1) O documento descreve o caso de um menino de 8 anos com histórico de derivação ventrículo-peritoneal que apresenta dores abdominais, cefaleia e vômitos.
2) Exames de imagem revelaram um cisto abdominal e um tumor na lâmina quadrigêmea, causando hidrocefalia.
3) O médico propõe remover temporariamente a derivação ventrículo-peritoneal e conectar o cateter a um sistema externo para tratar o cisto, sem realizar nova cirurgia no abdômen.
1) O documento descreve o caso de um menino de 8 anos com histórico de derivação ventrículo-peritoneal que apresenta dores abdominais, cefaleia e vômitos.
2) Exames de imagem revelaram um cisto abdominal e um tumor na lâmina quadrigêmea, causando hidrocefalia.
3) O médico propõe remover temporariamente a derivação ventrículo-peritoneal e conectar o cateter a um sistema externo para tratar o cisto, sem realizar nova cirurgia no abdômen.
1) O documento descreve o caso de um menino de 8 anos com histórico de derivação ventrículo-peritoneal que apresenta dores abdominais, cefaleia e vômitos.
2) Exames de imagem revelaram um cisto abdominal e um tumor na lâmina quadrigêmea, causando hidrocefalia.
3) O médico propõe remover temporariamente a derivação ventrículo-peritoneal e conectar o cateter a um sistema externo para tratar o cisto, sem realizar nova cirurgia no abdômen.
E Agora, Doutor? que está impedindo a drenagem do liquor para o
peritônio e causando hipertensão intracraniana. Pretende, simultaneamente, ser um desafio ao conhecimento Nessa situação, deveremos solicitar um ultra-som do médico e ajudá-lo a manter-se atualizado. (US) de abdômen e uma ressonância magnética (RM) Por meio de casos clínicos, serão criadas situações que de crânio. demandam a tomada de decisões, envolvendo condutas O US confirmou a presença de um cisto abdominal diagnósticas e terapêuticas. Dessa forma, passo a passo, as englobando o cateter peritoneal, com aproximada- orientações cabíveis serão apresentadas, servindo de guia ou de atualização de conhecimentos ao leitor. mente 300 ml. de volume (figura 1) . A RM (figura 2) e a tomografia de crânio (figura 3) revelaram a presença Alberto Goldenberg de ventrículos laterais e terceiro ventrículo colabados, Editor Associado da einstein quarto ventrículo normal, e a presença de um tumor de 2,0 cm x 1,5 cm na lâmina quadrigêmea.
Caso clínico-cirúrgico Sergio Cavalheiro* * Professor Associado, Livre-Docente, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil.
Identificação: Oito anos, masculino, natural e
procedente de São Paulo. Queixa e duração: Paciente referindo há uma semana dores abdominais incaracterísticas, associadas a cefaléia, vômitos, e sonolência. Antecedentes pessoais: Submetido a derivação ventri- culoperitoneal por hidrocefalia obstrutiva (estenose do Figura 1. Ultra-som revelando cisto abdominal. aqueduto de Sylvius) com 40 dias de vida, e revisão desta derivação com um ano de idade. Submetido a sete videolaparoscopias abdominais para ressecção de cistos peritoneais e mudança da localização do cateter perito- neal nos últimos seis meses. Antecedentes familiares: Nada digno de nota. Interrogatório sobre os diferentes aparelhos: Sem alte- rações do hábito alimentar; sem alterações do hábito intestinal. Exame físico: Sonolento, respondendo a ordens simples. Apresentando estrabismo convergente e sinal de sol poente. Fundo de olho com edema de papila bilateral. Dor à palpação da fossa ilíaca direita, com sinal de Blumberg positivo. Pulso 120 bpm, Pressão arterial 120/80. Tempe- raturas axilar e retal normais.
