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diferencial fisiopatológico
do infarto com
supradesnivelamento de
ST e por que isso muda
seu tratamento quanto
ao infarto sem
supradesnivelamento de
ST ou angina instável?
18.1 INTRODUÇÃO
O reconhecimento precoce e o tratamento correto da Síndrome
Coronariana Aguda (SCA) determinam um grande impacto na sua
evolução. Neste capítulo, serão discutidas especificamente as
SCAs instáveis. Os documentos utilizados como referência deste
texto foram o último consenso europeu de 2020 para síndrome
coronariana aguda sem supradesnivelamento de seguimento ST,
a diretriz do Ministério da Saúde para tratamento da síndrome
coronariana aguda e a V Diretriz para tratamento da síndrome
coronariana aguda com supradesnivelamento de seguimento ST miocárdica, nova perda de miocárdio viável ou identificação de
da Sociedade Brasileira de Cardiologia. trombo coronariano por angiografia ou necrópsia;
Vale lembrar que todo caso suspeito deve ser priorizado e levado ▶ IAM tipo II: desbalanço entre oferta e demanda de O2 pelo
à sala de emergência para realização de avaliação clínica, coleta miocárdio não relacionado a fenômeno aterotrombótico; é
de troponina e eletrocardiograma (ECG) em até 10 minutos da definido pela elevação acima do limite superior e/ou queda de ao
admissão (classe I). Essa abordagem permite definir o menos um valor de troponina e evidência de desbalanço entre
diagnóstico: Infarto Agudo do Miocárdio Com consumo e demanda de oxigênio pelo miocárdio, associada a
Supradesnivelamento de ST (IAMCSST), provável SCA (Infarto sintomas de isquemia miocárdica aguda, novas alterações
Agudo do Miocárdio Sem Supradesnivelamento de ST – IAMSSST isquêmicas ao ECG, surgimento de ondas Q patológicas, novas
– ou Angina Instável – AI) ou dor torácica de origem não alterações de mobilidade da parede miocárdica ou de nova perda
isquêmica. de miocárdio viável; tem como exemplos de causas taquiarritmia
sustentada, hipertensão severa, anemia, hipotensão ou choque e
A sequência de fenômenos patológicos associados nas várias espasmo coronariano;
formas de apresentação da síndrome coronariana aguda é
semelhante: obstrução arterial transitória ou permanente de uma ▶ IAM tipo III: morte súbita precedida de sintomas sugestivos de
artéria coronária, determinando alterações no músculo cardíaco isquemia, acompanhada de novas alterações isquêmicas ao ECG
que variam de isquemia e lesão miocárdica a necrose do músculo. ou fibrilação ventricular, mas com óbito antes da coleta de
Dessa forma, pode-se dizer que essa síndrome é a expressão marcadores de lesão miocárdica ou antes do seu aumento poder
clínica da instabilização de uma placa aterosclerótica coronariana. ter sido identificado; o IAM identificado nessas condições na
necrópsia também pertence a este grupo;
O espectro de apresentação clínica, seguindo a intensidade da
isquemia miocárdica em ordem crescente, abrange a AI, o ▶ IAM tipo IV: relacionado a procedimento de revascularização
IAMSSST e o IAMCSST. miocárdica percutânea; é classificado como IVa quando ocorre
em até 48 horas da angioplastia e caracterizado por elevação em
Uma classificação mais recente envolve todo o espectro possível mais de cinco vezes o valor do limite superior da normalidade da
das síndromes coronarianas (infartos) que cursam com necrose troponina utilizada; o tipo IVb é associado a trombose do stent
muscular e as descreve da seguinte forma: desde 24 horas após o procedimento até mais de um ano após; o
tipo IVc é caracterizado pelo infarto determinado por reestenose
▶ IAM tipo I: relacionado a aterotrombose de coronária e ocorre do stent;
por rotura ou erosão da placa; é definido pela elevação acima do
limite superior da normalidade e/ou queda de ao menos um valor ▶ IAM tipo V: relacionado à oclusão de enxerto vascular
de troponina associada a sintomas de isquemia miocárdica aguda, miocárdico ou de artéria nativa após revascularização cirúrgica do
novas alterações isquêmicas ao ECG, surgimento de ondas Q miocárdio, acompanhada da elevação acima de 10 vezes o valor
patológicas, novas alterações de mobilidade da parede do limite superior da troponina utilizada.
