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O único tratamento efetivo para a EA severa é o alívio mecânico Nos casos de estenose congênita, os resultados dos
da obstrução valvar. A sobrevida é excelente quando o procedimentos são animadores. Todavia, nas situações em que a
tratamento é aplicado antes do surgimento dos sintomas válvula está calcificada, os resultados são ruins. Seis meses após
clássicos. Após isso, a mortalidade eleva-se acentuadamente. o procedimento, 50% perdem qualquer benefício alcançado —
Pode ser realizado por meio de troca valvar por prótese, reestenose e piora clínica —, sendo reservada, então, a casos em
valvoplastia cirúrgica ou balão. que a troca cirúrgica da válvula é contraindicada pelo risco
cirúrgico. Em até 20% há complicações, como acidente vascular
15.2.4.1 Farmacológico cerebral, insuficiência aórtica e infarto agudo do miocárdio.
Nos pacientes com EA reumática, a profilaxia para novos surtos A valvoplastia por balão é considerada classe IIb como ponte até
de febre reumática é obrigatória. Diuréticos e/ou digitálicos a troca definitiva em hemodinamicamente instáveis, que são de
alto risco cirúrgico. Legenda: Teste Ergométrico (TE); implante de bioprótese aórtica transcateter
(TAVI); Valvoplastia Aórtica Cateter-Balão (VACB).
15.2.4.3 Troca valvar por angioarteriografia Fonte: adaptado de Atualizações das Diretrizes Brasileiras das Valvulopatias, 2020.
A técnica de troca valvar por via intravascular ou transtorácica 15.2.5 Tratamento cirúrgico
(Transcatheter Aortic Valve Implantation — TAVI) pode ser
realizada pelas janelas transaórtica, transapical ou transfemoral e As indicações de tratamento cirúrgico da estenose aórtica são:
é mais indicada para aqueles com EA grave e alto risco de troca sintomas de dispneia aos esforços, angina ou síncope; disfunção
valvar cirúrgica, com expectativa de vida acima de 12 meses. ventricular esquerda com FE abaixo de 50%; paciente
Figura 15.4 - Resumo de abordagem da estenose aórtica
assintomático, mas com indicação de outra cirurgia cardíaca —
revascularização miocárdica, por exemplo —; paciente
assintomático, mas com índices prognósticos ruins ao
ecocardiograma, como velocidade aórtica maior que 5 m/s ou
gradiente transvalvar acima de 60 mmHg; paciente
assintomático, mas teste de esforço mostrando intolerância ao
esforço ou queda da pressão arterial durante o exame.
15.2.5.1 Troca de válvula aórtica
15.3.2 Fisiopatologia
A apresentação clínica e os achados ao exame físico dos
pacientes com IA dependem da severidade e da rapidez de
instalação da lesão. Os efeitos hemodinâmicos do quadro agudo
15.3 INSUFICIÊNCIA AÓRTICA são completamente diferentes dos da apresentação crônica.
15.3.1 Etiologia 15.3.2.1 Insuficiência aórtica crônica
Pela sobrecarga volêmica, acontece a dilatação ventricular ▶ Sinal de Duroziez: um sopro sistólico ou diastólico é ouvido
esquerda progressiva, determinando hipertrofia que, quando a artéria femoral é parcialmente comprimida;
temporariamente, mantém o débito cardíaco adequado. Com a
lenta e progressiva piora da função diastólica e contrátil do ▶ Sinal de Müller: vibração sistólica da úvula;
ventrículo, há queda progressiva do débito cardíaco com o
surgimento da IC. ▶ Sinal de Becker: pulsação visível das artérias retinianas e das
pupilas.