E agora, Doutor, diante dessa história, com esses
antecedentes e quadro clínico, quais as hipóteses diagnósticas, quais os exames complementares que deveriam ser indicados para auxílio diagnóstico? Esses antecedentes, quadro clínico e exame físico são Figura 2. Ressonância Magnética de crânio demonstrando tumor na lâmina sugestivos da presença de um novo cisto abdominal, quadrigêmea e ventrículos colabados.
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E agora, Doutor, com essas alterações na RM e no
US, qual a sua conduta? Provavelmente, a causa da hidrocefalia é o tumor na lâmina quadrigêmea, que causou estenose do aqueduto de Sylvius. Deveríamos retirar o tumor cirurgicamente? Deveríamos realizar uma radioterapia localizada? Talvez devêssemos realizar uma biópsia estereotáxica da lesão? Qual será a melhor conduta frente a um tumor da lâmina quadrigêmea? Por que o paciente apresenta sinais de hipertensão intracraniana, se os ventrículos são pequenos e o volume do tumor não é grande o suficiente para causar hipertensão intracraniana? Os tumores da lamina quadrigêmea são, na sua grande maioria, gliomas de baixo grau, que raramente crescem. São os menores tumores do organismo, capazes de levar o paciente ao óbito, por causa da hidrocefalia que causam. São passiveis de ressecção cirúrgica, mas, frente à sua localização e ao caráter benigno da lesão, não se justifica sua remoção. Em muitos pacientes que apresentam derivações ventriculares durante vários anos, os ventrículos não se dilatam, mesmo com a válvula entupida, ou se o fazem é de maneira muito discreta, o que explica porque, mesmo com o cisto bloqueando a drenagem Figura 3. Tomografia de crânio com ventrículos colabados e a presença de liquórica, não se verifica hidrocefalia na RM, mas os cateter ventricular. pacientes apresentam hipertensão intracraniana. O que fazer com o cisto peritoneal? Não achamos que outra videolaparotomia seja indicada, uma vez que as outras sete não resolveram o problema. Na grande maioria dos casos, existe uma infecção por germes de baixa virulência, que acaba desencadeando a formação do cisto. Estes germes colonizam o silicone da válvula, mantendo o quadro infeccioso cronicamente. Uma das possibilidades seria trocar todo o sistema de derivação ventrículo-peritoneal, mas isso também é difícil de ser realizado, pois os ventrículos laterais estão colabados. Outra possibilidade seria trocar o local do cateter peritoneal, colocando-o no átrio ou na pleura. Isso também seria arriscado, pois poderíamos predispor a uma endocardite ou pleurite. Em menos de 30% dos casos são identificados os agentes infecciosos(1).
E agora, Doutor, qual a conduta?
Neste caso, achamos que o ideal seria tentar deixar o paciente sem válvula. Exteriorizamos o cateter peritoneal no abdômen e o conectamos a um sistema de derivação ventricular externo. Esvaziamos, então, Figura 4. Desenho do encéfalo: 1- assoalho do III ventrículo (local da realização da terceiroventriculostomia); 2- tumor da lâmina quadrigêmea o cisto peritoneal, pelo cateter. O líquido era de obstruindo o aqueduto de Sylvius. coloração xantocrômica, com a presença de 1.200
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células linfomonocitárias e duas gramas de proteína. Refletindo Sobre o Novo
As culturas mostraram-se negativas. Progressivamente, fomos aumentando a resistência do cateter peritoneal Esta parte da einstein tem como objetivo atualizar o leitor de e, 72 horas após, ocorreu um mínimo aumento do forma concisa. tamanho do ventrículo lateral, tornando possível a As áreas a serem abordadas neste setor são: clínica médica, cirurgia, materno-infantil, pediatria, ginecologia/obstetrícia, introdução de um neuroendoscópio rígido de 6 mm e medicina de urgência/medicina intensiva, administração em a realização de uma abertura no assoalho do terceiro saúde, medicina baseada em evidências, pesquisa científica, ventrículo (figura 4), comunicando o sistema ventricular pedagogia em saúde, oncologia e transplantes. com o espaço subaracnóideo, normalizando a circulação liquórica e estabelecendo a absorção do Eduardo Weltman liquor. Após este procedimento, foram retirados a Editor Associado da einstein válvula e os cateteres. Durante quatro semanas utilizamos antibioticoterapia de amplo espectro com cobertura inclusive para fungos. A profilaxia para fungos foi mantida por seis meses(2).
