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Estudo Epidemiológico
⮚ Conceito
● São estudos que abordam os fenômenos da saúde-doença por meio da quantificação com cálculos matemáticos
e técnicas estatísticas de amostragem e análise, visando o estudo científico da saúde coletiva.
o Estudo dos determinantes de saúde-enfermidade: avanços no conhecimento etiológico-clínico.
o Análise das situações de saúde: subsídios para planejamento e organização das ações de saúde
-vigilância.
o Avaliação de tecnologias e processos no campo da saúde: impacto das medidas de saúde na população.
● A investigação epidemiológica utiliza como matéria-prima, grupos de indivíduos, geralmente referidos a uma
base geográfica e temporal.
● Principal eixo da pesquisa epidemiológica: estudo agregado X estudo individualizado
● Outro eixo: posicionamento do investigador X dimensão temporal do estudo
o Posicionamento/papel do investigador:
▪ Posição passiva: observação – metódica e acurada, com o mínimo de interferências.
o Temporalidade do estudo:
▪ Instantânea: produção de dado ocorre em um único momento, corte transversal do processo de
observação.
▪ Serial: corte longitudinal, ocorre seguimento na escala temporal.
● Estudos experimentais/de intervenção são sempre longitudinais.
o Experimentais ou de intervenção: tentativa de mudar os determinantes de uma doença, tais como uma
exposição ou comportamento, ou cessar o progresso de uma doença através de tratamento.
▪ Os efeitos de uma intervenção são medidos através da comparação do desfecho nos grupos
experimental e controle.
▪ Considerações éticas são de extrema importância nesse tipo de estudo: o consentimento
informado por parte dos participantes é sempre necessário, confidencialidade; respeito pelos
direitos humanos e integridade científica.
▪ Restrições: envolvem intervenções a saúde das pessoas.
❖ Estudos Observacionais
● Estudo de Franco (1988) investigou as correlações de ocorrência de neoplasia com indicadores socioeconômicos.
o Estudo ecológico com macroáreas de análise: variáveis anatômicas e 12 demográficas e
socioeconômicas.
o Alta correlação positiva de renda per capita com câncer de pulmão, laringe e cólon e negativa de alta
renda com câncer de pênis e colo uterino.
● Vantagens:
o Facilidade de execução, baixo custo relativo;
o Simplicidade analítica;
o Capacidade de testes de hipóteses.
● Desvantagens:
o Pouco desenvolvimento das técnicas de análise de dados;
o Vulneráveis à “falácia ecológica”.
● Vantagens:
o Baixo custo relativo;
o Simplicidade analítica e alto potencial descritivo.
● Desvantagens:
o Baixo poder analítico: inadequado para testar hipóteses causais;
o Vulneráveis à biases/viés.
● Razão de odds: associação entre uma exposição e uma doença (risco relativo) em um estudo de caso e controle
é uma medida calculada pela razão de odds (RO ou de produtos cruzados).
o Razão do odds de exposição entre os casos / odds de exposição entre os controles.
● Vantagens:
o Baixo custo relativo;
o Alto poder analítico;
o Adequado para doenças raras;
● Desvantagens:
o Incapacidade de estimar riscos e reduzido poder descritivo;
o Vulneráveis a biases;
o Complexidade analítica.
● Estudos de coorte histórica: pessoas são identificadas a partir de registros de exposição no passado, coletados
antes do início do estudo. Retrospectivo.
o Estudos sobre câncer ocupacional.
o Também reduz os custos.
● Estudos de casos e controles aninhados a uma coorte: casos e controles são ambos escolhidos a partir de uma
coorte previamente definida, para os quais algumas informações sobre exposição e fatores de risco já estão
disponíveis.
● Vantagens:
o Produzem medidas diretas de risco: mede a
incidência.
o Alto poder analítico;
o Facilidade de análise e simplicidade de desenho;
o Sem o viés que poderia ocorrer se o desfecho
fosse conhecido.
● Desvantagens:
o Inadequado para doenças de baixa frequência;
o Vulneráveis a perdas;
o Alto custo relativo: muitas pessoas ao longo do tempo.
⮚ Resumidamente:
❖ Estudos Experimentais
⮚ Ensaios de campo
● Envolvem pessoas que estão livres de doença, mas sob risco de desenvolvê-la.
● O propósito é prevenir a ocorrência de doenças mesmo entre aquelas de baixa frequência.
● Por envolver grande número de pessoas, são caros e logisticamente complicados.
● Utilizados para avaliar intervenções que objetivam reduzir a exposição sem necessariamente medir a ocorrência
dos efeitos sobre a saúde.
⮚ Ensaios comunitários
● Nesse tipo de experimento, os grupos de tratamento são comunidades ao invés de indivíduos.
● Esse delineamento é particularmente apropriado para doenças que tenham suas origens nas condições sociais e
que possam ser facilmente influenciadas por intervenções dirigidas ao comportamento do grupo ou do
indivíduo. Ex: doenças cardiovasculares.
● Limitações: somente um pequeno número de comunidades pode ser incluído e a alocação aleatória das
comunidades não é muito prática. É difícil isolar as comunidades onde a intervenção está sendo conduzida
devido a mudanças sociais em curso.