15.3.2.2 Insuficiência aórtica aguda Por um período prolongado, os portadores são assintomáticos
(Quadro 15.4). Palpitações são frequentes, e angina pode ocorrer
Quando ocorre insuficiência valvar aguda, não há tempo para a por associação de doença coronariana. Quando acontece a
adaptação ventricular, determinando aumento da pressão insuficiência ventricular esquerda, surgem os sintomas de
hidrostática nas câmaras esquerdas, resultando em edema agudo dispneia aos esforços e fadiga; nas fases mais avançadas,
de pulmão. A taquicardia e a vasoconstrição periférica reflexas ortopneia e dispneia paroxística noturna. Ao exame físico,
determinam piora da IA. Geralmente está associada a dissecção batimentos cardíacos visíveis são comuns, e o pulso apical está
da aorta, endocardite ou trauma. aumentado e desviado para baixo e à esquerda. B4 pode ocorrer
pela hipertrofia ventricular, e B3 pode ser identificada na IC. O
15.3.3 Quadro clínico sopro característico é leve, diastólico, decrescente, mais bem
ouvido no terceiro espaço intercostal ao longo da borda esternal
15.3.3.1 Insuficiência aórtica crônica esquerda, ao fim da expiração. Na presença de doença da via de
saída da aorta, o sopro pode ser mais bem avaliado na borda
Predomina em homens e idosos como manifestação tardia direita esternal. Um sopro de ejeção pode estar presente na área
isolada de febre reumática. Alguns achados podem ser aórtica em razão do estado hiperdinâmico. Ocasionalmente, um
encontrados ao exame físico do paciente com IA e que refletem a sopro diastólico pode ser ouvido no ápice cardíaco, também
elevada pressão de pulso (diferença entre a pressão arterial chamado sopro de Austin Flint. A pressão arterial sistólica está
sistólica e a pressão arterial diastólica): aumentada, em virtude do alto volume sistólico, e a diastólica,
▶ Pulso de Corrigan ou “em martelo d’água”: pulso com elevação
diminuída em razão do retorno de parte do volume sistólico
ampla e colapso abrupto; injetado na aorta de volta para o ventrículo, resultando em
pressão arterial divergente. Ao medir a pressão com o
▶ Sinal de Musset: pulsação da cabeça; esfigmomanômetro, os sons de Korotkoff são auscultados até o
ponto 0 do aparelho. Nesse caso, consideram-se pressão arterial
▶ Sinal de Quincke: pulsação dos capilares subungueais; diastólica os ruídos da fase IV de Korotkoff. Com a evolução da IC,
estreitam-se as diferenças pressóricas. São marcadores de IA
▶ Sinal de Miller: pulsação da úvula; anatomicamente significativa o frêmito aórtico, o sopro
holodiastólico, a pressão de pulso alargada e o sopro de Austin 15.3.4.1 Eletrocardiograma
Flint.
Nenhum achado é específico; sinais de aumento do átrio
Quadro 15.4 - Evolução da insuficiência aórtica crônica
esquerdo, hipertrofia ventricular esquerda e correntes de lesão —
inversão da onda T e depressão do segmento ST — são
encontrados nos quadros crônicos avançados. Arritmias,
incluindo a taquicardia ventricular e extrassístoles ventriculares,
podem ocorrer. Na apresentação aguda, taquicardia sinusal pode
ser a única alteração. Nos casos de endocardite bacteriana, a
inflamação ou a formação de abscesso pode acometer o nó
atrioventricular, resultando em bloqueio progressivo
atrioventricular.
15.3.3.2 Insuficiência aórtica aguda
15.3.4.2 Radiografia de tórax
A maior parte dos pacientes é sintomática, e a apresentação
clínica depende da causa-base da insuficiência. Os motivos mais Os achados não são específicos e refletem o aumento da área
frequentes são dissecção aórtica, endocardite infecciosa e cardíaca e da vascularização pulmonar. No quadro agudo, é
trauma. Fraqueza, dispneia e ortopneia são comuns. O início dos frequente a congestão pulmonar e pode haver alargamento da
sintomas é súbito, e o choque surge quando a IA não é tratada. aorta ascendente na vigência de dissecção.
Como não há tempo para a adaptação do ventrículo esquerdo, os
sinais periféricos de IA são ausentes. Estertores bilaterais são 15.3.4.3 Ecocardiograma
frequentes no exame pulmonar, e o pulso apical não está
desviado. B3 pode estar presente, e o sopro diastólico típico é É o método de escolha na avaliação da IA. Além de avaliar a
curto na duração e de difícil identificação, sendo habitual sua não gravidade, a técnica transesofágica pode identificar a etiologia.
detecção. Ao Doppler, o fluxo anormal diastólico originado na válvula aórtica
atribui alta sensibilidade e especificidade ao exame, mesmo na
ausência de sopro audível. É de grande utilidade nos quadros
#importante agudos, em que a detecção clínica do sopro não é frequente.
