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CARLOS ANDRÉ REIS

FABRÍCIO BEZERRA ELERES


FRANCELINA DE SOUSA A. ROCHA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
NO TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO
Estudo de Caso

Tucuruí – Pará
Universidade do Estado do Pará
2007
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
NÚCLEO UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TURMA: 2005

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
NO TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO
Estudo de Caso

Carlos André Reis


Fabrício Bezerra Eleres
Francelina de Sousa A. Rocha

Trabalho apresentado à disci-


plina Enfermagem nas Clínicas,
como requisito de avaliação o-
rientado pelos professores en-
fermeiros Edinelma Carvalho e
Ednilson do Carmo Barroso.

Tucuruí – Pará
2007

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TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO
Estudo de Caso

Avaliado por:

___________________________________________

Data: _____/_____/______

Alunos Nota Escrita Nota Oral Nota Final


Carlos André Reis
Fabrício Bezerra Eleres
Francelina de Sousa A.
Rocha

Observações:

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 05
TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO – TCE 06
Fisiopatologia 06
Lesão primária 06
Lesão secundária 07
Tipos de TCE 08
Quadro Clínico 09
Classificação 10
Complicações 10
Seqüelas 11
ESTUDO DE CASO 12
História da doença atual 12
Evoluções 13
Processo de Enfermagem 15
ANEXOS 19
Exames laboratoriais 19
Hemograma 19
Medicamentos 19
Fotos 20
CONCLUSÃO 21
REFERÊNCIAS 22

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APRESENTAÇÃO

O trauma envolvendo o sistema nervoso central pode comportar um risco de


vida. Mesmo quando ele não ameaça a vida, as lesões cerebral e também a
raquimedular podem resultar em disfunção física e psicológica importantes e, assim,
alterar por completo a vida do paciente. O trauma neurológico afeta o paciente, a
família, o sistema de saúde e a sociedade como um todo, devido a suas seqüelas
importantes e aos custos dos cuidados agudo e em longo prazo dos pacientes com
esse tipo de trauma.
Dessa forma, neste trabalho trataremos acerca do traumatismo crânio-
encefálico e sua fisiopatologia de forma a entender como o organismo reage a esse
tipo de agressão. Destaca-se também o estudo de caso de um cliente com esse
trauma e que recebeu os cuidados necessários no Hospital Regional de Tucuruí.
Será mostrado, ainda, o processo de enfermagem para esse tipo de cuidado.

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TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO – TCE

FISIOPATOLOGIA
Torna-se essencial a compreensão dos mecanismos da lesão cerebral, visto
que há conseqüências sensoriomotoras, cognitivas, comportamentais e sociais dire-
tamente seqüenciais à injúria.
As lesões primárias ocorrem segundo a biomecânica que determina o trauma.
As lesões secundárias ocorrem segundo alterações estruturais encefálicas decorren-
tes da lesão primária bem como de alterações sistêmicas decorrentes do traumatis-
mo. O objetivo principal do tratamento é evitar ou minimizar as lesões cerebrais se-
cundárias.

Lesão Primária
Decorrente da ação da força agressora, ou seja, ligada ao mecanismo do
trauma. Nos TCE dois tipos de fenômenos biomecânicos podem ocorrer:
a) Impacto: certa quantidade de energia é aplicada sobre uma área relativamente
pequena, sendo dependente da intensidade e do local do impacto;
b) Inerciais: o cérebro sofre em condições de mudança abrupta de movimento: ace-
leração ou desaceleração por absorver esta energia cinética.
Principais lesões primárias:
a) Fraturas;
b) Contusões e lacerações da substância cinzenta: lesões corticais atingindo cristas
das circunvoluções. Pode-se observar extravasamento de sangue em forma de he-
morragia subpial. Mecanismos geralmente associados são a aceleração e desacele-
ração rotatórias (base do lobo frontal e pólo temporal anterior), compressão direta,
lesões por contragolpe localizadas no pólo oposto ao impacto. Achados mais especí-
ficos são a hemorragia e a necrose (sangue extravasado comprime células próximas
causando isquemia focal). Resultado é lesão anóxica das células neuronais e gliais,
tumefação e fragmentação dos axônios com desmielinização das fibras;
c) Lesão axonal difusa: é secundária ao cisalhamento das fibras mielínicas com de-
generação walleriana da bainha de mielina das fibras seccionadas. Esta lesão ocor-
re quando uma força de impacto com um componente de aceleração rotatória atinge
os feixes de fibras perpendicularmente, fazendo que ocorra uma cisalhamento. Pe-
quenas lesões petequiais são freqüentes no corpo caloso e nos pedúnculos cerebe-

