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EPIDEMIOLOGIA
Sumário
Prevalência/importância
1. Estudos epidemiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Medicina baseada em evidências e bioestatística . . . . .
3. Testes diagnósticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. História natural das doenças e os níveis de prevenção . .
5. Endemia e epidemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. História do SUS e leis orgânicas da saúde . . . . . . . . . . . . .
7. Financiamento e funcionamento do SUS . . . . . . . . . . . . .
8. Programas e políticas de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Atenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Ferramentas da atenção primária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11. Declaração de óbito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
12. Vigilância em saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13. Notificação compulsória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. Indicadores de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15. Ética médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16. Saúde do trabalhador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Capítulo
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
1
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u Variável independente é aquela que independe de um fator anterior, sendo considerada o fator de risco,
ou a causa, da variável dependente.
u Variável dependente é aquela que depende de um fator anterior, sendo considerada o desfecho, ou a con-
sequência, da variável independente.
u As características dos Estudos Epidemiológicos podem ser divididas em Distinção de Indivíduos, Objetivo
do Estudo, Análise Temporal, Direcionamento de Variáveis e Papel do Pesquisador.
u Os principais desenhos de estudo são os seguintes: Séries de Casos, Ecológico, Coorte, Caso-Controle e
Ensaio Clínico.
u As principais Medidas de Associação são as seguintes: Risco Relativo, Odds-Ratio e Número Necessário
ao Tratamento.
DICA
1. INTRODUÇÃO Siga esse passo a passo e você vai aumentar
bastante a sua proporção de acertos. Mesmo nas
questões aparentemente mais simples, não deixe
u Na medicina, quando dizemos que há evidência de aplicar esse método.
a favor ou contra alguma conduta específica, ou
que determinado fator aumenta o risco para al-
gum desfecho, adquirimos esses conhecimentos
a partir de estudos epidemiológicos. Nos estu- 2. 1º PASSO: IDENTIFICAR
dos epidemiológicos pesquisadores avaliam uma AS VARIÁVEIS
amostra da população e orientam a conduta para
a população geral a partir dos resultados obti-
dos com essa amostra estudada. Os estudos u Variável independente: representa o fator de
não são todos iguais, e precisamos conhecer risco, ou a causa, no estudo. É aquilo que existe
suas características para podermos compreen- independentemente da outra variável que está
der que tipo de evidência cada estudo está nos sendo analisada.
proporcionando. Para além da análise de estu- u Variável dependente: representa o desfecho,
dos no nosso dia a dia, precisamos conhecer de ou a consequência. É aquela que depende da
forma mais detalhada os principais desenhos de presença da outra variável estudada para existir.
estudo que caem nas provas. Esse é um assunto W Exemplo 1: Em um estudo que está querendo
muito prevalente, sendo um dos 3 assuntos mais avaliar o surgimento de câncer de pulmão em
cobrados na maioria das provas. Neste capítulo, pacientes tabagistas, estamos olhando para
vamos lhe ensinar um passo a passo que deve ser duas variáveis: câncer de pulmão e tabagismo.
seguido para que você seja capaz de responder Segundo a hipótese do estudo, a presença de
à maioria das questões. tabagismo aumenta a chance de surgir o cân-
25
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
26
Estudos epidemiológicos Cap. 1
DICA
Para um estudo ser longitudinal não é obri-
gatório que haja acompanhamento do grupo de
pacientes ao longo do tempo. Se analisarmos re-
gistros de prontuários de mais de um momento já
teremos um estudo longitudinal.
27
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
3.5. DIRECIONAMENTO DE
VARIÁVEIS: PROSPECTIVO X 4. 3º PASSO: DETERMINAR OS
RETROSPECTIVO (APLICÁVEL A DESENHOS DE ESTUDO
ESTUDOS LONGITUDINAIS)
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Estudos epidemiológicos Cap. 1
29
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
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Estudos epidemiológicos Cap. 1
Coorte Caso-controle
Doentes Expostos
Expostos Casos
Doentes Expostos
Coorte
Coorte histórica
Seleção de casos e
Avaliação do fator
controles a partir da
de risco
existência do desfecho
Caso controle
Fonte: O autor.
31
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
W Esses estudos mostram resultados mais rápi- Tabela 1. Calculando o Odds Ratio.
dos, já que não precisamos esperar anos para Ocorrência Sem
vermos o surgimento da doença. Além disso, do desfecho desfecho
é muito bom para estudar doenças raras, já
Com exposição A B
que já estamos avaliando os pacientes divi-
didos em grupos de doentes e não doentes. Sem exposição C D
Há 2 problemas: no estudo de caso-controle, Fonte: Gordis.1
podemos apenas estimar o risco, e não deter-
minar, como na coorte; além disso, a memória W Qual a sua hipótese inicial? Acreditamos que
dos pacientes e a clareza e completude dos a exposição está ligada ao desfecho. Então,
registros médicos são essenciais para ava- quais desses pacientes vão a favor da sua hi-
liarmos o passado médico e a presença dos pótese? Os pacientes A e D. Por quê? Porque
fatores de risco. o paciente A tem exposição e tem desfecho,
u a) Vantagens: mostrando que há associação entre os dois.
W Fácil execução; O paciente D, como não tem exposição, tam-
bém não tem desfecho, mais uma vez com-
W Custo;
provando a sua hipótese. Os pacientes B e C,
W Doenças raras. por outro lado, são aqueles que vão contra a
u b) Desvantagens: hipótese. O paciente B tem a exposição, mas
W Documentação; não tem o desfecho, e o paciente C tem o
W Vieses de memória e de seleção. desfecho sem nunca ter tido exposição. Ou
seja, os pacientes A e D corroboram a favor
W Esse tipo de estudo também é analítico, visto
da relação entre exposição e desfecho e os
que analisa se há correlação com um fator de
pacientes B e C, contra.
risco provável. Diferentemente da coorte, que
determina o risco, o caso-controle é capaz
u O odds-ratio é exatamente a relação entre os pa-
apenas de estimar o risco, por meio da sua cientes A e D sobre os pacientes B e C.
medida de associação, o Odds-Ratio.
ODDS-RATIO = AxD/BxC = AD/BC
4.3.1. Odds-ratio
W Como podemos lembrar? Tem a dica do “peixi-
u A medida de associação do estudo de caso-con- nho”. Basta desenhar um peixe sobre a tabela
trole é o odds-ratio, razão de chances ou razão de que a fórmula vai “aparecer” AD/BC
possibilidades. O conceito por trás do odds-ratio
é semelhante ao do risco relativo: ele informa Ocorrência Sem
quantas vezes a mais – ou a menos – um evento do desfecho desfecho
ocorre em um grupo em relação a outro. Serve, Com exposição A B
entretanto, apenas para estimar o risco, não o
Sem exposição C D
determinando.
u Como calculamos o Odds-ratio? Precisamos
montar uma tabelinha com os pacientes expos- DICA
O odds-ratio apenas estima o risco e não
tos, não expostos, doentes e não doentes. Veja é exclusivo dos estudos de caso-controle. Não é
a Tabela 1. porque a questão lhe mostrou um odds-ratio que
necessariamente tem que ser um estudo de caso-
-controle. Procure sempre as características do
estudo.
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Estudos epidemiológicos Cap. 1
33
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
cebo) foram diagnosticados (5%). Qual o risco Com o tratamento, foram 98. Nesse caso, mes-
relativo? A incidência nos expostos foi de 2%, mo 98 pacientes tendo sobrevivido, apenas 3 so-
enquanto a incidência nos não expostos foi breviveram “por causa” do medicamento novo.
de 5%. Risco relativo = 2%/5% = 0.4. A vacina, Assim, a cada 100 pacientes que você tratou, o
portanto, agiu como fator protetor. tratamento foi responsável pela sobrevivência
u Redução do Risco Relativo = 1 – Risco Relativo de 3. Ou seja, 1 vida é salva a cada 33 pacientes
tratados. O número de pessoas que você precisa
W Voltando ao exemplo: RRR = 1 – 0,4 = 0.6.
tratar para salvar uma vida é 33.
A redução do risco relativo, nesse caso, foi de
60%. Isso quer dizer que, ao tomar a vacina, u O número necessário ao tratamento nos diz o nú-
um indivíduo reduz em 60% sua chance de mero médio de pacientes que precisam sofrer a
adoecer. Isso não quer dizer que há 40% de intervenção estudada para que tenhamos o des-
chance de adoecer. Isso quer dizer que houve fecho esperado em um. Acontece que temos que
uma queda de 5% para 2% de chance de adoe- levar em consideração o número de pacientes que
cimento após a vacinação, correspondendo a já evoluem para o desfecho esperado indepen-
uma redução de 60% nesse risco. dentemente da intervenção, como no exemplo
apresentado, em que o desfecho foi a sobrevida.
DICA
u Número necessário ao tratamento = 1/RAR
A eficácia de um tratamento ou de uma me-
dida de prevenção corresponde à sua redução do
risco relativo. NNT = 1/RAR
34
Estudos epidemiológicos Cap. 1
Desenho de
Características Medida de Associação Observações
Estudo
35
Estudos epidemiológicos Epidemiologia
Fonte: O autor.
REFERÊNCIAS
36
MEDICINA BASEADA EM Capítulo
EVIDÊNCIAS E BIOESTATÍSTICA 2
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u Medicina Baseada em Evidências significa o uso consciente da melhor evidência disponível para a tomada
de decisão no âmbito da medicina.
u As revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados apresentam nível 1A de evidência.
u As revisões sistemáticas são investigações científicas, com metodologia definida por protocolo, que avaliam
estudos originais como seu objeto de estudo, sintetizando resultados de estudos primários.
u Para decidirmos se devemos confiar na conclusão apresentada por determinado estudo precisamos,
sempre, avaliar o intervalo de confiança.
u A média é muito afetada por valores extremos. A mediana não é afetada por valores extremos. Uma amostra
pode ter nenhuma, uma ou mais de uma moda.
45
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística
u A partir da hipótese nula, surgem dois tipos de u Trata-se de uma hierarquia das evidências apre-
erros possíveis. Já falamos sobre erros e vieses sentadas por cada tipo de estudo.
no capítulo “Estudos Epidemiológicos”, mas apre-
sentaremos outra abordagem agora. Tabela 1. Níveis de evidência.
W Erro alfa (tipo I): Probabilidade de rejeitar a hi-
Qualidade Tipo de evidência
pótese nula quando ela é verdadeira. Ou seja,
é a probabilidade de enxergar no estudo uma A: revisão sistemática de ECRs
diferença entre os grupos avaliados que não 1 B: ECR individual com IC estreito
existe na vida real. C: série de casos “tudo ou nada”
V Essa probabilidade é considerada aceitável A: revisão sistemática de estudos de coorte
quando inferior a 5%. Por isso, em muitos 2
B: estudo de coorte individual. ECR com
estudos, falamos de um nível de confiança dropouts > 20%
= 95%. C: estudos ecológicos
DICA
O valor de “p”, nos estudos, reflete o erro alfa. 4 Séries de casos
p < 0,05 significa que a probabilidade de o estudo 5 Opinião do especialista
estar errado quando considera desfechos diferentes
ECR: ensaio clínico randomizado. Adaptado de Levels os
entre os grupos é menor que 5%. Consideramos, evidence of the Oxford Centre for Evidence-Based Medicine.
a partir disso, que há relevância estatística e que
Fonte: Oxford Centre for Evidence-Based Medicina.1
podemos confiar com certo grau de segurança
naquilo que o estudo está concluindo.
3.2. GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
W Erro beta (tipo II): Probabilidade de aceitar a
hipótese nula quando essa é falsa. Ou seja, é u A partir desses níveis de evidência, surgem os
a probabilidade de não encontrar no estudo graus de recomendação:
uma diferença entre dois grupos quando na W A = Conduta apresenta benefício comprovado.
verdade essa diferença existe. V Nível de evidência 1.