As causas mais comuns de IA aguda são Alterações estruturais da válvula aórtica podem ser identificadas
a dissecção de aorta, a endocardite ao exame, como espessamento da válvula, calcificações,
infecciosa e o trauma. alterações congênitas, vegetações ou prolapso da válvula. Todas
essas alterações podem ser vistas no exame transtorácico,
porém a via transesofágica aumenta ainda mais a sensibilidade do
15.3.4 Exames diagnósticos
exame em situações de difícil diagnóstico, como na endocardite Quando não tratada, apresenta alta mortalidade. Geralmente,
ou na dissecção de aorta. necessita de medidas agressivas de suporte, rápida abordagem
da causa e aplicação de tratamento definitivo. Como o óbito por
15.3.4.4 Cateterismo cardíaco falência ventricular esquerda e choque é frequente entre esses
pacientes a despeito do tratamento intensivo, é indicada a
Antes do ecocardiograma, era o exame de eleição para a intervenção cirúrgica imediata. O nitroprussiato é a droga de
avaliação da IA. Hoje, fica em plano secundário, principalmente escolha para determinar diminuição da pré-carga e da pós-carga.
para os casos com possibilidade de insuficiência coronariana Agentes inotrópicos positivos, como a dobutamina, podem ser
associada. Também é útil no planejamento cirúrgico para a utilizados na vigência de baixo débito cardíaco e hipotensão.
correção de dissecção aórtica. Quando há instabilidade hemodinâmica, o único tratamento
definitivo é a cirurgia, cujo momento depende da causa e do grau
15.3.4.5 Ressonância magnética de repercussão hemodinâmica. Na endocardite infecciosa com IA
grave, prefere-se o uso por sete a 10 dias de antibióticos
Está indicada para a avaliação do refluxo e dos diâmetros previamente à troca valvar quando a condição clínica do paciente
cavitários nos casos em que o ecocardiograma for ineficiente. permitir a espera. As indicações para a cirurgia de urgência, nesse
cenário, são IC classes III e IV, embolização sistêmica, bacteriemia
15.3.4.6 Outros achados laboratoriais persistente, endocardite por fungos ou formação de abscesso
perivalvar.
Podem auxiliar no diagnóstico da causa da IA. Leucocitose e
velocidade de hemossedimentação elevada sugerem causas 15.3.5.2 Forma crônica
inflamatórias, como endocardite ou aortite. Fator reumatoide
positivo e anticorpos antinúcleo positivos apontam doença O quadro clínico típico é a progressão para IC. Nos quadros leves
reumatológica. A sorologia para sífilis também pode ser útil. e moderados assintomáticos, não é necessário o tratamento
específico. Nos quadros moderados a severos com função
15.3.5 Tratamento ventricular normal, a troca valvar está indicada. A forma aguda da
IA está relaciona à dissecção aórtica e à endocardite.
O tratamento depende da causa-base, da função cardíaca e da
presença ou não de sintomas. IA leve ou moderada geralmente Nos quadros leves a moderados de IA em assintomáticos, o
não demanda tratamento específico, enquanto a IA aguda por tratamento não é necessário. O seguimento clínico deve ser feito
dissecção de aorta é uma emergência médica. anualmente com o ecocardiograma. A profilaxia com antibióticos
para endocardite deve ser aplicada àqueles com anormalidades
15.3.5.1 Forma aguda estruturais da válvula.
Quando a febre reumática está associada, indica-se a profilaxia
secundária. Qualquer evidência de hipertensão arterial deve ser
prontamente tratada para não agravar o grau de insuficiência.
Exercícios isométricos, esportes competitivos e esforço físico
exacerbado devem ser evitados. Os quadros de IA moderada a
severa sintomática com função ventricular normal devem ter a
válvula substituída.
Vasodilatadores, diuréticos e nitratos atenuam os sintomas
enquanto se aguarda a cirurgia. É indicado o tratamento
medicamentoso a assintomáticos para toda IA severa, com
dilatação do ventrículo esquerdo sem disfunção sistólica, e IA de
qualquer grau com hipertensão. Na IA sintomática moderada a
severa com função ventricular diminuída, indica-se o tratamento
cirúrgico, porém o risco é maior. Quanto aos casos para os quais a
cirurgia é contraindicada por falta de condições clínicas, o
tratamento medicamentoso deve ser mais agressivo.
Indica-se troca valvar em casos de IA severa associada a:
sintomas; disfunção ventricular (FE abaixo de 50%); dilatação
ventricular importante; paciente submetido a revascularização
miocárdica cirúrgica, cirurgia de aorta ou troca de outras valvas;
IA moderada só deverá ser submetida a tratamento cirúrgico se já
houver indicação de outra cirurgia cardíaca ou de aorta proximal.