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lares superiores e, mais tarde, surge dilatação ventricular por retração da substância
branca, em virtude do processo de degeneração. É característico de lesão de pa-
rênquima cerebral sendo que o coma dura mais de 6 horas.

Lesão Secundária
As causas destas lesões podem surgir no momento do traumatismo ou após
um certo período de tempo. Do ponto de vista clínico manifestam-se tardiamente. Do
ponto de vista terapêutico, sobre as lesões primárias não podemos agir, todavia nas
secundárias, em muitos casos pode-se atuar interrompendo o processo fisiopatoló-
gico de seu desenvolvimento, evitando o agravamento da lesão.
Principais lesões secundárias:
a) Hematomas intracranianos classificam-se em:

Epidurais (ou extradurais): coleção sangüínea entre o crânio e a dura-máter


por laceração de um vaso meníngeo, de um seio venoso ou de sangramento diplói-
co. Localiza-se freqüentemente na região temporal. Quadro clínico: início assintomá-
tico e posteriormente hemiparesia contralateral, sinais de HIC. O paciente passa por
um intervalo lúcido, ou seja, fica inconsciente e de repente ele volta a ter uma certa
consciência. Tratamento é cirúrgico.
Subdurais: caracteriza por uma coleção sangüínea entre a dura-máter e o cé-
rebro. A causa mais comum é a ruptura traumática de veias cortico-meníngeas que

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vão do córtex aos seios durais. Freqüentemente em regiões temporais e frontais.
Tratamento é cirúrgico e prognóstico menos animador que o anterior.
Intraparenquimatosos (ou intracerebrais): coleção compacta de sangue aloja-
da dentro do parênquima cerebral. A localização preferencial é no lobo temporal e,
em seguida, no lobo frontal. É uma lesão mais séria e tem um volume de sangue
acima de 5 ml. Geralmente este paciente vai evoluir para o coma.
b) Hipertensão intracraniana: é uma das complicações mais freqüentes do TCE e a
principal causa de óbito no momentos iniciais da evolução. A pressão intracraniana
tende a se elevar acima de 15 mmHg. Mecanismos mais freqüentes no desenvolvi-
mento da HIC:
Aumento da massa cerebral por edema cerebral ou exsudatos inflamatórios:
considera-se edema o aumento do volume do parênquima cerebral devido a aumen-
to de seu conteúdo em água.
Aumento do volume e da pressão do LCR: por hidrocefalia obstrutiva ou cis-
tos aracnóideos traumáticos.
Aumento do volume de sangue intracraniano: por hiperemia ou congestão da
microcirculação ou hematomas e hemorragias intracranianas. Hiperemia é a conges-
tão da microcirculação por vasoplegia, aumentando o volume de massa cerebral por
acúmulo de sangue no leito vascular vasoplégico.
c) Lesão cerebral isquêmica: em regiões pericontusionais, na oclusão as artéria

posterior por herniação transtentorial, em pacientes com hipotensão sistêmica.

TIPOS DE TCE
a) Traumatismos cranianos fechados: quando não há ferimentos no crânio ou existe
apenas uma fratura linear. Estes podem ser subdivididos em: concussão (aquele
sem qualquer lesão estrutural macroscópica do cérebro), e aquele com destruição
do parênquima cerebral onde há edema, contusão, laceração ou hemorragia. Con-
cussão é uma breve perda de consciência depois do traumatismo sendo atribuída
por uma desconexão funcional entre o tronco cerebral e os hemisférios e geralmente
recobre a consciência antes de 6 horas;
b) Fratura com afundamento do crânio: o pericrânio está íntegro, porém um fragmen-
to do osso fraturado está afundado e comprime ou lesiona o cérebro;
c) Fratura exposta do crânio: indica que os tecidos pericranianos foram lacerados e
que existe uma comunicação direta entre o couro cabeludo lesionado e o parênqui-

