites/transplantes/arquivos_restritos/
files/documento/2021-05/manual_de_diagnostico_e_manutencao.pdf

16

Você também pode gostar