Figura 15.5 - Resumo de abordagem de insuficiência aórtica
15.3.6 Prognóstico
Assintomáticos com IA crônica têm evolução estável ao longo
dos anos, ao passo que os sintomáticos apresentam mortalidade
acima de 10% ao ano. A taxa média de progressão para a cirurgia A principal causa de Estenose Mitral (EM) é o acometimento da
é de 4%, e o surgimento de sintomas é a maior indicação para o válvula por febre reumática, com predomínio em mulheres — 65%
procedimento. A mortalidade associada a sintomas de dispneia dos casos —, apesar de 50% não apresentarem história prévia da
aos esforços (classes II a IV de ICC) é de 20% ao ano. Quando doença. Outras causas são extremamente raras. Os diagnósticos
ocorre a troca valvar, há redução da mortalidade, com sobrevida diferenciais são mixoma atrial, disfunção de prótese valvar,
em cinco anos, de 85%. trombo, neoplasia e grande vegetação bacteriana ou fúngica.
Quadro 15.5 - Principais características da insuficiência aórtica A febre reumática pode produzir, na fase aguda, uma pancardite.
Corpos de Aschoff no pericárdio são muito específicos dessa
febre. O acometimento da válvula mitral é a regra, podendo
ocorrer, também, o espessamento das comissuras, das cúspides e
da cordoalha.
A fibrose e a calcificação dos folhetos podem estender-se até o
anel valvar. Com a progressão da estenose, surge o gradiente
transvalvar através da válvula estenosada, associada à contração
atrial.
15.4.2 Quadro clínico
15.4.2.1 Sinais e sintomas
É
Fonte: adaptado de KenshiDesign.
15.5.5 Prognóstico
A IM crônica tem evolução semelhante à da IA e da EM crônica. A
causa da IM influencia, também, o prognóstico; pacientes com
15.6 ESTENOSE TRICÚSPIDE E
INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE
15.6.1 Introdução
A frequência do acometimento valvar tricúspide (Figura 15.12)
tem aumentado ao longo do tempo pela associação direta ao uso
intravenoso de drogas, cateteres de longa permanência, Fonte: Claudio Van Erven Ripinskas.
dispositivos cardíacos implantáveis e pacientes
imunossuprimidos.
15.6.2 Etiologia e fisiopatologia
Figura 15.12 - Alterações na válvula tricúspide
A válvula tricúspide é composta por três folhetos de tamanho
desigual — anterior, septal e posterior —, e os músculos papilares
não são tão bem definidos quanto os das câmaras esquerdas. A
alteração de qualquer um dos componentes valvares pode
determinar a disfunção.
15.6.3 Insuficiência tricúspide
A IT, em geral, ocorre pela dilatação do anel valvar ou pela
disfunção da musculatura papilar, sendo comumente uma
insuficiência funcional. Na maioria das vezes, é causada por
doença ventricular esquerda (doença mitral), porém alterações da 15.6.5.1 Sinais e sintomas
vasculatura pulmonar ou do ventrículo direito podem determinar
a disfunção. O reconhecimento clínico da doença é difícil e, em geral,
obscurecido pela doença associada. Os achados mais frequentes
Quando a causa é reumática, quase sempre ocorre o são sintomas não considerados de origem cardíaca: dor
acometimento valvar mitral associado, e a disfunção tricúspide é abdominal, icterícia, perda de peso e inanição. As queixas
leve. A endocardite da válvula, em geral, acontece entre usuários cardiológicas, usualmente, associam-se a outras disfunções
de drogas intravenosas, e o Staphylococcus aureus é o agente valvares. Já a história, normalmente, é pobre, e o exame físico
mais comum, seguido de subtipos de Pseudomonas e Candida sp. fornece mais dados para o diagnóstico.