46
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2
Fonte: Castro.2
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Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística
u Nesse exemplo, estamos avaliando estudos que u A conclusão da metanálise se resume àquele
compararam a mortalidade neonatal por deter- losango embaixo de todos os quadrados, deno-
minada complicação em pacientes que fizeram minado “subtotal (95%CI)”. Esse losango corres-
uso de corticosteroides versus pacientes que fi- ponde ao compilado gráfico de todos os estudos
zeram uso de placebo ou de nenhum tratamento. avaliados. Se o losango estiver à esquerda da
A primeira coluna corresponde à identificação dos linha vertical, a metanálise concluiu que o fator
estudos que foram avaliados. A segunda coluna avaliado é um fator de proteção. Se estiver à di-
demonstra a mortalidade nos grupos expostos à reita, trata-se de um fator de risco. Se o losango
intervenção avaliada (Expt); no caso, o corticoi- tocar a linha vertical, isso significa que a meta-
de. A terceira coluna mostra a mortalidade nos nálise concluiu que o fator não interfere de forma
grupos-controle (Ctrl), ou seja, nos grupos que relevante no desfecho.
fizeram uso de placebo ou de nenhum tratamen- u A metanálise apresentada, portanto, concluiu
to. O gráfico acima representa o Hazard-ratio de que o corticoide reduz mortalidade no agravo
cada estudo (análise estatística utilizada), de- avaliado, devendo ser utilizado.
monstrando intervalos de confiança.
u A linha vertical traçada à direita representa o Ha- 4.3. INTERVALO DE CONFIANÇA
zard-ratio = 1. Lembra-se que, quando apresenta-
mos o risco relativo, falamos que um risco relativo
u Quando realizamos um estudo científico, chega-
= 1 significava não haver associação entre o fator
mos a uma determinada conclusão. É possível
e o desfecho? Pois bem, os pequenos quadrados
que essa conclusão represente o que acontece
que vemos são os resultados dos estudos indi-
no mundo real, mas é possível, também, que es-
vidualmente. Quando o quadrado está em cima
teja equivocada.
da linha vertical, isso quer dizer que não houve
associação entre o fator estudado e o desfecho u Quando jogamos uma moeda para cima apenas
avaliado naquele estudo. 10 vezes, é possível que a discrepância entre cara
e coroa seja bastante grande. Se jogamos 1000
u A linha horizontal que passa pelo quadrado de
vezes, entretanto, começaremos a ver um equilí-
cada estudo é o intervalo de confiança. Para a
brio maior. Esse conceito de repetição da análise
gente considerar que um estudo realmente teve
se aplica aos estudos epidemiológicos. Quando
êxito em demonstrar uma associação estatisti-
fazemos um estudo epidemiológico apenas uma
camente relevante entre fator e desfecho, o in-
vez, ele nos dá um determinado resultado. Se re-
tervalo de confiança não pode conter o número
petirmos esse estudo 100 vezes, ele dará vários
1 nele, ou seja, a linha horizontal não pode cruzar
resultados distintos. A principal informação que
a linha vertical.
queremos ter é a seguinte: ao repetirmos o es-
u Resultados dessa análise: observe que nos es- tudo 100 vezes, continuamos tendo conclusões
tudos “Auckland 1972”, “Amsterdam 1980”, “Pa- semelhantes? Se em um momento observarmos
pageorgiou 1979” e “Doran 1980” o intervalo de que o fator aumenta o risco do desfecho em 5
confiança não cruza a linha vertical. Esses estu- vezes, e em outro momento vemos que aumen-
dos, portanto, demonstraram associação entre o ta apenas 3 vezes, ao menos percebemos que
uso do corticoide e a mortalidade. Como todos nas duas oportunidades o fator é considerado
eles contêm valores abaixo de 1, eles concluíram de risco. O grande problema está quando um
que o corticoide é fator protetor de mortalidade mesmo fator é considerado como risco em uma
na situação estudada. repetição, e como proteção em outra.
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Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2
49
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística
50
Capítulo
TESTES DIAGNÓSTICOS
3
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
Doença
Teste Total
Presente Ausente
u Você precisa entender que, na vida real, não sa- pacientes, 40 serão doentes. É importante que
bemos quem é doente e quem não é. Na prova, você adquira a capacidade de entender, a partir
esses valores terão que ser “pescados” do enun- do enunciado, quantos pacientes são verdadeiro-
ciado. Por vezes, a questão só diz que a preva- -positivos, verdadeiro-negativos, falso-positivos
lência da doença na população é de 40%. Com e falso-negativos. Esses valores raramente serão
isso, você já é capaz de concluir que a cada 100 todos entregues pela questão. Será preciso ir
59
Testes diagnósticos Estatística
Tabela 2. Sensibilidade.
Doença
Teste Total
Presente Ausente
Fonte: O autor.
DICA
u Quando falamos em sensibilidade, olhamos ape- Sempre que falamos de sensibilidade, esta-
nas para os pacientes doentes. Quando o teste mos avaliando apenas a população doente.
acerta nesse grupo, temos os verdadeiro-positivos.
Quando o teste erra, temos os falso-negativos.
2.2. ESPECIFICIDADE
u Um teste muito sensível vai ter uma proporção
alta de verdadeiro-positivos e baixa de falso-ne-
gativos. Só isso. Os outros valores (falso-posi- u Definição: capacidade de detectar os verdadei-
tivo e verdadeiro-negativo) não fazem parte da ro-negativos entre os não doentes.
análise dos doentes. W Em outras palavras, especificidade é a propor-
u Exemplo: Um teste com 90% de sensibilidade ção de acertos entre os não doentes. Ou seja,
aplicado em 100 pacientes doentes vai resultar especificidade significa a probabilidade de um
em 90 verdadeiro-positivos e 10 falso-negativos. indivíduo não doente ter o teste negativo. Va-
mos olhar a tabela?
60
Testes diagnósticos Cap. 3
Tabela 3. Especificidade.
Doença
Teste Total
Presente Ausente
Fonte: O autor.
u Quando falamos em especificidade, olhamos vos, já que indiretamente conclui-se que o teste
apenas para os pacientes não doentes. Quan- é pouco específico.
do o teste acerta nesse grupo, temos os verda- u Essa noção não está completamente correta.
deiro-negativos. Quando o teste erra, temos os O doppler, por exemplo, tem sensibilidade de vir-
falso-positivos. tualmente 100% e especificidade de 98% para o
u Um teste muito específico vai ter uma proporção diagnóstico de TVP proximal. Essa alta sensibi-
alta de verdadeiro-negativos e baixa de falso-po- lidade resultará em muitos falso-positivos? Não.
sitivos. Só isso. Os outros valores (verdadeiro- A especificidade de 98% garante que apenas 2%
-positivo e falso-negativo) não fazem parte da dos pacientes não doentes tenham resultados
análise dos não doentes. falso-positivos. Como visto nas tabelas acima,
u Exemplo: Um teste com 90% de especificidade a sensibilidade só interfere nas proporções de
aplicado em 100 pacientes não doentes vai resultar verdadeiro-positivos e falso-negativos, enquan-
em 90 verdadeiro-negativos e 10 falso-positivos. to a especificidade só interfere nas proporções
de verdadeiro-negativos e falso-positivos. Tes-
tes diagnósticos podem ser ruins, com valores
DICA
Sempre que falamos de especificidade, es- baixos tanto de sensibilidade quanto de espe-
tamos avaliando apenas a população não doente. cificidade, ou muito bons, com sensibilidade e
especificidade elevadas.
61
Testes diagnósticos Estatística
Positivo A B A+B
Negativo C D C+D
4. VALORES PREDITIVOS
Total A+C B+D A+B+C+D
Fonte: O autor.
4.1. VALOR PREDITIVO POSITIVO (VPP)
u Relembrando:
W A = Verdadeiro-positivo u Definição: Proporção de verdadeiro-positivos
entre os positivos.
W B = Falso-positivo
W Em outras palavras, Valor Preditivo Positivo é a
W C = Falso-negativo
proporção de acertos entre todos os resultados
W D = Verdadeiro-negativo
positivos. Ou seja, VPP significa a probabilida-
W A+C = Doentes de de um teste positivo realmente pertencer
a um indivíduo doente. Vamos olhar a tabela?
62
Testes diagnósticos Cap. 3
Doença
Teste Total
Presente Ausente
u Quando falamos em valor preditivo positivo, olha- 4.2. VALOR PREDITIVO NEGATIVO (VPN)
mos apenas para os nossos resultados positivos.
Quando o teste acerta nesse grupo, temos os u Definição: Proporção de verdadeiro-negativos
verdadeiro-positivos. Quando o teste erra, temos entre os negativos.
os falso-positivos. W Em outras palavras, Valor Preditivo Negativo
u Um teste com alto VPP vai ter uma proporção alta é a proporção de acertos entre todos os re-
de verdadeiro-positivos e baixa de falso-positivos. sultados negativos. Ou seja, VPN significa a
probabilidade de um teste negativo realmente
DICA pertencer a um indivíduo não doente. Vamos
Sempre que falamos de valor preditivo po-
olhar a tabela?
sitivo, estamos avaliando apenas os resultados
positivos.
u VPP = A / A+B
Doença
Teste Total
Presente Ausente
DICA
u Quando falamos em valor preditivo negativo, Sempre que falamos de valor preditivo ne-
olhamos apenas para os nossos resultados gativo, estamos avaliando apenas os resultados
negativos. Quando o teste acerta nesse grupo, negativos.
temos os verdadeiro-negativos. Quando o teste
erra, temos os falso-negativos. u VPN = D / C+D
u Um teste com alto VPN vai ter uma proporção
alta de verdadeiro-negativos e baixa de falso-
-negativos.
63
Testes diagnósticos Estatística
DICA
Monte uma tabela 2x2 em um papel ofício e
invente os valores de Sensibilidade, Especificida-
de e Prevalência com que vai preencher a tabela.
Depois da tabela preenchida, altere a sensibilidade
e veja o que acontece com os valores preditivos.
Faça o mesmo com a especificidade. Por fim, au-
mente e reduza a prevalência. Esse exercício é
importante para que você visualize os conceitos
que apresentamos.
64
HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS Capítulo
E OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO 4
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
Fonte: O autor.
73
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia
DICA
1.2. PERÍODO PATOGÊNICO
Todo o modelo que apresentaremos de perío-
dos pré-patogênico e patogênico e de prevenções
primária, secundária e terciária foi proposto por
u No período patogênico a doença já existe. Po-
Leavell e Clark. Quando as questões trouxerem os demos dividir esse período em 2 grandes fases:
nomes desses dois pesquisadores não se assuste, W 1. Adoecimento:
é exatamente o modelo que você está prestes a V Doença subclínica: já há doença, mas sinais
conhecer. e sintomas ainda não são perceptíveis. Por
exemplo: o agente etiológico já infectou o
paciente, mas ainda não produziu sintomas.
1.1. PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO
V Doença manifesta: há sintomatologia.
W 2. Desfecho:
u Ainda não há doença. Há, entretanto, determinan-
tes que potencializam o surgimento da doença. V Recuperação: o paciente se recupera dos
Fatores de risco, de diversas naturezas, que tor- sintomas e da doença sem sequelas.
nam o indivíduo mais suscetível ao adoecimento, V Imunidade: no que diz respeito às doenças
e de proteção, que o tornam menos suscetível. infecciosas, o paciente pode adquirir imu-
W Fatores relativos ao agente. nidade ao agente etiológico.
W Fatores relativos ao hospedeiro. V Incapacidade: a doença não leva o pacien-
te a óbito, mas deixa algum tipo de sequela
W Fatores relativos ao meio.
importante.
u O agente mórbido existe e está em interação
V Morte: paciente não se recupera e evolui
com o meio ambiente e com o indivíduo. O meio
a óbito.
permite ao indivíduo que ele adoeça. O indivíduo
apresenta fatores próprios que permitem seu W Podemos considerar a doença subclínica como
adoecimento. Há um contrabalanço com fato- um período pré-clínico, a doença manifesta
res de proteção. A chance de a doença ocorrer como um período clínico (patologia precoce
é definida pela existência de fatores de risco e ou doença avançada) e as outras como pos-
proteção em processo dinâmico. A observância sibilidades de desfecho.
desses fatores de risco e de proteção configura
o período pré-patogênico. Para prevenir o sur- DICA
Podemos associar esses marcos do período
gimento da doença, deve-se atuar promovendo patogênico a níveis de prevenção. Quando atuamos
saúde, através de hábitos de vida mais saudáveis, na doença subclínica, buscando o diagnóstico pre-
por exemplo, e realizando algum tipo de proteção coce antes que a doença se manifeste em estágios
específica, como vacinação. avançados, estamos falando de prevenção secun-
dária. Quando atuamos no desfecho, buscando,
DICA principalmente, a prevenção de incapacidade ou a
Ações de prevenção no período pré-patogêni-
reabilitação do paciente, estamos exercendo ações
co são consideradas ações de prevenção primária.
de prevenção terciária.
Promoção de saúde e proteção específica são as
principais formas de prevenção possíveis nesse
período.
74
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4
Figura 2. Esquema com o modelo teórico de História Natural da Doença e Níveis de Prevenção.
75
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia
DICA
W Obstinação terapêutica: praticar distanásia,
O exemplo mais comum de prevenção se-
encaminhar pacientes em cuidados paliativos
cundária na prova é o rastreamento.
para UTI, insistir em tratamentos de doenças
intratáveis.
2.3. PREVENÇÃO TERCIÁRIA
u Exemplos: cuidados paliativos, ortotanásia, revi-
sar medicamentos em uso pelo paciente, evitar
intervenções desnecessárias, evitar supermedi-
u Doença e prejuízos já estabelecidos.
calização, evitar polifarmácia, coordenação do
u Objetivo: fazer com que limitações impostas pela cuidado, abordagem centrada na pessoa.
doença prejudiquem minimamente a qualidade
de vida do paciente.
DICA
u Atua na reabilitação e/ou reintegração do paciente. O exemplo mais comum de prevenção qua-
ternária na prova é cuidado paliativo.
u Exemplos: fisioterapia pós-AVC, betabloqueador
pós-IAM, controle glicêmico no paciente com
Diabetes mellitus, colocação de prótese após
amputação, apoio de caráter psicoemocional
após traumas, apoio de caráter social, readap- REFERÊNCIAS
tação ao trabalho.
76
Capítulo
ENDEMIA E EPIDEMIA
5
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
1.5. IMUNOGENICIDADE OU
u É a capacidade de um agente biológico causar
PODER IMUNOGÊNICO
doença em um hospedeiro suscetível.
85
Endemia e epidemia Epidemiologia
u É a resistência usualmente associada à presen- u Intervalo de tempo que transcorre desde que
ça de anticorpos (imunidade humoral), que têm se produz a infecção até que a pessoa se torne
o efeito de inibir microrganismos específicos ou infecciosa.
suas toxinas responsáveis por doenças infeccio-
sas particulares. 1.10. PERÍODO DE INCUBAÇÃO
86
Endemia e epidemia Cap. 5
Fonte: Bortman.1
87
Endemia e epidemia Epidemiologia
DICA
u Eliminação: redução da incidência a zero em de-
A principal via de transmissão da covid-19
terminada localidade, geralmente país ou conti-
é respiratória, o que caracteriza uma transmissão
nente. A doença continua existindo em outro lo-
direta mediata.
cal. Por isso, medidas de controle são mantidas.
u Erradicação: redução da incidência a zero em
todos os continentes. A manutenção dessa inci-
4. VETORES dência zero independe, portanto, da continuidade
da aplicação das medidas de prevenção.
88
Endemia e epidemia Cap. 5
u A faixa vermelha mais clara (segunda de baixo para na zona de alerta. Ou seja, se a doença, naquele
cima) mostra a variação normal de uma doença ano, cursar com um comportamento dentro da
ao longo das semanas do ano. Essa zona está faixa de variação esperada, ela está apresentan-
descrita como zona de segurança. Claramente, do um comportamento endêmico.
há menos casos da doença entre as semanas u Por outro lado, para termos comportamento epi-
19 e 49. A doença apresenta sazonalidade, mas dêmico, a doença precisa apresentar um número
essa sazonalidade já é esperada, visto que re- de casos maior do que 1,96 desvios-padrão do
flete seu comportamento habitual. Se a doença seu comportamento endêmico (geralmente ar-
apresentar valores abaixo do esperado, ela entra redondamos para 2 desvios-padrão), como de-
na zona de controle. Se apresentar acima, entra monstrado na figura a seguir:
Fonte: Waldman.2
u Os gráficos utilizados para definir o nível endê- comportamento endêmico, temos uma epide-
mico e o limiar epidêmico são chamados de Dia- mia. Esse valor é chamado de limiar epidêmico.
gramas de Controle. u Como calculamos o nível endêmico esperado
para a doença naquele ano? Simplesmente faze-
6.2. EPIDEMIA mos uma média da incidência daquela doença
nos últimos 10 anos (podemos dividir por sema-
u Definição: Elevação progressivamente crescente, na epidemiológica, mês, trimestre etc.). Excluí-
inesperada e descontrolada dos coeficientes de mos dessa conta, entretanto, os anos em que a
incidência de determinado agravo. doença apresentou comportamento epidêmico.
Após essa média, consideramos como compor-
u Como visto, existe uma forma gráfica e mate-
tamento endêmico se o número de casos estiver
mática de entender o que é uma epidemia. Se o
dentro da faixa de 1,96 desvios-padrão para cima
número de casos da doença cruzar aquele valor
ou para baixo, e comportamento epidêmico se
limítrofe de 1,96 desvios-padrão acima do seu
tiver cruzado o limiar epidêmico.
89
Endemia e epidemia Epidemiologia
6.2.1. Características de uma epidemia u Egressão: todo o intervalo que envolve a elevação
(progressão), a incidência máxima e a redução
u Progressão: período que corresponde à fase ini- de casos (regressão). Ou seja, a egressão se ca-
cial do processo de elevação do número de casos racteriza a partir do momento em que o número
até a incidência máxima. de casos cruzou o limiar epidêmico até o retorno
u Regressão: última fase na evolução de uma epi- ao comportamento endêmico.
demia, representando redução do número de u Esses conceitos podem ser visualizados na Cur-
casos após a incidência máxima. va Epidêmica, demonstrada a seguir:
u Incidência máxima: o famoso “pico” da epidemia.
Corresponde ao momento com maior número de
casos novos da doença por intervalo de tempo.
Fonte: Gonçalves.3
90
Endemia e epidemia Cap. 5
6.3. PANDEMIA
DICA
Epidemia não significa mais casos do que
endemia. Podemos ter a dengue com milhares de
casos apresentando comportamento endêmico
e a raiva humana com centenas apresentando
comportamento epidêmico. Lembre-se sempre
dos conceitos. Em nenhum momento falamos em
quantidade absoluta de casos sendo determinante.
REFERÊNCIAS
91
HISTÓRIA DO SUS E LEIS Capítulo
ORGÂNICAS DA SAÚDE 6
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u A saúde no Brasil, antes do SUS, era centralizada, privatista, curativista, hospitalocêntrica e excludente.
u A Reforma Sanitária e a VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986 nortearam os princípios que incor-
porariam o SUS.
u Os princípios doutrinários do SUS são Universalidade, Integralidade e Equidade.
u A Lei n. 8080 dispõe sobre o funcionamento do SUS e as competências das diferentes esferas (federal,
estaduais e municipais).
u A Lei n. 8142 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e a transferência de recursos.
u Condições de saúde:
u As provas cobram pouco, de forma direta, pontos
do apanhado histórico que faremos neste capítulo,
W Mortes por doenças infecciosas.
mas o conhecimento sobre a história da saúde V Febre amarela, Tuberculose, Varíola, Peste,
no Brasil ajuda no entendimento da legislação Cólera, Malária.
do SUS, seus princípios, seu funcionamento etc. W Pouco saneamento básico.
Esses pontos, por sua vez, são cobrados com W Aglomerações urbanas.
certa frequência nas provas.
W Crescimento da indústria.
u A indústria ganhava força e começamos a ter
1.1. DESCOBRIMENTO AO IMPÉRIO
aglomerações em centros urbanos. As demandas
da população, portanto, passaram a ser outras.
u Como eram as condições de saúde da época? Surgiram as primeiras greves e reivindicações
W Falta de saneamento básico. acerca de legislações trabalhistas e previden-
W Mortes por doenças infecciosas. ciárias. Assim surgiram as Caixas de Aposen-
tadorias e Pensões.
u Como era a assistência à saúde?
W Curandeirismo. 1.2.1. Caixas de Aposentadorias
W Medicina liberal. e Pensões (CAPS)
W Medicamentos importados.
u O trabalhador recebia seu salário, separava uma
parte e “depositava” nessas caixas. Esse valor
DICA
O que é medicina liberal? seria utilizado para cuidados médicos, funerários
Quem tem dinheiro paga um atendimento médico. e para pagamento de aposentadorias dos traba-
lhadores contribuintes daquela empresa. Ou seja,
99
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva
a assistência ainda era liberal e excludente, visto 1.4.1. Instituto Nacional de Previdência Social
que só alguns tinham acesso às caixas. Pode-
mos dizer que as CAPS representam o início da u Criado a partir da reforma previdenciária. Apenas
Previdência Social no Brasil. os trabalhadores formais contemplados pelos
antigos IAPS tinham acesso à assistência forne-
W Implementadas pela Lei Eloy Chaves.
cida pelo INPS. Outros trabalhadores precisariam
W Custeavam serviços funerários, urgências e contribuir por fora com um valor superior àquele
medicamentos. cobrado comumente.
W Forneciam assistência para acidentes de tra- u Sobre o INPS:
balho.
W Ainda excludente.
u Além das CAPS e da medicina liberal, as Santas
W Rede de assistência insuficiente.
Casas forneciam alguma assistência aos mais
necessitados, porém em uma abrangência muito W Financiava o setor privado.
menor do que o SUS oferece hoje. W Fornecia verba pública para expansão do se-
u E o Estado? Basicamente se preocupava com tor privado.
algumas medidas de saneamento e vacinação. W Comprava serviços do mesmo setor privado.
W Recursos eram usados para outros fins, como
1.3. ERA VARGAS a ponte Rio-Niterói.
W Descobertas fraudes no uso do dinheiro.
u Marcada por maior centralização política. As u O dinheiro estava sendo mal investido, o que fez
CAPS viraram os Institutos de Aposentadorias com o que INPS ficasse sem verba. Surgiu en-
e Pensões (IAPS). tão o Instituto Nacional da Assistência Médica
e Previdência Social (INAMPS).
1.3.1. Institutos de Aposentadorias
e Pensões (IAPS) 1.4.2. Instituto Nacional da Assistência
Médica e Previdência Social (INAMPS)
u Agora tínhamos grandes caixas de categorias in-
teiras de trabalhadores. Tornaram-se autarquias u Pouca coisa mudou. “Pacotes” de serviços eram
federais controladas pelo Estado, mas se tratava, contratados do setor privado, que continuava
ainda, do mesmo tipo de assistência. sendo financiado pelo poder público. Fraudes
u CAPS se “aglomeraram” em IAPS. continuaram e o modelo não se sustentou.
u Representavam categorias de trabalhadores (ban- u Por fim, como era o modelo assistencial nesse
cários e comerciários, por exemplo). momento?
u Autarquias federais. W Excludente.
u E a Saúde Pública? W Privatista.
W Combate a doenças transmissíveis. W Hospitalocêntrico.
W Medicina excludente. W Curativista.
W Criação do Ministério da Saúde em 1953 W Centralizado.
u Os IAPS se “unificaram”, tornando-se o Instituto u Movimento ocorrido na década de 1970 que en-
Nacional de Previdência Social (INPS). volveu, além de profissionais da área de saúde,
ampla participação popular. Inicialmente, a mu-
dança no modelo assistencial era o foco. Algumas
das principais mudanças foram as seguintes:
100
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6
W Excludente Universal.
2. AS LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE
W Privatista Participação social.
W Curativista Preventiva.
W Centralizado Descentralização. 2.1. LEI N. 8080/1990
101
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva
102
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6
DICA
Os estados, basicamente, AUXILIAM E COOR- 2.2.2. Os Conselhos de Saúde
DENAM.
u Representação de vários segmentos.
2.1.3.4. Municípios
u 50% de usuários do sistema de saúde.
u Reuniões mensais.
u Gerir e executar os serviços públicos de saúde. u Formulação de estratégias.
u Controlar e fiscalizar o serviço privado. u Controle da execução das políticas de saúde.
u Temos conselhos em âmbito local, municipal,
DICA
Os municípios PARTICIPAM E EXECUTAM. estadual e nacional.
103
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva
3. SISTEMA DE SAÚDE
DICA
SUPLEMENTAR Contratos e convênios com entidades com
fins lucrativos não são proibidos, mas devem ser
feitos após a realização desses com entidades
u O setor de saúde suplementar é composto por filantrópicas e sem fins lucrativos.
operadoras de planos privados de assistência à
saúde, por uma rede de prestadores de serviços
(hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios) e 3.2. MARCOS REGULATÓRIOS
pelos beneficiários de planos de saúde.
u Lei n. 9.656/1998
DICA
O setor de saúde suplementar não é desvin- W Na década de 1990, o setor suplementar cres-
culado do Sistema Único de Saúde, visto que atua ceu desordenadamente. Isso levou à aprova-
de forma complementar. ção da Lei n. 9.656/1998, que dispõe sobre a
regulamentação dos planos e seguros privados
de assistência à saúde.