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ma cerebral através dos fragmentos ósseos afundados ou estilhaçados e da dura
lacerada.
QUADRO CLÍNICO
Os sintomas, ao lado daqueles da lesão local, dependem da quantidade e da
distribuição da lesão cerebral. Dor, persistente ou localizada, comumente sugere
presença de fratura.
Fraturas da calota craniana produzem edema na região da fratura, razão pela
qual não pode ser feito um diagnóstico preciso sem o uso dos raios X.
As fraturas de base do crânio tendem a ser transversas aos seios paranasais
do osso frontal ou do ouvido médio localizado no osso temporal; portanto, elas fre-
qüentemente produzem hemorragia oriunda do nariz, faringe ou ouvidos, podendo
aparecer sangue na conjuntiva. Uma área de equimose ou hematoma pode ser vista
sobre o mastóide (sinal de Batle). As fraturas de base do crânio são suspeitadas
quando o LCR drena pelos ouvidos (otorréia cefalorraquidiana) e do nariz (rinorréia
cefalorraquidiana). A drenagem de liqüor é um problema sério porque a infecção –
como a meningite, por exemplo – pode ocorrer se microorganismos acessam os con-
teúdos cranianos através do nariz, ouvido ou seios pela dura lacerada.
A laceração cerebral ou contusão é sugerida pelo liqüor sanguinolento.
Assim, o cliente pode apresentar:
a) Alteração da consciência. O coma pode ser mais prolongado, durando várias ho-
ras, dias ou semanas quando há tumefação, hemorragia ou contusão ou laceração
do córtex. Quando os pacientes saem do coma podem apresentar cefaléia por mais
de 12 horas, confusão mental (presença de contusão ou laceração do córtex). A Es-
cala de Glasgow mostra-se eficaz na avaliação de pacientes com TCE. No entanto,
esta escala não é válida em crianças, em pacientes em choque ou naqueles intoxi-
cados, hipóxicos ou que sofreram derrame, traumatismo orbitário e da coluna verte-
bral;
b) Choque cirúrgico;
c) Transtorno da função neuromuscular: aumento do tônus (centros superiores do
encéfalo), tremor (gânglios da base ou o cerebelo), hipotonia (transecção da medula
cervical), ataxia, perturbações das reações de endireitamento e equilíbrio (lesão do
tálamo);
d) Transtorno sensorial: lesão da área sensitiva do córtex;
e) Transtorno da linguagem, comunicação e audição: afasia;
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f) Alterações da personalidade, controle das emoções e intelecto;
g) Transtornos visuais - diplopia, nistagmo, perda parcial ou total da visão;
h) Epilepsia;
i) Incontinência;
j) Complicações por imobilização prolongada: úlceras por pressão, deformidades das
articulações, miosite ossificante, atrofias por desuso;
k) Paralisias de nervos cranianos;
l) Alteração na função autonômica (pulso, FR, geralmente estão diminuídos, a tem-
peratura pode estar elevada, dentre outras características). Geralmente, o paciente
apresenta aumento da sudorese, a PA pode estar descontrolada;
m) Posturas anormais: pode ocorrer decorticação quando o paciente apresenta res-
postas flexoras em membros superiores e inferiores ou descerebração quando ocor-
rer respostas extensoras em membros superiores e inferiores.

CLASSIFICAÇÃO
QUADRO 1: classificação dos TCE
GRUPO DE CARACTERÍSTICAS
RISCO
Baixo Assintomático, cefaléia, tonteira, hematoma ou laceração do
couro cabeludo, ausência de critérios de risco moderado ou alto.
Moderado Alteração da consciência no momento do traumatismo ou de-
pois; cefaléia progressiva; intoxicação com álcool ou drogas;
história inconfiável ou ausente do acidente; idade inferior a 2
anos (a menos que traumatismo seja banal); convulsão pós-
traumática, vômito, amnésia; politraumatismo, traumatismo faci-
al grave, sinais de fratura basilar; possível penetração no crânio
ou fratura com afundamento; suspeita de violência contra a cri-
ança.
Alto Depressão da consciência (não claramente devida a álcool,
drogas, encefalopatia metabólica, pós-crise); sinais neurológicos
focais, nível decrescente da consciência; ferida penetrante do
crânio ou fratura com afundamento palpável.

