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ELETROCARDIOGRAMA – 3.0
1. Taquiarritmias............................................................... 3
2. Taquiarritmias supraventriculares (TSV)............ 6
3. Taquicardia atrial (TA)............................................... 7
4. Flutter Atrial (FLA) e Fibrilação Atrial (FA)......... 9
5. Taquicardia paroxística supraventricular
(TPSV)................................................................................13
6. Taquicardia com QRS alargado...........................16
7. Taquiarritmias ventriculares (TV)........................19
8. Fibrilação ventricular................................................26
Figura 1. A reentrada pode ser macrorreentrada (1, 3 e 4) ou microrreentrada (2). Fonte: ECG: manual prático de ele-
trocardiograma, Ed. Atheneu, São Paulo, 2013
Nem toda arritmia é patológica ou também podem surgir por fatores ex-
perigosa. Entretanto, muitas arritmias ternos, como cafeína, bebidas alco-
podem ser perigosas, necessitando ólicas, energéticos, cigarro, drogas e
de intervenção para prevenir morte estresse.
súbita. São inúmeros os fatores dire- As taquiarritmias podem ser reco-
tamente relacionados à fisiopatologia nhecidas ou suspeitadas ao exame
das arritmias, como doenças arteriais clínico pelos sintomas relatados pelo
coronárias, miocardiopatias, valvopa- paciente e pelos sinais, com pulso
tias, alterações eletrolíticas, miocar- radial, pulso venoso e achados da
dites, doenças infiltrativas, pós-cirur- ausculta. As manifestações clínicas
gia cardíaca ou mesmo por causas das taquiarritmias correspondem a
congênitas. Além disso, as arritmias
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TAQUICARDIAS VENTRICULARES
VENTRÍCULO
Extrassístoles ventriculares
Taquicardia ventricular monomórfica
Taquicardia ventricular polimórfica
Fibrilação ventricular
Figura 2. ECG mostrando taquicardia sinusal a uma FC de 150 bpm. É possível observar a di-
ficuldade de separar as ondas P das ondas T nas derivações padrão. As ondas P são mais evi-
dentes na derivação V1 (seta). DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.com/contents/ima-
ge?imageKey=CARD%2F78938&topicKey=CARD%2F1074&search=taquicardia%20
sinus&rank=1~150&source=see_link
SAIBA MAIS!
Há ainda uma condição chamada de Síndrome da taquicardia ortostática postural que
acontece, principalmente, com mulheres jovens, na qual desenvolvem palpitações, fadiga e
tontura ao adquirir a posição em pé. Os critérios são aumento da FC ≥ 30bpm, com ausência
de hipotensão postural (queda ≥ 20 mmHg). A taquicardia é apenas um dos sinais de um
distúrbio de regulação autonômica.
SAIBA MAIS!
Sempre que nos depararmos com uma TA associada a um BAV, devemos pensar na hipótese
de intoxicação digital.
Admite BAV
FC entre 100 e 130 (atriais até 300bpm)
Caracteriza-se por:
• Frequência atrial muito alta, entre
250 a 330 bpm
• FC em torno de 150 bpm
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Figura 6. ECG de flutter atrial típico no sentido anti-horário, mostrando ondas F negativas nas de-
rivações DII, DIII e aVF e positivas em V1. DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.com/con-
tents/image?imageKey=CARD%2F89571&topicKey=CARD%2F1048&search=taquycardias%20
supraventriculares&source=see_link
SAIBA MAIS!
A diferenciação de Flutter Atrial típico e atípico vai possuir implicações úteis na definição do
tratamento. Quanto às manifestações clínicas são semelhantes, assim como também da fi-
brilação atrial.
Figura 9. ECG mostrando fibrilação atrial com achados característicos: (1) presença de on-
das fibrilares atriais rápida (ondas F) e resposta ventricular irregularmente irregular, com interva-
lo RR imprevisível. A diferença para um Flutter Atrial é que no FLA a altura e a duração variáveis das on-
das F são idênticas e ocorrem a uma taxa de 250 a 350 bpm. DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.
com/contents/image?imageKey=CARD%2F73958&topicKey=CARD%2F1014&search=taquycardias%20
supraventriculares&source=see_link
SAIBA MAIS!