3.1. LEI N. 8080 – EM RELAÇÃO
AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE
u Lei n. 9.961/2000
ASSISTÊNCIA À SAÚDE W Criação da Agência Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS), autarquia vinculada ao Ministé-
3.1.1. Do funcionamento rio da Saúde que defende o interesse público
na assistência à saúde suplementar.
u Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa W Algumas das competências da ANS são:
privada.
V Definição e regulamentação da conceitua-
u Art. 22. Na prestação de serviços privados de ção de doenças e lesões preexistentes, para
assistência à saúde, serão observados os prin- fins de planos e seguros de saúde.
cípios éticos e as normas expedidas pelo órgão
V Definição de rol de procedimentos de co-
de direção do Sistema Único de Saúde (SUS)
bertura mínima obrigatória.
quanto às condições para seu funcionamento.
104
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6
REFERÊNCIAS
105
FINANCIAMENTO E Capítulo
FUNCIONAMENTO DO SUS 7
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u Bloco de custeio tem como finalidade manutenção dos serviços e ações já vigentes.
u Bloco de investimentos tem como finalidade aquisição de equipamentos e realização de obras.
u A lei complementar 141 (Antes chamada Emenda Constitucional 29) estabeleceu que os gastos da União
com saúde seriam iguais aos do ano anterior acrescidos da variação do PIB.
u A NOB 91 forneceu instruções para o retorno temporário a uma gestão centralizada na esfera federal.
u A NOB 93 regulou o processo de descentralização e regulamentou as comissões intergestores.
u A NOB 96 instituiu o piso da atenção básica e os modelos de gestão municipal da atenção básica.
113
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva
W Funcionamento dos órgãos e estabelecimen- W Assistência à saúde que não seja universal.
tos onde tais serviços ocorrem. W Saneamento básico.
W É vedado usar recursos desse bloco para: W Limpeza urbana.
V Servidores. W Obras de infraestrutura.
V Gratificações. W Ações de assistência social.
V Assessorias ou consultorias. W Preservação do meio ambiente.
V Obras.
u Bloco de investimentos. DICA
No caso da Emenda Constitucional 29 e da Lei
W Aquisição de equipamentos. 141, é importante lembrar seus números. Algumas
W Obras. provas cobram diretamente “Segundo a EC 29” ou
“Segundo a Lei Complementar 141”.
W É vedado usar os recursos desse bloco para:
V Órgãos e unidades voltados para atividades
administrativas. 1.6. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 95/2016
1.4. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 29/2000 u Estabeleceu que o repasse da União siga a se-
guinte fórmula:
u A Emenda Constitucional n. 29 estabeleceu o W Valor investido no ano anterior + valor do IPCA
seguinte: (inflação).
W Percentuais mínimos para cada esfera de go-
verno no que diz respeito à alocação de recur- DICA
No momento, é a EC n. 95 que está em vigor,
sos para a saúde.
não a lei complementar 141. Mesmo assim, a lei
W O valor de responsabilidade da União iria au- complementar 141 continua sendo cobrada em
mentar junto com a variação do PIB. provas.
W O valor de responsabilidade dos Estados e
Municípios iria variar conforme uma tabela
preestabelecida. 1.7. O FINANCIAMENTO NA
ATENÇÃO BÁSICA
u Os percentuais estabelecidos pela Emenda 29 u Valor baseado per capita (valor fixo para cada
nunca foram efetivamente postos em prática. A Lei pessoa do município).
n. 141 veio para, finalmente, iniciar esse modelo. u Outras variáveis sociais (esse valor vai depender
u O que a lei estabelecia: de condicionantes sociais do município).
W União teria de investir em saúde o mesmo do
ano anterior + variação do PIB. 1.7.2. Piso da Atenção Básica
Variável (PAB variável)
W Estados aumentam sua proporção de gastos
com saúde por 5 anos até atingirem 12%. u Valor destinado para estratégias específicas.
W Municípios aumentam sua proporção de gas-
tos com saúde por 5 anos até 15%. 1.7.3. Piso da Atenção Básica
u Essa lei também estabeleceu que deixam de ser ampliado (PAB ampliado)
considerados despesas com a saúde os seguintes: u Procedimentos mais específicos.
W Pagamento de aposentadorias e pensões. u Não existe mais.
114
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7
DICA
2.2. NORMA OPERACIONAL
Importante lembrar que o PAB fixo depende BÁSICA N. 93 (NOB 93)
da quantidade de pessoas no município e que o PAB
variável é destinado para estratégias específicas
(combate à violência contra a mulher, saúde bucal,
u A municipalização é efetivada a partir da NOB
saúde do idoso etc.). 93, que:
W Regula o processo de descentralização.
W Regulamenta a criação da Comissão Inter-
1.7.4. Previne Brasil
gestores Tripartite.
u Em 12 de novembro de 2019, a portaria n. 2.979 V A Comissão Intergestores Tripartite é com-
do Ministério da Saúde instituiu o programa Pre- posta pelo Ministério da Saúde, CONASS
vine Brasil, que estabelece um novo modelo de (Conselho Nacional de Secretários de Saú-
financiamento de custeio da Atenção Primária à de) e CONASEMS (Conselho Nacional de
Saúde. Essas informações serão apresentadas Secretarias Municipais de Saúde).
no capítulo “Atenção Primária”. W Regulamenta a criação da Comissão Inter-
gestores Bipartite.
V As Comissões Intergestores Bipartite são
2. FUNCIONAMENTO DO SUS compostas pela Secretaria Estadual de
Saúde e Secretarias Municipais de Saúde.
u Nessa sessão iremos focar em alguns marcos
legais que fizeram com que o SUS funcionasse DICA
As Comissões Intergestores são espaços
da forma que ele funciona hoje. Começaremos intergovernamentais, políticos e técnicos em que
pelas Normas Operacionais, que são leis criadas ocorrem o planejamento, a negociação e a im-
após as Leis Orgânicas da Saúde para ajudar a plementação de políticas de saúde pública. As
acertar e adequar o funcionamento do SUS frente decisões se dão por consenso. Visam assegurar a
às dificuldades e incertezas desse sistema que gestão compartilhada entre as esferas de governo
era recém-criado. para evitar duplicidade ou omissão na execução de
ações. A comissão tripartite é do âmbito federal,
incluindo estados e municípios. A comissão bipartite
2.1. NORMA OPERACIONAL é do âmbito estadual, incluindo municípios.
BÁSICA N. 91 (NOB 91)
115
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva
116
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7
117
PROGRAMAS E POLÍTICAS Capítulo
DE SAÚDE 8
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
1.1. INTRODUÇÃO
1.2. PRINCÍPIOS
123
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva
124
Programas e políticas de saúde Cap. 8
u A Política Nacional de Promoção de Saúde foi aos seus determinantes e condicionantes – mo-
implementada em 2006 através da Portaria n. dos de viver, condições de trabalho, habitação,
687, de 30 de Março de 2006, influenciada pelo ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a
Pacto pela Saúde firmado no mesmo ano. bens e serviços essenciais.
u A PNPS foi redefinida em 2014, pela Portaria n. u Diretrizes
2.446, de 11 de Novembro de 2014. W Estimular as ações intersetoriais, buscando
parcerias que propiciem o desenvolvimento
2.2. PORTARIA N. 687, DE 30 integral das ações de Promoção da Saúde.
DE MARÇO DE 2006 W Promover mudanças na cultura organizacio-
nal, com vistas à adoção de práticas horizon-
u Antes do texto específico acerca dos objetivos, tais de gestão e estabelecimento de redes de
diretrizes e atribuições de cada esfera do gover- cooperação intersetoriais.
no na implementação da política, há uma apre-
sentação do tema que traz pontos importantes, 2.3. PORTARIA N. 2.366, DE 11 DE
tais como: NOVEMBRO DE 2014
W Reafirmação das prioridades do Pacto em
Defesa da Vida: fortalecimento e qualificação u Essa portaria redefiniu a Política Nacional de Pro-
estratégica da Saúde da Família; A Promoção, moção da Saúde. Traremos alguns dos artigos
Informação e Educação em Saúde com ênfase mais importantes dessa portaria para as provas.
na Promoção de atividade física, na Promoção u Art. 4º A PNPS adota como princípios:
de hábitos saudáveis de alimentação e vida,
controle do tabagismo; controle do uso abu-
W Equidade.
sivo de bebida alcoólica; cuidados especiais W Participação Social.
voltados ao processo de envelhecimento. W Autonomia.
W Enfoque nos aspectos que determinam pro- W Empoderamento.
cesso saúde-adoecimento, como: violência, W Intersetorialidade, que se refere ao processo
desemprego, subemprego, falta de saneamen- de articulação de saberes, potencialidades e
to básico, habitação inadequada e/ou ausen- experiências de sujeitos, grupos e setores na
te, dificuldade de acesso à educação, fome, construção de intervenções compartilhadas,
urbanização desordenada, qualidade do ar e estabelecendo vínculos, corresponsabilidade
da água ameaçada, deteriorada; e potenciali- e cogestão para objetivos comuns;
zar formas mais amplas de intervir em saúde.
W Intrassetorialidade, que diz respeito ao exercício
permanente da desfragmentação das ações
DICA
Um conceito citado algumas vezes ao lon- e serviços ofertados por um setor, visando à
go desse documento é o da intersetorialidade. construção e articulação de redes cooperati-
Compreende-se a intersetorialidade como uma vas e resolutivas;
articulação das possibilidades dos distintos se- W Sustentabilidade.
tores de pensar a questão complexa da saúde, de
corresponsabilizar-se pela garantia da saúde como
W Integralidade.
direito humano e de cidadania e de mobilizar-se na W Territorialidade.
formulação de intervenções que a propiciem. u Art. 6º A PNPS tem por objetivo geral promover
a equidade e a melhoria das condições e modos
u Objetivo de viver, ampliando a potencialidade da saúde
individual e da saúde coletiva, reduzindo vulne-
W Geral: Promover a qualidade de vida e reduzir
rabilidades e riscos à saúde decorrentes dos
vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados
125
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva
126
Programas e políticas de saúde Cap. 8
• 01 médico psiquiatra
• Supervisionar e capacitar
• 01 enfermeiro com forma-
equipes da atenção básica • Igual ao CAPS I
70.000 – ção em saúde mental
CAPS II 200.000 • Funcionar de 08:00 às 18:00, • Atendimento de 30 pacien-
• 04 profissionais de nível
habitantes durante 5 dias, podendo tes por turno (máximo de
superior*
comportar um 3º turno até 45 pacientes/dia)
21:00 • 06 profissionais de nível
médio
• Todas as atribuições do
CAPS I
• Acolhimento noturno, nos • 02 médicos psiquiatras
• Supervisionar e capacitar feriados e finais de sema- • 01 enfermeiro com forma-
equipes da atenção básica na, com no máximo 5 leitos ção em saúde mental
• Constituir-se em serviço am- para eventual repouso e/ou
observação. • 05 profissionais de nível
Acima de bulatorial de atenção contí-
superior*
CAPS III 200.000 nua, durante 24 horas, todos • A permanência de um mes-
habitantes os dias. mo paciente no acolhimen- • 08 profissionais de nível
to noturno fica limitado a 7 médio**
• Estar referenciado a um ser-
viço de atendimento de ur- dias corridos ou 10 dias in- • Há composições distintas
gência/emergência tercalados em um período de equipe para acolhimen-
de 30 dias. to noturno.
• 40 pacientes por turno. Má-
ximo de 60 pacientes/dia
127
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva
* Psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico.
** Técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.
Fonte: Adaptado da Portaria n. 336/2002.