18.2 ANGINA INSTÁVEL/INFARTO AGUDO A isquemia que resulta dessa obstrução pode provocar diferentes
graus de lesão tecidual, dependendo da porção da artéria
DO MIOCÁRDIO SEM acometida — obstruções mais proximais tendem a provocar
SUPRADESNIVELAMENTO DE ST maior lesão —, do tamanho e do calibre da artéria, da duração da
obstrução — pode haver lise espontânea ou terapêutica do
18.2.1 Introdução trombo — e da presença de circulação colateral. A essa variação
na intensidade e na duração da isquemia miocárdica está
A expressão clínica da instabilização de uma placa aterosclerótica associada maior ou menor mortalidade.
coronariana é a SCA. A placa pode sofrer rotura ou fissura ou ter o
seu endotélio desnudado. Tais eventos costumam ser mais A proporção de IAMSSST tem aumentado nos últimos anos em
frequentes em placas jovens, com grande quantidade de lipídios virtude da maior sensibilidade dos testes utilizados para seu
(sais de colesterol e células espumosas) e menor quantidade de diagnóstico.
colágeno, fibroblastos e cálcio. Após a instabilização da placa, Figura 18.1 - Artéria coronária com obstrução estável de 70% da luz do vaso por
principal mecanismo de descompensação da SCA, forma-se placa de ateroma
sobre ela o trombo, a partir da agregação plaquetária. Esse
trombo pode ocluir de forma parcial ou completa a luz do vaso, o
que limita a oferta de oxigênio para o tecido miocárdico e, dessa
maneira, determina a síndrome clínica.
Quando a obstrução é completa, a forma de apresentação clínica
é o IAMCSST; quando parcial e na presença de circulação
colateral, ocorre a AI ou o IAMSSST. A diferença crucial entre
estes dois últimos é que a AI se dá sem determinar lesão
muscular miocárdica (quando ocorre morte celular, a alteração
laboratorial é significativa).
Vale lembrar que, ao mesmo tempo que os mecanismos de
trombose são ativados pela instabilização da placa
aterosclerótica pela erosão da sua superfície ou pela sua ruptura,
há ativação dos mecanismos de fibrinólise locais. A resultante do
equilíbrio entre essas forças determina a progressão, a
estabilização ou a regressão da obstrução coronariana, a partir da
formação ou lise do trombo local.
Os sinais, os sintomas e o desfecho da evolução clínica dependem
de vários fatores, como:
▶ Extensão de músculo cardíaco perfundido pela artéria
obstruída;
▶ Gravidade e duração da isquemia miocárdica;
▶ Instabilidade elétrica do miocárdio isquêmico;
▶ Grau e duração da obstrução da artéria coronária;
▶ Presença ou ausência de circulação colateral.
#importante
A caracterização da dor é instrumento
muito sensível para identificar a
síndrome coronariana aguda.
#importante
A característica da dor torácica é o dado
com maior valor preditivo da síndrome
coronariana aguda, embora até 33% não
apresentem dor torácica típica, em
especial diabéticos, mulheres, idosos e
pacientes psiquiátricos.
18.2.3 Classificação
Pacientes que procuram atendimento médico por dor precordial
podem apresentar diferentes graus de instabilização de uma
placa aterosclerótica em diferentes porções das artérias
coronárias. Além disso, pode haver lesões coronarianas únicas ou
múltiplas. Essas variáveis conferem maior ou menor risco na
evolução do paciente com SCA, o que vai determinar a
intensidade do tratamento a ser instituído.
A AI pode ser classificada como de baixo, moderado ou alto risco
de evolução para IAMSSST, choque cardiogênico, morte súbita e
revascularização de emergência, conforme descrito no Quadro
18.2. Há diversos marcadores clínicos de gravidade e, quando
presentes, tais achados refletem doença mais grave — lesões
mais intensas, frequentemente envolvendo porções proximais da
artéria coronária esquerda, com outras lesões concomitantes e,
muitas vezes, disfunção ventricular.