A transformação da FA em FLA é um achado não raro em pacientes que se submetem ao
Holter de 24 horas. Essa observação pode ser indicativa de efeito benéfico de um fármaco
antiarrítmico sobre o circuito arritmogênico. Neste caso, o prolongamento do período refratá-
rio atrial pode reduzir os circuitos reentrantes responsáveis pela FA, tornando-os mais organi-
zados, próximos, portanto, de se extinguirem. Aliás é comum a observação da transformação
segundos antes do paciente retornar ao ritmo sinusal.
Admite BAV
Taquicardia por reentrada nodal
(TRN)
Se caracteriza por um ritmo absoluta-
mente regular e é o tipo mais comum
de TPSV (cerca de 70% dos casos).
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SIM
SIM NÃO
NÃO SIM
TRN
TAF
TRN típica TAF
TRAV TRN atípica
ortodrômica
Figura 11. Taquicardia ventricular com dissociação atrioventricular (AV). Observam-se taquicardia com QRS largo e
ondas P sinusais dissociadas, bem evidentes em D2. A frequência ventricular é de 200 bpm e a frequência atrial é de
105 bpm. Reversão ao ritmo sinusal após a metade do traçado; o QRS continua alargado, mas a morfologia de D2 é
completamente diferente na linha contínua (D2 longo). DISPONÍVEL EM: http://files.bvs.br/upload/S/1413-9979/2014/
v19n2/a4146.pdf
SAIBA MAIS!
Caso com a aplicação dos critérios anteriores não seja possível a determinação do território
da taquiarritmia de QRS longo, é possível ainda aplicar alguns algoritmos, dentre eles os cri-
térios de Brugada. Esse algoritmo é diagnóstico para taquicardia ventricular.
Critérios de Brugada:
• Ausência de RS em precordiais? SIM? TV/ NÃO? próxima pergunta
• RS > 0,1s? SIM? TV/ NÃO? próxima pergunta
• Há dissociação AV? SIM? TV/ NÃO? próxima pergunta
• Critérios morfológicos de V1 e V6 sugestivos de TV ou TSV, pela relação R/S
Extrassístoles
Dissociação AV? SIM
ventriculares (EV)
NÃO
Também denominadas de
Critérios morfológicos de V1 a V6 complexos ventriculares pre-
SIM
sugestivos de TV? maturos, correspondendo a
NÃO um batimento precoce em
TSV TV
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relação ao ciclo cardíaco normal. Pode Ocorrem devido aos três mecanismos
ser causado por fibrose, aneurisma, deflagradores das arritmias citados
bloqueio de ramo, distúrbios eletro- anteriormente: reentrada, atividade
líticos, intoxicação medicamentosa, deflagrada ou automatismo. A reen-
síndrome do QT longo, catecolaminas trada é o mecanismo mais frequente,
e isquemia. As extrassístoles ventri- geralmente relacionada a fibrose, ci-
culares são batimentos aberrantes catriz, aneurisma, bloqueio de ramo
com morfologia, duração e eixo dife- etc. A atividade deflagrada está co-
rente dos batimentos sinusais. Pode mumente relacionada a distúrbios
apresentar: eletrolíticos, intoxicação medicamen-
tosa e síndrome do QT longo. O au-
• QRS e onda T com polaridades
tomatismo é favorecido pelas cate-
opostas
colaminas ou por isquemia, sendo
• Pausa pós-extrassistólica mecanismo frequente das extrassís-
toles do coração normal.
Figura 12. Extrassístole isolada (seta) com intervalo compensatório prolongado antes do próximo batimento. DISPO-
NÍVEL EM: https://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/extrassistoles-ventriculares.html
SAIBA MAIS!
Extrassístoles isoladas são comuns em corações normais e raramente requerem tratamento.
Quando isoladas diante de um infarto agudo do miocárdio são mais perigosas, porque podem
desencadear uma taquicardia ventricular (TV) ou fibrilação ventricular (FV), que são, ambas,
arritmias potencialmente fatais.
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SAIBA MAIS!
A TV sustentada é uma emergência necessitando de uma intervenção imediata
Figura 14. Uma taquicardia ventricular rápida, com taxas geralmente acima de 240 batimen-
tos por minuto, é característica do flutter ventricular, com complexos QRS predominantemente mono-
mórficos e ausência de atividade atrial (ondas P). DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.com/con-
tents/image?imageKey=CARD%2F65800&topicKey=CARD%2F2119&search=torsade%20de%20
pointes&source=outline_link&selectedTitle=6~150
SAIBA MAIS!