COMPLICAÇÕES
a) Lesões vasculares: hemorragia, trombose, aneurismas;
b) Infecções: osteomielite, meningite, abcesso;
c) Rinorréia liquórica (saída de liqüor pelo nariz);
d) Otoliquorréia (saída de liqüor pelo ouvido);
e) Pneumocele (hérnia de pulmão) ;

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f) Cistos leptomeníngeos (nas meninges mais internas);
g) Lesão de nervos cranianos;
h) Lesões focais do cérebro;
i) Diabetes insípido: é raro e ocorre em virtude de danos na neuro-hipófise.

SEQÜELAS
a) Crises convulsivas;
b) Psicose;
c) Síndrome pós-traumática (não apresenta base patológica definida): com alteração
da memória e da concentração, alterações da personalidade, cefaléia, desordens
neurológicas focais ou convulsões. A demência é caracterizada por afeto alegre ou
lábil, lentidão mental, déficit de memória e irritabilidade. As anormalidades neuroló-
gicas associadas incluem tremor, rigidez, bradicinesia, disartria, ataxia cerebelar,
sinais piramidais e convulsões;
d) Epilepsia pós-traumática: ocorre em casos em que há convulsões iniciais na pri-
meira semana depois da lesão, fratura de crânio com depressão, hematoma intra-
craniano, amnésia pós-traumática por mais de 24 horas;
e) Espasticidade: desenvolve-se após alguns dias ou nas primeiras semanas. Os
objetivos do tratamento são melhorar a função, prevenção de contraturas, e preven-
ção da dor;
f) Ossificação heterotópica: neoformação óssea periarticular. Sinais clínicos: dor,
edema e aquecimento.

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ESTUDO DE CASO

História da doença atual:


J.G.S, 22 anos, sexo masculino, natural de Nova Timboteua - PA, solteiro, ca-
tólico, extrator de palmito. Procedente da zona rural de Novo Repartimento - PA (lo-
cal em que trabalhava), deu entrada no Pronto Socorro (P.S.) do Hospital Regional
de Tucuruí, vítima de traumatismo craniano, no dia 25/07/2007, acompanhado pelo
colega de trabalho que relatou ter caído um açaizeiro na cabeça do cliente, ficando
inconsciente. No P.S., encontrava-se comatoso, com pupilas anisocóricas, utilizando
sonda vesical de demora (SVD), entubado, aguardando ser chamado pelo Centro
Cirúrgico (CC) para cirurgia descompressiva neurológica (craniotomia). Escala de
Glasgow 4. Às 21:16 hs o paciente foi admitido na UTI depois de realizar a cirurgia,
entubado, sendo ambudado, com monitorização por multiparâmetros e ventilação
mecânica além de dreno intracraniano em funcionamento, reagindo aos estímulos
dolorosos. No dia 06/08 realizou traqueostomia, chegou do CC traqueostomizado,
grave, dependente de ventilação mecânica, hipersecretivo em vias aéreas superio-
res, parâmetros estáveis. No dia 10/08 paciente já estava em coma vigil e fez aber-
tura ocular espontânea. Em 11/09 foi admitido na Clínica Médica, com seqüela de
TCE grave, consciente, afásico, mantendo traqueostomia, em macronebulização
contínua, monitorado por oxímetro de pulso com saturação de O2 satisfatória. Foi
feito aspiração de traqueostomia, com presença de secreção amarelada e espessa
em média quantidade, sensível a manipulação, realizado banho no leito, dieta por
sonda nasogástrica (SNG) e medicação conforme prescrição. Ao exame físico apre-
senta-se hipertenso, afebril, normoesfigmo, taquipnéico, AC: BCNF/2T, AP: ruídos
adventícios com presença de estertores. Abdome escavado, RHA +. Mantém diure-
se por SVD. Apresenta úlcera por pressão na região sacrococcígea estágio I, feito
curativo com ácido graxo essencial (AGE). PA: 180X90 mmHg, T:37,5ºC, P: 97
bt/min.
Antecedentes mórbido-pessoais: etilismo e tabagismo.
Exame físico em 24/09/07: Ao exame físico paciente apresenta-se conscien-
te, responde a estímulos verbais através de gestos, com higiene corporal satisfató-
ria. À inspeção, couro cabeludo com marca cirúrgica na região temporal direita, ca-
belos com higienização satisfatória, face tranqüila, com pele íntegra e pálida. Abertu-
ra ocular espontânea, olhos castanhos, pupilas isocóricas, conjuntivas úmidas. Nari-

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nas simétricas, com higiene aceitável, permeabilidade preservada e mucosa íntegra.
Lábios hipocorados, mucosa oral com higiene regular, dentes cariados, halitose,
pouca produção de saliva. Acuidade auditiva preservada, pavilhões auditivos ínte-
gros, simétricos e pouco higienizados. Região cervical com pele íntegra, sem altera-
ções na coloração, e sem sinais de hipertrofia na glândula tireóide. Tórax anterior
simétrico, com pele íntegra, sem pêlos, mamas simétricas, expansivo aos movimen-
tos respiratórios com respiração abdominal, eupnéico (19 mov/min), com tosse e
secreção, à ausculta pulmonar observou-se sons adventícios bilaterais (roncos). Re-
gião posterior torácica com pele íntegra e pálida. Abdome escavado, indolor a pal-
pação RHA +, MMSS com pele íntegra, apresenta restrição de movimentos no braço
esquerdo, ausência de edemas, unhas amareladas, palmas das mãos ressecadas.
Temperatura axilar esquerda 36,8º C, pressão arterial 120X80 mmHg, aferida em
membro superior direito. Pulso radial direito 74 bpm. MMII com movimentação em
força muscular diminuída no lado esquerdo, pele ressecada, sem edema, unhas
amareladas, úlcera por pressão na região sacrococcígea grau I, rede venosa satisfa-
tória em MIE e úlcera por pressão no calcâneo direito, grau I. Sono e repouso satis-
fatórios. Funções fisiológicas: diurese presente, ausência de evacuações por apro-
ximadamente três dias (sic).

EVOLUÇÕES:

25/07 Deu entrada no PS, procedente de NR, com história de trauma por
queda de árvore em cima do mesmo. Comatoso, não responde a solicitações ver-
bais, rigidez em descerebração, pupilas anisocóricas, midriática a direita, miótica a
esquerda. Passado SVD nº14 com sucesso, mantendo soroterapia por gelco em
MSE. Aspirado TOT, com secreção espessa cor de chocolate em grande quantida-
de. Aguarda ser chamado pelo CC para cirurgia descompressiva neurológica. Solici-
tado 3 bolsas de concentrado de hemácias, encaminhado de volta para o Hemopa.
Glasgow 4.

17/09 Paciente com seqüela de TCE, estável, consciente, afásico, mantém


traqueostomia, monitorado por oxímetro de pulso com saturação satisfatória de oxi-
gênio, diurese através de sonsa vesical de demora. Realizada medicação. EF: hiper-
tenso, afebril, taquipneico, Ac: BCNF em 2t, AP: ruídos adventícios com estertores,

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abdome escavado, indolor a palpação, RHA+.Realizada medicação conforme pres-
crição médica. PA: 170x90 mmHg, P: 95 bat/min, R: 23 rpm, T: 37º C.

19/09/2007, 12:00 hs, paciente com seqüela de T.C.E estável, consciente,


contactuando através de gestos, mantém traqueostomia monitorada por oximetria de
pulso com saturação satisfatória, mantém venóclise, normotenso, eupnéi-
co,taquicárdico, febril. A.C: BCNF/2T. A.P: presença de roncos bilaterais, emagreci-
mento, abdome escavado e indolor a palpação. Alimentação por sonda nasogástri-
ca, retirada sonda vesical de demora, evacuações ausentes há 2 dias. Realizado
banho no leito, curativo em úlcera por pressão de 1° grau na região sacrococcígea,
utilizado SF 0,9% e gaze estéril, realizada medicação conforme prescrição médica.

