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DR.

JOÃO TASSINARY

COMO ESTUDAR
ESTÉTICA
A PARTIR
DAS MELHORES
EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS
APRESENTAÇÃO:
PRÁTICA BASEADA
EM EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS
A Prática Baseada em Evidências Científicas envolve profissional, paciente e Ciência.

MELHOR EVIDÊNCIA
CIENTÍFICA POSSÍVEL

EBM
VALORES E
EXPERIÊNCIA
PREFERÊNCIAS
DO CLÍNICO
DO PACIENTE

A proposta deste ebook é abordar o único fator invariável desse tripé: a evidência
científica. Você está recebendo um pequeno guia para profissionais da Estética que
desejam dominar a busca por referências fidedignas.

É claro que a consulta científica envolve muito mais do que está sendo apresentado
neste material, mas certamente este é um ponto de partida muito interessante.

Bons estudos.
01
BUSQUE O
MELHOR NÍVEL DE
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
DISPONÍVEL
Quando começamos a nos interessar por evidências científicas, a primeira dúvida
é em relação à procedência dos artigos: como saber quais são os mais confiáveis? Na
pirâmide a seguir, estão as categorias em que um artigo pode se enquadrar, sendo que
quanto mais próximo do topo, maior o seu nível de evidência científica.

REVISÕES
SISTEMÁTICAS

ENSAIOS CLÍNICOS
RANDOMIZADOS

ESTUDOS
DE COORTE

ESTUDOS DE
CASO-CONTROLE

RELATO DE CASO
SÉRIE DE CASOS

ESTUDOS IN VITRO
ESTUDOS COM ANIMAIS
OPINIÃO DE EXPERTS

REVISÕES SISTEMÁTICAS - São os melhores estudos, pois se propõem a


analisar todos os artigos já publicados até o momento sobre determinado assunto.
Ou seja, é uma leitura crítica da própria produção científica existente sobre o tema em
questão.

ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS - Esse tipo de artigo tem a


metodologia muito bem descrita, e inclui intervenção. Envolve a análise comparativa de
resultados entre grupos de seres humanos: como grupo controle, grupo experimental,
grupo intervenção.
ESTUDOS DE COORTE - Investiga um grupo de pessoas (amostra) expostas
a determinados fatores ou que tenham características relevantes para a pesquisa e um
grupo de pessoas não expostas a esses fatores ou que não tenham as características
presentes no outro grupo. O objetivo é determinar se há relação entre a exposição e o
desenvolvimento de eventos (como afecções de pele, por exemplo).

ESTUDOS DE CASO-CONTROLE - Na investigação acerca da incidência de


uma patologia em determinada comunidade, por exemplo, compara a frequência da
exposição a determinados fatores em um grupo caso (formado por indivíduos que
têm a doença) e um grupo controle (formado por indivíduos que não têm a doença).

RELATO DE CASO / SÉRIE DE CASOS - Forma de pesquisa básica, é mais


frequente em casos de doenças raras. Consiste na descrição organizada e detalhada da
evolução patológica, do tratamento aplicado e dos resultados obtidos em um pequeno
grupo de pacientes.

ESTUDOS IN VITRO - Análise de células feitas em ambientes controlados.


Como essa investigação ocorre fora do organismo vivo, seus resultados podem ser
muito diferentes em seres humanos.

ESTUDOS COM ANIMAIS - Investiga o efeito de medicamentos ou


procedimentos terapêuticos e a evolução de doenças em espécies com respostas
fisiológicas semelhantes às dos humanos.

OPINIÃO DOS EXPERTS - Profissionais definem suas decisões a partir do


conhecimento adquirido e da experiência clínica.

Literatura cinza: composta por pesquisas como TCCs, teses e dissertações que, por algum
motivo não necessariamente relacionado à qualidade do trabalho (desinteresse do autor,
por exemplo), não foram publicadas em periódicos científicos.
02
DEFINA A
SUA BUSCA
Quanto mais você delimitar a sua pesquisa, mais fácil será encontrar artigos
relevantes para a questão que você pretende estudar. Uma forma objetiva de definir
a pergunta da sua busca bibliográfica é usando o PICO ou PICOT:

P – paciente ou problema - É a condição que você está estudando.


Exemplo: flacidez.
I – intervenção - É o recurso que você busca para tratar o P (flacidez).
Exemplo: radiofrequência.
C – comparação - Algum outro recurso que você queira comparar com
I (radiofrequência) no tratamento de P (flacidez).
Exemplo: fototerapia.
O – outcome (desfecho) - Resultado esperado.
Exemplo: regeneração tecidual.
T – tipo de estudo - O tipo de artigo pelo qual você tem preferência nessa
busca. Exemplo: revisão sistemática.
(Em muitos casos, são poucas as pesquisas existentes, e você terá que alterar os
critérios, cada vez mais em direção à base da pirâmide de nível de evidência científica.)
03
USE
INDEXADORES
Antes de lançar a sua pergunta em bases de dados, é interessante que você verifique
os termos indexados a pesquisas sobre esse assunto.