A taquicardia bidirecional trata-se de uma taquicardia que ao conduzir para o ventrículo se
encontra com BRD (raramente BRE) e alternadamente, bloqueio das divisões anterossupe-
rior e posteroinferior, gerando um batimento com QRS positivo, seguido por QRS negativo e
assim sucessivamente (aspecto bidirecional). Esta arritmia ocorre em quadros de intoxicação
digital, doença miocárdica grave e taquicardia catecolaminérgica familiar.
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TV POLIMÓRFICA
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR
Ausência de ondas R ou T
SAIBA MAIS!
A Cardioversão Elétrica (CVE) e a Desfibrilação são intervenções diferentes.
Os dois são feitos por meio do desfibrilador, porém são aplicados em situações diferentes. A
desfibrilação consiste em um choque não sincronizado em carga máxima, administrada
em pacientes com ritmo elétrico desorganizado na ausência de pulso, como em TV e FV.
A cardioversão elétrica consiste na administração de um choque de forma sincronizada ou
dessincronizada, com carga elétrica variável em pacientes instáveis (ou seja, com pulso)
ou estáveis refratários as medidas farmacológicas. As taquicardias instáveis devem ser re-
vertidas da forma mais rápida possível com a CVE! Em situações onde a taquiarritmia não
leva aos sinais de instabilidade hemodinâmica descritos anteriormente, dizemos que estamos
diante de uma taquiarritmia com estabilidade. Neste caso, haverá tempo para avaliar o ritmo
e decidir opções de tratamento direcionadas para cada tipo de arritmia.
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FC > 100 bpm FIBRILAÇÃO ATRIAL QRS e onda T com polaridades opostas
FC entre 100 e F. Atriais até 300 bpm Intervalos RR regulares Surtos de alta
130 bpm frequência
Onda P não sinusal Intervalo PR irregular TAQUICARDIA POR REENTRADA AV QRS > 0,12 s QRS com morfologia
variada
FC entre 120 e Torsade de pointes (QRS com
Onda P com 3 morfologias diferentes 220 bpm F. Atriais > 300 bpm
inversão progressiva de polaridade)
SAIBA MAIS!
Com frequência, os idosos, diabéticos e mulheres se apresentam com quadro atípico, po-
dendo se apresentar, por exemplo, somente com um quadro de dispneia ou com um infarto
“silencioso”, sem nenhuma manifestação evidente.
Zona de isquemia
Zona de injúria
Zona de necrose
D2
D3
aVF
Imagem em espelho
Parede lateral alta esquerda
Figura 18. Ilustração dos três estágios possíveis no Representada pelas derivações D1 e
infarto do miocárdio com a representação eletrocardio- aVL
gráfica mais comuns de cada estágio e ainda a imagem
em espelho que pode ocorrer, como vamos explicar
mais a frente. Fonte: http://www3.telus.net/emergency/ D1
mi/zones.htm
aVL
SE LIGA! Embora o infarto possua es-
ses três estágios de evolução, uma des-
sas alterações pode estar presente sem
qualquer uma das outras.
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Parede septal
Representada pelas derivações V1 e
V2
V5 V6
V1 V2
Parede posterior
Representada pelas derivações V7 e
V8
Parede anterior
Representada pelas derivações V3 e
V4
V8 V7
V3
Parede ântero-septal
V4 Representada pelas derivações V2 e
V3. Como V2 e V3 são componen-
tes que são adjacentes e pertencen-
tes à parede septal e anterior, res-
Parede lateral ou lateral baixa pectivamente, são obrigatórias para
compor a parede ântero-septal. É
Representada pelas derivações V5 e
possível ainda acometer V1 e/ou V4,
V6
devendo estar descrito no achado
eletrocardiográfico.
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V3
V4
Parede ântero-lateral V3
SAIBA MAIS!
Pacientes que já apresentam uma onda T invertida, anteriormente ao processo isquêmico,
pode levá-las a retornar ao padrão positivo normal, um fenômeno chamado de pseudonor-
malização. Apenas um ECG anterior, em comparação ao atual, pode ser capaz de diagnosti-
car esse padrão.