28/09/2007, 15hs, paciente consciente, orientado, couro cabeludo íntegro com


marca cirúrgica na região temporal direita, pupilas isocóricas, mucosas orais normo-
coradas, cavidades nasal e auricular íntegras e sem sujidades, caquético, palidez
cutânea, movimentos limitados em ME, AC: BCNF/2T. AP: sons adventícios predo-
minantes no pulmão esquerdo (provável secreção remanescente), A.ABD: RHA+,
abdome normal, apresenta úlceras em região sacral de grau I e calcâneo de MMII de
grau I, feito curativo com AGE (Dersani) em ambas, MMII com região plantar resse-
cada, FF normais e presentes. Aceita dieta oferecida V.O. Apresenta visível melhora
do quadro clínico. PA: 100x80 mmHg, T: 36,8º C, P: 86 bpm, R: 24 rpm.

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PROCESSO DE ENFERMAGEM

Problema 1: Imobilidade.
Diagnóstico de Enfermagem: Déficit de autocuidado relacionado a imobili-
dade, secundária ao TCE, evidenciado por higiene oral prejudicada.
Ações de Enfermagem:
• Ajudar o paciente durante a realização das atividades básicas da vida diária
(tomar banho, escovar dentes, vestir-se, etc.);
• Orientar sobre a importância do auto cuidado e incentivá-lo;
• Orientar a família sobre a nova condição do paciente;
• Realizar e orientar a importância da higiene oral;
• Uso de soluções dentifrícias (Cepacol).
Resultados esperados:
Melhora da higiene pessoal e cliente reconhecerá a importância do autocui-
dado.

Problema 2: Úlceras.
Diagnóstico de Enfermagem: Integridade da pele prejudicada relacionada a
imobilidade, evidenciada por úlcera por pressão em região sacrococcígea e calcâ-
neo direito.
Ações de Enfermagem:
• Mudança de decúbito de 2/2hs
• Massagem de conforto com uso de AGE;
• Realizar curativo duas vezes ao dia com placa de hidrocolóide;
• Incentivar ingesta hídrica e alimentar.
Resultados esperados:
Cliente deverá demonstrar cicatrização progressiva do tecido.

Problema 3: Problema na comunicação.


Diagnóstico de Enfermagem: Comunicação verbal prejudicada relacionada
às seqüelas do TCE, evidenciada por afasia.
Ações de Enfermagem:
• Estimular a comunicação através de gestos;

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• Encaminhar ao fonoaudiólogo.
Resultados esperados:
Cliente volta progressivamente a comunicar-se.

Problema 4: Hipersecreção, desconforto respiratório.


Diagnóstico de Enfermagem: Desobstrução ineficaz das vias aéreas rela-
cionada a imobilidade, estase das secreções e tosse ineficaz secundária a TCE, evi-
denciado por acúmulo de secreções traqueobrônquicas e dispnéia.
Ações de Enfermagem:
• Realizar aspiração de secreções na traqueostomia e VAS de acordo com a
necessidade;
• Incentivar a ingesta hídrica;
• Administrar broncodilatadores conforme prescrição;
• Realizar exercícios respiratórios (tapotagem);
• Manter em macronebulização contínua;
• Manter posição adequada: semi-Fowler.
Resultados esperados:
O cliente apresentará melhora do padrão respiratório.

Problema 5: Potencial risco para infecção.


Diagnóstico de Enfermagem: Risco para infecção relacionado a presença
de vias invasivas (SVD, SNG e traqueostomia).
Ações de Enfermagem:
• Uso de antibióticos conforme prescrição médica;
• Uso correto de técnicas assépticas com rigor;
• Manter ferida sempre limpa (troca de curativos a cada quatro horas);
• Observar sinais e sintomas de infecção;
• Lavar as mãos antes e depois dos procedimentos;
• Diurese observar (quanto ao aspecto, coloração, presença de grumos).
Resultados esperados:
Ausência de infecções.

Problema 6: Ansiedade.

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Diagnóstico de Enfermagem: Ansiedade da família relacionada ao estado
atual do indivíduo e ao prognóstico incerto.
Ações de Enfermagem:
• Ouvir atentamente e focalizar a discussão nos sentimentos do acompa-
nhante;
• Usar lembranças positivas e focalizar aspectos positivos da vida;
• Discutir com o pessoal da enfermagem e familiares a importância da segu-
rança e sensação geral de bem-estar do paciente;
• Explicar todos os procedimentos, exames diagnósticos, medicamentos, tra-
tamentos ou protocolos para os cuidados;
• Usar a distração, quando indicada, para relaxar e evitar que a pessoa fique
estressada.
• Explicar de modo claro a patologia, quadro clínico do paciente.
Resultados esperados:
Redução da ansiedade.