Quadro 18.2 - Classificação de risco para evolução com morte ou infarto (com
supra) em pacientes com infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento
de ST; considera-se o fator que atribui maior risco ao paciente
Quadro 18.3 - Classificação clínica da angina
▶ Uso de Aspirina® nos últimos sete dias;
▶ Alteração de segmento ST — elevação transitória ou depressão
persistente;
▶ Marcadores de isquemia miocárdica positivos;
▶ Mais de dois episódios de angina nas últimas 24 horas.
A presença de até dois fatores de risco classifica o paciente em
baixo risco; três ou quatro, em moderado; cinco ou mais, em alto
risco para AI/IAMSSST.
Figura 18.7 - Artéria coronária com obstrução parcial por fratura e formação de
trombo sobre placa instável
#memorize
Para o tratamento de toda SCA, lembre-se preferível; caso contrário, a angioplastia primária deve ser a
de avaliar a adequação de Morfina, escolha. No entanto, a meta é a angioplastia em 60 minutos para
Oxigênio, Nitrato, AAS, Betabloqueador, os serviços com hemodinâmica e até 90 minutos se houver
Estatina, Clopidogrel, Heparina (MONABE- necessidade de transferência. Após estabilização do paciente, a
CH) naquele paciente:. recomendação do consenso, apesar de fracas evidências para
isso, é de que todos os pacientes sejam submetidos a angiografia
coronariana para estratificação e terapia coronariana
18.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO complementar com stent farmacológico, se necessário.
COM SUPRADESNIVELAMENTO DE ST As alterações eletrocardiográficas evolutivas estão descritas na
Figura 18.10 e o Quadro 18.7 demonstra a correlação entre as
18.3.1 Introdução derivações alteradas, a parede acometida e a artéria coronária
Quando a ruptura da placa aterosclerótica da coronária determina relacionada.
a formação de trombo que a obstrui na sua máxima intensidade Figura 18.10 - Padrão evolutivo do supradesnivelamento do segmento ST no
por tempo suficiente, ocorre o IAMCSST. A história é semelhante infarto agudo do miocárdio no eletrocardiograma
à da AI, exceto pela duração da dor, que é mais prolongada (entre
20 e 30 minutos). O diagnóstico é alcançado por meio de história,
exame físico e ECG, preenchendo os seguintes critérios: elevação
e queda gradual da troponina, elevação e queda rápida da CK-MB,
sintomas isquêmicos, aparecimento de ondas Q no ECG, elevação
do segmento ST maior ou igual a 1 mV em duas derivações
contíguas ao ECG ou bloqueio de ramo direito ou esquerdo
presumivelmente novo ou intervenção coronariana com
angioplastia que evolua com tais características.
O novo consenso europeu propõe algumas mudanças em termos
de metas terapêuticas para o IAMCSST. A meta de tempo de
definição do diagnóstico entre o primeiro contato médico,
realização do ECG e definição do diagnóstico é de 10 minutos.
Antes, a ideia era a realização do ECG em até 10 minutos. Outra
proposta de mudança é o tempo para abertura mecânica da
artéria, definido em até 120 minutos, incluindo o tempo de
transferência para outro serviço, se necessário. Se houver uma
expectativa maior de tempo para angioplastia, a trombólise é
A apresentação eletrocardiográfica do paciente com possível
IAMCSST e BRE sempre dificulta o diagnóstico, pois o BRE pode
ser prévio ou desencadeado pela isquemia aguda. O BRE antigo
geralmente apresenta elevação do segmento ST com onda T
positiva em derivações precordiais direitas com QRS
predominantemente negativos. Para ajudar nessa diferenciação,
Legenda: (A) fase hiperaguda; (B) fase aguda inicial; (C) fase aguda tardia; (D) fase surgiram os critérios de Sgarbossa (Quadro 18.8 e Figura 18.11).
