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INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
PATOGENIA E FISIOPATOLOGIA
A maioria dos infartos é causada por uma oclusão aguda de uma artéria
coronária epicárdica. As três artérias coronárias epicárdicas principais (Descendente
Anterior, Circunflexa e Coronária Direita) possuem freqüência semelhante de
acometimento, cada uma responsável por cerca de um terço dos casos. A oclusão do tronco
da coronária esquerda, entidade quase sempre fatal, responde por pelo menos de 5% dos
casos de Infarto Agudo do Miocárdio, enquanto que em cerca de 5 a 10% dos casos de
Infarto Agudo do Miocárdio a coronariografia é normal.
Sabemos que o uso de inibidores da ECA nas primeiras semanas do infarto agudo
do miocárdio, principalmente no infarto agudo do miocárdio anterior, melhora
significativamente a morbimortalidade. Essas drogas agem inibindo o fenômeno de
expansão do infarto (“remodelamento”), cortando o efeito direto da Angiotensina II sobre
o miocárdio e reduzindo a pós-carga. Em contra-partida, o uso de corticosteróides ou de
AINE nas primeiras semanas do infarto agudo do miocárdio deve ser evitado. Essas drogas
são deletérias à cicatrização do infarto, induzindo à sua expansão.
QUADRO CLÍNICO
Cerca de 40 a 60% dos pacientes referem um fator desencadeante, tal como estresse
físico ou emocional ou uma grande refeição. O infarto agudo do miocárdio tem
periodicidade circadiana, ou seja, existe um momento do dia, geralmente entre 6 horas e 12
horas (período matinal), com maior incidência do evento. Em cerca de 1/3 dos casos existe
um pródromo caracterizado por desconforto ou em repouso, porém, não estimulando o
paciente a procurar o médico, ou, se o faz, pode ser liberado para casa devido a um
eletrocardiograma inocente. Às vezes, apenas uma sensação de mal-estar indefinido ou uma
sensação de exaustão antecedem o infarto agudo do miocárdio. O pródromo pode iniciar-se
24 horas a 4 semanas antes do infarto agudo do miocárdio.
CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA
Fase Hiperaguda: Esta fase ocorre nas primeiras horas, onde acontece
um supradesnivelamento do segmento ST proeminente, com onda T positiva, promovendo
um formato retificado ou côncavo do ST-T.
A onda R pode aumentar sua amplitude, e a onda Q patológica de inatividade
elétrica (infarto) ainda não apareceu.
Fase Subaguda: Ocorre nas primeiras horas até 4 semanas. A onda T
começa a negativar-se, modificando o formato do segmento ST, que passa a ter a forma de
abóbada (convexo). A onda R começa a reduzir sua amplitude, podendo mesmo desaparecer
e aparece a onda Q patológica. A onda Q significa inatividade elétrica transmural; quando
se torna crônica, significa necrose transmural. Geralmente, a onda Q patológica possui uma
largura maior que 40 ms (milisegundos), isto é, 1 “quadradinho” do traçado de
eletrocardiograma, e uma amplitude maior do que 0,2mV (milivolts) (2milímetros).
Fase Crônica ou Infarto Antigo: Ocorre após 2 a 6 semanas, onde o
supradesnivelamento do segmento ST desaparece, permanecendo a onda Q patológica,
marcando a “seqüela” do infarto miocárdico. Neste caso, a onda Q representa uma área de
necrose ou fibrose miocárdica. As alterações na onda T também podem permanecer.
TRATAMENTO
Existe uma “regra” que pode ajudar nessa decisão: se o quadro clínico teve início
até 3 horas, a conduta deve seguir um operação matemática. Devemos diminuir o tempo
esperado para “porta-balão” do tempo esperado para “porta-agulha”. Se o resultado
for menor que 1 hora, a angioplastia deve ser preferida. Se o resultado for maior que 1
hora, o trombolítico deve ser o preferido.
Trombolíticos: Os trombolíticos mais utilizados em nosso meio são a
estreptoquinase e o rt-PA.
A redução da mortalidade é de quase 30% se a droga for administrada até a 1ª
hora. Cai para 23%, se iniciada entre 1 e 3 horas; 16%, se entre 3 a 6 horas e 13%, se
entre 6 a 12 horas. O intervalo de tempo entre o início da dor e a aplicação do trombolítico
é denominado delta-T.
Por causa disso, heparinas mais fáceis de usar (baixo peso molecular) têm sido
extensamente estudadas, e nos dias de hoje já consolidaram uma posição de destaque! A
última edição do Braunwald (2008) afirma que a enoxaparina atualmente é a heparina
de escolha para os pacientes submetidos à trombólise!
Não só é possível administrá-la pela via subcutânea (porque tem maior
biodisponibilidade) como também não precisamos ficar dosando o TTPa, pois o seu efeito é
extremamente previsível.
Entretanto, o principal motivo para esta nova recomendação é, que a enoxaparina
(Clexane ®) foi comparada, em estudos clínicos, com a Heparina Não-Fracionada (HNF)
(Orgaran ®), no tratamento do infarto agudo do miocárdio, e mostrou ser claramente
superior.