Problema 7: Atrofia muscular.


Diagnóstico de Enfermagem: Síndrome do desuso relacionada a imobilida-
de, secundária a TCE.
Ações de Enfermagem:
• Auxiliar o paciente a reposicionar-se, virando de um lado para o outro.
• Manter o leito tão reto quanto possível para reduzir forças deslizantes.
• Observar eritema, palidez e palpação de tecido morno e emaciado a cada
troca de posição.
Resultados esperados:
O cliente não deverá apresentar complicações da imobilidade.

Problema 8: Nutrição alterada.


Diagnóstico de Enfermagem: Nutrição desequilibrada menor que as neces-
sidades corporais relacionado a diminuição da ingesta oral secundário a SNG, evi-
denciado por emagrecimento e palidez cutânea.
Ações de Enfermagem:
• Administrar dieta por SNG de 4/4h;

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• Estimular ingesta oral;
• Orientar família sobre a importância da alimentação;
• Avaliação do nutricionista.
Resultados esperados:
Cliente deverá ingerir a exigência nutricional diária, de acordo com seu nível
de atividade e necessidades metabólicas.

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ANEXOS

EXAMES LABORATORIAIS
Tomografia computadorizada de crânio em 25/07, 10/08

HEMOGRAMA:
Hemácias Hemoglobina Leucócitos

25/07 3,84 11,60 30.600

26/07 3,17 12 19.200

28/07 3,19 9,70 19.600

29/07 3,16 9,60 11.600

30/07 2,85 8,50 7.000

31/07 2,99 8,80 6.400

01/08 2,82 8,30 9.500

03/08* 2,56 7,70 6.500

21/08 ______ ______ 23.400

22/08* 3 7,70 ____

07/09 3,49 10,40 8.800

11/08* 2,74 8,20 21.500

*Recebeu concentrado de hemácias em 03/08, 22/08, 11/08

MEDICAMENTOS
• Dieta por SNG
• Dipirona (se necessário): Deve ser administrada se o paciente queixar dor
ou apresentar febre.
• Plasil (se necessário): Deve ser administrada se o paciente queixar náu-
seas ou apresentar vômitos.
• Hidantal: fenitoína sódica – anticonvulsivante.
• SF 0,9%, Vit. C e Complexo B
• Berotec 8 gts + SF (usada na nebulização)
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FOTOS

Úlceras

Calcâneo direito:

Calcâneo esquerdo: Região tóraco-lombar:

Região sacra:

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CONCLUSÃO

A maioria dos pacientes que são vítimas de TCE encontra-se em um estado


vegetativo, ou seja, a maioria perde funções musculares, motoras e ficam totalmente
dependentes de sua família e equipe de enfermagem.
Neste trabalho, foi-nos dada a oportunidade de assistir um paciente com esse
trauma. Realizando todas as tarefas (cuidados como banho, curativos, administra-
ção de medicação, aspiração, etc.) e dia após dia percebemos a evolução do quadro
clínico do paciente. Foi gratificante ver a evolução e força de vontade de J.G.S. A-
companhamos sua entrada na Clínica Médica ainda em estado grave, e passo a
passo ele foi melhorando até o dia em que ele sentou, e esboçou algumas palavras,
às vésperas de sua alta hospitalar. Para nós foi algo reconhecidamente gratificante!
O trabalho, na forma de estudo de caso nos deu uma visão diferenciada do
cuidado de enfermagem aos clientes que sofreram um traumatismo crânio-
encefálico, e percebemos a importância do conhecimento científico na assistência
de enfermagem adequada a cada quadro clínico.
Assim, entendemos ser imprescindível a posse desse conhecimento para que
em nossa vida profissional (e mesmo nos estágios) essa assistência se dê de forma
satisfatória. Consideramos, ainda, satisfatória a contribuição à nossa prática adquiri-
da no estudo de caso relatado nesse trabalho.

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REFERÊNCIAS

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