de evolução completa; (E) fase cicatricial. Caso a análise do ECG demonstre pontuação maior que três
pontos, pode-se firmar o diagnóstico. Em pontuações menores,
A localização da parede isquêmica pode ser feita por meio da entretanto, o diagnóstico não pode ser excluído. De qualquer
análise do ECG e permite estimar a artéria coronária acometida, forma, o novo consenso europeu de 2018 sugere que qualquer
conforme indica o Quadro 18.7. bloqueio de ramo (direito ou esquerdo) novo ou presumivelmente
novo seja indicativo de terapia de reperfusão, preferencialmente
Quadro 18.7 - Caracterização do infarto agudo do miocárdio com
supradesnivelamento de ST e a relação parede-coronária acometida
mecânica. No entanto, 50% dos pacientes com dor torácica
aguda e BRE terão outra causa para o bloqueio que não uma SCA.
Quadro 18.8 - Critérios de Sgarbossa
Figura 18.12 - Checklist para avaliação do risco de trombólise
Figura 18.13 - Artéria coronária com obstrução completa da sua luz por fratura e
formação de trombo sobre a placa
Com a avaliação clínica inicial, é possível estratificar os pacientes
quanto à repercussão hemodinâmica do IAM e seu prognóstico,
utilizando-se a classificação clínica de Killip-Kimball (Quadro 18.9).
Outra forma de classificação é a avaliação hemodinâmica
invasiva, por meio do cateter de Swan-Ganz, utilizando-se a
classificação de Forrester (Quadro 18.10), que está em desuso,
pois a utilização de cateter é cada vez menor.
Quadro 18.9 - Classificação clínica de Killip-Kimball do infarto agudo do miocárdio
com supradesnivelamento de ST
18.3.2 Tratamento
Em um paciente que apresenta IAMCSST, a terapia fibrinolítica ▶ Classe I: nível de benefício comprovado por estudos clínicos;
não depende dos resultados dos biomarcadores, e,
preferencialmente, o tratamento do IAM deve ser iniciado já no ▶ Classe IIa: nível de benefício provável demonstrado em estudos
transporte do paciente ao hospital. Fazem parte do tratamento de clínicos;
primeira linha oxigênio, ácido acetilsalicílico, nitroglicerina,
betabloqueador e trombólise farmacológica ou abertura ▶ Classe IIb: nível de benefício possível demonstrado em estudos
mecânica da artéria por angiografia coronariana com stent. clínicos;
Quando este é utilizado, pode-se lançar mão de outros ▶ Classe III: malefício comprovado com medida clínica.
antiagregantes plaquetários antes do procedimento, além do
ácido acetilsalicílico, como o ticagrelor ou o prasugrel. Este último Quadro 18.11 - Drogas indicadas e situações especiais
é contraindicado a pacientes que tiveram evento cerebrovascular
isquêmico no passado. Além desses antiagregantes plaquetários,
o uso de tirofibana, abciximabe ou eptifibatida para o
procedimento angiográfico pode ser associado aos pacientes que
recebem HNF antes do procedimento angiográfico.
A utilização de HNF aos pacientes com IAMCSST está indicada
quando a terapia de reperfusão utilizada é a angiografia com stent
e deve ser iniciada antes do procedimento. A bivalirudina também
pode ser iniciada nesse momento. A anticoagulação deve ser
mantida por ao menos 48 horas após a trombólise e
preferencialmente durante toda a internação até o oitavo dia.
Quando a HNF é utilizada, o tempo de tromboplastina parcial
ativada deve ser mantido no valor de 1,5 a duas vezes o valor
normal. Vale lembrar que o fondaparinux e a enoxaparina podem
ser utilizados em substituição à HNF.
Nos centros onde a angiografia não está disponível ou o tempo de
realização do exame é maior do que 90 minutos, deve-se realizar
a trombólise farmacológica.
Outras drogas são utilizadas em situações especiais, conforme
mostram os quadros a seguir. Os níveis de recomendação da
atitude terapêutica são:
Independentemente do trombolítico utilizado, seu emprego é
fundamental para a melhora da sobrevida, assim como para
prevenção da disfunção ventricular em longo prazo. O tempo hábil
de trombólise é de até 12 horas, com maior benefício quando no
início desse período, principalmente até a terceira hora. A droga
mais utilizada é a estreptoquinase, na dose de 1.500.000 UI, em
30 minutos (Quadro 18.12). A existência de qualquer
contraindicação absoluta para trombólise exclui essa terapia ao
paciente. A associação do clopidogrel ao ácido acetilsalicílico é
mandatória quando a terapêutica de trombólise é a escolha.
Quadro 18.12 - Trombolíticos disponíveis e resultado de patência arterial (TIMI 2 ou
3) após 90 minutos da infusão
▶ Patologias de sistema nervoso central não descritas nas
contraindicações absolutas, assim como outros antecedentes
cerebrovasculares;
▶ Uso corrente de terapia anticoagulante (INR maior ou igual a 2 a
3) ou conhecida diátese hemorrágica;
▶ Trauma recente, incluindo trauma cranioencefálico (em duas a
quatro semanas);
Caso haja contraindicações relativas ao uso do trombolítico, a
decisão de aplicar a droga deve ser definida caso a caso. ▶ RCP prolongado (mais que 10 minutos);
São contraindicações absolutas à trombólise: ▶ Procedimentos cirúrgicos de grande porte dentro das três
últimas semanas;
▶ Episódio pregresso de hemorragia intracraniana (em qualquer
época da vida); ▶ Punções de vasos sanguíneos não passíveis de compressão;
▶ Acidente vascular cerebral isquêmico nos últimos 12 meses; ▶ Sangramentos internos dentro das últimas duas a quatro
semanas;
▶ Neoplasia intracraniana conhecida;
▶ Gestação;
▶ Suspeita diagnóstica de dissecção aguda de aorta;
▶ Úlcera péptica ativa;
▶ Sangramento interno ativo (exceto menstruação);
▶ Em caso de uso de estreptoquinase: prévia exposição (em
▶ Cirurgia intracraniana ou intraespinal nos últimos dois meses. período compreendido após os primeiros cinco dias até dois anos)
São contraindicações relativas à trombólise: ou manifestação alérgica ao fibrinolítico em uso anterior.
▶ Redução da expectativa de vida (coma, sepse, neoplasia); Os efeitos colaterais mais frequentes na trombólise são
hipotensão arterial, reação alérgica cutânea e choque anafilático.
▶ Hipertensão acentuada à apresentação (PA acima de 180x110 É importante lembrar que a alteplase e a tenecteplase não
mmHg) e não controlada; induzem à formação de anticorpos, portanto não estão
associadas a fenômenos alérgicos, mais característicos da
▶ Histórico de hipertensão arterial sistêmica acentuada; estreptoquinase. A hipotensão é tratada com diminuição do
volume e da velocidade de infusão da droga. As outras
complicações determinam a suspensão da droga e o tratamento
angiográfico de resgate, se disponível. A heparinização posterior
não é necessária após o uso de estreptoquinase, mas é
recomendada após a trombólise com os demais agentes
fibrinoespecíficos. Apesar de estudos demonstrarem benefício
no seu uso associado à trombólise, ainda não representam
consenso.
Outro trombolítico utilizado é o rt-PA, cujo efeito trombolítico
permanece por 2 a 3 horas, sendo necessária a heparinização por
24 horas. Na vigência de complicações hemorrágicas após a
trombólise, a estabilização do sangramento pode ser obtida com
plasma fresco e crioprecipitado.
Podem ser observados alguns sinais indiretos de reperfusão
coronariana: arritmias de reperfusão (ritmo idioventricular e
extrassístoles ventriculares), melhora da dor, redução do
supradesnivelamento em mais de 50% da sua intensidade após
90 minutos do início da trombólise e pico precoce de enzimas Fonte: adaptado de Síndrome Coronariana Aguda: uma revisão, 2012.
cardíacas (Figura 18.14). O critério mais importante e que deve ser
considerado para indicação de angioplastia de resgate é quando O tempo porta-balão não deve exceder 90 minutos, e o tempo
não há redução do supradesnivelamento do segmento ST em porta-agulha, para aqueles que serão submetidos à fibrinólise,
mais de 50%. deve idealmente ser de, no máximo, 30 minutos. Novos estudos
Figura 18.14 - Curvas de troponina e CK-MB em condições clínicas quando ocorre
estão sugerindo tempo porta-balão de 60 minutos.
e não ocorre reperfusão miocárdica
A angioplastia primária é potencialmente superior à terapia
trombolítica na restauração da patência miocárdica. Os pacientes
apresentam menor isquemia recorrente e menores taxas de
reintervenção e reinternação hospitalar em relação ao uso de
trombolíticos. No entanto, a maior crítica a tal procedimento são
as dificuldades em obtê-lo e a necessidade de operadores
experientes.
A angioplastia determina dilatação da obstrução trombótica
associada à aplicação de stent para evitar a reoclusão da lesão.
Os stents podem ser revestidos ou não revestidos por
componentes farmacológicos, geralmente com everolimo, para
reduzir estenose da lesão após o stent.
A cirurgia cardíaca na fase aguda é reservada para situações
como complicações na angioplastia, complicações mecânicas,
dor persistente e/ou pacientes instáveis hemodinamicamente e
com coronárias suscetíveis de sofrerem revascularização.
Quadro 18.13 - Angioplastia primária
Qual é o grande
diferencial fisiopatológico
do infarto com
deve passar por uma análise pedagógica do currículo e histórico
escolar.
UEPA | 2020
Em relação à síndrome coronariana aguda, é correto afirmar que:
a) quando a obstrução da luz coronária é parcial, mas grave
suficiente para levar à morte de cardiomiócitos por isquemia
miocárdica e elevação de marcadores de necrose miocárdica a
condição é chamada de infarto agudo do miocárdio com supra
desnivelamento de segmento ST.
b) o eletrocardiograma (ECG) pode não apresentar qualquer
alteração em 50% dos casos de síndrome coronariana aguda sem
Universidade do Estado do Pará supra desnivelamento do segmento ST.
Para a Revalidação do Diploma de Medicina pela UEPA, é preciso c) os marcadores de necrose miocárdica de eleição nos dias de
passar por quatro fases. A primeira consiste na apresentação de hoje são a CPK, a CK-MB e a Troponina, sendo a CPK a mais
documentos. Em seguida, é preciso realizar uma prova teórica em específi ca para o músculo cardíaco, podendo dar o diagnóstico
duas etapas, sendo a primeira com 100 questões objetivas, com de infarto quando analisada isoladamente.
cinco alternativas cada, e a segunda com cinco questões
dissertativas. As perguntas geralmente envolvem conceitos nas d) a alteração mais precoce que ocorre no eletrocardiograma de
áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Medicina de Família e Saúde um paciente com síndrome coronariana aguda com elevação do
Pública. segmento ST é o aparecimento de onda Q patológica.
Na terceira fase há uma prova de habilidades clínicas, realizada e) a Intervenção Coronariana Percutânea (ICP) facilitada é aquela
por uma banca examinadora. São dez estações sucessivas, em realizada em até 180 minutos após o fibrinolítico e constitui-se na
que os candidatos deverão realizar tarefas em situações melhor opção para obtenção da reperfusão coronariana.
simuladas, envolvendo anamnese, exame físico, interpretação de Gabarito: b
exames complementares, formulação de hipóteses diagnósticas,
plano terapêutico, demonstração de procedimentos médicos, Comentários:
orientações diagnósticas, orientação a pacientes e familiares e
relação médico-paciente. Por fim, na última fase, o candidato a) O infarto com supra de segmento ST é determinado pela
oclusão total da artéria acometida.
b) De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio
sem Supradesnível do Segmento ST de 2021, “Mais de um terço
dos pacientes apresentam alterações características de SCA
como depressão do segmento ST, elevação transitória de
segmento ST e inversão de onda T.”
c) O biomarcador de escolha para diagnóstico de infarto é a
troponina. O CKMB deve ser utilizado apenas na ausência da
troponina e para diagnóstico de reinfarto.
d) A onda Q patológica é alteração tardia da evolução do infarto,
determinando uma área elétrica inativa, ou seja, infarto antigo.
e) A ICP facilitada é aquela realizada em até duas horas da infusão
do fibrinolítico.