OBS: - Procainamida:
Ação eletrofisiológica: Análogo do anestésico procaína. Possui efeitos
eletrofisiológicos semelhantes a quinidina, não possuindo, no entanto, a ação vagolítica e
alfa bloqueadora deste fármaco. O uso endovenoso é tolerado melhor que a quinidina,
podendo ser usado para arritmias supraventriculares e ventriculares. O uso oral crônico é
pouco tolerado devido a efeitos adversos, além de ser de posologia inconveniente
necessitando 3 a 8 tomadas diárias devido sua rápida eliminação (meia-vida = 3 a 4 horas),
por via renal (inalterado) e hepática [formação de N-acetil procainamida (NAPA)].
A procainamida é um bloqueador dos canais abertos de sódio, com uma
constante de tempo de recuperação do bloqueio intermediária. Também prolonga o tempo
do potencial de ação provavelmente por bloquear o efluxo de K +. A procainamida diminui o
automatismo, aumenta o período refratário e diminui a condução. Seu principal metabólito
é o N-acetil procainamida (NAPA). Este metabólito não possui a ação bloqueadora dos
canais de Na+, no entanto, possui ação eqüipotente no prolongamento do potencial de ação.
Como a concentração plasmática do metabólito geralmente é maior que a da própria
procainamida o aumento da refratariedade e prolongamento do QT durante o uso crônico
são atribuíveis pelo menos em parte ao NAPA. Contudo é a procainamida que reduz a
condutância e prolonga o QRS. Hipotensão pode ocorrer em altas doses, devido bloqueio
ganglionar. O efeito inotrópico negativo é mínimo.
Efeitos adversos: Hipotensão e redução marcante da condutância são os
efeitos adversos mais importantes. Ocorre em especial no uso endovenoso, em
concentrações plasmáticas altas (>10g/ml). Náuseas são freqüentes durante a terapia oral,
sendo dose dependente e atribuível ao NAPA. Torsade de pointes pode ocorrer
especialmente com níveis séricos de NAPA acima de 30g/ ml. Aplasia medular fatal pode
ocorrer numa incidência de 0,2%, sendo o mecanismo desconhecido e dose independente.
No uso crônico, a maioria dos pacientes apresenta formação de anticorpos antinucleares. De
25 a 50% vão apresentar sintomas da síndrome lupus like, com rash e artralgia de pequenas
articulações. Outras manifestações podem ocorrer como pericardite com tamponamento
cardíaco. O envolvimento renal não é usual.
O paciente que evolui para fibrilação ventricular nas primeiras 48 horas deve ser
desfibrilado e, em seguida, feito ataque e infusão contínua de lidocaína na dose de 1 a 4mg/
minuto, por 48 a 72 horas, está indicado um antiarrítmico a longo prazo (ex.: amiodarona,
400mg/ dia) e estudo eletrofisiológico após a alta, indicando-se o implante definitivo de um
cardiodesfibrilador automático.
Aqui, o Bloqueio AV de 1º
quer dizer um alentecimento da condução pelo fascículo não acometido no bloqueio
bifascicular.
1. Balão intra-aórtico.
2. Angioplastia primária.
Complicações Mecânicas:
Pacientes que evoluem sem complicações: O paciente que evolui nos dias pós-
infarto agudo do miocárdio, em Killip I, sem complicações isquêmicas (angina pós-infarto
agudo do miocárdio), ou arritmias graves (Taquicardia Ventricular, Fibrilação Ventricular,
Bloqueio AV Total, Bloqueio de Ramo), apresenta uma mortalidade hospitalar < 3% e
devem ser considerados, a princípio, pacientes de baixo risco. A conduta para estes
pacientes é permanecer pelo menos 3 dias na Unidade Coronariana e ter alta hospitalar
após 5 a 7 dias, depois da realização de um teste ergométrico com esforço sub-máximo. na
Unidade Coronariana, a partir do 2º dia, já podem sentar no leito sem supervisão.
Quanto maior for o risco, mais o AAS, o inibidor da ECA e o -bloqueador irão
contribuir para diminuir a mortalidade do paciente a médio e longos prazos. Os inibidores
da ECA têm efeito no remodelamento ventricular, enquanto que o -bloqueador
possui um comprovado efeito anti-arrítmico e cardioprotetor.
A função ventricular deve ser mensurada no ecocardiograma em todos os pacientes.
Considera-se de maior risco aqueles que permanecem com FE < 40% e principalmente os
que apresentam sinais e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Quanto menor a FE
e quanto pior a classe funcional NYHA, maior a mortalidade anual.
A presença de isquemia residual é um importante preditor de novos eventos graves
(como novo Infarto Agudo do Miocárdio) e mortalidade. A revascularização miocárdica,
seja por angioplastia, seja por cirurgia, reduz a morbimortalidade desses pacientes. Os
critérios de escolha do método de revascularização (angioplastia ou cirurgia) são os
mesmos da angina estável.
Os pacientes com FE < 35% devem ser submetidos a um Eletrocardiograma-Holter,
para avaliar a presença de Taquicardia Ventricular Não-Sustentada. Se presente, estes
pacientes devem ser avaliados para a colocação de um cardiodesfibrilador implantável, de
acordo com dados de estudo MADIT e MUSTT, pelo alto risco de morte súbita que estes
pacientes apresentam (prevenção primária de morte súbita).