128
Programas e políticas de saúde Cap. 8
129
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva
130
Capítulo
ATENÇÃO PRIMÁRIA
9
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
139
Atenção primária Saúde coletiva
DICA
u Coordenação do cuidado
Não confundir níveis de atenção com níveis
de prevenção. A prevenção primária não é exclusiva
W Os profissionais da APS são responsáveis pela
da atenção primária. Podemos ter prevenção pri- coordenação do cuidado do paciente em toda
mária (ex: vacinas), secundária (ex: rastreamentos), Rede de Atenção à Saúde. Diz respeito à con-
terciária (ex: reabilitação social) e quaternária (ex: tinuidade de informações dentro do sistema,
revisão de medicamentos em uso) sendo pratica- muitas vezes evidenciada pelos relatórios de
das na atenção primária. Não ache que existe uma Referência e Contrarreferência.
associação entre o nível de atenção e o nível de u Integralidade
prevenção. W Assim como o princípio do SUS, a integralida-
de diz respeito ao cuidado mais abrangente
do indivíduo, a partir da ampla oferta de ser-
1.2. DENSIDADE X COMPLEXIDADE
viços multiprofissionais e da observância de
determinantes e condicionantes de saúde em
u Densidade tecnológica se refere ao nível de todos os aspectos biopsicossociais.
tecnologia dos equipamentos utilizados. Obvia-
u Longitudinalidade
mente, usamos ferramentas de tecnologia mais
avançada dentro de um hospital (máquinas de W A APS deve fornecer aos pacientes fontes re-
tomografia ou ressonância magnética) do que gulares de atenção, que não necessariamente
na atenção básica. precisam ser ofertadas pelo mesmo profissional.
u Complexidade significa conhecimento necessá-
rio. O profissional que atua na atenção primária 2.2. DERIVADOS
precisa de um conhecimento muito abrangente.
Não podemos afirmar, portanto, que é um nível u Foco na família
de atenção de baixa complexidade. W Compreensão de que o foco da atenção não
se dá, exclusivamente, no indivíduo, mas em
DICA
A atenção básica tem alta complexidade e toda a família, tanto para processos de adoe-
baixa densidade tecnológica. cimento quanto de cuidado.
u Orientação Comunitária
W Conhecimento de características da comunida-
de que tenham influência no processo saúde-
2. ATRIBUTOS DA ATENÇÃO -doença, dos recursos disponíveis na comuni-
PRIMÁRIA dade e de suas necessidades, a fim, inclusive,
de proceder com intervenções coletivas.
u Competência cultural
2.1. ESSENCIAIS W Reconhecimento das características culturais
de determinados grupos sociais ou comuni-
u Acesso dades e compreensão da influência dessas
W A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de características no processo saúde-doença.
entrada preferencial para o sistema, devendo
ser nesse nível de atenção o primeiro contato
do paciente com o SUS. 3. POLÍTICA NACIONAL DE
ATENÇÃO BÁSICA (PNAB)
DICA
A APS não é a porta de entrada exclusiva, já
que um paciente pode ter seu primeiro atendimen- u A Política Nacional de Atenção Básica revisou,
to numa unidade de urgência e emergência, por
através de sua última portaria em 2017, as dire-
exemplo.
140
Atenção primária Cap. 9
3.1.2. Diretrizes
u Ordenar as redes: reconhecer as necessidades
u Regionalização e Hierarquização: regiões dizem da população e atuar de forma que o planejamen-
respeito a recortes espaciais da rede de atenção, to das ações de saúde em toda a rede atente a
enquanto hierarquização lida com os diferentes essas necessidades.
níveis de atenção (primária, secundária e terciária). u Participação da comunidade: estimular a parti-
u Territorialização e Adscrição: considera-se territó- cipação dos usuários na organização da rede e
rio a unidade geográfica de ação descentralizada no planejamento das ações.
141
Atenção primária Saúde coletiva
DICA
u Equipe de Atenção Básica:
A PNAB reconhece a Estratégia de Saúde da
Família como prioritária para expansão e consoli-
W Composta no mínimo por médico, enfermeiro e
dação da Atenção Básica, mas reconhece outras técnico de enfermagem. Outros profissionais,
estratégias, desde que sigam os princípios e dire- inclusive ACS, podem fazer parte das equipes.
trizes acima descritos. W Carga horária mínima por categoria profissio-
nal é de 10 horas/semana, com no máximo de
3 (três) profissionais por categoria, devendo
3.2. INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA somar no mínimo 40 horas/semana.
E FUNCIONAMENTO DA
ATENÇÃO BÁSICA
DICA
As provas perguntam mais sobre as equipes
de Saúde da Família do que sobre as Equipes de
u Carga horária: Recomenda-se que as Unidades
Atenção Básica.
Básicas de Saúde (UBS) tenham seu funciona-
mento com carga horária mínima de 40 horas/
semana, 5 dias/semana e 12 meses/ano.
3.4. NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE
u População adscrita: 2.000 a 3.500 pessoas, tan- DA FAMÍLIA E ATENÇÃO
to para equipes de Atenção Básica quanto para BÁSICA (NASF-AB)
equipes de Saúde da Família.
u Número de equipes: 4 (quatro) equipes por unida- u Equipe multiprofissional complementar às equi-
de (de Atenção Básica ou de Saúde da Família). pes que atuam na Atenção Básica. Não se consti-
W Em um município com menos de 2000 habi- tuem como serviços com unidades físicas e não
tantes, só poderá haver uma equipe. são de livre acesso para atendimento individual
ou coletivo.
3.3. TIPOS DE EQUIPES
u Compete à Equipe do Nasf-AB:
W Participar do planejamento conjunto com as
u Equipe de Saúde da Família: equipes que atuam na Atenção Básica.
W Composta no mínimo por médico, enfermeiro, W Contribuir ao cuidado dos usuários por inter-
técnico de enfermagem e agente comunitário médio da ampliação da clínica, aumentando
de saúde (ACS). Outros profissionais podem a capacidade de análise e intervenção.
fazer parte das equipes. W Realizar discussão de casos, atendimento
W Número máximo de 750 pessoas por ACS. individual, compartilhado, interconsulta, edu-
cação, construção de projetos, intervenções
W Para Equipe de Saúde da Família há obrigato-
no território, ações de prevenção e promoção
riedade de carga horária de 40 horas/semana
de saúde etc.
para todos os profissionais de saúde. Assim,
cada profissional só pode estar vinculado a
uma unidade. DICA
O Nasf-AB não é porta de entrada da rede de
atenção à saúde, já que não oferece porta aberta
DICA para o usuário. Os profissionais desse núcleo au-
Pergunta manjada das provas: dentista e
xiliam as equipes que atuam na Atenção Básica
auxiliar de saúde bucal não fazem parte da equipe
oferecendo um modelo de assistência denominado
mínima. Lembre-se: médico, enfermeiro, técnico
apoio matricial, ou matriciamento.
de enfermagem e agente comunitário de saúde.
142
Atenção primária Cap. 9
143
Atenção primária Saúde coletiva
DICA
DICA
Cuidado: o NASF não “acabou”. O cadastra- Antes, o financiamento da Atenção Primária
mento de novas equipes foi suspenso e, nesse novo se baseava na população do município. Agora, a
modelo, há um enfraquecimento do componente base do cálculo é a população já adscrita e suas
multidisciplinar na atenção primária, mas o NASF características.
não está completamente extinto.
W Pagamentos por Desempenho:
V Ministério da Saúde realizará cálculo de
5.3. PROGRAMA SAÚDE NA HORA
indicadores de desempenho que estarão
atrelados ao repasse de recursos à Aten-
u Incentivo à expansão dos horários de funciona- ção Primária.
mento das unidades.
W Incentivo para Ações Estratégicas:
W 60 horas semanais, com 12 horas diárias inin-
V Programa Saúde na Hora.
terruptas de segunda a sexta ou 11 horas de
V Equipe de Consultório de Rua.
144
Atenção primária Cap. 9
DICA
Trouxemos apenas algumas das ações es-
tratégicas que podem receber financiamento.
REFERÊNCIAS
145
FERRAMENTAS DA Capítulo
ATENÇÃO PRIMÁRIA 10
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u O principal componente do Método Clínico Centrado na Pessoa diz respeito à experiência da pessoa frente
à sua doença.
u O genograma expressa graficamente a dinâmica familiar, enquanto o ecomapa inclui as relações com a
comunidade e com outros componentes externos à família.
u O método SOAP é composto por dados Subjetivos, Objetivos, Avaliação e Planos.
u Os pacientes devem participar ativamente da construção do Projeto Terapêutico Singular.
DICA
A nova versão do MCCP inclui apenas 4 com-
1.1. OS 6* COMPONENTES DO MÉTODO
ponentes, não estando mais presentes os núme-
CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
ros 4 (Incorporando a prevenção e a promoção de
saúde) e 6 (Sendo realista).
u Como garantir uma abordagem mais centrada
na pessoa? Há 6 recomendações (fontes mais
recentes consideram apenas 4 – ver DICA) u Há evidências que demonstram benefícios na
aplicação desse método, tais como:
W 1. Explorando a doença e a experiência da
pessoa com a doença. W Maior adesão ao tratamento.
V a) Avaliar dimensão da doença: sentimen- W Melhora da saúde mental.
tos, ideias, medos, expectativas. W Diminuição na utilização de outros serviços
W 2. Entendendo a pessoa como um todo. de saúde, como UPAs e hospitais.
V a) História de vida, aspectos pessoais. W Maior satisfação do paciente.
W Redução da ansiedade para com a doença.
153
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva
154
Ferramentas da atenção primária Cap. 10
2.2. ECOMAPA
u O Ecomapa engloba todos os símbolos do geno- u Há, portanto, representação gráfica de suas rela-
grama. O genograma como um todo pode estar ções com escola dos filhos, profissão, vizinhança,
incluído no ecomapa. O seu foco, entretanto, é religião, além da própria unidade de saúde. Qual-
demonstrar as relações e possíveis redes de apoio quer relação significativa da vida do paciente deve
do paciente, tanto dentro da família quanto fora. estar representada graficamente no ecomapa.
155
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva
u Há alguns outros símbolos utilizados no ecoma- W O = Objetivo: Dados objetivos adquiridos pelo
pa, tais como: examinador, como achados no exame físico
W ______ linhas contínuas = ligações forte, rela- ou resultados de exames complementares.
ções sólidas. W A = Avaliação: Avaliação realizada pelo profis-
W --------- – linhas tracejadas = ligações frágeis. sional sobre os problemas apresentados pelo
paciente, que pode ser compilada na forma de
W __//__ linhas com barras (ou em ziguezague)
uma lista de problemas.
= relações conflituosas.
W P = Planos: Condutas propostas.
W , ou = setas = indicam o fluxo de energia
e/ou de recursos. V Plano diagnóstico: investigação diagnósti-
ca necessária.
W Ausência de linhas = ausência de qualquer
tipo de relação. V Plano terapêutico: intervenções terapêuti-
cas propostas (medicamentos, orientações
específicas etc.).
DICA
Sempre que você for responder uma questão V Plano de seguimento: estratégias de segui-
de genograma e/ou ecomapa, tente interpretar
mento longitudinal.
todo o instrumento antes de responder à questão.
Durante a prova isso pode ser importante para não V Plano educacional: informações e orien-
errar nenhuma besteira, mas isso é ainda mais tações.
importante quando você estiver estudando para a
prova. Você corre o risco de não ver tantos desses
instrumentos na sua prática antes de realizar a 4. PROJETO TERAPÊUTICO
prova, então tire o máximo proveito de todos que SINGULAR (PTS)
você encontrar para estar se sentindo confiante.
156
Ferramentas da atenção primária Cap. 10
REFERÊNCIAS
157
Capítulo
DECLARAÇÃO DE ÓBITO
11
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
DICA
A causa básica do óbito é a utilizada nas 2. O PAPEL DO MÉDICO
estatísticas de mortalidade.
165
Declaração de óbito Saúde coletiva
u O que o médico deve fazer? u Criança que nasce viva e morre após o nascimento.
W Preencher os dados do indivíduo a partir de W Se a criança teve algum batimento cardíaco
um documento de identificação. ou incursão respiratória fora do útero da mãe,
W Revisar todos os campos antes de assinar. então ela esteve viva. Se esteve viva e morreu,
é óbito, e todo óbito merece uma D.O. Não im-
W Constatar o óbito examinando o corpo.
porta quanto tempo a criança viveu. Se nasceu
viva e morreu depois, a D.O. deve ser emitida.
DICA
Nunca devemos assinar uma Declaração de u Óbito fetal, se:
Óbito sem exame direto do corpo. Nunca. Podemos,
W > 20 semanas de gestação OU
até, não ter presenciado o óbito no exato momento
em que ocorreu, mas temos que examinar o corpo. W > 500 g OU
W > 25 cm
u O que o médico não deve fazer? W Basta uma dessas características.
W Assinar D.O. em branco.
Quadro 2. Quando emitir a declaração de óbito.
W Preencher D.O. sem exame direto do corpo.
Quando emitir a declaração de óbito
W Cobrar pela emissão da D.O.