● Erro sistemático: os resultados diferem de uma maneira sistemática dos verdadeiros valores. Qualquer
tendência na coleta, análise, interpretação, publicação ou revisão que leve a um resultado errado.
o Um estudo com um pequeno erro sistemático é dito ter uma alta precisão (acurácia).
o Os principais são:
▪ Viés de seleção: há uma diferença sistemática entre as características das pessoas selecionadas
para o estudo em relação àquelas que não foram selecionadas.
● Comum na autosseleção: os tabagistas que aceitam participar de um estudo sobre seu
hábito de fumar diferem dos não respondentes, pois geralmente os não respondentes
são tabagistas pesados.
● Quando a doença ou o fator em estudo por si só excluem a pessoa do estudo: em uma
indústria onde os trabalhadores estão expostos ao formaldeído, aqueles que mais
sofrem por irritação ocular são, provavelmente, os mais propensos a deixarem o trabalho
por solicitação própria ou atendendo conselho médico.
▪ Viés de mensuração/aferição: a medida individual ou a classificação da doença ou exposição
são imprecisas, isto é, não medem corretamente o que se propõem a medir.
● Medidas bioquímicas ou fisiológicas nunca são completamente precisas e, diferentes
laboratórios produzem, frequentemente, resultados diferentes para um mesmo
indivíduo.
▪ Viés de memória: diferencial de memória na informação para casos e controles.
● Fator confusão: quando o efeito de duas exposições (fatores de risco) não for diferenciado, levando à conclusão
incorreta de que os efeitos são devido a uma variável e não a outra.
● A variável de confusão deve estar associada com a exposição, mas não ser consequência dela.
o A classe social e a idade são frequentemente fatores de confusão em estudos epidemiológicos.
o O controle pode ser feito por:
▪ Randomização: assegurar que potenciais variáveis de confusão sejam igualmente distribuídas.
▪ Emparelhamento: os participantes do estudo são selecionados de acordo com idade, sexo, etc.
● Para tabelas 2x2, essa hipótese também pode ser usada para comparar duas proporções. Neste caso, as
proporções de interesse são:
o PE = Proporção de expostos que desenvolveram a doença,
o PNE = Proporção de não expostos que desenvolveram a doença,
● Para testar essa hipótese, nós comparamos a Frequência Observada (O) em cada célula com a Frequência
Esperada (E) no caso de a hipótese nula ser verdadeira.
⮚ Medidas de associação
● Para mensurar quantitativamente a relação causal entre uma exposição (fator de risco) e o desfecho de
interesse e expressar a magnitude dessa associação, utilizam-se as medidas de associação.
⮚ Variáveis:
o Independentes/de grupamento: fatores de risco, divide as variáveis em grupos (gênero, idade) ->
exposição
o Dependentes/de resposta: o que foi medido, depende da variável independente -> desfecho/doença
● Odds Ratio: OR= Chance de doença no grupo de expostos/ chance de doença no grupo não exposto
● Interessante nos estudos para identificação e controle de possíveis variáveis de confusão e para determinar se a
exposição a um fator modifica o efeito de outro.
● Quando a doença é rara, a OR de um estudo de coorte ou caso-controle é interpretável como o RR.
● A associação entre uma exposição e uma doença (risco relativo) em um estudo de caso e controle é uma
medida calculada pela razão de odds (RO ou de produtos cruzados), que é a razão do odds de exposição
entre os casos dividido pelo odds de exposição entre os controles.
⮚ Razão de Taxas, Razão de Densidades de Incidência, Taxa Relativa ou Risco Relativo (RT)
● Calcula quantas vezes a taxa de incidência é maior no grupo de expostos em relação aos não-expostos.
● Suponhamos que o tempo de status de suscetibilidade à doença de cada indivíduo da coorte é conhecido, isto é,
o tempo que cada indivíduo “contribuiu” no estudo sem doença, durante todo o período de observação. Isso
permitirá estimar a taxa de incidência da doença (densidade de incidência).
o PTe= pessoa-tempo exposto e PTanti-e= pessoa-tempo não exposto
● Somente nos estudos que permitem estimar a incidência (acumulada ou taxa) torna-se possível seu cálculo.
● Nos estudos de intervenção, a diferença entre a incidência no grupo controle e grupo de intervenção é
denominada REDUÇÃO ABSOLUTA DO RISCO (RAR) e expressa qual a redução, em termos absolutos, do risco no
grupo que sofreu a intervenção de interesse.
⮚ Risco Atribuível Proporcional (RAP) ou Fração Etiológica nos Expostos (FEE) e Redução Relativa do Risco (RRR)
ou Fração de Prevenção nos Expostos (FPE) ou Eficácia:
● Representa o excesso de risco (RA) expresso em relação à incidência no grupo de expostos e apresentado
percentual.
● O RAP informa qual a proporção de doença entre os expostos que poderia ter sido prevenida se a exposição
fosse eliminada.
● Pode ser representada em relação ao Risco Relativo (em doenças raras, é aproximado do valor da OR).
● O excesso de casos prevalentes entre os expostos e não expostos pode também ser calculado nos estudos
seccionais através da diferença entre as prevalências.
⮚ Medidas de Impacto
● Usadas quando se deseja estimar o impacto de medidas efetivas de prevenção na população geral e não restrito
a um grupo de pessoas.
● São medidos na população.
Referências Bibliográficas: