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1) Introdução
• Em repouso, o ritmo cardíaco é de 60 a 100 bpm.
• O ritmo cardíaco habitual é chamado de ritmo sinusal, pois se origina do nó sinoatrial.
• O termo arritmia se refere a qualquer distúrbio no impulso elétrico cardíaco referentes a:
o Frequência
o Regularidade
o Local de origem
o Condução
• Uma arritmia pode ser um evento isolado ou um distúrbio contínuo que pode persistir por toda a vida do
paciente.
• ATENÇÃO! Nem toda arritmia é patológica! Por exemplo, batimentos anormais isolados, que se
originam em focos ectópicos, são frequentes e ocorrem na maioria dos indivíduos saudáveis.
• ATENÇÃO! Atualmente, o ECG é o único e o melhor método para diagnóstico de arritmias, podendo
ser utilizado, inclusive, para prever a ocorrência de uma arritmia e instituir uma intervenção precoce no
quadro.
• O quadro clínico das arritmias consiste em:
o Palpitações – conscientização dos batimentos cardíacos (acelerações ou desacelerações
intermitentes)
o Tontura e síncope – sintomas de baixo débito cardíaco
o Angina – causada pelo aumento das demandas de oxigênio do miocárdico devido a arritmias
rápidas.
o Morte súbita – frequente em pacientes com IAM que sofrem uma arritmia
• Os principais fatores arritmogênicos podem ser lembrados pelo mnemônico HIS DEBE
o Hipóxia: leva a irritação miocárdica
o Isquemia e Irritabilidade – miocardite, angina, IAM
o Simpático – o aumento do tônus desse sistema (hipertireoidismo, ICC, nervosismo) pode levar a
ocorrência de arritmias.
o D (fármacos) – fármacos, inclusive os antiarritmogênicos, podem levar a arritmias
o Eletrólitos – hipocalemia, distúrbios do cálcio e magnésio
o Bradicardia – autoexplicativo
o Estiramento: a dilatação e hipertrofia, as quais podem ser causadas por doenças valvulares ou
ICC, podem produzir arritmias
I Módulo 701 – Arritmias no ECG I Thiago Almeida Hurtado
2) Registro de ritmos no ECG
1) Princípios Básicos
• Quando se suspeita de uma arritmia, deve-se realizar um registro mais longo, de qualquer derivação,
sendo esse denominado registro de ritmo.
o É um longo traçado de uma única ou de múltiplas derivações.
• O registro de ritmos também pode ser realizado através do monitor Holter, uma máquina de ECG
portátil com uma memória. Esse aparelho é utilizado por um período de 24 a 48 horas pelo paciente,
período no qual é armazenado um registro completo do ritmo cardíaco do paciente. É um método valioso
quando a arritmia suspeitada é infrequente, e portanto, improvável de ser detectada em um ECG normal
de 12 derivações.
• Em casos de arritmias extremamente infrequentes, é possível utilizar um monitor de eventos, aparelho
que grava apenas de 3 a 5 minutos de um registro de ritmo, contudo, é acionado apenas quando o
paciente apresenta palpitações.
2) Determinação da FC
• É o primeiro passo para se determinar o ritmo cardíaco
• ATENÇÃO! 01 quadradinho horizontal = 0,04 segundos; 01 quadradão = 05 quadradinhos = 0,2
segundos. Cinco “quadradões” equivalem a 1s.
• Para calcular a FC, seguir os 03 passos a seguir:
1. Encontrar uma onda R que caia sobre, ou quase sobre, uma das ondas escuras
2. Contar o número de “quadradões” até a próxima onda R
a. Se a segunda onda R cair entre as linhas escuras, você pode estimar que a frequência cai entre
os dois extremos em qualquer lado.
3. Determinar a FC:
a. Dividir 300 pelo número de quadradões
b. Dividir 1500 pelo número de quadrados
4. Outro método
a. Todo ECG apresenta linhas pequenas, em cima ou em baixo, em intervalos de 3 em 3s
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b. Contar o número de ciclos entre dois desses intervalos (pode ser até meio) e multiplicar por
10
escape.
o Marca-passos atriais: descarregam em uma frequência de 60-75
bpm
o Marca-passos juncional (AV): descarregam em uma frequência
de 40 a 60 bpm
o Marca-passo ventricular: descarregam a uma frequência de 30 a
45 bpm (ritmo ou escape ventricular)
§ QRS alargado à condução célula a células
o Cada um desses marca-passos supracitados pode resgatar um nó AS fornecendo apenas um
batimento de escape ou uma série contínua desses (marca-passo juncional). De todos os
mecanismos de escape, o escape juncional é o mais frequente.
§ Escape juncional: a onda P é anormal, pois não há a despolarização atrial normal,
podendo até mesmo ser ausente. Como a despolarização atrial pode “inverter” o seu
sentido (para trás), a onda P pode se encontrar retrógrada
• Onda P retrógrada: invertida em DII e para cima em aVR.
o A diferenciação entre bloqueio de saída sinusal e parada sinusal é impossível! Isso se deve ao
fato de a despolarização do nó SA não ser registrada em ECG. Entretanto, ambas as condições
significam que há uma falha na transmissão do impulso sinusal para os tecidos adjacentes.