TODOS os óbitos
DICA Quando a criança nascer viva e morrer
Se você não for o médico que tem a obrigação
logo após o nascimento.
de emitir a D.O. de determinado paciente, você pode
cobrar pela “consulta” realizada para o exame do Óbito fetal > 20 semanas OU feto > 500 g OU > 25 cm.
corpo, porém nunca cobrar pela emissão da D.O. Fonte: Ministério da Saúde.1
166
Declaração de óbito Cap. 11
u A parte mais importante no preenchimento cor- para tal, além das circunstâncias do acidente ou
reto da D.O. é a causa da morte. Para determi- da violência que produziram essas lesões. Pre-
narmos corretamente a causa do óbito, é impor- cisamos determinar desde a causa básica da
tante observar as doenças, estados mórbidos ou morte até a causa imediata, conforme a imagem
lesões que produziram a morte ou contribuíram abaixo (Figura 1):
167
Declaração de óbito Saúde coletiva
u Em teoria, devemos começar a preencher pela nia nosocomial, evoluindo com sepse e choque
causa básica da morte, mas vamos começar ex- séptico, vindo a óbito. A causa imediata é bem
plicando a partir da causa imediata. É o final da simples: choque séptico. Qual a causa básica?
linha da cascata de eventos que produziu o óbito. Nesse caso, queda de própria altura, ou seja, o
O choque séptico, a insuficiência respiratória, o paciente deve ser encaminhado para o IML. Se
edema agudo de pulmão, ou seja, aquela última a pneumonia é nosocomial, o paciente precisa
complicação que levou efetivamente ao óbito. estar internado para adquiri-la, então a causa
básica é aquela que o levou ao internamento, no
DICA caso o próprio mecanismo da lesão ou do trauma.
Parada cardiorrespiratória e falência múltipla
de órgãos não devem constar como causas ime-
diatas de óbito. O manual oficial de preenchimento DICA
Gestação e intervenções cirúrgicas não são
da D.O. traz esses dois exemplos como erros no causas de óbito, então não devem entrar na linha de
preenchimento, e as provas seguem a mesma linha. “produção” do óbito. A gestação, entretanto, deve
entrar na Parte II.
u A causa básica é aquela que iniciou a sequência
de eventos que levou ao óbito. u Na Parte II, devemos incluir outras condições
W Exemplo: paciente hipertenso cursa com infar- patológicas que possam ter contribuído para o
to agudo do miocárdio. Permanece internado óbito, sem necessariamente fazer parte da se-
por conta de insuficiência cardíaca, evoluindo quência de eventos que levou ao óbito.
com edema agudo de pulmão refratário e óbi- W Exemplo: um paciente diabético pode não se
to. Qual a causa básica? Tudo começou por recuperar tão bem de um quadro infeccioso
causa da hipertensão arterial. A causa básica, quanto um não diabético. Uma gestante que
portanto, é essa. vem a óbito por conta de uma complicação da
gestação deve ter a própria gestação como
DICA condição clínica que contribuiu ao óbito.
Na parte I do campo 49 da Declaração de
Óbito, há 4 linhas a serem preenchidas, mas não é u Observe que há duas colunas a serem preenchi-
obrigatório usar todas elas. das: “Tempo aproximado entre o início da doença
e a morte” e “CID”. Devemos preencher a primei-
ra. Caso você não saiba o tempo exato, pode es-
u IMPORTANTE: Um paciente sofreu uma queda
crever “Ignorado” no local. O CID, entretanto, não
de própria altura, sendo internado para correção
deve ser preenchido pelo médico.
de fratura em colo de fêmur. Adquiriu pneumo-
168
Declaração de óbito Cap. 11
6. ESCLARECENDO AS REFERÊNCIAS
DÚVIDAS MAIS COMUNS
1. Ministério da Saúde (BR). A declaração de óbito: docu-
Quadro 4. Dicas para situações mento necessário e importante. Ministério da Saúde,
especiais e dúvidas comuns! Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro de Clas-
sificação de Doenças. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde;
Condições Especiais da Declaração de Óbito 2009.
169
Capítulo
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
12
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u A Vigilância em Saúde tem alguns componentes, tais como: Vigilância Sanitária, Vigilância em Saúde
Ambiental, Vigilância Epidemiológica, Vigilância de Zoonoses e Saúde do Trabalhador.
u A Vigilância Sanitária é responsável pela produção e circulação de bens e pela prestação de serviços de
interesse da saúde.
u A principal fonte de informações da Vigilância Epidemiológica é a Ficha de Notificação Compulsória.
u As provas cobram, em sua maioria, as recomendações de rastreamentos oncológicos do Ministério da Saúde.
u O Ministério da Saúde não orienta o rastreamento para câncer de próstata.
177
Vigilância em saúde Epidemiologia
W Vigilância em saúde de populações expostas a u Objetivo: vigilância e controle das doenças trans-
contaminantes químicos (VIGIPEQ ou VIGIQUIM). missíveis, não transmissíveis e agravos, princi-
W Vigilância em saúde relacionada aos riscos palmente daqueles de notificação compulsória, e
decorrentes de desastres (VIGIDESASTRES). organização da rede de saúde para melhor atuar
sobre tais agravos.
W Vigilância em saúde ambiental relacionada
aos fatores físicos (VIGIFIS).
DICA
A Vigilância Epidemiológica é a mais abran-
DICA
Controle de agrotóxicos abrange a Vigilância gente das “divisões” da vigilância em saúde. Sua
em Saúde Ambiental, mas envolve Vigilância Sanitá- principal fonte de informação é a Ficha de No-
ria e Saúde do Trabalhador. Caso haja contaminação, tificação Compulsória, discutida no capítulo de
a Vigilância Epidemiológica também é envolvida. Notificação Compulsória.
Esse exemplo demonstra como essas diferentes
áreas de atuação da Vigilância em Saúde podem
atuar em conjunto.
2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
178
Vigilância em saúde Cap. 12
u 6. SIAB = Sistema de Informações da Atenção de 25 anos sem vida sexual iniciada não deve
Básica. iniciar o rastreamento. Uma mulher com vida
W a) Ficha A = Cadastro Familiar. sexual iniciada e menos de 25 anos também não.
W b) Ficha B = Diabetes, Hipertensão, Tubercu- u Periodicidade: A cada 3 anos, após 2 anuais
lose, Hanseníase e Gestantes. negativos.
W c) Ficha C = Controle de Vacinação da Criança. W Fazemos o primeiro exame aos 25 anos. Re-
petimos aos 26. Se os dois forem negativos,
W d) Ficha D = Registro de Atividades, Procedi-
só realizamos o rastreamento a cada 3 anos.
mentos e Notificações.
Essa periodicidade só irá mudar em caso de
u 7. SI-PNI = Sistema de Informações do Programa alguma lesão que precise ser investigada.
Nacional de Imunizações.
u Término: em condições normais, finalizamos o
u Pronto, agora você é capaz de responder prati- rastreamento aos 64 anos.
camente todas as perguntas sobre Sistemas de
Informações. As relações entre SIM e Declaração
3.3. MAMA
de Óbito, e SINAN e Ficha de Notificação Com-
pulsória são as mais cobradas.
u Exame: Mamografia.
u Início: 50 anos.
3. RASTREAMENTOS W Há critérios para início mais precoce.
u Periodicidade: A cada 2 anos.
u O que cai na sua prova, via de regra, é o que o Minis- W A depender do BIRADS, pode haver necessi-
tério orienta. Algumas provas estão começando a dade de reduzir esse intervalo.
incluir recomendações da US Preventive Task Force, u Final: em condições normais, finalizamos o ras-
mas ainda é algo muito menos cobrado do que as treamento aos 69 anos.
recomendações clássicas do Ministério da Saúde.
3.4. COLORRETAL
3.1. CRITÉRIOS PARA RASTREAMENTO
u Exame: Sangue oculto nas fezes.
u Para implantação de um programa de rastreamen- W Há recomendações divergentes que orientam,
to, os seguintes critérios devem ser preenchidos: também, a colonoscopia. A maioria das provas
W Magnitude: dimensão coletiva e epidemiológica orienta realizar colonoscopia apenas para con-
do problema. Altas prevalência e incidência. firmação em caso de sangue oculto positivo.
W Transcendência: impacto produzido na co- u Início: 50 anos.
munidade. u Periodicidade: a cada 1-2 anos.
W Vulnerabilidade: capacidade de se evitar o u Final: em condições normais, finalizamos o ras-
problema. treamento aos 75 anos.
W Deve haver benefício do tratamento precoce.
3.5. PRÓSTATA
3.2. COLO DO ÚTERO
u Exame: PSA e toque retal.
u Exame: Citopatológico do colo do útero (Papa- u Esse é o rastreamento que está mais sendo cobra-
nicolau). do. O Ministério da Saúde e o INCA não orientam
u Início: 25 anos e vida sexual ativa. mais o rastreamento para o câncer de próstata.
W Isso mesmo, a paciente precisa ter iniciado a Ou seja, segundo essas recomendações, PSA e
vida sexual e ter mais de 25 anos. Uma mulher toque retal não devem mais ser realizados em
179
Vigilância em saúde Epidemiologia
pacientes assintomáticos. O paciente que apre- 6. Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgâ-
sente queixas ainda deve ser investigado, mas nica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
isso foge ao escopo do rastreamento.
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
u A conduta correta é conversar com o paciente providências. Brasília, set. 1990.
sobre riscos e benefícios, orientar que o Ministé- 7. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
rio da Saúde não recomenda mais esse rastrea- epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed.
mento, mas respeitar a decisão do paciente caso Brasília (DF), 2002.
ele mantenha interesse em realizar os exames. 8. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 6. ed.
Brasília (DF), 2005.
DICA
Pode ter coragem no que diz respeito ao 9. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 204, de 17 de
câncer de próstata. As questões estão querendo fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação
que você responda que não há mais recomendação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
para esse rastreamento. pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília (DF), 2016.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância
REFERÊNCIAS de Doenças não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018. Secre-
taria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise
em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis.
1. Abath M de B et al. Avaliação da completitude, da consis-
– Brasília (DF), 2018.
tência e da duplicidade de registros de violências do Sinan
em Recife, Pernambuco, 2009-2012*. (*Este artigo é um 11. Costa ZGA et al. Evolução histórica da vigilância epide-
dos produtos da tese de Doutorado em Saúde Pública, a miológica e do controle da febre amarela no Brasil. Rev
ser defendida no primeiro semestre de 2014 pela autora Pan-Amaz Saude, Ananindeua, v. 2, n. 1, p. 11-26, mar.
principal do artigo junto ao Centro de Pesquisas Aggeu 2011. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em http://
Magalhães da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Recife- scielo.iec.gov.br/pdf/rpas/v2n1/v2n1a02.pdf.
-PE. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2014, 12. Malta DC et al. A implantação do Sistema de Vigilância de
v. 23, n. 1.) Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, 2003 a
2015: alcances e desafios. Revista Brasileira de Epidemio-
2. Albuquerque MIN de, Carvalho EMF de, Lima LP. Vigilân-
logia [online]. 2017, v. 20, n. 04, pp. 661-675. [Acesso em 12
cia epidemiológica: conceitos e institucionalização. Rev.
abr. 2021]. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-
Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 2, n. 1, p. 7-14, abr.
5497201700040009.
2002. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- 13. Pinto LF, Freitas MPS de; Figueiredo AWS de. Sistemas
38292002000100002&lng=en&nrm=iso. Nacionais de Informação e levantamentos populacionais:
algumas contribuições do Ministério da Saúde e do IBGE
3. Guimarães RM et al. Os desafios para a formulação,
para a análise das capitais brasileiras nos últimos 30
implantação e implementação da Política Nacional de Vigi-
anos. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2018, v. 23, n. 6.
lância em Saúde. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2017, v.
22, n. 5, pp. 1407-1416. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível 14. Senna M de CM. Vigilância sanitária: desvendando o
em: https://doi.org/10.1590/1413-81232017225.33202016. enigma. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl.
3, p. 3625-3626, nov. 2010. [Acesso em 12 abr. 2021].
4. Barcellos C, Quiterio LAD. Vigilância ambiental em saúde e Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
sua implantação no Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde t=sci_arttext&pid=S1413-81232010000900037.
Pública, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 170-177, Feb. 2006. [Acesso
15. Silva Junior JB da. 40 anos do Programa Nacional de
em 12 abr. 2021]. Disponível em: https://www.scielo.br/
Imunizações: uma conquista da Saúde Pública brasileira.
scielo.php?pid=S0034=89102006000100025-&script-
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 22, n. 1, p. 7-8, mar.
sci_abstract&tlng=pt.
2013. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em http://
5. Brasil. Decreto 78.231 de 12 de agosto 1976. Regulamenta scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre 49742013000100001.
a organização das ações de Vigilância Epidemiológica,
16. Freitas BC, Teixeira PEU. Rastreamentos. In: Freitas BC,
sobre o Programa Nacional de Imunizações. Brasília,
Teixeira PEU. Manual Prático da Atenção Primária. Sal-
ago. 1976.
vador: Sanar; 2020.
180
Capítulo
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
13
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
DICA
1.1. O QUE NOTIFICAR? Estados e municípios podem criar suas pró-
prias listas! Em todo o território nacional a Lista
Nacional tem que ser seguida, mas estados e muni-
u Doenças, agravos e eventos de saúde pública.
cípios podem incorporar outros agravos de interesse
W Doença: enfermidade ou estado clínico, inde- local, tornando-os de notificação compulsória para
pendente de origem ou fonte, que represente aquela região.
ou possa representar um dano significo para
os seres humanos.
W Agravo: qualquer dano à integridade física ou 1.2. QUEM NOTIFICA?
mental do indivíduo, provocado por circuns-
tâncias nocivas, tais como acidentes, intoxi- u A notificação compulsória é obrigatória para os
cações por substâncias químicas, abuso de médicos, outros profissionais de saúde ou res-
drogas ou lesões decorrentes de violências ponsáveis pelos serviços públicos e privados
de saúde, que prestam assistência ao paciente.
187
Notificação compulsória Epidemiologia
1.3. POR QUE NOTIFICAR? u A notificação pode ser classificada como sema-
nal ou imediata:
u Potencial de disseminação, magnitude, gravi- W Imediata: deve ser feita em até 24 horas pe-
dade, severidade, transcendência e vulnerabi- los responsáveis pelo primeiro atendimento.
lidade são algumas características que fazem
W Semanal: feita em até uma semana do aten-
com que determinado agravo seja de notificação
dimento do paciente.
compulsória.
u Infelizmente temos que saber quais agravos são
W Potencial de disseminação: expresso pela
de notificação semanal e quais são de notifica-
transmissibilidade da doença, através de ve-
ção imediata. Como lembrar?
tores e demais fontes de infecção.
W Faça essas perguntas sobre o agravo:
W Magnitude: elevado impacto nas populações,
por alta incidência, prevalência, mortalidade V 1. É uma doença “vacinável”?: praticamente
ou anos potenciais de vida perdidos. todas as doenças presentes na caderneta
de vacinação que são de notificação com-
W Severidade: taxas de letalidade, hospitaliza-
pulsória são de notificação imediata. Tuber-
ções e sequelas.
culose e Hepatites virais são as exceções.
W Transcendência: relevância do agravo para a
V 2. Oferece risco iminente de morte?: Aci-
população, o que envolve severidade, impac-
dentes e doenças graves, que precisam de
tos sociais e econômicos.
tratamento rapidamente, geralmente são de
W Vulnerabilidade: disponibilidade de instrumen- notificação imediata. Doenças de evolução
tos de prevenção e controle. mais crônica, como HIV e Hanseníase, ge-
u Além dessas características, há doenças de im- ralmente são semanais.
portância sanitária internacional que são incluídas u É uma doença muito estranha?: Febre do Nilo
na lista por conta de compromissos adotados Ocidental, Ebola, Lassa, Tularemia, Síndrome da
com outros países. Paralisia Flácida Aguda. Muitas dessas doenças
são de importância internacional, o que as torna
DICA
O sistema de informação alimentado pelas de notificação imediata. Cuidado: Creutzfeldt-Ja-
fichas de notificação é o SINAN (Sistema de Infor- kob é o nome mais estranho que temos na lista,
mação de Agravos de Notificação). mas é de notificação semanal.
W Se você respondeu “sim” para alguma dessas
perguntas sobre o agravo apresentado na sua
questão, provavelmente a notificação deve ser
188
Notificação compulsória Cap. 13
imediata. Isso é apenas um macete. A melhor u 09 meses: Febre Amarela Febre Amarela –
forma é respondendo dezenas de questões Imediata
sobre o assunto até se acostumar com as u 15 meses: Tetraviral Sarampo, Rubéola, Vari-
doenças que mais caem. cela (caso grave internado ou óbito) – Imediatas
W Caxumba não é de notificação compulsória.
u Outras idades: Influenza Influenza humana pro-
2. LISTA NACIONAL DE
duzida por novo subtipo viral – Imediata
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
u Apenas Tuberculose e Hepatites Virais são de
notificação semanal. Todas as outras são de
u Vamos dividir todos os 48 agravos em alguns notificação imediata.
grupos. Não deixe de assistir à aula. A divisão u Falamos em Febre Amarela, o que nos dá a “dei-
fica muito mais fácil de acompanhar pela aula. xa” para nosso próximo grupo.
Depois dessa divisão, você vai ver que esse as-
sunto vai ficar fácil, fácil. Vai ser mel na chupeta.
2.2. MOSQUITOS
Opa! Cuidado! Mel é perigoso para recém-nasci-
dos por causa do risco de Botulismo. (Algumas
dicas serão toscas assim mesmo. Não tem para u Febre Amarela: já apresentado
onde correr.) Você acaba de ser apresentado(a) u Aedes aegypti Dengue, Zika e Chikungunya.
à nossa primeira doença. W Casos são de notificação semanal.
W Botulismo – imediata W Óbitos são de notificação imediata.
W Zika: em gestantes, são de notificação imediata.
2.1. CALENDÁRIO VACINAL W Chikungunya: em locais sem transmissão, são
de notificação imediata.
u O primeiro grupo é aquele das doenças presentes u Malária Malária.
no nosso calendário vacinal. Vamos apresentar
W De notificação semanal na região amazônica
as vacinas que são dadas por faixa etária e, logo
e imediata fora dela.
em seguida as doenças, que são de notificação
compulsória: u Leishmaniose Leishmaniose Tegumentar Ame-
ricana e Leishmaniose visceral – semanais.
u Vacinas Eventos Adversos ou óbito pós-vaci-
nal – Imediata. u A Leishmaniose é transmitida por mosquito, mas
pode infectar animais, nos levando ao próximo
u Ao nascer: BCG e Hepatite B Tuberculose e
grupo.
Hepatites Virais – Semanais.
u 02 meses: Pentavalente, VIP, Pneumo-10 e Ro-
tavírus: Difteria, Tétano, Coqueluche, Doença 2.3. ANIMAIS
Invasiva causada por H. influenzae, Poliomielite
por poliovírus selvagem e cólera – Imediatas u Barbeiro Doença de Chagas Aguda – Imediata
W Rotavírus causa diarreia, porém é muito comum (A partir de 2020, Doença de Chagas crônica tor-
e geralmente autolimitada. Cólera causa uma nou-se de notificação compulsória. Discutiremos
diarreia mais grave. Por isso, forçamos a barra ao final do capítulo).
nessa “substituição” aqui no grupo das vacinas. u Cobra/Escorpião/etc. Acidente por Animal Pe-
W Pneumonia também é muito comum para que çonhento – Imediata.
notifiquemos todas. u Cachorro (e alguns outros) Raiva humana e
u 03 meses: Meningocócica Meningites, Doença Acidente por animal potencialmente transmis-
Meningocócica – Imediatas sor da raiva – Imediata.
189
Notificação compulsória Epidemiologia
190
Notificação compulsória Cap. 13
Periodicidade de notificação
Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS
4 Botulismo X X X
5 Cólera X X X
6 Coqueluche X X
a. Dengue – Casos X
7
b. Dengue – Óbitos X X X
8 Difteria X X
15 Esquistossomose X
191
Notificação compulsória Epidemiologia
Periodicidade de notificação
Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS
18 Febre Amarela X X X
a. Febre de Chikungunya X
22 Febre Tifoide X X
23 Hanseníase X
24 Hantavirose X X X
25 Hepatites virais X
32 Leishmaniose Visceral X
33 Leptospirose X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
192
Notificação compulsória Cap. 13
Periodicidade de notificação
Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS
46 Tuberculose X
1 Rotavírus
2 Doença Diarreica Aguda
3 Síndrome Hemolítica Urêmica
IV. Vigilância de doenças
sexualmente transmissíveis
Fonte: Brasil.1
193
Notificação compulsória Epidemiologia
REFERÊNCIAS
194
Notificação compulsória Epidemiologia
200
Capítulo
INDICADORES DE SAÚDE
14
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
201
Indicadores de saúde Preventiva
2. OUTROS CONCEITOS
2.1. LETALIDADE
2.2. MORTALIDADE
202
Indicadores de saúde Cap. 14
DICA
Mortalidades materna e infantil são indica- u Índice: Numerador = Denominador.
tivos da situação de saúde de uma determinada
localidade.
W Ex.: Numerador trata de óbitos e denomina-
dor também óbitos em menor de 1 ano/
total de óbitos.
u O índice mais cobrado na sua prova é o seguinte:
3. COEFICIENTES E ÍNDICES u SWAROOP-UEMURA OU RAZÃO DE MORTALI-
DADE PROPORCIONAL
W Mortalidade ≥ 50 anos/Mortalidade Geral.
3.1. COEFICIENTES
DICA
u Coeficiente: Numerador ≠ Denominador. O índice de Swaroop-Uemura traduz a si-
tuação de saúde de uma população, visto que, em
u Ex.: Numerador trata de óbitos e denominador
uma sociedade com bons indicadores de saúde,
de população mortes por causa materna/nas-
esperamos que a maior parte dos óbitos se dê em
cidos vivos.
pessoas mais idosas.
203
Indicadores de saúde Preventiva
u As curvas de Nelson Moraes, ou curvas de mor- leiro que idealizou essas curvas nos anos 1950,
talidade proporcional, são representações gráfi-
associou cada um dos 4 formatos de curva a um
cas da distribuição proporcional dos óbitos por
faixas etárias. Nelson Moraes, sanitarista brasi- “nível de saúde”.
Figura 2. Evolução esquematizada do nível de saúde avaliado pelas curvas de mortalidade proporcional.
W Tipo IV: Nível de saúde elevado Número bai- por exemplo, sociedades com conflitos arma-
xo de mortes em crianças e adultos jovens, dos, em que os adultos jovens são incapazes
aumentando exponencialmente com a idade. de sobreviver. Por isso, não há aumento da
mortalidade nas idades mais avançadas, vis-
W Tipo III: Nível de saúde regular A mortalidade
to que a população não “consegue” alcançar
na infância (até 5 anos de idade) já se mostra
idades mais avançadas.
maior do que no nível IV, mas no geral conti-
nuamos tendo um aumento mais expressivo
da mortalidade nos pacientes mais velhos.
W Tipo II: Nível de saúde baixo A mortalidade 5. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
em crianças é a mais expressiva de todas, ha- E EPIDEMIOLÓGICA
vendo um leve aumento na população de mais
idade. Reflete sociedades com saneamento
básico muito precário e pobreza extrema. 5.1. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
W Tipo I: Nível de saúde muito baixo Temos uma
alta mortalidade infantil, mas o pico ocorre nos u Descreve a dinâmica do crescimento populacio-
adultos jovens, havendo queda da mortalida- nal. Basicamente, falamos sobre as alterações na
de entre aqueles de mais idade. Por que essa expectativa de vida, que culminam nas mudanças
curva é pior que a tipo II? Essa curva reflete, da pirâmide etária de determinada localidade.
204
Indicadores de saúde Cap. 14
Fonte: ONU.2
u Em 1900, uma parcela muito significativa da W Melhora do saneamento básico Menos mor-
população era composta por crianças e ado- tes por doenças infecciosas.
lescentes, enquanto poucas pessoas tinham 70 u Por conta de todas essas mudanças, passamos
anos ou mais. Nos anos 2000, passamos a ter a ter uma população mais idosa e proporcional-
uma parcela maior de pessoas entre 15-59 anos. mente menos assolada por doenças infecciosas,
Para 2050, a previsão é de uma “pirâmide” mais o que resultou em:
distribuída, com redução do número de crianças
W Aumento de Doenças Crônicas não transmis-
e aumento significativo do número de idosos.
síveis e mortes provocadas por elas;
W Aumento de mortalidade por causas externas
5.2. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA (principal causa em adultos jovens).
205
Indicadores de saúde Preventiva
206
Indicadores de saúde Cap. 14
DICA
Sempre que falamos das principais neopla-
sias, estamos excluindo as neoplasias de pele não 1. Laurenti R, Buchalla CM. Estudo da morbidade e mortali-
dade perinatal em maternidades: II - Mortalidade perinatal
melanoma.
segundo o peso ao nascer, idade materna, assistência
pré-natal e hábito de fumar da mãe. Rev Saúde Púb.