É importante lembrar-se de etiologia fúngica quando a vegetação 15.6.5.2 Exame físico
é grande, podendo causar obstrução do anel valvar. A perfuração
ou a ruptura da cordoalha podem determinar insuficiência valvar. ▶ Pulso Venoso Jugular (PVJ): a pressão atrial direita pode ser
Tumores carcinoides são causas das raras doenças valvares estimada por meio do PVJ. Há três ondas (A, C, V) ascendentes e
pulmonares e/ou tricúspides. O prolapso de válvula tricúspide é duas (X e Y) descendentes. A onda A e a primeira descendente (X)
visto, quase exclusivamente, em pacientes com PM, além de ser são produzidas, respectivamente, por contração e relaxamento
um componente frequente da anomalia de Ebstein. atriais. A onda X é interrompida pela onda C, que é causada pela
A IT de intensidade moderada pode complicar-se em até 25% dos contração isovolumétrica do ventrículo direito, com projeção em
casos de lúpus eritematoso sistêmico por hipertensão pulmonar. direção ao átrio em razão do fechamento da valva tricúspide —
A endocardite de Libman-Sacks envolvendo a válvula tricúspide é alguns autores acreditam que a onda C se relacione à transmissão
muito menos comum. de pressão do pulso carotídeo na sístole ventricular. A onda V
representa o enchimento atrial passivo, estando a valva tricúspide
A síndrome antifosfolípide pode cursar com acometimento da fechada; o cume dessa onda corresponde à abertura da valva
válvula. A IT também pode surgir como complicação tardia da tricúspide, que se dá no momento do fechamento da valva
troca de válvula mitral. pulmonar (segunda bulha). A doença valvar tricúspide é,
tipicamente, associada ao aumento da pressão venosa central,
15.6.4 Estenose tricúspide que pode ser identificado pela análise do pulso jugular. Na IT,
ocorrem onda mesossistólica S e onda Y proeminente —
A Estenose Tricúspide (ET) é uma lesão incomum e usualmente passagem rápida de todo o sangue proveniente do retorno
acompanha a EM, tendo como principal causa a febre reumática. venoso somado ao sangue que refluiu do ventrículo direito na
O acometimento isolado da válvula é raro. Além disso, pode ter sístole por causa da incompetência da valva tricúspide, levando à
etiologia congênita e surgir após tratamento com metisergida. queda rápida da pressão atrial. Na ET, a onda A torna-se muito
proeminente, e a Y, muito discreta — o sangue encontra
15.6.5 Achados clínicos dificuldade em passar do átrio para o ventrículo direito. A Figura
15.13 demonstra as ondas do PVJ normais e sua relação com o disfunção hepática pelo aumento da pressão venosa no território
complexo QRS e o fonocardiograma; da cava inferior.
Figura 15.13 - Registro da onda pressórica do pulso venoso jugular e suas relações
com o complexo QRS e o fonocardiograma
15.6.6 Exames diagnósticos
15.6.6.1 Eletrocardiograma
Como definir se um
paciente com suspeita de
lesão valvar tem indicação Universidade do Estado do Pará
de intervenção? Para a Revalidação do Diploma de Medicina pela UEPA, é preciso
passar por quatro fases. A primeira consiste na apresentação de
Independentemente do tipo de lesão e da valva documentos. Em seguida, é preciso realizar uma prova teórica em
disfuncional, via de regra, os tratamentos duas etapas, sendo a primeira com 100 questões objetivas, com
farmacológicos servem para amenizar os sintomas, cinco alternativas cada, e a segunda com cinco questões
sobretudo naqueles pacientes com lesões discretas ou dissertativas. As perguntas geralmente envolvem conceitos nas
moderadas. Entretanto, para lesões importantes e que
áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Medicina de Família e Saúde e) a elevação dos membros inferiores faz o clique ocorrer mais
Pública. precocemente
Na terceira fase há uma prova de habilidades clínicas, realizada Gabarito: c
por uma banca examinadora. São dez estações sucessivas, em
que os candidatos deverão realizar tarefas em situações Comentários:
simuladas, envolvendo anamnese, exame físico, interpretação de
exames complementares, formulação de hipóteses diagnósticas, a) Veja o comentário geral na alternativa correta.
plano terapêutico, demonstração de procedimentos médicos, b) Veja o comentário geral na alternativa correta.
orientações diagnósticas, orientação a pacientes e familiares e
relação médico-paciente. Por fim, na última fase, o candidato c) Manobra que aumentam o volume diastólico, como agachar,
deve passar por uma análise pedagógica do currículo e histórico inspiração profunda, exercício isométrico, aumentam o tempo de
escolar. sístole e atrasam o clique mitral. Já manobras que reduzem o
volume diastólico, como Valsalva, ficar em pé, fazem com que o
UEPA | 2020 clique se aproxime de B1 e o sopro inicie mais precocemente.
Uma mulher de 28 anos vem ao ambulatório com queixa de dor d) Veja o comentário geral na alternativa correta.
precordial caracterizada como atípica, palpitação, insônia e
“nervosismo”. Nega limitação à atividade física. Ao exame físico, e) Veja o comentário geral na alternativa correta.
apresenta-se em bom estado geral, pressão arterial de 110/70
mmHg, frequência cardíaca de 82 bpm. À ausculta, o ritmo é
regular, com clique mesos-sistólico seguido por sopro sistólico+ e
irradiação para a axila. Dos dados do exame físico que auxiliam na
confirmação do diagnóstico de prolapso de valva mitral são:
a) ausência de mudança no clique com a manobra postural de
cócoras
b) a elevação dos membros inferiores faz o sopro ocorrer mais
precocemente
c) a posição de cócoras faz o sopro ocorrer mais tardiamente
d) ausência de mudança no clique com a manobra postural de
ficar em pé