• Todas as arritmias sinusais podem ser visualizadas nos traçados abaixo:
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5) Ritmos ectópicos
• São ritmos que se originam de outro local, que não o nó SA.
o O ritmo mais acelerado controla o coração. Em condições anormais, qualquer um dos outros
marca-passos espalhados pelo coração pode ser acelerado, podendo até mesmo superar o
mecanismo sinusal normal e estabelecer seu próprio ritmo cardíaco.
• Podem ser entendidos como “batimentos de escape”, contudo, são ritmos sustentados.
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6) Ritmos reentrantes
• São distúrbios na transmissão do impulso, de forma que é criado um foco de atividade elétrica
anormal.
o Em condições fisológicas, áreas adjacentes do miocárdio conduzem o impulso com mesma
velocidade.
o Em situações em que há fibrose, isquemia ou
estímulo assimétrico do SNA, zonas
adjacentes podem transmitir a onda de
despolarização mais lentamente, de forma que
o impulso mais lento pode retornar pela via
de despolarização rapida, gerando uma alça
de reentrada, na qual o impulso elétrico gira e
ondas de despolarização são enviadas para a
totalidade do miocárdio.
• Essas alças de retransmissão podem variar muito em
tamanho, podendo ser limitadas a um único local
anatômico ou se expandir para uma câmara inteira,
como um átrio ou um ventrículo.
7) Arritmias supraventriculares
• São aquelas que se originam nos átrios ou no nó AV
o Quando originados nos átrios – batimentos atriais prematuros
§ Apresenta uma onda P de configuração resultante diferente das ondas P sinusais
§ O batimento se intromete antes da próxima onda sinusal esperada
• Os batimentos são fenômenos únicos, comuns e que não indicam doença cardíaca subjacente, nem
requerem tratamento, entretanto, podem iniciar uma arritmia mais sustentada. Geralmente são
batimentos conduzidos normalmente para os ventrículos, gerando um complexo QRS resultante estreito.
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• Há cinco tipos de arritimias supraventriculares sustentadas
1. Taquicardia supraventricular paroxística (TSVP)
2. Flutter atrial
3. Fibrilação atrial
4. Taquicardia atrial multifocal (TAM)
5. Taquicardia atrial paroxística (TAP)
b) Flutter atrial
• Frequentemente, indica uma patologia cardíaca subjacente – reentrada usando anel da tricuspide
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• Ondas P aparecem com uma frequência de 250 a 350 bpm. A despolarização atrial ocorre com uma
frequência tão rápida que ondas P discretas, separadas por uma linha de base achatada, não são vistas.
• São produzidas as ondas de flutter, caracterizadas por elevação e abaixamento contínuo da linha de
base, levando ao padrão em dente de serra, visível principalmente em DII e DIII – ondas F
• A despolarização atrial é tão rápida que o nó AV não consegue propagar o impulso, logo nem todos os
impulsos atriais geram um complexo QRS, fenômeno conhecido como bloqueio atrioventricular.
o O bloqueio mais frequente é o 2:1, ou seja, para cada 2 ondas de flutter, 1 QRS é gerado (para
cada 2 ondas, uma passa pelo nó AV e gera um complexo QRS).
• A massagem carotídea pode aumentar o bloqueio, e, além disso não resulta no término da
arritmia.
• ATENÇÃO! O eixo das ondas P (ondas de flutter) no flutter atrial depende se o circuito reentrante gira
em sentido anti-horário (a forma mais comum, produzindo deflexões negativas em dente de serra nas
derivações inferiores), ou no sentido horário (deflexões positivas nas derivações inferiores) em torno da
válvula tricúspide.
• Apresenta intervalos RR regulares, ao contrário da fibrilação atrial!
c) Fibrilação atrial
• Caracterizado por uma atividade atrial caótica, em que o nó AV pode ser bombardeado com mais de
500 impulsos por minuto, gerados por múltiplos circuitos reentrantes, os quais ocorrem de forma
totalmente imprevisível.
• Caracterizado pela ausência de ondas P típicas, as quais são substituídas por uma linha de base
achatada ou discretamente ondulada – ondas de fibrilação (vários pontos de desp) – ondas f
• Como o nó AV não consegue manejar todos os impulsos para os ventrículos, há uma frequência
irregularmente irregular de complexos QRS.
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• Essa é a arritmia sustentada mais comum na população em geral.
• Pode ser de alta resposta ou baixa (ver pela FC – passagem de impulso pro ventrículo)
8) Arritmias ventriculares
• São distúrbios do ritmo que se originam abaixo do nó AV
• Geralmente apresentam um prognóstico pior do que as supraventriculares.
b) Taquicardia Ventricular
• Série de três ou mais CVPs
• É uma emergência, pois indica um presságio de parada cardíaca, necessitando de tratamento imediato.
• Pode ser uniforme (infarto cicatrizado) ou pleomórfico (IAM, distúrbios eletrolíticos...)
c) Fibrilação Ventricular
• É um evento pré-terminal
• Deve ser realizada a desfibrilação elétrica e ressuscitação cardiopulmonar imediata
• O tracado do ECG se ondula ou debate, sem padrão definido. Inexistem complexos QRS.