1985; 19: 225-32.
6.3. NEOPLASIAS COM MAIOR
2. ONU (dados da revisão 2004). [Internet]. [acesso em 10
MORTALIDADE out. 2019]. Disponível em: http://esa.un.org/unpp.
3. Almeida Filho N, Barreto ML. Epidemiologia & Saúde: fun-
u SEXO MASCULINO damentos, métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara
W 1. Pulmão. Koogan; 2012.
207
Capítulo
ÉTICA MÉDICA
15
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
215
Ética médica Ética médica
216
Ética médica Cap. 15
u Art. 8º: Afastar-se de suas atividades profissio- u Parágrafo único. O atendimento médico a dis-
nais, mesmo temporariamente, sem deixar outro tância, nos moldes da telemedicina ou de outro
médico encarregado do atendimento de seus pa- método, dar-se-á sob regulamentação do Con-
cientes internados ou em estado grave. selho Federal de Medicina.
217
Ética médica Ética médica
1.10. CAPÍTULO 9 – SIGILO PROFISSIONAL u Art. 75: Fazer referência a casos clínicos identifi-
cáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anún-
u É vedado ao médico: cios profissionais ou na divulgação de assuntos
médicos, em meios de comunicação em geral,
u Art. 73: Revelar fato de que tenha conhecimento
mesmo com autorização do paciente.
em virtude do exercício de sua profissão, salvo
por motivo justo, dever legal ou consentimento,
por escrito, do paciente. DICA
Mesmo que o paciente autorize que você o
u Parágrafo único. Permanece essa proibição: identifique numa postagem em rede social, você não
W a) mesmo que o fato seja de conhecimento pode identificá-lo. Sabe aquela foto no Instagram
com a criança que seu colega atendeu? Também
público ou o paciente tenha falecido;
não pode.
W b) quando de seu depoimento como testemu-
nha. Nessa hipótese, o médico comparecerá
perante a autoridade e declarará seu impedi-
u Art. 76: Revelar informações confidenciais ob-
mento; tidas quando do exame médico de trabalhado-
res, inclusive por exigência dos dirigentes de
W c) na investigação de suspeita de crime o mé-
empresas ou de instituições, salvo se o silêncio
dico estará impedido de revelar segredo que
puser em risco a saúde dos empregados ou da
possa expor o paciente a processo penal.
comunidade.
u Art. 78: Deixar de orientar seus auxiliares e alu-
DICA
Um exemplo de dever legal é a notificação nos a respeitar o sigilo profissional e zelar para
de agravos de notificação compulsória. que seja por eles mantido.
218
Ética médica Cap. 15
u Art. 83: Atestar óbito quando não o tenha ve- 1.13. CAPÍTULO 13 – PUBLICIDADE MÉDICA
rificado pessoalmente, ou quando não tenha
prestado assistência ao paciente, salvo, no úl- u É vedado ao médico:
timo caso, se o fizer como plantonista, médico u Art. 112: Divulgar informação sobre assunto mé-
substituto ou em caso de necropsia e verifica-
dico de forma sensacionalista, promocional ou
ção médico-legal.
de conteúdo inverídico.
u Art. 113: Divulgar, fora do meio científico, proces-
DICA
Essa questão do atestado de óbito foi discu- so de tratamento ou descoberta cujo valor ainda
tida no capítulo que trata do assunto. não esteja expressamente reconhecido cientifi-
camente por órgão competente.
u Art. 85: Permitir o manuseio e o conhecimento dos
prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo DICA
Mais um artigo que pode ser cobrado associa-
profissional quando sob sua responsabilidade. do ao coronavírus. Vimos muitos tratamentos sendo
u Art. 88: Negar, ao paciente, acesso a seu pron- noticiados como úteis no combate ao SARS-COV2.
tuário, deixar de lhe fornecer cópia quando soli- O médico não pode veicular informações que não
citada, bem como deixar de lhe dar explicações sejam reconhecidas cientificamente por órgãos
necessárias à sua compreensão, salvo quando competentes acerca de possíveis tratamentos.
ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a
terceiros. u Art. 115: Participar de anúncios de empresas
u Art. 91: Deixar de atestar atos executados no comerciais, qualquer que seja sua natureza, va-
exercício profissional, quando solicitado pelo lendo-se de sua profissão.
paciente ou por seu representante legal.
1.14. CAPÍTULO 14 – DISPOSIÇÕES GERAIS
DICA
Não há obrigatoriedade de incluir o CID no
atestado médico, a menos que seja solicitado pelo u IV – As omissões deste Código serão sanadas
paciente. O empregador não pode cobrar do fun- pelo Conselho Federal de Medicina.
cionário que apresente atestado com CID.
DICA
O Código de Ética Médica não está descrito
1.12. CAPÍTULO 12 – ENSINO E em sua totalidade neste capítulo. Demos destaque
PESQUISA MÉDICA para os artigos que consideramos mais importan-
tes para sua prática profissional e para as provas.
Sugerimos que você leia o texto integralmente.
u É vedado ao médico:
u Art. 102: Deixar de utilizar a terapêutica correta,
quando seu uso estiver liberado no País. 1.15. RESOLUÇÃO CFM N. 1.851/2008
W Parágrafo único. A utilização de terapêutica – ATESTADO MÉDICO
experimental é permitida quando aceita pelos
órgãos competentes e com o consentimento u Art. 1º: O atestado médico é parte integrante do
do paciente ou de seu representante legal, ato médico, sendo seu fornecimento direito ina-
adequadamente esclarecidos da situação e lienável do paciente, não podendo importar em
das possíveis consequências. qualquer majoração de honorários.
219
Ética médica Ética médica
u Art. 2º: Ao fornecer o atestado, deverá o médico u Perceba que essa portaria regulamenta a Tele-
registrar em ficha própria e/ou prontuário médico medicina somente enquanto durar a pandemia
os dados dos exames e tratamentos realizados, da covid-19.
de maneira que possa atender às pesquisas de u Art. 2º: As ações de Telemedicina de interação
informações dos médicos peritos das empresas à distância podem contemplar o atendimento
ou dos órgãos públicos da Previdência Social e pré-clínico, de suporte assistencial, de consulta,
da Justiça. monitoramento e diagnóstico, por meio de tecno-
u Art. 3º: Na elaboração do atestado médico, o logia da informação e comunicação, no âmbito do
médico assistente observará os seguintes pro- SUS, bem como na saúde suplementar e privada.
cedimentos: W Parágrafo único. O atendimento de que trata o
W I – especificar o tempo concedido de dispen- caput deverá ser efetuado diretamente entre
sa à atividade, necessário para a recuperação médicos e pacientes, por meio de tecnologia da
do paciente; informação e comunicação que garanta a inte-
W II – estabelecer o diagnóstico, quando expres- gridade, segurança e o sigilo das informações.
samente autorizado pelo paciente; u Art. 4º: O atendimento realizado por médico ao
W III – registrar os dados de maneira legível; paciente por meio de tecnologia da informação
e comunicação deverá ser registrado em pron-
W IV – identificar-se como emissor, mediante
tuário clínico, que deverá conter:
assinatura e carimbo ou número de registro
no Conselho Regional de Medicina. W I – dados clínicos necessários para a boa con-
dução do caso, sendo preenchido em cada
u Art. 5º: Os médicos somente podem fornecer
contato com o paciente;
atestados com o diagnóstico codificado ou não
quando por justa causa, exercício de dever legal, W II – data, hora, tecnologia da informação e
solicitação do próprio paciente ou de seu repre- comunicação utilizada para o atendimento; e
sentante legal. W III – número do Conselho Regional Profissional
u Art. 6º: Somente aos médicos e aos odontólogos, e sua unidade da federação.
estes no estrito âmbito de sua profissão, é facul- u Art. 5º: Os médicos poderão, no âmbito do aten-
tada a prerrogativa do fornecimento de atestado dimento por Telemedicina, emitir atestados ou
de afastamento do trabalho. receitas médicas em meio eletrônico.
u Art. 6º: A emissão de receitas e atestados médi-
DICA
O carimbo não é obrigatório. Para qualquer cos à distância será válida em meio eletrônico,
ato médico que necessite de identificação, basta a mediante:
assinatura e número do conselho regional em que W I – uso de assinatura eletrônica, por meio de
está inscrito. certificados e chaves emitidos pela Infraestru-
tura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil;
W II – o uso de dados associados à assinatura
1.16. PORTARIA Nº 467/2020 DO do médico de tal modo que qualquer modifi-
MINISTÉRIO DA SAÚDE – cação posterior possa ser detectável;
TELEMEDICINA E TELECONSULTA
220
Capítulo
SAÚDE DO TRABALHADOR
16
IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA
u Os riscos físicos são aqueles relacionados a formas de energia, como ruídos, temperaturas extremas,
vibração, radiação etc.
u Uma doença relacionada ao trabalho pode ser considerada um acidente de trabalho
u A empresa (ou os empregadores) é que tem a obrigação de emitir a Comunicação do Acidente de Trabalho
(CAT)
u É obrigação do médico contribuir para a identificação e erradicação do trabalho infantil e das situações
análogas ao trabalho escravo
2. A SEGURIDADE SOCIAL
1.1. OS RISCOS OCUPACIONAIS
227
Saúde do trabalhador Saúde coletiva
DICA
motoristas e entregadores de aplicativos, por
Neste capítulo, falaremos dos benefícios
exemplo. Algumas
previdenciários, devidos a contribuintes da Previ-
dência Social. Algumas categorias profissionais
u decisões judiciais estão comparando seus direi-
são contribuintes da previdência, como os traba- tos aos do trabalhador formal.
lhadores formais (carteira assinada), trabalhadores u Segurado especial: trabalhadores rurais que
domésticos e segurados especiais (trabalhadores produzem em regime de economia familiar, sem
rurais em regime de economia familiar, pescadores mão de obra assalariada, pescadores artesanais
artesanais e indígenas). O trabalhador autônomo e índios que exercem atividade rural.
pode contribuir de forma individual. u Contribuinte individual: trabalhador autônomo,
sem carteira assinada e sem vínculo empregatício,
que contribui individualmente para a previdência
social. Tem menos direitos a benefícios se com-
3. LEGISLAÇÃO
parados às categorias acima. Não recebem, por
exemplo, auxílio-acidente.
u Diferentemente do capítulo de legislação do SUS, u Segurado facultativo: pessoas físicas que não
na saúde do trabalhador o conhecimento sobre possuem remuneração, como bolsistas, donos
o conceito é mais importante do que o conheci- de casa, estudantes, etc., maiores de 16 anos,
mento sobre a lei. Aqui não precisamos saber, que querem ingressar no Regime Geral da Pre-
necessariamente, quais são os “marcos legais” ou vidência Social.
em que lei está escrito cada um dos pontos abor- u Servidores públicos: os servidores públicos estão
dados. Por isso, não espere ver tantos números sujeitos a regimes diferentes de previdência social.
e anos de leis quanto nos capítulos sobre o SUS.
228
Saúde do trabalhador Cap. 16
trabalho. Lembre-se que doenças profissio- W A CAT deve ser emitida até 24 horas após a
nais ou do trabalho devem ser consideradas identificação do acidente ou doença.
acidentes de trabalho. u Qual o papel do médico?
u Quem tem direito à CAT? W Identificar o acidente de trabalho, emitir rela-
W Todo trabalhador formal deve ter a CAT emitida. tório orientando a emissão da CAT, orientar
W Trabalhadores avulsos podem ter a CAT emiti- o trabalhador sobre sua situação de saúde e
da, mas ainda há discordâncias jurídicas sobre sobre a emissão da CAT e, se necessário, for-
essa categoria. necer atestado para afastamento.
u Quem deve emitir a CAT?
DICA
W Quem tem obrigação de emitir a CAT é a em- A CAT é obrigatória para qualquer acidente
presa (ou os empregadores) para a qual o fun- de trabalho, não apenas para aqueles que causem
cionário trabalha. incapacidade. Não é obrigatório comprovar o nexo
causal para emitir a CAT. Ela pode ser emitida e,
W Médicos, sindicatos, familiares e até o próprio
posteriormente, haver a avaliação se houve mesmo
paciente PODEM emitir a CAT, mas quem DEVE
ou não relação com o trabalho.
emitir é a empresa.
229
Saúde do trabalhador Saúde coletiva
230
Saúde do trabalhador Cap. 16
231
Saúde do trabalhador Saúde coletiva
232