Para isso, acesse o site de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Trata-se de um


banco de terminologias médicas usadas na indexação de artigos de revistas científicas,
livros, anais de congressos, relatórios técnicos e outros tipos de materiais científicos.

Nesse site, você encontra termos equivalentes em espanhol e em inglês, sendo


esse último o idioma mais útil para busca em bases de dados de alcance mundial,
como o PubMed. Além disso, a busca de DeCS resulta em sinônimos em português
para o termo que você busca, como no exemplo abaixo, gerado a partir da busca por
“gordura”.

DeCS
Descritor Inglês: Adipocytes
Descritor Espanhol: Adipocitos
Descritor Português: Adipócitos
Sinônimos Português: Célula Adiposa
Célula Lipídica
Célula de Gordura
Células Adiposas
Células Gordurosas
Células Lipídicas
Células Adiposas
Célula de Gordura
Lipócito
Lipócitos
Categoria: A11.329.114
Definição Português: Células do corpo que geralmente armazenam GORDURAS na forma de
TRIGLICERÍDEOS. Os ADIPÓCITOS BRANCOS são os tipos predominantes encontrados, na
maioria das vezes, na cavidade abdominal e no tecido subcutâneo. Os ADIPÓCITOS MARRONS
são células termogênicas que podem ser encontradas em recém-nascidos de algumas espécies
e em mamíferos que hibernam.
Qualificadores Permitidos Português: CY citologia CL classificação
RE efeitos da radiação DE efeitos dos fármacos
EN enzimologia PH fisiologia
IM imunologia ME metabolismo
MI microbilogia PS parasitologia
PA patologia CH química
TR transplante UL ultraestrutura
VI virologia
Número do Registro: 31672
Identificador Único: D017667
04
ONDE
ENCONTRAR
ARTIGOS
CIENTÍFICOS
Estas são algumas bases de dados onde você vai encontrar artigos científicos. Para
acessar, basta clicar no nome de cada site:

PUBMED

COCHRANE

SCIELO

BVS

EMBASE (Acesso pago)

ARTIGOS
CIENTÍFICOS
05
COMO
ANALISAR
PUBLICAÇÕES
Um periódico científico é avaliado pelo Qualis, um índice que varia de A1 a C,
sendo A o melhor nível de qualidade científica. A consulta a essa classificação pode
ser feita pela plataforma Sucupira, mantida pelo Governo brasileiro. Indica-se que a
publicação tenha avaliação mínima de B1.

Caso você tenha interesse em conhecer publicações científicas, uma dica é o Portal
de Periódicos CAPES/MEC. Lá você tem acesso a textos completos disponíveis em
mais de 45 mil publicações, internacionais e nacionais, e a diversas bases de dados que
reúnem desde referências e resumos de trabalhos acadêmicos e científicos até normas
técnicas, patentes, teses e dissertações dentre outros tipos de materiais.
06
COMO
ANALISAR
ARTIGOS
Para cada tipo de artigo, como vimos na pirâmide lá no início, existe uma série
de critérios que devem ser considerados. Mas, no fim, o “coração” da pesquisa é a
metodologia, pois é onde o pesquisador deixa claro todo o processo de apuração do
estudo, dando aos leitores o contexto de informações necessário para a interpretação
da conclusão.

Por isso, aqui, vamos ver o check list que você deve aplicar a artigos de revisão
sistemática e o check list que deve ser aplicado a ensaios clínicos randomizados, os dois
tipos com maior nível de evidência científica.
61
CHECK LIST
DE ANÁLISE DE
METODOLOGIA DE
ARTIGOS DE REVISÃO
SISTEMÁTICA
PROTOCOLO E REGISTRO
✔ Indicação da existência de um protocolo de revisão, se e onde ele pode ser acessado
(por exemplo, endereço Web) e, se disponível, se fornece informações cadastrais,
incluindo número de inscrição.

CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE
✔ Especificação de características do estudo (por exemplo, PICOS, duração do
seguimento) e características do relatório (por exemplo, anos considerados, idioma,
status de publicação) utilizados como critérios para elegibilidade, dando lógica.

FONTES DE INFORMAÇÃO
✔ Descrição de todas as fontes de informação (por exemplo, bancos de dados com
datas de cobertura, contato com autores do estudo para identificar estudos adicionais)
na pesquisa e data da última pesquisa.

PESQUISA
✔ Apresentação da estratégia completa de busca eletrônica para pelo menos um banco
de dados, incluindo quaisquer limites utilizados, de tal forma que possa ser repetido.

SELEÇÃO DO ESTUDO
✔ O processo de seleção de estudos (ou seja, triagem, elegibilidade, incluído em
revisão sistemática e, se aplicável, incluído na meta-análise).