Basic Science Meets Clinical
E agora, Doutor, é possível retirar a válvula de um paciente dependente? E como acompanhar? Research: 10th North American Neste caso foi possível a retirada da válvula. Symposium on Acupuncture Semestralmente acompanhamos, através de RM com Sheraton Fishermans Wharf Hotel, San Francisco, USA, estudo de fluxo liquórico, a patência da fenestração. July 1, 2004. UsichenkoTI, Ma SX Sabemos que a abertura do assoalho do terceiro Evid Based Complement Alternat Med. 2004; 1 (3): 343-4. ventrículo pode fechar e o paciente necessitar de outra Comentado por: Marcelo Saad1 e Cristiane Isabela de Almeida2 endoscopia cerebral, mas a probabilidade dessa 1 Médico Fisiatra e Acupunturista; Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo ocorrência é menor do que 5% . - UNIFESP, Hospital Israelita Albert Einstein - HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 2 Médica Fisiatra, Membro do Corpo Clínico e Chefe de Equipe do Centro de Reabilitação do HIAE, São A terceiroventriculostomia endoscópica deve ser a Paulo (SP), Brasil. primeira opção para pacientes com hidrocefalia obstrutiva (3) , pois, além de ser efetiva, evita a O Simpósio Anual Norte-Americano em Acupuntura implantação de corpos estranhos no organismo, sujeitos é a parte científica principal do programa educacional a infecção. em Medicina Tradicional Chinesa estabelecido pela O simples debridamento do cisto na cavidade Academia de Pesquisa de Dor em 1979. peritoneal, sem a troca dos cateteres ou mudança do O programa cobre vários assuntos no campo de cateter peritoneal para outra cavidade, não é efetiva aplicação clínica da acupuntura, incluindo abordagem para controle de tais cistos. de dor, medicina interna, prática de família, obstetrícia Nosso paciente encontra-se assintomático há dois e ginecologia, medicina intensiva, ortopedia, pediatria, anos e com excelente desempenho intelectual. psiquiatria e muito mais. Entre os relatos científicos destacaram-se: - acupuntura pode reduzir a isquemia miocárdica Referências num modelo animal de isquemia induzida, reduzindo 1. Salomão JF, Leibinger RD. Abdominal pseudocysts complicating CSF shunting a demanda do miocárdio por oxigênio, em vez de in infants and children. Pediatr Neurosurg.1999;31(5):274-8. aumentar o fluxo de sangue. 2. Cavalheiro S, Zymberg ST, da Silva MC. Hydrocephalus in neurocysticercosis - em pacientes hipertensos, as respostas de pressão arterial and other parasitic and infectious diseases. In: Cinalli G, Maixner WJ, Saint- Rose C, editors. Pediatric hydrocephalus. Milano: Springer; 2004. p. 245-57. ao exercício foram reduzidas em 70,6% após acupuntura. 3. Gorayeb RP, Cavalheiro S, Zymberg ST. Endoscopic third ventriculostomy in - acupuntura administrada 1–2 vezes por semana por children younger than 1 year old. J Neurosurg. 2004;100(5 Suppl 2 semanas resultou em diminuição na pressão arterial Pediatrics):427-9. sistólica de 20 mm Hg em pacientes com hipertensão. - em um estudo randomizado controlado não-cego, a acupuntura reduziu a necessidade de meperidina e melhorou a satisfação das pacientes durante o parto