Apiculada Apiculada
Simétrica Simétrica
Figura 29. IAM com supradesnivelamento do segmento ST de parede ântero-lateral (V1 a V5). DISPONÍVEL EM:
https://pebmed.com.br/sindrome-coronariana-com-supra-st-como-avaliar-o-eletrocardiograma/
Figura 30. Infradesnivelamento do segmento ST de paredes ântero-septal (V2 a V4), lateral (V5 e V6) e lateral alta (DI
e aVL). DISPONÍVEL EM: http://ecg.med.br/caca-eletro.asp
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Figura 31. Supra de ST em parede inferior (DII, DIII e aVF) e parede lateral (V5 e V6)
com imagem em espelho em aVL e V1 a V3. DISPONÍVEL EM: https://cardiopapers.
com.br/infarto-com-supra-de-st-o-que-e-a-imagem-em-espelho/
SAIBA MAIS!
Nem toda elevação do ST é patológica, como ocorre na elevação do ponto J. Esse tipo de
elevação pode ocorrer em indivíduos normais, sendo que esse ponto pode retornar à norma-
lidade durante exercícios físicos.
* O ponto J é o ponto que termina o complexo QRS e dá-se início ao segmento ST.
Figura 33. Infradesnivelamento descendente dos segmentos ST de V4 a V6, D1, D2, D3 e aVF. DISPONÍVEL EM:
ECG: Manual Prático de Eletrocardiograma. São Paulo, 2013
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Em 2 ou mais derivações
específicos, os critérios de Sgarbossa.
Esses critérios estão descritos abaixo.
Associação de infarto com • Elevação do segmento ST ≥ 1 mm
bloqueios de ramo em concordância com o QRS/T em
Habitualmente, a presença de blo- qualquer derivação
queio de ramo direito (BRD) não im- • Elevação do segmento ST ≥ 5 mm
pede o reconhecimento de infarto em discordância com o QRS/T em
do miocárdio associado. Já o BRE, qualquer derivação
quando novo, sugere fortemente a
presença de IAM, porém sua identi- • Depressão do segmento ST ≥
ficação exigirá aplicação de critérios 1mm em V1, V2 e V3
Figura 34. Critérios de Sgarbossa para identificação de IAM em BRE. ADAPTADO DE: https://pebmed.com.br/
iam-bre-o-que-mudou-nos-ultimos-anos/
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Figura 35. Presença de zona eletricamente inativa em paredes anterosseptal (V2 e V3) e lateral alta (D1 e aVL). DIS-
PONÍVEL EM: https://cardiopapers.com.br/curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-inativas/
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SE LIGA! Para o diagnóstico deve-se ter Figura 36. Complexo QR com onda Q patológica pelos
a presença do critério de duração mais critérios. DISPONÍVEL EM: https://cardiopapers.com.br/
um dos dois citados. curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-i-
nativas/
SAIBA MAIS!
Em corações normais, pequenas ondas Q podem ser visualizadas nas derivações laterais es-
querdas (D1, aVL, V5 e V6) e, ocasionalmente, nas derivações inferiores (especialmente D2 e
D3) decorrente de uma despolarização precoce do septo interventricular (da esquerda-direita).
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Figura 37. Zona inativa em parede inferior (D2, D3 e aVF). DISPONÍVEL EM: https://cardiopapers.com.br/
curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-inativas/
+
Q com amplitude
Q com profundidade
≥ 1 mm
ou de pelo menos 1/3
do QRS
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Ele-
trocardiográfica. Volume 106, Nº 4, Supl. 1, Abril, 2016
Reis, H.J., Guimarães, H.P., Zazula, A.D. et. al. ECG: Manual Prático de Eletrocardiograma.
São Paulo, 2013
Thaler, M.S. ECG essencial, eletrocardiograma na prática médica, 7ª Edição. Porto Alegre,
2013.
Homoud, M.K. Sinus tachycardia: Evaluation and management. Uptodate, 2020.
Viana MA, Quinteiro TL. 101 Desafios em Eletrocardiograma. 1. ed. Salvador: Sanar, 2019.
Kistler, P. Focal atrial tachycardia. Uptodate, 2020.
Phang, R., Prutkin, J.M., Ganz, L.I. Overview of atrial flutter. Uptodate, 2019. Atualizado em:
Mar 2020
Kumar, K. Overview of atrial fibrillation. Uptodate, 2020.
Olshansky, B. The electrocardiogram in atrial fibrillation. Uptodate, 2019. Atualizado em: Mar
2020
Prutkin, J.M., ECG tutorial: Ventricular arrhythmias. Uptade, 2019. Atualizado em: Mar 2020.
Trindade, P.D. Infarto Agudo do Miocardio. Maio, 2019
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