PROCESSO DE COLETA DE DADOS


✔ Descrição do método de extração de dados a partir de relatórios (por exemplo,
formulários pilotados, independentemente, em duplicata) e quaisquer processos de
obtenção e confirmação de dados dos investigadores.
OS DADOS
✔ Lista e definição de todas as variáveis para as quais os dados foram procurados (por
exemplo, PICOS, fontes de financiamento) e quaisquer premissas e simplificações feitas.

RISCO DE VIÉS EM ESTUDOS INDIVIDUAIS


✔ Descrição de métodos utilizados para avaliar o risco de viés de estudos individuais
(incluindo a especificação de isso ter sido feito no estudo ou nível de desfecho), e como
essas informações devem ser utilizadas em qualquer síntese de dados.

MEDIDAS SUMÁRIAS
✔ Afirma as principais medidas sumárias (por exemplo, razão de risco, diferença de meios).

SÍNTESE DOS RESULTADOS


✔ Descrição dos métodos de manuseio de dados e combinação de resultados de
estudos, se feito, incluindo medidas de consistência (por exemplo, I2) para cada
meta-análise.

RISCO DE VIÉS ENTRE OS ESTUDOS


✔ Especificação de qualquer avaliação do risco de viés que possa afetar a
evidência cumulativa (por exemplo, viés de publicação, relatórios seletivos dentro
dos estudos).

ANÁLISES ADICIONAIS
✔ Descrição de métodos de análises adicionais (por exemplo, análises de sensibilidade
ou subgrupo, meta-regressão), se feito, indicando quais foram pré-especificados.
62
CHECK LIST
DE ANÁLISE DE
METODOLOGIA DE
ENSAIO CLÍNICO
RANDOMIZADO
DESENHO DO ENSAIO
✔ Descrição do desenho do ensaio (como paralelo, fatorial) incluindo taxa de alocação.
✔ Alterações importantes nos métodos após o início do julgamento (como critérios
de elegibilidade), com motivos.

PARTICIPANTES
✔ Critérios de elegibilidade para participantes.
✔ Configurações e locais onde os dados foram coletados.

INTERVENÇÕES
✔ As intervenções para cada grupo com detalhes suficientes para permitir a replicação,
incluindo como e quando foram realmente administradas.

RESULTADOS
✔ Medidas primárias e secundárias pré-especificadas e completamente definidas,
incluindo como e quando foram avaliadas.
✔ Quaisquer alterações nos resultados do teste após o início do teste, com motivos.

TAMANHO DA AMOSTRA
✔ Como o tamanho da amostra foi determinado.
✔ Quando aplicável, explicação de quaisquer análises intermediárias e diretrizes
de parada.

GERAÇÃO DE SEQUÊNCIA
✔ Método usado para gerar a sequência de alocação aleatória.
✔ Tipo de randomização; detalhes de qualquer restrição (como bloqueio e tamanho
do bloco).
MECANISMO DE OCULTAÇÃO DE ALOCAÇÃO
✔ Mecanismo usado para implementar a sequência de alocação aleatória (como
contêineres numerados sequencialmente), descrevendo todas as etapas para ocultar a
sequência até que as intervenções sejam designadas.

IMPLEMENTAÇÃO
✔ Quem gerou a sequência de alocação aleatória, quem inscreveu os participantes e
quem designou os participantes para as intervenções.

OCULTAÇÃO
✔ Se feito, quem ficou cego após a designação para intervenções (por exemplo,
participantes, prestadores de cuidados, aqueles que avaliam resultados) e como.
✔ Se relevante, descrição da similaridade das intervenções.

MÉTODOS ESTATÍSTICOS
✔ Métodos estatísticos usados ​​para comparar grupos para resultados primários
e secundários.
✔ Métodos para análises adicionais, como análises de subgrupos e análises ajustadas.
07
SAIBA QUE
CERTA DOSE
DE INSEGURANÇA
É SAUDÁVEL
Quanto mais você estuda, mais você entende a importância do estudo, pois você
se torna mais cuidadoso em relação às suas decisões clínicas. Por outro lado, quanto
menos um profissional estuda, mais seguro de si ele é. Pode parecer uma contradição,
mas isso é explicado pelo chamado Efeito Dunning-Kruger, um fenômeno estudado
pela Psicologia.

Na prática: quanto mais limitado for o conhecimento, menor será a noção de que
podem haver outras possibilidades - no caso da Estética, mais seguras e assertivas. Ou
seja, até o reconhecimento da nossa própria limitação exige um conhecimento mínimo.
Isso explica o nível de embasamento nas discussões desencadeadas, sobretudo, nas
redes sociais.

Espero que este material tenha lhe ensinado bastante, mas, que muito mais, tenha lhe
aberto os olhos para o que você ainda desconhece no campo da Estética Científica.

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